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Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação Virgínia Marcondes Marcos R. C. Ketelhut AULA 14 ÉTICA E MORAL Mario Sergio Cortella trata da ética como o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: • Quero? • Devo? • Posso? Nem tudo que eu quero eu posso, diz Cortella, nem tudo que eu devo eu posso e nem tudo que eu devo, eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve. O ser humano tem sentimentos. Alguns desses sentimentos se referem à esfera social, outros à pessoal. Dessa forma, nos emocionamos quando tomamos conhecimento de movimentos, por exemplo, de luta contra a fome. Ficamos sabendo que milhares de pessoas morrem de penúria e inanição, sentimos piedade, indignação diante de injustiças (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Os sentimentos, ações e reações humanas exprimem o senso moral. Há situações de extrema aflição e angústia. Por exemplo, uma pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Suas dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê- lo? O que fazer? Qual é a atitude correta? Essa angústia e indecisão toma conta do ser humano em circunstâncias variadas, por exemplo: Uma jovem descobre que está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito ainda não estão preparados para a gravidez. Sabe que seu parceiro, mesmo que deseje apoiá-la, é tão jovem e despreparado quanto ela e que ambos não terão como se responsabilizar plenamente pela gestação, pelo parto e pela criação de um filho. Ambos estão desorientados. Não sabem se poderão contar com o auxílio de suas famílias (se as tiverem). Se ela for apenas estudante, terá que deixar a escola para trabalhar, a fim de pagar o acompanhamento médico e arcar com as despesas da criança. Sua vida e seu futuro mudarão para sempre. Se trabalha, sabe que perderá o emprego, porque vive numa sociedade onde os patrões discriminam as mulheres grávidas, sobretudo as solteiras. Receia não contar com os amigos. Ao mesmo tempo, porém, deseja a criança, sonha com ela, mas teme dar-lhe uma vida de miséria e ser injusta com quem não pediu para nascer. Pode fazer um aborto? Deve fazê-lo? SENSO MORAL • RESPONSABILIDADE • ARREPENDIMENTO • SOLIDARIEDADE • ADMIRAÇÃO • INDIGNAÇÃO COM A INJUSTIÇA Marilena Chauí nos aponta que situações como essas – de maneira mais ou menos dramática – surgem sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso senso moral, mas também põem à prova nossa consciência, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões das nossas decisões e que assumamos todas as consequências delas, porque somos responsáveis por nossas escolhas. CONSCIÊNCIA MORAL CAPACIDADE DE TOMAR A DECISÃO DIANTE DE UM FATO ESPECÍFICO QUE TEM CONSQUÊNCIAS PARA NÓS E PARA OS OUTROS. Os casos exemplificados acima indicam que o senso moral e a consciência referem-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com consequências para nós e para os outros. Embora os conteúdos variem, podemos notar que se referem a um valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações, nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a felicidade, seja por ficarmos contentes com nós mesmos, seja por recebermos a aprovação dos outros. O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva. VALORES: • Qualidades atribuídas a fatos ou ações, pautadas em critérios que justificam as escolhas e preferências, determinando o que se quer ou não; • a razão das decisões; • orientam a vida das pessoas e influenciam as decisões tomadas; • fornecem motivo para a ação. Quando falamos algo a partir de uma constatação, estamos utilizando o juízo de fato. Por exemplo, se afirmamos que está frio, estamos emitindo um juízo de fato, pois está fazendo frio. Juízo de fato representa o que as coisas são, como são e por que são. Por outro lado, quando afirmamos que o frio deixa a paisagem mais bonita, estamos emitindo um juízo de valor. Juízo de valor Avalia coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis. Julgar que uma paisagem é bela ou não pressupõe uma relação valorativa do indivíduo que está contemplando a natureza. JUÍZO DE FATO JUÍZO DE VALOR TEM VALOR DE VERDADE? SIM Seu valor de verdade é independente das crenças ou dos gostos de quem os profere, ou seja, é independente da perspectiva do sujeito. TALVEZ Se são verdadeiros ou falsos, talvez não o sejam independentemente dos gostos ou crenças de quem julga. SÃO DESCRITIVOS OU NORMATIVOS? DESCRITIVOS Se são verdadeiros afirmam como as coisas são e não como as coisas devem ser. A direção da adequação é da realidade para o juízo. EM PARTE SÃO NORMATIVOS. Dizem como devemos avaliar as coisas. A direção da adequação é do juízo para a realidade. Conduta ética A conduta ética pressupõe o agente consciente, ou seja, aquele que conhece a diferença entre o bem e o mal, o moral e o imoral, o justo e o injusto, etc. Não se deve confundir valorações com valores. A justiça, o direito, a moral, o bem, são valores absolutos, os quais deveriam reger a vida de qualquer ser humano desde que este se entendeu como tal. Quando, onde e porque é justo ou injusto, certo ou errado, bom ou mal, moral ou imoral fazer ou deixar de fazer algo, são elementos temporais e espaciais, portanto relativos, pertencentes aos momentos históricos. Para que haja uma conduta ética, é preciso que exista uma consciência moral. O campo ético é constituído pelo sujeito moral, pelos valores morais e os meios para que se realizem os fins. Para que a pessoa seja considerada um sujeito moral é preciso que tenha as seguintes condições: • Consciência de si e dos outros; • Vontade; • Responsabilidade; • Liberdade. A ética exige, do ponto de vista do sujeito moral, a diferença entre passividade e atividade. Passivo = aquele que se deixa governar. Ativo = aquele que controla suas inclinações e paixões. Além do sujeito e dos valores, o campo ético é ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins. Costuma-se afirmar que os fins justificam os meios. Todavia, no caso da ética, nem todos os meios se justificam, apenas aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Em outras palavras: Fins éticos exigem meios éticos. Número do slide 1 ÉTICA E MORAL Número do slide 3 Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 SENSO MORAL Número do slide 9 CONSCIÊNCIA MORAL Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22
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