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05 LINGUÍSTICA II R2 LIBRAS

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Charles Silva

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Prévia do material em texto

APRESENTAÇÃO 
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro 
 
● Especialista em EAD e Novas Tecnologias Educacionais (UniFatecie – 
PR) 
● Pós-graduada em Docência do Ensino Superior (Faveni – ES) 
● Especialista em Marketing, Novas Mídias e Redes Sociais (UNIARA - 
SP) 
● Licenciada em Letras Português-Inglês (FIRA – SP) 
● Professora Formadora – UniFatecie 
● http://lattes.cnpq.br/3060516310351242 
 
Possui experiência como docente no Ensino Fundamental II e Médio nas 
disciplinas de Gramática, Literatura e Redação. No ensino superior atuou como 
docente nos cursos de Letras, Agronomia, Engenharia Civil, Jornalismo, 
Publicidade e Administração, nas disciplinas de Comunicação Empresarial, 
Linguística, Mídia, Análise e Produção de texto, e outras da área da comunicação 
e educação, no interior de São Paulo. Atuou, ainda, em Agências de Publicidade 
no Paraná como redatora de peças publicitárias. Possui experiência com 
correção das Redações do ENEM, revisão de textos acadêmicos em geral e 
Trabalhos de Conclusão de Curso. 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja muito bem-vindo(a)! 
Prezado(a) aluno(a), este material é recheado de informações e conceitos 
acerca dos estudos da Linguística, e se você é um apaixonado pelo estudo da 
Língua precisa conhecê-la em seus mais variados aspectos. Proponho, junto a 
você, construir nosso conhecimento sobre a Linguística e suas atuais pesquisas, 
visto que se trata de uma ciência teoricamente nova, em comparação com o que 
já conhecemos hoje. 
Na unidade I vamos conhecer as Noções de Gramática, morfologia e 
Sintaxe. Além disso, abordaremos os Estudos Pré-Gerativistas da Sintaxe até 
chegar ao Surgimento da Linguística Gerativa, quem foi seu grande percussor e 
quais os legados que existem para o estudo do gerativismo. 
Na unidade II vamos tecer considerações sobre a gramática gerativa e 
suas características. O que nos leva aos estudos atuais sobre linguística e 
também um caminho que se abriu para o estudo da Sociolinguística que será 
abordado ao final da unidade IV no “material complementar”. 
Na unidade III conheceremos as características da semântica, bem como 
os conceitos de formal e informal e observamos quais são as propriedades da 
morfologia e sintaxe. Veremos ainda as questões de estilística e variações 
linguísticas, a definição de cada uma delas e como elas ocorrem de fato. 
Para encerrar, na unidade IV, vamos estudar os conceitos de Fonologia e 
Fonética, além das características veremos quais são os elementos que são 
estudados por elas. Os processos fonológicos também serão abordados nessa 
unidade, bem como o alfabeto internacional de transcrições fonética e 
fonológicas explicando suas classificações e um exemplo da transcrição. 
Finalizaremos nossa unidade com o Sistema ortográfico vigente e como 
tudo ocorreu até que chegássemos nos dias atuais. 
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta 
jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos 
abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento 
pessoal e profissional. 
 
Muito obrigada e bom estudo! 
 
UNIDADE – I 
NOÇÕES DE GRAMÁTICA, MORFOLOGIA E SINTAXE 
 
Plano de Estudo: 
● Noções de Gramática, morfologia e Sintaxe 
● Estudos Pré-Gerativistas da Sintaxe 
● Surgimento da Linguística Gerativa 
● Reflexões sobre o conceito de Gramática e suas divisões de estudo 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conhecer os conceitos e características de gramática 
● Compreender a morfologia e a sintaxe 
● Entender como se dá o processo de estudo da linguagem sob os conceitos 
gerativistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer as Noções de 
Gramática, morfologia e Sintaxe e como ela funciona na prática. 
Além disso, veremos também os Estudos Pré-Gerativistas da Sintaxe até 
chegar ao Surgimento da Linguística Gerativa, quem foi seu grande percussor e 
quais os legados que existem para o estudo do gerativismo. 
Veremos ainda as Reflexões sobre o conceito de Gramática e suas divisões 
de estudo. 
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a 
contribuir ainda mais para os estudos da língua. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 NOÇÕES DE GRAMÁTICA, MORFOLOGIA E SINTAXE 
 
 
ID da foto stock livre de direitos: 1008475954 
 
 
A linguística é uma ciência viva que estuda a língua em suas mais variadas 
vertentes, e como ciência relativamente nova, ela nos traz a cada ano novas 
descobertas. Por isso, é sempre importante conhecermos os percussores da 
linguística e como se dá atualmente a sua divisão de estudo. 
Vamos começar então conceituando alguns termos para depois chegarmos à 
gramática gerativista e como ela se estabeleceu. 
O termo “gramática” sempre nos remete ao estudo de língua, especificamente 
a nossa língua nativa, e quando o assunto é abordado nos vem à mente a gramática 
normativa, que é aquela aprendida no período escolar com normas, regras e modos 
que se deve escrever segundo a língua padrão. 
 
É importante também ter a consciência de que “saber gramática” 
não implica necessariamente em “falar bem” ou “escrever 
corretamente”. Isso é só mais um dos muitos mitos que compõem o 
preconceito linguístico tão vigoroso em nossa sociedade. Se o 
conhecimento da gramática normativa garantisse o “escrever bem”, 
todos os professores de língua seriam excelentes escritores, 
prosadores criativos... Isso não acontece, não é? Os gramáticos, 
então seriam os maiores artistas da língua! Ora, sabemos que não 
é bem assim. Aliás, muito pelo contrário: a maioria dos gramáticos 
escrevem num estilo rebuscado, empolado, pouco ágil, usando 
recursos retóricos antiquados, justamente porque se apegam 
demais à tradição (BAGNO, 1999, p. 160). 
 
Mas, o conceito de gramática vai além, no quadro abaixo podemos ver que há 
vários outros tipos, vejamos: 
 
Quadro 1: Tipos de Gramáticas 
 
Gramática Normativa: Utilizada em sala de aula, ela busca a padronização 
da língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever 
corretamente. Sua abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser 
seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais 
estão sujeitos os falantes da língua. 
Gramática Descritiva: Analisa um conjunto de regras que são seguidas, 
considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, 
extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso 
sistema linguístico. 
Gramática Histórica: Investiga a origem e a evolução de uma língua, 
representando os estudos diacrônicos. 
Gramática Comparativa: Estabelece comparação da língua com outras 
línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as 
análises comparativas são feitas com as línguas românicas. 
Gramática internalizada: Conjunto de regras que o falante domina e utiliza 
na comunicação, de maneira que as frases e sequências das palavras são 
compreensíveis e reconhecidas como pertencendo a uma língua e não é 
ensinada de forma convencional. Para se provar a existência da gramática 
internalizada, há dois fatores linguísticos: a aprendizagem por repetição, ouve-
se a fala de outrem e se reproduz o que ouviu, aplicando as “regras”, que são 
observadas por comparações; outro fator é a hipercorreção gramatical. 
Fonte: https://www.portugues.com.br/gramatica 
 
 
Morfologia 
A morfologia está presente nas gramáticas normativas e nos remete à criação 
do termo morfologia é atribuída ao escritor e cientista alemão Johann Wolfgang von 
Goethe (1749-1832) 
Portanto, podemos definir morfologia como o estudo da forma das palavras, 
é a parte da gramática que estuda isoladamente cada uma delas segundo os 
morfemas (menores unidades de significação que formam as palavras e são 
classificadosem desinência, raiz, radical, afixo, tema e vogal temática). 
Para relembrar o que as unidades morfológicas ou elementos mórficos 
compreendem, a respeito da divisão de uma palavra, listamos a seguir os itens 
estudados pela morfologia. 
● Raiz 
● Radical 
● Vogal temática 
● Tema 
● Afixos: prefixos e sufixos 
● Desinências 
 
Dentre os itens que compõe a gramática estudada em sala de aula está ainda 
a Sintaxe, que veremos a seguir. 
 
Sintaxe 
Podemos definir sintaxe como a parte da gramática que estuda as palavras 
enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância, de 
subordinação e de ordem. 
Mas, é fato que falar em “análise sintática” muitas vezes gera temor entre os 
educandos, pois o modo como esses elementos são passados geram grande 
apreensividade. 
 
O desinteresse pelo estudo de sintaxe da língua portuguesa tem 
aumentado ao longo do tempo, porque a gramatica tradicional, ao 
invés de explicar como ocorre a construção frasal, dita normas para 
o uso da língua. A gramatica gerativa, por outro lado, preocupa-se 
com a questão estrutural, mostrando todas as transformações 
ocorridas na frase e por que são utilizadas tais estruturas a partir de 
um nível maior de abstração, a estrutura profunda. (COSTA; BARIN, 
2003, p. 2). 
 
 
 É possível, portanto, entender que o estudo de línguas em sala de aula está 
cada vez mais se apropriando de novas metodologias e usos de textos para 
contextualizar a gramática. Vale lembrar que ainda há um longo caminho a ser 
percorrido, mas não é este o foco do nosso estudo aqui. 
Portanto, conheceremos a partir de agora como se deu o gerativismo e as 
características da gramática gerativa. 
 
 
2 ESTUDOS PRÉ-GERATIVISTAS DA SINTAXE 
 
 
 
ID da foto stock livre de direitos: 125767211 
 
Noam Chomsky nasceu nos Estados Unidos em 1928, além de linguista é 
filósofo e ativista político. Nos mais de 60 anos de sua vida acadêmica publicou 
dezenas de livros e centenas de artigos científicos, ele é considerado um dos 
pensadores mais importantes da História Moderna, suas ideias revolucionaram o 
estudo da linguagem e inseriram a linguística no contexto da revolução cognitiva 
dos anos 60 do século XX 
 
Chomsky é um severo crítico da Psicologia behaviorista dominante na 
primeira metade do século passado, para os behavioristas mais radicais todos os 
tipos de comportamento humano ou animal são gerados externamente por meio de 
cadeias associativas entre dados, estímulos e certas respostas. 
Para estes estudiosos a associação entre estímulo e resposta é criado pela 
repetição por meio de “recompensas ou reforços” advindos do ambiente, logo 
podemos dizer que o aprendizado pela pura repetição aconteceria mesmo no que 
diz respeito a linguagem humana por ele denominada comportamento linguístico. 
Em 1959 Chomsky publicou sua clássica resenha sobre o livro 
“Comportamento verbal” do famoso behaivorista Skinner, na resenha ele 
demonstrou o caráter criativo da linguagem humana, sua natureza mental e abstrata 
por oposição ao modelo da linguagem como comportamento relacionado 
condicionado pelo ambiente defendido pelos behavioristas. 
Chomsky defende a hipótese de que todas as línguas naturais são um 
conjunto de princípios universais e inatos e de parâmetros também na atos que são 
formatados durante o período de aquisição da linguagem. 
A abordagem de Chomsky foi revolucionária para a época, pois até metade 
do século passado a linguística ocupava-se quase exclusivamente da dimensão 
social e histórica da linguagem humana, tal como acontecia no estruturalismo 
linguístico. 
A partir das ideias de Chomsky os linguistas passaram a não apenas 
descrever a estrutura das línguas, mas também a procurar explicações para como 
a mente humana era capaz de adquirir e processar essas estruturas. Com Chomsky 
a morada da linguagem das linguagens naturais passou a ser a mente dos 
indivíduos. O gerativismo vem formulando teorias que procuram responder à 
seguinte pergunta “O que é conhecimento linguístico?”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA GERATIVA 
 
 
 
ID da foto stock livre de direitos: 1691404792 
 
 
O gerativismo é conhecido também como a gramática gerativa 
transformacional de Noam Chomsky que surgiu no final da década de 1950 e vem 
até hoje havendo reformulações, ela veio como oposição ao behaviorismo na 
psicologia e o estruturalismo americano na linguística em que a criança era vista 
como uma "tabula rasa", que aprenderia a língua através da imitação dos sons e de 
padrões que seriam acompanhados de reforços positivos e negativos. 
 
 
A primeira notícia no Brasil sobre gramática gerativa veio de dois 
artigos publicados na revista Tempo Brasileiro, em 1967, um de 
Lemle e outro de Mattoso Câmara, no qual esse último afirmava ser 
o gerativismo uma variedade do estruturalismo. O primeiro curso de 
gerativa no Brasil foi ministrado por Sara Gudschinky, em 1994, na 
UnB. Mais tarde, a teoria é apresentada por Míriam Lemle, no Museu 
Nacional; por Heles Contreras no I Instituto de Linguística em 1968; 
por John Martin, em vários Institutos Brasileiros de Linguística e 
depois na PUC-SP. As primeiras teses seguindo esta teoria foram 
as de Eunice Pontes (1969/ 1973) sobre verbos auxiliares no 
português; de Leila Barbara (1971/1975) sobre asseveração e não-
asseveração; e de Mary Kato (1972/1974) sobre a semântica do 
artigo definido. A partir de então, a sintaxe na linha gerativa passa a 
ser ministrada também por professores que obtiveram sua formação 
parcialmente no Brasil e parcialmente no exterior, através de 
Institutos e estágios. (KATO e RAMOS, 1999, p.1) 
 
Para Chomsky é como se a criança nascesse com um dispositivo inato na 
cabeça e será desenvolvido a partir do momento que ela é exposta ao modelo 
linguístico do seu lugar de nascimento. 
Outro fator importante e que pode ser ressaltado é que a criança nasce com 
conhecimentos linguísticos, diferentemente do que era pregado com o behaviorismo 
comparando a criança com uma tábula rasa, além disso ele nos fala ainda sobre a 
criatividade que seria a capacidade do humano de fazer infinitas frases dentro do 
seu sistema linguístico e das normas da sua língua, portanto, tal criatividade não se 
encaixa na teoria do behaviorismo, não há espaço para esse evento no estímulo-
resposta, já que tudo é “certinho” e não englobaria os imprevistos que o falante faz 
da língua. 
A aprendizagem na visão gerativista é o conjunto de frases que a criança 
recebe desde os primeiros dias de vida e é chamado de input, é o que vai entrando 
na cabeça dela e o que ela vai ouvindo dentro da sua comunidade linguística e a 
partir daí aquele dispositivo que ela tem na mente será capaz de analisar e começar 
a perceber como é a gramática da sua língua nativa. 
A partir desse input da gramática que já foi se instalando na cabeça da 
criança ela é capaz de produzir, manifestar e falar de acordo com que ela foi 
ouvindo, nesse caso a fala/produção é vista como input, ela vai ouvindo desde 
criança e esse dispositivo reconhece essa gramática internalizada e a partir daí ela 
faz o output, que é a manifestação linguística que ela começa a falar. 
Na visão gerativista temos a teoria dos princípios e parâmetros. Os princípios 
seriam universais linguísticos, ou seja, uma gramática universal, é como se 
dissermos que “todas as línguas têm sujeito”, já os parâmetros são conjuntos de 
normas e características que fazem as diferenças, são específicas de cada língua. 
Na língua portuguesa eu posso falar “está chovendo” e aqui há a omissão do 
sujeito, já se eu for falar em inglês serei obrigada a falar “it is raining”. It é o sujeito 
usado para coisas e obrigado na língua inglesa a usar, não tem como omitir o sujeito 
igual na língua portuguesa. Essa diferença de omissão do sujeito ou não é chamado 
de parâmetro que é o que faz a diferençade uma língua para outra, e os princípios 
é aquilo que universal em todas as línguas, por exemplo, todas as línguas têm 
sujeito. 
É importante ainda ressaltar a diferença entre a aquisição de linguagem e 
aprendizagem de linguagem. A aquisição é a língua nativa em que a criança nasce 
e vai recebendo todo input e vai internalizando tudo que ouve e consegue começar 
a falar, já aprendizagem de linguagem é o aprendizado de uma nova língua em 
ambientes que não são naturais, como a escola, por exemplo, em que ela aprender 
a uma nova língua e todas gramática normativa. 
 
4 REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE GRAMÁTICA E SUAS DIVISÕES DE 
ESTUDO 
 
 
ID da foto stock livre de direitos: 159503864 
 
A teoria do gerativismo foi apresentada em 1960 no livro “Estruturas 
sintáticas” e desde então várias reformulações aconteceram – e acontecem - até 
agora. 
Para Chomsky a linguagem é um conjunto de sentenças formados por 
elementos linguísticos e nessa visão a linguagem tem o número infinito de 
sentenças que podem ser formadas, porém há regras para sua constituição. 
A extensão é limitada e isso é decorrente da limitação da memória, ou seja, 
nosso conhecimento é infinito, porém a limitação da memória nos impede de realizar 
produções extensas, frases grandes. 
Quando estamos escrevendo é possível realizá-la, pois voltamos no que foi 
escrito, avaliamos, corrigimos, mas quando estamos falando há uma limitação, por 
isso, muitas vezes nos perdemos naquilo que estamos dizendo e ficamos sem 
entender qual foi o início da ideia ou qual foi a ideia Inicial, essa limitação da 
memória é que afeta o uso do conhecimento. 
O conceito importante é a questão da competência e desempenho, a 
competência é todo conhecimento que o falante tem determinado sistema 
linguístico e esse conhecimento é o responsável pela produção infinitamente grande 
de sentenças dentro daquela língua, já o desempenho é o modo como o falante usa 
essa competência, esse conhecimento para produzir as sentenças. 
Há uma frase bem conhecida de Chomsky que é “o desempenho pressupõe 
a competência, mas a competência não pressupõe o desempenho”, ou seja, eu 
preciso da competência para ter o desempenho, eu preciso do conhecimento para 
usar a fala, mas não preciso do desempenho para ter conhecimento na minha 
mente. 
Os fatores não-linguísticos que são as emoções, sentimentos, motivações e 
interesse para produzir tal fala ou sentença são pertinentes ao desempenho, que 
aqui é deixado de lado, pois não são importantes para a teoria linguística, para a 
formulação de declarações gerais sobre a linguagem. 
Podemos até fazer um comparativo da estrutura de Saussure em que ele 
deixa de lado a fala e parte do pressuposto que a fala tem motivação, fatores 
internos do falante e que vai influenciar no modo de dizer, aqui o desempenho é um 
modo de dizer do falante é também deixado de lado. 
Outro ponto do gerativismo é a gramaticalidade e a aceitabilidade. A 
gramaticalidade tem a ver com sentido de construir sentenças de acordo com a 
gramática internacionalizada que temos, ou seja, é ter a noção de falar o que é 
aceitável ou não dentro daquilo que você está acostumada a dizer, e isso tem a ver 
com o conhecimento inconsciente, implícito, é aquele que você naturalmente sabe 
como é como são construídas as frases da sua língua nativa, diferente da gramática 
normativa que é aquela aprendida na escola com todas as concordâncias, 
regências, classes gramaticais. 
Ou seja a gramaticalidade tem a ver com conhecimento implícito, você fala 
naturalmente as frases porque você já tem uma gramática interna que é responsável 
por dar as ferramentas para construção dos diálogos, das falas e das frases; já 
aceitabilidade é você aceitar ou não algumas características da sua língua, por 
exemplo, na língua portuguesa, temos a ordem natural: sujeito verbo e 
complemento. 
Por exemplo, na frase “Eu tenho um carro vermelho” é aceitável eu falar isso 
na língua portuguesa, dentro de uma ordem, tenho sujeito verbo complemento. Se 
eu disser “eu carro tenho vermelho” seria inaceitável naturalmente pela nossa 
gramática internalizada, pois sabemos que não é o uso comum, não é a construção 
da frase correta, ela está errada e dentro dessa aceitabilidade o próprio falante tem 
uma intuição linguística, pois ele consegue julgar se é aceitável ou não aquela 
construção de acordo com a sua a gramática internalizada da sua língua nativa. 
Para Chomsky a estrutura das línguas é uniforme e variante dado pelos 
princípios, e por parâmetros que são os conceitos e as características que tornam 
as línguas particulares, o gerativismo tem um modelo explicativo, ou seja, tudo que 
acontece naquela língua é explicado por meio das leis gerais. 
A limitação do gerativismo é parecida com o estruturalismo Saussure em 
partes, no gerativismo há um conceito de falante ideal numa comunidade de língua 
homogênea deixando de lado a situação do falante o contexto assim como lá no 
estruturalismo também. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 
 
O ensino da língua portuguesa, baseado na gramática tradicional, tem 
apresentado uma série de dificuldades frente aos problemas causados pela 
“inconsistência teórica e falta de coerência interna; seu caráter e 
predominantemente normativo e o enfoque e centrado em uma variedade da língua, 
o dialeto padrão (escrito), com exclusão de todas as variantes”, conforme Perini 
(2002, p. 06). 
As críticas em relação à norma têm sido constantes entre professores e 
linguistas, pois, segundo Kreutz (1995), “um problema crucial e o da falta de critérios 
sintáticos para a determinação das funções dos termos da oração e das orações do 
período” (p. 07), sendo adotados critérios semântico-pragmáticos, lógico-
semânticos, ou semântico-sintáticos para a análise gramatical, dependendo da 
situação. Acrescenta, ainda, que “o resultado do uso dessa mescla de parâmetros 
são classificações idênticas para termos/orações que têm funções sintáticas 
distintas; e classificações distintas para termos/orações que têm funções sintáticas 
idênticas” (p. 08). 
Estudos linguísticos recentes apontam vários métodos de análise sintática o 
que, às vezes, não é bem aceito pelos gramáticos. Bechara (2000) defende que a 
gramática descritiva e científica e deve registrar e descrever o sistema linguístico, 
mas é a gramática normativa que deve modelar o uso da língua entre os falantes, 
seja em termos pedagógicos ou no cotidiano. Mas, segundo Chomsky (1965), “a 
gramática de uma língua particular deve ser completada por uma gramática 
universal que dê conta do aspecto criativo do uso da linguagem e que formule as 
regularidades profundas que, por serem universais, são omitidas da gramática 
propriamente dita” (p. 86). A sintaxe gerativa, com base em uma visão matemática, 
procura descrever e explicar toda estrutura sintática ligada ao ato comunicativo, 
satisfazendo essa adequação explicativa universalista. Chomsky (1965) 
acrescenta: “uma gramática gerativa (grifo nosso) deve consistir num sistema de 
regras que, dum modo interativo. 
 
 
Vantagens da gramática gerativa 
 
A descrição estrutural das orações utilizada pela gramática gerativa difere, 
em geral, das normas estabelecidas pela gramática tradicional. Essa visão da 
estrutura fornece meios mais adequados para a análise gramatical, principalmente 
nos seguintes aspectos: 
a) verbos considerados intransitivos pela norma podem, em alguns casos, receber 
um complemento (SN e/ou SPc), com a finalidade de explicitar ou qualificar o 
processo verbal. Os exemplos (20) e (21) mostram essa variação no emprego de 
um mesmo verbo; 
b) a distinção entre verbos pronominais essenciais e acidentais torna-se visível. 
A partícula se, no primeiro caso, faz parte do verbo; no segundo caso, forma 
um sintagma dentro do SV.Fonte: COSTA; BARIN, online, 2003 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Dentre as classes de palavras, o verbo é a mais rica em flexões. Com efeito, o 
verbo reveste diferentes formas para indicar a pessoa do discurso, o número, o 
tempo, o modo e a voz. Ao conjunto ordenado das flexões ou formas de um 
verbo dá-se o nome de conjugação. O verbo é a palavra indispensável na 
organização do período. 
 
Fonte: Domingos Paschoal Cegalla - Novíssima Gramática da Língua 
Portuguesa - São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2020. p.182. 
 
 #SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
REFLITA 
 
“A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita precisão.” 
 
Francis Bacon. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Prezado aluno, nesta unidade pudemos conhecer as Noções de Gramática, 
morfologia e Sintaxe e como ela funciona na prática. 
Vimos também os Estudos Pré-Gerativistas da Sintaxe até chegar ao 
Surgimento da Linguística Gerativa, quem foi seu grande percussor e quais os 
legados que existem para o estudo do gerativismo. 
Veremos ainda as Reflexões sobre o conceito de Gramática e suas divisões 
de estudo para que o estudo da língua seja, de fato, proveitosa. 
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo 
e reflexão sobre os estudos da linguagem. Até a próxima! 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Gramática da Língua Portuguesa 
• Autor: Pasquale Cipro Neto, Ulisses Infante 
• Editora: Scipione Didáticos 
• Sinopse: Obra consagrada como excelente material de referência. A teoria 
gramatical combinada à análise de textos do cotidiano. O seu grande diferencial 
está na articulação entre a apresentação dos tópicos gramaticais e a análise de 
textos dos mais diferentes tipos, o que propicia a reflexão e a imediata identificação 
de usos daquilo que está sendo estudado. Os mais diversos gêneros (publicitários, 
jornalísticos, letras de canções, poemas, etc.) são objeto de atividades de análise e 
discussão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: O grande desafio 
• Ano: 2007 
• Sinopse: Melvin Thompson (Denzel Washington) é um brilhante professor e 
amante das palavras. Embora tenha convicções políticas que possam atrapalhar 
sua carreira, ele decide apostar nos seus alunos para formar um grupo de 
debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas, no circuito dos 
campeonatos entre as universidades. Mas o seu maior objetivo é enfrentar a 
tradição de Harvard diante de uma enorme plateia. Inspirado em fatos reais. 
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=Km8d7NNtElg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WEB 
 
•Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas 
na área de linguagem – Série Vias dos Saberes: Vias dos Saberes é uma série 
de livros destinada a fornecer subsídios à formação dos estudantes indígenas em 
cursos de nível superior. Os textos visam agregar à experiência de cada um dos 
pontos de partida para a composição dos instrumentos necessários para aguçar a 
percepção quanto aos amplos desafios à sua frente, diante de metas que têm sido 
formuladas pelos seus povos, suas organizações e comunidades 
• Link do site: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=64
6-vol15vias04web-pdf&Itemid=30192 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico – o que é, como se faz. 15 ed. Loyola: 
São Paulo, 1999. 
 
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. 4 ed. São Paulo: 
Ática, 2008. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
Bibliografia Complementar 
 
BRAIT, Beth. Bakhtin conceitos: chaves. Contexto, 2013. Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
BATISTA, Ronaldo O. Em busca de uma história a ser contada: a recepção 
brasileira à gramática gerativa. Disponível em: 
https://core.ac.uk/download/pdf/192788006.pdf. Acesso em 25 Ago 2020. 
 
COSTA, Matheus Mario da; BARIN, Nilsa Teresinha Reichert. Sintaxe gerativa: 
reflexões para a prática pedagógica da língua portuguesa, 2003. Disponível em 
<https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumALC/article/viewFile/663/615
> Acesso em 10 Jul 2020. 
 
D.E.L.T.A., Vol. 15, N.º ESPECIAL, 1999 (105-146) Mary A. KATO e Jânia 
RAMOS TRINTA ANOS DE SINTAXE GERATIVA NO BRASIL 
 
DIAS, Luzia Schalkoski e GODOY, Elena. Psicolinguística em foco: linguagem: 
aquisição e aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2014 Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
Disciplinarum Scientia. Serie: Artes, Letras e Comunicação, Santa Maria, v. 4, n. 1, 
p. 125-153, 2003. 
 
FERRARI, Lilian. Introdução à linguística cognitiva. São Paulo: Contexto 2011. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. 5 ed. 
Contexto, 2010. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
Matheus Mario da Costa e Nilsa Teresinha Reichert Barin 
 
MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à 
Sociolinguística: o tratamento da variação. 4 ed. São Paulo: Contexto 2010. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
RESENDE, Viviane de Melo; Ramalho, Viviane. Análise de discurso crítica. 
Contexto, 2006. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
SILVEIRA, Jane Rita Caetano da; FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes. 
Pragmática cognitiva: a teoria da relevância. Porto Alegre. Edipucrs, 2015. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
 
 
UNIDADE II 
GRAMÁTICA GERATIVA 
 
Plano de Estudo: 
● Gramática Gerativa: fundamentos da Linguística Gerativa 
● Noções de Competência e Desempenho, Língua-I e Língua-E 
● O Problema Lógico da Aquisição da Linguagem e o Argumento da Pobreza 
de Estímulo 
● Traços do Léxico: Categorias Lexicais e Funcionais 
● Papéis Temáticos e Grade argumental: argumentos e adjuntos 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
 
● Conhecer os conceitos e características do gerativismo 
● Compreender a gramática gerativa 
● Entender como se dá o processo de estudo da linguagem sob os 
conceitos gerativistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer a gramática gerativa 
e suas características. Veremos a linguística enquanto ciência cognitiva, seus 
principais representantes e como se pautaram os estudos baseados nos 
conceitos e concepções gerativistas. 
Além disso, veremos também os traços lexicais, grade argumental e 
questões que envolvem a aquisição da linguagem. 
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a 
contribuir ainda mais para os estudos da língua. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 GRAMÁTICA GERATIVA: FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA GERATIVA 
 
 
 
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 Na unidade anterior deste material vimos que o gerativismo teve início no 
final da década de 1950 e início dos anos de 1960, portanto, é uma parte da 
linguística relativamente nova e que ano após ano ganha novos olhares entre os 
amantes da linguagem. 
 É inegável que Chomsky é o percussor do gerativismo e suas teorias 
tenham fundamentos que vieram para mostrar como se dá o processo de 
aquisição da linguagem e tudo que está a sua volta, por isso, nesta unidade 
veremos características específicas sobre a gramática gerativa e seus conceitos. 
 
1.1 Sintaxe 
 
 A sintaxe gerativa é um dos métodos gramaticais mais influentes no que 
diz respeito ao estudo da linguagem humana. Proposta por Noam Chomsky, ao 
longo dos anos a maneira gerativa de observar, descrever e explicar fenômenos 
sintáticos foi transformada em uma teoria da linguagem complexa e 
diversificada. 
 
Para Chomsky, o caráter gerativo da linguagem caracteriza-se pelo fato 
de que, em todas as línguas humanas, é possível criar um número 
infinitode expressões linguísticas utilizando-se, para tanto, uma 
quantidade finita de elementos constitutivos. Dizendo de outra forma, 
Chomsky notou que não existem limites para o número de frases que um 
falante de uma língua particular, seja ela qual for, pode produzir e 
compreender. (KENEDY, 2015, p. 3). 
 
 
 Em termos gerais podemos dizer que para o gerativismo, diferentemente 
do estruturalismo de Saussure que era até então dominante, há uma infinidade 
de possibilidades de frases que um falante pode criar, mesmo sabendo que o 
léxico é finito, ou seja, há um conjunto limitado de morfemas, fonemas e palavras 
(em grande quantidade, mas limitado), mas as possibilidades de combinações 
para a produção frasal se dão de maneira ilimitada. 
 
No empreendimento proposto pela linguística gerativa, a sintaxe sempre 
ocupou um lugar central. Isso acontece porque o caráter gerativo das 
línguas revela-se exatamente no componente sintático da gramática. 
Entenderemos isso se considerarmos que, para o gerativismo, a 
linguagem humana possui dois componentes fundamentais: o léxico e 
as regras computacionais. É no léxico que são depositadas as unidades 
mínimas da língua (fonemas, morfemas, palavras, idiomatismos, 
expressões fixas), que, por se tratar de itens finitos, devem ser 
memorizados pelos falantes de uma língua específica. Já as regras 
computacionais são também finitas, mas, quando aplicadas sobre os 
itens presentes no léxico, criam unidades infinitas como sintagmas e 
frases. Essas unidades são geradas composicionalmente, isto é, vêm à 
luz no momento em que são engendradas pela sintaxe, e assim não 
podem ser memorizadas pelos falantes. De acordo com os sintaticistas 
de orientação gerativista, as regras computacionais da linguagem 
pertencem ao domínio da sintaxe e cabe à Sintaxe Gerativa descrevê-
las e explicá-las. (KENEDY, 2015, p. 3) 
 
 Na tabela abaixo é possível identificar com maior exatidão as quantidades 
aproximadas de fonemas, morfemas e palavras existentes e a possibilidade de 
construção e produção frasal. 
 
Tabela 1: Em número aproximados, unidades linguísticas e o caráter gerativo da 
linguagem 
 
Fonte: Kenedy, 2015 
 
 
1.2 Modularismo e Inatismo 
 
Para entender melhor as propostas de Chomsky e seus seguidores, vamos 
observar como os gerativistas veem o cérebro humano. Segundo Martins (2006), 
no gerativismo há uma perspectiva modular para entender a mente humana, é como 
um sistema complexo, com estruturas altamente diferenciadas e “habilidades” (ou 
faculdades) independentes, como habilidades e conceitos de linguagem, chamada 
também de faculdade da linguagem e faculdade dos conceitos. 
Inatismo: proposta por Noam Chomsky, o inatismo argumenta que os seres 
humanos possuem uma gramática inata, ou seja, você nasce com ela e é modelada 
de acordo com seu desenvolvimento. As crianças usam a fala de adultos como base 
para seu desenvolvimento, que é a estrutura para o aumento de suas próprias 
regras. A partir do momento em que a criança incorporou certas estruturas da língua 
materna ela é capaz de desenvolver um novo modelo de regras para a linguagem, 
porém isso ocorre naturalmente e não foi porque ele imitou alguém. 
 Para entender o modularismo é preciso lembrar de Jean Piaget (1979) que 
entende que “a aquisição da linguagem depende do desenvolvimento da 
inteligência na criança e se dá na superação do estágio sensório-moto”, por isso, 
vamos observar a seguinte fala 
 
Em oposição ao modelo inatista, a aquisição é vista como resultado 
da interação entre o ambiente e o organismo, através de 
assimilações e acomodações, responsáveis pelo desenvolvimento 
da inteligência em geral, e não como resultado do desencadear de 
módulo - ou um órgão - específico para a linguagem. Daí se diz que 
a visão de Piaget sobre a linguagem é não-modularista. Assim 
também, a visão behaviorista é rechaçada, com a crença de que as 
crianças não esperam passivamente que o conhecimento de 
qualquer espécie seja transmitido, mas constroem seu próprio 
conhecimento. (SCARPA, p. 24, 2001) 
 
 Em termos gerais podemos dizer que o modularismo tem como crença a 
aquisição da linguagem por meio da imitação, enquanto o inatismo proposto por 
Chomsky, traz a ideia de que já nascemos com uma gramática internalizada. Mais 
adiante vamos nos aprofundar nessas questões. 
 
 
1.3 Faculdade da Linguagem em sentido amplo e restrito 
 
 Os conceitos de Faculdades de linguagem se diferem entre amplo e 
restrito, ambos estão diretamente ligados à maneira como os seres se comunicam. 
 O FLA (faculdade de linguagem em sentido amplo) e FLR (faculdade de 
linguagem em sentido restrito) se diferem quando a FLA traz os traços existentes 
em comum na linguagem animal e na linguagem humanas que servem para 
comunicação fazendo uso fisiológico para transmitir informação, já a FLR é o que 
seria exclusivo para a espécie humana, ou seja, o uso da língua de forma criativa, 
utilizando a propriedade da recursividade linguística 
Segundo Chomsky, há sistemas complexos no corpo humano, como, por 
exemplo, o córtex visual e o sistema circulatório, portanto, possuem características 
exclusivas e são estudadas separadamente. Assim como esses sistemas 
complexos, os sistemas cognitivos ou ‘faculdades’ da mente, como a faculdade da 
visão e a faculdade da linguagem, estas também devem ser estudadas 
separadamente. 
No gerativismo a mente humana é estudada por meio dos sistemas 
cognitivos e divididos em módulos. Deste modo, a faculdade da linguagem se 
encaixaria exatamente em um desses módulos. 
 
1.4 Gramática universal 
Diante das características que vimos até aqui sobre a estrutura mental inata, 
temos ainda na teoria gerativista o que chamamos de Gramática Universal (GU). 
A GU é o estado inicial da faculdade da linguagem, ou seja, é a gramática 
internalizada do ser humano, é aquela que estabelece também os princípios e 
parâmetros (veremos mais adiante os detalhes). 
A gramática universal pode ser facilmente entendida como aquela que já 
nasce conosco, é tudo o que temos de capacidade de entendimento. 
 
1.5 Princípios e Parâmetros 
 
 Outro ponto forte da teoria gerativa é o de princípios e parâmetros. 
Basicamente, podemos entender os princípios como tudo aquilo que é comum em 
todas as línguas, e mostram características universais, além disso são responsáveis 
por explicar a organização das línguas maternas. 
Já os parâmetros são as características particulares de uma língua, ou seja, 
é tudo aquilo que pode ser reconhecido a partir dos dados linguísticos do ambiente 
do indivíduo em fase de aquisição de linguagem. 
Para que haja melhor entendimento veremos abaixo um exemplo de um 
princípio e de um parâmetro: 
 
● Princípio: “Todas as sentenças, independentemente da língua, têm a função 
sintática sujeito” 
● Parâmetro: “Uma língua admite ou não sujeito nulo nas sentenças” 
Vejamos agora duas línguas, o português e o inglês, e vamos aplixar a teoria de 
princípios e parâmetros. Em inglês o sujeito precisa ser apontado na frase, ou 
seja, é obrigatoriedade aparecer, já na língua portuguesa isso não acontece. 
Veja: 
Observe os exemplos: 
1) Português: Ø Chove 
2) Inglês: It rains 
3) Português: Vi a sua mãe ontem. 
4) Inglês: I saw the your mother yesterday. 
 
Enquanto nativos falantes da língua portuguesa sabemos que as 
possibilidades 1 e 3 são totalmente possíveis, ou seja, as duas maneiras estão 
corretas já que o sujeito pode ou não aparecer na oração (no caso do exemplo 3). 
 Já em língua inglesa isso não acontece, uma vez que o sujeito precisa 
aparecer, por isso, usa-se “it” para ocasiões como no exemplo 2. 
 
 
1.6 Estrutura de Constituintes 
 
 As sentenças das línguas são formadas por itens lexicais, ou seja, elas se 
organizam por meio de uma sequência linear, mas esta não é aleatória. 
 Podemos dizer que a relação que há entre os itens lexicais é de ordem 
hierárquica. A organização,que parte de itens lexicais e inclui esses em grupos 
maiores e hierarquicamente superiores, é chamada de estrutura de constituintes. 
Vejamos um exemplo na prática: 
 
1) O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada 
2) A comprou uma menino nova o com bicicleta mesada. 
 
No exemplo 1 temos uma sequência lógica e possível dentro da língua 
portuguesa, já o exemplo 2 temos uma formação em ordem “invertida” e, portanto, 
não há sentido para a língua portuguesa. 
 Em termos gerais, podemos dizer que a estrutura de constituintes é a 
responsável por analisar os itens de uma construção apontando ainda as 
possibilidades de inversão (de ordem) sem que haja perda de significação. 
 
 
2 NOÇÕES DE COMPETÊNCIA E DESEMPENHO: LÍNGUA-I E LÍNGUA-E 
 
 
 
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Para a Linguística gerativa temos as noções de Competência e Desempenho 
baseados na Língua-I e Língua-E. 
Ambos se estabelecem no sentido de tentar explicar ou definir como 
acontece alguns processos da linguagem. Vejamos: 
 
Língua-I é uma instanciação do órgão da linguagem, parte de nosso 
dote genético. Ela é individual, interna e intensional. É individual 
porque “the properties of the system can be specified completely 
independently of the environment that the agent is embedded in” 
(Ludlow, 2003: 143). É interna, porque está na mente-cérebro e é 
intensional pois é uma função que converte palavras em descrições 
estruturais, por exemplo, uma função que pega as palavras Pedro e 
morre e converte em Pedro morre. Esse termo intensional também 
é entendido, em uma visão usual, como uma característica da 
Língua-I em isolamento, portanto, forçando uma dispensabilidade do 
ambiente, isto é, a Língua-I não é guiada por princípios extra-
mentais, apesar de Chomsky reconhecer que eles a influenciam. 
(CRUZ, p. 21, 2005). 
 
Podemos, portanto, dizer que a Língua-I significa o conhecimento sobre a 
nossa língua e isto é algo interno, é a competência linguística de cada indivíduo. 
 Já a Língua-E é tudo que aprendemos no desempenho linguístico, ou seja, 
é gerada pelo conhecimento pelas ideias que criamos. 
 
 
A Língua-E, pelo contrário, é externa à mente-cérebro e não-
individual. A Língua-E é uma linguagem pública, é um objeto social 
estabelecido por convenção e dependente do ambiente ou da 
comunidade. Chomsky questiona a própria existência da Língua-E, 
principalmente, como uma entidade teórico-científica, crítica 
percebível quando Ludlow (2003: 143) afirma que “I gather that on 
Chomsky’s views such objects (Língua-E) would be of little scientific 
interest if they did exist, but that in any case such objects don’t exist... 
I-languages are the only serious candidates for the objects of 
linguistic inquiry”. (CRUZ, p. 21, 2005). 
 
 
Como um exemplo prático, vejamos a seguir a seguinte frase: 
 
Manuel é português 
 
 O termo “português” identifica a pessoa de nacionalidade portuguesa, esse 
é o predicado de Manuel que o identifica como tal, mas essa característica não 
é única, existem muitas pessoas que possuem nacionalidade portuguesa. A 
reunião dessas pessoas com as mesmas características chamamos de 
“conjunto”, os termos gerais não se referem a indivíduos em particular, mas sim 
a conjuntos. O conjunto de coisas designadas por um predicado (ex: ser 
português) chama-se extensão (Língua-E). 
 A característica expressa por um predicado chama-se intensão (Língua-I). 
Assim, predicados com a mesma extensão (ex: pessoas de nacionalidade 
portuguesa) são diferentes se tiverem diferentes intensões. 
 A distinção entre a extensão e a intensão dos termos gerais (predicados) 
permite-nos compreender melhor o que são conceitos. 
A palavra “Deus”, por exemplo, significa diferentes coisas para diferentes 
religiões; há, portanto, diferentes conceitos de Deus. Podemos, portanto, nos 
referir as mesmas coisas através de diferentes conceitos, diante das diferentes 
maneiras que elas têm de significado para nós (Língua-I individual). 
 
⮚ Extensão = conjunto de coisas ou indivíduos com as mesmas 
características, portanto, é coletivo. 
⮚ Intensão = é o conceito que temos sobre determinado 
item/indivíduo/situação, portanto, é individual. 
 
 
 
2 O PROBLEMA LÓGICO DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E O ARGUMENTO 
DA POBREZA DE ESTÍMULO 
 
 
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Quando paramos para pensar sobre o processo de aquisição da linguagem 
é comum nos remetermos à fase da criança em processo de alfabetização. Fato é 
que, quando vamos aprender um novo idioma, sempre nos debruçamos nas 
gramáticas, mas também praticamos diálogos e conversação para apropriação da 
língua. 
Outro fator importante a ser observado é que a criança possui facilidade em 
aprender uma nova língua, seja por morar em um país diferente ao do seu 
nascimento ou mesmo por estar cursando algum idioma específico. 
Essa é uma das grandes situações que os linguistas vêm trabalhando há 
anos para saber se, de fato, surge o que chamamos de argumento da pobreza de 
estímulo, “se a fala da criança fosse fruto da audição e da repetição, um experiência 
em geral fragmentária, ela não seria capaz de produzir frases que ela nunca ouviu, 
como de fato acontece” (GALVES, 2011). 
Tal teoria afirma que os dados disponíveis à criança na língua que a rodeia 
não são suficientes o bastante para definir uma gramática. 
 
Por muitos anos, Noam Chomsky, linguista americano nascido em 7 
de dezembro de 1928, na Filadélfia, tentou responder a uma 
pergunta, conhecida como Problema lógico da aquisição da 
linguagem (também chamado de problema de Platão). Este 
problema é baseado no diálogo Ménon, de Platão, na qual o 
personagem Sócrates demonstra para Ménon que, se desafiado de 
maneira correta, mesmo um escravo sem instrução possui noções 
inatas de matemática. Esses conhecimentos permitiriam que o 
escravo fizesse, de maneira intuitiva, alguns cálculos geométricos. 
Essa pergunta continua sendo o elemento norteador das 
investigações científicas assumidas por Chomsky desde a sua 
graduação na Universidade de Pennsylvania. (ARAÚJO; CORÔA, 
online, 2020). 
 
O gerativismo de Chomsky é uma das teorias mais importantes da linguística 
do século XX que traz o conceito de que há um componente mental inato em todos 
os seres humanos (chamado de Faculdade da Linguagem). Este traz regras gerais 
que nos instruem sobre como funciona a comunicação humana, que é a Gramática 
Universal (GU). 
 A essa GU atribui-se a possibilidade infinita de combinações diferentes que 
podemos fazer, em termos gerais, podemos dizer que há um conjunto ilimitado de 
palavras, regras e estruturas que estão ao nosso dispor no momento da construção 
frasal, é, portanto, uma infinitude discreta é uma das propriedades essenciais da 
linguagem humana. 
 
 
 
 
3 TRAÇOS DO LÉXICO: CATEGORIAS LEXICAIS E FUNCIONAIS 
 
 
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O termo traço na caracterização do léxico nos traz informações conceituais 
e linguísticas armazenadas no léxico de uma língua e encontram-se organizadas na 
mente de maneira sistemática e coerente. 
Cada item do léxico é, na verdade, um conjunto de traços, um conjunto de 
informações relativas a esse item. 
Os traços lexicais podem ser de três tipos: traços semânticos, traços 
fonológicos e traços formais ou sintáticos. 
 
[...] concebe-se a língua como um componente interno da 
mente/cérebro (Língua–I) formado pela FLN e um léxico. Este léxico 
é composto por elementos pertencentes a categorias lexicais e 
funcionais. Ao contrário do caráter inato do sistema computacional, 
o léxico é adquirido a partir da experiência, sendo, pois, responsável 
pelas especificidades de cada língua. O léxico é caracterizado, 
portanto, como um componente da Língua-I, formado por traços. É 
nesse componente que são instanciadas as variações (parâmetros) 
entre as línguas, já que as particularidades de cada sistema 
linguísticoresidem nos traços formais que são ou não tomados 
como relevantes naquela língua. (UCHÔA, online, 2018) 
 
Não temos, portanto, o léxico na língua-I (aquela interna, que nascemos com 
ela), o que temos de fato é a capacidade de armazenar o léxico, que vem da língua-
E (externa e que adquirimos com o tempo). 
É o repertório de morfemas, palavras e frases que vão ficando armazenados 
no nosso Léxico mental (aqui a palavra “Léxico” é usada com letra maiúscula por 
se tratar de um lugar da mente em que armazenamos as experiência que vamos 
adquirindo na língua-E). 
Portanto, vale ressaltar o conceito de Inatismo (Língua-I) proposta por Noam 
Chomsky: os seres humanos possuem uma gramática inata, ou seja, você nasce 
com ela e é modelada de acordo com seu desenvolvimento. As crianças usam a 
fala de adultos como base para seu desenvolvimento, que é a estrutura para o 
aumento de suas próprias regras. E o da Língua-E é tudo que aprendemos no 
desempenho linguístico, ou seja, é gerada pelo conhecimento pelas ideias que 
criamos. 
Diante desses conceitos abordados, é possível dizer que as Categorias 
Lexicais e Funcionais são aquelas que adquirimos na Língua-E conforme 
vivenciamos situações e estamos expostos a variedades de situações 
comunicacionais. 
 
 
4 PAPÉIS TEMÁTICOS E GRADE ARGUMENTAL: ARGUMENTOS E 
ADJUNTOS 
 
 
 
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Na linguística temos o objetivo de analisar componentes da linguagem sem 
deixar a função sintática e semântica de lado, afinal não há como fazer uma análise 
superficial dos elementos das orações. 
Geralmente, a análise do componente racional está relacionada às funções 
sintáticas que todos podem executar. Vale lembrar que a forma de ensinar 
gramática na escola até então era dividida em “termos acessórios e termos 
essenciais da oração”, o que, de certa forma, limitava – e muito - o entendimento de 
algumas funções. “Essa dicotomia provém de noções bastante intuitivas que 
dividem os termos entre aqueles que são considerados indispensáveis para compor 
a cena verbal e aqueles que apenas a modificam” (MOURA; MILIORINI, online, 2018). 
Logo, foi possível perceber que essa divisão em apenas dois termos não era 
suficiente para a classificação de algumas orações, surgindo, então, novos 
conceitos, como os de “Papel temático”, que pode ser definido como àquele que se 
refere à função semântica dos sintagmas na sentença. 
 
De acordo com a teoria linguística, a gramática gerativa de uma 
língua é vista como modelo formal da competência linguística do 
falante/ouvinte da língua. Como a competência linguística é o 
conhecimento de uma língua particular pelo falante/ouvinte, a 
gramática gerativa pode ser vista como um conhecimento 
inconsciente, que não é aprendido nas escolas. Segundo a gramática 
tradicional, gramática é um conjunto de prescrições e regras que 
determinam o uso considerado correto da língua escrita e falada, 
sendo, portanto, um conhecimento aprendido. De acordo com a 
gramática tradicional, os termos da oração classificam-se em: 
essenciais (sujeito e predicado), integrantes: complemento nominal e 
complemento verbal (objeto direto e objeto indireto) e agente da 
passiva; e acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e 
aposto), e vocativo. Segundo a gramática gerativa os termos da 
oração têm suas funções definidas a partir das posições estruturais 
que ocupam na frase. Isto é, as categorias gramaticais NP, VP, PP, 
entre outras, têm suas funções gramaticais definidas em termos da 
categoria que as domina (MIOTO, p. 23, 1999). 
 
Em termos gerais, podemos dizer que qualquer elemento sujeito a 
determinadas condições terá um relacionamento específico com o restante da frase. 
Vejamos o exemplo: 
 
(1) João deu o bolo para Maria. (2) João cozinhou o bolo para Maria. 
O mesmo sintagma, para Maria, funciona como argumento em (1) e 
como modificador, ou adjunto, em (2). Sabemos disso porque o verbo 
dar é triargumental, enquanto cozinhar seleciona dois argumentos. 
Ambos os sintagmas recebem papel temático de benefactivo – 
embora sejam subcategorizados por núcleos distintos1 ; entretanto, 
estão em diferentes relações sintáticas com o verbo. (MOURA; 
MILIORINI, online, 2018). 
 
 
Temos, portanto, alguns tipos de papéis temáticos: 
● Agente: é o que faz/executa uma ação voluntariamente, equivale ao Sujeito; 
● Fonte: é próximo do Agente, mas não detém o controle da situação, 
normalmente traz seres inanimados; 
● Experienciador: é aquele que sente algo, de modo físico ou psicológico; 
● Locativo: é o lugar no espaço em que se encontra algo ou alguém; 
● Alvo: pessoa ou lugar a que algo se destina; 
 
Há ainda outras possibilidades de papéis temáticos, como: 
Paciente; Instrumento; Meta; Objetivo; Alvo; Possuidor; Recipiente; Causador; 
Afetado. 
Moura; Miliorini, (2018) abordam essa temática mostrando que “A distinção 
entre argumentos e adjuntos verbais é fundamental para alicerçar diferentes teorias 
linguísticas” mas, ressaltam que “ainda que nossa intuição seja segura para analisar 
os casos mais prototípicos, ela falha no julgamento de algumas relações verbais”, 
o que pode gerar certa confusão entre a grade argumental e o adjuntos verbais. 
 
De acordo com a teoria da estrutura argumental, os argumentos 
podem assumir vários papéis semânticos (temáticos). Esses papéis 
semânticos demonstram o envolvimento do participante no evento 
descrito pelo verbo; assim, um argumento pode funcionar nessa 
descrição como Agente, Beneficiário, Tema, Alvo, Paciente, 
Experienciador, entre outros papeis. No entanto, tais funções 
semânticas podem ocorrer em diferentes posições sintáticas. Por 
exemplo, o verbo avisar em português admite duas estruturas 
oracionais: João avisou o horário da prova para o Pedro, e o João 
avisou o Pedro sobre o horário da prova. Observamos que o 
argumento interpretado como alvo pode ser realizado na posição de 
objeto indireto e na posição de objeto direto. Da mesma forma, o 
argumento interpretado como tema pode ser realizado na posição de 
objeto direto e na posição de objeto indireto. (FERREIRA, p. 31, 
2016). 
 
Vamos agora ver um exemplo de exercício resolvido com a grade argumental 
e os papéis temáticos das orações: 
 
 
Imagem 1: exemplo de exercício explicitando grade argumental 
 
Fonte: Souza, 2016. 
 
 
Com a análise desse exercício fica evidente como podemos identificar a 
grade argumental e os papéis temáticos dentro das orações, bem como a função 
sintática expressa nelas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A Linguística como Ciência Cognitiva 
 
 
A Linguística Cognitiva é uma abordagem da linguagem perspectivada como 
meio de conhecimento e em conexão com a experiência humana do mundo. 
As unidades e as estruturas da linguagem são estudadas, não como se 
fossem entidades autônomas, mas como manifestações de capacidades cognitivas 
gerais, da organização conceptual, de princípios de categorização, de mecanismos 
de processamento e da experiência cultural, social e individual. 
São temas de especial interesse da Linguística Cognitiva os seguintes: as 
características estruturais da categorização linguística (tais como prototipicidade, 
polissemia, modelos cognitivos, metáfora e imagens mentais), os princípios 
funcionais da organização linguística (iconicidade e naturalidade), a interface 
conceptual entre sintaxe e semântica, a base pragmática e ligada à experiência da 
linguagem-no-uso e a relação entre linguagem e pensamento (incluindo questões 
sobre o relativismo e sobre os universais conceptuais). 
 
Linguística Cognitiva e outras teorias linguísticas 
 
Pela negação da tese da autonomia da linguagem (a linguagem como 
"sistema autónomo" ou como "faculdade autónoma"), a linguística cognitiva opõe-
se aos dois paradigmas linguísticos anteriores (o estruturalismo e o gerativismo). 
O estruturalismo linguístico, nas suasdiferentes formas, entende e estuda a 
linguagem como um sistema que se basta a si mesmo (com a sua própria estrutura, 
os seus próprios princípios constitutivos, a sua própria dinâmica) e, por conseguinte, 
o mundo que ela representa e o modo como através dela o percebemos e 
conceptualizamos considera-os como aspectos "extra-linguísticos". 
Por seu lado, a gramática gerativa (de Chomsky e seus discípulos) defende 
que a faculdade da linguagem é uma componente autónoma da mente, específica 
e, em princípio, independente de outras faculdades mentais; por conseguinte, o 
conhecimento da linguagem é independente de outros tipos de conhecimento. 
 
Fonte: SILVA, online. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
REFLITA 
 
“A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no 
cérebro.” 
 
Noam Chomsky. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Prezado aluno, nesta unidade pudemos conhecer as características das 
Noções de Competência e Desempenho, Língua-I e Língua-E pautadas na teoria 
gerativa de Chomsky. 
Conhecemos também um pouco sobre O Problema Lógico da Aquisição da 
Linguagem e o Argumento da Pobreza de Estímulo que nos traz as características 
do processo de aquisição da linguagem na infância e como o meio pode – ou não – 
afetar esse processo tão importante para o ser humano. 
Entendemos também a importância dos Papéis Temáticos e Grade 
argumental: argumentos e adjuntos observando seu conceito teórico e uma 
aplicação prática em um exercício resolvido. 
 Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo 
e reflexão sobre os estudos da linguagem. Até a próxima! 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
Título: Curso básico de linguística gerativa 
Autor: Eduardo Kenedy 
Editora: Vozes 
Ano: 2013 
Sinopse: Eduardo Kenedy, professor e pesquisador da área, oferece aos 
universitários brasileiros o primeiro material didático escrito em língua portuguesa 
para um curso introdutório completo sobre linguística gerativa – a ciência da 
linguagem dedicada à dimensão cognitiva das línguas humanas. Numa estrutura 
dialógica, com ilustrações e exercícios com respostas, este livro preenche, assim, 
uma lacuna na literatura linguística no Brasil, apresentando à comunidade 
acadêmica os principais conteúdos do empreendimento gerativista e tratando de 
temas complexos com profundidade, mas utilizando-se de linguagem simples e 
objetiva. Esta obra destina-se especialmente aos estudantes de graduação e pós-
graduação dos cursos de Linguística, Letras, Fonoaudiologia, Psicologia, 
Comunicação e demais áreas interessadas em linguagem e ciências cognitivas. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: Escritores da Liberdade 
Ano: 2007 
Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, 
que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes 
e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, 
para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas 
vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de 
ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando 
mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao 
próximo. 
 
WEB 
 
• Olimpíada Brasileira de Linguística: desde 2011, instigando seus participantes 
a ampliar suas habilidades lógico-analíticas e sua visão sobre os povos do mundo 
a partir de uma abordagem interdisciplinar. A olimpíada firmou-se como um 
fascinante instrumento de imersão multicultural, trazendo à luz diversos temas do 
mundo das línguas, da linguagem, dos códigos e da cognição humana. 
• Link: http://www.obling.org/#home 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAÚJO, Paulo Ângelo; CORÔA, Williane. Noam Chomsky e o funcionamento da 
linguagem: menos é mais! Disponível em: 
https://www.blogs.unicamp.br/linguistica/2020/01/10/noam-chomsky-e-o-
funcionamento-da-linguagem-menos-e-mais/. Acesso em: 10 Jul 2020. 
 
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. 4 ed. São Paulo: 
Ática, 2008. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
Bibliografia Complementar 
 
BRAIT, Beth. Bakhtin conceitos: chaves. Contexto, 2013. Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
CRUZ, Ronald Taveira da. Referência-I para Língua-I: o projeto naturalista na 
linguística. P. 21, 2005. Disponível em: 
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/102800/228558.pdf?sequen
ce=1&isAllowed=y 
 
DIAS, Luzia Schalkoski e GODOY, Elena. Psicolinguística em foco: linguagem: 
aquisição e aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2014 Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FERRARI, Lilian. Introdução à linguística cognitiva. São Paulo: Contexto 
2011. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FERREIRA, Hely César. Estrutura argumental e ordem dos termos no português l2 
(escrito) de surdos. p. 31, 2016. Disponível em: 
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/21841/1/2016_HelyC%C3%A9sarFerreir
a.pdf. Acesso em 15 Jul 2020. 
 
FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. 5 ed. 
Contexto, 2010. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
GALVES, Charlotte.Chomsky: a fala é um fenômeno inato, 2011. Disponível em: 
http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2011/09/chomsky-fala-e-um-
fenomeno-inato.html. Acesso em: 17 Jul 2020. 
 
KENEDY, Eduardo. Sintaxe Gerativa, p.3, 2015. Disponível em: 
https://www.gepex.org/eduardo/wp-content/uploads/2016/03/gerativa2015.pdf. 
Acesso em 15 Jul 2020. 
 
MIOTO, C. Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 1999 
 
MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à 
Sociolinguística: o tratamento da variação. 4 ed. São Paulo: Contexto 2010. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
MOURA, H; MILIORINI,R. Para compreender uma intuição: critérios para distinguir 
argumentos de adjuntos verbais, 2018. Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/alfa/v62n3/1981-5794-alfa-62-3-0573.pdf. Acesso em 18 
Jul 2020. 
 
PIAGET, J. (1959) Language and Thought of the Child.London: Routledge & 
Kegan Paul. 
 
RESENDE, Viviane de Melo; Ramalho, Viviane. Análise de discurso crítica. 
Contexto, 2006. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
SILVA, Augusto Soares da. A linguística cognitiva uma breve introdução a um 
novo paradigma em linguística. Disponível em: encurtador.com.br/adzG3. Acesso 
em 17 Jul 2020. 
 
SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In: MUSSALIM, Fernanda; 
BENTES, Ana Cristina. Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: 
Cortez, 2001. v.2. 
 
SILVEIRA, Jane Rita Caetano da; FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes. 
Pragmática cognitiva: a teoria da relevância. Porto Alegre. Edipucrs, 2015. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
UCHÔA, Danielle Novais. A importância dos itens funcionais na etapa inicial de 
aquisição da linguagem. Disponível Em: https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/25989/25989.PDF. Acesso em: 20 Jul 2020. 
 
UNIDADE III 
SEMÂNTICA 
 
Plano de Estudo: 
● Semântica 
● Linguística e Polissemia no texto 
● Estilística 
● Formal e informal 
● Variações linguísticas 
● Psicolinguística 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conhecer os conceitos e características de semântica 
● Compreender a gramática gerativa 
● Entender como se dá o processo de polissemia no texto, estilística e 
variações linguísticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer as características 
da semântica, bem como os conceitos de formal e informal e observar quais 
são as propriedades da morfologia e sintaxe para sabermos como o estudo da 
língua se dá. 
 Além disso, veremos questões de estilística e variações linguísticas, a 
definição de cada uma delas e como elas ocorrem de fato. 
 Abordaremos ainda a psicolinguística e polissemia no texto,completando nossa unidade de conhecimento. 
 Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a 
contribuir ainda mais para os estudos da língua. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 SEMÂNTICA 
 
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O estudo da língua portuguesa pode ser dividido em algumas partes, a saber: 
morfologia, sintaxe e semântica. Na unidade I deste material vimos a definição 
de morfologia e sintaxe: 
● Morfologia: o estudo da forma das palavras, é a parte da gramática que 
estuda isoladamente cada uma delas segundo os morfemas (menores 
unidades de significação que formam as palavras e são classificados em 
desinência, raiz, radical, afixo, tema e vogal temática). 
● Sintaxe: a parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos 
de uma frase, as suas relações de concordância, de subordinação e de 
ordem. 
 Nesta unidade veremos o que é a semântica. Primeiramente, 
vamos analisar a seguinte fala de Ilari: 
Para explicar as palavras, podemos colocá-las em séries, 
do tipo gato-felino-mamífero, canela-perna-corpo, chato-
desagradável-mofino, grande-volumoso-enorme-
gigantesco, encher-esvaziar e muitas outras. Essas séries, 
às quais chegamos de maneira intuitiva, baseiam-se 
sempre em alguma relação (por exemplo, a classe dos 
gatos se inclui na dos felinos, e esta na dos mamíferos; a 
canela é parte da perna, que é parte do corpo, etc.); essas 
relações são semânticas, e têm muito a nos ensinar sobre 
o significado das palavras. (ILARI, online, 2018) 
 
A semântica está ligada ao sentido, quando falamos em semântica logo 
nos remetemos a mudança de sentido, à relação de sentido que há entre as 
palavras. 
1.1 Denotação e Conotação 
 
Se falamos de sentido precisamos logo identificar que a dois itens 
importantes a ser considerados na relação semântica O que é denotação e 
conotação: 
 - Denotação: é o sentido literal da palavra, é o seu significado no mais puro 
sentido de ser, é aquilo que realmente está escrito e se quer falar naquele 
momento; 
- Conotação: em oposição a denotação, a conotação é a relação de sentido 
ilustrativa, é a aplicação da palavra no seu sentido figurado e não no seu sentido 
original, na conotação temos um sentido que é possível atribuir em um contexto 
específico. 
 
1.2 Sinonímia e Antonímia 
 
Outra relação de sentido que é importante salientar é a sinonímia que 
está ligada ao sinônimo, mas é importante lembrar que a sinonímia não é 
exatamente a mesma coisa que sinônimo. 
Temos sinônimo quando identificamos duas palavras com o mesmo 
significado, já na sinonímia ocorre quando eu tenho dentro de um contexto uma 
relação de sinônimos, em termos gerais podemos dizer que mesmo que as 
palavras não sejam diretamente sinônimas elas têm uma relação de sinônimo 
naquele contexto específico. 
Exemplo: 
A paz e a tranquilidade reinavam naquela casa 
 
Nesse contexto temos a palavra paz e a palavra tranquilidade em uma 
relação de sinonímia elas não são sinônimas fora de contexto, mas aqui exercem 
o mesmo valor semântico, ou seja, o mesmo valor de sentido. 
 
Antonímia 
Sinonímia vem da relação de sinônimo antonímia vem da relação de antônimo. é 
também uma característica que devemos observar quando falamos em semântica. 
É a relação estabelecida entre duas ou mais palavras que apresentam 
significados diferentes, contrários, dentro de um contexto. 
Exemplo: 
João era bondoso, já Carlos era tinhoso. 
 
Nesse contexto a palavra bondoso e tinhoso estabelecem entre si uma 
relação de antonímia uma vez que aqui tem sentido oposto. 
 
1.3 Homonímia e Paronímia 
Outro sentido semântico importante que devemos salientar é a homonímia 
que é a relação estabelecida entre duas ou mais palavras que, embora possuam 
significados diferentes, apresentam a mesma estrutura fonológica. 
Elas podem se dividir em: 
 
⮚ Homógrafas: palavras iguais na escrita, mas diferentes na pronúncia: 
Exemplo: 
 
● acerto (correção) e acerto (verbo acertar); 
● acordo (combinação) e acordo (verbo acordar); 
● apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); 
● boto (golfinho) e boto (verbo botar); 
● colher (talher) e colher (apanhar); 
● começo (princípio) e começo (verbo começar); 
● cor (coloração) e cor (memória); 
 
▪ Homófonas: palavras iguais na pronúncia, mas diferentes na escrita: 
Exemplo: 
▪ Acento e assento 
A palavra rubrica tem acento? (sinal gráfico) / Esse assento está vazio? 
(cadeira, lugar) 
▪ Aço e asso 
Mandei pôr uma porta de aço no armazém. (liga de ferro) / Amanhã de manhã asso 
um bolo para o lanche. (verbo assar) 
▪ Alto e auto 
Ele sempre foi muito alto. (comprido, elevado) /O artista fez o seu autorretrato. 
(de si próprio) 
 
▪ Apressar e apreçar 
Vamos apressar o passo, por favor! (tornar mais rápido)/O gerente da loja vai 
apreçar a nova mercadoria. (definir o preço) 
Quadro 1: Palavras Homófonas e Homógrafas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Neves, 2015. 
Paronímia 
É a relação estabelecida entre duas ou mais palavras que possuem 
significados diferentes, porém são muito semelhantes na pronúncia e na escrita, 
mas não são exatamente iguais, são apenas semelhantes. 
Exemplo: 
● Absolver (perdoar) e absorver (aspirar) 
● Apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico) 
● Aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar) 
● Cavaleiro (que cavalga) e cavalheiro (homem gentil) 
● Comprimento (extensão) e cumprimento (saudação) 
● Coro (música) e couro (pele animal) 
 
 
 
2 LINGUÍSTICA E POLISSEMIA NO TEXTO 
 
 
 
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Quantas vezes você já se deparou com uma palavra que tem muitos 
significados? Talvez, todos os dias usamos ou ouvimos de alguém frases que geram 
ambiguidade ou até mesmo uma situação engraçada. 
Polissemia é a multiplicidade de significados, em termos gerais, podemos dizer 
que são aquelas palavras que carregam em si cargas significativas plurais. Vejamos 
a palavra MANGA. Sem contexto algum ela pode nos remeter à fruta, mas em um 
contexto específico ela pode ser a manga da camisa. 
Isso acontece ainda com a palavra BANCO (de sentar, de dinheiro ou ato de 
pagar algo); PAPEL (de parede, sulfite, de seda); são várias palavras que podemos 
exemplificar e que usamos no dia a dia. 
Mas, há uma diferença entre os exemplos acima, por exemplo, as possibilidades 
de “PAPEL” são todos do mesmo conceito (algum tipo de papel), já as 
possibilidades de “BANCO” são completamente aleatórias, não possuem nenhuma 
relação de sentido. Portanto, temos aqui o que chamamos de homonímia. 
Para melhor entendimento: 
 
 
 
Logo, na construção textual é preciso ficar atento a escolha do vocabulário 
para que ela não traga dúvidas e gere ambiguidade. Se o seu texto for informativo, 
não poderá haver nenhum tipo de equívoco na interpretação. 
Mas, caso seu texto seja literário, e sua intenção seja exatamente essa de 
gerar múltiplos significados, aí sim não há nenhum problema no uso dessas 
palavras, tudo é uma questão do objetivo do seu texto, qual seu público, qual o tema 
e o assunto abordado nele. 
A língua portuguesa é extremamente rica em seu vocabulário, por isso, temos 
uma infinidade de opções e possibilidades para acrescentar nas nossas 
construções textuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLISSEMIA: palavras com multiplicidade de 
significados, mas com conceitos e relações aproximadas; 
HOMONÍMIA: palavras com multiplicidade de 
significados, mas com conceitos e relações diferentes. 
 
3 ESTILÍSTICA 
 
 
 
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Quando nos referimos à língua precisamos saber que existe uma Tríplice 
Essencial (morfologia, sintaxe e fonética) que constitui: a forma, as frases e os sons 
das palavras. 
Cada um desses elementos da Tríplice vai focar uma dessas partes, no entanto, 
além da Tríplice essencial temos também algumas característicascomplementares, 
como a Estilística. 
Como próprio nome diz, a estilística vai falar sobre o estilo De escrita A Arte da 
palavra Cada pessoa tem um jeito uma maneira de escrever e por mais que todos 
nós sigamos as mesmas regras gramaticais, cada um tem uma escolha uma 
maneira de estruturar o seu texto e a sua fala, Afinal a língua é um organismo vivo 
e está em constante mudança e Ela nos permite essa variação e multiplicidade de 
escolha. 
A estilística é a parte da linguística que estuda o estilo da linguagem, ou 
seja, a capacidade expressiva da língua em uso, tanto oral quanto escrito. 
Através de recursos sintáticos, fonológicos e semânticos, os chamados 
recursos estilísticos, é possível ir além do significado literal das palavras, 
aumentando a emotividade da mensagem e sugestionando o interlocutor. 
(NORMA CULTA, online, 2018). 
 
 
Portanto, falarem estilística é falar sobre as palavras E da maneira como eu 
posso utilizá-las dentro de um contexto. Comece a observar a maneira como você 
escreve e perceberá que existe um estilo algumas coisas se repetem e são 
características apenas suas, outra pessoa terá características diferentes, por isso, 
Podemos dizer que a estilística é o estilo de escrever a forma como as pessoas 
utilizam as palavras a escolha do vocabulário e a maneira de estruturar o texto, é a 
individualidade. 
 
4 FORMAL E INFORMAL 
 
 
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Antes de entendermos o conceito de Formal e Informal é importante observar o 
que o termo Norma é nos estudos da linguagem verbal. 
Para Faraco e Zilles (2017) é possível classificar norma em termo geral e 
específico: 
▪ Geral: equivale a toda e qualquer variedade linguística; 
▪ Específico: equivale a um conjunto de preceitos que definem o chamado 
“bom uso”, o uso socialmente prestigiado. 
 
Logo, podemos dizer que norma é o “como se diz” numa determinada 
comunidade de fala, em determinados contextos. Temos, portanto, a dialetologia, 
que diz respeito aos falares regionais, circula nos espaços regionais e suas 
características dos diferentes níveis 
Diante disso, é relevante salientar que a “norma culta” se difere da “norma 
padrão”, vejamos: 
▪ Norma culta: a norma culta é aquela chamada também de “Norma normal”, 
ela permeia os falantes cultos no meio urbano, altamente escolarizadas, 
com acesso aos bens culturais e que têm domínio da cultura escrita. A norma 
culta pode variar e é um uso de um determinado grupo de falantes, ela de 
fato acontece, é real. Na sociedade brasileira esse grupo é tipicamente 
urbano e comum, além de ser uma norma presente na dinâmica corrente, é 
viva no funcionamento social da língua; 
 
▪ Norma padrão: já a norma padrão, chamada também de “norma normativa” 
é a tentativa de homogeneizar a língua, é repleta de idealizações, já que ela 
não acontece de fato, portanto, podemos dizer que a gramática normativa 
é uma tentativa de unificar a língua, mas é utópica. Nesse sentido, a norma 
padrão é um modelo idealizado construído para fins específicos não é, 
portanto, uma das normas presentes no fluxo espontâneo do funcionamento 
social da língua, mas um construto que busca controlá-lo. 
 
Sobre os registros da linguagem, podemos dividi-lo em Formal e Informal, 
ambos acontecem em contextos situacionais distintos e estão presentes em 
nosso dia a dia. Além dos registros, temos também a língua em sua modalidade 
e a variedade. Veja: 
 
⮚ Modalidade: oral e escrita 
⮚ Registro: formal e informal 
⮚ Variedade: padrão e não-padrão 
Através das modalidades podemos identificar a linguagem expressa da 
seguinte maneira: 
● Oral: linguagem falada (espontânea) 
● Escrita: linguagem que se utiliza de signos (planejada) 
 
Já quando falamos sobre registros estamos nos referindo ao: 
● Formal: normalmente utilizado na escrita, mas há casos em que se utiliza a 
formalidade, como um discurso presidencial, por exemplo; 
● Informal: a conversa do dia a dia, a troca de informações com pessoas que 
você convive e que não há exigência de formalidade. 
 
Já sobre a variedade, temos: 
● Padrão: que é aquele estabelecido pela gramática e chamado também de 
norma culta e possui maior prestígio social; 
● Não padrão: que é a linguagem do dia a dia e que não se remete à gramática 
normativa para as construções. 
 
5 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
 
 
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Falar em variação linguística é falar também num processo identitário, afinal, 
as pessoas não falam do mesmo modo e até uma mesma pessoa não fala sempre 
da mesma maneira, e a pergunta que rodeia o campo da variação linguística é “Por 
que as pessoas mudam sua forma de falar nas diversas situações?” 
É importante lembrar que a variação linguística já foi vista como uma ruptura 
da unidade do sistema, ou seja, era algo pejorativo e até mesmo estigmatizado 
negativamente. 
 O comportamento linguístico está permanentemente submetido ou 
relacionado aos diferentes aspectos da identidade social, como, por exemplo, sexo, 
idade, antecedente regional e também o pertencimento a grupos específicos, como 
religiosos, da vizinhança, sociais, e etc. 
Portanto, existe uma influência do contexto situacional da produção da fala, 
não apenas como um condicionador da produção desta, mas como um produto 
específico e conjunto da ação dos participantes daquele diálogo e do próprio 
processo comunicativo, pois falante e ouvinte influenciam-se mutuamente e vão 
construindo esse contexto comunicacional. 
 Labov (2008) é um dos principais nomes da sociolinguística, ramo da 
linguística geral que tem como objetivo estudar a variação linguística como algo 
pedagógico. Podemos até mesmo dizer que a sociolinguística é o estudo da 
variação de forma inovadora sobre a teoria da linguagem, diferentemente do 
estruturalismo de Saussure, que não considerava questões sociais e acreditava na 
estrutura da língua como algo homogêneo, a sociolinguística de Labov propõem 
uma diversidade às formas que passaram a ter natureza variável, contínua e 
quantitativa, portanto uma variedade linguística só acontece quando algo é 
recorrente. 
A partir de Labov os estudos das variantes passaram a ter ênfase em 
questões sociais, se é um fenômeno recorrente de uma comunidade de fala passa 
a ter, então, uma variante, pois as análises de formas linguísticas da sociolinguística 
são manifestadas em seus contextos sociais, não há como pensar em línguas, sem 
pensar em sociedade e, não há também limites nítidos entre o sistema linguístico e 
o seu uso. 
Pode-se considerar que o processo de variação linguística se 
desenrola em três etapas. Na origem, a mudança se reduz a uma 
variação, entre milhares de outras, no discurso de algumas pessoas. 
Depois ela se propaga e passa a ser adotada por tantos falantes que 
doravante se opõe [sic] frontalmente à antiga forma. Por fim, ela se 
realiza e alcança a regularidade por eliminação das formas rivais. 
(CALVET, p. 77, 2002). 
 
A sociolinguística, portanto, analisa a realização da língua, mas é válido 
lembrar que a variação linguística não é um caos como muitos pensam, não é uma 
mera construção sem contexto, até mesmo porque uma variedade para ser 
reconhecida é preciso que seja recorrente e aconteça regularmente, "não se pode 
entender o desenvolvimento de uma mudança linguística sem levar em conta a vida 
social da comunidade em que ela ocorre" (LABOV, 2008, p. 21). 
 A língua é um fenômeno variável e seus estudos devem ser pautados em 
fatores sociais, não há como fazer a separação destes, mas é válido lembrar que 
algumas variedades são estigmatizadas e outras não, pura e simplesmente por 
questões sociais. 
A forma linguística prestigiada permeia os indivíduos de alto prestígio social, 
enquanto a forma não prestigiada encontra-se recorrente em indivíduos com baixo 
prestígio social, por isso, o uso da língua revela a identidade do falante não somenteindividual, mas também do grupo. 
 
A explicação da mudança linguística parece envolver três problemas 
distintos: a origem das variações linguísticas; a difusão e 
propagação das mudanças linguísticas; e a regularidade da 
mudança linguística. [...] Essas variações podem ser induzidas pelos 
processos de assimilação ou dissimilação, por analogia, 
empréstimo, fusão, contaminação, variação aleatória ou quaisquer 
outros processos em que o sistema linguístico interaja com as 
características físicas ou psicológicas do indivíduo. (LABOV, 2008, 
p. 19-20). 
 
 
Fica evidente, portanto, que a variação linguística está ligada a identidade 
social do emissor ou falante, identidade social do receptor ou ouvinte, o contexto 
social e também ao "julgamento social distinto que os falantes fazem do próprio 
comportamento linguístico e sobre os outros, isto é, as atitudes linguísticas" 
O termo “variante” é utilizado para identificar uma forma que é usada 
ao lado de outra língua sem que se verifique mudança no seu 
significado básico. Os estudos da variação determinam três tipos de 
agentes externos que causam variação linguística: o geográfico, 
associado à distância espacial entre diferentes grupos; o social, 
associado a diferenças entre grupos socioeconômicos e o do 
registro que leva em conta o grau de formalidade do contexto e o 
meio usado para concretizar a comunicação. Embora esses agentes 
possam ser apresentados isoladamente, em um contexto real eles 
estão estreitamente unidos. Os três agentes geram variáveis no 
nível lexical, no gramatical, no fonético. (COSTA, online, 2018). 
 
Podemos classificar a variação linguística em três partes: 
1- Variação regional: esse tipo de variação pode também ser chamada de 
dialetos, pois são as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma 
determinada região. 
2 - Variação social: é aquela pertencente a um grupo específico de pessoas. 
Neste caso, podemos destacar as gírias, as quais pertencem a grupos de 
surfistas, tatuadores, músicos, entre outras possibilidades; 
3 - Variação Histórica: chamamos de variação histórica aquela que sofre 
transformações ao longo do tempo. Como por exemplo, a palavra “você”, que 
antes era vosmecê e que agora, diante da linguagem reduzida no meio 
eletrônico, é apenas VC. O mesmo acontece com as palavras escritas com 
PH, como era o caso de pharmácia, agora, farmácia. 
 
Fonte: (COSTA, online, 2018) adaptada pela autora 
 
 
6 PSICOLINGUÍSTICA 
 
 
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A psicolinguística é uma ciência relativamente nova produz suas abordagens 
na análise de fatores psicológicos e neurológicos que afetam a linguagem, ela é 
responsável por estudar como adquirimos, entendemos, produzimos e elaboramos 
uma linguagem. 
 Jacob Robert Kantor foi um psicólogo americano pioneiro em um sistema 
naturalista no campo da psicologia, chamado psicologia Inter comportamental, 
Kantor foi o primeiro a usar o termo "psicolinguística" em seu livro “Uma psicologia 
objetiva da gramática” em 1936. 
 É importante ressaltar que a psicolinguística nasceu de dois campos: 
psicologia e linguística. O primeiro dedicado ao estudo do pensamento, emoção e 
comportamento humano. A segunda estuda as manifestações da linguagem. 
 A psicolinguística e a linguística se diferem da seguinte maneira: 
⮚ Compreensão: para a linguística a unidade mínima acústica é o fonema. 
Para psicolinguística, é a sílaba. 
⮚ Produção: o objeto de estudo na linguística é o falante nativo ideal. Por outro 
lado, para a psicolinguística, é o falante real. 
⮚ Objeto de estudo: em relação ao uso da linguagem, a linguística procura as 
formas mais elegantes, formais e abstratas da linguagem. A psicolinguística 
busca os princípios da operacionalidade. 
Já no que diz respeito aos estudos na área da psicolinguística, o mesmo autor 
supracitado traz a divisão da seguinte maneira: 
⮚ Observacional: baseado no exame do comportamento linguístico. Além 
disso, é feito através da coleta de dados naturais em situações cotidianas 
contextualizadas. 
⮚ Experimental: através do método científico, com experimentos em 
laboratório. 
A psicolinguística, portanto, busca estudar e identificar as habilidades que 
utilizamos para nos comunicar 
⮚ Linguagem 
⮚ Pensamento 
⮚ Escrita 
⮚ Compreensão auditiva 
⮚ Compreensão, Integração e Associação visual 
⮚ Expressão verbal e motora 
 
É importante observarmos que a psicolinguística é uma grande aliada da própria 
linguística, ambas estão focadas nos estudos da linguagem e juntas podem ser 
grandes ferramentas para desvendar a complexidade da linguagem humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
William Labov (2007) foi certa vez questionado: Qual é o objeto de estudo da 
Sociolinguística? 
Labov: É a língua, o instrumento que as pessoas usam para se comunicar com os 
outros na vida cotidiana. Esse é o objeto que é o alvo do trabalho em Variação 
Linguística. Existem outros ramos da Sociolinguística que estão preocupados 
primordialmente com questões sociais: o planejamento linguístico, a escolha pela 
ortografia oficial e outros que se preocupam com as consequências das ações de 
fala. Todas essas são importantes áreas de estudo, mas eu sempre tentei abordar 
as grandes questões da Linguística, como determinar a estrutura da linguagem – 
suas formas e organização subjacentes – e conhecer o mecanismo e as causas da 
mudança linguística. Os estudos da linguagem usada no dia-a-dia provaram ser 
bastante úteis para alcançar esses objetivos. 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
“A Linguística não é uma ciência previsível, e eu prefiro deixar o futuro acontecer 
em seu devido tempo”. 
William Labov. 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Prezado aluno, nesta unidade pudemos conhecer as características da 
semântica, bem como os conceitos morfologia e sintaxe para sabermos como o 
estudo da língua se dá. 
 Conhecemos também a diferença de norma culta e norma padrão e como 
elas acontecem na prática social, no nosso dia a dia. Além disso, o conceito de 
variação linguística ficou evidente sob a perspectiva dos conceitos labovianos da 
sociolinguística. 
 Entendemos também a importância da estilística e do que é formal e informal, 
além da polissemia no texto escrito. Para finalizar a unidade, conhecemos um pouco 
da psicolinguística e como ela se apropria da observação e do experimento para 
identificar as habilidades que os seres humanos usam no processo de 
comunicação. 
 Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo 
e reflexão sobre os estudos da linguagem. Até a próxima! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
AS PRINCIPAIS CORRENTES TEÓRICAS DA LINGUÍSTICA E OS ESTUDOS 
GRAMATICAIS 
Amanda Maria de Oliveira 
A compreensão acerca das distintas concepções de língua e seus 
respectivos modelos teóricos fornece subsídios para o desenvolvimento de 
trabalhos e pesquisas situados em diversos contextos. Seja no âmbito da pesquisa 
acadêmica, seja na prática de ensino, esse conhecimento se faz necessário na 
medida em que fornece o alicerce para o desenvolvimento da análise linguística a 
diferentes níveis e frente a objetivos distintos, como também deve oferecer 
subsídios para a prática de ensino e aprendizagem de línguas. No segundo caso, a 
postura adotada no processo de ensino é subsidiada pela concepção de língua e 
pelos respectivos modelos teóricos. 
Nesse sentido, os estudos linguísticos dão subsídio às diversas práticas que 
envolvem a análise e o estudo da língua. No entanto, existem diversas propostas 
teóricas, situadas no âmbito da linguística, que adotam concepções de língua 
distintas, posto que buscam compreendê-la segundo variados percursos. Além 
disso, os modelos teóricos, denominados gramáticas, surgem com base nesses 
estudos, apresentam variados pontos de vista acerca do funcionamento ou da 
realidade da línguae possuem objetivos distintos 
Princípios básicos do estruturalismo e a gramática tradicional 
Frente às diferentes concepções de língua, são propostos diferentes modelos 
teóricos que apresentam objetivos distintos, uma vez que buscam descrever o 
sistema linguístico, ou, em outros casos, sistematizá-lo. Uma dessas gramáticas é 
denominada atualmente normativa ou tradicional, que é empregada nas escolas e 
nas aulas de línguas como meio de prescrever regras, segundo as construções 
consideradas corretas e aceitas pela norma culta. Sendo assim, o objetivo da 
gramática tradicional, diferentemente de outros modelos teóricos, não é a 
sistematização da língua, mas a prescrição de regras. Na constituição da referida 
gramática, são identificadas aproximações em relação à concepção estruturalista, 
posto que compreende a língua como um sistema homogêneo, assim como possui, 
também, considerações de base filosófica. 
Em relação à proposta da gramática tradicional, vale salientar que não é 
considerada científica, uma vez que almeja prescrever regras e não é objeto de 
estudo científico. Além disso, o linguista não exclui variantes consideradas desvios 
da norma-padrão, pois leva em conta as variações que ocorrem na língua, 
diferentemente do que se faz presente na gramática em questão. 
 No que se refere à base filosófica da gramática tradicional, de acordo com 
Martelotta (2009), a preocupação inicial reside na compreensão da relação entre 
linguagem, pensamento e realidade. Busca-se, dessa maneira, explicar algumas 
questões como, por exemplo, a relação entre as palavras e o mundo, ou seja, se 
elas refletem a realidade a seu redor, ou são arbitrárias, convencionais. 
 Em adição, outra característica da gramática tradicional que tem origem 
nesse mesmo período é o seu caráter normativo. Martelotta (2009, p.46) explica 
que, “ao lado dessa preocupação de caráter filosófico, a gramática grega 
apresentava uma preocupação normativa, ou seja, assumia a incumbência de ditar 
padrões que refletissem o uso ideal da língua grega.” Nesse sentido, o caráter 
normativo da gramática tradicional tem origem nas reflexões filosóficas 
desenvolvidas já na Antiguidade Clássica e dos interesses relacionados à 
manutenção da língua considerada pura. A gramática normativa apresenta, além da 
base filosófica já discutida, aproximações no que se refere à compreensão da língua 
enquanto estrutura. Esses traços do estruturalismo podem ser identificados na 
medida em que buscam explicar as unidades que compõem o sistema e de que 
maneira se combinam, levando-se em conta a norma-culta. 
 Quanto ao estruturalismo, esta corrente tem como marco inicial a publicação 
do Curso de Linguística Geral (1916), que dá início ao desenvolvimento dos estudos 
de cunho estruturalista. Essa obra traz as discussões de Ferdinand de Saussure, 
precursor do estruturalismo, por meio de anotações de seus alunos. Pioneiro na 
vertente estruturalista, Saussure (2006[1916]) propõe que a língua constitui um 
sistema regido por regras internas que obedecem à determinada orientação de 
funcionamento, ao mesmo tempo em que exclui as influências externas, uma vez 
que a língua deve ser estudada, segundo a referida concepção, enquanto sistema 
autônomo. Dentro do sistema, o valor de dado elemento é atribuído na oposição 
que ele mantém em relação às outras unidades, ou seja, com o sistema como um 
todo. 
Os estudos gramaticais à luz da teoria gerativa 
Além do estruturalismo, outra abordagem que representa um marco nos 
estudos linguísticos é denominada gerativismo. Essa teoria tem como precursor o 
linguista norte-americano Noam Chomsky, que firma o início dos estudos 
gerativistas com a publicação do livro Estruturas Sintáticas (1957). O autor traz, com 
a referida abordagem, uma compreensão de língua distinta da proposta no 
estruturalismo – embora receba influências dessa corrente –, dado que a 
preocupação não é mais a descrição do sistema em si, mas o aspecto cognitivo, 
pois consiste em um estudo de base mentalista. O modelo teórico elaborado pelo 
gerativismo, que busca explicar o funcionamento da linguagem, é denominado 
gramática gerativa, com base formalista e de caráter científico. 
 A questão central da abordagem gerativista gira em torno da faculdade da 
linguagem, e é também esse aspecto que a diferencia da proposta estruturalista, 
uma vez que a última leva em conta o estudo sincrônico do sistema de regras, e 
não a capacidade da linguagem, ou seja, o aspecto cognitivo. Diferentemente do 
que Saussure (2006[1916]) propõe, o gerativismo considera que a linguagem é inata 
ao ser humano, e não um sistema adquirido socialmente, em função do contato com 
a comunidade linguística. Assim, o gerativismo preocupa-se em entender e explicar 
o funcionamento desse aspecto biológico, que é a competência linguística. 
 Dessa maneira, conforme pontua Kenedy (2009, p.129), “[...] as línguas 
deixam de ser interpretadas como um comportamento socialmente condicionado e 
passam a ser analisadas como uma faculdade mental inata. A morada da linguagem 
passa a ser a mente humana.”. Nesse sentido, o objeto de estudo deixa de ser o 
sistema e os elementos que o compõem, para buscar a compreensão racional do 
aspecto cognitivo, ligado à faculdade da linguagem. 
Fonte: Revista de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e 
Literatura Ano 09 - n.17 – 2º Semestre de 2013 - ISSN 1807-5193 
 
LIVRO 
 
• Título: Semântica 
• Autor: Celso Ferrarezi Jr. 
• Editora: Parábola Editorial 
• Sinopse: A despeito de sua importância pilar, a semântica é uma ilustre 
desconhecida na educação básica brasileira. Por isso, grande parte dos alunos 
que adentram os cursos de letras ou linguística no Brasil desconhece quase 
totalmente a área. Alguns se lembram de ter ouvido falar sobre sinônimos e 
antônimos, mas pouco além disso. Os mais agraciados pela escola também 
ouviram falar de metáfora e metonímia, mas ainda acham isso coisa lá da 
literatura. Enfim, há um grande caminho a percorrer se quisermos dar aos 
conhecimentos semânticos o lugar onde realmente devem estar: no cerne dos 
estudos linguísticos em todos os níveis. 
Felizmente, a semântica vem ganhando importância no campo da pesquisa e do 
ensino superior brasileiros. Novas vertentes começam a sustentar grupos de 
pesquisa e projetos relevantes, inclusive, de descrição de línguas naturais. 
Este livro é um subsídio nessa direção. Ao apresentar um panorama amplo e 
acessível aos graduandos em letras ou linguística (ou, simplesmente, aos 
interessados nos estudos linguísticos), ele ajudará o leitor iniciante em 
semântica a enxergar a importância dessa área de estudos quando o assunto é 
compreender o que são e como funcionam as línguas humanas. 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Sociedade dos poetas mortos 
• Ano: 1989 
• Sinopse: Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um 
ex-aluno (Robin Williams) se torna o novo professor de literatura, mas logo seus 
métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a 
ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre 
a "Sociedade dos Poetas Mortos". 
 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=EXw77BkVqyA 
 
WEB 
• Sistema VOLP: O sistema de busca do Vocabulário Ortográfico da Língua 
Portuguesa, quinta edição, 2009, contém 381.000 verbetes, as respectivas 
classificações gramaticais e outras informações conforme descrito no Acordo 
Ortográfico. 
• Link do site: http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario 
 
 
REFERÊNCIAS 
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. 4 ed. São Paulo: Ática, 
2008. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
BORTONI-RICARDO, S. M. A variação linguística como processo identitário. In: 
____. Nós chegamu na escola e agora? Sociolinguística e Educação. São Paulo, 
2005 (p. 175-188) 
BRAIT, Beth. Bakhtinconceitos: chaves. Contexto, 2013. Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: Uma Introdução Crítica. Tradução de 
Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2002 
 
COSTA, Luana Signorelli Faria da. Variação linguística do português brasileiro: 
sociolinguística, variação e teoria, 2018. Disponível em 
https://glotopolitica.com/2018/07/20/variacao-linguistica-do-portugues-brasileiro-
sociolinguistica-variacao-e-teoria/. Acesso em 22 Jul 2020. 
DIAS, Luzia Schalkoski e GODOY, Elena. Psicolinguística em foco: linguagem: 
aquisição e aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2014 Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FARACO, C. A. e ZILLES, A. M. Norma: tecendo conceitos. In: _____. Para 
conhecer norma linguística. São Paulo: Contexto, 2017. (p. 11-73) 
FERRARI, Lilian. Introdução à linguística cognitiva. São Paulo: Contexto 2011. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. 5 ed. 
Contexto, 2010. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
ILARI, Rodolfo. Semântica, 2018. Disponível em: 
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/semantica. Acesso 
em 24 Jul 2020 
LABOV, William. Sociolinguística: uma entrevista com William Labov. Revista 
Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL. Vol. 5, n. 9, agosto de 2007. Tradução 
de Gabriel de Ávila Othero. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. 
 
LABOV, William. Padrões Sociolinguísticos. Tradução Marcos Bagno, Maria Marta 
Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 
2008. 
 
MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à 
Sociolinguística: o tratamento da variação. 4ed. São Paulo: Contexto 2010. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
NEVES, Flávia. Palavras homófonas, 2015. Disponível em 
https://www.normaculta.com.br/palavras-homofonas/. Acesso em 21 Jul 2020 
NORMA CULTA, 2018. Disponível em https://www.normaculta.com.br/estilistica/. 
Acesso em 23 Jul 2020 
OLIVEIRA, Amanda Maria de. Revista de Divulgação Científica em Língua 
Portuguesa, Linguística e Literatura Ano 09 - n.17 – 2º Semestre de 2013 - ISSN 
1807-5193. 
RESENDE, Viviane de Melo; Ramalho, Viviane. Análise de discurso crítica. 
Contexto, 2006. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
SILVEIRA, Jane Rita Caetano da; FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes. 
Pragmática cognitiva: a teoria da relevância. Porto Alegre. Edipucrs, 2015. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
UNIDADE IV 
FONOLOGIA E FONÉTICA 
 
Plano de Estudo: 
● Fonologia e Fonética 
● Processos fonológicos 
● Transcrições fonéticas e fonológicas. 
● Sistema ortográfico vigente 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conhecer os conceitos e características da fonética e fonologia 
● Compreender os processos fonológicos 
● Entender como se dá o processo de estudo da transcrição fonética e o 
atual sistema ortográfico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer os conceitos de 
Fonologia e Fonética, além das características veremos quais são os elementos 
que são estudados por elas. 
Os próximos tópicos abordarão os conceitos de Processos fonológicos, 
que são aqueles ensinados desde os primeiros anos de vida da criança e ao 
longo da vida adulta vai se aperfeiçoando, no entanto, é válido lembrar que os 
processos podem sofrer alterações de acordo com o contexto comunicativo dos 
grupos e comunidades em que o falante está inserido. 
Veremos ainda o alfabeto internacional de transcrições fonética e 
fonológicas explicando suas classificações e um exemplo da transcrição. 
Finalizaremos nossa unidade com o Sistema ortográfico vigente e como 
tudo ocorreu até que chegássemos nos dias atuais. 
Para isso, buscamos informações na Academia Brasileira de Letras e em 
demais trabalhos acadêmicos e fontes importantes que possam ofertar as 
melhores informações sobre a temática aqui abordada. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 FONOLOGIA E FONÉTICA 
 
 
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A fonética e a fonologia investigam como os seres humanos produzem e 
ouvem os sons da fala, se observarmos a palavra FONOLOGIA veremos que 
fono = som e logia = estudo, logo, temos em fonologia o estudo dos sons. 
Outro conceito importante a ser observado na fonologia é a diferença 
entre letra e fonema: letra é o sinal gráfico da escrita, são as letras do alfabeto; 
o fonema é o som que essas letras podem reproduzir, portanto, a letra é o sinal 
gráfico da escrita e o fonema o som da fala e a menor unidade sonora produzida 
pelo ser humano na língua portuguesa. 
Vejamos um exemplo simples e prático: a palavra PATO tem quatro letras 
(P-A-T-O) e nós pronunciamos todas as letras, portanto, além de quatro letras 
temos também quatro fonemas. 
Outro exemplo: a palavra PASSO tem cinco letras (P-A-S-S-O) mas 
apenas quatro fonemas, afinal o “SS” juntos têm um único som, portanto cinco 
letras e quatro fonemas. 
Agora, a palavra TAXI, aqui temos um exemplo diferente, pois a palavra 
táxi tem quatro letras (T-A-X-I), mas cinco fonemas, pois o “X” tem som de “KS”, 
aqui é o contrário de “passo”. 
 
É consenso que a fala tem como principal objetivo o aporte de 
significado, mas, para isso, deve se constituir em uma atividade 
sistematicamente organizada. O estudo dessa organização, que 
é dependente de cada língua, é considerada Fonologia. Assim, a 
Fonologia pode ser vista como a organização da fala focalizando 
línguas específicas. (SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 
p. 12, 2011). 
 
Já a FONÉTICA se preocupa em analisar de forma detalhada dos sons 
produzidos por uma língua, e pode ser dividida em Fonética articulatória e 
Fonética Acústica. 
Podemos estudar a fala a partir da sua fisiologia, ou seja, a partir 
dos órgãos que a produzem, tais como a língua, responsável pela 
articulação da maior parte dos sons da fala; e a laringe, 
responsável principalmente pela produção de “voz” que leva à 
distinção entre sons vozeados (sonoros) e não- vozeados 
(surdos). Podemos também estudá-la a partir dos sons gerados 
por esses órgãos, ou seja, com base nas propriedades sonoras 
(acústicas) transmitidas por esses sons. Podemos ainda examinar 
a fala, sob a ótica do ouvinte, ou seja, da análise e processamento 
da onda sonora quando realiza a tarefa de percepção dos sons, 
dando sentido àquilo que foi ouvido. Todos esses aspectos podem 
ser considerados pela Fonética. (SEARA; NUNES; 
LAZZAROTTO-VOLCÃO, p. 12, 2011) 
 
Veremos agora o que cada uma das divisões da fonética observa e se 
atém no estudo da língua portuguesa. 
1.1 Fonética Articulatória 
Essa parte da fonética estuda os sons da fala produzidos pelo aparelho 
fonador, a fonética articulatória se encarrega da observação, descrição, 
classificação e transcrição dos sons produzidos. Veja a figura abaixo: 
 
Figura 1: Aparelho fonador 
 
Fonte: Livro Digital Speech Processing, Synthesis, and Recognition p.9 
 
Segundo CARVALHO; SANTOS (2018) o aparelho fonador se divide em: 
● Lábios: Articulação de sons bilabiais e labiodentais 
● Dentes: Escoamento do som 
● Língua: Participa na produção dos sons 
● Céu da boca: Projeção da voz 
● Faringe: Amplia o som 
● Cavidade Nasal: Vibração e amortização do som 
● Laringe: Contém as cordas vocais 
● Traqueia: Suporte para vibração das cordas vocais 
● Pulmões: Reservatório de ar 
● Musculatura respiratória: Produz pressão no ar 
 
De acordo com a fonética articulatória CRISTÓFARO-SILVA; YEHIA (2012) 
nos mostra que os sons produzidos na linguagem humana são chamados fones. 
Esses sons podem ser divididos basicamente em três grupos: consoantes, vogais 
e semivogais. 
 
Consoantes 
As consoantes, ou segmentos consonantais, são sons 
produzidos com algum tipo de obstrução no trato vocal, deforma que há 
impedimento total ou parcial da passagem de ar. Esses sons são classificados de 
acordo com os seguintes critérios: Modo de articulação, Lugar de articulação, 
Vozeamento, Nasalidade / Oralidade. 
 
Vogais 
As vogais, ou segmentos vocálicos, são sons produzidos sem obstrução no 
trato vocal, de forma que a passagem de ar não é interrompida. Esses sons são 
classificados de acordo com os seguintes critérios: Altura da língua, 
Anterioridade/Posterioridade da língua, Arredondamento dos lábios e Nasalidade / 
Oralidade. Ex: A, E e O. 
 
 
 
Semivogais 
As semivogais são os fonemas que se unem a uma vogal, formando com 
esta uma só sílaba. Exemplos: I e U: co[u]ro, ba[i]le. 
 
1.2 Fonética Acústica 
 
Segundo RIGONATTO (2018) Esse ramo da fonética estuda a acústica dos 
sons da fala, ou seja, seus aspectos físicos como a amplitude, a duração, a 
frequência fundamental e o espectro da onda sonora. 
Para analisar esses sons é preciso fazer um espectrograma, que é um gráfico 
para analisar frequência e tempo. Portanto, a fonética acústica se preocupara com: 
a amplitude, comprimento de onda, período e frequência; velocidade do som; 
intensidade e amplitude; frequência e pitch (altura) e também o timbre. 
 
1.3 Encontros vocálicos: ditongo, tritongo e hiato 
 
DITONGO: 
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (V+SV) numa mesma sílaba. 
Pode ser: 
● Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal. Por exemplo: espécie (i 
= semivogal, e = vogal) 
● Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal. Por exemplo:pai (a = 
vogal, i = semivogal) 
TRITONGO 
É o encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semivogal (sv+v+sv), 
numa só sílaba. Exemplos: Paraguai 
HIATO 
É o encontro de duas vogais (V+V) numa mesma palavra em sílabas 
diferentes, uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba. Por exemplo: 
saúde (sa-ú-de) / coelho (co-e-lho) 
 
Lembre-se: Para que exista sílaba na língua portuguesa é preciso ter pelo menos 
uma vogal. 
1.4 Encontros Consonantais 
Como o próprio nome sugere, o encontro consonantal é o encontro de 
consoantes na mesma sílaba. Eles podem ser perfeitos ou imperfeitos, vejamos: 
⮚ Encontros consonantais perfeitos: são aqueles que ficam na mesma sílaba, 
sendo inseparáveis. Ex: blu-sa, li-vro, pra-to, etc. 
⮚ Encontros consonantais imperfeitos: são aqueles que não ficam na mesma 
sílaba: ex: bar-co, dis-co, es-tan-te 
 
1.5 Encontro consonantal x dígrafo 
Os dígrafos ocorrem quando duas letras representam graficamente o 
mesmo fonema. São diferentes dos encontros consonantais (EC) por causa do som: 
o dígrafo representa apenas um som, enquanto o EC pode apresentar som de duas 
ou mais consoantes juntas. Portanto, um dígrafo pode ser composto por duas 
consoantes ou por uma consoante e uma vogal. Os dígrafos são 
ch – lh – nh – sc – sç – xc – xs – rr – ss – qu – gu 
Agora que já conhecemos os conceitos de fonética e fonologia, bem como 
fonemas e letras, vamos entender na prática como acontece o estudo da língua 
portuguesa a partir desses elementos. 
Para chegarmos à transcrição fonética e fonológica, é preciso entender cada 
um deles e até mesmo relembrar algumas classificações que aprendemos na 
escola. Por isso, o próximo item dessa unidade será sobre os processos 
fonológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 PROCESSOS FONOLÓGICOS 
 
 
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Segundo Martins (2011) um “Processo fonológico é a expressão de um 
fenômeno fonológico em forma de regra [...] que visa descrever uma regra relativa 
a um fenômeno sonoro que ocorre na língua”, portanto, é correto dizer que um 
processo fonológico é uma alteração que ocorre na fala realizando uma produção 
(gramaticalmente) inadequada dos fonemas. 
 
Portanto, é possível identificar que a criança vai realizando vários processos 
fonológicos ao longo da vida e quanto mais contato e estímulo tiver com a língua, 
mais bagagem ele terá para corrigir os desvios. 
Segundo Grunwell, 1990; Yavas, 1992; Wertzner, 1995 e 2004, os processos 
fonológicos se classificam em: 
● Processos fonológicos de inserção: acréscimo de um fonema (som); 
● Processos fonológicos de supressão: perda de um fonema (som); 
● Processos fonológicos de alteração de segmentos: mudança de posição dos 
fonemas (sons) ou sua alteração. 
 
I) Processos fonológicos de inserção 
● Prótese: inserção no início da palavra 
i » aí 
● Epêntese: inserção no meio da palavra 
querês » quereis 
● Paragoge: inserção no fim da palavra 
Jesu » Jesus 
 
II) Processos fonológicos de supressão 
● Aférese: supressão no início da palavra 
avantagem » vantagem 
● Sincope: supressão no meio da palavra 
vinrá » virá 
● Apócope: supressão no fim da palavra 
mundanal » mundano 
 
 
III) Processos fonológicos de alteração de segmentos 
● Estrutura silábica: alteram a estrutura silábica da palavra, seguindo a 
tendência natural de redução das palavras à estrutura consoante-vogal. 
Exemplo: /planta/ = [pãta] 
● Substituição: ocorre a mudança de um som para outro, de outra classe, às 
vezes, atingindo toda uma classe de sons. 
Exemplo: /gata/ = [katu] 
 /caka/ = [faka] 
● Assimilação: ocorre a mudança dos sons, tornando-se similares àquele que 
vem antes ou depois dele. 
Exemplo: /makako/ = [kakaku] 
● Metátese: reordenação ou a transposição de elementos consonantais dentro 
de uma estrutura silábica ou entre estruturas. 
Exemplo: /caderneta/ = [carderneta] 
É relevante ressaltar ainda que os processos fonológicos podem ocorrer na 
realização da fala de certos grupos de falantes e não apenas na criança durante a 
aquisição da linguagem materna. 
 
No português, um exemplo de regra fonológica é a que descreve um 
fenômeno que ocorre com o fonema /t/ em vários dialetos. Esse 
fonema, representado na mente, manifesta-se na fala, 
concretamente, pelos sons ou fones [t] e [tʃ]. Assim, uma palavra 
como tia é pronunciada com o fone [tʃ]: [tʃia] (“tchia”). Já palavras 
como tua, teto, telha, tora, toldo, tato, trava e atlas são pronunciadas 
como o fone [t] e não com o fone [tʃ]. A regra fonológica que descreve 
essa variação na pronúncia do fonema /t/ é a seguinte: o fonema /t/ 
torna-se [tʃ] diante do som vocálico [i], seja na sua forma oral (por 
exemplo, na palavra tiro [tʃiro]), seja na sua forma nasal (por exemplo, 
na palavra tinta [tʃĩta]. Por outro lado, o fonema /t/ se manifesta como 
o fone [t] nos demais ambientes, ou seja, diante das demais vogais e 
das consoantes “r” e “l” em encontro consonantal, o que ocorre nas 
citadas palavras: tua, teto, telha, tora, toldo, tato, trava e atlas. 
(MARTINS, online, 2011) 
 
Os processos fonológicos são construídos ao longo da vida da criança, os 
anos iniciais da vida escolar são fundamentais para que ela seja estimulada 
corretamente e por etapas apropriadas segundo sua idade, pois o “domínio do 
sistema fonológico da língua-alvo é atingido espontaneamente em uma sequência 
comum à maior parte das crianças” (GIACHINI et al., 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 TRANSCRIÇÕES FONÉTICAS E FONOLÓGICAS 
 
 
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A transcrição fonética é a representação dos sons da fala através de 
símbolos fonéticos, logo, são diferentes de acordo com cada região, estado e de 
pessoa para pessoa, uma vez que representa os diferentes sotaques. 
 Os símbolos fonéticos estão definidos no Alfabeto Fonético 
Internacional (IPA - The International Phonetic Alphabet). O uso do til indica a 
nasalização da vogal e o uso do apóstrofo antes de uma sílaba indica a sua 
tonicidade. Para realizar uma transcrição fonética usamos: 
● Barras / /: usa-se duas inclinadas e em seu interior coloca-se o sinal 
fonético. Exemplo: / z / simboliza o som de s de casa. 
● Colchetes [ ]: colocamos a palavra entre dois deles para representar a sua 
pronúncia. Exemplo: [‘ka.za] representa a pronúncia correta da palavra casa.Logo abaixo veremos como MOURA (2018) traz o alfabeto fonético 
internacional dividido em: vogais (orais e nasais), semivogais e consoantes. 
Depois, o autor ainda nos mostra como essa divisão se dá quanto ao modo 
de articulação, ao ponto de articulação, além do papel das cordas vocais e o 
papel das cavidades bucal e nasal. 
Vogais: 
Tabela 1: Vogais Orais 
 
Tabela 2: Vogais Nasais 
Sobre a nasalidade das vogais isoladas, nota-se o seguinte: 
● as vogais a e e tendem a se nasalizar quando antecedem os fonemas / m / 
– / n / – / ɲ /, como em cama: [‘cã.ma] 
● com a vogal o, o fenômeno ocorre quando seguida da vogal e, como 
em põe. 
● Já com o i e u, a percepção da nasalidade ocorre, mas é ínfima. 
 
Tabela 3: Semivogais 
 
 
 
 
Tabela 4: Consoantes 
Possuímos 21 letras consoantes que representam 17 fonemas. Observe o 
quadro e, abaixo, leia as observações. 
 
● (1) c e ç inexistem no Alfabeto Internacional e, conforme assinalado no 
quadro, podem ter o som dos fonemas k e s. 
● (2) j também é empregado para representar a semivogal i. 
● (3) k também é empregado para representar o dígrafo qu. 
● (4) q inexiste no Alfabeto Internacional e, conforme assinalado no quadro, 
tem o som do fonema k. 
● (5) w também é empregado para representar a semivogal u. 
● (6) y inexiste no Alfabeto Internacional. É empregado com o som da vogal i. 
 
Quanto ao Modo de Articulação 
⮚ Oclusivas 
Quando a corrente expiratória encontra um obstáculo total que chamamos de 
oclusão, ela impede a saída do ar, fazendo-o explodir de modo abrupto. Podemos 
perceber isto nos fonemas: / p / – / t / – / k / – / b / – / d / – / g /. 
⮚ Constritivas 
Com elas, ocorre um estreitamento do canal bucal. A corrente de ar sai apertada ou 
constrita, se impactam com um obstáculo parcial. As constritivas podem ser: 
⮚ Fricativas 
A corrente expiratória passa por uma estreita fenda e produz um ruído similar ao de 
uma fricção. São exemplos: / f / – / s / – / x / – / n / – / z / – / J /. 
⮚ Laterais 
Quando a ponta ou dorso da língua se apoia no palato, também conhecido como 
céu da boca. A corrente de ar sai pelas laterais da boca. Exemplos: / l / – / ʎ /. O 
som de / ʎ / é o d dígrafo lh, como em calha. 
⮚ Vibrantes 
Elas ocorrem quando a ponta da língua mantém com os alvéolos um contato 
intermitente, o que acarreta um movimento vibratório com rapidez, abrindo e 
fechando a passagem com a corrente expiratória. / r / – / R /. 
 
Quanto ao Ponto de Articulação 
⮚ Alveolares 
Quando ocorre o contato da ponta da língua com os alvéolos dos dentes 
superiores: s – c – ç – z – r – R – l – n 
⮚ Bilabiais 
Quando temos o contato dos lábios inferior e superior: / p / – / b / – / m /. 
⮚ Labiodentais 
Quando há o contato da ponta da língua com a arcada dentária superior: /f/ – /v/. 
⮚ Palatais 
Quando ocorre o contato do dorso da língua com o palato duro, ou céu da boca: / 
x / – / ʃ / – / g / – / j /- / ʎ / – / ɲ /. 
⮚ Velares 
Quando temos o contato da parte posterior da língua com o palato mole, ou véu 
palatino: / c / – / q / – / k / – / g /. 
Quanto ao Papel das Cordas Vocais 
⮚ Surdas: elas são produzidas sem vibração as cordas vocais. / p / – / t / – / 
k / – / f / – / s / – / x /. 
⮚ Sonoras: quando são produzidas por vibração das cordas vocais. / b / – / d 
/ – / g / – / v / – / z / – / j / – / l /- / ʎ / – / r / – / R / – / m / – / n / – / ɲ /. 
Quanto ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal 
⮚ Nasais: quando a corrente expiratória se desenvolve pela boca e pelo nariz, 
em virtude do abaixamento do véu palatino. / m / – / n / – / ɲ / 
⮚ Orais: quando a corrente expiratória sai exclusivamente pela boca. Todas as 
demais consoantes, excetuando as acima, são exemplos 
 
Quadro 1: fonemas consonantais da Língua Portuguesa 
 
Fonte: Steinberg, 2006, p. 17 
Veja agora um trecho de uma transcrição feita no Blog Língua em Ação 
(BLA) com uma senhora que respondia perguntas sobre sua vida. 
 BLA: Que dificuldades a senhora enfrentou antes de casar e sair da sua 
cidade? 
R: Eu tinha dificuldade que eu não estudei né, porque eu morava no interior, não 
estudei nada, não tinha onde estudar, não tinha escola onde eu morava, não estudei 
nadinha, estudei só com a minha mãe o que ela sabia, o pouquinho que ela soube 
ela me ensinou, foi. 
(LÍNGUA EM AÇÃO, online, 2013) 
Relembrando: 
⮚ Barras / /: usa-se duas inclinadas e em seu interior coloca-se o sinal 
fonético. 
⮚ Colchetes [ ]: colocamos a palavra entre dois deles para representar a 
sua pronúncia. 
 
 
É possível notar como o alfabeto fonético internacional foi utilizado para 
transcrever a resposta da senhora entrevistada. A transcrição é parte da Linguística 
e por meio dela podemos identificar como os falares se diferem de pessoa para 
pessoa e de região para região. 
 
4 SISTEMA ORTOGRÁFICO VIGENTE 
 
 
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O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa vigente foi assinado em Lisboa em 
16 de Dezembro de 1990 por alguns países de Língua Portuguesa, sendo eles: 
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné -Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e 
Príncipe. 
[...] o documento preparado, em 1990, pela Academia das Ciências 
de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e as demais delegações. O 
novo acordo de 1990 previa sua entrada em 1994, se todos os 
membros o assinassem, mas apenas Brasil, Portugal e Cabo verde 
ratificaram o documento e sua entrada em vigor ficou pendente. 
Desde 1990 foram assinados vários protocolos para modificação do 
texto e para todas as assinaturas dos países que falam o português. 
Mas foi em 2008, depois de 17 anos que foi estabelecida o decreto 
nº 6583/08, publicada em 29 de setembro de 2008, que promulgou o 
Acordo Ortográfico no Brasil. A mais Nova Reforma Ortográfica 
entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009, pondo em prática as regras 
do decreto para todos os países falantes da Língua Portuguesa. 
(TEYSSIER, 2007, p.10) 
 
A Academia Brasileira de Letras disponibiliza em PDF o documento do 
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, por ser um documento de 31 
páginas, optei por disponibilizá-lo na íntegra, em PDF, para vocês, alunos. 
 
 
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 
acesse: 
https://www.academia.org.br/sites/default/files/conteudo/o_acordo_ortogr_fico
_da_lngua_portuguesa_anexoi_e_ii.pdf 
 
 
É importante lembrar que ao longo dos anos vários decretos foram 
estabelecidos até que se chegasse ao acordo final. 
Para conferir todas as mudanças estabelecidas no acordo de 1990 e as 
considerações que foram finalizadas em 2008 acesse os decretos abaixo: 
 
● Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008 (clique para acessar) 
● Decreto nº 6.584, de 29 de setembro de 2008 (clique para acessar) 
● Decreto nº 6.585, de 29 de setembro de 2008 (clique para acessar) 
 
 
É importante lembrar da fala da Professora Dra. Enilde Faulstich, e doutora em 
Filologia e Língua Portuguesa, (2008) que “O Acordo é uma simplificação, aliviando 
as palavras de acentos e consoantes que não se leem. Não mexe com a língua 
falada, porque a ortografia é apenas um código, sobre o qual os governos podem 
legislar”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
Ortoepia e prosódia 
 
Já ouviu falar em Ortoepia e prosódia? Ambos estão relacionados à gramática 
normativa e são importantes para não cometermos equívocos, principalmente no 
momento da escrita ou da fala. Vejamos a diferença entre ambos: 
● A ortoepia traz a correta pronúncia das palavras, aqui é importante evidenciar 
que estamos nos referindo à emissão de vogais, à articulação das 
consoantes e ao timbre. Exemplo: 
Bandeja (correto) Bandeija (incorreto) 
Mendigo (correto) Mendingo (incorreto) 
Beneficência (correto) Beneficiência (incorreto) 
 
● A prosódia, portanto, traz a correta pronúncia das palavras mo que diz 
respeito à posição da sílaba tônica. Exemplo: 
Gratuito(correto) Gratuíto (incorreto) 
Rubrica (correto) Rúbrica (incorreto) 
Recorde (correto) Récorde (incorreto) 
 
Portanto, é correto dizer que a ortoepia e a prosódia tratam da pronúncia 
correta das palavras segundo a gramática normativa. 
Fonte: a autora. 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
“A Linguística não é uma ciência previsível, e eu prefiro deixar o futuro acontecer 
em seu devido tempo”. 
 
Willian Labov. 
 
#REFLITA# 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vimos os conceitos de Fonologia e 
Fonética bem como os elementos que são estudados por elas. 
Vimos ainda sobre os Processos fonológicos, que são aqueles ensinados 
desde os primeiros anos de vida da criança e ao longo da vida adulta vai se 
aperfeiçoando, no entanto, é válido lembrar que os processos podem sofrer 
alterações de acordo com o contexto comunicativo dos grupos e comunidades em 
que o falante está inserido. 
No item 3 da nossa unidade conhecemos o alfabeto internacional de 
transcrições fonética e fonológicas explicando suas classificações e conhecemos 
um exemplo da transcrição da fala de uma senhora em uma entrevista. 
Finalizamos nossa unidade com o Sistema ortográfico vigente e como tudo 
ocorreu até que chegássemos nos dias atuais, lembrando do acordo de 1990 e 
depois as modificações que ocorreram por 17 anos até que em 2008 tivemos alguns 
decretos importantes sobre o atual acordo ortográfico dos países de língua 
portuguesa. 
Esperamos que essa apostila tenha trazido até você mais conhecimentos 
sobre a linguística e conceitos importantes para nós, estudantes eternos da língua 
portuguesa e da funcionalidade real da língua na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Separei para esse espaço uma entrevista com William Labov, o precursor 
da Sociolinguística, feita pela Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL, 
para conhecermos um pouco mais sobre esse ramo da linguística que estuda a 
relação entre a língua e a sociedade. 
 
ENTREVISTA COM WILLIAM LABOV 
 
 ReVEL – O senhor teve uma enorme importância nos desenvolvimentos da 
Sociolinguística nos Estados Unidos. E pode ser considerado o fundador da 
Sociolinguística Variacionista. O senhor poderia nos contar um pouco sobre a sua 
história no campo da Sociolinguística? 
Labov – Quando eu comecei na Linguística, eu tinha em mente uma nmudança 
para um campo mais científico, baseado na maneira como as pessoas usavam a 
linguagem na vida cotidiana. Quando eu comecei a entrevistar pessoas e gravar 
suas falas, descobri que a fala cotidiana envolvia muita variação linguística, algo 
com que a teoria padrão não estava preparada para lidar. As ferramentas para 
estudar a variação e a mudança sincrônica surgiram dessa situação. Mais tarde, o 
estudo da variação linguística forneceu respostas claras para muitos dos 
problemas que não eram resolvidos por uma visão discreta da estrutura linguística. 
 
ReVEL – Qual é o objeto de estudo da Sociolinguística? 
Labov – É a língua, o instrumento que as pessoas usam para se comunicar com os 
outros na vida cotidiana. Esse é o objeto que é o alvo do trabalho em variação 
linguística. Existem outros ramos da Sociolinguística que estão preocupados 
primordialmente com questões sociais: o planejamento linguístico, a escolha 
da ortografia oficial e outros que se preocupam com as consequências das ações 
de fala. Todas essas são importantes áreas de estudo, mas eu sempre tentei 
abordar as grandes questões da Linguística, como determinar a estrutura da 
linguagem – suas formas e organização subjacentes – e conhecer o mecanismo e 
as causas da mudança linguística. Os estudos da linguagem usada no dia a dia 
provaram ser bastante úteis para alcançar esses objetivos. 
 
ReVEL – Em se tratando de variação fonológica, o senhor vê algum conflito ou 
complementaridade entre a Teoria da Variação e teorias de base gerativista, como, 
por exemplo, a Fonologia Lexical ou a Teoria da Otimidade (OT)? 
Labov – Recentemente frequentei um workshop sobre variação linguística 
ministrado por fonólogos que estão interessados exatamente nesta questão. O 
trabalho que comecei em 1967 sobre a análise das restrições internas no 
apagamento do –t,d em inglês ainda é um tópico central para os fonólogos que 
estão tentando incorporar a variação linguística a seus modelos formais. A 
Gramática Harmônica, a OT Estocástica, a Stratal OT são as opções que estão 
sendo consideradas. O criador da Fonologia Lexical, Paul Kiparsky, desenvolveu 
a Stratal OT como uma maneira de capturar os insights da Fonologia Lexical 
juntamente com a habilidade da Teoria da Otimidade em lidar com um 
ranqueamento variável de restrições. O tratamento de relações fundamentais 
descobertas no trabalho sociolinguístico é um problema central para esses 
desenvolvimentos formais. 
 
ReVEL – Qual é o futuro da Sociolinguística? Qual é o futuro da Sociolinguística 
Variacionista? 
Labov – A Linguística não é uma ciência previsível, e eu prefiro deixar o futuro 
acontecer em seu devido tempo. O que irá determinar o futuro serão os resultados 
dos estudos em variação linguística, se eles provarem ser uma rota positiva e 
cumulativa para responder nossas questões fundamentais sobre a natureza da 
linguagem e das pessoas que a utilizam. 
 
ReVEL – O senhor poderia sugerir algumas leituras essenciais na área da 
Sociolinguística? 
Labov – Entre os estudos mais antigos importantes, eu acredito que os trabalhos 
de Peter Trudgill em Norwich, Walt Wolfram em Detroit e meus próprios estudos em 
Nova Iorque (que acabaram de aparecer em uma segunda edição, bem como no 
livro Padrões sociolinguísticos) deveriam ser conhecidos. Alguns dos trabalhos 
mais importantes em variação linguística são feitos no Brasil, e as pesquisas de 
Anthony Naro, Marta Scherre, Sebastião Votre, Gregory Guy, Eugenia Duarte e 
Fernando Tarallo devem ser vistas. Muitos desses trabalhos têm relação com a 
pesquisa em variação em espanhol, nos estudos de Shana Poplack, Richard 
Cameron e Carmen Silva-Corvalán. Meu trabalho recente está reportado em dois 
volumes do Principles of Linguistic Change (1994, 2001). Por fim, qualquer um que 
deseja estar atualizado com pesquisas na área deve ler o 
periódico Language Variation and Change, onde são publicados os artigos mais 
importantes. 
Fonte: Originalmente publicado como LABOV, William. “Sociolinguística: uma 
entrevista com William Labov.. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – 
ReVEL, vol. 5, n. 9, agosto de 2007. Tradução de Gabriel de Ávila Othero. ISSN 
1678-8931 [www.revel.inf.br]. Agradecemos ao professor Gabriel Ávila Othero a 
licença para a reprodução da entrevista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
• Título: Fundamentos da Linguística Contemporânea 
• Autor: Edward Lopes 
• Editora: Cultrix 
• Sinopse: Nesta obra, Edward Lopes oferece um texto introdutório acerca da 
ciência do signo verbal. Dividido em seis partes, o livro começa com a definição do 
campo disciplinar e com o exame da contribuição capital de Ferdinand de Saussure, 
para em seguida, aprofundar-se no estudo da Fonética e da Fonologia, da 
Morfologia, das modalidades de Gramática e da Semântica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: Central do Brasil 
• Ano: 1998 
• Sinopse: Dora (Fernanda Montenegro) escreve cartas para analfabetos na Central 
do Brasil. Uma de suas clientes tenta reaproximar o filho Josué (Vinícius de Oliveira) 
do pai, mas morre ao sair da estação. Dora então ajuda a criança encontrar o pai 
desaparecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WEB 
“A tendência do mundo é a composição entre o que é impresso e o que é digitalizado 
e disponibilizado através dos serviços da Internet. A popularização dos iPads, 
celulares, e de todos os novos veículos de comunicação é inevitável, e a 
Academia, com o aplicativo, poderá prestar serviço a um número cadavez maior de 
usuários, especialmente os estudantes”, afirma o Presidente da ABL, Acadêmico 
Geraldo Holanda Cavalcanti. 
A Academia Brasileira de Letras acaba de lançar, com acesso gratuito, o 
aplicativo do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), que contém a 
ortografia oficial do Português, para tablets e celulares. O usuário poderá fazer a 
consulta utilizando a internet apenas uma única vez, quando baixar o aplicativo ou 
quando for necessária a atualização da base de dados. 
 Um dos recursos mais interessantes do aplicativo é o de autocompletar-se (o 
que facilita a digitação em telas pequenas). Outro é a regulagem do tamanho da 
fonte (para telas pequenas e pessoas com dificuldade na leitura). De acordo com 
os técnicos responsáveis pelo aplicativo, quando um consulente começar a digitar 
parte da palavra cuja grafia precisa consultar, uma listagem de possíveis resultados 
aparecerá na tela, e ele poderá encontrar a exibição do vocábulo antes mesmo de 
terminar a redação de tal termo. O aplicativo dispõe também de um ajuste que 
pode ampliar ou reduzir o tamanho da fonte, facilitando a leitura. 
• Link do site: 
O link http:/goo.gl/dRR7Kx (iOS) para download na App Store da Apple, ou no 
link http:/goo.gl/zU2nGU (Android), para download no Google Play. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São 
Paulo:Parábola Editorial, 2003; 
 
ARAÚJO, G. A. de (Org.). O acento em português – abordagens fonológicas. São 
Paulo: Parábola, 2007. 
 
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. 4 ed. São Paulo: 
Ática, 2008. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
Bibliografia Complementar 
 
BRAIT, Beth. Bakhtin conceitos: chaves. Contexto, 2013. Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
CARVALHO, G.P.S.; SANTOS, T.M. Aparelho fonador, 2018. Disponível em: 
https://www.gta.ufrj.br/grad/09_1/versao-final/impvocal/propdosinal.html. Acesso 
em 05 Ago 2020. 
 
CRISTÓFARO-SILVA, Thaïs ; YEHIA, Hani Camille . Sonoridade em Artes, Saúde 
e Tecnologia. CD-ROM, Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2012. Disponível 
para download em: http://fonologia.org. ISBN 978-85-7758-135-1. 
 
DIAS, Luzia Schalkoski e GODOY, Elena. Psicolinguística em foco: linguagem: 
aquisição e aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2014 Disponível em 
https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FERRARI, Lilian. Introdução à linguística cognitiva. São Paulo: Contexto 2011. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
FERREIRA NETTO, W. Introdução à fonologia da língua portuguesa. São Paulo: 
 
FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. 5 ed. 
Contexto, 2010. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
GIACCHINI, V.; MOTA, H. B.; MEZZOMO, C. L. Diferentes modelos de terapia 
fonoaudiológica nos casos de simplificação do onset complexo com alongamento 
compensatório. Rev. CEFAC, v. 13, n. 1, jan./fev. . 2011. 
 
GRUNWELL, P. Os desvios fonológicos evolutivos numa perspectiva lingüística. 
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MARTINS, Raquel Márcia Fontes. 2011 Disponível em: 
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/processo-
fonologico. Aceso em 07 Ago 2020. 
 
MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à 
Sociolinguística: o tratamento da variação. 4 ed. São Paulo: Contexto 2010. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
MOURA, Joel. Fonética do Português: Vogais e Consoantes. 2018. Disponível em: 
https://portuguesdominado.com/fonetica-do-portugues-vogais-e-consoantes/. 
Acesso em 09 Ago 2020. 
 
RESENDE, Viviane de Melo; Ramalho, Viviane. Análise de discurso crítica. 
Contexto, 2006. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
RIGONATTO, Mariana. "O que é Fonética?"; Brasil Escola, 2018. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-fonetica.htm. Acesso em 
09 de agosto de 2020. 
 
SEARA, I.; NUNES, V.G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Fonética e fonologia do 
português brasileiro: 2º período / Izabel Christine Seara, Vanessa Gonzaga 
Nunes, Cristiane Lazzarotto-Volcão – Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011. 
 
SILVEIRA, Jane Rita Caetano da; FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes. 
Pragmática cognitiva: a teoria da relevância. Porto Alegre. Edipucrs, 2015. 
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br 
 
SIMÕES, D. Considerações sobre a fala e a escrita. Fonologia em nova chave. 
São Paulo: Parábola, 2006. 
 
“Sociolinguística: uma entrevista com William Labov.. Revista Virtual de Estudos 
da Linguagem – ReVEL, vol. 5, n. 9, agosto de 2007 
 
TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. 1ª Edição, p10. Martins 
Editora. São Paulo, 2007. 
 
 
CONCLUSÃO GERAL 
Prezado(a) aluno(a), 
Neste material, busquei trazer para você as definições de Linguística 
baseada no Gerativismo de Noam Chomsky. 
Na unidade I vimos as Noções de Gramática, morfologia e Sintaxe e como 
ela funciona na prática. Além disso, vimos também os Estudos Pré-Gerativistas 
da Sintaxe até chegar ao Surgimento da Linguística Gerativa, quem foi seu 
grande percussor e quais os legados que existem para o estudo do gerativismo. 
Na unidade II foram tecidas também considerações sobre a gramática 
gerativa e suas características. Vimos a linguística enquanto ciência cognitiva, 
seus principais representantes e como se pautaram os estudos baseados nos 
conceitos e concepções gerativistas. 
Na unidade III conhecemos as características da semântica, bem como 
os conceitos de formal e informal e observamos quais são as propriedades da 
morfologia e sintaxe para sabermos como o estudo da língua se dá. 
Conhecemos também questões de estilística e variações linguísticas, a definição 
de cada uma delas e como elas ocorrem de fato. 
Para encerrar, na unidade IV, vimos os conceitos de Fonologia e Fonética, 
além das características vimos quais são os elementos que são estudados por 
elas. Os processos fonológicos também foram abordados nessa unidade, bem 
como o alfabeto internacional de transcrições fonética e fonológicas explicando 
suas classificações e um exemplo da transcrição. 
Finalizamos nossa unidade com o Sistema ortográfico vigente e como 
tudo ocorreu até que chegássemos nos dias atuais. 
A linguística é uma ciência viva que estuda a língua em suas mais 
variadas vertentes, e mesmo que haja descobertas recentes e maneiras distintas 
de aplicá-la, fica evidente que não há uma norma fechada e uma verdade 
absoluta quando se trata do estudo de algo que é social. 
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em 
frente e aplicar a gramática de forma eficiente e real, que é o que podemos 
chamar de semantização da gramática na prática. 
 Até uma próxima oportunidade. Muito obrigada!

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