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UNIDADE 2 - Exercicio - 1 Tentativa - Fundamentos da Criminologia

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Questão 1
Respondida
Nos séculos XVII e XVIII surge uma vertente de pensamento criminológico denominada “fisionomista”. Essa corrente defendia que determinados aspectos físicos dos sujeitos delinquentes poderiam ser utilizados para, cientificamente, explicar (e prever) a criminalidade.
Os fisionomistas criaram a “cranioscopia”, teoria que sustentava que, pela medição da cabeça e pela análise da forma do crânio do sujeito, seria possível a determinação do caráter e da personalidade do indivíduo delinquente.
Essa teoria foi profundamente utilizada durante o século XIX, quando a Criminologia Positivista resgatou os aportes dos fisionomistas, momento em que esses conceitos ditos “científicos” foram responsáveis por legitimar inúmeras medidas racistas e discriminatórias, promovendo muitas injustiças.
 
Sobre a Escola Positivista e o “racismo criminológico”, julgue as afirmativas a seguir:
 
I – As vertentes positivistas do pensamento criminológico, que focam no estudo do delinquente para explicar o fenômeno criminal, surgem influenciadas pela teoria fisionomista e frenologista, através das quais se compreendia que características físicas, anatômicas e psíquicas do indivíduo delinquente poderiam estar relacionadas à prática de comportamentos criminais.
II – Para as vertentes de pensamento atreladas à Escola Positivista, o delinquente era compreendido como o principal objeto de estudo que possibilita a explicação da criminalidade, empregando metodologias científicas objetivas, próprias das ciências naturais, para legitimar medidas e interpretações criminais discriminatórias.
III – O Positivismo foi uma vertente do pensamento criminológico fruto da sociedade de sua época, que empregou métodos científicos seguros e adequados para a compreensão da criminalidade e identificou as causas e consequências do crime de acordo com a realidade do século XIX.
IV – O período positivista do pensamento criminológico foi, posteriormente, intitulado de “criminologia racista” pois suas teorias legitimavam a discriminação e o preconceito, especialmente, entra as diferentes raças, justificando falas e medidas racistas sob a proteção de um suposto cientificismo das ciências criminológicas.
Considerando as informações apresentadas, é correto o que se afirma em:
· II, III e IV apenas.
· I, II e IV apenas.
· I, III e IV apenas.
· I, II e III apenas.
· Todas as afirmativas estão corretas.
Questão 2
Respondida
O Positivismo é uma vertente de pensamento criminológico que refuta alguns dos postulados da Escola Clássica e atualiza outros, gerando todo um arcabouço doutrinário próprio para explicar a criminalidade.
A respeito dessa vertente criminológica, ensina Vera Regina Pereira de Andrade (2003, p. 252):
 
É chegado pois o dia, no século XIX, em que o “homem” (re)descoberto no criminoso, se tornou o alvo da intervenção penal, o objeto que ela pretende corrigir e transformar, o domínio de Ciências e práticas penitenciárias e criminológicas. Diferentemente da época das luzes em que o homem foi posto como objeção contra a barbárie dos suplícios, como limite do Direito e fronteira legítima do poder de punir, agora o homem é posto como objeto de um saber positivo. Não mais está em questão o que se deve deixar intacto para respeitá-lo, mas o que se deve atingir para modificá-lo.
 
Sobre a Escola Positivista do pensamento criminológico, julgue as afirmativas a seguir:
 
I – São princípios que surgem influenciados pela junção do Classicismo e do Positivismo e que, até a contemporaneidade, ainda surtem efeitos no direito brasileiro: princípio do bem e do mal, princípio da culpabilidade, princípio da legitimidade, princípio da igualdade, princípio do interesse social e princípio da finalidade/prevenção.
II – Na corrente Positivista do pensamento criminológico, o determinismo biológico e sociológico são duas vertentes importantes. A primeira é representada, principalmente, pela obra de Enrico Ferri e a segunda, por sua vez, se traduz nas obras de Cesare Beccaria.
III – A vertente Positivista do pensamento criminológico foi identificada, décadas depois, como um período em que vigorou uma "criminologia humanista", já que o Positivismo e sua tendência em compreender a criminalidade focando no estudo do delinquente e de suas características biológicas, psicológicas, fisiológicas e morais permite promover a justiça de forma mais adequada com as especificidades de cada caso em concreto.
Sobre o Positivismo criminológico, é correto o que se afirma em:
· I apenas.
· II e III apenas.
· I e II apenas.
· Todas as afirmativas estão corretas. 
· Todas as afirmativas estão incorretas.
Questão 3
Respondida
A evolução das penas perpassou por inúmeras modificações e interpretações ao longo dos séculos, de acordo com as características de cada sociedade e cultura. No âmbito criminológico, no entanto, ocupa lugar de destaque algumas vertentes de pensamento, tal como a Escola Clássica, Positiva e Crítica.
 
Considerando as características das vertentes de pensamento criminológico da Escola Clássica e Positiva, julgue as afirmativas a seguir dispostas:
 
I – A Escola Clássica define o crime como um ente jurídico, e o criminoso é compreendido como um ser humano comum, que possui livre-arbítrio para escolher realizar o bem, mas, mesmo assim, escolhe realizar o mal através da conduta delitiva, gerando o dever de punição.
II – A Escola Positiva define o crime como um ente ontológico, como um fato natural, compreendendo o indivíduo delinquente como alguém anormal, portador de alguma patologia que retira seu livre-arbítrio, fadando-a à delinquência.
III – A Escola Clássica põe em prática um “Direito Penal do Autor” enquanto a Escola Positivista, por sua vez, aplicou um “Direito Penal do Fato.
IV – Cesare Beccaria e Francesco Carrara identificavam-se como autores da vertente Clássica do pensamento criminológico, enquanto Cesare Lombroso e Enrico Ferri identificavam-se como expoentes da criminologia Positivista.
V – Tanto a Escola Clássica quanto a Escola Positiva empregam uma ideologia da defesa social, o que significa que suas correntes de pensamento se justificam em prol do interesse coletivo e do “bem comum” da sociedade.
De acordo com as afirmativas apresentadas, é correto o que se afirma em:
· II, III e V apenas.
· I, III e IV apenas. 
· I, II e V apenas.
· II, III e IV apenas.
· Todas as afirmativas estão incorretas.
Questão 4
Respondida
Grande parte da violência e da criminalidade que ocorre no Brasil se relaciona às ações das facções criminais, grupos organizados que surgiram, se desenvolveram e continuam se fortalecendo no interior do sistema prisional brasileiro.
Bruno Paes Manso, pesquisador da Universidade de São Paulo, ensina: “[...] as prisões se tornaram grandes centros de gestão de crimes. Quando se aprisiona em grande quantidade, muitas vezes se acaba contribuindo para a formação de redes, de contatos. Uma espécie de MBA na carreira criminal”.
Nesse sentido, Josmar Jozino, um dos primeiros jornalistas a anunciar a existência das facções criminais no Brasil, acrescenta a reflexão: “por que é que, de todas as facções criminais, nenhuma surgiu nas ruas? Eu não conheço nenhuma que surgiu nas ruas da periferia. Todas elas nasceram dentro das prisões. E o preso se encontra sob a tutela de quem? Do Estado”.
A análise dessas duas perspectivas denuncia grande responsabilidade das agências de controle social formal, isto é, aquelas que compõem o poder do Estado, por suas ações, omissões e suas políticas, que favorecem a organização da criminalidade ao manter vigente uma política criminal que promove o encarceramento massivo, que cria e fortalece as facções criminais brasileiras, um dos maiores problemas sociocriminal do país.
É sob a tutela do Estado que as facções criminais surgem e se desenvolvem, transformando-se em um grave problema de segurança pública e que afeta à toda a sociedade. A vertente de pensamento criminológico que considera a influência das agências de controle social formal e os impactos da atuação no Estado na constituição da criminalidadeé a
· Criminologia Positivista.
· Teoria das Subculturas Criminais.
· Ecologia Criminal.
· Teoria dos Contratos Diferenciais.
· Criminologia Crítica.
Questão 5
Respondida
As teorias sociológicas dizem respeito ao momento da ruptura do pensamento criminológico em que os investigadores deixam de estudar a criminalidade através apenas do delito e da figura do delinquente, passando a estudar, também, a vítima e, principalmente, a influência do ambiente e do controle social na explicação e correta compreensão do fenômeno criminal.
Sobre as teorias sociológicas estudadas nessa unidade, julgue as afirmativas a seguir:
 
I – Uma das principais vertentes da Escola de Chicago, a Criminologia Ecológica, adota o termo “zonas de delinquência” para se referir – e explicar – a distribuição do crime nos espaços geográficos.
II – A Criminologia Crítica compreende o crime como um fato social que é aprendido pelos indivíduos como quaisquer outras condutas e, por vezes, essa conduta desviante é normalizada no interior de determinados grupos sociais através de um reforço positivo simbólico.
III – A Teoria do Etiquetamento passa a identificar que a criminalidade não é um fenômeno ontológico ou uma tendência inerente a determinados sujeitos, mas sim, é resultado de uma criação normativa e funciona através de um processo de “etiquetamento” social.
De acordo com as informações expostas, é correto o que se afirma em
· I e II apenas.
· II e III apenas.
· I e III apenas.
· Todas as afirmativas estão corretas.
· Nenhuma das afirmativas está correta.
CORREÇÃO
Questão 1
Correta
Nos séculos XVII e XVIII surge uma vertente de pensamento criminológico denominada “fisionomista”. Essa corrente defendia que determinados aspectos físicos dos sujeitos delinquentes poderiam ser utilizados para, cientificamente, explicar (e prever) a criminalidade.
Os fisionomistas criaram a “cranioscopia”, teoria que sustentava que, pela medição da cabeça e pela análise da forma do crânio do sujeito, seria possível a determinação do caráter e da personalidade do indivíduo delinquente.
Essa teoria foi profundamente utilizada durante o século XIX, quando a Criminologia Positivista resgatou os aportes dos fisionomistas, momento em que esses conceitos ditos “científicos” foram responsáveis por legitimar inúmeras medidas racistas e discriminatórias, promovendo muitas injustiças.
 
Sobre a Escola Positivista e o “racismo criminológico”, julgue as afirmativas a seguir:
 
I – As vertentes positivistas do pensamento criminológico, que focam no estudo do delinquente para explicar o fenômeno criminal, surgem influenciadas pela teoria fisionomista e frenologista, através das quais se compreendia que características físicas, anatômicas e psíquicas do indivíduo delinquente poderiam estar relacionadas à prática de comportamentos criminais.
II – Para as vertentes de pensamento atreladas à Escola Positivista, o delinquente era compreendido como o principal objeto de estudo que possibilita a explicação da criminalidade, empregando metodologias científicas objetivas, próprias das ciências naturais, para legitimar medidas e interpretações criminais discriminatórias.
III – O Positivismo foi uma vertente do pensamento criminológico fruto da sociedade de sua época, que empregou métodos científicos seguros e adequados para a compreensão da criminalidade e identificou as causas e consequências do crime de acordo com a realidade do século XIX.
IV – O período positivista do pensamento criminológico foi, posteriormente, intitulado de “criminologia racista” pois suas teorias legitimavam a discriminação e o preconceito, especialmente, entra as diferentes raças, justificando falas e medidas racistas sob a proteção de um suposto cientificismo das ciências criminológicas.
Considerando as informações apresentadas, é correto o que se afirma em:
Sua resposta
Correta
I, II e IV apenas.
Comentário
A alternativa correta é a sequência prevista na letra B: I, II e IV são os únicos itens corretos. O item I é verdadeiro, pois de fato a vertente Positivista se inspira nas teorias fisionomista e frenologista. Pela primeira teoria, o Positivismo passa a interpretar as características físicas dos criminosos como fatores criminógenos. Pela segunda teoria, o foco encontra-se nas características anatômicas do sujeito delinquente, que apresentaria má-formação cerebral e desenvolvimento mental incompleto. O item II também é verdadeiro porque a criminologia positivista foca no estudo da figura do delinquente e emprega metodologias científicas e objetivas, entendendo que o conhecimento científico era o único conhecimento efetivamente verdadeiro. O item III, no entanto, está errado, pois apesar de ser a criminologia Positiva fruto de sua época e sociedade, essas teorias jamais foram adequadas para explicar a criminalidade ou, sequer, representaram a realidade do século XIX. Isso porque a criminalidade apenas era erroneamente interpretada por uma vertente racista àquela época, mas jamais tais definições criminológicas poderiam ser definidas como verdadeiras. Um negro brasileiro, por exemplo, não pode ser compreendido como “mais propenso” à criminalidade apenas em razão da cor de sua pele e pelo clima do país em que habita. Esse pensamento será descontruído posteriormente, com a Criminologia Crítica. O item IV, por sua vez, também é correto, já que a criminologia Positivista possibilitou – e legitimou através da ciência e da legislação – interpretações absolutamente racistas, que defendiam, por exemplo, que a pele escura e o clima tropical em países como o Brasil fadariam o Estado e sua sociedade à criminalidade e ao subdesenvolvimento.
Questão 2
Correta
O Positivismo é uma vertente de pensamento criminológico que refuta alguns dos postulados da Escola Clássica e atualiza outros, gerando todo um arcabouço doutrinário próprio para explicar a criminalidade.
A respeito dessa vertente criminológica, ensina Vera Regina Pereira de Andrade (2003, p. 252):
 
É chegado pois o dia, no século XIX, em que o “homem” (re)descoberto no criminoso, se tornou o alvo da intervenção penal, o objeto que ela pretende corrigir e transformar, o domínio de Ciências e práticas penitenciárias e criminológicas. Diferentemente da época das luzes em que o homem foi posto como objeção contra a barbárie dos suplícios, como limite do Direito e fronteira legítima do poder de punir, agora o homem é posto como objeto de um saber positivo. Não mais está em questão o que se deve deixar intacto para respeitá-lo, mas o que se deve atingir para modificá-lo.
 
Sobre a Escola Positivista do pensamento criminológico, julgue as afirmativas a seguir:
 
I – São princípios que surgem influenciados pela junção do Classicismo e do Positivismo e que, até a contemporaneidade, ainda surtem efeitos no direito brasileiro: princípio do bem e do mal, princípio da culpabilidade, princípio da legitimidade, princípio da igualdade, princípio do interesse social e princípio da finalidade/prevenção.
II – Na corrente Positivista do pensamento criminológico, o determinismo biológico e sociológico são duas vertentes importantes. A primeira é representada, principalmente, pela obra de Enrico Ferri e a segunda, por sua vez, se traduz nas obras de Cesare Beccaria.
III – A vertente Positivista do pensamento criminológico foi identificada, décadas depois, como um período em que vigorou uma "criminologia humanista", já que o Positivismo e sua tendência em compreender a criminalidade focando no estudo do delinquente e de suas características biológicas, psicológicas, fisiológicas e morais permite promover a justiça de forma mais adequada com as especificidades de cada caso em concreto.
Sobre o Positivismo criminológico, é correto o que se afirma em:
Sua resposta
Correta
I apenas.  
Comentário
A alternativa correta é a letra A: apenas o item I está correto. De fato, os seis princípios apontados correspondem à sintetização das principais contribuições da criminologia Clássica e Positiva ao Direito Penal brasileiro. O item II, por sua vez, é errado porque o determinismo biológico,assim compreendido pela interpretação positivista de que seriam patologias biológicas do delinquente que explicariam a criminalidade, é uma vertente cujo principal expoente é Cesare Lombroso, “pai da Criminologia”, sendo Enrico Ferri autor do mesmo período, porém, expoente da vertente do determinismo sociológico. Assim, também é errado dizer que Cesare Beccaria era expoente do determinismo sociológico, já que este último corresponde a autor da Escola Clássica, período anterior ao Positivismo. O item III é igualmente errado porque a criminologia Positivista e sua valorização dos aspectos pessoais do delinquente, na realidade, vai ser chamada décadas depois pela Criminologia Crítica como um período em que vigorou uma "criminologia racista", que legitimou, através da ciência e da lei, atrocidades e discriminações em diversas sociedades e por mais de um século. O período que ficou conhecido como "humanista" foi o período Clássico, e essa interpretação vem em razão dos esforços do classicismo em substituir as penas de suplícios, violentas e cruéis, por penas de caráter mais "brando", como é o caso do cárcere punitivo.
Questão 3
Correta
A evolução das penas perpassou por inúmeras modificações e interpretações ao longo dos séculos, de acordo com as características de cada sociedade e cultura. No âmbito criminológico, no entanto, ocupa lugar de destaque algumas vertentes de pensamento, tal como a Escola Clássica, Positiva e Crítica.
 
Considerando as características das vertentes de pensamento criminológico da Escola Clássica e Positiva, julgue as afirmativas a seguir dispostas:
 
I – A Escola Clássica define o crime como um ente jurídico, e o criminoso é compreendido como um ser humano comum, que possui livre-arbítrio para escolher realizar o bem, mas, mesmo assim, escolhe realizar o mal através da conduta delitiva, gerando o dever de punição.
II – A Escola Positiva define o crime como um ente ontológico, como um fato natural, compreendendo o indivíduo delinquente como alguém anormal, portador de alguma patologia que retira seu livre-arbítrio, fadando-a à delinquência.
III – A Escola Clássica põe em prática um “Direito Penal do Autor” enquanto a Escola Positivista, por sua vez, aplicou um “Direito Penal do Fato.
IV – Cesare Beccaria e Francesco Carrara identificavam-se como autores da vertente Clássica do pensamento criminológico, enquanto Cesare Lombroso e Enrico Ferri identificavam-se como expoentes da criminologia Positivista.
V – Tanto a Escola Clássica quanto a Escola Positiva empregam uma ideologia da defesa social, o que significa que suas correntes de pensamento se justificam em prol do interesse coletivo e do “bem comum” da sociedade.
De acordo com as afirmativas apresentadas, é correto o que se afirma em:
Sua resposta
Correta
I, II e V apenas.  
Comentário
A alternativa correta é a sequência apresentada na letra C: apenas o item I, II e V estão corretos. Os itens I e II são corretos e dispõem, justamente, das interpretações corretas sobre o crime e o criminoso de acordo com a vertente Clássica e Positivista do pensamento criminológico. O item III, no entanto, está errado porque a afirmação troca as vertentes criminológicas de suas respectivas práticas jurídico-penais. Assim, o correto é dizer que a Escola Clássica pratica um “Direito Penal do Fato”, já que o Classicismo foca no estudo do delito para explicar a criminalidade. Da mesma forma, a Escola Positivista aplica um “Direito Penal do Autor” justamente porque coloca o foco sobre a figura do delinquente e suas supostas “patologias” para explicar a criminalidade. O item IV também é errado porque, apesar de estarem corretos os nomes dos autores e as respectivas vertentes de pensamento criminológico às quais eles pertencem, não é correto dizer que Beccaria e Carrara, dois autores Clássicos, assim se identificavam, já que suas obras só passam a ser referenciadas como pertencentes à Escola Clássica no século XIX, quando os autores Positivistas assim se referem aos autores do século XVIII com o fim de refutar seus postulados. O item V, por sua vez, também é correto, e a ideologia da defesa social é o pilar comum de motivação e fundamentação das vertentes criminológicas Clássica e Positiva.
Questão 4
Correta
Grande parte da violência e da criminalidade que ocorre no Brasil se relaciona às ações das facções criminais, grupos organizados que surgiram, se desenvolveram e continuam se fortalecendo no interior do sistema prisional brasileiro.
Bruno Paes Manso, pesquisador da Universidade de São Paulo, ensina: “[...] as prisões se tornaram grandes centros de gestão de crimes. Quando se aprisiona em grande quantidade, muitas vezes se acaba contribuindo para a formação de redes, de contatos. Uma espécie de MBA na carreira criminal”.
Nesse sentido, Josmar Jozino, um dos primeiros jornalistas a anunciar a existência das facções criminais no Brasil, acrescenta a reflexão: “por que é que, de todas as facções criminais, nenhuma surgiu nas ruas? Eu não conheço nenhuma que surgiu nas ruas da periferia. Todas elas nasceram dentro das prisões. E o preso se encontra sob a tutela de quem? Do Estado”.
A análise dessas duas perspectivas denuncia grande responsabilidade das agências de controle social formal, isto é, aquelas que compõem o poder do Estado, por suas ações, omissões e suas políticas, que favorecem a organização da criminalidade ao manter vigente uma política criminal que promove o encarceramento massivo, que cria e fortalece as facções criminais brasileiras, um dos maiores problemas sociocriminal do país.
É sob a tutela do Estado que as facções criminais surgem e se desenvolvem, transformando-se em um grave problema de segurança pública e que afeta à toda a sociedade. A vertente de pensamento criminológico que considera a influência das agências de controle social formal e os impactos da atuação no Estado na constituição da criminalidade é a
Sua resposta
Correta
Criminologia Crítica.
Comentário
A alternativa que dispõe da resposta correta é a de letra E. A Criminologia Crítica, que surge na segunda metade do século XX, é a vertente que efetiva a ruptura epistemológica do pensamento criminológico, afastando definitivamente a compreensão do delito a partir de uma perspectiva ontológica e interpretando a criminalidade por uma perspectiva macrossociológica, como um fato social complexo, que deve ser estudado considerando tanto o delito, quanto o delinquente e o controle social informal mas, principalmente, colocando especial enfoque na influência do controle social formal do Estado e atentando para a figura da vítima. Nessa perspectiva, a criminalidade é compreendida como uma criação da lei que reflete os interesses dos grupos por trás do poder de “escrever a lei”. Assim, a aplicação do ius puniendi estatal através da privação de liberdade junto ao sistema penitenciário brasileiro, que é reconhecidamente inconstitucional e desumano e que, como visto, foi responsável por ocasionar um problema socio-criminal muito mais grave com o surgimento das facções criminais e com a organização do crime, é fator chave para aproximar-se de uma explicação mais completa sobre a criminalidade de acordo com a Criminologia Crítica. Se o Estado é responsável por criar e aplicar a lei, e continua permitindo que a principal forma de execução de pena no Brasil se dê através da privação de liberdade num sistema carcerário tão sabidamente falido e mais sistemática e massiva violação de direitos fundamentais, propiciando a organização da criminalidade, é mais que evidente que esse mesmo Estado também é responsável, portanto, por criar e manter funcionando partes fundamentais da criminalidade no país. Resta saber, no entanto, qual a motivação.
Questão 5
Correta
As teorias sociológicas dizem respeito ao momento da ruptura do pensamento criminológico em que os investigadores deixam de estudar a criminalidade através apenas do delito e da figura do delinquente, passando a estudar, também, a vítima e, principalmente, a influência do ambiente e do controle social na explicação e corretacompreensão do fenômeno criminal.
Sobre as teorias sociológicas estudadas nessa unidade, julgue as afirmativas a seguir:
 
I – Uma das principais vertentes da Escola de Chicago, a Criminologia Ecológica, adota o termo “zonas de delinquência” para se referir – e explicar – a distribuição do crime nos espaços geográficos.
II – A Criminologia Crítica compreende o crime como um fato social que é aprendido pelos indivíduos como quaisquer outras condutas e, por vezes, essa conduta desviante é normalizada no interior de determinados grupos sociais através de um reforço positivo simbólico.
III – A Teoria do Etiquetamento passa a identificar que a criminalidade não é um fenômeno ontológico ou uma tendência inerente a determinados sujeitos, mas sim, é resultado de uma criação normativa e funciona através de um processo de “etiquetamento” social.
De acordo com as informações expostas, é correto o que se afirma em
Sua resposta
Correta
I e III apenas.  
Comentário
A alternativa correta é a prevista na letra C: os itens I e III estão corretas. A afirmativa do item I é verdadeira, e a Ecologia Criminal, de fato, é uma das principais vertentes criminológicas da Escola de Chicago, sendo a teoria das “zonas concêntricas” da criminalidade uma das formas de explicar a criminalidade urbana. Essa teoria considera o crime como fato social, determinado por influência do controle social informal, que compreende a cidade como um organismo vivo e cuja dinâmica criminal se organiza, de forma sintetizada, em cinco zonas concêntricas, sendo a Zona I o centro da cidade, a Zona II a zona de transição com o maior índice de criminalidade e o menor IDH, e a zona V a zona com maior IDH e menor índice criminal. A afirmativa do item II é errada, porque as definições previstas na frase dizem respeito às teorias de Edwin Sutherland, quais sejam, a Teoria dos Contratos Diferenciais e Teoria das Subculturas Criminais. Apesar de adotar a Criminologia Crítica tais contribuições da Escola de Chicago, a compreensão da criminalidade a partir dessa teoria vai mais além da definição exposta. A Criminologia Crítica interpreta o crime considerando a influência, principalmente, das agências de controle social formal e interpretando os fatos por uma perspectiva de conflito, desde o ponto de vista do mais fraco e visando eliminar a desigualdade. O item III, por sua vez, é verdadeiro porque a Teoria do Etiquetamento, de fato, passa a compreender o crime como uma construção da lei, e o delinquente é aquele que recebe o estigma de “criminoso” da sociedade, por enquadrar-se nas condutas – ou nas características – que a sociedade – e os grupos no poder – reprovam.

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