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PRINC1PIOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM INTRODUÇÃO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO MARIA HELENA NOVAES Tendo em vista o interêsse sempre vivo e atual do estudo da Linguagem, em suas múltiplas facêtas, pareceu-nos oportuno apresentar um levantamento dos princípios psicológicos básicos ligados a êste pro- cesso. Esta sondagem, feita através de uma exaus- tiva pesquisa bibliográfica, visa ajudar os estudiosos do assunto, tanto psicólogos, como professôres, peda- gogos, orientadores educacionais e profissionais, con- tinuamente chamados a resolver problemas de Lin- guagem, oferecendo maiores conhecimentos desta matéria. Por outro lado, é por todos reconhecido o importante papel que desempenha a Linguagem no processo da comunicação do indivíduo com a socie- dade, no processo educativo, bem como no da forma- ,ção da personalidade do indivíduo. Assim, seleciona- mos os aspectos que nos pareceram mais significati- vos, numa tentativa de sistematização de dados, pro- curando conseguir certa unidade na exposição dos mesmos. I PARTE Linguagem é instrumento de pensamento, de expres- são emocional e afetiva mas, sobretudo, de interco- municação social. A linguagem é o conjunto de sinais intencionalmente (~pressivos usados para a intercomunicação pessoal. Através da linguagem é feita a comunicação de inte- rêsses, crenças, conhecimentos, aspirações e ideais comuns aos indivíduos e às gerações que se sucedem. 30 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTJ!:CNICA A linguagem é um instrumento valioso de adaptação social, uma vez que possibilita a comunicação do indi- víduo com o meio ambiente. Linguagem e Comunicação estão intimamente liga- das e constituem um processo único que envolve a manifestação dos aspectos mais complexos e diver- sos da personalidade humana. A comunicRlção do indivíduo com os demais indiví- duos é feita por intermédio dos sinais e símbolos utilizados pela linguagem. A linguagem é uma afirmação do "eu" em relação aos "outros". A importância do diálogo e da comu- nicação do ser humano com o mundo ambiental é focalizada nos trabalhos de Spitz, Burlingham e Freud sôbre o problema das dificuldades de inter- -relação das crianças vítimas de carência afetiva. Constataram que estas crianças, embora tivessem os recursos e dispositivos do mecanismo da lingua- gem, não contavam com o sistema relacional entre as atividades mímicas e fônicas e a confirmação de um interlocutor real. No processo da comunicação a linguagem oral e a linguagem mímica desempenham papel de relevante importância. P. Janet afirma: "o homem é um ani- mal tagarela que fala seus atos e age suas palavras". Na linguagem os gestos e as palavras, com as suas características próprias, são os esquemas organiza- dores e os agentes rítmicos que dão movimento e vida aos objetos, atos e sons. A linguagem possibilita a formação de uma consciên- cia social. A função social da linguagem consiste em assegurar uma adaptação comum de todos os membros da cole- tividade à realidade exterior e à vida social. Ao ensinar à criança o nome dos objetos a sociedade também transmite o significado social dos mesmos e o seu uso comum, o que é importantíssimo para o processo da comunicação e do mútuo entendimento. PRINClPIOS PSICOLóGiCOS BÁSICOS bA LINGUAGEM 31 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO A linguagem permite ao indivíduo atualizar os seus conceitos, formular juízos estáveis e idéias comuns que facilitarão a sua comunicação com o meio am- biente. o que separa os homens que falam idiomas diferen- tes, ou ainda, o mesmo idioma, não é a linguagem, no seu sentido estrito, mas sim as diferenças de idéias, de desenvolvimento intelectual, de costumes, de cultura, de experiências, de valôres e de educação. o indivíduo está em contínua relação verbal com a sociedade e com os demais indivíduos. Através da evolução do processo linguagem-comuni- cação observa-se a organização verbal da emoção. À medida que a criança aprende a expressar-se e enriquece, através da linguagem verbal, os seus re- cursos de comunicação, as reações emocionais perdem a fôrça de coerção imediata e brutal que exercia sôbre o Eu, cedendo lugar à reflexão, fator decisivo em tôda a criação verbal e comunicação. A emoção apreendida e representa,da pela palavra sofre através da evolução da linguagem uma meta- morfose. A atividade subj8tiva - diz G. Humboldt - forma no pensamento um objeto. A representação mental resulta da união do ato de contemplação do objeto persistente e da atividade dos sentidos. Já na palavra o esfôrço intelectual abre caminho através dos lábios e o efeito produzido (som) volta ao ouvido do indivíduo. Assim, a representação chega à verda- deira objetividade, sem por isto perder a sua subje- tividade, facilitando muito a comunicação com o meio exterior. A linguagem desempenha papel de relevante impor- tância na transformação do espaço da ação em espa- ço de perspectiva e do campo de ação em campo de conhecimento. Segundo Dewey, a palavra, como símbolo socializado, pode vir a S8r uma barreira, um rótulo e um veículo no processo de comunicação do indivíduo com a so- ciedade. 32 LINGUAGEM E PENSAMENTO ÁRQUIVÓS BRASlLEIRÓS DE PSICOTltCNICÀ A linguagem acompanha a evolução do pensamento infantil desde a fase do sincretismo até o pensamen· to formal e abstrato do adulto. A palavra, como símbolo socializado, precisa e isola um significado, envolvendo organização de pensamen- to e direção dos processos mentais para um fim ou propósito determinado. Para que as palavras sirvam à elaboração do pensa- mento, para que possam operar como estímulos men- tais e emocionais devem ter carga ideativae con- teúdo afetivo, isto é, que signifiquem e sugiram algu- ma coisa. Na sua origem o pensamento prende-se à ação e aos objetos concretos, assim como a linguagem. A linguagem contribui para o enriquecimento do pensamento estando incorporada ao próprio proces- so evolutivo do indivíduo. Janet afirma: pensamento é ação e nunca foi uma metamorfose da ação. Para Binet o pensamento e a linguagem estão inti- mamente ligados, sendo que o pensamento possui uma base motora e já é esbôço de ação. Piaget interpreta o desenvolvimento dos mecanismos operacionais do pensamento da criança baseando-se no esquema da ação sensório-motora, ou seja, o es- quema da assimilação. A imitação pré-verbal da criança pode ser consi- derada como uma das manifestações de sua inteli- gência sensório-motora, desde a passagem das con- dutas sensório-motoras até as formas elementares do pensamento representativo. As ima2'ens mentais, bem oomo as imagens verbais ou sonoras. são imitações interiorizadas realizadas pelas atividades perceptivo-motoras. A linguagem contribui muito para a estruturação final das operações lógico-concretas do pensamento infantil. PRINClPIOS PSICOLóGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM 33 LINGUAGEM E PENSAMENTO Os mecanismos cognitivos traduzem-se em forma de expressões verbais e é a linguagem que os modifica, enriquece e socializa. A linguagem tem papel de destaque na formação das idéias e na atividade intelectual. O processo da linguagem é o instrumento mais im- portante e precioso para a conquista, a construção e a representação de um verdadeiro mundo de objetos. H. Von .Kleist afirma: a linguagem não se limita a comunicar pensamentos preexistentes mas é um me- diador indispensável na formação do próprio pensa- mento. A linguagem não é, portanto, mera transpo- sição do pensamento para a sua forma verbal mas, coopera essencialmente no ato primitivo que o esta- beleceu. Assim, a linguagem é um estímulo, uma causa motriz de primordial importância. Podemos dizer mesmo que a idéia vem falando e a dinâmica do pensamento corre paralelamente à dinâmica do discurso, havendo entre os dois processos um cons- tante intercâmbio de fôrças. Tôda pergunta necessita de uma resposta. Na per- gunta está sempre implícita uma curiosidade obje- tivadirigida para a posse de um objeto, bem como para a aquisição de um conhecimento, "o que é", "por que" definem na realidade todo o círculo do co- nhecimento. A criança que pergunta possui um ins- trumento nôvo para interferir pessoalmente no mun- do e para construir o seu próprio mundo. Todo o ser parece animado à criança porque está ao seu alcan- ce através da linguagem e responde às suas pergun- tas. O comércio que estabelece pela linguagm com o mundo vincula-se com o mundo das pessoas, bem como, com o dos objetos. A criança não fala com as coisas porque as considera animadas mas, pelo con- trário, as considera animadas porque fala com elas, esperando respostas que lhe darão a oportunidade de estabelecer uma verdadeira relação mútua entre as coisas e o Eu. o vocabulário é um jôgo de idéias verbais e de cate- gorias gramaticais, ou seja, de relações lógicas entre idéias. 34 LINGUAGEM E PENSAMENTO LINGUAGEM E PERCEPÇÃO ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSlCOT~CNICA Saussure declara: o jôgo de sinais convencionais, tais como os elementos significativos de uma língua, sua~ palavras, seus procedimentos gramaticais, só podem ter valor pelo fato de se determinarem reciproca- mente uns aos outros, servindo de veículo ao pensa- mento humano. o pensamento está diretamente ligado à linguagem e o ponto de partida dos estudos da psicologia do pen- samento é a aderência do pensamento à palavra. A unidade da palavra serve de ponto de cristalização para a multiplicidade das reprtsentações mentais, facilitando o intercâmbio de pensamentos. A percepção é um processo ativo integrado à própria ação. Em tôda a percepção há um sentido ativo, não se limitando a fotografar a realidade, nem a regis- trar passivamente esta mesma realidade que o indi- víduo atinge através dos receptores sensoriais. Perceber consiste essencialmente em identificar. Par- timos de um certo número de índices recolhidos pelos sentidos para obter um significado. É o que Brunner chama de categorização. A percepção é uma forma de adaptação à realidade ambiental e consiste num processo de aprendizagem longo. É realizada mais para nos orientar no mundo do que para nos oferecer uma visão do mundo. A percepção produz-se em dois níveis diferentes: 1) nível da identificação espácio-temporal, ou seja a identifica~ão estrutural do objeto percebido. Esta operação é comum ao homem e ao animal, uma vez que êste é capaz de reagir a um quadrado ou a um triângulo, o que constitui uma identificação espacial ou então, a sinais sonoros sucessivos que constituem uma identificação temporal. Em têrmos de condicio- namento corresponde ao que Pavlov chama de "pri- meiro sistema de sinalização", utilizando-se os sinais sonoros; 2) nível da identificação por denominação que corresponde à linguagem falada ou escrita e que já pressupõe certa estruturação mental. Há intera- ção entre os dois nínis e em alguns casos de afasia verificamos que, muitas vêzes, não conseguem os afá- sicos identificar uma letra num fundo confuso e, por conseguinte, não conseguem nomeá-la. PRINCíPIOS PSICOLóGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM 35 LINGUAGEM E PERCEPÇÃO Bruner admite que o ato de perceber termina com a cat9gorização, estando de pleno acôrdo com Gemelli que diz que a percepção só termina quando o signifi- cado é apreendido. Entretanto, Michotte salienta o papel importante da semantização e acredita que as relações entre percepção e linguagem são íntimas e dignas de um estudo aprofundado. Cada experiên- cia perceptiva modifica a maneira de pensar e cada transformação ou aquisição no modo de pensar pode modificar a experiência perceptiva ao nível percep- tivo-verbal. Segundo a teoria da Gestalt o "todo é maior do que a soma das partes e contém propriedades que não podem ser encontradas em nenhuma das partes". Assim, a aprendizagem consiste na procura de um padrão total de resposta em uma resposta específica. O meio natural de descobrir as partes é por um pro- cesso de análise ou individua·::ão de um todo maior, uma vez que as coisas são reconhecidas como todos. A capacidade de observação, de atenção, de concen- tração, bem como a discriminação visual da criança ajudam muito o desenvolvimento da sua capacidade perceptiva e, esta, o desenvolvimento e enriquecimen- to da linguagem. A palavra é percebida como um todo, uma unidade e não pela análise das letras. CaUell, fazendo uma experiência de rea·~ão de tempo, provou que o tempo necessário para decifrar uma palavra é o mesmo que para decifrar letras simples. Portanto, a palavra é sugerida mais pela forma como um todo, do que pelas letras vistas isoladamente dêst9 padrão total. As palavras familiares à criança são percebidas, de início, em têrmos de sua total estrutura. Já as pala- vras não conhecidas requerem da criança uma maior atenção para a composição da palavra em si. A forma das letras é um fator importante para o reconhecimento das mesmas e observa-se que o prin- cípio da Gestalt do fechamento das formas é uma realidad9 na aprendizagem da linguagem. A criança que principia a ler tende a identificar as palavras através das letras dominantes, junto às maiúsculas. Woodworth demonstrou que as letras fàcilmente identificáveis, em uma série pequena, tendem a per der a sua identidade quando vistas em séries maiores 36 LINGUAGEM E PERCEPÇÃO LINGUAGEM E APRENDIZAGEM ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSlCOTJJlCNICA de letra>l, sofrendo as letras intermediárias o efeito do mascaramento com mais facilidade, do que a.~ letras finais. As palavras que contêm uma troca regular de letras pequenas e l0ngas são mais fác~is de ler, do que as palavras que têm apenas letras pequanas. Os seg- mentos superiores das letras fornecem pistas mais significativas para a identificação das palavras do que os inferiores. Há uma nítida influência da forma da palavra na visão indireta, especialmente para a direita do ponto à(· fixação, tornando-se mais fácil para a criança ler as palavras que têm a parte inicial, do que a parte final. Entretanto, segundo Vernon, a parte maIS importante da palavra é a que dá a chave do seu sig- nificado. A influência da experiência anterior é muito impor- tante na aquisição da linguagem, pois introduz ele- mentos das vivências do indivíduo no reconhecimento das palavras. Há uma i.nfluência da familiariedade da palavra no processo da percepção das palavras. No reconhecimento das palavras há uma urgência de ir adiante, daí a necessidade de facilitar a leitura de sentenças e histórias. O homem adquire o mecanismo da linguagem por fôrça de determinantes biológicos, sociais e psico- lógicos. Os fatôres que devem ser levados em conta no pro- cesso da aprendizagem da linguagem são: 1) matu- ração; 2) experiência anterior; 3) motivação; 4) diferenças individuais; e 5) socialização. Há leis psicológicas, psico-sociológicas e psico-fisio- lógicas que norteiam o processo da aprendizagem da palavra. Existe um equilíbrio que provém do fato que existe um indivíduo que fala e outro que escuta ; o que fala, tende a dispender o menor esfôrço possí- vel (lei da economia) e a ,empregar, por isso mesmo, o mínimo de palavras diferentes possíveis, o que ouve exige o máximo de diferenciação para compre- ender, sem muito esfôrço também. PRINClPIOS PSICOLóGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM 37 LINGUAGEM E APRENDIZAGEM Como na curva do desenvolvimento, a curva da aprendizagem da palavra apresenta períodos de ace- leração, de diminuição e de progresso. Ao final dos estudos primários, Smith aponta uma diminuição e, ao término dos estudos secundários (17 anos), uma aceleração. A palavra é uma sorte de etiqueta, têm uma signifi- ca,ção "referencial" ao objeto, bem como uma signi- ficação conceitual em relação ao conjunto significado. Daí o freqüente êrro da generalização das crianças, pela dificuldade que têm de diferenciação do sentido das palavras, e a dificuldade do adulto em compreen- dêr a criança, pela fluidez dasignificação das pala- vras que utiliza. A criança só começa a dominar o mecanismo da lin- guagem quando constrói frases conscientemente e não, quando apenas repete automàticamente. Dentre as leis que regem o processo da aprendiza- gem da linguagem podemos destacar: A) Lei da freqüência, atribuída à repetição; B) Lei do efeito, as respostas que 'satisfazem as necessidades do indi- víduo tendem a ser repetidas (Munn); C) Lei da estabilidade da percepção, que depende da conver- gência da atitude e do estímulo; D) Lei da criação de novas relações, que enriquecem a aprendizagem da linguagem. A linguagem tende constantemente a desembaraçar- -se do que é supérfluo e a destacar o que é necessá- rio, para que a sua finalidade seja atingida, isto é, fazer-se compreender. Na aprendizagem a repetição é importante quando permite outras condições operarem e outras relações aparecerem, havendo então uma consciência da expe- riência enriquecida pela repetição e não destruída pelo automatismo da mesma. No processo da aprendizagem da palavra é preciso levar-se em conta que existe uma fonte de informa- ção, selecionadora de uma mensagem que é trans- formada, pelo transmissor, em sinais a serem envia- dos por uma linha de comunicação. Por exemplo, quando o indivíduo fala, o seu cérêbro é a fonte da informação, o cérebro do auditor o destino da men- sagem, o seu sistema vocal o transmissor, o ouvido 38 LINGUAGEM E APRENDIZAGEM ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTll':CNICA do outro e a aparelhagem fisiológica envolvida, o receptor. Assim, é preciso sempre avaliar a natu- reza, quantidade e qualidade da informação, a capa- cidade da. linha de comunica~ão, a eficiência do sis- tema de codificação e os ruidos e fatôres inter- ferentes. Duas categorias de fatôres devem ser destacadas no processo da aprendizagem da palavra: 1) fatôres orgânicos, anátomo-fisiológicos que representam os instrumentos da troca lingüística, como por exemplo, os processos visuais, acuidade auditiva, aparelho fonador etc ... 2) fatôres psicológicos que traduzem as possibilidades e as necessidades da personalidade de comunicar-se, que englobam, por exemplo, a per- cepção da palavra, o conhecimento da mesma, a apre. ensão e interpretação do seu significado etc ... Na aprendizagem as diferenças de desenvolvhnpnto entre as crianças da mesma idade respondem pelas diferentes fêações ao meio em que vivem. A criança reage seletivamente ao ambiente e vai criando o seu pl'óvrio mundo, através da experiência vital. A faci- ll'~ade e eficiência pelas quais a criança apren 1e a falar são devidas, sobretudo, aos fatôres motivação e maturação. Há uma relação distinta entre a capacidade de ler, a idade mental da cri anca e a maturidade mental, mesmo porque, a idade mental não é o único fator responsável pelo sucesso na leitura. Dêvem ser leva- dos em consideração os demais fatôres, da maturi- dade, condições físicas, nível ideomotor, nível cultu- ral, adaptação social, hábitos de linguagem e expe- riências pessoais. o processo de ensinar deve estar ligado ao processo de aprender. Aprendei!' a ler envolve o conceito da associação na aprendizagem e a criança aprende a ler quando responde fisicamente, mentalmente e emo- cionalmente às palavras impressas. Naturalmente, o condicionamento é a moderna nomenclatura para a aprendizagem associativa. Na aprendizagem da leitura estão envolvidos tam- bém os processos da percepção e da apreensão do significado das palavras, conforme afirma Buswell. PRINCíPIOS PSICOLóGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM 39 LINGUAGEM E APRENDIZAGEM LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO Processo da formação da linguagem oral e modalidades evolutivas As diferenças individuais respondem muito mais pelas dificuldadas de aprendizagem da linguagem, do que os métodos de ensino inadequados e nível inte- lectual. Há uma grande influência das tensões emocionais no processo da aprendizagem da linguagem. A linguagem é um aspecto do desenvolvimento global do indivíduo estando diretamente ligada ao desen- volvimento da inteligência, da afetividade, da motri- cidade e ao processo da socialização. A linguagem na sua evolução depende não só do ciclo da maturação como também dos círculos funcionais perceptivo-expressivos. A criança passa de uma fase mímica para uma fase de expressão verbal através, primeiramente, da utili- zação de símbolos sonoros, depois, de fórmulas sono- ras. Em seguida, atravessa uma fase de pesquisa voluntária dos símbolos que melhor expressem o que quer comunicar e, finalmente, entra na fase de auto- matização e de enriquecimento dos seus meios de expressão verbal. o processo evolutivo da linguagem é regido por dois princípios: da economia e da facilidade na com- preensão mútua. A linguagem primitiva foi puramente emocional e pantomímica passando, mais tarde, a ser onomato- páica (imitativa) e, por fim, adquirindo um caráter simbólico verbal ou gráfico. A princípio, os sinais eram expressivos de situações difusas e de ações correlativas, depois foram-se discriminando e mati- zando. Mira y Lopez distingue as seguintes etapas no pro- cesso da formação da linguagem oral: a) expressão emocional involuntária, b) condicionalização de certas respostas motoras com efeito secundário, c) condicionalização da conduta, d) percepção dêste efeito secundário. 40 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTJ!':CNICA LINGUAGEM E Assim, o condicionamento torna possível o restabe- DESENVOLVIMENTO lecimento da associação em têrmos de estímulos e respostas e um contrôle da aprendizagem associativa. E'vol'14ç'ão da, linguagem da crianÇla N o ensino da linguagem a associação se processa entre os vários estímulos que oferece o símbolo verbal. As palavras impressas adquirem significação através da associação das reações que acompanha- ram as palavras sonoras. A aprendizagem da linguagem baseia-se na associa- ção da palavra sonora com uma atividade ou situa- ção, adquirindo o som um significado real e inte- grando o processo da linguagem. A linguagem apresenta as seguintes modalidades evolutivas: a) mímico-emocional, b) mlmlco-ex- pressiva, c) imago-gráfica, d) ídeo-gráfica, e) verbo-simbólica. A linguagem é de início manifestação puramente emocional. Ex.: o chôro exprime mal estar; o riso, satisfação, etc ... Dada a íntima correspondência fisiológica entre o aparelho auditivo e o fonador, o estímulo auditivo da própria voz tende a fixar a articulação correspon- dente e assim, a criança passa a repetir, pela forma primitiva da imitação, os sons que ouve. Nesta primeira fase o estímulo social concorre ape- nas para acentuar fonemas espontâneos, preparató- rios da linguagem, mais tarde convencional ou socia- lizada. Ex.: as combinações sonoras ocmo má-má, que ouve dos adultos, a criança repete-as com tanto mais freqüência quanto as ouve com freqüência. Na fase da vocalização a criança apenas exercita-se a manejar os sons e as sílabas pronunciadas não possuem sentido específico. Geralmente, esta fase da vocalização é acompanhada de movimentos de pernas e braços da criança. Depois da fase do balbucio e da vocalização a crian- ça começa a estabelecer as relações entre os sons e as pessoas, objetos, atividades e a influência do meio fa,milia,r faz-s~ sentir com intensidade. PRINClPIOS PSICOLóGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM 41 LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO Evolução da lingun,gem da criança -\ Com os primeiros vocábulos surge a função simbó- lica da linguagem e aparece o aspecto da imagem e da idéia, entretanto só mais tarde disporá de voca- bulário enriquecido passando as palavras a adqui- rirem sentido diferenciado e mais preciso. O voca- bulário ativo de uma criança de 12 a 15 meses não passa, em regra, de meia dúzia de palavras. A menor convivência com adultos retarda de 3 a 4 meses o aparecimento dos primeiros vocábulos. De 1 a 6 meses de idade a criança está na fase do balbucio e vocalização, de 7 a 9 meses entra na faseda imitação involuntária, dos 10 a 11 meses já tem uma reação adequada a ordens simples (sentar, levantar etc ... ) e aos 12 para 15 meses começa o uso ativo das primeiras palavras significativas. Assim, a partir da diminuição da hiperlonia e da abertura do campo perceptivo para o mundo de pala- vras "objetos falantes", a expressão verbal da crian- ça começa a evoluir "do corpo que fala, às partes do corpo que entram em relação com as coisas, pas- sando a utilizar a gesticulação, a indicação, a pro- testação vocal e manual e, depois, os jogos verbais auto-imitativos e hetero-imitativos. A compreensão da palavra ouvida antecede a possi- bilidade da palavra falada. O princípio da satisfação imediata explica inversões curiosas da sintaxe infantil, uma vez que a criança de 1 ano e 2 anos fala para satisfazer os seus desejos. Ex. : Déa quer mais beber aguinha. Stern destaca as palavras-frases no período de 1 ano e 3 meses que tendem a desaparecer no período de 1 ano e 6 meses a 2 anos, iniciando-se então o período das frases curtas ainda incompletas. Ex.: titia embo- ra não. Gesell indica para a criança de 1 ano e 11 meses um vocabulário de 50 palavras diferentes, partindo daí para as palavras de relações. A partir de 3 anos aparecem as sentenças simples e completas com todos os seus elementos. Ex.: Déa vai pra casa da vovó. 42 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTJiJCNICA LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO Evolução da lingwagem da crianÇla Dos 4 anos em diante aparecem em percentagem significativa as orações complztas. Ex.: agora vou botar um chapéu bonito mesmo, para êle ir passear com a mãe dêle. A evolução da linguagem infantil apresenta as se- guintes etapas: a) do balbúcio, b) de palavras de significação duvidosa, c) de palavras-frase, d) de proposiçõe8 simples - incompletas, e) de proposi- ções simples - completas. f) de proposições com- plexas - incompletas, e g) de proposições comple- xas - completas. A linguagem embora utilize, a princípio, o Il'ecurso gem gráfica. o vocabulário da crian~a dependerá, naturalmente, das condições de vida da família, da comunidade, das próprias condições locais e à medida que tem exp~riências novas, através de jogos, brinquedos, livros, tenderá a enriquecê-lo. As sucessivas substituições da linguagem resultam, ao mesmo bmpo, da maior abundância e precisão dos meios expressivos e da crescente comunicação das crianças com a sociedade dos adultos. o valor significativo da linguagem dependerá do grau de desenvolvimento geral da criança, das in- fluências do ambiente familair, das vivências indivi- duais e das experiências vitais. A linguagem embora utilize a princIpIO o recurso da imitação de maneira intensiva, cada vez afirma- -se mais no seu processo individual, desenvolvendo cada criança a sua própria linguagem. Stern afirma: - quando a criança desperta para o simbolismo verbal, não só emprega as palavras como símbolos mas, também adverte que as palavras re- presentam algo e empenha-se na busca de palavras novas. Descobre que a todo objeto corresponde um complexo sonoro que o simboliza, que serve para designar êste objeto e dialogar com OS outros; daí começa a sua curiosidade pelos nomes e uma ver- dadeira mania de denominação. PRINClPIOS PSICOLóGICOS BASICOS DA LINGUAGEM 43 LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO {i}vol1bf;âo da linguagem da criança No estudo evolutivo da linguagem conteúdo e forma são estruturas indissociáveis que devem ser estuda- das paralelamente. o verbo é uma semantema qUe implica e explica o tempo. Distingue-se duas noções de tempo: - o tempo implícito, aquêle que o verbo leva consigo, parte integrante da sua substância e que se encon- tra indissoluvelmente ligado ao verbo. Ex.: ao pro- nunciar o verbo caminhar, já se tem idéia de um processo e de um tempo determinado para cumprir a sua realização, - o tempo explicado, aquêle que é divisível em momentos distintos - passado, pre- sente e futuro e suas interpretações - que o tempo do verbo e a frase atribui. N a linguagem infantil aparece em primeiro lugar o modo imperativo; durante o 2'1 ano o presente do indicativo tem, às vêzes, a intenção imperativa. Ex.: Déa quer aguinha (o que equivale a uma ordem). A partir do 39 ano predomina o indicativo até os 5 anos sendo o modo subjuntivo e condicional usados raramente e substituídos pelo imperfeito do indica- tivo. Ex.: aquêle bicho está voando porque se estava parado, estava com as asas abaixadas. N a linguagem da criança até 4 anos, o futuro simples não existe e em seu lugar aparece o futuro imediato. que se confunde aliás com o presente, uma vez que a criança ainda não pensa em futuro longínquo e o uso normal do amanhã só aparece dos 14 anos em diante. Ex.: Vou passear. No período de afirmação infantil, aos 2 anos, o pronome e adjetivo "meu" aparece com freqüência, expressando bem o egocentrismo da criança; só de- pois, aos 4 anos, o "seu" aparece com igual inten- sidade. o plural raramente é empregado pela criança de 1 a 3 anos e o aumento crescente do emprêgo da 3~ pes- soa é prova da sua socialização crescente. A percentagem das frases negativas, já elevada aos 2 anos (80%), que expressam a crise de oposição da criança, mantém-se até os 3 anos, para decrescer em seguida. Os advérbios de negação ultrapassam 44 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTl!:CNICA ----_.------------------------------------------------------- LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO Evolwç'ão da ling'UJagem da cna1l;Çla em freqüência os de afirmação e a intenção volun- tariosa do "não" e do "sim" indicam apenas o querer e o não querer. Os advérbios de lugar aparecem primeiro que os de tempo e de modo. De 1 a 3 anos, "cá" e "lá" ocorrem em situação emocional que expressa o desejo de aproximação ou do afastamento de pessoas e objetos. A linguagem infantil no período de 1 a 6 anos é nItidamente funcional e atende aos maiores interês- ses da criança. A linguagem, como os hábitos, desenvolve-se sob a influência contínua do ambiente social. Pelo processo da imitação são adquiridos os têrmos referentes ao convívio social e por meio dessa atitude aprende a interpretar atitudes alheias. O comportamento da criança de 5 anos já inclui reprodução de atitudes emocionais. O principal interêsse da criança de 1 a 6 anos con- centra-se no grupo familiar e o desenvolvimento da sua linguagem está prêso a estas relações. O voca- bulário da cri anca está contaminado de familiares e de situações familiares. A aquisição da linguagem também está em função dos interêsses da criança ligados às suas experiên- cias e necessidades básicas. Assim os assuntos pre- dominantes na linguagem do pré-escolar são liga- dos a: pessoas familiares, casa e objetos de uso pes- soal e caseiros, animais e plantas (a criança de 2 a 4 anos trata os animais caseiros como se fôssem sêres humanos), alimentos, veículos, ruas, pontes, cenas da vizinhança paisagem túneis etc ... Os vocábulos relativos às profissões aparecem depois dos 3 anos de idade quando se interessa em imitar o soldado, o condutor de bonde, o professor, o cozi- nheiro etc ... O uso ativo da linguagem consiste em recorrer a hábi- tos adquiridos, daí o papel importante que desem- penha o ato reflexo condicionado. Há uma relação dinâmica entre a psico-motricidade e a linguagem, intervindo a motricidade em todos os níveis do desenvolvimento das funções cognitivas que entram em jôgo no processo da linguagem, tais como: PRINCíPIOS PSICOLóGICóS BÁSICOS DA LINGUAGEM 45 -----_.---------------------- _.-- .. - LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO Evo7Mção da linfJ1,«Lgem da C1'Ja~a percepção dos esquemas sensoriais e motores, ima- gem mental, representações pré-<>peratórias e opera- ,ções propriamente ditas (Piaget) .. A linguagem aparece durante o curso do desenvolvi- mento da inteligência sensório-motora, que contribui muito para o seu enriquecimento. A criança, à medida que se desenvolve no plano motor, aumenta oseu vocabulário relacionado com atividades manuais. As primeiras noções de espaço, consistência, forma são adquiridas pela atividade manual. De 1 a 5 anos predominam os vocábulos relativos à ação, já os vocábulos referentes à forma, côr ou atributos estáticos só aparecem na proporção de um têrço. Os jogos de construção facilitam a aprendizagem das relações espaciais e da linguagem relacionada, como por exemplo: abrir, entre, etc... O plano vertical aparece no jôgo de construção aos 2 anos, ex. : acima. Por volta dos 3 a 4 anos a construção começa a inte- ressar pela altura e largura e a evolução do vocabu- lário segue de perto a atividade construtiva, ex.: em frente, atrás, em volta. Em uma série de objetos arrumados em fila, as crianças fixam-se nos objetos das extremidades e empregam têrmos relativos a estas posições extremas, por isso há pobreza de vocábulos de posições inter- mediárias. Até 2 anos de idade o mundo infantil não vai além do que está ao alcance de suas mãos e 2/3 das pala- v,ras relativas a situações ou mudanças no espaço referem-se ao seu ambiente próximo e a criança possui um vocabulário pobre em têrmos espaciais, indicando os objetos com as palavras êste, êsse. Aos 3 anos a criança começa a estabelecer as primei- ras noções de tamanho e a noção do seu esquema corporal contribui muito para fazer paralelos entre ela e os objetos. Começa também a comparar os objetos e vai estabelecendo relações de tamanho e grandeza. Ex.: êste lápis grande, êste pequenino. O desenvolvimento intelectual da criança fundamen- ta-se na experiência concreta e os conceitos só adqui- rem significação quando derivados de situações vividas. 46 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTlliCNICA ----- ------------------------------------------------------- LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO Evolução da linguagem da cría'n,t;la A criança ao lidar diretamente com os objetos obser- va atributos de forma, substância, tamanho, quan- tidade, côre vai estabelecendo relações causais ex- pressas pelo uso freqüente do "pO'r quê", dos 2 anos em diante. N a idade pré-escolar as noções de espaço, tempo e quantidade não se separam das situações específicas a que estão ligadas, uma vez que a criança não tem capacidade de abstração, limitando-se à noção de tempo da criança, ao ritmo natural da sua vida quotidiana. A noção d8 quantidade na criança parece provir do sentimento de presença e a facilidade com que a criança repete os nomes dos números não implica na exata avaliaç[w da quantidade, que só virá mais tarde. A criança, como aliás o adulto, revela acentuada tendência para terminar estruturas inacabadas. A noção de falta está relacionada com alguma coisa que procura ou que tenha desaparecido. A idéia da ine- xistência absoluta é inteiramente estranha, talvez daí provenha a dificuldade em entender a significa- ção do zero. Entre 5 e 6 anos, a criança preocupa-se em conse- guir equilíbrio simétrico no jôgo de construção, tendo nítida preferência pelas formas harmoniosas, estu- dadas pela Gestalt e que influenciam tanto a aqui- si~ão das noções de tamanho, como as de quantidade. A pr.:.:cisão da linguagem dependerá da atividade pró- pria à criança e das reações habituais é que nascerá o verdadeiro significadO' da palavra. A princípio, a criança apenas comenta a atividade exercida no momento, ou aquela que acabou de fazer. A partir de 2 anos, a criança já diz o que vai fazer e associa a linguagem à atividade que pratica. Aos 3 anos a criança fala durante a execução da sua ati- vidade e comenta a execução feita. O progresso idea- tivo também se manifesta na organização racional da atividade. Ex. a criança de 1 ano não age inten- cionalmente no sentido da brincadeira, já aos 5 e 6 anos declara o objetivo da sua brincadeira. PRINCtPIOS PSICOLóGICOS BÁSICOS DA LINGUAGEM 47 LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO EvolUJção da linguagem da criança No jôgo dramatizado repete a. criança expressões de atividade e sentimentos apreendidos. Ex.: agora, fi- lhinha vai c:~rmir. Fica quieta senão eu zango. Aos 3 anos desenvolve-se a fase mágica da lingua- gem, tendo a criança o poder evocativo de completar pela palavra a realidade, vivendo intensamente esta fase imaginária. Atribui vida humana aos objetos e a fase do animismo intensa entre os 3-4 anos decai em seguida. A fantasia livre da criança transforma o mundo das idéias e da realidade. Por volta dos 7 anos o monó- logo em voz alta desaparece totalmente, substituído pela linguagem interior, e a lógica da criança já vai se ajustando à realidade das coisas, aparecendo uma organização mental e progresso intelectual, tanto na linguagem falada, como no desenho. A linguagem gráfica da criança é muito importante e evolui da fase da rabiscação para a do desenho celu- lar, de acôrdo com a lei do contôrno fechado da Gestalt, passando depois para uma representação pri- mária, uma tentativa de imitação contaminada pelo realismo infantil até conseguir uma expressão grá- fica mais rica e significativa. É interessante observar que, muitas vêzes, a linguagêm oral adianta-se ao que, por falta de técnica, não conseguiu represen- tar e começa então a dar um significado ao seu gra- fismo. Ex. : o mesmo rabisco arredondado é ovo, bola, chapéu. Os assuntos do desenho infantil são os mes- mos da linguagem oral e as duas formas de expres- são se (;ompletam. A fantasis infantil envolve fábula imaginada e fábu- la falada. A palavra é sugerida pela imagem e a imagem pela palavra, a tal ponto que ambas vivem e operam uma para a outra. o antropomorfismo infantil está alimentado pela linguagem e baseia-se no sentimento de que há uma mtuição imediata das coi~as porque possuímos um meio para nos entendermos com elas. A atividade verbal não só é uma circunstância con- comitante a tôda atividade Júdica, como o seu estí- mulo contínuo. 4S ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSlCOT1JCNICA _._---------------------------- LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO A inclinação para o jôgo se vincula, em grande parte, à inclinação da criança para a fantasia, estando por- tanto jôgo e linguagem estreitamente ligados. A linguagem coopera na construção do mundo dos objetos, do mundo da percepção e da intuição obje- tiva, bem como é indispensável na construção do mundo da imaginação pura. Quanto mais progride a criança no seu desenvolvi- mento verbal mais sente despertar o uso universal e objetivamente válido da linguagem. o desenvolvimento da linguagem infantil processa- se, primeiro, respondendo à linguagem falada, depois, aprendendo a dizer as palavras e a falar, em seguida, aprende a ler e interpretar símbolos escritos e, final- mente, a escrever. . REFER~NCIAS BIBLIOGRAFICAS ANDERSON - DEARBORN - "The Psychology ou Teaching Reading" - Ronald P. - 1952. ALBERONI, F - "PerceptLon and language" - (In: Arq. de psicologia e neurologia, Milano, 1961 - XXII [Fasc. 1] P. 81-88) ANGELINI, ARRIGO L - "Contribuição ao estudo do material para pesquisas em aprendizagem verbal" - (In: Boletim de psicologia - São Paulo - 1953/54 - p. 18-21) BENDA, CLEMENS - "The linguistic basis of consciouness" - (In: ETC - a review of general semantics. 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