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Anteprojeto de Tese DOUTORADO Joelma Veras da Silva ESTÁCIO IDOMED

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA (PPGSF)
DOUTORADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
a) Título: Implantação do plano de gerenciamento de resíduos de saúde –PGRSS no âmbito da estratégia da saúde da família.
b) Autora: MSc. Joelma Veras da Silva- LINHA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico local e vigilância em Saúde da Família
c) Número da inscrição: ________________ 
d) Resumo
O manejo inadequado dos resíduos dos serviços de saúde- RSS é uma problemática que preocupa a administração pública e privada, potencializado pela pandemia da COVID-19, devido ao risco de contaminação de contato, com resíduos infectados por patógenos. Impactando negativamente o meio ambiente e a saúde pública. Para diminuir a cadeia de proliferação, por se tratarem de infectantes, é crucial a obrigatoriedade, que estabelecimentos de saúde, gerenciem e tratam adequadamente os resíduos gerados, antes de serem descartados no meio ambiente. 
Os Resíduos dos serviços de saúde no âmbito da estratégia saúde da família, quer sejam oriundos da assistência domiciliar ou nos postos de saúde, se inserem dentro desta problemática e vêm assumindo grande importância nos últimos anos, não pela quantidade gerada, mas pela falta de diretrizes técnicas, que norteiem as ações de quem os gera, acentuando o desconhecimento do potencial de risco que alguns destes resíduos representam, à saúde de quem os manuseiam e ao meio ambiente quando descartados indiscriminadamente.
 Em ambientes hospitalares, há uma série de problemas oriundos do descarte incorreto dos resíduos, mesmo tendo as vigilâncias sanitárias fiscalizando, e já amplamente divulgadas as resoluções que direcionam as condutas de gerenciamento. Porém, os resíduos gerados na ESF- (estratégia saúde da família) dos pacientes assistidos, não são fiscalizados periodicamente por órgãos competentes, e tão pouco são exigidos a implementação anual do documento norteador de gerenciamento. 
Urge que as equipes da estratégia saúde da família, apresentem um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS de acordo com a peculiaridade da assistência prestada. Visto que não há na literatura atual, um documento de orientações técnicas sistematizadas, direcionadas aos profissionais que prestam assistência na estratégia saúde da família, aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), acerca da segregação e destinação correta dos resíduos gerados no domicílio. Assegurando assim, que o descarte desses resíduos, receba tratamento prévio, eliminem a periculosidade, preservem os recursos naturais e atendam aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública.
 
e) Justificativa
Uma das origens que tem suscitado a preocupação do governo brasileiro são os resíduos gerados pelos serviços de saúde, pois compreende-se que o problema não é a geração, mas sim os descartes indevidos, que resultam em riscos à saúde pública, não apenas em face a uma pandemia, onde o descarte incorreto dos resíduos de saúde, pode comprometer inclusive na proliferação dos patógenos e difusão de variantes. Não é a quantidade de RSS gerada que preocupa, o que reflete a preocupação atual é a quantidade não coletada corretamente. E isto se exacerba, para os resíduos dos serviços de saúde originados após atendimentos domiciliares. 
O descarte inadequado dos RSS contribui sobremaneira para o aumento dos problemas na saúde pública, pois admite-se que uma parcela dos estabelecimentos de saúde não está cadastrada nos serviços de coleta, ou ainda, encaminham seus resíduos de forma incorreta para o destino. Em qualquer uma destas situações, os estabelecimentos que adotam tais procedimentos contribuem para o aumento de contaminação ao meio e à coletividade.
Já os resíduos advindos na estratégia saúde da família, carece de toda uma logística para que a segregação, descarte e transporte, ocorram dentro de princípios básicos de gerenciamento de resíduos. E na ausência de manuais instrutivos, a prática incorreta do descarte é corriqueira. Estes resíduos, podem conter material biológico, perfurocortantes, fármacos vencidos, ou restos de medicações, seringas contaminadas, dentre outros materiais como: algodões, órgãos e tecidos removidos nos curativos, meios de culturas, sangue coagulado, luvas descartáveis, filmes radiológicos. Que quando não gerenciados, em quaisquer das etapas da geração, ao tratamento final. Comprometem a saúde dos trabalhadores, do próprio paciente assistido no domicilio, seus familiares e o meio ambiente.
Quando não gerenciados, através de normativas específicas para estes tipos de resíduos, são descartados como resíduo doméstico, contribuindo assim com a poluição da água e do solo, modificando fatores biológicos e químicos do ecossistema diminuindo a reciclagem de materiais e aumentando os riscos de acidente ocupacional. 
Sabe-se que a responsabilidade pela segregação e destinação final ambientalmente correta dos resíduos de saúde, é do gerador dos resíduos na assistência prestada, mas ainda é de pouco conhecimento a normativa que promova a complementação desta responsabilidade, pois mesmo que haja a definição de políticas específicas , a instituição precisa analisar não apenas as variáveis internas ligadas ao gerenciamento de seus resíduos, mas o conjunto de relações das variáveis externas que de alguma forma possam vir a interferir nos resultados que podem ser obtidos, como locais adequados para a realização das etapas de tratamento e disposição final dos resíduos dos serviços de saúde. 
Com relação ao serviço oferecido em domicilio é oportuno apresentar as Home Cares, que tem origem inglesa, e no Brasil é empregado como sinônimo de Assistência Domiciliar. Os primeiros registros deste tipo de assistência domiciliar, ou seja, a primeira home care surgiu em 1949 no Rio de Janeiro. Após este marco, em 1991 o Programa Saúde da família (PSF) estabeleceu formas de reorganização à prática de atenção à saúde, em novas bases, substituindo o modelo tradicional e levando saúde para mais perto da família. 
Apesar desta busca pela melhoria na qualidade de vida do paciente e dos familiares envolvidos, e também pela nítida redução dos custos a serem empreendidos em leitos, em que o hospital e a saúde pública acabam desafogando as demandas reprimidas, a home care traz consigo o problema da segregação inadequada dos resíduos de saúde.	
O que se percebe é que o país, mesmo que em particular a saúde pública, apresente como alternativa as home cares para um atendimento que à primeira vista iria amenizar vários problemas, como o conforto para a família e ao paciente-usuário pode trazer, por outro lado, problemas com a segregação inadequada dos resíduos dos serviços de saúde no âmbito da estratégia saúde da família- ESF. Além disso, pouco se vê a atuação deste atendimento no setor público, o que acaba sendo privilégio ainda do setor privado as fiscalizações pelos órgãos competentes. 
Portanto, a preocupação do presente estudo é tão somente o manejo dos resíduos gerados pelo setor público, através de um manual propositivo.
Buscando contribuir, não somente para o conhecimento de equipes multiprofissionais sobre o manejo adequado dos RSS, mas também colaborar na criação de ações para que os profissionais prestem assistência à saúde no domicílio, de acordo com as diretrizes e normas de gerenciamento nacionais, voltadas para os resíduos gerados. Nestes termos, surge a problemática suscitada no presente estudo, referente ao gerenciamento dos RSS, pois mesmo havendo um atendimento domiciliar e nos postos eficiente, e que atenda os preceitos estipulados pelo Sistema Único de Saúde – SUS deve-se atentar à destinação adequada dos mesmos. Portanto, um modelo propositivo, similar aos parâmetros expostos no Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS), já amplamente difundido, deve ser construído para os resíduos gerados em assistência no âmbito da estratégia saúde d família.
Justifica-se a necessidade de diretrizes que direcione a conduta dos geradores de resíduos dos serviços de saúde, pela presença de agentes patogênicos,após o atendimento. 
Evidencia-se a necessidade de padronização do tratamento destes RSS, de acordo as legislações e normas específicas. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), articularam e publicaram ações normativas, operacionais e fiscais, em busca da regulamentação do manejo dos RSS de estabelecimentos de saúde (empresas públicas ou privadas), desde a produção até seu destino final com o propósito de preservar a saúde humana e ambiental. Porém, ainda nada publicado, nos órgãos competentes, voltado especificamente para responsabilidade de gerenciamento dos resíduos de saúde advindos da assistência na ESF.
f) Objetivos:
- Geral
Este projeto contempla como objeto de estudo, a implantação do PGRSS, no âmbito da estratégia saúde da família, como instrumento normativo das condutas técnicas, frente ao gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde, gerados pelo atendimento de equipes multiprofissionais, no domicilio e nos postos de saúde. 
- Específicos
 - Caracterizar e classificar os RSS gerados durante a assistência domiciliar e nos postos. Segregando de acordo com as normativas nacionais vigentes;
- Gerar informações dos procedimentos do manejo dos RSS, desde a geração, ao descarte para posterior tratamento, realizados pelos profissionais do Programa de assistência domiciliar, fornecendo subsídios técnicos para a diminuição de risco aos pacientes, as equipes multiprofissionais e ao meio ambiente;
- Elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde Domiciliares-PGRSS, como um manual propositivo de manejo dos resíduos dos serviços de saúde gerados;
- Avaliar a viabilidade de publicar o PGRSS, baseado na peculiaridade da assistência prestada nos domicílios e nos postos de saúde, à luz das normas e diretrizes nacionais vigentes. Como instrumento norteador do gerenciamento de resíduos de saúde gerados no âmbito da estratégia saúde da família.
g) Quadro conceitual
A Atenção Básica – e de maneira especial, a ESF, para sua consecução – necessitam de diretrizes que apoiem as diferentes atividades a elas relacionadas. A definição de território adstrito, tão cara à sua organização, coloca-se como estratégia central, procurando reorganizar o processo de trabalho em saúde mediante operações intersetoriais e ações de promoção, prevenção e atenção à saúde (MONKEN; BARCELLOS, 2005), permitindo a gestores, profissionais e usuários do SUS compreender a dinâmica dos lugares e dos sujeitos (individual e coletivo), desvelando as desigualdades sociais e as iniquidades em saúde (GONDIM, 2012). O território define em si a adstrição dos usuários, propiciando relações de vínculo, afetividade e confiança entre pessoas e/ou famílias e grupos a profissionais/equipes, sendo que estes passam a ser referência para o cuidado, garantindo a continuidade e a resolutividade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado (BRASIL, 2011). A ideia de que os cuidados dispensados na Atenção Básica são simples há muito deixou de ser realidade, se é que algum dia o foi. Estes são complexos e precisam dar conta das necessidades de saúde da população, em nível individual e/ou coletivo, de forma que as ações influam na saúde e na autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde da comunidade. Entretanto, fica o alerta de Schimith e Lima (2004) de que apenas a menção da sigla ESF não significa necessariamente mudança de paradigma, em que o modelo de vigilância à saúde, base desta estratégia, esteja apenas no território delimitado e na população adstrita. Sabe-se que a ação na Atenção Básica, principal porta de entrada do sistema de saúde, inicia-se com o ato de acolher, escutar e oferecer resposta resolutiva para a maioria dos problemas de saúde da população, minorando danos e sofrimentos e responsabilizando-se pela efetividade do cuidado, ainda que este seja ofertado em outros pontos de atenção da rede, garantindo sua integralidade (BRASIL, 2011). Para isso, é necessário que o trabalho seja realizado em equipe, de forma que os saberes se somem e possam se concretizar em cuidados efetivos dirigidos a populações de territórios definidos, pelos quais essa equipe assume a responsabilidade sanitária.
 Embora cada estabelecimento de saúde, incluindo o posto de saúde a ESF, obrigatoriamente para manutenção da licença de operação, tenha uma empresa de tratamento de resíduos que o ajuda a descartar e tratar estes materiais perigosos, nem todos os resíduos são tratados adequadamente. E o cenário ainda é mais preocupante, relacionado aos resíduos dos atendimentos dos serviços de saúde descartados nos domicílios. 
Tudo isto se deve ao fato de que apesar dos resíduos de saúde representarem um número menor em relação aos resíduos sólidos domésticos, é relevante observar que se o manejo e a destinação não estiverem devidamente determinados, mediante os critérios estabelecidos poderão transformar os demais resíduos em potencialmente infectantes, por meio do contato. Sabe-se que os resíduos de serviços de saúde (RSS), seja qual for a sua classificação, porque mesmo os comuns, como embalagens de soro, podem estar potencialmente contaminadas e serem infectantes, se estiverem em contato, com microrganismo advindos da manipulação inadequada dos mesmos, representando assim um risco à saúde humana e ao meio ambiente.
Acerca dos RSSD e dos seus descartes indevidos, a Organização Mundial da Saúde estima que somente no ano 2010, as seringas que não foram adequadamente eliminadas acabaram causando 21 milhões de infecções pelo vírus da hepatite B, 2 milhões de infecções pelo vírus da hepatite C e 260.000 infecções pelo HIV em todo o mundo (OMS, 2010).
Assim, a RDC nº 222/2018, foi pontual em algumas questões uma vez que surgiram novos avanços e impasses no cenário ambiental, principalmente no tocante às questões relacionadas aos resíduos de saúde.
 E a referida norma segue apresentando em seu artigo 4º que o gerenciamento da RSS deve conter todas as etapas de planejamento, e em seguida no art. 5º aduz que todo serviço gerador deve ter um Plano de Gerenciamento de RSS (PGRSS). E no art. 10º estabelece que o serviço gerador de RSS é responsável pela elaboração, implantação, implementação e monitoramento desse Plano.
A RDC Nº 222/2018 no seu Art. 3º define o PGRSS como um documento que aponta e descreve todas as ações relativas ao gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, observadas suas características e riscos, contemplando os aspectos referentes à geração, identificação, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, destinação e disposição final ambientalmente adequada, bem como as ações de proteção à saúde pública, do trabalhador e do meio ambiente (Brasil, 2018).
Oliveira (2016) aponta e define as etapas do manejo, que vai da geração até a disposição final dos resíduos no PGRSS, nas seguintes etapas: Segregação- Acondicionamento - Identificação- Transporte interno - Armazenamento temporário-. Tratamento ambiental adequado.
 O PGRSS proposto para ser implantado e implementado no âmbito da ESF, para as equipes que assistem no domicilio e nos postos de saúde , no que tange ao gerenciamento dos resíduos gerados. Deve estar em conformidade com o Art. 6º da RDC Nº 222/2018, que norteia a elaboração do PGRSS já amplamente difundido. Portanto o gerador de RSSD (equipe de assistência domiciliar) deve:
I – Estimar a quantidade dos RSS gerados por grupos, conforme a classificação por grupo A, B, C, D e E, e os subgrupos correspondentes;
II - Descrever os procedimentos relacionados ao gerenciamento dos RSS quanto à geração, à segregação, ao acondicionamento, à identificação, à coleta, ao armazenamento, ao transporte, ao tratamento e à disposição final ambientalmente adequada;
III – estar em conformidade com as ações de proteção à saúde pública, do trabalhador e do meio ambiente;
IV - Estar em conformidade com a regulamentação sanitária e ambiental, bem como com as normas de coleta e transporte dos serviços locais de limpezaurbana;
V – Quando aplicável, contemplar os procedimentos locais definidos pelo processo de logística reversa para os diversos RSS;
VI - Estar em conformidade com as rotinas e processos de higienização e limpeza vigentes no serviço gerador de RSS;
VII - Descrever as ações a serem adotadas em situações de emergência e acidentes decorrentes do gerenciamento dos RSS;
VIII - Descrever as medidas preventivas e corretivas de controle integrado de vetores e pragas urbanas, incluindo a tecnologia utilizada e a periodicidade de sua implantação;
IX - Descrever os programas de capacitação desenvolvidos e implantados pelo serviço gerador abrangendo todas as unidades geradoras de RSS e o setor de limpeza e conservação;
X - Apresentar documento comprobatório da capacitação e treinamento dos funcionários envolvidos na prestação de serviço de limpeza e conservação que atuem no serviço, próprios ou terceiros de todas as unidades geradoras;
XI -Apresentar cópia do contrato de prestação de serviços e da licença ambiental das empresas prestadoras de serviços para a destinação dos RSS; e
XII - Apresentar documento comprobatório de operação de venda ou de doação dos RSS destinados à recuperação, à reciclagem, à compostagem e à logística reversa.
Existem alguns grupos de fármacos que quando descartados no meio ambiente merecem especial atenção, são eles: os antibióticos e os estrogênios. Os primeiros por que acabam gerando bactérias mais resistentes e os estrogênios porque afetam o sistema reprodutivo de organismos aquáticos, a saber, que estes fármacos acabam feminizando os peixes que eram machos e isso atrapalha diretamente na reprodução dos mesmos (OLIVEIRA, 2019).
Ressaltamos que o descarte destes resíduos quando realizados em conjunto com os resíduos comuns, existe o risco direto para quem irá manuseá-lo, uma vez que o seu destino não será diferenciado. Assim, esses materiais acabam ficando expostos, podendo ocasionar acidentes biológicos (sangue, secreções e excreções), originados pela manipulação de materiais perfurocortante. Os acidentes com materiais perfurocortantes são avaliados como um problema mundial pela probabilidade de transmissão de patógenos veiculados pelo sangue, e esse risco está mais próximo ainda daqueles que o recolhem (agentes de limpeza urbana); sobretudo, devido a utilização de sacos plásticos para o descarte dos materiais, pois tais recipientes são frágeis e isto favorece os riscos à saúde.
Conforme Bidone e Povinelli (2009) há um número bastante expressivo quanto a geração de resíduos de saúde domiciliar. Ao avaliar os resíduos de atendimento de um paciente em domicilio verificou uma massa diária de aproximadamente 2,64 kg, enquanto pacientes internados em hospitais da cidade de São Paulo a geração de resíduos foi de 3,77 kg/dia. Levando em consideração o padrão da América Latina, onde a média de geração de resíduos varia entre 1,0 e 4,5 kg/leito/dia concluíram que a geração dos RSS na assistência domiciliar está se aproximando dos padrões hospitalares, realçando sua relevância.
Em um estudo sobre a geração de RSS, decorrente dos procedimentos de atendimento domiciliar do programa “Melhor em casa” em 2018 em São Luís, revelaram que foram assistidos 3.403 pacientes, foram realizados 297 procedimentos geradores de resíduos (Tabela 1). Os demais assistidos, não geraram resíduos, haja vista que foram conduzidas apenas visitas de rotinas com aferição de pressão arterial, verificação de peso do usuário e orientações de saúde em geral nos domicílios. 
Tabela 1 – Tipo e quantidades de atendimentos domiciliares em São Luís em 2018
	Tipo de atendimentos domiciliares
	Quantidades 
	% de atendidos
	Procedimentos em Gastrostomizados 
	150
	51%
	Curativos gerais 
	75
	25%
	Reabilitação 
	27
	27%
	Sondagens vesicais 
	9
	3%
	Cuidados Paliativos
	27
	27%
	Procedimentos com Traqueostomizados
	9
	3%
	Total de atendimentos
	297
	100%
Fonte: EMAD- 2018
 
Foram gerados 684,3 kg de RSSD (Tabela 2). As maiores quantidades levantadas desses resíduos foram enquadradas no grupo A- Infectantes (271 kg) e grupo B- Químicos (213 kg). Ressaltamos que mais de meia tonelada de resíduos dos serviços de saúde foram gerados, pelas equipes de saúde domiciliares, sem manual de instruções técnicas, que direcione a equipe, para o gerenciamento adequado, dos resíduos.
]Tabela 2 – Quantitativo de RSSD gerados/Grupos em atendimento domiciliar em 2018.
	
* não gera
Fonte: EMAD - 2018
 
h) Metodologia
 Trata-se de uma pesquisa descritiva, explicativa, de abordagem quantitativa, que tem por finalidade elaborar um instrumento técnico voltado a mitigar os impactos ambientais e ocupacionais, advindos da geração de resíduos de saúde no âmbito da ESF. 
 Com base na classificação e avaliação da quantidade de resíduos gerados, bem como o manejo desses resíduos, será apresentada uma proposta normativa, com instruções para institucionalização de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde– PGRSS, que acarretará na mitigação de impactos negativos ao meio ambiente e saúde ocupacional. Para a realização do presente estudo, apresenta-se o fluxograma da metodologia da pesquisa cuja finalidade é apresentar de forma didática os processos que serão seguidos para o alcance da finalização do PGRSS.
Figura 2 - Fluxograma da metodologia de pesquisa
Início
Solicitar autorização à SEMUS e responsáveis pelo PSF/ESF.
Elaboração do instrumento de coleta de dados
Apresentação do projeto para obtenção do apoio das equipes
Definição dos critérios para inclusão da pesquisa
Aprovação da Superintendência de Educação em Saúde - SEMUS
Elaboração do PGRSS
Implantação do PGRSS
nas UBS
Publicação e distribuição do Manual propositivo- PGRSS no âmbito da ESF 
 - 
Área, população e espaço amostral do estudo
Inicialmente, será realizado um acompanhamento nos domicílios e nas UBS’s, com a finalidade de identificar a rotina das equipes e os procedimentos de saúde realizados aos assistidos pelo Programa de acordo com a RDC 222/18 da ANVISA, podemos ter como referencial a pesquisa de campo realizada no (Quadro 1). 
Quadro 1: Quantidade de RSSD coletados pelo programa Melhor em casa
	Equipes
	
	Grupos de resíduos
	Medido
	Estimado
	
	A1
	A2
	A3
	A4
	B
	C
	D
	E
	RE
	ES
	kg/mês
	kg/mês
	
	-
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	-
	-
	-
A = resíduos do grupo A			B = resíduos do grupo B
C = rejeitos do grupo C 	D = resíduos do grupo D
E = resíduos perfurocortantes 		RE (Recicláveis) 
Em seguida, será elaborado um formulário, para fins de coleta de dados e uma ficha para anotação da quantidade de massa diária dos resíduos gerados para ser aplicado no início da pesquisa. A quantificação, classificação e o manejo dos RSS serão identificados a partir dos 6 (seis) procedimentos, mais comumente executados nos pacientes assistidos. As variáveis quantitativas que serão utilizadas, são os tipos/classificação de RSS gerados em assistência domiciliar e nas UBS’s, a quantidade de resíduos após procedimentos, a segregação de acordo com a periculosidade e os riscos no manuseio, que envolve desde a etapa de geração até a destinação final.
Os instrumentos metodológicos de avaliação serão baseados na RDC nº 222/2018 e resoluções do CONAMA 357/2005 e 358/2005 e a Norma Regulamentadora NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde. Os resultados destas variáveis, condicionarão a obrigatoriedade da segregação e a destinação final ambientalmente adequada desses resíduos, para evitar o risco direto às equipes que realizam os procedimentos, aos pacientes. Visto que uma vez quantificados, os resíduos infectantes gerados, estarão mensurados, de forma que a responsabilidade da segregação correta dos resíduos, é de quem assiste o paciente.
Como organização para elaboração do PGRSS no âmbito da ESF sugere-se as seguintes etapas, que serão adequadas de acordo com as análises das variáveis obtidas:
	Passo1
	Caracterizar a assistência prestada, bem como tiposde procedimento que ocorrem com mais frequência, quantidade de pacientes assistidos, tipos de materiais utilizados, tipo de dispositivo de segurança, EPI’S, EPC’S utilizados
	Passo 2
	Descrever as etapas do gerenciamento de resíduos de saúde realizados no domicílio, desde a segregação até transporte para tratamento e destinação final
	Passo 3
	Classificar segundo a RDC 222/18 os resíduos de saúde gerados em cada procedimento na assistência domiciliar prestada
	Passo 4
	Listar os equipamentos necessários, desde recipientes com tampa e pedal, conteineres, bombonas, suporte de caixas para descarte de perfurocortantes, adesivos de sinalização e identificação
	Passo 5
	Oferecer treinamento periódico bimestral para toda equipe com temas sugeridos nas RDC nº 222/18 e inclussão de comissões, do tipo Núcleo de Educação Permanente-NEP nas capacitações
	Passo 6
	Acompanhar, avaliar e divulgar as ações implantadas de gerenciamento de RSSD, incluindo os gestores.
	Passo 7
	Supervisionar a qualidade do manejo dos RSS domiciliares e das UBS’s gerados
	Passo 8
	Realizar visitas regulares às residências para detectar possíveis falhas no manejo e destino dos resíduos, a fim de corrigi-los
	Passo 9
	Estimular continuamente, além das capacitações periódicas, os diversos profissionais a seguir o preconizado em rotinas e normas
	Passo 10
	Adequar e supervisionar as normas e rotinas dos procedimentos de saúde, nos diversos níveis do programa. 
	Passo 11
	Implementar continuamente o PGRSS, observando os indicadores que são avaliados periodicamente por órgãos de fiscalização e controle. 
	Passo 12
	Divulgar os números dos indicadores avaliados comparativamente aos anos que antecederam, de forma que os profissionais visualizem as falhas, evoluções e dificuldades e melhorias no gerenciamento. 
	Passo 13
	Apresentar indicador relacionado ao número de acidentes por perfuro cortante, devendo ser amplamente divulgado e notificado nas equipes sentinelas de saúde do trabalhador, CIPAS, SESMTS e todo profissional acidentado deve compulsoriamente ser notificado nas fichas do SINAN
	Passo 14
	Construir tabelas com a classificação, pesagem dos resíduos, para que os profissionais da assistência domiciliar consigam quantificar após classificação os resíduos gerados.
	Passo 15
	Incentivar a ampliação de segregações destinadas a reciclagem e reaproveitamento de materiais diversos, oriundo dos serviços de saúde no âmbito da ESF 
O PGRSS deve ser adaptado, conforme o serviço prestado e a realidade local. Sendo assim, as equipes devem ter um plano, que contemple suas atividades, objetivando minimizar resíduos, substituir materiais perigosos, proteger o profissional, usuário, cuidador e mitigar os impactos e consequentemente preservar o meio ambiente.
 Sabendo que a peculiaridade da assistência prestada é o fator determinante para a classificação dos RSS, a proposta de elaboração de um PGRSS de acordo com a RDC 222/18, é nortear tecnicamente as equipes, e o consequente gerenciamento dos resíduos gerados, não deixando de seguir recomendações técnicas nacionais vigentes, objetivando assim, ser um eficiente instrumento técnico de mitigação dos impactos negativos, que já conhecemos, quando não há gerenciamento dos resíduos gerados. 
O PGRSS no âmbito da ESF, deve ser um documento que servirá para implementar a gestão integrada dos RSS em conformidade com a RDC – ANVISA 222/2018, 306/04 e CONAMA 357/05, 358/05 e NR 32.
Vale destacar também, que sem a efetividade da implantação de um PGRSS, provavelmente os RSS serão ”jogados” no resíduo comum do domicilio, como comumente ocorre. A problemática dos RSS não se restringe aos profissionais da saúde pública, mas ao princípio da prevenção, que deve envolver e ser de responsabilidade de toda a sociedade, sobretudo quando esses resíduos são gerados no domicílio, e que podem ocasionar acidentes aos profissionais de saúde, aos assistidos e agentes de limpeza pública, quando mal gerenciados ou acondicionados de forma incorreta. 
É preciso ampliar a conscientização coletiva, da interseção dos fatores determinantes, que podem ocasionar acidentes com perfuro- cortantes, adoecimento e poluição ambiental, ao processo de gestão dos resíduos de saúde gerados.
Assim, a informação é pilar de sustentação necessária para que possam mitigar os impactos negativos ao meio ambiente, a população, a saúde pública, incluindo a saúde dos trabalhadores que lidam com estes resíduos. Pois, ainda são escassos os estudos sobre os resíduos de saúde domiciliares, que usamos a sigla neste projeto de RSS, não existindo na literatura atual, um PGRSS como norteador técnico para as equipes da estratégia saúde da família. Este projeto sugere a possibilidade de publicação nos cadernos de atenção domiciliar, publicados pelo Ministério da Saúde - MS pela Secretaria de Atenção Primária a Saúde (SAPS) do Departamento de Atenção Básica- DAB, que são distribuídos para todas as equipes dos programas da ESF. Que contenham preconizações com modelo propositivo instrumental técnico, acerca de gerenciamento de RSS no âmbito da estratégia saúde da família gerados na assistência domiciliar e nas UBS’s.
i) Referências bibliográficas 
REFERÊNCIAS
BIDONE, F. A e Povinelli, J. (2009). Conceitos Básicos de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro: RIMA, ABES, 109 p.
Brasil. (2011). Agenda 21. Ministério do Meio Ambiente. <http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/cap01.doc>.
BRASIL. (2018) Ministério da saúde. Serviço de Atenção Domiciliar. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/melhor-em-casa-servico-de-atencao-domiciliar/atencao-domiciliar>.
Brasil. (2012). Resolução CONAMA 404/2008. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente: Brasília <http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_2008_404.pdf>
Brasil. (2012). Resolução CNS 466/2012. Conselho Nacional de saúde. Ministério da Saúde. Brasília <http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2013/06_junpublicada_resolucao.html>
Brasil. (2011). Portaria nº 2.527 de 27 de outubro de 2011. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). União. Ministério da Saúde. Diário Oficial [da]. Brasília. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2527_27_10_2011.html>.
Brasil. (2018). Resolução RDC nº 222, de 28 de março de 2018. Regulamenta as boas práticas de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
Brasil. (2011). Portaria nº 2.527 de 27 de outubro de 2011. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ministério da Saúde.Diário Oficial [da] União, Brasília. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2527_27_10_2011.html>.
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Brasil. (2005). Resolução Conama no 358 de 29 abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Brasília: Conama.<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=462>.
 CONAMA. (1997). Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=462>.
DOS SANTOS, Rosele Clairete; FRIZON, Nivania Salete. DESCARTE INADEQUADO DE MEDICAMENTOS VENCIDOS OU EM DESUSO. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 8, n. 1, p. 290-300, 2019.
OLIVEIRA, Luana Pontes et al. Fatores associados ao manejo de Resíduos de Serviços de Saúde, pela Equipe de Enfermagem. 2016.
OLIVEIRA, Nubia Regina de et al. Revisão dos dispositivos legais e normativos internacionais e nacionais sobre gestão de medicamentos e de seus resíduos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 2939-2950, 2019.
Gastrostomizados
Cateter de silicone ou de poliuretano, tubo, 
sondadealimentaçãodesilicone,seringa,
equipo,frascodesoro,embalagensde
formulaçãodietética,pardeluvas,fita
adesivahipoalergênicaouesparadrapo,máscara, guia metálico da sonda.
109,3-189,5-16,2315
CurativosGerais
(úmidos e secos)
Gazes,algodão,compressas,
esparadrapo,frascodesorode10ml,30
ml,500ml,agulhas,seringas,lâminade
bisturi,placasdecurativo,frascoscom
hemoderivados, par de luvas, máscara.
125--86,543,5255
Reabilitação 
Resíduosúmidosesecos:gazes,algodão
esparadrapo,frascodesorode10ml,30
ml,500ml,agulhas,seringas,frascosde
pomadastópicas,gel,óleos,pardeluvas,
máscara.
-6,4-22,53,532,4
Sondagem vesical 
Pardeluvasestéreis,Sondavesicalde
alívioousondavesicaldedemora(SVD),
tubodeXylocaínageleiaestéril(uso
único),Seringasde20ml,agulha(40X12),
campoesterilizado,ampolasdeágua
destilada, coletor de urina sistema fechado 
(seSVD),pacotesdegaze,materialpara
higieneíntima,micropore,soluçãode
antissepsiapadronizadadoshospitais,
máscara.
22,2-7,5-12,21,343,2
Cuidados Paliativos
Aplicaçõesdemedicamentos,tópicos,
orais,venososeintradérmico.Fisioterapia
respiratóriaelocomotora,psicologiae
nutrição.Resíduosgerados:Pardeluvas,
frascosdemedicamentos,frascosde
pomadastópicas,gel,óleos,seringas,
agulhas,gazessecaseúmidas,
compressassecaseúmidas,algodão,
máscara.
2,8-5,8-8,41,918,9
Traqueostomizados
limpeza,mobilizaçãoeaspiração.
Resíduosgerados:PardeluvasMaterial
Necessário: Par de luvas de procedimento, 
pardeluvaesterilizada;pacotesdegaze
esterilizada;sondadeaspiraçãocom
válvula;seringade20ml;agulha40x12;
ampolasdeSoroFisiológicode500mla
0,9%;frascodeáguadestilada10ml;
coletordesecreçãodescartável(1000ml);
máscara.
12,2-4,7-2,919,8
271,5213,9148,750,2
684,3Total de RSSD gerado
Total de RSSD gerado/grupo
Quantidade (kg) gerada em 2018
ProcedimentosTipo de RSSD gerado
A1 e A4
A2, A3 e 
A5*
BC*DE
RSSD 
kg/Ano

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