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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CCHS 
ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL - ESS 
 
 
BEATRIZ DE ALMEIDA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO E SERVIÇO SOCIAL: 
Um caminho a se trilhar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2019 
EDUCAÇÃO E SERVIÇO SOCIAL:
 
BEATRIZ DE ALMEIDA ALVES 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO E SERVIÇO SOCIAL: 
Um caminho a se trilhar 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado na 
Escola de Serviço Social da Universidade 
Federal do Estado do Rio de Janeiro, como pré
requisito para a obtenção do grau de Bacharel 
em Serviço Social. 
 
Orientação: Profª. Carla Daniel Sartor
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2019 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado na 
Escola de Serviço Social da Universidade 
Federal do Estado do Rio de Janeiro, como pré-
requisito para a obtenção do grau de Bacharel 
Orientação: Profª. Carla Daniel Sartor 
 
 
BEATRIZ DE ALMEIDA ALVES 
 
 
 
EDUCAÇÃO E SERVIÇO SOCIAL: 
Um caminho a se trilhar 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado na 
Escola de Serviço Social da Universidade 
Federal do Estado do Rio de Janeiro, como pré-
requisito para a obtenção do grau de Bacharel 
em Serviço Social. 
 
Rio de Janeiro, ____, de _________________ de 2019. 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
_______________________________________________ 
Profª. Drª. Janaina Bilate Martins 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO 
 
 
_______________________________________________ 
Profª. Drª. Vanessa Bezerra de Souza 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO 
 
 
_______________________________________________ 
Profª. Carla Daniel Sartor (orientadora) 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A todas as mães e pais que veem na educação a única opção para suas filhas (os) 
conseguirem sobreviver em meio a diversas situações de risco em seu cotidiano, 
sendo para muitos a única fonte de alimentação tanto física quanto mental. Me junto 
a vocês na luta por uma melhor qualidade no ensino, não só visando as crianças e 
jovens como o futuro exército industrial de reserva para o capital, mas sim como a 
esperança de emancipação de toda uma sociedade. 
 
 
 
RESUMO 
Este trabalho tem o objetivo de apresentar a importância do Serviço Social na 
educação básica, explorando a realidade do município do Rio de Janeiro. Para tanto, 
apresentou-se o cenário político e econômico brasileiro de maneira a ilustrar a 
dinâmica onde se desenvolve a Política de Educação, e todo o seu desdobramento 
dentro do neoliberalismo. Sendo a educação ainda um campo em exploração para a 
profissão destaca-se a grande dificuldade em encontrar bibliografias e dados que 
viessem a dar maior embasamento, tornando esta pesquisa um primeiro passo para 
algo muito maior. Portanto, este trabalho se soma a luta da categoria pelo seu 
reconhecimento no campo educacional, buscando um trabalho interdisciplinar e 
políticas públicas integradas entre si. 
Palavra-chave : Educação; Políticas públicas; Serviço Social. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This paper aims to present the importance of Social Service in basic education, 
exploring the reality of the municipality of Rio de Janeiro. In order to do so, the 
Brazilian political and economic scenario was presented in a way that illustrates the 
dynamics in which Education Policy develops, and all its unfolding within 
neoliberalism. Since education is still a field for the profession, it is a great difficulty to 
find bibliographies and data that would give more foundation, making this research a 
first step towards something much greater. Therefore, this work joins the fight of the 
category for its recognition in the educational field, seeking an interdisciplinary work 
and integrated public policies. 
 
Keyword : Education; Public policy; Social service. 
 
 
 
 
Sumário 
1 Introdução 92. Neoliberalismo no contexto mundial 112.1 A particularidade da América Latina
e Serviço Social 294.1 O trabalho da assistente social na Política de Educação 314.2 O Serviço Social atuante na educação básica do Rio
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Introdução 
 
O presente trabalho visa fazer uma análise histórica da educação brasileira e os 
rebatimentos da ideologia neoliberal sobre a política de educação, para em seguida situar o 
Serviço Social, no âmbito da educação básica no Rio de Janeiro. No primeiro momento 
iremos resgatar o surgimento e as principais situações históricas que facilitaram a 
implementação do neoliberalismo em caráter mundial para entender, posteriormente, esse 
processo no contexto brasileiro. Partindo da análise do Brasil como um país da periferia do 
capitalismo e com uma economia dependente pretendemos analisar o processo neoliberal 
que se desenvolveu neste contexto, para desta forma, entender de maneira mais clara qual 
o cenário em que tal política pública vem sendo executada. 
Entender a qual Estado estamos submetidos e qual a ideologia que o direciona é 
fundamental para fazermos, em um segundo momento, uma análise acerca das ofensivas e 
do desmonte histórico que as políticas sociais brasileiras vêm sofrendo a partir do parâmetro 
neoliberal. A falta de investimento e de interesse em políticas públicas de qualidade e 
universais torna explícito que a desigualdade social é algo inerente à sociedade capitalista, 
inviabilizando possibilidades concretas de equidade social. 
Diante de tal cenário tão agressivo à classe trabalhadora, percebemos a atuação do 
assistente social frente às políticas públicas e na ampliação de direitos de maneira ainda 
mais essencial. Porém, a atuação profissional se estreita cada vez mais com o avanço do 
ideário conservador, em que instituições e práticas vão ao desencontro do projeto ético-
político do Serviço Social. Desta forma, pensar o trabalho das assistentes sociais dentro da 
escola, em que desde a sua estruturação vem sendo pensada como um veículo de 
doutrinação a partir da ideologia capitalista é se deparar com todos os desafios e limites 
impostos a profissão nos dias de hoje. 
A escola, bem como a sociedade vigente, por meio da ideologia que é veiculada na 
mídia em geral, oculta as diferenças de classe na ordem atual do capital, naturalizando 
processos de exploração da classe trabalhadora, bem como as diferentes expressões da 
questão social, e o ataque aos direitos conquistados aprofundando a ofensiva neoliberal. 
Desse modo, transfere-se aos jovens os ideais dominantes como ideias universais 
moldando os mesmos desde os uniformes padronizados até os exames realizados pelo 
Ministério da Educação (MEC). A principal função da educação formal é agir de maneira 
 
 
autoritária para induzir um conformismo generalizado1 sobre as diversas abordagens cruéis 
que, principalmente, a classe trabalhadora vem sofrendo do capitalismo e, em consequência 
das mesmas, afeta toda e qualquer chance de se contrapôr contra os ataques as políticas 
públicas essenciais para as classes mais precarizadas. A educação tem seus dois lados, 
pode servir como fortificadora dos ideais do capital mas também pode fornecer informações 
e conhecimentos que contribuem com a formação de uma consciência critica dos indivíduos. 
Portanto, o objetivo principal do trabalho de conclusão de curso, em tela, é analisar 
como a política de educação se estrutura nos dias de hoje e qual a importância do Serviço 
Social dentro deste espaço sócio ocupacional, com ênfase ao público alvo das escolas 
públicas municipais do Rio de Janeiro. Pretendemos com esta pesquisa alimentar ainda 
mais os estudos sobre o papel do assistente social na educação, não somente como 
mediador na regulação da política de assistência estudantil, mas também como um sujeito 
na construção de um contraponto ao desmonte dainstituição educacional que atua, em 
geral, como mera reprodutora da ideologia da classe dominante. Buscar a ampliação da 
capacidade crítica, possibilitar a liberdade de pensamento dos sujeitos inseridos neste 
espaço, não só os alunos, mas as famílias, professores e os funcionários que atuam 
diretamente na política de educação, no chão das escolas, deve ser um dos 
direcionamentos para o trabalho profissional, sobretudo, com o projeto de escola sem 
partido2, que tem sido veiculado e disseminado amplamente na sociedade em geral. 
 
 
 
 
1 Mauro Iasi em seu texto afirma “o proletariado não vive em outras relações, ele vive nas relações 
constituintes do capital” (p.72, 2013). Deste modo, a consciência se desenvolve de acordo com a 
relação social dominante, não é uma força imposta coercitivamente, ela se dá por meio de um 
processo “natural” devido as relações sociais de produção em que prevalece a exploração de uma 
classe por outra. A classe trabalhadora é uma classe da ordem do capital, por isso expressa na sua 
consciência os elementos do seu amoldamento, tomando pra si valores e interesses burgueses. 
2 O Projeto de Lei nº 867, de 2017 (Projeto Escola sem partido), tem por finalidade censurar e limitar 
a liberdade de expressão dentro da sala de aula do aluno, mas principalmente do professor. O “sem 
partido” significa um único partido e os ideais únicos da classe dominante. 
 
 
2. Neoliberalismo no contexto mundial 
 
 Friedrich Hayek, economista e pensador austríaco, foi o principal precursor da teoria 
neoliberal, em 1947. Terminada a segunda guerra mundial, o capitalismo caminhava para 
uma era de regulações extranacionais de modo a evitar que o mundo passasse novamente 
por conflitos bélicos originários por questões econômicas. Desse modo, a intervenção 
estatal era algo previsto no calendário de medidas preventivas e regulatórias, a fim de evitar 
crises como a de 1930 e a concessão aos trabalhadores era a forma que o capital obteve de 
amenizar os conflitos ideológicos que pudessem vir a pôr em risco o seu status quo. 
 O Estado Keynesiano regulador e o Estado de bem-estar social foram à consumação 
destas expectativas liberais, o que era contrário às ideias de Hayek. Tal fato fez com que o 
mesmo convocasse todos os expoentes do pensamento conservador para uma reunião a 
fim discutir estratégias para enfrentar a avalanche de regulação e intervencionismo que 
assolava o capitalismo. Para esses pensadores o igualitarismo e o intervencionismo estatal 
promovido pelo Estado de bem-estar, destruíam a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da 
concorrência, da qual dependia a prosperidade de todos, como defendiam. 
 
O neoliberalismo é em primeiro lugar uma teoria das práticas políticas co-
econômicas que propõe que o bem-estar humano pode ser melhor 
promovido liberando-se as liberdades e capacidades empreendedoras 
individuais no âmbito de uma estrutura institucional caracterizada por sólidos 
direitos a propriedade privada, livres mercados e livre comércio. (HARVEY, p. 
12). 
 
Pensar o papel do Estado como garantidor da qualidade e da integridade da 
propriedade privada e do dinheiro, é um dos desdobramentos do neoliberalismo. Um Estado 
em que as intervenções partem dos detentores de riqueza e os indivíduos fora desse 
padrão devem cuidar apenas da sua sobrevivência e bem-estar dentro dessa lógica. O 
Estado no neoliberalismo é como um mediador nas relações comerciais e de estruturação. 
O papel do mesmo é criar e preservar uma estrutura institucional que propicie e facilite as 
transações do mercado, criando medidas de segurança, de defesa e legais que assegurem 
a integridade da propriedade individual. Para além, o Estado intervém principalmente na 
criação de mercados, como no âmbito da saúde, educação e habitação, que são estruturas 
pensadas e estruturadas pelo setor público, mas que acabam sendo administradas pelo 
setor privado. 
 A principal fonte de disseminação de tal ideologia vem sendo o dinâmico processo da 
globalização3, que faz de maneira rápida e eficaz a difusão deste pensamento neoliberal que 
 
3 Globalização refere-se a um meio de construção ideológica encomendado para legitimar a forma 
economicista, de unificação financeira de um mundo socialmente dividido por desigualdades. Pode-se 
 
 
incentiva a concorrência e a competição no mundo do trabalho, fragmentando ainda mais o 
processo de reconhecimento de classe. A utilização das tecnologias de informação, como a 
mídia e outros meios de comunicação, auxiliaram e até hoje auxiliam para a cooptação de 
espaços e ideias, fazendo com que se torne uma prática do cotidiano, algo do senso comum 
da sociedade, provocando cada vez mais a alienação. 
 De maneira estratégica as governanças liberais se apropriaram do discurso de 
diversos movimentos sociais de 1968 que buscavam a liberdade de expressão. Tal discurso 
defendia a dignidade humana e a liberdade individual como valores centrais da civilização. 
Para os liberais, usá-los como direção serviu para atrair seguidores, por se tratarem de 
valores convincentes e sedutores. Porém, o que deve ser questionado é de qual tipo de 
liberdade e para quem vem sendo defendido neste programa liberal. Segundo Harvey 
“liberdades individuais são garantidas pela liberdade de mercado e de comércio, é um 
elemento vital do pensamento neoliberal” (Harvey, 2005, p.17), portanto os valores 
cooptados são usados em um único interesse, o do capitalismo. A liberdade é para o 
mercado, em que o mesmo pode aplicar medidas que o favoreça independente de qualquer 
consequência às classes subalternas. 
 O neoliberalismo se utiliza da reorganização do mundo do trabalho para regular os 
prejuízos recessivos causados pela estagflação4 financeira, dos anos 1970. A saída utilizada 
pelo mesmo foi à flexibilização das relações trabalhistas e o desmanche e/ou privatização 
dos mecanismos de proteção social. Dessa maneira, seu poder sobre o trabalho é ampliado, 
reorganizando e aumentando seu potencial de produção e apropriação de valor excedente. 
 Mas de que maneira a ideologia neoliberal ganhou proporções que nem mesmo sua 
vanguarda imaginava? Como se deu a disseminação de tais medidas como a única saída 
para o desenvolvimento econômico mundial? Pois bem, o neoliberalismo nasceu logo após 
a Segunda Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o 
capitalismo. Foi uma reação contra o Estado intervencionista e de bem-estar social, na 
Inglaterra, e o New Deal norte-americano. 
 Após a Segunda Guerra Mundial cria-se um acordo entre capital e trabalho, sendo 
uma estratégia para impedir uma nova ameaça ao capitalismo como ocorreu em 1930, e 
dessa maneira, amenizar os conflitos interestatais que levaram a guerra. Gerando paz e 
harmonia mundial, os Estados estavam preocupados em criar um estado de bem estar pós-
guerra, pensando no pleno emprego e na estabilização econômica. Tal acordo fez com que 
a concentração de renda nas mãos das classes mais ricas decaísse, não ficando em 
contraste a desigualdade social entre classe trabalhadora e burguesia. A percepção que se 
 
dizer, também, ser um sinônimo de americanização, pois afirma a ideologia norte-americana 
facilitando sua inserção em outros países (Castro, p. 29-44, 2001) 
4 Estagflação é a combinação entre o aumento da taxa de desemprego e o aumento contínuo dos 
preços. Não havendo consumo que estabilize a balança monetária. 
 
 
tem pelos grandes proprietários foi, de maneira gradativa, a igualdade de riqueza entre as 
classes. Portanto, começa no Chile, com o governo de Pinochet, o primeiro experimento 
para a neoliberalização5 mundial. Estudiosos como Gérard Duménil e DominiqueLévy 
(2004), afirmam que tal projeto foi voltado para restaurar o poder de classe. 
 O argumento utilizado pelos defensores neoliberais contra o estado de bem-estar foi 
que o mesmo destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência e afirmavam 
que a desigualdade era um valor positivo e inerente a sociedade. Após os “anos de ouro” ou 
os chamados “anos gloriosos”, pós 1945 até 1975, percebe-se sinais de esgotamento nos 
finais dos anos 1960 gerando uma estagnação na taxa de juros, evidenciando o processo de 
desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo. 
 Com a crise inflacionária de 1970, que se deu devido à superprodução, a pouca 
produção tecnológica e a resistência da classe trabalhadora, enfraquecendo o poder 
hegemônico do capital. As medidas neoliberais ganharam espaço e encantaram as grandes 
potências mundiais. Com este cenário favorável à neoliberalização, têm-se a substituição do 
compromisso do Estado Democrático liberal com os princípios do New Deal de pleno 
emprego, por medidas estruturais que objetivavam conter a inflação sem medir as 
consequências para o trabalhador. Dando início à longa era dos ajustes estruturais do 
Estado. 
 A política neoliberal programou medidas para facilitar a abertura do mercado exterior 
e a livre circulação de capital internacional, para dessa maneira fortalecer o poder 
econômico do Estado. Visando o equilíbrio econômico tinham como norte manter um Estado 
forte em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas 
fraco em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas. Portanto, o cenário com a 
implementação dos ajustes estruturais foi de estagnação do crédito rotativo do consumidor, 
endividamento de grandes potências e crescente taxa de desemprego, o que pra eles é uma 
nova e saudável desigualdade, essencial para o bem estar do Estado e o seu 
desenvolvimento. 
 Com a onda política a favor do neoliberalismo, em quase todos os países do norte da 
Europa Ocidental e no continente norte americano, têm-se a percepção de que a hegemonia 
do neoliberalismo teria se tornado uma ideologia. No inicio, somente governos 
explicitamente de direita se atreveram a pôr em prática as políticas neoliberais; depois, 
qualquer governo aderiu tais políticas, sendo algo do senso comum, algo enraizado no 
cotidiano da sociedade. 
 
5 Restauração do poder de classe, esta entendida aqui como a classe empreendedora ligada as 
novas áreas da economia como computação e internet, meios de comunicação e varejo. Dessa 
maneira se modifica, significativamente, o lócus do poder econômico da classe alta. A abertura do 
mercado ao empreendedorismo e as novas relações comerciais permitiram a formação de classes 
substancialmente novas. 
 
 
A prioridade imediata era deter a inflação dos anos 1970, e pode-se dizer que entre 
os anos 1970 e 1980, não se obteve êxito em relação à reanimação do capitalismo 
avançado mundial. Tal fato se dá pela desvalorização das relações sociais inseridas no 
processo de desenvolvimento econômico, quando se tem uma alta taxa de desemprego 
gerando uma desigualdade social cada vez mais alta não se tem um mercado consumidor 
para as mercadorias reais que são produzidas. Apesar de todas as medidas 
regulamentadoras aplicadas não se dá condições para que ocorra a circulação da moeda, 
para além da dinâmica monetária entre os países. 
Essa contradição do capitalismo gera ondas cíclicas de crise, não havendo 
harmonização e precedentes estáveis para tal sistema. A lógica que direciona tal ideologia 
vislumbra a impossibilidade de manter uma combinação entre acumulação, equidade e 
democracia política, à custa da exploração do trabalhador e da produção de uma riqueza 
coletiva que não é socializada, mas apropriada pelo capitalista, detentor dos meios de 
produção. Com este cenário, têm-se uma nova crise econômica nos anos 1990. Entretanto, 
não se têm a perda da hegemonia neoliberal pelo contrário, tal ideologia conquista novas 
áreas do mundo, como na Europa oriental e na União Soviética, de 1989 a 1991. 
Dessa vez, os neoliberais provocam consequências bem mais severas do que nos 
anos 1980. Estas lideranças políticas preconizam e realizam privatizações mais amplas e 
rápidas e promovem graus de desigualdade, sobretudo do empobrecimento da maior parte 
da população, muito mais brutais. 
 
 
 
 
2.1 A particularidade da América Latina 
 
O impacto do triunfo neoliberal no leste europeu tardou a ser sentido em outras 
partes do globo, particularmente, pode-se dizer, aqui na América Latina, que hoje é cenário 
da terceira grande experimentação do processo de neoliberalização. Têm-se a dificuldade 
de implementação de uma nova política econômica neste continente por se tratar de 
economias singulares, cada país se desenvolve de acordo com a sua particularidade. 
Entendendo os países latino-americanos como economias dependentes e 
subdesenvolvidas, portanto não podendo ser comparado aos países economicamente mais 
desenvolvidos. 
A América Latina se desenvolve em consonância com a dinâmica do capitalismo 
internacional, como meio de fortalecer os países europeus no seu capital comercial e 
bancário, além de ajudar na criação da grande indústria. Os países latinos americanos 
transferem bens primários buscando em troca manufaturas de consumo e de dívidas, 
quando as exportações se tornam estagnadas e a balança comercial é deficitária, o 
aumento de empréstimos estrangeiros se destina à sustentação das importações. A relação 
de dependência se configura deste modo, uma relação de subordinação entre as nações, 
onde as relações de produção das nações subordinadas se recriam e se modificam de 
maneira a atender as nações independentes. A reformulação da divisão internacional do 
trabalho pôs a América Latina como fornecedora de alimentos e matéria-prima para a classe 
operária que crescia arduamente nos países europeus, sendo uma condição necessária de 
sua inserção na economia internacional. 
 Das quatro experiências mais notórias, dos anos 1990, podemos dizer que três 
registraram êxitos impressionantes em curto prazo como o México, Argentina e Peru e que o 
fracasso ficou com a Venezuela que não possuía, na época, um cenário político facilmente 
moldável. A condição política para desregulamentação, o desemprego, as privatizações das 
economias mexicanas, argentina e peruana foi algo favorável a esse processo de 
implementação neoliberal. Foram regimes políticos autoritaristas. Mas não podemos afirmar 
que somente através de regimes autoritários pôde se impor com êxito as políticas 
neoliberais na América Latina. O exemplo da Bolívia, que usou a hiperinflação ao invés da 
ditadura militar como mecanismo de induzir democrática e não coercivamente um povo a 
aceitar as medidas estruturais das mais dramáticas, foi algo utilizado em outros países do 
continente. 
O golpe militar que se seguiram nos países latino-americanos pôs por terra a ideia de 
um desenvolvimento nacional e autônomo. Sob o impacto do clima repressivo na região, 
 
 
ganha forma a “Teoria da dependência” 6. Ao fim da segunda Guerra Mundial com a tarefa 
de reconstrução das economias dos países diretamente envolvidos, o capital norte-
americano buscou novas áreas para a acumulação e, dessa maneira, intensificou sua 
penetração no continente. O primeiro fator aparente destas mudanças é o enraizamento de 
filiais das multinacionais neste continente, objetivando monopolizar os mercados em que 
atuam, aumentando a exploração sobre economias mais fragilizadas. Estas empresas não 
se preocupam com os interesses nacionais, mas somente com o seu próprio avanço, 
mesmo que resulte na quebra econômica e social do país em que se instala. Tal processo 
vislumbra um único objetivo, como descreveu Santos, estas multinacionais 
 
se irradiam para os países subdesenvolvidos, em forma de subsidiáriasque 
levam seus estilos de organização monopolistas para economias muito 
frágeis [...] O processo de integração revela assim três aspectos muito 
importantes: o ajustamento das dimensões das empresas nos países 
subdesenvolvidos, a padrões que lhes são estranhos e o ajuste da política 
dessas empresas a interesses também alheios a tais países e muitas vezes 
contrários a estes [...] Por fim, o processo de integração implica um processo 
de descapitalização, devido às remessas de lucros e outros rendimentos 
muito superiores aos investimentos realizados (Santos, 1971, p.9). 
 
 
Para contribuir com o desenvolvimento dos países centrais, a América Latina teve a 
sua acumulação com base na exportação de capitais e na superexploração do trabalhador, 
como afirmou Marini: 
 
(,,,) sendo um recurso que os capitais com menor poder de competição 
acionam, a superexploração acaba, ao final, favorecendo os capitais 
monopolistas, posto que ali também se emprega força de trabalho cujo nível 
de remuneração obedece, em linhas gerais, ao nível médio fixado nas 
empresas que trabalham em condições médias. Portanto, reduz-se também 
em termos relativos a massa de salários pagos pelas empresas 
monopolistas, abatendo-se seu custo de produção.(...) Estabelece-se assim 
um círculo vicioso no qual a estrutura de preços tende sempre a ser 
deprimida, pelo fato de que se deprime artificialmente o preço do trabalho, o 
salário (MARINI, 2012, p. 30). 
 
 Portanto, esse misto de servidão e trabalho assalariado, que se estabelece tanto no 
Brasil como em diversos países do continente, em prol do desenvolvimento da economia 
exportadora mundial foi a principal via de aproximação entre o capitalismo e a América 
Latina. É com base nesta inter-relação que se estabelece a essência da dependência latino-
 
6 De acordo com Theotonio dos Santos a Teoria da dependência “é uma situação em que um certo 
grupo de países tem sua economia, condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra 
economia à qual sua própria está submetida. A relação de interdependência entre duas ou mais 
economias, e entre elas e o comércio mundial, assume a forma de dependência, (...)”. Portanto, a 
dependência entre os países desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos é algo inerente a realidade 
capitalista. 
 
 
americana. Dependência esta, que se apresenta em três vias principais: comercial, 
financeira e tecnológica. 
Desta maneira, vemos outra estratégia de enraizamento do neoliberalismo em países 
periféricos, para além de regimes autoritários. A preparação de um cenário de 
interdependência financeira e social entre a população de tais países para com as grandes 
empresas ligadas aos países centrais favorecendo a abertura ao pensamento neoliberal. 
Iremos destrinchar como se deu tal abertura e quais foram e ainda são as consequências 
disto para as políticas públicas, em particular a educação, no cenário brasileiro. No caso do 
Brasil, um país que passou por uma ditadura militar, mas também foi alvo da hiperinflação 
sendo a ideologia neoliberal vista como o único mecanismo para a reestruturação. 
 
 
 
 
2.2 O neoliberalismo à brasileira e o processo de c ontrarreforma 
 
 O Brasil desde a época da colônia e do imperialismo seguiu um único rumo: uma 
sociedade organizada economicamente para o mercado externo, uma economia agro 
exportadora. Essa dinâmica organizacional, não voltada para questões internas, teve um 
grande peso no desenvolvimento desigual e atrasado do país. Outra característica relevante 
foi o escravismo na sociedade brasileira, que até os dias de hoje deixa a sua marca quando 
pensamos a relação entre capital e trabalho. O processo de produção, na medida em que 
nos permite entender o processo de criação da mais-valia, dá conta do processo de 
exploração do trabalho pelo capital. O que é valorização para o capitalista é exploração para 
o trabalhador (MARINI, 2012, p. 22). 
 Um importante intérprete da formação econômica e social brasileira, Prado Jr. 
conseguiu identificar o quão foi à adaptação do Brasil ao capitalismo, começando através da 
transição gradual do escravismo para o trabalho livre, tentando articular de forma complexa 
o progresso (inserção do capitalismo) e a conservação de importantes elementos da época 
colonial. Para Prado Jr. o “atraso” é funcional ao desenvolvimento do lado “moderno”, 
quando novos agentes econômicos e sociais surgem, ainda que direcionados por regras de 
um antigo regime. 
 Portanto, processos como este, de ruptura com a aristocracia agrária, foram 
decisivos para criar todo um ambiente favorável à inserção do país no capitalismo, mas com 
ordem funcional do colonialismo. Desse modo, não se finaliza um sistema para dar início a 
outro, ocorre uma adaptação, a exemplo da economia colonial que passa por reajustes, para 
se moldar às condições de uma economia capitalista nacional. Rebatendo deste modo em 
um processo de industrialização tardio, aparência marcante de um país periférico e 
dependente. Mas principalmente de um país que une o arcaico e o moderno em um mesmo 
sistema, sendo um complementar ao outro. 
 A Independência do país foi de suma importância para minimizar o poder que era 
exercido de fora para dentro, para que possa ser organizado por elites nacionais. Essa nova 
dinâmica foi de encontro com elementos conservadores, a fim de preservar a dependência 
do país para com as grandes economias mundiais, dificultando desta forma a construção de 
uma nação independente e autônoma. Este movimento também é marcado pela ausência 
de interesse e compromisso, por parte das elites econômico-políticas com a defesa dos 
direitos do cidadão. 
 Com o fim do período colonial no país, surgem diversas camadas sociais dentro da 
lógica de sociedade “livre” e moderna, como as futuras “classes médias” que reforçam e 
apoiam o caráter conservador da sociedade colonial e imperial preservando-as, além de 
usufruírem de privilégios sobreviventes das mesmas. E, também, as ditas “classes 
 
 
subalternas” formadas principalmente, por antigos escravos que após o fim do regime 
escravocrata não tiveram nenhum respaldo por parte do Estado para se inserirem 
econômica e socialmente na sociedade. Mas, como já dito, não há o fim de uma antiga 
dinâmica e sim uma reformulação, um reajuste. Desta forma, o trabalho livre torna-se 
análogo ao trabalho escravo, e conseguimos observar a mesma organização, como altas 
jornadas de trabalho, baixas remunerações e falha na garantia de direitos, mas de uma 
maneira reformulada, se ajustando ao novo mundo do trabalho, mas carregando consigo a 
herança do escravismo e da sociedade colonial. Como dizia Fernandes: como não há 
ruptura definitiva com o passado, a cada passo este se reapresenta na cena histórica e 
cobra seu preço, embora sejam muito variáveis os artifícios da conciliação (em regra, uma 
autêntica negação ou neutralização da ‘reforma’) (1987: 202). 
 Portanto, percebe-se que as ‘reformas’ foram orientadas para o mercado, de modo 
que não responderam as demandas do Estado brasileiro vistas como causas centrais da 
crise econômica e social vivida pelo país desde o início dos anos 1980, desemprego 
estrutural e miséria. O que houve de fato foram processos de modernização que 
promoveram principalmente mudanças nas condições de vida e de trabalho das classes 
ditas subalternas, mudanças estas sempre dominadas e sob controle da classe dominante 
de modo a manter ‘no lugar’ a classe trabalhadora, tão ‘perigosa’ para a ordem do capital. O 
objetivo do Estado não vislumbrava a desigualdade social, mas sim, o ajuste fiscal e o 
pagamento da dívida externa, desta maneira aplicam-se medidas que atingem 
negativamente a seguridade social e contribuem para amortização da dívida redistribuindo 
os gastos públicos. 
 
A “reforma”, tal como foi conduzida, acabou tendo um impacto pífio em 
termos de aumentar a capacidade de implementaçãoeficiente de políticas 
públicas, considerando sua relação com a política econômica e o boom da 
dívida pública. Houve uma forte tendência de desresponsabilização pela 
política social – em nome da qual se faria a “reforma” -, acompanhada do 
desprezo pelo padrão constitucional de seguridade social (BHERING, 2009, 
p. 155.). 
 
 Deste modo, aplica-se o trinômio neoliberal para as políticas sociais – privatização, 
focalização e descentralização. Transformando as políticas em ações pontuais e 
compensatórias. Favorecidos, principalmente, pelo atual cenário onde as forças de 
resistência, em questão a classe trabalhadora, encontram-se fragmentadas em função do 
desemprego e da flexibilização das relações de trabalho e dos direitos. Portanto, agudiza-se 
ainda mais a desigualdade social onde a privatização acelera tal processo dividindo em 
quem pode e quem não pode pagar pelo serviço, seja ele de saúde, previdência, assistência 
ou de educação. 
 
 
As políticas sociais viraram sinônimo de mercadoria nas mãos de diversos políticos e 
estão cada vez mais sucateadas, o que aguça a ideologia neoliberal espalhada muitas 
vezes pelos meios midiáticos de que a melhor saída é privatizar os serviços públicos, 
direcionando, por debaixo dos panos, o orçamento público que deveria ser voltado para 
estes para políticas econômicas que favorecem principalmente o mercado externo. Tal 
desmonte nas politicas públicas vem acompanhado de uma violência estrutural que se torna 
aparente através do desemprego, do exílio em bairros estigmatizados e nas dimensões 
étnico-raciais e de gênero, presentes na vida cotidiana. 
 Desta forma, apresentaremos no próximo capitulo como se encontra a política de 
educação no meio deste cenário de desvalorização das políticas sociais e qual a 
importância de tal política em meio ao caos estabelecido no Brasil, no contexto de 
seguridade social. 
 
 
 
 
 
3. A Política de Educação Brasileira 
 
Um passeio histórico acerca das políticas educacionais brasileiras demonstra que a 
educação se estabeleceu como assunto nacional em nosso país desde a primeira metade 
do século XIX (Mantovani, 2013). Entretanto, evidenciam-se diferentes perspectivas sobre a 
temática a depender do período histórico, porém, na maioria das vezes o desenho das 
políticas educacionais se ilustrou com um caráter elitista, uma política que nasceu “do alto”. 
Uma política pública pensada para formar trabalhadores, qualificados e treinados aos 
moldes do capitalismo. 
Na quarta última parte dos anos 1900, a educação infantil brasileira vive duras 
transformações e é no regime militar, que trouxe inúmeros prejuízos para a sociedade, 
período que se inicia uma nova fase tendo no momento pós-ditadura o seu marco de 
consolidação na Constituição de 1988 e na tardia Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, de 1996. No ano de 1985, a então Secretaria Municipal de Educação da cidade de 
São Paulo publicou na revista Escola Municipal, “vontade política de construir uma pré-
escola pública, gratuita e comprometida com as necessidades das crianças e classes 
populares, contexto deste novo momento político e econômico”, marcado pelas lutas pela 
“redemocratização do país” (Escola Municipal, 1985, p.1). 
A política de educação se instaura com um caráter segmentador e assistencialista 
focando em atender as demandas sociais que gritavam perante os olhos do Estado e dos 
países que aqui queriam explorar. Na passagem do século XIX ao XX há o deslocamento da 
influência europeia para os EUA, tal concepção já previa o atendimento da pobreza sem 
muitos investimentos, fazendo com que as crianças das classes menos favorecidas fossem 
recebidas em instituições estruturadas precariamente. 
 
Depois de sangrarem por muitos anos as verbas educacionais, as propostas 
do regime militar queriam atender as crianças de forma barata. Classes 
anexas nas escolas primárias, instituições que deixassem de lado critérios de 
qualidade ‘sofisticados’ dos países desenvolvidos, ‘distantes da realidade 
brasileira’. Tratava-se de evitar que os pobres morressem de fome, ou que 
vivessem em promiscuidade, assim como o seu ingresso na vida marginal 
(KHULMANN, 2000, p. 11). 
 
 É interessante ressaltar que a criação dessas instituições foi para atender, 
principalmente, as crianças das famílias menos favorecidas. Para o poder público as 
crianças oriundas da classe dominada eram consideradas “[...] carentes, deficientes e 
inferiores na medida em que não correspondem ao padrão estabelecido; faltariam a essas 
crianças privadas culturalmente, determinados atributos ou conteúdos que deveriam ser 
nelas incutidos” (Kramer, 1995, p.24). Nessa perspectiva a pré-escola serviria como 
mediadora da mudança social, servindo como uma camuflagem sobre os reais problemas 
 
 
econômicos e políticos da sociedade. É nesse caráter assistencialista e pode-se dizer 
moldador que as instituições públicas atendem às camadas mais populares diferenciando-se 
por completo do cunho pedagógico nas instituições privadas, fica evidente o contexto de 
desenvolvimento entre essas classes adversas, enquanto as crianças vistas como menos 
favorecidas eram atendidas em caráter de carência e deficiência, as crianças da classe 
oposta recebiam uma educação que privilegiava a criatividade e a sociabilidade infantil. 
Desse modo, percebe-se a forte influência do mercado de trabalho e do interesse por 
parte do capital em qualificar mão de obra, regularizando e centralizando a educação em 
nível nacional. Até a década de 1970, a política de educação foi algo inalcançável para a 
classe trabalhadora, confirmando o seu caráter elitista, têm-se mais da metade da 
população sem acesso a educação básica. Com o avanço da indústria, já nos anos 1980 e 
1990 o processo de universalização da política educacional se encontra quase que 
completamente concretizado, porém os altos índices de evasão ainda são crescentes 
fazendo com que a escola continue sendo um espaço excludente. As mudanças que 
ocorreram na década de 1990 no âmbito da educação pública do país foram influenciadas 
pelo contexto internacional, visando à garantia de permanência de crianças e jovens na 
escola. 
Com o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), buscou-se avaliar a questão 
social nos anos 1990, após o desgaste provocado pelos governos militares. O Estado 
Brasileiro estava mergulhado em uma divida externa que o levava em direção á um 
processo inflacionário caótico impactando de modo agressivo a população gerando 
desemprego e pauperização. O Estado estava nas mãos de grandes empresas privadas 
internacionais, numa relação clientelista. 
Deste modo, Fernando Henrique apresentou um projeto de desenvolvimento para o 
país, para que o mesmo estivesse em consonância com a economia internacional, dando 
ênfase para o desenvolvimento científico e tecnológico, seguindo os passos da globalização 
e afetando todos os setores da sociedade incluindo, a educação. A política de educação 
está entre os pilares para as transformações pretendidas. Segundo Cardoso, em sua 
proposta de governo: 
 
A educação é, hoje, requisito tanto para o pleno exercício da cidadania como 
para o desempenho de atividades cotidianas, para a inserção no mercado de 
trabalho e para o desenvolvimento econômico, e elemento essencial para 
tornar a sociedade mais justa, solidária e integrada. (CARDOSO, 1994, p. 
47). 
 
 
 
 Como proposta de governo e a fim de universalizar o acesso à educação primária, 
FHC vislumbra como uma saída à transferência de responsabilidade acerca da política de 
 
 
educação básica, em que tal fica distribuída nas mãos dos estados e dos municípios através 
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do 
Magistério - FUNDEF7 (1998 - 2006), que visava à descentralização e a desconcentração da 
educação escolar via municipalização. Materializa outra concepção de papel do Estado,de 
articulação e governança entre os entes da Federação e se impõe o disciplinamento de 
gastos públicos na área educacional. 
A descentralização do ensino está prevista desde o Ato Adicional de 1834 que 
explicitava que cabia ao governo central o direito de legislar o ensino superior em todo o 
país remetendo às províncias o ensino primário, fazendo com que houvesse a mudança de 
responsabilidade do governo para a prefeitura sendo uma das chaves de explicação para a 
situação do ensino público tanto em sua capital como nos demais municípios. A partir de 
1970 as políticas de educação começam a se moldar com o objetivo de induzir a 
municipalização do ensino, mas a ideia descentralizadora não altera a lógica do sistema, 
pois as ordens que devem ser seguidas continuam sendo decretadas por instâncias 
superiores ficando nas mãos dos prefeitos apenas uma relativa autonomia, um falso poder 
de decisão. 
A estratégia de trocar à responsabilidade de uma política pública efetiva mostra, 
nitidamente, a falta de interesse do Estado para com o bem estar e desenvolvimento da 
sociedade, a educação como a saúde, previdência e assistência fazem parte de um 
conjunto de políticas públicas essenciais para a manutenção e reprodução do ser social. 
Porém, a depender do contexto histórico em que estamos inseridos tais políticas são cada 
vez mais postas de lado e o cenário atual é de total sucateamento. 
Com tal precarização, se dá a classe trabalhadora um mínimo de educação escolar, 
com despesas baixas. Deste modo, a ideia passada pelo governo era que a educação 
passava por uma crise de eficiência, eficácia e produtividade, alegando ser consequência 
das práticas de gestão centralizadas no Estado. Abrindo espaço para investimentos de 
fundo privado em uma política pública, afastando-se da responsabilidade administrativa e 
financeira. 
 
 
7O FUNDEF foi instituído pela Emenda Constitucional n.º 14, de Setembro de 1996, e regulamentado 
pela Lei n.º 9.424, de 24 de Dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto nº 2.264, de Junho de 1997. O 
FUNDEF foi implantado, nacionalmente, em 1º de Janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova 
sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental. 
 
 
3.1 A trajetória da LDB 
 
Este trabalho tem seus limites nas questões relativas a educação básica, 
buscaremos mostrar como tal descentralização de “competências” entre os entes federais 
atingiram tanto positivamente como negativamente a realidade das escolas municipais e 
como a LDB teve e ainda tem influência sobre esse processo. 
Com a preocupação de atender a todos sem essa distinção de classe social foram 
criadas diversas medidas legislativas como forma de regulamentar. Uma das primeiras 
medidas foi a inserção de um artigo na Constituição Federal de 1988 que desvinculou as 
creches da área de assistência social e passou a responsabilidade para a educação. Dois 
anos após a Constituição foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 
8.069/90, inserindo as crianças e os adolescentes no mundo dos direitos humanos. 
Destaca-se também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, essa lei 
define que a finalidade da educação infantil é promover o desenvolvimento integral da 
criança até seis anos de idade, complementando a ação da família e da comunidade 
(BRASIL, 1996). 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional se deu a partir das medidas de 
governo de Fernando Henrique, visando a universalização de acesso à educação básica 
que consequentemente diminuiria a baixa qualificação dos trabalhadores, aumentando a 
produtividade nacional. Portanto, a LDB, lei nº 9.394 de 1996, é uma legislação dada “pelo 
alto” de cunho político e econômico. 
Em sua trajetória temos histórias de embate entre a participação cidadã de diferentes 
segmentos da sociedade civil e figuras públicas do governo que demonstravam total 
interesse na promulgação de tal lei. A instauração da lei ensejou ganhos consideráveis para 
a maioria dos brasileiros, como a concepção da educação básica, mas também gerou 
ganhos ao ensino privado. A LDB/96 fortaleceu a descentralização na educação, onde cada 
instância federal se responsabiliza por uma etapa da escolarização, como por exemplo, a 
educação infantil e fundamental para os municípios, o ensino médio para os estados e a 
educação superior fica sobre encargo da esfera federal. 
O direito à educação, como uma bandeira de luta, engloba características comuns de 
um regime democrático que tem como norte um sistema de ensino público, gratuito, laico e 
sem distinção de classe, raça ou etnia. Como já vimos anteriormente, a educação básica era 
distinta para os trabalhadores, sendo um sistema excludente. Com a LDB tendo em um dos 
seus princípios a igualdade de condições de acesso e permanência na escola evidencia-se 
um problema latente no Brasil, a evasão escolar, que se dá não só pela falta de acesso, 
 
 
mas também por falta de políticas públicas que incorporem a maioria da população 
brasileira, possibilitando as crianças e jovens condições favoráveis de ensino. 
 A educação como toda a legislação que regulariza a mesma nasceu com um único 
objetivo: qualificar mão de obra. Porém, percebemos um novo patamar do direito à 
educação, onde busca-se unir diferentes comunidades, grupos sociais e diferentes pessoas, 
afim de expandir os olhares para uma sociedade que vai muito além da produtividade e do 
lucro do capital. A atual LDB, expressa uma concepção ampla de educação: 
 
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida 
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e 
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais (artº1. LDB/1996). 
 
Ao vislumbrar a educação escolar, atual, notamos claramente a contradição da 
mesma com o principio de ampla educação descrito na LDB. O isolamento da escola com o 
mundo exterior, a distância entre teoria e prática, uma organização escolar rígida e 
adestradora, levando a formação de atitudes passivas e subordinadas, sem falar da 
segregação ainda existente entre classes e diferentes grupos sociais. A estrutura curricular 
da educação básica (infantil, fundamental e ensino médio) se dá de maneira complementar, 
não sendo compensatórios uns dos outros, cada nível tem sua finalidade na formação social 
do alunado. 
O ensino fundamental fica sendo a etapa obrigatória da educação básica para 
crianças a partir dos sete anos de idade, e para todos aqueles jovens e adultos que não 
tiveram acesso no período regular, o que implica nesses casos na responsabilização do 
Poder Público. Com tal obrigatoriedade, transfere-se a responsabilidade nas mãos dos 
responsáveis pela criança de realizar a matrícula e “controlar” a frequência da mesma. Em 
muitos casos, pais trabalhadores que não encontram na instituição de ensino suporte para 
assistirem seus filhos em período integral, enquanto estão no horário de serviço. Por falta de 
políticas públicas que respondam tal necessidade. 
As leis de regulamentação são feitas para gerar um padrão universal, porém ocorrem 
efeitos perversos que são atrelados às disparidades regionais, da situação de domicilio, de 
raça e de renda. Com a municipalização da educação básica podemos notar que cada 
estado e município lidam com as dificuldades de ensino ao seu modo, e com isso a 
qualidade de acesso, atendimento e aprendizagem são afetadas de acordo com a realidade 
regional. Iremos discutir a realidade das escolas municipais do Rio de janeiro com as suas 
particularidades e seu público específico, sendo a maioria composta pela classe 
trabalhadora. 
 
 
3.2 A educação no Rio de Janeiro 
 
Quando falamos sobre política educacional carioca, seremos sempre guiados a 
Leonel Brizola que desde a sua primeira gestão, 1983 - 1987 como governadoreleito, tinha 
a ênfase na educação escolar como algo norteador em suas falas e propostas de governo. 
Brizola trouxe consigo uma nova concepção de escola, uma escola de tempo integral, os 
Centros Integrados de Educação - CIEPs8, popularmente conhecidos como “Brizolão”. O 
CIEP seria uma escola com rede de apoio social, pensando para além da educação 
integrando na mesma alimentação, saúde e higiene. Pensando nos fatores externos que 
influenciam negativamente a vida escolar, principalmente, de alunos de classe menos 
favorecida. 
Brizola se sustentava em argumentos já discutidos no trabalho em tela, como a 
escola pública ser antipopular, organizada para beneficiar a minoria dos alunos e possuir 
uma divisão entre pobres e ricos, público e privado e para, além disso, a escola não 
consegue atender as demandas de todos, pois se desvincula dos fatores externos que 
influenciam a vida do aluno, principalmente se for um aluno morador de periferia e sem 
respaldo por parte de politicas públicas, exaltando a importância do profissional de Serviço 
Social presente nestes espaços, a fim de aproximar o ambiente intra e extramuros 
escolares. 
Foram construídos, até o final de sua gestão, mais de cinquenta CIEPs, a maioria 
localizados em áreas de difícil acesso e em bairros periféricos, garantindo a qualidade e 
amenizando os problemas de segurança e os custos do governo com a locomoção dos 
estudantes. Porém, os mesmos sofreram duras críticas por juntar educação e 
responsabilidade social, chamado por muitos como assistencialismo. Com isso, o projeto de 
reforma das escolas foi abandonado, não só por falta de apoio do próprio grupo de 
professores como por falta de continuidade das políticas públicas que pudessem dar base 
para uma educação inovadora que mesclava trabalho pedagógico e social, como propunha 
os CIEPs. 
 Com a assunção das escolas estaduais pelo município, via municipalização, fossem 
elas CIEPs e/ou escolas rurais, sendo estas a maioria localizada em áreas periféricas, com 
muita pobreza e pouca arrecadação, há um alargamento de responsabilidades a serem 
assumidas pelo Estado desde meio de transporte aos alunos até uma infraestrutura 
adequada para bom funcionamento da instituição. Diante de tais fatos, “entre 1987 e 2008, 
 
8 O denominado “Brizolão” de Ipanema, no alto das comunidades do Pavão-pavãozinho e Cantagalo, foi o 
primeiro CIEP construído por Leonel Brizola. Atualmente, é uma das escolas do amanhã efetivada no mandato 
de Eduardo Paes, CIEP Presidente João Goulart. 
 
 
de um total de 1470 escolas estaduais que foram municipalizadas, somente 839 
permaneciam ativas, ou seja, em funcionamento” (Fernandes, Maria. 2009). 
 Os prédios dos CIEPs, atualmente, encontram-se largados e sucateados. Como o 
propósito era juntar em um mesmo ambiente diferentes atividades e manter os alunos um 
maior tempo nas escolas, tais terrenos são grandes e suportam mais de seiscentos alunos. 
Diante de tal fato fica nítido a falta de responsabilidade do Estado para com a educação, a 
falta de comprometimento com crianças e jovens e o distanciamento entre política pública e 
responsabilidade social. 
 Com o fim do projeto inovador de Brizola, a educação carioca passa a ser regida por 
um novo projeto, o projeto Nova Escola9. Tal projeto visa à reestruturação da educação 
pública e envolve metas e gratificações tanto aos profissionais de educação quanto a 
própria instituição, inserindo uma dinâmica empresarial, se utilizando de avaliação de 
desempenho e gratificação por produtividade. Tais gratificações são avaliadas através de 
índice de evasão escolar, desempenho dos alunos, número de matrícula e envolvimento da 
comunidade. 
Portanto, o primeiro projeto que visava integrar diferentes políticas públicas foi 
substituído por este atual projeto que defende que escola de qualidade e qualificação 
técnica para o trabalho andam lado a lado. Deste modo, associa a remuneração do 
professorado e demais profissionais da equipe escolar ao rendimento dos alunos através de 
testes de aprendizagem, avaliações de desempenho permanentes das escolas públicas 
municipais do Rio de Janeiro. Gerando uma competitividade entre as escolas e uma redução 
de custos com o congelamento do piso salarial, de certa forma transfere a responsabilidade 
que seria do Estado para as mãos do professor e de todos os funcionários envolvidos na 
gestão escolar. 
Através do Projeto Nova Escola e de toda a sua avaliação anual pode-se analisar o 
fluxo escolar, algo tão insatisfatório na realidade do Rio de Janeiro. Porém, estes resultados 
não geram consequências para a realidade escolar como políticas que transformem os altos 
índices de evasão em índices de participação, ou até mesmo a integração de outros 
profissionais que também poderiam somar e entender tal espaço ocupacional, não sendo 
restrito somente ao professor ou pedagogo. 
A educação básica do Rio de Janeiro, como todas as políticas públicas, sofre 
consequências das disputas políticas que ocorrem onde o modelo gerencial vem ocupando 
cada vez mais espaço. As portas das escolas públicas estão abertas para parcerias com 
empresas privadas, mas continuam fechadas para a comunidade. De que maneira este 
cenário pode ser modificado? Como dar vez e voz as famílias dos alunos? Discutiremos a 
 
9 O projeto Nova Escola foi instituído pelo Decreto Estadual nº. 25.959/2000 pelo então governador 
Anthony Garotinho. Tal projeto está em vigor até hoje e visa a reestruturação da educação pública. 
 
 
seguir como o papel do Serviço Social no espaço escolar pode beneficiar na disseminação 
de direitos e aproximar família, aluno e escola. 
 
 
 
 
4. Educação e Serviço Social 
 
 
 A complexidade de questões do cotidiano escolar exige que se supere a figura do 
professor como único e exclusivo ator para intervenção neste espaço, fazendo com que 
comece a se pensar em um trabalho multidisciplinar para obtenção de um maior êxito. Com 
a municipalização da educação, torna-se necessária a contratação de diversos profissionais, 
dentre eles o profissional de Serviço Social. Deste modo, diversas prefeituras passam a 
realizar concursos públicos e prever vagas para assistentes sociais, sendo a prefeitura do 
Rio de Janeiro, desde 2007, a maior empregadora no país voltada para a atuação no campo 
educacional10. 
 Pensando os direitos sociais em sua dimensão contraditória, os mesmos respondem 
os dois lados, onde se mostra como uma conquista dos e para os trabalhadores, mas 
também como um meio de controle social para o capital. Diante das classes dominantes a 
Educação e o Serviço Social são como ferramentas para mediar os processos 
contraditórios, haja vista o contexto econômico, político e social que abordamos nos 
capítulos anteriores, as consequências das medidas neoliberais impostas, além de aligeirar 
o processo de alienação e manutenção da ordem. Porém, por mais que a escola tradicional 
seja um meio de propagar ideias e valores de acordo com os moldes capitalistas, ainda 
assim é o único mecanismo capaz de uma reforma intelectual e moral. E é neste cenário 
que os assistentes sociais estão inseridos, de acordo com Iamamoto (2008) acerca da 
dimensão contraditória da profissão, temos que : 
 
A instituição Serviço Social, sendo ela própria polarizada por interesses de 
classes contrapostas, participa, também, do processo social, reproduzindo e 
reforçando as condições básicas que conformam a sociedade do capital, ao 
mesmo tempo e pelas mesmas atividades em que é mobilizada para reforçar 
as condições de dominação, como dois pólos inseparáveis de uma mesma 
unidade. É a existência e compreensão desse movimento contraditório que, 
inclusive, abre a possibilidade para o assistente social colocar-se a serviço 
de um projeto alternativo àquele para o qual é chamado a intervir (p. 94).Deste modo, ao assistente social, assim como qualquer outro trabalhador, cabe 
incidir nesta realidade que lhe é imposta hoje buscando nas lacunas deste sistema e 
utilizando-se da sua relativa autonomia formas possíveis de intervenção a favor dos 
interesses das classes subalternas, e nesta contradição se dá a efetividade do trabalho do 
assistente social e sua importância sociopolítica. Os quatro pilares de atuação deste 
profissional dentro da educação têm por fim garantir o acesso de crianças e adolescentes à 
 
10 Fazendo referência à experiência do projeto Rede de Proteção ao Educando (RPE), atualmente denominado 
de Programa Interdisciplinar de Apoio às Escolas (PROINAPE). 
 
 
educação formal, garantir a permanência nas escolas, trabalhar em prol de um processo 
democrático na gestão institucional e na qualidade dos serviços oferecidos pelas mesmas. 
 Se comparado aos espaços sócio-ocupacionais da saúde e da assistência social, a 
inserção do Serviço Social na educação é pouco expressiva, porém não se trata de um 
campo novo mas sim em fase de ampliação. Ainda tem poucos estudos que debatam tal 
inserção e o papel do profissional dentro do sistema educacional, a categoria segue 
construindo sua história e delimitando o seu papel dentro da instituição escolar. 
 A vinculação do Serviço Social com a Política de Educação foi sendo forjada desde 
os primórdios da profissão, onde a mesma era mecanismo controlador da classe 
trabalhadora então inserida na formação da mesma, aqui caracterizando educação não 
somente em seu padrão formal institucionalizado, mas também todos os elementos do 
cotidiano que influenciam no processo de formação intelectual e moral do indivíduo . 
Deste modo compreende-se a relação da educação com o trabalho, sendo os dois 
partes constitutivas da dinâmica da vida social enquanto uma totalidade histórica. Assim, 
como o trabalho fora convertido pelo capital em um meio de dominação e exploração, onde 
tal sistema se expande sob a desigualdade entre as classes sociais, a educação também é 
utilizada como mecanismo de alienação da classe trabalhadora, a fim de produzir 
conformidade quanto for capaz, disseminando as ideias da classe dominante. 
A Política de Educação é resultado tanto de respostas ao acirramento da questão 
social quanto da luta política da classe trabalhadora para que desse modo se torne um 
campo de embate de projetos educacionais distintos. Assim, transforma-se em objeto de 
intervenção do Serviço Social, pois em sua trajetória a política educacional brasileira 
evidencia como as desigualdades sociais são repetidas a partir de processos que limitaram, 
expulsaram e hoje objetivam “incluir” na educação escolarizada grande maioria da classe 
trabalhadora. O assistente social tem como uma de suas frentes de atuação na educação o 
acesso e a permanência desses sujeitos, levando em consideração todas as questões do 
cotidiano que dificultam a continuidade deste processo, fatores como o desemprego na 
família, a violência, o tráfico como mercado de trabalho, entre outras expressões da questão 
social que facilitam a evasão escolar. Evidencia-se aqui a necessidade e urgência por 
políticas sociais integradas, e não mais setoriais e focalizadoras, instrumentalizando ainda 
mais a intervenção do assistente social. 
 
 
 
4.1 O trabalho da assistente social na Política de Educação 
 
As atribuições e competências das assistentes sociais, sejam elas realizadas na 
educação ou em outro espaço sócio-ocupacional, são orientadas pelos princípios, direitos e 
deveres inscritos no Código de Ética Profissional de 1993 (CEP), na Lei de regulamentação 
da Profissão (Lei 8.662/93) e nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996). O 
reconhecimento das expressões da questão social como objeto de intervenção pressupõe 
compreender como, as mesmas, se expressam no cotidiano profissional, envolvendo uma 
luta diária pela materialização e consolidação dos direitos sociais. De alguma maneira, recai 
sobre a profissional a responsabilidade de “solucionar”, no âmbito escolar, a evasão, as 
inúmeras expressões da violência e da discriminação etc, uma luta não só individual mas 
também pública e muito maior, que envolve um sistema de Seguridade Social muito mais 
consolidado e integralizador, unindo diferentes políticas públicas. 
 Como já mencionado os pilares que norteiam a inserção da assistente social na 
educação são os processos de garantia de acesso, de permanência, da gestão democrática 
e da qualidade da educação. Entretanto, esta forma de abordagem expressa uma 
compreensão mais ampla das possibilidades da atuação profissional. A garantia do acesso 
e da permanência não esgotam o potencial e o alcance profissional. O trabalho não se 
restringe a ações de abordagem individual, mas também coletiva, administrativo-
organizacional, de investigação, de articulação, de formação e capacitação profissional. 
Envolvendo ações juntos às famílias, aos professores e professoras e aos demais 
trabalhadores e trabalhadoras da educação. 
 A garantia de acesso e a permanência tem sido a marca principal da inserção de 
assistentes sociais na educação, porém a ampliação e o acesso se dão de forma desigual, o 
Estado se ausenta da responsabilidade abrindo espaço para investimentos privados o que 
leva a um outro impasse na realização do trabalho profissional, o Serviço Social ligado 
diretamente aos programas e projetos de concessão de bolsa estudantil. Mesmo com toda a 
diversidade das formas de inserção e atuação nos estabelecimentos educacionais, a 
predominância ainda se encontra na área de assistência estudantil. O que leva a reflexão do 
porquê em escolas públicas, onde não há um programa de assistência estudantil, nos 
deparamos com nenhum dado que evidencie a presença de assistentes sociais no chão 
dessas instituições. O Serviço Social ainda é visto por muitos como mero executor de ações 
assistenciais e investigadoras, como o estudo socioeconômico usado por muitas instituições 
como meio de controlar e restringir a concessão de benefícios. 
Um outro desafio presente na relação entre Serviço Social e educação vem sendo 
identificar as demandas dos diferentes níveis de modalidade que envolvem a política de 
 
 
educação, sendo uma consequência da forte presença de profissionais na educação 
superior e na educação tecnológica de nível federal, em contraponto com a mínima inserção 
de profissionais no ensino médio, no ensino fundamental e na educação infantil. 
Como foi citado acima, o profissional de Serviço Social não se restringe somente a 
atendimentos individuais e a assistência estudantil, também responde a demandas do 
cotidiano que rebatem diretamente no processo de formação do alunado, como as 
diferentes expressões da questão social, e não somente o aluno é confrontado pela 
dinâmica do capital, mas os professores, as famílias e todos os sujeitos envolvidos no 
processo de constituição da instituição escolar. 
Portanto, a presença do Serviço Social nas escolas públicas é de suma importância, 
vendo este profissional como um mediador no processo para uma formação mais crítica, e 
vendo a educação básica como um pilar, o primeiro passo para romper com a educação que 
aliena e doutrina. Porém, não há interesse por parte da classe dominante tal inserção, 
vamos apresentar a seguir o cenário profissional de assistentes sociais no estado do Rio de 
Janeiro, evidenciando aqui a dificuldade de registros bibliográficos que analisem, 
especificamente, o trabalho destes profissionais nas escolas municipais cariocas. 
 
 
 
 
4.2 O Serviço Social atuante na educação básica do Rio de Janeiro 
 
A inserção de profissionais de Serviço Social no campo da educação básica na 
Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, deu início na época da gestão do Partido dos 
Democratas (DEM), 2005 - 2008, onde a Secretaria de Assistência Sociale a Secretaria de 
Educação firmaram uma parceria objetivando melhoria das condições de aprendizado, 
diminuição da evasão escolar e orientação às famílias. 
Em 2007, as então Secretarias de Assistência Social e Educação implantaram um 
projeto chamado “ A rede de proteção aos educandos”, visando combater a evasão escolar 
e teve como ponto de partida todas as transformações vividas pela sociedade e os 
rebatimentos dessas no cotidiano familiar. 
 À época, as assistentes sociais da RPE estavam lotadas na Secretaria Municipal de 
Assistência Social e o que demandava esta secretaria a estes profissionais eram ações 
vinculadas à política de Assistência Social (como atividades do programa Bolsa-Família ou 
PETI, por exemplo). Houve muitas resistências por parte das assistentes sociais por estas 
entenderem que deveriam atuar nas demandas identificadas e discutidas junto à 
comunidade escolar, ou seja, demandas da educação. Deste modo, no final de 2009, todas 
as assistentes sociais da RPE (projeto este rebatizado de PROINAPE - Programa 
Interdisciplinar de Apoio às Escolas, como é conhecido atualmente) foram lotadas na 
Secretaria Municipal de Educação, tornando-se formalmente profissionais da educação. 
Tal projeto se desenvolveu com articulações intersetoriais e interdisciplinares, com a 
presença de psicólogos, educadores e 122 assistentes sociais distribuídas entre as dez 
coordenadorias regionais de educação. Entretanto, a relação destes profissionais é 
diretamente com a escola, onde a mesma apresenta os impasses e as dificuldades 
escolares e em cima disso a equipe promove ações de intervenção. Trata-se de uma equipe 
técnica itinerante, não havendo um profissional presente diariamente no cotidiano escolar. 
A Gerência do Serviço Social na Educação, através do Programa de 
Desenvolvimento Escolar e da avaliação por baixo desempenho dos alunos identifica qual 
escola será atendida prioritariamente pela equipe da RPE, de acordo com a coordenadoria 
regional que a mesma corresponde. A partir deste momento, começa a se pensar no plano 
de trabalho para aquela escola municipal, é analisado qual localização se encontra a 
mesma, as principais questões identificadas pela diretoria, professores e outros profissionais 
da educação envolvidos na dinâmica daquele ambiente educacional. Questões estas que 
vão desde bullying entre alunos até violência doméstica, a depender da análise da equipe a 
intervenção poderá ser feita através de rodas de conversa, individualmente e, em alguns 
casos específicos, com visitas domiciliares. O plano de trabalho é elaborado para um 
 
 
período de um ano, onde no final de cada ano é avaliado de acordo com os resultados e 
metas alcançadas de curto, médio e longo prazo. 
Além do Proinape, há um projeto de Lei nº 3.688/2000 que visa a implementação de 
assistentes sociais no quadro de profissionais da educação nas escolas municipais de 
educação básica, este projeto está em tramitação desde 2000 e encontra-se a espera para 
ser julgado pelo plenário desde 2015, sendo esta a última instância para ser sancionado 
pela presidência da república. 
Tal lei é de suma importância tanto para a legitimação da profissão no campo da 
educação, como para um primeiro passo de aproximação de uma educação de qualidade e 
emancipadora entendendo a escola como um espaço privilegiado de produção de 
subjetividades, construção de sociabilidades e que cotidianamente é defrontada com as 
manifestações e pelos enfrentamentos da questão social. Manifestações estas que se 
apresentam em seu caráter mais bruto, que são enxergadas pelo profissional de Serviço 
Social como consequências de uma totalidade para além de culpabilizar o sujeito por suas 
ações, mas entendendo o contexto em que ele está inserido na sociedade. 
Deste modo, a presença da assistente social nas escolas diariamente não traria 
benefícios apenas para os alunos, mas ajudaria no desenvolvimento da educação de modo 
geral, com intervenções diretas e direcionadas de maneira correta a fim de amenizar o 
problema com a evasão escolar e o analfabetismo que atinge grande parte da população. 
Não exaurindo o papel do professor, mas dando ênfase a importância de um trabalho 
interdisciplinar. 
 
 
 
 
 
5. Considerações finais 
 
Como vimos o Serviço Social na área da Educação ainda requer maior expansão. Ao 
analisar o processo de desenvolvimento do neoliberalismo no mundo e em especial na 
América Latina procuramos demonstrar aspectos gerais e específicos que incidem 
diretamente nas políticas sociais e na área da Educação como um todo. A política neoliberal 
vislumbra o desenvolvimento econômico e de mercado, e não o desenvolvimento humano e 
social, dessa forma dificulta e cria barreiras para a execução de um trabalho de excelência 
que vá em desencontro com a ideologia imposta por eles. 
Na forma organizacional que o Estado é gerido, a voz do povo é a última a ser 
ouvida, ou muitas vezes nem sequer é consultada. Portanto, as decisões são tomadas pelo 
alto, sem base alguma da realidade em que o povo está submetido no seu cotidiano, a 
consequência desse processo vem em diferentes formas, no desemprego, na fome, na falta 
de uma educação de qualidade e de políticas públicas básicas para a manutenção do ser 
social. 
O processo de contrarreforma tem influências decisivas no âmbito das políticas 
acarretando mudanças e modificando a estrutura e o contexto social, bem como agravando 
as manifestações da questão social. As ditas ‘reformas’ tão propagadas pelos meios 
midiáticos e nos discursos de diversos políticos visou somente a modernização do mercado 
de acordo com o contexto da época, mas sem se desvencilhar por completo das bases 
neoliberais, apenas mascarando-as, como o emprego informal, a terceirização e a 
privatização. 
Desta maneira, a maior parte dos recursos de governo que deveriam ser 
direcionados a ampliação de políticas públicas integradas, se viram para o pagamento da 
dívida externa e para investimento no mercado financeiro. Esta falta de interesse do Estado 
para com o bem-estar populacional acarreta em consequências de curto e a longo prazo. 
Este cenário se materializa no reforço ao setor privado que cresce na medida que se 
encolhe o setor público. 
Em uma sociedade marcada pela desigualdade social, muito precocemente centenas 
de crianças e adolescentes inserem-se no mercado de trabalho, deixando a educação em 
segundo plano e abdicando ao direito à infância e à adolescência. Com menos crianças 
inseridas no ambiente escolar, mais se tem uma população alienada e doutrinada aos 
mandos do capital, dificultando assim o trabalho de educadores, pedagogos e os próprios 
assistentes sociais que possuem uma visão de educação emancipadora. Entretanto, não se 
esgotam os esforços para romper tais barreiras e disseminar o pensamento crítico, juntando 
teoria e realidade, onde uma não deve se desvencilhar da outra, sendo duas faces 
complementares. 
 
 
No Brasil temos importantes transformações na legislação e na configuração da área 
da Educação, e em especial no Rio de Janeiro como analisamos no capítulo 3, a educação 
brasileira passou por várias mudanças desde a catequização dos nativos até a educação 
formadora de mão de obra. Percebemos no decorrer da pesquisa que a educação tem suas 
bases no caráter segmentador e assistencialista, focando em responder as demandas que 
gritam da população mais pauperizada de uma maneira objetiva e simplista sem muito 
investimento. 
Aqui falamos da política de educação como um espelho do antagonismo de classe 
muito marcante na nossa sociedade. A diferenciação do cunho pedagógico entre as 
crianças vindas da classe operária para as crianças nascidas no berço da classe dominante, 
se torna presente na falta de estrutura das escolas públicas, do não investimento em cultura 
e na má remuneração dos profissionais que atuam na educação pública, em contrapartida a 
educaçãoprivada cresce privilegiando a criatividade e a sociabilidade infantil. 
Com a descentralização da educação dividiu-se a responsabilidade entre os entes 
federais, como toda medida governamental tem os seus pontos positivos e negativos. 
Através da municipalização da educação básica diminuiu a parcela de capital direcionado 
para tal segmento, porém, deu uma relativa autonomia às prefeituras para gerirem suas 
escolas de acordo com a realidade de cada município, analisando localidade, infraestrutura 
e questões pontuais no cotidiano daquela instituição educacional. 
No caso do Rio de Janeiro, para além de lidar com a disparidade entre o que vem 
descrito na LDB e no ECA sobre educação ampliada a todos, e o que realmente acontece 
na prática, a segregação entre classes, temos a realidade regional que envolve a violência, 
o desemprego estrutural e a falta de políticas públicas integradas, aumentando o quadro de 
evasão escolar e a taxa de analfabetismo. No período de 1983 - 1987, em sua primeira 
gestão, Leonel Brizola foi um governador que pensou a escola para além do seu caráter 
pedagógico buscou unir educação, alimentação, saúde e higiene em um único ambiente, os 
CIEP’s seriam uma escola com rede de apoio social, mantendo as crianças em tempo 
integral com diferentes atividades culturais e sociais, para de alguma maneira afastá-las de 
fatores externos que influenciam negativamente a vida escolar e social do alunado, 
principalmente daqueles moradores de periferia. 
Como o projeto de Brizola não atendia aos interesses do capitalismo, o mesmo foi 
abandonado recebendo fortes críticas e sendo julgado por ser assistencialista, além da falta 
de continuidade de políticas públicas que pudessem dar base para uma educação inovadora 
que mesclava trabalho pedagógico e social. A presença do profissional de Serviço Social 
neste espaço, se torna de suma importância a fim de aproximar o universo intra e 
extramuros escolares, ainda mais por atualmente o projeto que direciona às escolas, Projeto 
 
 
Nova Escola, ter seu cunho empresarial, implementando metas e gratificações de acordo 
com o desempenho de cada unidade escolar. 
Torna-se nítido que cada vez mais os espaços públicos vem sendo cooptados por 
leis e diretrizes do capitalismo, tendo a população um espaço mínimo de atuação. Por mais 
que a educação venha ser uma mediadora da classe dominante para a propagação de seus 
ideais, temos que através de brechas, mesmo que mínimas, disputar ideias e disseminar um 
pensamento crítico de acordo com o nosso Projeto Ético-político. A presença de assistentes 
sociais e outros profissionais que enxerguem a educação como a porta de entrada para a 
formação de pensamento crítico e de uma reforma intelectual e moral, é de suma 
importância nos chão das escolas pois a aproximação com a realidade individual de cada 
instituição traz maior apropriação, tornando o trabalho de intervenção mais efetivo. 
Com relação ao capítulo 4 identificamos alguns importantes trabalhos, mas não 
esgotamos o tema, sobretudo, pela ainda limitada atuação do Serviço Social na área. Como 
proposta para este trabalho queríamos debater a inserção do assistente social na educação 
básica do Rio de Janeiro, porém a dificuldade de encontrar bibliografia sobre o tema fora 
uma barreira, a não atualização dos meios midiáticos da prefeitura e a dificuldade no acesso 
às informações fizeram com que a pesquisa não se esgotasse. Dessa maneira, 
apresentamos superficialmente o cenário da educação municipal carioca e a atuação do 
Serviço Social neste espaço sócio-ocupacional. 
Porém, a discussão sobre o tema aguça cada vez mais o interesse para mergulhar 
nesse campo ainda em exploração para a categoria profissional, enxergamos a educação 
como o primeiro contato com a sociabilidade sendo assim um forte campo de disputa de 
ideias. A presença de assistentes sociais na educação básica, mas não de longe e sim 
dentro do cotidiano e do espaço institucional se torna de suma importância, tanto para 
fortalecer o laço entre educação e população, como para uma análise mais concreta da 
realidade de crianças e adolescentes que desde muito novos são confrontados com as 
manifestações da questão social. 
O PROINAPE foi um grande passo para a aproximação de diversos profissionais 
com o cotidiano escolar, porém o fato de ser itinerante deixa a desejar a sua efetividade. 
Apoiamos a projeto de Lei nº 3.688/2000 que visa a colocação de assistentes sociais no 
quadro de profissionais da educação básica, sabendo de sua importância para legitimar a 
profissão no campo da educação e principalmente como uma forma de aproximação para 
uma educação de qualidade e emancipadora, enxergando a escola como um espaço 
privilegiado. 
Por fim, deixamos o questionamento, a presença de assistentes sociais nas 
instituições de ensino superior, nas instituições de ensino técnico e em algumas instituições 
de ensino público como o Colégio Pedro II, está atrelada a presença de bolsa estudantil? As 
 
 
escolas municipais por não possuírem um sistema de bolsas e cotas, não tem necessidade 
da presença deste profissional? Depois de todo o questionamento levantado sobre a 
atuação do profissional de Serviço Social, podemos notar que o mesmo intervém de 
diferentes formas, por meio de trabalho com grupos, entrevistas individuais e com todos os 
sujeitos envolvidos dentro do espaço de atuação em questão, profissionais da educação, 
alunos e familiares. Portanto, sigamos na luta pelo reconhecimento da profissão no campo 
da educação, não exaurindo o papel do professor, mas sim buscando um trabalho 
interdisciplinar e políticas públicas mais integradas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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