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53 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM Unidade II 5 AS TEORIAS DE ENFERMAGEM 5.1 As teorias de Enfermagem e sua influência nos processos cuidativos A assistência de enfermagem começou a ter seu corpo científico formado após os registros e estudos realizados por seus profissionais. Para obter registros sérios e relevantes, buscou-se a organização da ação e de seus resultados. As ações sistematizadas e inter-relacionadas, ou seja, o processo de enfermagem (PE), representa uma abordagem ética e humanizada de enfermagem, focando na resolução de problemas dirigidos às necessidades de cuidados de enfermagem e saúde de um cliente. Saiba mais Sobre o assunto, leia: GOMES, V. L. de O. et al. Evolução do conhecimento científico na Enfermagem: do cuidado popular à construção de teorias. Investigación y Educación en Enfermería, Universidad de Antioquia – Facultad de Enfermería, Medellín, v. XXV, n. 2, set. 2007. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma atividade regulamentada pela Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. O método mais usual no Brasil foi teorizado, estudado e desenvolvido na década de 1960 por Wanda de Aguiar Horta, designado Processo de Enfermagem (PE), dirigindo a assistência ao ser humano e sendo dividido em fases: histórico de Enfermagem, diagnóstico de Enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico de Enfermagem (VENTURINI; MATSUDA; WAIDMAN, 2009). Através da Lei do Exercício Profissional, Lei nº 7.498/86, em seu artigo 8°, a legislação brasileira dispõe a participação do enfermeiro na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde. Já a Resolução do Cofen nº 272/2002, revogada pela 358/2009, discorre sobre a SAE. A SAE tem como propósitos permitir utilizar o conhecimento e habilidade de forma organizada e orientada; viabilizar a comunicação do enfermeiro com outros profissionais e demais colegas de outras especialidades, abordar os problemas atuais no cotidiano do cuidado; ser essencial na provisão de um cuidado abrangente e qualificativo para o paciente; ser importante avanço para a conquista da autonomia profissional e desmitificar a ideia de que a prática de enfermagem é apenas baseada na prescrição médica (ALCÂNTARA et al., 2011). 54 Unidade II A Enfermagem só vem conseguindo consolidar-se como ciência e arte, porque tem produzido uma linguagem específica que atribui significado aos elementos fundamentais da profissão. Essa linguagem é representada pelas teorias de Enfermagem, que têm como objetivo maior definir, caracterizar e explicar/ compreender/interpretar, a partir da seleção e inter-relação conceitual, os fenômenos que configuram domínio de interesse da profissão. As teorias organizam as ideias, descrevem acontecimentos, pessoas ou objetos, pelo qual se forma uma maneira de ver a Enfermagem no seu âmbito e desenvolver a sua prática, a partir de um conjunto de conhecimentos que se inter-relacionam. Observação Teorias de Enfermagem auxiliam a compreensão da realidade, favorecendo a reflexão e a crítica. Fundamentam-se em método de solução de problemas, baseado na observação e análise de dados coletados sistematicamente. O PE indica um trabalho profissional específico e pressupõe uma série de ações dinâmicas e inter-relacionadas para sua realização, ou seja, indica a adoção de um determinado método ou modo de fazer, como a SAE, fundamentado em um sistema de valores e crenças morais e no conhecimento técnico científico da área (GARCIA, 2009). A expressão Processo de Enfermagem ainda não era utilizada na segunda metade do século XIX, mas Florence já enfatizava a necessidade de ensinar as enfermeiras a observar e a fazer julgamentos sobre as observações feitas. Sua introdução formal na linguagem profissional ocorreu na década de 1950, sob a influência do método de solução de problemas, baseado no método científico de observação, mensuração e análise de dados, com destaque para a importância da coleta sistemática e análise de dados, realizadas com rigor metodológico. O primeiro registro formal dessa maneira de pensar é a lista dos 21 problemas que deveriam ser o foco do cuidado de Enfermagem, elaborada por Faye Abdellah em 1960, e a lista das 14 áreas de necessidades humanas básicas, descrita por Virgínia Henderson também em 1960. Foram ainda publicados exemplos de instrumentos de coleta de dados, como o modelo baseado em 13 áreas funcionais, proposto por Faye McCain em 1965. Em 1967, o PE foi descrito por Helen Yura e Mary B. Walsh com quatro fases: coleta de dados, planejamento, intervenção e avaliação. Ao descrevê-lo, as duas autoras enfatizaram as habilidades intelectuais, interpessoais e técnicas que consideravam ser necessárias e essenciais à prática profissional. A despeito de sua indiscutível importância, um aspecto que caracterizou essa primeira geração do PE foi que as necessidades de cuidado e os processos de solução dos problemas dos pacientes relacionavam-se, predominantemente, a determinadas condições fisiopatológicas, médicas. O termo diagnóstico estava presente na literatura da área desde 1950, quando Louise McManus, em conferência pronunciada no Teachers College, em Nova York, se referiu à função específica da enfermeira como sendo a identificação ou diagnóstico do problema e o reconhecimento de seus aspectos inter-relacionados, assim como a decisão sobre as ações a serem implementadas para sua solução. Entretanto, a etapa diagnóstica não estava incluída no PE até 1973, quando foi realizada a primeira conferência para classificação de diagnósticos de Enfermagem em que, 55 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM usando tanto o processo de raciocínio dedutivo quanto o indutivo, os participantes elaboraram e aprovaram a primeira listagem de problemas/situações que eram reconhecidos na prática como pertencentes ao domínio independente da profissão. O movimento de identificação e classificação de diagnósticos de Enfermagem provocou uma mudança no pensamento, alterando da ênfase anterior na identificação e solução de problemas para a ênfase no raciocínio diagnóstico e no pensamento crítico. Esse fato muda o entendimento do PE, de um processo lógico, linear, de solução de problemas, para um processo dinâmico, em espiral ascendente e recorrente, que nos auxilia a gerenciar a informação sobre a clientela e a tomar decisões sobre as ações e intervenções profissionais que ela demanda. Por se tratar de processo dinâmico, ele, por si, passa por alterações do seu entendimento. Na segunda geração, da década de 1980, envolve a formação acadêmica baseada no julgamento crítico; a terceira geração, da década de 1990, se volta para a especificação e testagem na prática de resultados do paciente que sejam sensíveis à intervenção profissional. Uma vez que um diagnóstico de enfermagem é feito, especifica-se um resultado a ser alcançado e cria-se com isso uma dupla obrigação, a de intervir e, em seguida, avaliar a eficácia da intervenção realizada. No Brasil, o PE foi introduzido na década de 1970, pela professora Wanda de Aguiar Horta, que o definiu como a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando à assistência ao ser humano. Na perspectiva de Horta (1979) e neste trabalho, ser humano ou pessoa refere-se ao indivíduo, família (ou pessoa significante), grupo e comunidade que necessitam dos cuidados de enfermagem. A partir da década de 1970 até a década de 1990, presenciou-se o aparecimento das classificações de Enfermagem (diagnósticos, intervenções e resultados de Enfermagem), uma vez que a área necessitava de linguagem própria que veiculasse os elementos da sua prática. Os diagnósticos, intervenções e resultados veiculam conceitos que podem ser vistos no mundo real e possuem uma definição conceitual e atributos, tais como características definidoras e fatores relacionados ou de risco para os diagnósticos, ações para as intervenções e indicadores para os resultados. Todos têm uma base de pesquisa,sendo aplicáveis na prática clínica e passíveis de desenvolvimento de teorias próprias das ciências aplicadas como a Enfermagem. Para uma ciência como Enfermagem, as classificações representam uma contribuição para a construção do conhecimento, acumulação e registro desse conhecimento. As classificações são ferramentas necessárias para a comunicação de uns com os outros. Fornecem uma linguagem padronizada que facilita a comunicação tanto entre enfermeiros como entre enfermeiros e outros profissionais de atendimento à saúde e também com o público (MOORHEAD; DOCHTERMAN, 2012). A contribuição das linguagens padronizadas à prática e ao desenvolvimento da Enfermagem é detalhada nos conceitos NNN – classificação de diagnósticos de Enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association (Nanda), classificação de intervenções da Nursing Interventions Classification (NIC) e classificação de resultados de Enfermagem da Nursing Outcomes Classification (NOC). Dependendo da instituição, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (Cipe®) e os termos do projeto Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (Cipesc) podem representar a linguagem utilizada nas etapas do processo de enfermagem. O serviço de enfermagem da instituição em que o 56 Unidade II cuidado ocorre deve refletir na sua filosofia, nos referenciais teóricos e nas classificações que mais se aplicam à pessoa cuidada (indivíduo, família, comunidade e demais grupos). No início da década de 1960, os profissionais enfermeiros, conscientes da necessidade de teorizar, foram buscar conhecimento sobre o que é teoria, seus elementos componentes e estratégias para desenvolvê-las em outros campos do saber, produzindo maior aprendizado na área da filosofia da ciência e o aumento da habilidade para reflexão crítica. A não centralização, apenas no modelo biomédico, acentuou o foco de cuidado de enfermagem na pessoa, na promoção de sua integridade, e não apenas na patologia. Todos os modelos teóricos publicados colocam o ser humano considerado como parte da matriz conceitual. A pessoa é apresentada em todos os modelos de enfermagem como um ser bio-psico-socio-espiritual, holístico, um ser com necessidades básicas que precisam ser atendidas, e a sua unidade e totalidade têm que ser consideradas para que o cuidado alcance sua meta. No desenvolvimento das teorias, algo em comum entre todas é o fato de serem conceituações articuladas com a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado da enfermagem. As teorias de Enfermagem trabalham com metaparadigma, que é um conjunto de informações vindas do indivíduo para analisar o problema desse indivíduo e qual a melhor intervenção para solucionar ou amenizar tal problema. São quatro conceitos que determinam o foco dessas teorias: a pessoa (indivíduo, família, comunidade ou humanidade), a saúde (estado de bem-estar entendido pelo cliente e enfermagem), o ambiente (arredores, comunidade e universo) e a enfermagem (ciência e arte). As teorias podem ser organizadas por categorias: • Quando orientadas para as necessidades humanas e problemas, focam as necessidades e os problemas que os pacientes/clientes têm, buscando preenchê-los e corrigi-los utilizando o PE. O cuidado está centrado na independência da pessoa e na satisfação das suas necessidades fundamentais ou na sua capacidade de realizar os seus autocuidados. São teoristas que se apoiam nessa categoria: Florence Nightingale, Lydia Hall, Jean Watson, Virginia Henderson, Dorothea Orem, Faye Abdellah e Wanda de Aguiar Horta. • Quando orientadas para interação, focam o processo de comunicação no preenchimento das necessidades do paciente/cliente. O cuidado é um processo humanitário, e não mecânico. São teoristas que se apoiam nessas orientações: Hildegard Peplau, Josephine Paterson, Loretta Zderad, Ida Orlando, Joyce Travelbee, Helen Erickson, Evelyn Tomin, Mary Ann Swain, Ernestine Wiedenbach, Imogene King, Anne Boykin e Savina O. Schoenhofer. • Quando orientadas pelo campo de energia/ser humano unitário, acreditam que as pessoas são campos de energia em constante interação com o seu ambiente ou com o universo. Baseadas no contexto da orientação da abertura para o mundo e no paradigma da transformação, consideram um processo de trocas contínuo, no qual a pessoa e o enfermeiro são colaboradores, e é a própria 57 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM pessoa quem decide o rumo das trocas. São teoristas que seguem essa orientação: Martha Rogers, Margaret Newman e Rosemarie Rizzo Parse. • Quando orientadas para os sistemas, sugerem que o homem é composto de muitas partes ou subsistemas que, quando juntos, são mais diferentes do que sua soma. São teoristas que seguem essas orientações: Dorothy Johnson, Callista Roy, Betty Neuman, Myra Levine e Madeleine Leininger. As teorias de Enfermagem devem ser escolhidas para a realização dos cuidados levando em consideração as orientações que seguem e a adequação ao perfil de paciente, instituição e profissionais que a adotarão. Veremos a seguir algumas características de cada uma delas e o perfil de seu autor. 5.1.1 Teorias orientadas para a tese das necessidades/problemas Modelo Ambiental, de Florence Nightingale A visão de Florence objetivava priorizar o fornecimento de um ambiente estimulador do desenvolvimento da saúde para o paciente. Ela acreditava que isso faria um diferencial na recuperação dos doentes, e são esses preceitos que sustentam a Teoria Ambientalista. Os diversos trabalhos escritos de Florence falam do provimento de fatores, como ventilação, ar e água limpos, calor e limpeza, de modo que o processo de reparação, instituído pela natureza, não seja impedido. Sendo assim, auxiliar os pacientes para que mantenham suas capacidades vitais, satisfazendo suas necessidades, é tido como meta da enfermagem; portanto, de acordo com Florence, a enfermagem é uma prática não curativa, na qual o paciente é colocado na melhor condição para a ação da natureza (HADDAD, 2011). Florence Nightingale, embora nascida na Itália, era inglesa, pertencente a uma família rica. Ela pôde ser educada em vários idiomas e adquirir cultura e conhecimentos. Reconhecida como a principal enfermeira da Idade Moderna, participou como enfermeira da Guerra da Crimeia, onde teve fundamental influência sobre o desenvolvimento dos pensamentos inovadores trazidos por ela para o contexto do cuidado oferecido a um doente. Ela passou a compreender o que era eficaz na reabilitação dos soldados feridos em combate ou vindos de cirurgias e o que prejudicava esse processo. Esses ideais fazem parte do contexto da prática de enfermagem vivenciado pelos profissionais que atuam hoje. Isso significa que a verdade de Florence foi estabelecida e serve de parâmetro até os dias atuais, sendo inquestionável a efetividade de seus feitos. Solução de Problemas, de Faye Glenn Abdellah Nela, os enfermeiros devem usar o método de solução dos problemas-chave de enfermagem relacionados às necessidades de saúde das pessoas. Os problemas podem ser evidentes, através de uma condição aparente, ou ser encobertos, quando relacionados à esfera emocional, sociológica e interpessoal por natureza. Desenvolveu os chamados 21 Problemas de Enfermagem de Abdellah, em busca de identificar as necessidades do paciente e a consequente atividade de enfermagem. 58 Unidade II Os 11 primeiros problemas identificados tratam de necessidades ligadas às atividades somáticas do paciente, como manter boa higiene e conforto físico, facilitar a manutenção de oxigênio, garantir a nutrição e eliminações, reconhecer as reações fisiológicas do próprio corpo às condições patológicas, fisiológicas e compensatórias da doença, entre outras. Os problemas seguintes estão voltados ao psicossocial e ao espiritual, como identificar e aceitar expressões, sentimentos e reações positivas e negativas, assim como entender a relação entre emoções e doenças orgânicas,facilitar a manutenção de efetiva comunicação verbal e não verbal e criar e/ou manter um ambiente terapêutico (SANTOS et al., 2011). Faye Glenn Abdellah, nascida em 13 de março de 1919 em Nova York, graduou-se em Enfermagem e foi homenageada como uma lenda viva pela Academia Americana de Enfermagem em 1994. Contra-almirante, é considerada como uma das teóricas de Enfermagem e cientistas de saúde pública mais influentes do nosso tempo. Graduou-se no Fitkin Memorial Hospital em 1942, detém 12 títulos honorários de universidades que reconhecem seu trabalho pioneiro na pesquisa em Enfermagem e Educação, o desenvolvimento do primeiro programa de enfermeira cientista e a experiência em política de saúde internacional como a primeira enfermeira mulher a servir como vice-surgeon general dos Estados Unidos. Depois de se aposentar do USPHS em 1989, foi a primeira reitora da Escola Superior de Enfermagem da Universidade Uniformed Services em Bethesda, Maryland. Em 2000, Abdellah foi introduzida no Hall da Fama Nacional das Mulheres. Em 2002, ela se aposentou com mais de 50 anos de serviço do governo. Definição das Práticas de Enfermagem, de Virginia Henderson Seu foco é o cuidado para com o indivíduo baseado em 14 componentes de cuidados básicos de enfermagem. Utiliza-se da abordagem holística para estabelecer um plano assistencial globalizado. Para Henderson, mente e corpo são inseparáveis. O momento básico do cuidado de enfermagem pode ser derivado das necessidades humanas, assim como de todos os serviços de saúde prestados ao paciente. Em seus estudos, argumenta que o PE desconsidera e subestima o lado artístico, intuitivo e subjetivo da Enfermagem. Analisando seus estudos teóricos, concluímos que a Enfermagem tem se preocupado apenas em desenvolver os componentes do hemisfério cerebral esquerdo: o cientificismo, o individualismo, a competitividade, a racionalidade, o reducionismo e a visão fragmentada, e que pouco tem se envolvido com a intuição, os valores e a totalidade bio-psico-socio-espiritual dos homens (LOPES NETO; NÓBREGA, 1999). Na concepção de Virgínia Henderson, inferem-se três postulados: 1. Cada pessoa quer e esforça-se por conseguir independência (entende-se por independência a capacidade da pessoa em satisfazer por si mesma as suas necessidades básicas, de acordo com a idade, etapa de desenvolvimento e situação). 2. Cada pessoa é um todo completo com necessidades fundamentais. 3. Quando uma necessidade não está satisfeita, a pessoa não é um todo completo e independente (entende-se por dependência a ausência, inadequação ou insuficiência na satisfação no todo ou em parte das 14 necessidades básicas). 59 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM Virgínia Henderson nasceu em 1887 e faleceu em 1996. Licenciou-se na Army School of Nursing, de Washington, D.C., em 1921 e posteriormente especializou-se como enfermeira docente, tendo integrado o corpo docente da Columbia School, entre 1930 e 1940. Escreveu e editou várias versões do livro The Principles and Practice of Nursing. Autocuidado, de Dorothea E. Orem De acordo com a Teoria de Enfermagem do Déficit de Autocuidado, os seres humanos distinguem-se dos outros seres vivos por sua capacidade de refletir sobre si mesmos e seu ambiente, simbolizar o que vivenciam e utilizar criações simbólicas no pensamento e na comunicação para fazer coisas que são benéficas para si mesmo e para os outros. Essa teoria é constituída por três construtos teóricos: autocuidado, déficit de autocuidado e sistema de enfermagem (BUB et al., 2006). O autocuidado descreve e explica a prática de cuidados executados pela pessoa portadora de uma necessidade para manter a saúde e o bem-estar. O déficit de autocuidado constitui a essência da Teoria Geral do Déficit de Autocuidado por delinear a necessidade da assistência de enfermagem. E, por último, o sistema de enfermagem descreve e explica como as pessoas são ajudadas por meio dela. Dorothea Elizabeth Orem nasceu em Baltimore, Maryland, em 15 de julho de 1914. Faleceu em 22 de junho de 2007, em Savannah, Geórgia. Foi uma enfermeira e empresária estudiosa. Seu pai era trabalhador de construção civil e pescador; sua mãe, dona de casa. Iniciou sua carreira profissional em Enfermagem na Escola de Enfermagem do Providence Hospital Washington. Concluiu o curso de Enfermagem em 1930, o mestrado em Enfermagem em 1939 e o mestrado em Ciências da Educação em Enfermagem em 1945, pela Universidade Católica da América. Recebeu vários títulos e graus honoríficos, inclusive o de doutora em Enfermagem. Iniciou os estudos a respeito da sua teoria em 1958. A Teoria de Enfermagem de Orem foi desenvolvida entre 1959 e1985. Necessidades Humanas Básicas, de Wanda de Aguiar Horta Em 1960, Horta, primeira enfermeira brasileira a preconizar a Teoria de Enfermagem no campo profissional, embasou-se na Teoria de Motivação Humana de Abraham Maslow. Os estudos de Horta foram precursores; no entanto, somente em 1979 a atenção dos enfermeiros brasileiros passou a ser direcionada para o PE. A Teoria das NHB foi desenvolvida preocupando-se com a prática não reflexiva e dicotomizada da Enfermagem, bem como uma tentativa de unificar o conhecimento científico da Enfermagem para proporcionar-lhe autonomia e independência. Com os trabalhos de Horta, enfatizou-se o planejamento da assistência, na tentativa de tornar autônoma a profissão e caracterizá-la como ciência, por meio de implementação do PE em todo o Brasil (SILVA et al., 2011). Horta faz uma relação entre os conceitos ser humano, ambiente e enfermagem. Na interação com o universo dinâmico, o ser humano vivencia estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço. Os desequilíbrios geram necessidades que se caracterizam por estados de tensão conscientes e inconscientes, e levam o ser humano a buscar a satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio. Assim, as necessidades básicas precisam ser atendidas, porém, quando o conhecimento do ser humano a respeito de suas necessidades é limitado pelo seu próprio saber, faz-se necessário o auxílio de pessoas habilitadas para atendê-las (NEVES, 2006). 60 Unidade II Wanda de Aguiar Horta (1926-1981) nasceu em 11 de agosto de 1926 em Belém do Pará. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1948, licenciada em História Natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná, em 1953, pós-graduada em Pedagogia e Didática Aplicada à Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1962, e doutora em Enfermagem na Escola de Enfermagem Ana Neri da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1968, publicou pela primeira vez seu próprio conceito de Enfermagem: Enfermagem é ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais [...] Gente que cuida de gente (HORTA, 1979, p. 4). Suas realizações são tantas que se torna impossível enumerá-las. Vítima de esclerose múltipla, viveu os últimos anos de sua vida em cadeira de rodas. Faleceu em 1981, sendo proclamada professora emérita pela Egrégia Congregação da Escola de Enfermagem da USP. 5.1.2 Teorias orientadas para a interação Processo Interpessoal, de Hildegard E. Peplau A teorista visualizou o fenômeno de Enfermagem como um processo interpessoal cujo foco está centralizado na enfermeira e no paciente. Em sua teoria, pretende identificar conceitos e princípios que deem suporte às relações interpessoais que se processam na prática da enfermagem de modo que as situações de cuidado possam ser transformadas em experiências de aprendizagem e crescimento pessoal (ALMEIDA; LOPES; DAMASCENO, 2005). Traz em sua teoria a noção de crescimento pessoal que é compartilhado pela enfermeira e pelo paciente a partir do relacionamento interpessoal desenvolvidono processo de cuidar. Aponta três fatores necessários para a relação interpessoal ser estabelecida como um processo de aprendizagem: o enfermeiro, o paciente e seus respectivos contextos de vida. Esses fatores geram três eixos conceituais: conhecer a si – enfermeiro; conhecer o outro – paciente; e o entendimento do ambiente, no sentido ampliado que diz respeito a tudo aquilo que circunda e contextualiza o indivíduo (CARDOSO; OLIVEIRA, LOYOLA, 2006). A autora usou o termo enfermagem psicodinâmica para descrever o relacionamento dinâmico entre enfermeira e paciente, envolvendo reconhecer, esclarecer e construir uma compreensão acerca do que acontece quando a enfermeira se relaciona de forma útil com o paciente. Hildegard Elizabeth Peplau nasceu em 1º de setembro de 1909 em Reading, na Pensilvânia, sendo a segunda de seis filhos do casal Gustav e Ottylie Peplau. Na infância, presenciou a epidemia de gripe ocorrida em 1918, fato que influenciou sua compreensão sobre o impacto da enfermidade e da morte para as famílias. Sua carreira na enfermagem teve início em 1931 com seus estudos em um programa de enfermagem em Pottstown, Pensilvânia. Graduou-se em Psicologia Interpessoal, em 1943. 61 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM Em Bennington, estudou com Harry Stack Sullivan, eminente psiquiatra da época, e começou a dedicar sua vida a entender e a desenvolver a teoria interpessoal de Sullivan com a finalidade de aplicá-la à prática de enfermagem. Obteve seus títulos de mestre e doutora no Teachers College da Universidade de Columbia, onde foi instrutora e diretora do programa avançado de Enfermagem Psiquiátrica de 1947 a 1953 – período em que formulou sua teoria. No ano de 1948, concluiu o livro Interpersonal Relations in Nursing. Também obteve formação em psicanálise pelo Instituto William Alanson White de Nova York. Faleceu em 17 de março de 1999. Teoria Humanística do Cuidado Dialógico, de Josephine Paterson e Loretta Zderad Parte do pressuposto de que uma teoria da ciência da Enfermagem se desenvolve a partir das experiências vividas entre enfermeiros e enfermos, sendo fundamental o significado que tem, para cada um, o vivenciar o mundo. As autoras descrevem a enfermagem como uma resposta de cuidado de uma pessoa para com a outra num período de necessidade, ajudando-a a alcançar bem-estar. A enfermagem é considerada, por elas, um encontro especial entre pessoas humanas. Assim, o contato entre enfermeiros e clientes não é um encontro fortuito, mas uma relação na qual existe um chamado e uma resposta intencional. Mais do que uma conversa entre duas pessoas, é um relacionamento em que ocorre um verdadeiro partilhar, uma transação intersubjetiva, isto é, a relação de um indivíduo único (eu) com outro também único (tu), criando-se um compromisso autêntico (MERCÊS, 2006). Josephine Paterson nasceu em 1º de dezembro de 1924. Formou-se na Universidade dos Estados Unidos, fez pós-graduação e recebeu o título de mestre. Mais tarde doutorou-se em Ciência da Enfermagem e atuou na área de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental como especialidade. Loretta Zderad nasceu em 7 de junho de 1925 em Chicago, EUA. Formou-se em Loyola, recebeu seu grau de mestre em Ciência em Washington e seu título de doutora em Filosofia. Dedicou-se muitos anos como enfermeira ao ensino em instituições, liderando grupos vinculados à enfermagem humanística. Teoria do Processo de Enfermagem ou Teoria de Orlando, de Ida Orlando Identifica o papel da enfermagem como responsabilidade direta da enfermeira considerar que as necessidades de ajuda do paciente sejam preenchidas. Aponta que o comportamento do paciente pode ser verbal, com queixas, solicitações, perguntas, recusas, demandas, comentários e declarações, ou ainda não verbal, através de manifestações fisiológicas, como sudorese, edema, micção e atividade motora – por exemplo, sorrir, caminhar e evitar o contato visual, podendo ser também vocal, como soluçar, rir, gritar e suspirar. Para tanto, a reação e ação da enfermeira pode ser composta por três partes iguais: percebe o comportamento através de qualquer sentido, o resultado leva ao pensamento automático e, por fim, resulta em um sentimento automático (TONIOL; PAGLIUCA, 2002). Ida Jean Orlando Pelletier, nascida em 1926 na cidade de Nova York, diplomou-se como enfermeira em 1947 pelo New York Medical College. Em 1951, bacharelou-se em Enfermagem em Saúde Pública na Universidade St. John’s, no Brooklin, e obteve o grau de mestre em Consultoria em Saúde Mental na Universidade de Columbia em 1954. A análise dos seus achados por meio da observação e participação nesse projeto resultou na publicação de seu primeiro livro, O Relacionamento Dinâmico 62 Unidade II Enfermeiro-Paciente: Função, Processo e Princípios da Prática Profissional de Enfermagem, em 1961. Atuou como diretora do Programa de Graduação em Saúde Mental e Enfermagem Psiquiátrica na Universidade de Yale e casou-se no mesmo ano. A partir dos resultados das atividades na clínica no Hospital McLean, em Massachusetts, lançou, no ano de 1972, seu segundo livro, intitulado A Disciplina e o Ensino do Processo de Enfermagem: um Estudo Avaliativo. Para Orlando, o ser humano é um ser comunicante que possui necessidades, as quais são traduzidas como exigências na tentativa de diminuir o estresse e ajudar a adquirir o bem-estar. As causas dos problemas que requerem a intervenção de enfermagem estão relacionadas a indivíduos que sofrem ou que antecipam uma sensação de desamparo quando não podem fazer ou não entendem com clareza essas necessidades e requerem uma ajuda imediata. A natureza do processo de enfermagem é interpessoal, imediatista e interacionista. Teoria do Alcance de Metas, de Imogene King Publicada em 1981, descreve a atuação do enfermeiro mediante a compreensão de que o ser humano deve ser visto em três sistemas interatuantes (o pessoal, o interpessoal e o social), cuja interação enfermeiro-pessoa é fundamental para o estabelecimento e alcance de metas de saúde, propiciando o desenvolvimento de potencialidades no cliente, pessoa e comunidade (MOURA; PAGLIUCA, 2004). King afirma que se a percepção é acurada nas interações, ocorrerão as transações; se o enfermeiro e o cliente fazem transações, os objetivos serão alcançados; se os objetivos forem alcançados, ocorrerá satisfação; se ocorrerem transações nas interações, o crescimento e o desenvolvimento serão fortalecidos; se as expectativas do papel e seu desempenho são percebidos pelo enfermeiro e pelo cliente e forem congruentes, ocorrerão transações; se houver conflito de papéis, ocorrerá estresse; se o enfermeiro, com conhecimentos e habilidades especiais, comunica informações apropriadas, haverá alcance mútuo de objetivos. Imogene M. King nasceu em 30 de janeiro de 1923 em West Point, Iowa, EUA. Completou sua educação básica em Enfermagem em 1946, na Escola de Enfermagem do Hospital St. John’s, em St. Louis, Missouri. Em 1948, tornou-se bacharel em ensino da Enfermagem e, em 1957, conquistou o título de mestre em Enfermagem. Em 1961, obteve o título de doutorado pela Universidade de Columbia, em Nova York. Realizou pós-doutoramento em Desenho de Pesquisa, Estatística e Computação. Trabalhou como consultora nas áreas de educação, administração e hospitalar. Foi membro do corpo docente da St. John’s Hospital School of Nursing, St. Louis; da Loyola University, Chicago; e da University of South Florida. Faleceu em 24 de dezembro de 2007, em São Petersburgo, Flórida, EUA. 5.1.3 Teorias orientadas por campos de energia Teoria Geral dos Sistemas, de Martha Rogers Para Marta Rogers, a Enfermagem é a ciência da área humana e ambiental, sendo direcionada à definição dos processos de vida da humanidade. Sua teoria fortalece a hipótese de que a Enfermagem passa a observar o homem não como um ser unitário, mas sim como um todo e o processo de interação mútua do indivíduo com o ambiente e suas variáveis. O objetivo dela é promover a interaçãodo homem com o ambiente, proporcionando a sensibilidade dessa interação para promover 63 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM o estado de bem-estar. Considerava que o reconhecimento do homem e o reflexo de seu conjunto são medidas de vida que permitiam estabelecer seus próprios limites, ritmo e dinamismo, proporcionando a diversidade e refletindo um universo criativo e dinâmico. Também afirmava que a realidade das mudanças evolutivas está refletida na crescente complexidade do homem. Mediante o conhecimento sobre Antropologia, Sociologia, Astronomia, religião, Filosofia, História e mitologia, Rogers desenvolveu o que denominou de sistema aberto para a Enfermagem (SOUZA, 2000). Marta Elizabeth Rogers nasceu em Dallas, Texas, em 12 de maio de 1914. Começou a faculdade na Universidade do Tennessee, estudando Medicina (1931-1933) e se retirou devido à pressão de que a Medicina era uma carreira imprópria para uma mulher. Matriculou-se na Escola de Enfermagem do Hospital Geral Knoxville e recebeu seu diploma em 1936. Passou a especializar-se em enfermagem em saúde pública, trabalhando em Michigan, Connecticut e Arizona, onde ela estabeleceu o Visiting Nurse Service of Phoenix, Arizona (programa de visitação domiciliar). Fez mestrado em Enfermagem em Saúde Pública a partir do Teachers College, Universidade de Columbia, em 1945, doutorado em 1952 e pós-doutorado em 1954, pela Johns Hopkins University. Entre 1952 e 1975, foi professora e chefe da Divisão de Enfermagem na Universidade Nova York, sendo reconhecida como professora emérita em 1979. Ela morreu em 13 de março de 1994 e está enterrada em Knoxville, Tennessee. Teoria da Saúde como Expansão da Consciência, de Margaret Newman Para ela, a doença é uma manifestação do padrão. Em 1994, Newman iniciou sua teoria dentro dos princípios do positivismo lógico, identificando os conceitos e os pressupostos da teoria: a saúde engloba condições de doença ou patologia, em que condições de patologia são consideradas manifestação do padrão total do indivíduo, sendo que a manifestação como patologia é primária, preexistindo a mudanças estruturais ou funcionais do organismo. Extinguir a patologia não significa alterar o padrão desse indivíduo, uma vez que se estar doente for o padrão para o indivíduo manifestar-se, passa a ser, então, saúde para ela. Sua teoria de Enfermagem é voltada para a área do relacionamento entre o movimento, o tempo e o espaço. Em 1978, durante uma conferência, abordou os padrões temporais e espaciais na saúde, considerando a doença como aspecto significativo e sugerindo uma melhor definição para a saúde. Foi influenciada por Rogers, Bentov, Bohm, Richard Moss e Arthur Young. Inspirou-se em Rogers sobre os conceitos de padrão e natureza unitária dos seres humanos, definindo-o como aberto e interagindo com o ambiente, sem limites verdadeiros, e o padrão como identificação da totalidade da pessoa. Afirma que saúde é a expansão da consciência (MARRINER-TOMEY; ALLIGOOD, 2006). Margaret Newman nasceu em 1933, formando-se em Economia Doméstica em 1954, no Texas. Tornou-se bacharel em Enfermagem em 1962, mestre em 1964 e ph.D em Ciência da Enfermagem e Enfermagem em Reabilitação em 1971. Participou como docente nas Universidades do Tennessee, Nova Iorque e Pensilvânia. Atualmente, é professora na Universidade de Minnesota e pertence ao ANA (American Nurses Association), com diversos prêmios e participações em periódicos de Enfermagem de reconhecida repercussão internacional, tendo prestado consultorias em todo o mundo. 64 Unidade II Teoria Human Becoming (Tornar-se Humano), de Rosemarie Rizzo Parse A Teoria de Tornar-se Humano, anteriormente denominada Teoria de Man-Living-Health, é classificada no âmbito das grandes teorias do processo unitário, pois seu referencial teórico é complexo e descrito num nível filosófico e altamente abstrato (LINS et al., 2013). Determina que a principal meta da enfermagem é melhorar a qualidade de vida de seus indivíduos. O enfermeiro, aplicando a Teoria de Parse, respeita a visão de qualidade de vida de cada um, que difere de uma pessoa para outra, e não tenta mudar essa visão para ser de acordo com sua própria perspectiva. Seu primeiro princípio é estruturar o significado multidimensionalmente, cooperando na criação da realidade através da expressão de valores e imagens. O ser humano encontra o significado para a situação que está acontecendo quando imagina essa situação em outras dimensões, fazendo a escolha do significado baseado nos seus valores pessoais. Ao expressar as imagens valorizadas, consegue compreender e definir o que aquela experiência que está sendo vivida significa para ele. O segundo princípio é cooperar na criação de padrões rítmicos de relações, viver a unidade paradoxal de revelar/ocultar, capacitar/limitar ao mesmo tempo que unir/separar. A vida é uma manifestação de vibrações rítmicas. Criamos padrões rítmicos com o universo. Esses padrões são os paradoxos que vivemos ao longo da vida. No terceiro princípio, o cotranscender as possibilidades é procurar maneiras únicas de iniciar o processo de transformação. Cotranscender, para Parse, significa mover-se para outras dimensões com sonhos e esperanças cultivados, criando novas formas de perceber o que já é conhecido e forças para originar novas formas de viver, transformando, assim, seus padrões de vida. Transformar é viver novas possibilidades imaginadas. A mudança é um processo contínuo do ser humano em relação com o meio ambiente, movendo-se do que é para o que ainda não é. A teoria apresenta o paradigma da simultaneidade em contraposição ao paradigma da totalidade utilizado pela maioria das demais teorias de Enfermagem. Rosemarie Rizzo Parse é uma das mais recentes teóricas de Enfermagem. Publicou, em 1981, o livro Nursing Fundamental, que trazia suas ideias no sentido de propor a disciplina de Enfermagem embasada nas ciências humanas. Fez seu mestrado e doutorado pela Universidade de Pittsburgh e, atualmente, leciona na Loyola University, em Chicago. É fundadora e editora da Nursing Science Quartely, presidente da Discovery International e do Institute of Human Becoming, além de autora de oito livros e diversos artigos (LINS et al., 2013). Teoria Prescritiva, de Wiedenbach Desenvolvida por Ernestine Wiedenbach, a Teoria Normativa da Enfermagem é uma teoria de produção de situação, que considera como as situações desejadas podem ocorrer – neste caso, de enfermagem centrada no paciente. Tem por objetivo ajudar aos indivíduos na superação dos obstáculos que impedem o atendimento das necessidades de cuidado de saúde. 65 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM Entende o cliente como qualquer indivíduo que está recebendo ajuda (cuidado, orientações, instruções) de um membro da profissão de saúde ou de um trabalhador do campo da saúde. A teoria identifica componentes essenciais para uma filosofia holística da enfermagem: reverência pelo dom da vida e respeito pela dignidade. Enfatiza o ser humano como potencialmente sábio e consciente de suas necessidades, assinalando também que o processo é fundamentado pelo senso de integralidade e autoestima do indivíduo. Wiedenbach vê a saúde como um estado de completa harmonia dos segmentos biológico, físico, mental, social e espiritual. Logo, vê o ser humano, em sua totalidade, inserido num ambiente receptor de influências externas. Com isso, a Enfermagem é tida como uma ciência e uma arte, numa junção de desenvolvimento de conhecimentos e de habilidades no sentido de satisfazer as necessidades dos seres humanos (LOPES NETO; NÓBREGA, 1999). Ernestine Wiedenbach nasceu em 18 de agosto de 1900, em Hamburgo, Alemanha. Sua família mudou-se para Nova York em 1909. Graduou-se em Enfermagem na Johns Hopkins Hospital School of Nursing em 1925 e titulou-se mestre na Faculdade de Professores da Universidade de Columbia em 1934 e em Enfermagem Obstétrica da Associação Maternidade Escola Centro de Enfermeiras Obstétricasem Nova York em 1946, onde também ensinou até 1951. Wiedenbach ingressou na faculdade de Yale em 1952 como instrutora na área de Enfermagem da Maternidade. Ela foi nomeada professora assistente de Enfermagem Obstétrica em 1954 e professora associada em 1956, quando a Yale School of Nursing estabeleu um programa de mestrado que ela dirigiu. É autora de livros usados amplamente no ensino de Enfermagem. Wiedenbach se aposentou em 1966. Ela morreu em 8 de março de 1998. 5.1.4 Teorias orientadas para os sistemas Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural (TDUCC), de Madeleine M. Leininger Afirma que “a Enfermagem é essencialmente uma profissão de cuidados transculturais, a única que se centra na promoção do cuidado humano para pessoas de uma maneira significativa, congruente, respeitando os valores culturais e estilo de vida” (LEININGER apud SEIMA et al., 2011). A teoria de Leininger foi desenvolvida a partir da Antropologia, porém reformulada para a Enfermagem Transcultural com perspectivas de cuidado humanizado. Esse método direciona para uma visão holística ao estudar o comportamento humano nos diversos contextos ambientais. Há diversidades no cuidado humano, com características que são identificáveis e podem explicar e justificar a necessidade do cuidado transcultural de enfermagem, de forma que este se ajuste às crenças, valores e modos das culturas, para que um cuidado benéfico e significativo possa ser oferecido. Os atos do cuidado cultural que são congruentes com as crenças e valores do cliente são considerados o conceito mais significativo, unificador e dominante para se conhecer, compreender e prever o cuidado terapêutico popular. O cuidado baseado culturalmente é o fator principal e significativo na afirmação da Enfermagem como curso e profissão e no fornecimento e manutenção da qualidade do cuidado de enfermagem prestado aos indivíduos, às famílias e aos grupos comunitários. O cuidado culturalmente congruente pode também ajudar clientes face à morte de modo significativo e pacífico. Dessa forma, a 66 Unidade II Enfermagem tem como foco o estudo da análise comparativa de diferentes culturas ou subculturas no que diz respeito ao comportamento relativo ao cuidado (BRAGA, 1997). Madeleine M. Leininger nasceu em 13 de julho de 1925 em Sutton, Nebraska. Bacharelou-se em 1950 em Ciências e concluiu o mestrado em 1953, sendo membro da Academia Americana de Enfermagem. Os termos enfermagem transcultural, etnoenfermagem e enfermagem cultural foram utilizados por Leininger em 1960. Em 1966, ministrou o primeiro curso sobre esse subcampo. Em 1991, apresentou definições orientadoras para sua teoria. Madeleine Leininger morreu em sua casa em Omaha, Nebraska, em 10 de agosto de 2012, aos 88 anos de idade. Teoria do Sistema Comportamental como Modelo para Enfermagem, de Dorothy Johnson Tem como objetivo reduzir o estresse, de modo que o cliente possa se recuperar o mais rapidamente possível. Apresenta um sistema de partes interdependentes com formas de comportamentos padronizadas, repetitivas e propositivas. Nessa teoria são analisadas todas as forças que afetam a pessoa e influenciam o sistema de comportamento. O enfoque é sobre a pessoa, não sobre a doença. A saúde é um estado dinâmico influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais. É feita uma promoção do sistema comportamental, do equilíbrio e da estabilidade, consistindo em uma arte e uma ciência que prestam ajuda externa antes e durante os distúrbios do sistema de equilíbrio. Para Johnson (apud BUB, 1996), a Enfermagem é uma força reguladora externa que age para preservar a organização e a integração do comportamento do paciente em um ótimo nível, naquelas condições em que o comportamento se constitui numa ameaça à saúde biopsicossocial ou quando a doença está presente. O objetivo da Enfermagem é a promoção da integridade, da estabilidade e do ajustamento dos comportamentos e do funcionamento efetivo e eficiente do sistema. O problema da Enfermagem é a instabilidade potencial ou real do ser humano ou de alguns dos seus subsistemas. A terapêutica da Enfermagem consiste na satisfação dos requerimentos funcionais (apoio, proteção e estimulação) e utilização de mecanismos de restrição, defesa, inibição e facilitação, sendo que restrição significa impor limites ao comportamento, defesa é a proteção através da prevenção de danos causados pelos estímulos ambientais, inibição é o provimento de apoio para a supressão de respostas ineficazes e facilitação é o apoio e estímulo para promover a incorporação de novos comportamentos (BUB, 1996). Dorothy Johnson nasceu em 21 de agosto de 1919. Formou-se em Artes aos 19 anos no Junior College Armstrong em Savannah, Georgia, e enfermeira aos 23 anos na Universidade de Vanderbilt, em Nashville. Em 1948, concluiu o mestrado em Saúde Pública pela Universidade de Harvard, em Boston, Massachusetts. Sua experiência profissional foi como professora de Enfermagem Pediátrica na Universidade da Califórnia. De 1965 a 1967, presidiu a comissão da Associação Enfermeiros da Califórnia. Johnson publicou seu modelo de sistemas comportamentais em 1980. Ela morreu no dia 4 de fevereiro de 1988, com 79 anos. Teoria da Adaptação, de Callista Roy Foi publicada por sister Callista Roy em 1970. Essa teoria tem por fundamento o homem como recipiente do cuidado de Enfermagem, do nascimento à morte, passando por um continuum 67 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM saúde-doença, ele interage com o ambiente em mudança contínua, o que exige adaptação do homem agindo nesse continuum. A adaptação compreende todas as formas conscientes e inconscientes de ajustamento às condições do ambiente (passado, presente e futuro) que o homem confronta. As respostas dos indivíduos são resultantes do estímulo que o indivíduo confronta, imediatamente. Os estímulos são de três tipos (FREITAS, 2006): • estímulo focal: relacionado com as necessidades básicas; • estímulo contextual: relacionado com o ambiente; • estímulo residual: relacionado com as funções de cada indivíduo, ou seja, inclui os padrões do paciente e seus mecanismos de como enfrentar situações novas. Sister Callista Roy nasceu em 14 de outubro de 1939 em Los Angeles, Califórnia. Em 1966, ela era um membro das Irmãs de José de Carondelet. Então, em 1968, começou a operacionalizar seu Modelo de Adaptação quando o Saint Mary’s College o adotou para a base filosófica do currículo de Enfermagem. Publicou vários livros, capítulos e periódicos e deu palestras e oficinas que destacam a sua Teoria de Enfermagem. Teoria Holística, de Myra Levine Seus princípios buscam conservar a energia, a integralidade estrutural, a integralidade pessoal e a integralidade social dos envolvidos no processo de intervenção da Enfermagem. Define indivíduo como um ser verdadeiramente completo, com necessidades e visto em sua totalidade, afirmando que o enfermeiro deve estar ciente das complexidades dele, num processo interativo e integralizador, e define saúde como sendo a manutenção da unidade integralizadora do indivíduo (FAGUNDES, 1983). A Enfermagem é vista, portanto, como uma ciência humanística, de natureza holística, em que o enfermeiro desenvolve o seu pensar e o seu fazer em prol da manutenção da saúde das pessoas. Ela explica os sistemas de resposta do homem ao meio ambiente e considera a Enfermagem uma conservadora das energias do paciente, pela avaliação daquelas respostas, atuando de maneira a alterar o ambiente. Situa o enfermeiro como uma extensão de sistema percentual do ser humano, quando nele houver uma lesão. Apresenta a adaptação do homem a quatro níveis de resposta do organismo, fisiologicamente determinadas para permitir que o homem viva com seu ambiente interno e externo. As respostas são: • Resposta ao medo, instantânea, é o preparo do organismo para a luta, seja o inimigo conhecido, seja desconhecido. • Resposta inflamatória, como uma concentração de energia sistematizadapara excluir ou remover um material estranho ao organismo, seja este irritante, seja patogênico. 68 Unidade II • Resposta ao estresse, sendo uma resposta a longo prazo, orgânica, caracterizada por alterações e manifestada por uma síndrome que consiste de mudanças induzidas não especificas dentro de um sistema biológico. • Resposta sensorial, quando se percebe o mundo pelos cinco sentidos. Myra Estrin Levine, nascida em 1920, fez sua formação em Enfermagem em 1944, na Cook County School of Nursing, em Chicago; o bacharelado em 1949, na Chicago University; e o mestrado em 1962, na Wayne State University, em Detroit, Michigan. Ela foi dirigente do departamento de Enfermagem Clínica na Cook County School of Nursing. Também ocupou cargos como professora adjunta e professora de Enfermagem do College of Nursing, membro do corpo docente da Loyola University School of Nursing e diretora de educação continuada do Evanston Hospital. Foi professora visitante da Universidade de Tel Aviv e da Bem Gurion University of the Negev, em Israel. Também é autora de vários artigos publicados em periódicos e de um livro que trata da Enfermagem. Ela é membro da Sigma Theta Tau, sócia-convidada da America Academy of Nursing e membro honorário da American Mental Health Aid to Israel. Faz parte da relação Quem é Quem de Mulheres Americanas e recebeu o Elizabeth Russell Belford Award for Education, da Sigma Theta Tau, em 1977. Faleceu em 1996. Lembrete Apresentamos algumas teorias de Enfermagem, dentre muitas outras desenvolvidas por profissionais enfermeiros. A escolha da teoria a ser adotada para a prática deve levar em consideração o perfil do paciente ou cliente, da instituição de saúde e do profissional enfermeiro. 6 A PRÁTICA ASSISTENCIAL E A DEMANDA ADMINISTRATIVA, ÓRGÃOS DE CLASSE E DE REPRESENTAÇÃO PROFISSIONAL, MERCADO DE TRABALHO Na organização do trabalho em saúde, em que predomina a divisão do trabalho, couberam historicamente ao enfermeiro as faces do trabalho da Enfermagem que lhe conferem um status de trabalho intelectual. Contudo, esse trabalho não é autônomo, sua intelectualidade está submetida a fazer funcionar o trabalho da Enfermagem e o da saúde. Dada sua submissão, por vezes não consegue gerir objetivos da própria Enfermagem, e sim aqueles impostos externamente, na maioria das vezes, longe dos preconizados como ideal, tanto pela escola quanto pelos organismos competentes (RODRIGUES; ZANETTI, 2000). Entre o processo formativo e o mercado de trabalho, há uma diferenciação que se tenta ajustar através do processo de Enfermagem e das várias teorias de Enfermagem. Para conquistar o local de autonomia e responsabilidade pertinente ao enfermeiro, refletimos sobre ter autonomia como uma das grandes buscas do ser humano na instauração da solidez de suas práticas profissionais, entretanto, no convívio social, seu exercício ganha complexidades advindas da relação com o próximo. Em Enfermagem, esse tema faz parte de múltiplas reflexões há longa data. Especificamente, há constantes indagações se o enfermeiro é possuidor de competências profissionais e pessoais necessárias ao 69 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM exercício de sua autonomia. Historicamente, a construção da autonomia profissional do enfermeiro é uma tarefa extremamente árdua, à medida que a profissão emerge como subalterna e caracterizada pela heteronomia, ou seja, condição na qual a pessoa realiza suas ações baseadas nas leis impostas por alguém que lhe é externo (JESUS, 2008). Uma das tentativas de delimitar a autonomia profissional da Enfermagem está na documentação, registro e metodologia de trabalho proposta pelo PE. A Enfermagem, por se caracterizar como uma profissão dinâmica, necessita de uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo. O PE é considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo, facilitando a troca de informações entre enfermeiros de várias instituições. A aplicação lógica e raciocinada do PE proporciona ao enfermeiro a possibilidade da prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades humanas básicas, e, além de ser aplicado à assistência, pode nortear tomadas de decisão em diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de Enfermagem (ANDRADE; VIEIRA, 2005). O PE é obrigatório em todas as instituições de saúde e fiscalizado pelos Corens. Para obter o respeito e hegemonia desejados, há órgãos fiscalizadores, legisladores e de suporte para desenvolvimento de novas práticas, como veremos. 6.1 Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e os seus respectivos Conselhos Regionais (Corens) foram criados em 12 de julho de 1973, por meio da Lei nº 5.905. Juntos, formam o Sistema Cofen/Conselhos Regionais. Desde sua criação, amadurece no papel legislador e que confere respaldo ético profissional para profissionais, pacientes e clientes. O Cofen é filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra, sendo responsável por normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem e zelando pela qualidade dos serviços prestados e pelo cumprimento da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. As principais atividades do Cofen são normatizar e expedir instruções para uniformidade de procedimentos e bom funcionamento dos Conselhos Regionais; apreciar em grau de recurso as decisões dos Corens; aprovar anualmente as contas e a proposta orçamentária da autarquia, remetendo-as aos órgãos competentes; e promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional. 6.2 Conselho Regional de Enfermagem (Coren) Para conseguir abranger todo o território nacional, foram criados os Conselhos Regionais de Enfermagem, presentes em todas as capitais e com subseções em grandes cidades. Compete aos Corens deliberar sobre inscrição no Conselho, bem como o seu cancelamento; disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais do Cofen; executar as resoluções do Cofen; expedir a carteira de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão e válida em todo o território nacional; fiscalizar o exercício profissional e decidir os assuntos atinentes à ética profissional, impondo as penalidades cabíveis; elaborar a sua proposta orçamentária anual e o 70 Unidade II projeto de seu regimento interno, submetendo-os à aprovação do Cofen; zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam; propor ao Cofen medidas visando à melhoria do exercício profissional; eleger sua Diretoria e seus delegados eleitores ao Conselho Federal; e exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei nº 5.905/73 e pelo Cofen. Na página inicial do Cofen encontra-se a descrição do papel educativo do Conselho, apresentando-se com o papel institucional em função do interesse da coletividade. Seu dever legal é o de zelar pelo interesse público, efetuando, para tanto, nos respectivos campos profissionais, a supervisão qualitativa, técnica e ética do exercício da Enfermagem, na conformidade da lei. Nesse contexto, é nítida a enorme responsabilidade social dos Conselhos Profissionais de Enfermagem. Com efeito, as entidades de fiscalização profissional, no exercício do poder de polícia, devem zelar pela preservação da ética, da competência e da habilitação adequadas para o exercício profissional. Os Conselhos de Enfermagem buscam, através da fiscalização do exercício profissional, a garantia de que a sociedade seja atendida por uma Enfermagem comprometida com a assistência prestada, livre de riscos e danos, de imperícia, imprudência e negligência. O Cofen é composto por nove membros efetivos e nove suplentes, eleitos pelo voto dos 27 Conselhos Regionais, que cumprem mandato de três anos, sendo permitida uma reeleição. É filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra. A Política de Fiscalização no Cofen tem como prioridade ser educativa, preventiva e punitiva,centrada em preceitos éticos, disciplinares e legais. A fiscalização está ligada à ideia de educação, de liberdade, democracia e cidadania. A fiscalização educadora não pode preparar nada para a democracia, a não ser que esta também seja democrática. Seria contraditório fiscalizar de forma educadora em instituições de caráter autoritário. A Educação para o Conselho Profissional de Enfermagem tem importância fundamental. Para Paulo Freire (1997), “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”. Educar é preciso! 6.3 Conselho Internacional de Enfermagem (ICN) O Cofen é associado ao Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), que é uma federação de mais de 130 associações nacionais de enfermeiros (ANE), representando os mais de 16 milhões de enfermeiros em todo o mundo. Fundado em 1899, o ICN é a primeira e mais ampla organização internacional do mundo para profissionais de saúde. Operado por enfermeiros e para enfermeiros a nível internacional, o ICN trabalha para assegurar cuidados de Enfermagem de qualidade para todos, políticas de saúde idôneas a nível global, o avanço do conhecimento de Enfermagem e a presença, em todo o mundo, de uma profissão de Enfermagem respeitada e de uma força de trabalho de Enfermagem competente e satisfeita (ICN). 71 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM 6.4 Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) No Brasil, com a vinda das enfermeiras americanas associadas à Fundação Rockfeller, a formação do corpo de Enfermagem tomou dimensões que exigiam o contínuo estudo e formação de seus profissionais. Foi, então, criada a Associação dos Enfermeiros Diplomados. Em 1926, as primeiras profissionais formadas pela Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, atual Escola de Enfermagem Ana Neri, no Rio de Janeiro, criaram a Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas, que manteve esse nome até 1928, quando passou a ser denominada Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas e foi registrada juridicamente. Em 1954, passou a denominar-se Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), mantendo-se com esse nome até a atualidade. A ABEn objetiva: • Representar a Enfermagem, nacional e internacionalmente, no trabalho. • Reconhecer a qualidade de especialista aos profissionais de Enfermagem, expedindo o respectivo título de acordo com regulamentação específica. • Divulgar trabalhos e estudos de interesse da Enfermagem, mantendo órgão de publicação periódica, a Revista Brasileira de Enfermagem, criada em 1932. • Promover, estimular e divulgar pesquisas da área de Enfermagem. • Promover intercâmbio técnico-científico e cultural com as entidades e instituições nacionais e internacionais, com vista ao desenvolvimento tecnológico da Enfermagem. • Articular social, política e financeiramente programas e projetos que promovam assistência aos sócios. • Incentivar a sociedade e a cooperação entre os membros da categoria. • Promover o desenvolvimento técnico-científico, cultural e político dos profissionais de Enfermagem no País, pautado em princípios éticos. • Coordenar e articular conselhos consultivos de sociedade, associações de Enfermagem de enfermeiros especialistas ou cursos de escolas de Enfermagem de nível superior e educação profissional na habilitação em técnico de Enfermagem. A ABEn é composta por um centro com propostas diferentes, sendo o Centro de Educação em Enfermagem criado pelo novo Estatuto Social da ABEn em um processo de ampliação do escopo de atuação da Diretoria de Educação em Enfermagem, com competência para promoção de intercâmbios com as escolas e cursos filiados para assessoramento nos assuntos relacionados à educação. 72 Unidade II Suas funções: • Coordenar e articular as Comissões Permanentes de Educação Profissional Técnico de Enfermagem, Graduação e Pós-Graduação. • Presidir o Conselho Nacional de Escolas e Cursos de Enfermagem. • Coordenar e realizar o Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem (SENADEn). • Participar de projetos e programas de estudos e pesquisas na área de Educação. • Atualizar constantemente as informações sobre a educação em Enfermagem, incluindo dados sobre as escolas filiadas (vinculadas no antigo Estatuto) e as demais que realizam o ensino da Enfermagem no Brasil e no exterior. • Representar a ABEn, por delegação de competência, em espaços de formulação e encaminhamentos de políticas e de análise crítica de projetos educacionais relacionados à educação em Enfermagem, no âmbito nacional e internacional. O Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem (CEPEn) foi criado em 17 de julho de 1971, destinado a incentivar o desenvolvimento e a divulgação da pesquisa em Enfermagem e a organizar e preservar documentos históricos da profissão. Rege-se pelas disposições do Estatuto da ABEn e do Regimento Especial. Possui, em seu acervo, o maior banco de teses e dissertações na área de Enfermagem no Brasil, assim como a coleção completa da Revista Brasileira de Enfermagem e quase todos os títulos de periódicos brasileiros de Enfermagem. O Centro de Desenvolvimento de Práticas Profissionais (CEPPr) representa a conjugação do trabalho realizado pelas diretorias nacionais de assuntos profissionais e científico-culturais. Segundo o Estatuto Social de 2013, essa estrutura organizacional da ABEn tem como propósito: • Articular o trabalho das Comissões Permanentes de Relações Trabalhistas e de Sistematização da Prática de Enfermagem e também dos departamentos científicos relacionados à prática profissional. • Coordenar a organização e a realização dos eventos temáticos da prática profissional – Seminário Internacional sobre o Trabalho na Enfermagem (SITEn), Seminário Nacional de Diretrizes para Enfermagem na Atenção Básica em Saúde (Senabs), Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem (SINADEn) e outros eventos – em articulação com as comissões permanentes e os departamentos científicos respectivos. • Apoiar a organização e a realização da Jornada Brasileira de Enfermagem Gerontológica. • Coordenar o processo de titulação de especialista em parceria com os departamentos científicos e as sociedades filiadas à ABEn. 73 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM • Coordenar o processo de concessão de prêmios da ABEn em parceria com os departamentos científicos e comitês. • Presidir o Conselho Consultivo Nacional de Sociedades e Associações de Enfermagem ou de Enfermeiras Especialistas. • Representar a ABEn em espaços de formulação de políticas relacionados à prática profissional. • Participar de programas de educação permanente relativos à prática profissional. Por fim, o Centro de Comunicação Social e Publicações da ABEn integra atividades de comunicação com os associados, as seções federadas e a sociedade em geral, por meio de mídias de imagem, som, impressas e digitais. Nele estão incluídas atividades de publicação periódicas e seriadas, entre elas a Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn), a História de Enfermagem Revista Eletrônica (Here) e o Jornal Informativo ABEn. A ABEn Nacional fica sediada em Brasília e tem subseções distribuídas no Brasil, a saber: ABEn Seção Alagoas, ABEn Seção Mato Grosso, ABEn Seção Mato Grosso do Sul, ABEn Seção Pará, ABEn Seção Piauí, ABEn Seção Rondônia, ABEn Seção Santa Catarina, ABEn Seção São Paulo, ABEn Seção Sergipe, ABEn Seção Tocantins, ABEn Seção Bahia, ABEn Seção Minas Gerais, ABEn Seção Paraná, ABEn Seção Rio de Janeiro, ABEn Seção Rio Grande do Norte, ABEn Seção Rio Grande do Sul, ABEn Seção Paraíba, ABEn Seção Amazonas, ABEn Seção Pernambuco, ABEn Seção Ceará, ABEn Seção Distrito Federal, ABEn Seção Espírito Santo, ABEn Seção Goiás e ABEn Seção Maranhão. A ABEn é de associação espontânea, e não obrigatória. Saiba mais Para conhecer melhor as atividades da ABEn e se há alguma subseção na sua cidade, entre no site: http://www.abennacional.org.br/ Nessecanal há informações das atividades e acesso à Revista Brasileira de Enfermagem. 6.5 Sindicato de Enfermagem Os sindicatos são órgãos responsáveis pela defesa dos direitos do trabalhador. No Brasil, surgiram com a industrialização e receberam tratamento especial da Constituição de 1988, que lhes concede autonomia e lhes atribui o direito de recolhimento anual de contribuição sindical, destinado a manter o sindicato em atividade. A contribuição é descontada em folha de todos os profissionais com vínculo 74 Unidade II empregatício e corresponde ao valor médio (incluindo as horas extras) de um dia de trabalho. Mesmo que o empregador esteja autorizado a descontar automaticamente a contribuição em folha, o profissional pode escolher a qual sindicato fazer a contribuição. Para tanto, deve pagar a contribuição ao sindicato desejado antes do desconto e apresentar, nos primeiros três meses do ano, o recibo de quitação no setor de Recursos Humanos para ser dispensado do desconto em folha automático. A diretoria dos sindicatos é eleita pelos trabalhadores da categoria para mandato de dois anos. Observação A associação ao Coren é obrigatória a todos os profissionais de Enfermagem; já a associação à ABEn ou a alguma sociedade de especialistas é recomendada. 6.6 Sociedades de especialistas Uma sociedade de especialistas visa ao reconhecimento profissional e ao aprimoramento do exercício da profissão, através da interação científica e política entre seus membros. Oferece assessoria jurídica, estudos, debates e seminários, além de benefícios, como convênios de serviços. Rafael Almeida (2012), secretário-geral da sede da Associação Nacional de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Anaten), afirma: Trabalhando em conjunto com os Corens e o Cofen e com os sindicatos, a Anaten trabalha em prol da Enfermagem, com o objetivo de desenvolvimento social, político e cultural dos seus associados, oferecendo serviços que auxiliam e facilitam o exercício da profissão (ALMEIDA, 2012, p. 38). Em 2016, havia no Brasil algumas sociedades de especialistas, a saber: • Associação Brasileira dos Enfermeiros Acupunturistas (ABEnA). • Associação de Enfermeiros Especialistas em Trauma-Ortopedia (Abento). • Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo). • Associação Nacional de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Anaten). • Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho (Anent). • Associação Nacional de Instrumentadores Cirúrgicos (Anic). • Colégio Brasileiro de Enfermagem em Emergências (Cobeem). 75 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM • Organização Brasileira de Enfermeiros em Unidades de Esterilização (Obeune). • Sociedade Brasileira de Enfermagem Aeroespacial e Aeromédica (Sbeaaer). • Sociedade Brasileira de Enfermagem Oncológica (Sbeo). • Sociedade Brasileira de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental (Sbepsam). • Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros Auditores em Saúde (Sobeas). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (Sobecc). • Sociedade Brasileira de Educação em Enfermagem (Sobee). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Endoscopia Gastrointestinal (Sobeeg). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Home Care (Sobehc). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Infectologia (Sobeinf). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (Soben). • Sociedade Brasileira de Enfermagem Cardiovascular (Sobenc). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (Sobende). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros Especialistas em Traumato-Ortopedia (Sobento). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras (Sobep). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Saúde Coletiva e Família (Sobescof). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Endocrinologia (Sobeen). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Trauma (Sobet). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Terapia Intensiva (Sobeti). • Sociedade Brasileira de Estomaterapia (Sobest). • Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Urologia (Sobeu). 76 Unidade II • Sociedade Brasileira de Gerenciamento em Enfermagem (Sobragen). • Sociedade Brasileira de Terapias Naturais na Enfermagem (Sobraten). • Sociedade Brasileira de Educação Continuada em Enfermagem (Sobrecen). • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Oftalmologia (Sobreno). 6.7 Símbolos e juramento Ao longo de sua história, a Enfermagem desenvolveu símbolos e juramento. Eles foram instituídos pelo Cofen, através da Resolução Cofen nº 218/1999, com o seguinte texto: Resolução Cofen nº 218/1999 (Aprova o Regulamento que disciplina sobre Juramento, Símbolo, Cores e Pedra utilizados na Enfermagem) O Conselho Federal de Enfermagem-Cofen, no uso de suas atribuições legais e estatutárias; considerando os estudos e subsídios contidos o PAD-Cofen nº 50/98, sobre “padronização de Juramento, Pedra, Cor, e Símbolos a serem utilizados nas Solenidades de Formaturas ou representativas da Profissão“, pelo Grupo de Trabalho constituído através da Portaria COFEN-49/98; considerando as diversas consultas sobre o tema, que constantemente são efetuadas; considerando inexistir legislação, normatizando a matéria; considerando deliberação do Plenário em sua Reunião Ordinária de nº 273; realizada em 28.04.99. Regulamento aprovado pela Resolução 218/99 I - Simbologia aplicada à Enfermagem: Os significados dados aos símbolos utilizados na Enfermagem, são os seguintes: • Lâmpada: caminho, ambiente. • Cobra: magia, alquimia. • Cobra + cruz: ciência. • Seringa: técnica. • Cor verde: paz, tranquilidade, cura, saúde. 77 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM • Pedra Símbolo da Enfermagem: esmeralda. • Cor que representa a Enfermagem: verde esmeralda. E o juramento oficial: “Solenemente, na presença de Deus e desta assembleia, juro: dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da moral, honrando seu prestígio e suas tradições”. Fonte: Cofen (1999). 6.8 Mercado de trabalho A atuação da Enfermagem tem ampliado e se diferenciado muito nos últimos tempos. De uma profissão que teve início empírico e com pouco conhecimento técnico-científico para uma com domínio de conhecimento, reconhecimento e expressividade no meio acadêmico e científico, foi ampliando suas possibilidades de atuação. A seguir, apresentaremos algumas possibilidades, relacionando-as às associações de classe. • Associação Brasileira dos Enfermeiros Acupunturistas (ABEnA): o enfermeiro acupunturista tem possibilidade e autonomia de aplicação dessa terapia após a realização de curso específico que o habilita. Pode atuar em consultórios próprios, em clínicas ou em domicílio. É preciso extenso conhecimento de fisiologia e patologia, além dos conhecimentos específicos de acupuntura. • Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo): uma das mais antigas especialidades tem encontrado mercado de atuação com esforços governamentais na redução das cesarianas. O enfermeiro obstetra está habilitado a acompanhar o pré-natal, incluindo a solicitação de alguns exames e a interpretação de seus resultados. Participa do parto normal ou natural integralmente e acompanha o puerpério imediato até a recuperação da mulher. Com o surgimento das casas de parto, houve um aumento na procura e reconhecimento a esses profissionais. Quando há alguma complicação no parto ou indicação explícita de parto cesariana, é o médico quem o realiza. Para atuaçãoem obstetrícia, é obrigatório o curso de especialização com parte prática comprovada. • Associação de Enfermeiros Especialistas em Trauma-Ortopedia (Abento) e Sociedade Brasileira de Enfermeiros Especialistas em Traumato-Ortopedia (Sobento): essa especialidade oferece uma grande gama de possibilidades de atuação. Uma delas é na porta de entrada de um politraumatizado, ou seja, um pronto-socorro oferecendo tratamento específico para vítimas de acidentes com múltiplas fraturas. Pode atuar também em enfermarias especializadas em ortopedia, 78 Unidade II onde acompanhará o paciente com conhecimento sobre a reconstituição óssea, manipulação de próteses e cicatrização. Há ainda a possibilidade de atuar em reabilitação tanto domiciliar quanto em clínicas especializadas. • Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho (Anent): com a regulamentação trabalhista e o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores e dos deveres do empregador, grandes empresas ou indústrias são obrigadas a manter assistência de saúde ao trabalhador, podendo ser própria ou terceirizada. Compete a esse profissional, além de atender aos trabalhadores em situações ambulatoriais, planejar e implantar ações preventivas, programas específicos de acordo com as necessidades identificadas como risco de acidentes, etilismo, drogas, hipertensão, obesidades etc. Para atuação na área, é preciso curso de especialização. • Colégio Brasileiro de Enfermagem em Emergências (Cobeem): nessa especialidade, é possível a atuação em atendimento pré-hospitalar, participando do socorro a vítimas de acidentes nas diferentes complexidades. É possível também atuar em pronto-socorro, no atendimento intra-hospitalar das mesmas vítimas. Para atuação na área, é preciso especialidade; no Brasil, para atuação pré-hospitalar, é preciso ser aprovado em concurso público específico. • Organização Brasileira de Enfermeiros em Unidades de Esterilização (Obeune): os recursos tecnológicos envolvidos nos processos de desinfecção, esterilização, armazenamento e controles são muito específicos e exigem capacitação e atualização constantes. Podem atuar em empresas terceirizadas e especializadas em esterilização de materiais, ou em serviços hospitalares, dentro da central de materiais. Além de cursos de especialização, há cursos de capacitação para manusear equipamentos adequadamente. • Sociedade Brasileira de Enfermagem Aeroespacial e Aeromédica (Sbeaaer): a interferência da pressão atmosférica, concentração de oxigênio e condições específicas de aeronaves obrigam a especialização de profissionais que participam de transporte aéreo de pacientes. Esse transporte pode ser de pacientes graves e que precisem de cuidados específicos, demandando conhecimento da aeronave, de equipamentos adaptáveis a estes e necessários à manutenção de vida do paciente, além das possíveis interferências do meio sobre o paciente. Esses profissionais são requisitados por convênios de saúde que costumam se responsabilizar por tais transportes. Exige especialização para a formação. • Sociedade Brasileira de Enfermagem Oncológica (Sbeo): a oncologia é uma das especialidades que ampliou muito sua atuação. Com o conhecimento expandido dos tipos de câncer e tratamentos, a Enfermagem acompanhou os vários conhecimentos atuando ativamente no tratamento intra-hospitalar em unidades de internação, sendo responsável por acompanhamento ambulatorial e unidades de tratamento de quimioterapia e radioterapia. Organiza grupos de apoio de familiares e portadores de neoplasias várias, propondo recursos terapêuticos facilitadores. Atualmente, o conceito de finitude é mais aceito; portanto, existe a noção de que há um momento que o limite do conhecimento se sobrepõe à vontade de intervir, e se acredita que por falta de recursos técnicos o que se pode oferecer para o paciente são os cuidados paliativos, ou seja, a manutenção de sua vida com qualidade, 79 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE ENFERMAGEM e não intervindo no caso de óbito, nos chamados cuidados paliativos. Além do curso de especialização, há constante atualização, obrigatória para atuação na área. • Sociedade Brasileira de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental (Sbepsam): mudanças no conceito da Psiquiatria e no seu entendimento ampliaram a possibilidade de atuação do enfermeiro na área. O tratamento ambulatorial pode ser feito em unidades do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM), com programas de governo, clínicas de atenção à saúde mental e hospitais psiquiátricos que oferecem serviço de internação para tratamento psiquiátrico. Há ainda hospitais gerais com clínicas ou unidades psiquiátricas. Com o crescimento da população idosa e o consequente aumento de idosos com demências, houve aumento na demanda dessa categoria na saúde mental, exigindo mais conhecimentos sobre idosos. Há cursos de especialização em psiquiatria e outros complementares sobre terapêuticas aplicadas. • Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE): devido à especificidade de cuidados a serem tomados na aplicação de dieta parenteral, com via exclusiva e cuidados antissépticos intensos para evitar infecção, a participação de enfermeiros no manuseio das dietas tem sido cada vez mais comum. Acompanha a evolução dos pacientes para reposição de eletrólitos, vitaminas e líquido. • Sociedade Brasileira de Enfermeiros Auditores em Saúde (Sobeas): o crescimento da participação da assistência de saúde privada desencadeou a necessidade de controles dos procedimentos e materiais para obter o seu pagamento. O enfermeiro auditor deve conhecer os procedimentos para avaliar a necessidade de materiais, pessoal e tempo para cada um. Na avaliação dos custos e características das unidades de acordo com o perfil, podendo ser cirúrgica, obstétrica, pediátrica, entre muitas outras, a flutuação dos tipos de procedimentos direciona o investimento dos serviços em direção à melhoria do atendimento aos pacientes e otimização de custos. O auditor também pode participar de comissões internacionais de avaliação de qualidade dos serviços de saúde. Há cursos de especialização e também cursos de preparo para participação das comissões de avaliação. • Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (Sobecc): em um centro cirúrgico, há vários procedimentos diferentes acontecendo simultaneamente e cirurgias de especialidades diversas, considerando riscos, graus de contaminação e portes. É preciso que cada equipe de sala esteja preparada para auxiliar na cirurgia em questão e também que essa sala tenha a estrutura e os materiais necessários para o procedimento em questão. O enfermeiro é responsável pela organização de todo o centro cirúrgico: agendamentos, preparo, manutenção das salas, materiais e pessoal de enfermagem. Na recuperação anestésica, a capacitação pessoal para identificação de riscos precocemente é de grande importância, pois é nesse primeiro momento pós-operatório que se identificam intercorrências e complicações pós-cirúrgicas. Há especialidade para a área. • Sociedade Brasileira de Educação em Enfermagem (Sobee): a educação em Enfermagem responde pela capacitação de pessoal para aulas, seja de nível universitário ou técnico. Para seguir a carreira acadêmica, sugere-se prática anterior, especialização em área de escolha, mestrado e doutorado. 80 Unidade II • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Endoscopia Gastrointestinal (Sobeeg): na avaliação diagnóstica, uma das atuações da Enfermagem está na endoscopia. Desde o preparo de sala, material, equipamentos e acompanhamento pós-exame do paciente, a Enfermagem participa. Não há formação específica para endoscopia, mas para métodos diagnósticos. • Sociedade Brasileira de Enfermagem em Home Care (Sobehc): existe o entendimento de que o ambiente hospitalar é indicado para situações nas quais não haja possibilidade de realizar os cuidados ou procedimentos no domicílio. O risco
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