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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/236999665 Funções - Conceitos e Aplicações Práticas Article · June 2013 CITATIONS 0 READS 13,509 1 author: Marco Júlio Cicero Araujo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas 3 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Marco Júlio Cicero Araujo on 06 June 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/236999665_Funcoes_-_Conceitos_e_Aplicacoes_Praticas?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/236999665_Funcoes_-_Conceitos_e_Aplicacoes_Praticas?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco-Julio-Cicero-Araujo?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco-Julio-Cicero-Araujo?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Centro-Universitario-das-Faculdades-Metropolitanas-Unidas?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco-Julio-Cicero-Araujo?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco-Julio-Cicero-Araujo?enrichId=rgreq-025eb757164679391ce5ad5001396fd4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNjk5OTY2NTtBUzoxMDUxMTU1ODMyNTQ1MzBAMTQwMjA3MjkxNjU5Mg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf UNIVERSIDADE PAULISTA MARCO JÚLIO CICERO DE ARAUJO1 FUNÇÕES E CONTINUIDADE: CONCEITOS E APLICAÇÕES PRÁTICAS SÃO PAULO 2013 1 Aluno do terceiro semestre do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Paulista 2 1. INTRODUÇÃO Este trabalho está inserido no contexto de Atividades Práticas Supervisionadas (APS), proposto pelo currículo do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Paulista – UNIP. O objetivo principal da APS é possibilitar uma vivência prática das teorias aprendidas no decorrer do curso, integrando as disciplinas de cada semestre. Para isso, este trabalho foi dividido da seguinte maneira. No capítulo 1 contém a apresentação do trabalho, identificando quais são os principais objetivos. Além disso, o conceito de função é retomado, mostrando qual foi a evolução histórica do conceito de função, desde a Idade Média até os tempos atuais, considerando os principais avanços e as principais definições adotadas pelos povos antigos e pelos estudiosos atuais da matemática. Será apresentado o conceito de função, com ênfase para as funções de primeiro, segundo e grau n, e, por fim, exemplos de aplicações práticas para cada uma delas. O capítulo 2 pretende discutir o que foi aprendido ao longo da realização do trabalho, a partir da bibliografia estudada ao longo do semestre. O último capítulo formaliza uma proposta simples de trabalho, para o futuro professor de matemática, a partir do tema escolhido. 1.1. Evolução Histórica do Conceito de Função Atualmente, não existe um consenso geral sobre o desenvolvimento do conceito de função ao longo do tempo. De acorco com (Zuffi, 2001, p. 11) apud (Chaves & Carvalho, 2004): “não parece existir consenso entre os autores, a respeito da origem do conceito de função [talvez pelo seu próprio aspecto intuitivo]. Alguns deles consideram que os Babilônios (2000 a.C.) já possuíam um instinto de funcionalidade [grifos do autor] (...) em seus cálculos com tabelas sexagesimais de quadrados e de raízes quadradas (...) que eram destinadas a um fim prático. As tabelas, entre os gregos, que faziam a conexão entre a Matemática e a Astronomia, mostravam evidência de que estes percebiam a idéia de dependência funcional, pelo emprego de interpolação linear”. 3 Contudo, diversos autores fizeram uma retrospectiva acerca da evolução dos estudos sobre funções, com o objetivo de organizar as descobertas mais importantes e organizá-las de maneira a facilitar o estudo da História de Matemática. De acordo com (Youshkevitch, 1976) apud (Bueno & Viali, 2009), é possível dividir o desenvolvimento da noção de função em três momentos históricos: (i) Antiguidade: (ii) Idade Média e; (iii) Modernidade. O período da Antiguidade foi caracterizado por diferentes estudos de casos de dependência entre duas quantidades. Contudo, não foi criada uma noção geral da ideia de variável ou de função. Já no período da Idade Média, as funções foram definidas sob uma ótica geométrica e mecânica. Entretanto, como no período anterior, a noção de dependência entre duas variáveis foi definida de maneira verbal ou através de um gráfico, ao invés de uma expressão algébrica (como conhecemos atualmente). Por fim, na Idade Moderna, principalmente a partir do século XVII, houve a preferência pelas expressões analíticas para demonstrar as funções, tornando-se a principal classe utilizada para definir funções.2 A seguir, é mostrada quais foram as principais contribuições para o estudo das funções em cada um destes três períodos. 1.1.1. A Antiguidade Mesmo sem o desenvolvimento de uma noção geral da ideia de variável ou função, o período da Antiguidade foi marcado pelo estudo de casos práticos, em especial no campo de astronomia, que utilizaram métodos quantitativos e construção de tabelas, onde a noção e função era entendida como a relação entre conjuntos discretos e constantes dadas. Neste contexto, de acordo com (Sá, et al., 2003), mostra que os babilônios construíram tabelas em argila onde os valores de duas diferentes colunas possuíam uma relação constante (para cada valor na primeira coluna existia um número na segunda coluna, resultado da multiplicação do número da primeira por uma constante arbitrária). Segundo (Eves, 2004) apud (Bueno & Viali, 2009), a matemática babiolônica já havia evoluído para uma álgebra bem desenvolvida. As tábulas sexagenais eram utilizadas no cálculo 2 A Classe das funções analíticas geralmente são expressas por meio de soma de séries infinitas. 4 de valores de quadrados e cubos dos números de 1 a 30 (e, também, valores de n2 e n3, ainda dentro deste intervalo). O objetivo foi estudar o movimento dos planetas.3 Os egípcios também construíam tabelas, em especial em papiros, que resumiam os resultados obtidos de investigações empíricas e, muitas vezes, generalizações. No período da Antiguidade vale destacar a escola grega no estudo das funções. Apesar de não ter havido o desenvolvimento de um simbolismo sofisticado, os gregos foram capazes de contribuir na medida em que houve um aumento do número de dependências funcionais utilizadas e dos métodos para estudá-las. (Bueno & Viali, 2009) Dentre os matemáticos gregos, pode-se citar contribuiçãode Ptolomeu. De acordo com (Mendes, 1994, p.12; AABOE, 1984, p.20) apud (Sá, et al., 2003), “... este matemático ele trabalhou na área da astronomia, e que, desenvolveu ferramentas matemáticas, entre elas a trigonometria. Ele utilizou tabelas envolvendo a função da corda do arco x, ou crd x, mas sem fazer referência a palavra função. E ainda entre as ideias funcionais gregas temos os symptons, que eram a condição necessária para que um ponto pertencesse a uma curva. Apolônio e Arquimedes chegaram a utilizar os symptons”. Contudo, ao mesmo tempo em que ideias de variação quantitativa ou de mudança eram constantes no pensamento grego, os problemas envolvendo movimento, continuidade e infinito não foram estudados com destaque. Com isso, a ideia de velocidade, como razão entre o espaço e tempo, e, por conseguinte, o conceito de velocidade instantânea foram considerados. Isso fez com que não fosse desenvolvido, um pensamento um pouco mais complexo e abstrato com relação à noção de variabilidade. (Bueno & Viali, 2009) Assim, pode-se afirmar que no período da Antiguidade, não foi estabelecida a ideia geral do conceito de função. 1.1.2. Idade Média A Idade Média foi bastante importante para o desenvolvimento das ciências exatas, onde conceitos como, por exemplo, velocidade instantânea e aceleração, foram capazes de contribuir para a área da cinemática e do pensamento matemático. Também, este período foi caracterizado 3 De acordo com (Eves, 2004) apud (Bueno & Viali, 2009), “as funções matemáticas empiricamente tabuladas acabaram-se tornando, posteriormente, o suporto para a sequência do desenvolvimento de toda a astronomia”. 5 pela observação de fenômenos naturais, onde foi descoberto que existiam regularidades que podiam ser descritas através de leis quantitativas. Aproximadamente na metade do século XIV, de acordo com (Bueno & Viali, 2009, p. 39): “O estudo da intensidade das formas e seu aspecto mais importante, a cinemática, eram abordados na Inglaterra em um contexto aritmético, enquanto que, na França, Nicole Oresme (1323–1382) desenvolveu esse estudo através de uma abordagem geométrica, introduzindo o conceito de latitude das formas em meados do séc. XIV. As formas ou qualidades são fenômenos como a luz, a distância, a velocidade, que possuem vários níveis de intensidade e que mudam continuamente, dentro de limites dados”. Uma das implicações práticas da teoria da latitude foi o desenvolvimento das funções do tempo, e, em especial, a determinação da velocidade média de um movimento uniformemente acelerado.4 Entretanto, no período da Idade Média, uma relação de dependência entre duas quantidades foi definido através de uma descrição verbal (ou gráfica), não tendo sido desenvolvido o conceito de expressões algébricas. Neste sentido, de acordo com (Ponte, 1992) apud (Bueno & Viali, 2009), “apesar da grande evolução em termos de generalização e abstração e de alguns resultados particulares alcançados, o estudo das funções em matemática como um conceito e objeto individualizado ainda não havia sido alcançado”. 1.1.3. Idade Moderna O conceito de função que conhecemos hoje foi possível, em grande parte, pelo desenvolvimento da álgebra simbólica e também pela extensão do conceito de número, na medida em que foi introduzida a noção de números imaginários e o conjunto dos números complexos. Isso fez com que fosse possível conceituar função como uma relação entre conjuntos numéricos e também expressar funções através de fórmulas. (Bueno & Viali, 2009) 4 O Movimento uniformemente variado é o movimento no qual a velocidade escalar varia uniformemente no decorrer do tempo. O movimento caracteriza-se por haver uma aceleração diferente de zero e constante. Fonte: Wikipedia. 6 Com a formalização do simbolismo de François Viète, a partir da segunda metade do século XVI, após a contextualização de funções através de equações escritas, houve significativo avanço no estudo da matemática, em especial no desenvolvimento das funções. Um dos principais percussores do desenvolvimento do conceito de função foi René Descartes. De acordo com (Bueno & Viali, 2009, p. 46): “Com os registros de representação tabular, gráfico e algébrico bem desenvolvidos, há, então, a partir das ideias de Descartes de aplicação da álgebra à geometria, o componente que levou o conceito de função a se desenvolver mais rapidamente e a alcançar o cerne de toda a Matemática atual. A partir das ideias e inovações de Descartes, foi possível desenvolver- se, então, o estudo do cálculo diferencial e integral, da análise matemática e de outros campos fundamentais para o desenvolvimento da ciência moderna”. Outros dois estudiosos que contribuíram de forma bastante significativa foram Isaac Newton e Gottfried Leibniz. Newton apresentou uma intepretação cinemática e geométrica de de análise matemática, descrevendo conceitos de tempo e movimento, sendo capaz de interpretar as variáveis dependentes como uma quantidade “continuamente fluente que possui uma velocidade de variação”. Já Leibniz foi capaz de desenvolver noções básicas de diferenciação e integração, sendo um dos percussores do Cálculo Diferencial e Integral.5 Leibniz definiu os termos constante, variável, coordenadas e parâmetros, além de dividir as funções e curvas em duas classes diferentes: algébricas e transcendentais. (Bueno & Viali, 2009, p. 46) Outro estudioso que merece destaque é Johann Bernoulli, um dos primeiros matemáticos a utilizar o Cálculo na resolução de problemas. Em 1718, Bernoulli publicou um artigo que continha a definição de função como “uma quantidade composta, de alguma forma, por uma variável e constantes”. Foi Bernoulli o primeiro a fornecer uma definição explícita de uma função como uma expressão analítica. Leonhard Euler (1707-1783), foi possivelmente, um dos maiores matemáticos da história. Segundo (Bueno & Viali, 2009, p. 42): 5 É um ramo importante da matemática, desenvolvido a partir da Álgebra e da Geometria, que se dedica ao estudo de taxas de variação de grandezas e a acumulação de quantidades. Fonte: Wikipedia 7 “Euler também foi o responsável pelos avanços seguintes mais significativos no desenvolvimento do conceito de função, detalhando o seu estudo de acordo com o padrão da análise matemática da época. Definiu uma constante como uma quantidade definitiva que assume sempre um e o mesmo valor, uma variável como um valor indeterminado ou universal que compreende todos os valores determinados e uma função de uma variável como uma expressão analítica composta por uma quantidade variável e números ou quantidades constantes”. A definição dada por Euler foi capaz de influenciar todo o desenvolvimento da matemática a partir de então, contribuindo para o desenvolvimento do estudo do tema. Depois de Euler, podemos citar D’Alembert, Lagrange, Laplace, Cauchy, Fourier e Dirichlet. Além destes, diversos outros estudiosos contribuíram para o avanço do desenvolvimento do estudo das funções ao longo dos últimos cinco séculos. A tabela abaixo, extraída do trabalho de (Sá, et al., 2003), resume as principais contribuições históricas dos matemáticos no período da Idade Moderna. Autor Ano Contribuição René Descartes (1596-1650) -- Definiu função como qualquer potência de x, como x2, x3, etc. Isaac Newton (1643-1727) -- Introduziu o termo “variável independente”. James Gregory 1667 Na obra “Vera Cicculi et Hyperbolae Quadratura”, conceituou função sem utilizar a palavra propriamente dita: “Nós chamamos uma quantidade x composta de outras quantidades a, b,.... se x resulta de a, b,.... pelas quatro operações elementares, por extraçãode raízes ou por qualquer outra operação imaginável.” Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716) 1694 Utilizou a palavra “função” para designar quantidades geométricas que dependiam de um ponto em uma curva. E na obra História usou a palavra “função” para representar quantidades que dependem de uma variável. Jakob Bernoulli (1654-1705) 1694 Definiu a palavra função como: “quantidades geométricas que dependiam de um ponto em uma curva’. Johann Bernoulli (1655-1705) -- Definiu função como: “função de uma magnitude variável à quantidade composta de alguma forma por esta magnitude variável e por constantes”. Leonhard Euler (1707-1783) -- Introduziu o símbolo f(x) D’Alembert (1717-1783) -- Definiu a equação da onda: 𝜕2𝑦 𝜕𝑡2 = 𝑎 𝜕2𝑦 𝜕𝑥2 Daniel Bernoulli (1700-1782) 1753 Tentativa de resposta para o problema da corda vibrante: 𝑦(𝑥, 𝑡) = ∑𝑏𝑛𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝑙 ∞ 𝑛=1 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑎𝑡 𝑙 Joseph-Louis Lagrange 1797 Na obra de Théorie des Functions Analytiques, definiu: “chama-se função de uma ou de várias quantidades a toda expressão de 8 (1736-1813) cálculo na qual essas quantidades entrem de alguma maneira, combinadas ou não com outras quantidades cujos valores são dados e invariáveis, enquanto que as quantidades da função podem receber todos os valores possíveis. Assim, nas funções são consideradas apenas as quantidades assumidas como variáveis e não as constantes que aparecem combinadas a elas”. Joseph-Louis Lagrange (1736-1813) 1806 Lecons sur le calcul des functions: “funções representavam diferentes operações que deviam ser realizadas em quantidades conhecidas para obterem-se valores de quantidades desconhecidas, e estas quantidades desconhecidas eram, propriamente, o último resultado do cálculo”. Jean Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) 1822 Afirmou em La Théorie Analytique de la Chaleur: “qualquer função poderia ser expressa por uma série trigonométrica da seguinte forma: 𝑓(𝑥) = 𝑎0 2 = ∑ [𝑎𝑛𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝑙 + 𝑏𝑛𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝑙 ] ∞ 𝑛=1 Benhard Bolzano (1781-1848) 1817 Publicou Functionlehre, onde conceituou continuidade muito próximo do conceito atual. Demostrou o teorema do valor médio. Augustin Louis Cauchy (1789-1857) 1821 Em Cours d’analyse definiu função: “quando quantidades variáveis estão ligadas entre si de tal forma que, o valor de uma delas sendo dado, pode-se determinar o valor das demais, diz-se usualmente que estas quantidades são expressas por meio de uma delas, que toma o nome de variável independente; e as outras quantidades expressas por meio da variável independente são o que chamamos de funções dessa variável”. Definiu continuidade através de infinitésimos. Peter Gustav Lejune Dirichlet (1805-1859) -- Demonstrou que nem todas as funções podem ser escritas pela série de Fourier. Peter Gustav Lejune Dirichlet (1805-1859) 1837 Definiu função como: “se uma variável y está relacionada com uma variável x de tal modo que, sempre que é dado um valor numérico a x, existe uma regra segundo a qual um valor único de y fica determinado, então diz-se que y é função da variável independente x”. Nikilái Lobatchevsky (1792-1856) -- Definiu função: “a concepção geral exige que uma função de x seja chamada de número que é dado para cada x que muda gradualmente com x, o valor da função pode ser dado ou por uma expressão analítica, ou por uma condição que favoreça um meio para testar todos os números e selecionar um deles; ou finalmente, a dependência pode existir mas permanecer desconhecida”. Bernhard Riemann (1826-1866) -- Esclareceu os critérios de integrabilidade, e deu origem ao conceito de “Integral de Riemann”. Phillip Cantor (1845-1918) -- Desenvolveu a teoria dos conjuntos. Karl Weisrstrass (1858-1932) -- Definiu função como uma série de potência juntamente com todas as que podem ser obtidas dela por prolongamento analítico. Giuseppe Peano (1858-1932) -- Definiu três conceitos primitivos que o zero, o conceito de número (inteiro não-negativo) e a relação de ser sucessor de, os quais, junto com seus cinco postulados, forneceram uma construção rigorosa do conjunto dos números naturais. 9 Nicolas Bourbaki 1968 Em Théorie des Ensembles conceituou função de duas maneiras: “Sejam E e F dois conjuntos, distintos ou não. Uma relação entre uma variável x de E e uma variável y de F é dita uma relação funcional em y, ou relação funcional de E em F, se qualquer que seja x E, existe um e somente um elemento y a F que esteja associados a x na relação considerada. Dá-se o nome de função à operação que desta forma associa a todo o elemento x a E o elemento y a F que se encontra ligado a x na relação dada; diz-se que y é o valor da função para o elemento x, e que a função está determinada pela relação funcional considerada. Duas relações funcionais equivalentes determinam a mesma função”. E; “Um certo subconjunto do produto cartesiano AxB”. Tabela 1: Quadro Sintótico do Conceito de Função Fonte: Adaptado de (Sá, et al., 2003) 1.2. Definição de Função Dentre as inúmeras definições de funções estabelecidas até hoje, este trabalho utilizará a seguinte definição: Definição 1. Sejam A, B 𝐴, 𝐵 ⊂ ℝ. Uma função f definida em A e com valores em B é uma regra que associa a cada elemento de 𝑥 ∈ 𝐴 um único elemento 𝑦 ∈ 𝐵. As notações usuais são: 𝑓: 𝐴 → 𝐵 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑦 = 𝑓(𝑥) ou 𝑓: 𝐴 → 𝐵 ou 𝑥 → 𝑓(𝑥) O número x é chamado de variável independente da função e y variável dependente da função. 1.2.1. Função do Primeiro Grau Uma função do primeiro grau pode ser definida como: 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑚𝑥 + 𝑏 10 Onde 𝑚, 𝑏 ∈ ℝ. Note que 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ e 𝐼𝑚(𝑓) = ℝ. O gráfico de f é a reta de coeficiente linear m passando pelo ponto (0, b). O gráfico abaixo mostra a função 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 2. Neste caso b = 2 e o coeficiente linear (m) vale 2. A raiz da equação é dada pelo ponto onde f(x) assume o valor zero. Na figura abaixo, a raiz é dada pelo ponto (-1, 0). Figura 1: Gráfico da Função de Primeiro Grau: f(x) = y = 2x + 2 Fonte: autoria do Grupo As funções do primeiro grau podem ser classificas em funções crescentes ou decrescentes. O que define esta classificação é o valor do coeficiente linear (m). Quando 𝑚 > 0, a função é crescente. Entretanto, quando 𝑚 < 0, a função é dita decrescente. A figura abaixo ilustra estes dois tipos de função.6 6 Vale lembrar que o coeficiente linear (m), pode assumir o valor zero. Neste caso, a função é dita constante. x y F(x) = y = 2x + 2 (-1, 0) 11 Figura 2: Função Crescente e Função Decrescente Fonte: autoria do Grupo 1.2.2. Função do Segundo Grau Uma função do segundo grau pode ser definida como: 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 Onde 𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐 ∈ ℝ; 𝑎 ≠ 0. O 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ. Contudo, a 𝐼𝑚(𝑓) depende do discriminante ∆ da equação f(x) e do coeficiente a. O gráfico de uma função de segundo grau é uma parábola, de vértice 𝑣 = (− 𝑏 2𝑎 , − ∆ 4𝑎 ). A concavidade da parábola depende do valor do coeficiente a. Quando a > 0, a concavidade é voltada para cima e a função f(x) possui ponto de mínimo igual ao vértice. Já quando a < 0, a concavidade é voltada para baixo e a função f(x) possui ponto de máximo igual ao vértice. A figura abaixo mostra estes dois casos. x y x y FUNÇÃO CRESCENTE (m > 0) y = x + 2 FUNÇÃO DECRESCENTE (m < 0) y = – x + 2 m > 0 m < 0 12 Figura 3: Função do Segundo Grau: Concavidadeda Parábola Fonte: autoria do Grupo Em relação às raízes da equação do segundo grau, o que define o valor das raízes é o descriminante (∆). É possível termos três situações distintas: (i) quando ∆> 0, (ii) ∆= 0 e; (iii) ∆< 0. 1º Caso: ∆> 𝟎 → Quando ∆> 0, a função apresenta duas raízes reais e distintas. 2º Caso: ∆= 𝟎 → Quando ∆= 0, a função apresenta duas raízes reais e iguais. 3º Caso: ∆< 𝟎 → Quando ∆< 0, a função não apresenta raízes reais. O gráfico abaixo ilustra estas situações. x y x y CONCAVIDADE PARA CIMA (a > 0) y = x2 – 2x – 3 CONCAVIDADE PARA BAIXO (a < 0) y = – x2 – 2x + 3 13 Figura 4: Estudo das Raízes da Equação do Segundo Grau: a > 0 Fonte: autoria do Grupo Figura 5: Estudo das Raízes da Equação do Segundo Grau: a < 0 Fonte: autoria do Grupo 1.2.3. Função Polinomial de Grau n A função polinomial de grau n é definida por: 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 +⋯+ 𝑎0 Onde 𝑎𝑛, 𝑎𝑛−1, 𝑎0 ∈ ℝ; 𝑎𝑛 ≠ 0;𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ, mas a 𝐼𝑚(𝑓) e o gráfico de f dependem essencialmente do grau do polinômio e de 𝑎𝑛. A figura abaixo ilustra exemplos de equações polinomiais de grau n. x y x y x y Duas raízes reais distintas Duas raízes reais iguais Não existem raízes reais Duas raízes reais distintas Duas raízes reais iguais Não existem raízes reais x y x y x y 14 Figura 6: Funções Polinomiais de Grau n Fonte: autoria do Grupo 1.3. Definição de Continuidade Dados uma função f : X R, X R e a X, dizemos que f é contínua no ponto a se para todo > 0 , existe > 0 tal que:7 𝑥 ∈ 𝑋, |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⇒ |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑎)|𝜀 Se a função for contínua em todos os pontos do domínio X, dizemos que f : X R é contínua. De maneira mais simplificada e intuitiva, dizemos que a função f(x) é contínua se, ao desenharmos o gráfico da função, não tiramos o lápis do papel. O gráfico abaixo ilustra estas situações. 7 Definição extraída de (Oliveira, 2013) x y x y 15 Figura 7: Função Contínua e Função Não Contínua Fonte: autoria do Grupo De acordo com a figura acima, o Caso 1 mostra uma função contínua, isto é, para todo domínio de f(x), existe uma imagem correspondente. Já no Caso 2, no ponto x = 4, a função não é contínua, isto é, não está definido um valor f(x) para x = 4.8 1.4. Aplicações Práticas de Funções O dia a dia está repleto de exemplos aplicação de funções polinomiais de primeiro, segundo e grau n. Diversos ramos da ciência utilizam funções na busca de respostas aos problemas práticos. A seguir, serão mostrados diversos usos destas funções.9 8 No Caso 2, temos a função f(x) definida por: 𝑓(𝑥) = { ℎ(𝑥) = 2, 𝑠𝑒 𝑥 < 4 𝑔(𝑥) = 𝑥2 − 5𝑥 + 6, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 4 9 Os exemplos a seguir foram extraídos de (UERJ, 2013). x y CASO 1 FUNÇÃO CONTÍNUA CASO 2 FUNÇÃO NÃO CONTÍNUA - 5x + 6 - 5x + 6 x y 16 1.4.1. Função do Primeiro Grau: Aplicação Prática Exemplo: Sabemos que a pressão da água do mar é função da profundidade. Denotemos por P a pressão e H a profundidade relativa ao nível do mar. Experimentalmente verifica-se que a pressão da água ao nível do mar é de 1 atm, (atm = atmosfera) e que acréscimos iguais na profundidade correspondem a acréscimos iguais na pressão. Logo, ao passar de um ponto do mar para outro situado a 1m (m =metro) de profundidade, haverá um aumento da pressão de aproximadamente 1 atm. Passando do nível do mar a uma profundidade de H m, a pressão aumentará H × 0,1. A pressão da água, em atmosferas, é dada pela função polinomial do primeiro grau: 𝑃 = 𝑓(𝐻) = 0,1𝐻 + 1 Figura 8: Gráfico da Função P = f(H) Fonte: autoria do Grupo Observando a função acima, é possível determinar tanto a pressão da água, dada determinada profundidade e/ou, qual a profundidade, quando conhecemos a pressão exercida pela água. Por exemplo: x y 17 (a) Qual a pressão da água quando a profundidade é de 100m? Resolução: 𝑃 = 𝑓(𝐻) = 0,1𝐻 + 1 𝑃 = 𝑓(100) = 0,1 × 100 + 1 ∴ 𝑓(100) = 11 Portanto, pode-se afirmar que quando a profundidade é de 100 metros, a pressão da água é de 11 atm. (b) Qual a profundidade quando a pressão da água é de 50 atm? Resolução: 𝑃 = 𝑓(𝐻) = 0,1𝐻 + 1 50 = 0,1 × 𝐻 + 1 ∴ 𝐻 = 590 Portanto, pode-se afirmar que quando a pressão da água é de 50 atm, a profundidade é de 490 metros. 1.4.2. Função do Segundo Grau: Aplicação Prática Exemplo: A trajetória de um corpo lançado obliquamente, desprezando a resistência do ar, é dada por uma função polinomial do segundo grau. A partir de seu deslocamento horizontal (ao longo do eixo dos x), obtemos sua altura y. Por exemplo, um objeto é lançado no ar. Se sua altura, em metros, t segundos após o lançamento é dada por 𝑦 = 𝑓(𝑡) = 20𝑡 − 10𝑡2, qual é a altura máxima atingida pelo objeto e em que instante ele a atinge? 18 Figura 9: Gráfico da Função y = f(t) Fonte: autoria do Grupo Resolução: Para determinar o ponto máximo que o objeto atinge, basta determinar qual o vértice da parábola da figura acima. Como dito na seção 1.2.2 deste trabalho, a fórmula que determina o vértice é: 𝑣 = (− 𝑏 2𝑎 , − ∆ 4𝑎 ). Dessa maneira, temos que: 𝑉é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 (𝑥𝑣, 𝑦𝑣) = { 𝑥𝑣 = − 𝑏 2𝑎 = − 20 2 × (−10) = 1 𝑦𝑣 = − ∆ 4𝑎 = − √𝑏24𝑎𝑐 4 × (−10) = 400 40 = 10 ∴ 𝑉é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 (𝑥𝑣, 𝑦𝑣) = (1,10) Portanto, o objeto atingirá o ponto máximo (10 metros), 1 segundo após o lançamento. x y 19 1.4.3. Função Polinomial do Grau n: Aplicação Prática Suponha que foram introduzidos numa ilha, 144 indivíduos de uma certa espécie de macacos. Inicialmente, a quantidade de indivíduos tende a crescer; após um certo tempo, o alimento e a população de macacos decresce. Se o número de macacos no tempo t, em anos, é dado pela expressão P(t) abaixo, em quanto tempo a população se extingue? 𝑃(𝑡) = −𝑡4 + 32𝑡2 + 144 Resolução: Para saber quando a população se extingue, basta achar as raízes da equação P(t). Para isso, basta igualar P(t) = 0. 𝑃(𝑡) = 0 = −𝑡4 + 32𝑡2 + 144 −𝑡4 + 32𝑡2 + 144 = −(𝑡 − 6)(𝑡 + 6)(𝑡2 + 4) 𝑅𝑎í𝑧𝑒𝑠: 6, −6 Portanto, a população será extinta no ano 6 (vale lembrar que 𝑡 ≥ 0. O gráfico abaixo ilustra este exemplo. Figura 10: Gráfico da Função P = f(t) Fonte: autoria do Grupo x y 20 2. ANÁLISE Devido às regras da APS, que restringeo número de páginas deste trabalho, optou-se por demonstrar o histórico do desenvolvimento do conceito de função e também focar a teoria na determinação do grau das funções. Dessa maneira, foram exemplificadas funções de diferentes graus. Em nenhum momento, este trabalho pretendeu esgotar o tema funções. Entretanto, procurou-se organizar a teoria de forma a proporcionar ao leitor o entendimento histórico das funções ao longos dos séculos (desde a Idade Média até os tempos atuais) e também resumir os principais conceitos e definições de funções praticados atualmente nas escolas. Levando isso em consideração, para cada tipo de função apresentada (primeiro grau, segundo grau e grau n), foram mostradas aplicações práticas destas funções no dia a dia. Assim, para as funções do primeiro grau, foi proposta uma aplicação prática onde se relacionava a profundidade do mar com a pressão exercida pela água. A relação entre profundidade e pressão é dada por uma expressão linear, onde a pressão aumenta de forma diretamente proporcional à medida em que a profundidade também aumenta. Pelo exemplo, era possível calcular o valor da pressão dada a profundidade de água. Também era possível calcular a profundidade da água em função da pressão exercida. De acordo com a expressão apresentada, foi possível construir um gráfico que mostrava como a pressão aumentava de acordo com o aumento da profundidade. É interessante notar que, no nível do mar, a pressão exercida pela atmosfera já é de 1 atm. Assim, para cada 10 metros de profundidade da água, a pressão aumentava linearmente em uma unidade. A partir deste exemplo dado, o professor também pode explorar um pouco alguns conceitos de física básica, tais como: pressão, empuxo e força. Todas essas grandezas possuem uma relação linear em relação à profundidade da água. Inúmeros exemplos de funções de primeiro grau podem ser explorados pelos professores, tais como: modelo de precificação da passagem de táxi (que aumenta linearmente em função da quantidade de quilômetros rodados pelo taxi); preço da conta de luz ao consumidor no Brasil, onde o preço é também diretamente proporcional ao consumo de energia elétrica do cliente, medido em KWh. Para ilustra a aplicação de função de segundo grau no dia a dia, foi escolhida uma função que relaciona a trajetória de um corpo lançado por um objeto lançado em função do tempo. De acordo com a função apresentada, era possível estimar a altura máxima atingida pelo objeto e em quanto tempo após o lançamento ele estaria no ponto máximo. Da mesma maneira, dado 21 um tempo t, podia-se calcular qual a altura do objeto naquele momento. Este tipo de exercício é uma aplicação direta da física mecânica. Assim, como no exemplo anterior, o professor pode explorar conceitos básicos de física tais como: resistência do ar, força, distância. Exercícios como estes são bastante comuns em livros didáticos e provas de cursos e vestibulares. Com isso, o professor pode ir além e incluir novos exemplos de aplicações do segundo grau para o aluno. Por exemplo, fios de alta tensão que passam pelas torres de transmissão são dispostos de maneira a considerar a dilatação e contração devido ao calor e frio, respectivamente. Com isso, caso o fio seja deixado muito esticado, quando houver uma brusca diminuição da temperatura, haverá uma grande significativa contração, podendo causar uma acidente no momento em que este fio diminuir de tamanho. Da mesma maneira, quando houver uma alta temperatura ambiente, este fio irá se dilatar, podendo alcançar acidentes, mesmo não sendo tão comum quanto o caso anterior. Também, em época de Copa do Mundo, pode ser bastante interessante ao aluno saber qual a distância máxima atingida por uma bola chutada por um goleiro com uma determinada força. Já em relação à funções de grau n, foi escolhido um exemplo que possui relação com a biologia uma vez que o exercício fazia relação com os habitantes (macacos) de uma ilha e o tempo total de extinção da população. A função era de grau 4 e foi possível observar a tendência de crescimento através do gráfico. Neste caso, a população seria extinta em 6 anos, a partir do momento inicial. Este exemplo poderia ser ampliado para a matéria de biologia, por exemplo, estimando a contagem de uma população de bactérias em determinado tempo ao longo de um estudo. A escolha destes exemplos foi precedida de uma análise histórica das provas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, que nos últimos anos está procurando relacionar conceitos aprendidos em sala de aula com a vida cotidiana da população. Isso é muito positivo para o aluno, que é capaz de perceber como a teoria que aprende dentro da sala de aula é aplicada na prática em seu dia a dia. Neste sentido, foi possível observar que os trabalhos acadêmicos, principalmente de Mestrado e Doutorado estão procurando relacionar sempre teoria e prática, mostrando diferentes abordagens para o ensino do aluno, em especial do ensino médio. Essa mudança de paradigma também pode ser observada nos livros didáticos. Aos poucos, as páginas que antes eram exclusivamente de teoria já procuram adicionar exemplos práticos sobre os conceitos dados em sala de aula. Para as ciências da Natureza, por exemplos, inúmeras experiências são propostas para o aluno realizar individualmente ou em grupo, visando aumentar o interesse pelo assunto ministrado pelo professor. 22 Se o professor dispuser de um laboratório de informática, ele poderá explorar as mudanças no gráfico das funções quando os parâmetros são modificados. Por exemplo, o que acontece com o gráfico quando f(x) é multiplicado e/ou dividido por um número real. Isto é, qual o deslocamento do gráfico ao longo dos eixos. Porém, esses aspectos ainda não estão sendo bastante explorados pelos livros didáticos. Assim, de maneira geral, a forma com que o conceito de função está sendo transmitido aos alunos está sendo modificado. Pode-se perceber que a ideia é adequar o conteúdo dos livros sejam adaptados ao que se pede nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Mesmo que, em alguns casos, essa adaptação ainda ocorra de forma bastante lenta, a tendência é que os livros consigam expor todos os conceitos matemáticos relacionando-os com as aplicações práticas cotidianas das pessoas, retomando a percepção dos alunos que a matemática é de extrema importância em sua vida. 23 3. RESULTADOS O Brasil está passando por um momento bastante singular no que diz respeito ao seu desenvolvimento econômico e social. Nos próximos três anos, o País será sede dos dois maiores eventos esportivos: Copa do Mundo de Futebol (2014) e Olimpíadas (2016). É sabido que os alunos em período escolar (ensino básico, fundamental e médio) possuem um grande interesse por esportes. Saber utilizar este interesse e levar para dentro da sala de aula situações reais para os alunos pode ser bastante importante, tanto para o professor quanto ao aluno, para a fixação da matéria. Ainda mais quando se pensa na dificuldade em relação ao ensino da matemática.10 Dessa maneira, torna-se essencial ao professor saber chamar a atenção do aluno para a importância da matemática na vida de seu aluno. Para futuros estudos, a sugestão deste trabalho para professores é o desenvolvimento de material didático na área de funções cujo conteúdo tenha relação com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Pode-se, por exemplo, aplicar conceitos econômico-financeiros para que o aluno estime qual a renda de um jogo na copa do mundo, a partir do preço unitário do ingresso e a lotação do estádio. Da mesma maneira, é possível estimar a despesa de um time com deslocamento, considerando a distância da delegação ao estádio e as diversas sedes que o Brasil terá na Copa do Mundo (vale lembrar que os jogos serão disputados nas cinco regiões brasileiras). Outra possibilidadeé utilizar funções aplicadas ao atletismo. Por exemplo, o lançamento de dardo, disco e salto em distância são funções da força aplicada pelo atleta no momento do salto e/ou arremesso e a trajetória desenvolvida é uma parábola, que é definida por uma função do segundo grau. Para isso, pode-se utilizar importantes ferramentas para o auxílio do aluno no momento do aprendizado. A sugestão é a aplicação de sequência didática com o uso do software Winplot, um software gratuito para auxílio do aprendizado de Cálculo Diferencial e Integral bastante utilizado nos cursos de licenciatura em matemática no Brasil. De interface bastante amigável e simples, é possível construir gráficos, integrais, áreas, volumes, etc., a partir dos exemplos 10 Um relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado no dia 10/04/13, aponta o Brasil como um dos piores países do mundo nos ensinos de matemática e ciências. Entre 144 nações avaliadas, o país aparece na 132ª posição, atrás de Venezuela, Colômbia, Camboja e Etiópia. Outro dado alarmante é a situação do sistema educacional, que alcança o 116º lugar no ranking - atrás de Etiópia, Gana, Índia e Cazaquistão. Os dois indicadores regrediram em relação à edição 2012 do relatório, em que estavam nas 127ª e 115ª posições. (VEJA, 2013) 24 encontrados nos livros didáticos de matemática. Os comandos são simples e basta o aluno explorar o programa que conseguirá extrair valiosa ajuda para seu entendimento.11 Dessa maneira, diante do que foi estudado neste trabalho, espera-se que este conteúdo seja útil ao professor no momento de considerar a relação entre funções e aplicações práticas no dia a dia do aluno. Diversas situações cotidianas mostram a importância de se mostrar ao aluno onde ele poderá aplicar o que foi aprendido dentro da sala de aula. Muitos alunos perguntam ao professor: “- Onde eu uso isso?”. No momento em que o professor consegue trazer exemplos reais da vida do aluno à matéria que está sendo dada, a aula torna-se mais prazerosa e o aprendizado pelo aluno mais eficiente e eficaz. Por fim, com o objetivo de maximizar o aproveitamento do aluno, a recomendação é unir aulas expositivas com aulas de informática, através do uso de softwares matemáticos, visando melhorar o aprendizado e ilustrar as aplicações práticas do conteúdo estudado. 11 Para download gratuito do programa, basta acessar o site: http://math.exeter.edu/rparris/winplot.html 25 BIBLIOGRAFIA Academy, P. E., 2013. Phillips Exeter Academy. [Online] Available at: http://math.exeter.edu/rparris/winplot.html [Acesso em 02/05/13 Maio 2013]. Brasil, 2006. Guia do livro didático 2007: matemática: séries/anos iniciais do ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Brasil, 2013. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática.. Brasília: Secretaria da Educação Fundamental. Bueno, R. W. d. S. & Viali, L., 2009. A Construção Histórica do Conceito de Função. Educação Matemática em Revista, 1(10), pp. 37-47. Chaves, M. I. d. A. & Carvalho, H. C. d., 2004. Formalização do Conceito de Função no Ensino Médio: Uma Sequência de Ensino-Aprendizagem. VII Encontro Educacional de Educação Matemática, 15-18 julho. Ministério da Educação, 2000-2012. Exame Nacional do Ensino Mèdio. Brasília: s.n. Oliveira, S. S. d., 2013. [Online] Available at: http://www.professores.uff.br/salete/ [Acesso em 12/05/13 2013 2013]. Reis, A. M., 2011. Uma proposta dinâmica para o ensino de função afim a partir de erros dos alunos no primeiro ano do ensino médio. Ponticícia Universidade Católica, Issue Dissertação de Mestrado, p. 171. Sá, P. F., Souza, G. d. S. & Silva, I. D. B. d., 2003. A Construção do Conceito de Função: Alguns dados Históricos. 6(11), pp. 81-92. UERJ, 2013. Cálculo: Volume 1. Em: D. d. A. Matemática, ed. s.l.:UERJ. VEJA, R., 2013. REVISTA VEJA. [Online] Available at: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/matematica-e-ciencias-no-pais-sao- piores-do-que-na-etiopia [Acesso em 09/05/13 Maio 2013]. 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