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Questão 1
Completo
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Texto da questão
A fenomenologia ganha novos contornos nas investigações de outros autores, como Martin Heidegger, que buscou fazer uma análise da existência humana de um ponto de vista fenomenológico. Dessa forma, Heidegger tornou-se principal fonte de inspiração de outra corrente filosófica conhecida como existencialismo. Sobre Heidegger e o existencialismo podemos afirmar corretamente:
a.
Principal antecedente da filosofia existencialista, Kierkegaard afirmava que a existência humana tem seu sentido, podendo o homem viver sem medos e receios.
b.
Heidegger continua a filosofia de Kierkegaard, assumindo sua dimensão religiosa, dizendo que o homem por meio da fé, dá um “salto” para Deus.
c.
Para Heidegger, há dois modos de existência: o inautêntico, quando o homem se resigna diante do caos da existência humana; e o autêntico, quando o homem tenta se distrair com as coisas do mundo para não pensar no absurdo da vida.
d.
O ser humano, para Heidegger, assume sua existência autêntica quando busca fugir da angústia associada à ideia da morte e se distrai com as preocupações imediatas.
e.
Heidegger enfatiza a liberdade e a responsabilidade individual do ser humano.
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A resposta correta é: Heidegger enfatiza a liberdade e a responsabilidade individual do ser humano.
Questão 2
Completo
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Texto da questão
A partir de meados do século XIX, ocorre afirmação da psicologia como uma ciência empírica e autônoma, e não mais uma parte da filosofia. Isso faz com que haja uma mudança na forma como são abordadas questões como o que é o conhecimento, o que é verdadeiro e como distinguir este do falso. De questões filosóficas que eram, passam a ser consideradas questões científicas. Isso traz consequências para o problema do conhecimento, e para a própria filosofia. Sobre esse contexto, e suas consequências, analise as proposições a seguir:
I. Para os psicologistas da segunda metade do século XIX, o conhecimento se dá em atos mentais, que variam de sujeito para sujeito. Portanto, a objetividade do conhecimento, defendida pela filosofia, passa a ser profundamente questionada.
II. Edmund Husserl situa o conhecimento em um campo transcendental, acima da experiência imediata, trabalhando com categorias muito abstratas e distantes da realidade, não permitindo que a psicologia empírica se confunda com a reflexão filosófica.
III. A Fenomenologia foi iniciada por Kant e recoloca as questões filosóficas em um novo nível de entendimento, partindo da intencionalidade do sujeito entendida como um ato da vontade que impele o sujeito a uma ação.
IV. Husserl retoma o conhecimento não como algo que acontece no sujeito, mas como algo que o sujeito faz acontecer, uma vez que a intenção é um ato e não uma passividade.
V. Husserl critica o psicologismo, afirmando que ele confunde o ato mental com o objeto de conhecimento: o primeiro é individual e subjetivo, mas o segundo pode ser universal e objetivo, isto é, pode ser o mesmo para diversos sujeitos. Isso recupera a possibilidade do conhecimento ser objetivo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a.
V – F – F – V – V
b.
F – V – F – V - F
c.
V – V – V – V – V
d.
F – F – V – V - F
e.
V – F – V – F - V
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A resposta correta é: V – F – F – V – V
Questão 3
Completo
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Texto da questão
A revolução industrial trouxe uma série de transformações sociais, econômicas e tecnológicas. Embora a revolução industrial tenha aumentado a produção de riquezas, intensificou a desigualdade social. Diversos pensadores chamados de socialistas, entre eles Karl Marx, buscavam encontrar soluções para melhorar as condições de vida e trabalho das classes menos favorecidas. Sobre o pensamento de Karl Marx, podemos afirmar corretamente:
a.
Marx afirmava que a exploração do trabalho assalariado levaria a sociedade capitalista a uma crise sem precedentes.
b.
Para Marx, a ideologia criada pelo poder dominante tem o papel de acirrar os conflitos sociais, criando uma grande instabilidade entre as classes.
c.
O conceito de alienação desenvolvido por Marx significa quando o trabalhador toma o controle de seu tempo e de sua força de trabalho, podendo consumir livremente o que ele mesmo produz.
d.
A revolução proletária que ocorreria após a crise capitalista, manteria o governo tradicional no poder, uma vez que ele teria o conhecimento de como se estrutura os meios de produção.
e.
A classe dominante, no momento da crise extrema do capitalismo, colaborará com as classes trabalhadoras em seu trabalho de reorganizar a sociedade a partir dos interesses da maioria da população.
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A resposta correta é: Marx afirmava que a exploração do trabalho assalariado levaria a sociedade capitalista a uma crise sem precedentes.
Questão 4
Completo
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Texto da questão
No debate educacional a partir do marxismo, podemos citar os filósofos Louis Althusser e Antonio Gramsci, entre outros. São perspectivas diferentes, mas que concordam com a necessidade de se entender a educação dentro do contexto de uma sociedade de classes e com instrumentos ideológicos bem definidos. Sobre o pensamento destes dois filósofos, podemos afirmar corretamente:
a.
Gramsci não acredita na importância da escola como instância possível de formação da consciência crítica do educando.
b.
Para Althusser, portanto, é imprescindível a manutenção da educação escolar como condição para a emancipação da classe trabalhadora.
c.
Gramsci propõe uma educação pública e unitária, que não faça distinções de classes sociais.
d.
Para Althusser, a escola é um veículo disseminador do ideal revolucionário, que busca retirar o controle social das mãos da classe burguesa.
e.
Intelectual orgânico, para Gramsci, é aquele que não tem nenhum comprometimento com classe alguma, estando preocupado somente com a qualidade da produção de um conhecimento verdadeiro e confiável.
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A resposta correta é: Gramsci propõe uma educação pública e unitária, que não faça distinções de classes sociais.
Questão 5
Completo
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Texto da questão
No século XX, muitos filósofos tomaram a linguagem como fundamento para o pensamento em geral e para a filosofia em particular, tendência que ficou conhecida como virada linguística, que definiu um campo de investigação filosófica chamada de filosofia analítica. Sobre a filosofia analítica, que teve Ludwig Wittgenstein como seu principal destaque, é correto afirmar:
a.
É possível que um predicado tenha sentido fora da frase, quando considerado isoladamente, uma vez que o sujeito tem sentido independente do predicado.
b.
O positivismo lógico é uma vertente da filosofia linguística, e se ocupa da investigação da linguagem em geral.
c.
Para a filosofia analítica, o objeto da filosofia não é a linguagem, mas a realidade concreta em que o homem está inserido.
d.
Wittgenstein afirma que o pensamento e a linguagem são indissociáveis, sendo impossível pensar algo que não possa ser dito.
e.
Para Wittgenstein, a unidade mínima de sentido na linguagem é a palavra, que designa um determinado objeto, e não uma frase inteira.
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A resposta correta é: Wittgenstein afirma que o pensamento e a linguagem são indissociáveis, sendo impossível pensar algo que não possa ser dito.
Questão 6
Completo
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Texto da questão
O Estruturalismo, originalmente, é um termo da linguística. No entanto, o termo ultrapassou o âmbito da linguística, sendo incorporado também a outros campos, como a antropologia, a psicanálise e a filosofia. Na filosofia quem se destaca é Michel Foucault, que produziu importantes obras de cunho estruturalista, como História da loucura, Vigiar e punir e História da sexualidade. Sobre Foucault e o Estruturalismo, podemos afirmar corretamente:
a.
Entendemos os conceitos da mesma forma como eles foram entendidos em outras épocas. Por exemplo, o sentido de loucura hoje é o mesmo de antigamente.
b.
O progresso na verdadeé um mito, uma vez que não houve evolução, por exemplo, da medicina. O que houve foi a substituição de uma estrutura de pensamento por outra.
c.
Foucault dizia que é possível compreender o significado de um conceito próprio de uma época, por alguém que não esteja naquela formação discursiva.
d.
Foucault trabalha com a noção de que todas as estruturas que determinam o que um indivíduo pode pensar ou não, são conscientes.
e.
Não é possível identificar elementos comuns quando comparamos instituições sociais diversas, uma vez que suas estruturas são completamente diferentes. Por exemplo, para Foucault, não é possível fazer relação entre um hospital e uma escola.
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A resposta correta é: O progresso na verdade é um mito, uma vez que não houve evolução, por exemplo, da medicina. O que houve foi a substituição de uma estrutura de pensamento por outra.
Questão 7
Completo
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Texto da questão
O pensamento de Marx teve desdobramentos na área da educação. Ele faz uma dura crítica à educação escolar de seu tempo, identificando as contradições existentes entre os interesses da classe capitalista e o da classe trabalhadora, o que resultaria em uma educação para os filhos do patrão e outra para os filhos do trabalhador. Sobre o pensamento de Marx e sua relação à educação, analise as seguintes proposições:
I. A ideologia tem sua origem nas relações concretas que os seres humanos estabelecem entre si para proverem sua subsistência material.
II. A classe trabalhadora não usufrui da totalidade do resultado de seu trabalho, enquanto que os capitalistas usufruem do resultado do trabalho dos outros.
III. A escola serve aos propósitos da classe capitalista, uma vez que a escola se assemelha a uma empresa, onde o professor é um trabalhador assalariado, e a educação dos alunos é um produto.
IV. O projeto de Marx implica conceber o trabalho como princípio educativo como forma de superar a alienação.
V. O pensamento de Marx não foi continuado por filósofos do século XX, uma vez que sua temática era pertinente somente ao contexto do auge da Revolução Industrial no século XIX.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a.
V – V – V – V – F
b.
F – V – F – V – F
c.
V – V – V – F – F
d.
F – F – F – V – V
e.
V – F – V – F – V
Feedback
A resposta correta é: V – V – V – V – F
Questão 8
Completo
Atingiu 0,05 de 0,05
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Texto da questão
Os pragmatistas concordam que a verdade não é imutável, isto é, a concepção daquilo que consideramos verdade hoje pode mudar em função de fatores práticos que alterem nosso ponto de vista. Não se trata de um relativismo absoluto. Mas há um critério possível que deve ser utilizado: as consequências práticas que determinada ideia ou ação pode vir a produzir. John Dewey foi um filósofo pragmatista que mais se debruçou sobre a questão da educação. Sobre o pragmatismo e o pensamento de Dewey, podemos afirmar corretamente:
a.
Segundo o pragmatismo de Dewey, o educando não deveria se preocupar com as questões do cotidiano, pois estas poderiam desviar seu foco do aprendizado de uma fórmula matemática.
b.
Para Dewey, o pensamento humano independe das relações que o sujeito estabelece com o mundo.
c.
Para Dewey, o principal problema da educação é que ela não preparava para a vida, uma vez que memorização e repetição de fórmulas não ajudam em nada no dia a dia pessoal ou do trabalho.
d.
Para o pragmatismo de Dewey, as respostas automatizadas devem ser incentivadas pela escola, pois elas ajudam a resolver melhor os problemas que surgem em nossa vida.
e.
A escola não precisa estar em sintonia com o dia a dia, uma vez que a educação deve criar um novo mundo, com experiências novas.
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A resposta correta é: Para Dewey, o principal problema da educação é que ela não preparava para a vida, uma vez que memorização e repetição de fórmulas não ajudam em nada no dia a dia pessoal ou do trabalho.
Questão 9
Completo
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Texto da questão
Sobre Wittgenstein e a filosofia analítica, importante corrente filosófica do século XX, considere as seguintes proposições:
I. O significado de uma palavra é definido pelo seu uso na linguagem.
II. As palavras não são representações de uma ideia ou coisa de modo generalizante, mas elas adquirem seu significado nos contextos específicos em que são articuladas.
III. Wittgenstein inspirou a filosofia linguística, que valoriza a linguagem comum, diferente do positivismo lógico que só valorizava a linguagem científica.
IV. Para os adeptos da filosofia linguística, a fala é simplesmente o meio pelo qual expressamos ideias, não indo além, restringindo-se a um aspecto da linguagem.
V. Uma interpretação de caráter analítico nos torna conscientes e rigorosos no uso dos conceitos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a.
V – V – V – F – V
b.
V – F – F – V – V
c.
F – F – V – V – F
d.
V – F – V – V – V
e.
F – V – F – V – F
Feedback
A resposta correta é: V – V – V – F – V
Questão 10
Completo
Atingiu 0,05 de 0,05
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Texto da questão
Um filósofo influenciado pelo pensamento de Heidegger foi Jean-Paul Sartre, considerado o principal representante da corrente existencialista, cujas obras principais são O ser e o nada e Crítica da razão dialética. Sobre o pensamento de Sartre e sua relação com o aprendizado, podemos afirmar corretamente:
a.
O destino determina o curso da existência humana.
b.
A convivência com os outros não implica em responsabilidade, uma vez que cada um é responsável somente por si mesmo.
c.
Para Sartre, o reconhecimento do “outro” é fundamental para o reconhecimento de “si mesmo”, uma vez que o ser humano é concebido em uma relação dinâmica com os outros.
d.
Sartre marca sua filosofia com duas grandes verdades: o homem é livre e precisa de Deus para viver sua liberdade.
e.
O papel da educação é formar indivíduos que reconheçam a necessidade de um ser superior que dê sentido à vida humana.
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A resposta correta é: Para Sartre, o reconhecimento do “outro” é fundamental para o reconhecimento de “si mesmo”, uma vez que o ser humano é concebido em uma relação dinâmica com os outros.
UNINGA FACULDADE:
As crianças do século XXI possuem características bem particulares, tem mais acesso as informação, liberdade de expressão e de escola.
Atualmente, nos deparamos com crianças muito adultas, inteligentes e que vivem situações que não pertencem a sua idade. Isso acaba suprindo boa parte da infância.
Tudo isso acarreta um desenvolvimento intelectual acelerado e precoce, o que pode ocasionar graves consequências na sua personalidade de adultos, pois na maioria das vezes não amadurecem emocionalmente na mesma proporção.
É natural durante o desenvolvimento das crianças que muitos comecem a engatinhar mais rápido, andar mais cedo do que o normal. Essas crianças são normalmente inteligentes, espertas e independentes que são motivo de orgulho.
A adultização na infância pode causar problemas desde cedo, como baixa autoestima, carências, fechamentos, birras e adiantar a maturação afetiva e sexual.
A visão da criança como "adulto em miniatura" e da infância como sendo uma fase preparatória para o futuro contribuem para seu desaparecimento.
Hoje há um mundo da criança ou um mundo infantil e um mundo adulto como sendo opostos e incompatíveis, no entanto não há essa separação, pois adultos e crianças habitam os mesmos lugares e convivem com as mesmas pessoas, só que com intenções diferentes, bem como visões.
A diferença apontada para o adulto e a criança ou da infância para a fase da vida adulta é o conhecimento e o comportamento frente a algumas situações. Frente a isso a criança busca cada vez mais se igualar ao adulto, sejam no comportamento, atitudes, vestimentas, acessórios. Quanto mais parecida com os adultos mais atenção a criança ganha, pois mais parecidas com a mamãe e o papai ficam, ou com os personagens, e que se identificam, que aparecem na mídia.
Atualmente, cada vez menos, vemos crianças preocupadas em serem crianças. Nem mesmo os adultos incomodam-sepelo fato das crianças estarem assumindo posturas adultizadas. Em consonância a isso, em muitos casos, o incentivo à entrada ao mundo adulto cada vez mais cedo, é dado pelo próprio mundo adulto. Do mesmo modo, os padrões de beleza profundamente enraizados em nossa sociedade atentam para nossas crianças que incorporam estes padrões desde cedo.
UNIDADE 01 - PARTE 01 - FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO.
Introdução
 • Os fundamentos filosóficos e históricos da educação nos ajudam a compreender o fenômeno da educação na sociedade moderna em que vivemos, encontrando relações entre os diferentes períodos históricos e concepções de pensamento, além da realidade em que estamos inseridos.
• Com o estudo perceberemos que a educação não é um fenômeno neutro, mas possui uma intencionalidade.
 • A educação sempre está ligada aos movimentos pelos quais passa a sociedade
Unidade 1 - Uma Introdução à Filosofia
 • Veremos que a Filosofia é uma das formas de abordar a realidade. Além dela, há o mito, a ciência, a religião, a arte... 
• Tendo seu início na Grécia Antiga, a Filosofia desenvolveu-se como uma abordagem que, a partir da razão e do pensamento reflexivo, busca explicar a realidade.
FILOSOFIA GREGA ANTIGA
• No desenvolvimento da Filosofia grega vemos que seu interesse partiu da busca por compreender o princípio de todas as coisas (com os filósofos pré-socráticos) e passou para o questionamento do sentido da verdade e da vida humana (com Sócrates, Platão e Aristóteles).
Filosofia Medieval - Cristã 
• Do final da Idade Antiga e por toda a Idade Média, a Filosofia foi marcada pelo Cristianismo, em dois grandes momentos: Patrística e Escolástica.
 • Na Filosofia Cristã vemos a conciliação entre a doutrina cristã e as ideias filosóficas dos pensadores greco-romanos. Mas sempre a perspectiva cristã era a determinante.
Filosofia Moderna 
• As grandes mudanças de ordem social, científica e religiosa levam a um desenvolvimento de uma nova filosofia a partir dos séculos XV e XVI.
 • A marca da Filosofia Moderna é a colocação da razão como a faculdade que permite o homem conhecer a verdade e resolver todos os seus problemas a partir dela.
• A razão que conhece e é capaz de perguntar sobre a própria validade do conhecimento.
 • Há, na modernidade, um entusiasmo em torno da razão. Isso leva ao Iluminismo: a luz da razão capaz de guiar o homem com segurança e certeza na construção do conhecimento verdadeiro.
• O conhecimento é objeto da preocupação dos filósofos quanto ao seu processo, à sua possibilidade e também quanto à sua validade. 
• Correntes filosóficas se desenvolvem: racionalismo, empirismo e criticismo.
Filosofia Contemporânea
 • Da crença no poder da razão ao questionamento se a razão é de fato garantia da verdade.
 • A problemática colocada na contemporaneidade passa pela revisão do projeto moderno de colocar a razão como único critério para conhecer o mundo e explicá-lo.
• As diferentes correntes filosóficas contemporâneas, cada uma a seu modo, criticarão a razão no sentido de não vê-la mais como “onipotente” e infalível na busca da verdade.
PAREI DE LER NA PAGINA: 35
UNIDADE 1
 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA PROF. ME. FLÁVIO DONIZETE BATISTA.
INTRODUÇÃO
 Os fundamentos filosóficos e históricos da educação, que constituem o que convenciona-mos chamar de Fundamentos da Educação, nos ajudam a compreender o fenômeno da educação na sociedade moderna em que vivemos, encontrando relações entre os diferentes períodos históricos e concepções de pensamento e a realidade em que estamos inseridos.
 O estudo desses fundamentos nos ajudará a perceber que a educação não é um fenômeno neutro, mas sim o contrário, possuindo uma intencionalidade. Poderemos identificar diferentes conceitos de educação e ainda, compreender que a educação não é uma prerrogativa da escola, e que ela ocorre em diferentes espaços sociais. Trata-se de um estudo com necessária atitude crítica, filosófica.
ABORDAGENS DO REAL
O homem entra em contato com o mundo de diversas maneiras, dependendo das circunstâncias e necessidades, bem como da cultura de que faz parte. Em geral, dentre as abordagens principais destacam-se a mítica, religiosa, artística, científica, filosófica e do senso comum. Tais abordagens não são necessariamente excludentes e podem inclusive coexistir. Maria Lúcia acrescenta que em alguém pode predominar uma ou outra, mas pode muito bem conviver com a presença de outras: um cientista pode ter elaborado conhecimento numa área específica e não deixar de usar o senso comum na vida cotidiana quando educa seu filho, ou ainda, pode recorrer à filosofia para interpretar os fundamentos de determinado texto científico (ARANHA, 1996, p.104).
 O nível de elaboração de cada abordagem varia historicamente e depende do tipo de cultura predominante. Entre povos tribais, o que predomina é o mito, com o uso do sobrenatural e do divino nas explicações dadas aos fenômenos da realidade. Quando as relações sociais se tornam mais complexas e a economia é incrementada, exigindo o contato com outros povos, a racionalidade se torna mais elaborada e crítica, o que reduz o poder do mito, delimitando-o mais a alguns setores da vida privada. Maria Lúcia escreve sobre uma mudança que ocorre quando se rompem as estruturas econômicas tribais:
		À medida que o mito deixa de ser uma forma abrangente de compreensão do real, o que acontece quando se rompem as estruturas econômicas tribais, o conhecimento se seculariza, isto é, deixa de ser predominantemente religioso. Pode-se falar então de um saber menos mágico e mais racional, que busca fundar sua verdade na experiência de vida (ARANHA, 1996, p.104).
Chamamos de senso comum esse tipo de conhecimento proveniente da experiência de um grupo social, que é transmitido por herança e que continua sendo levado a efeito pelos indivíduos da comunidade. Algumas de suas características e ser fragmentário, difuso e, num primeiro momento, não questionado, pois é um conhecimento ametódico, assistemático. Há necessidade de se retomar criticamente esse conhecimento questionando os valores recebidos, para adequá-los ou transformá-los a partir da análise de novas situações.
 Outra forma de abordagem do real é a ciência, que pode ser considerada relativamente nova, tendo surgido no século XVII, quando Galileu lançou as bases de um revolucionário método científico. Com o recurso da experimentação e da matematização, foi possível à ciência delimitar os objetos a serem estudados, descobrindo as regularidades que permitiram estabelecer leis gerais e teorias nos fenômenos observados. As consequências de um saber tão rigoroso e elaborado não demoraram a se fazer sentir, com as transformações tecnológicas que mudaram a face do mundo.
 Diante das implicações de nosso estudo, vamos nos ater a uma dessas abordagens do real: aquela que nos permite realizar com a filosofia. O que queremos é perceber em que medida esta pode nos ajudar a compreender o fenômeno da educação.
O CONCEITO DE FILOSOFIA
A reflexão filosófica não é privilégio exclusivo de quem possui formação acadêmica em Filosofia. Toda vez que se questiona o “como” e o “porque” de seus pensamentos e de suas ações, já está, de certo modo, “filosofando”. Entre muitos povos antigos, essas especulações estavam tão misturadas às narrativas míticas que era quase impossível separar uma coisa da outra. Por isso, podemos dizer que a filosofia, como pensamento que busca pensar a experiência humana de modo distinto do pensamento mítico, surgiu primeiramente entre os gregos. 
Filosofia é uma palavra de origem grega (philos = amigo; sophia= sabedoria) e em seu sentido estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu seu apogeu entre os gregos, e que teve continuidade com os povos ocidentais. Para entender que tipo de especulação é essa precisamos definir um pouco mais a própria filosofia. Rezende busca essa definição citando Aristóteles:
É, pois, evidente que a sabedoria [sophia] é uma ciência sobre certos princípios e causas. E, já que procuramos essa ciência,o que deveríamos indagar é de que causas e princípios é ciência a sabedoria. (...) àquele que conhece com mais exatidão e é mais capaz de ensinar as causas, consideramo-lo mais sábio em qualquer ciência. E, entre as ciências, pensamos que é mais sabedoria a que é desejável por si mesma e por amor ao saber, do que aquela que se procura por causa dos resultados (...). (REZENDE, 2010, p.11).
Cada uma das características apontadas por Aristóteles mereceria um exame especial. Mas fixemo-nos em algumas delas. O saber filosófico: 1) é uma saber “de todas as coisas”, um saber universal; 2) é um saber pelo saber; um saber livre, e não um saber que se constitui para resolver uma dificuldade de ordem prática; 3) é um saber pelas causas; o que Aristóteles entende por causa não é exatamente o que nós chamamos por esse nome; de qualquer forma, saber pelas causas envolve o exercício da razão, e esta envolve a crítica: o saber filosófico é, pois, um saber crítico (REZENDE, 2010, p.12).
OS PRIMEIROS FILÓSOFOS: OS PRÉ-SOCRÁTICOS
A filosofia a surgiu na Grécia, por volta do século VI a.C., inicialmente em suas colônias (parte insular, com a Jônia e Magna Grécia) para depois se desenvolver na parte continental.
 A filosofia nascente rejeitava as interpretações míticas que eram baseadas no sobrenatural. Os primeiros filósofos, chamados de pré-socráticos, buscavam explicar os fenômenos com elementos do próprio mundo natural, negando a interferência dos agentes divinos. Durante todo o século VI, foi sobre a phisis, o mundo natural, que se exerceu, sobretudo, a especulação racional dos gregos. Buscava-se construir uma cosmologia, um estudo do princípio de todas as coisas, para identificar a ordem que garantiria o mundo ser do jeito que ele é.
SAIBA MAIS: Princípio de todas as coisas: arkhé.
 A principal indagação dos filósofos pré-socráticos era o movimento. Para os gregos, o conceito de movimento tem um sentido bem amplo, podendo significar mudança de ugas, aumento e diminuição, qualquer alteração substancial quando alguma coisa é gerada ou se deteriora. Então alguns se perguntavam: o que faz com que, apesar de toda mudança, haja algo na realidade que sempre permaneça o mesmo? Assim, sob a multiplicidade das coisas, eles buscavam a identidade, um princípio original e racional (em grego, arkhé). Nesse contexto, o termo princípio pode ser entendido como “origem” ou “fundamento”. (ARANHA & MARTINS, 2016, p. 28).
Ao buscarem a racionalidade do universo, os filósofos dessacralizam a natureza, isto é, retiram dela a dimensão do sagrado. A filosofia surge, então como um pensamento reflexivo que busca a definição rigorosa dos conceitos, a coerência interna do discurso, a m de possibilitar o debate e a discussão.
 Entre os filósofos desse período, podemos destacar Tales, Parmênides e Heráclito, que apresentaram soluções racionais a questões que se colocavam quanto ao entendimento da realidade.
SAIBA MAIS: No período clássico, os filósofos – sobretudo Aristóteles – se apropriaram das ideias de Parmênides para fundamentar e formular os princípios de lógica. Um deles é o princípio de identidade, em que “A=A”, ou seja, todo ser é igual a si mesmo.
OS SOFISTAS E A VERDADE RELATIVA
Se no começo da filosofia suas principais especulações eram a respeito da natureza (período cosmológico) e dos fenômenos físicos, no período clássico da filosofia grega, quando Atenas era o grande centro cultural e intelectual do mundo, os filósofos se voltaram cada vez mais para o estudo das dimensões ética e política da vida humana (período antropológico). A organização democrática da vida política grega exigia um conhecimento mínimo das leis e dos costumes, o que frequentemente levava a discussões acerca da ação humana em termos de bem e mal, certo e errado, justo e injusto.
É no plano político que a razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social pode tornar-se entre os gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida. Assim se destacou e se definiu um pensamento propriamente político, exterior à religião com seu vocabulário, seus conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. [...] A razão grega é a de que maneira positiva, refletida, metódica, permite agir sobre os homens, não transformar a natureza. Dentro de seus limites como em suas inovações, é filha da cidade (VERNANT, 2011, p.95).
Uma das questões mais importantes desse período era o problema da verdade. Nos debates públicos, frequentemente havia a divergência de opiniões, e as discussões, as trocas de ideias, em vez de resultarem em consenso, não rato acabavam acentuando as divergências. Diante dessa situação, muitos pensadores atenienses, especialmente os pertencentes ao grupo dos sofistas, concluíam que a verdade, aquilo que todos anseiam conhecer, simplesmente não existe. Sendo incapazes de conhecer a verdade, deveríamos nos voltar para o domínio da opinião, que seria então o máximo que nossa inteligência poderia alcançar. Em outras palavras, deveríamos abandonar a pretensão de um conhecimento certo, total e objetivo e aceitar o fato de que o conhecimento humano é sempre duvidoso, parcial e subjetivo.
 A solução sofista para o problema da verdade tem consequências éticas tremendas. Se não podemos ter certeza sobre o que quer que seja, então jamais poderemos afirmar categoricamente que uma ação é boa ou má, moral ou imoral. Tudo se torna uma questão de ponto de vista. Está colocado o relativismo: ações como matar, mentir ou roubar podem ser consideradas boas se o sujeito que as pratica considerá-las boas. As noções de bem e mal, de certo e errado, esvaziam-se e, assim, mergulhamos no mais completo relativismo moral.
SAIBA MAIS Etimologia de Sofista: do grego sophistés, “sábio”, ou melhor, “professor de sabedoria”. Posteriormente, o termo adquiriu sentido pejorativo para denominar aquele que emprega sofismas, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má-fé, com intenção de enganar. Sóphisma significa “sutileza de sofista”.
Diante dos dilemas colocados pelos sofistas, muitos filósofos gregos tentaram repensar o problema do conhecimento verdadeiro encontrar o fundamento da verdade significaria encontrar também o princípio norteador de toda a ação moral. Inicialmente, falemos de Sócrates.
SÓCRATES: IRONIA E MAIÊUTICA
Sócrates (470-399 a.C.) era um homem feio, dizem. Mas exercia um grande fascínio sobre aqueles que o ouviam. Ninguém saía de uma conversa com ele sem algo de novo para pensar. Jamais escreveu qualquer obra. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto: “O que é a coragem e a covardia?”, “O que é a beleza?”, “O que é ajustiça?”, “O que é a virtude?”. Ao final, o interlocutor concluía que não conhecia tanto o quanto imaginava, sendo obrigado a reconhecer a própria ignorância sobre o assunto em questão. A discussão tomava então outro rumo, na tentativa de explicitar melhor o conceito. Esses dois momentos, que constitui o método socrático de fazer filosofia, são chamados de ironia e maiêutica. A ironia socrática é fazer perguntas fingindo não saber a resposta, sendo esse o sentido etimológico da palavra, para levar o interlocutor a se posicionar sobre o assunto, levando-a finalmente reconhecer sua ignorância. O momento da maiêutica, palavra grega que significa fazer parto, significa a ajuda de Sócrates numa espécie de parto de ideias, ou seja, ele conduz a pessoa na investigação do conceito, naquilo que será um novo conhecimento.
O interessante, nesse método, é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão efetiva, mas ainda assim trazem o benefício de cada um abandonar a sua opinião (em grego, dóxa), um conhecimento impreciso e sem fundamento. A partirdaí, e possível abandonar o que se sabia sem crítica e atingir o conhecimento verdadeiro.
 Vemos, então, a oposição existente entre o pensamento sofista e o pensamento filosófico de Sócrates. Para os sofistas, o conhecimento era fruto da persuasão e do uso da retórica, a arte de convencer. Já para os filósofos, a verdade deveria ser buscada de uma forma contínua, enriquecida pelo diálogo. A crítica socrática aos sofistas dirigia-se à sua prática de discutir sem questionar, pois os sofistas não se prendiam à discussão dos conceitos e da essência de algo, mas apenas à manutenção da conduta e à complexidade de raciocínios que os afastavam do homem comum.
Por não ter deixado escrito algum, só podemos conhecer Sócrates de forma indireta, por meio de outros – tanto admiradores, como inimigos – que escreveram sobre ele. O princípio socrático, o de que somos capazes de alcançar um conhecimento verdadeiro das coisas, foi posteriormente desenvolvido por dois outros filósofos importantes – Platão e Aristóteles – que viveram no século IV a.C. cada um deu uma solução para o problema da verdade e, consequentemente, derivaram dessas soluções concepções filosóficas diferentes.
PLATÃO E O MUNDO DAS IDEIAS
A importância de Platão (428-347 a.C.) deriva, sobretudo, da teoria do conhecimento, que serve de base para a construção do seu sistema filosófico. A problemática que move toda a teoria platônica do conhecimento se baseia na distinção entre duas ordens de seres: as ideias e as coisas. As coisas nos remetem a tudo aquilo que podemos perceber pelos sentidos, e pertencem ao mundo da mudança, das transformações. O puro pensamento, pelo contrário, permite-nos ter acesso a ideias imutáveis, como a ideia do bem, da verdade e da justiça. Para Platão, as ideias, sendo eternas, devem ser necessariamente superiores às coisas, que são transitórias. Em sua concepção, as ideias são seres perfeitos que existem por si mesmos desde sempre e para sempre. Elas habitam um mundo perfeito, chamado, por Platão, de mundo das ideias. As coisas, por sua vez, são seres degradados, cópias imperfeitas das ideias existentes no mundo das ideias. O verdadeiro conhecimento é o das ideias, que o homem consegue alcançar quando não se limita ao conhecimento sensível (das coisas), mas utiliza da razão para galgar níveis mais elevados de conhecimento.
Platão utiliza a alegoria da caverna como metáfora para expor sua teoria do conhecimento. Conforme a descrição de Platão, pessoas estão acorrentadas desde a infância em uma caverna, de tal modo que enxergam apenas a parede ao fundo, na qual são projetadas sombras, que eles pensam ser a realidade. Trata-se, entretanto, de sombras de marionetes empunhadas por pessoas atrás de um muro, que também esconde uma fogueira. Se um dos indivíduos conseguisse se soltar das correntes para contemplar a luz do dia, os verdadeiros objetos, ao regressar à caverna seus antigos companheiros o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.
Sair da caverna deixando as sombras para trás e ir ao encontro da luz do Sol representa a passagem dos graus inferiores do conhecimento aos superiores. A proposta platônica de busca do conhecimento é a de uma dialética: através do diálogo sair de um nível inferior de conhecimento (conhecimento sensível, mundo dos fenômenos) e atingir o nível mais elevado (conhecimento das ideias, mundo inteligível). O mundo sensível, percebido pelos sentidos, é o local da multiplicidade, do movimento; é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. Por exemplo, mesmo que existam inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a ideia de abelha deve ser uma, imutável, a verdadeira realidade. O mundo inteligível é alcançado pela dialética ascendente, que fará a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis às ideias unas e imutáveis. As ideias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está a ideia do Bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas – na alegoria corresponde à metáfora do Sol.
 Os seres, em geral, não existem senão enquanto participam do Bem. Como as ideias são a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que participa do mundo das ideias, do qual é apenas sombra ou cópia. Trata-se da teoria da participação, mais tarde duramente criticada por Aristóteles. Podemos perceber que, em Platão, há a divisão da verdade em dois elementos, o material e o imaterial. O primeiro, que se refere às coisas em si, captadas pelos sentidos, em sua existência física. O outro elemento, o imaterial, é o que utilizamos para dar sentido e valor a tudo aquilo que nos cerca. O conceito moral, a relevância social e o peso ético.
 SABER MAIS: Vemos na imagem abaixo, uma parte da versão de Maurício de Souza sobre a Alegoria da Caverna de Platão. Quais seriam nossas “cavernas” modernas? O que nos impediria de ver o mundo como ele é, verdadeiramente? Como podemos sair de nossas “cavernas” atualmente? Veja a imagem completa em: https://livrepensamento.com/2014/02/11/o-mito-da-caverna-de-platao-em- -quadrinhos/
FILOSOFIA DE ARISTÓTELES
 Dono de um saber enciclopédico, Aristóteles (384-322 a.C.) escreveu sobre quase todos os assuntos, examinando teorias das diversas escolas filosóficas que o precederam na Grécia. Segundo ele, a filosofia implica o abandono do senso comum e o despertar da consciência crítica que tem uma função libertadora para o homem. O abandono do senso comum se dá em virtude do espanto (admiração), e este é a origem do filosofar. Foi discípulo de Platão e, embora permaneça el a seu mestre em muitos e importantes aspectos de sua filosofia, Aristóteles, desde sua mocidade, rejeita a Teoria das Ideias, alegando que ela não explica o movimento dos seres materiais e cria mais dificuldades do que resolve, segundo Rezende (2010, p. 71). Para ele, a realidade é exatamente aquilo que conhecemos por meio dos sentidos, e as ideias só existem na mente humana e não em um mundo separado e superior ao nosso, como acreditava Platão.
A filosofia é a ciência (episteme), isto é, o conhecimento necessário e universal, distinguindo-se da opinião (doxa), que varia de acordo com as situações, os sujeitos e as mutações da realidade.
 Ao rejeitar a teoria platônica do mundo das ideias, Aristóteles corria o risco de não admitir nada de permanente, uma vez que as coisas estão em perpétua mudança. Além disso, como explicar que possamos formar em nossa mente ideias gerais se o conhecimento vem dos sentidos que nos apresentam unicamente coisas particulares? Aristóteles superou essas dificuldades afirmando que as coisas, mesmo sendo particulares, possuem uma essência que é universal. Por exemplo: Maria, João, José e Ana são pessoas, seres humanos singulares. Mas há algo em comum entre eles: a sua humanidade. Enquanto os seres humanos nascem, crescem e envelhecem e morrem, a humanidade, que é comum a todos, permanece sempre a mesma. Segundo Aristóteles, portanto, adquirir ideias significa conhecer justamente isto: a essência, aquilo que permanece diante das mudanças. Do ponto de vista filosófico, é difícil encontrar qualquer pensamento posterior que, de uma forma ou de outra, não se remeta ao pensamento aristotélico, quer adotando-o como pressuposto e fundamento, quer discutindo-o. Por sua gigantesca influência no domínio da ciência, da teologia, da estética como da política, a filosofia de Aristóteles o coloca como, senão o maior, um entre os maiores pensadores da humanidade, de que a cultura ocidental é uma grande tributária. Estudar Aristóteles é assim debruçar-se sobre as raízes culturais e filosóficas de nosso modo de pensar e do mundo ocidental.
 REFLITA: As inovações de Aristóteles: - A Filosofia não precisa abandonar este mundo, mas, ao contrário, é o conhecimento da essência daquilo que existe em nosso mundo.
 - Não se pode pensar apenas em um Ser uno e não é a imutabilidade que garante a verdade ou não de um ser.
 - Os diferentes seres têm essências diferentes, e a mudança é o critério que as diferencia. 
 PENSAMENTO MEDIEVALNo final da Idade Antiga e em toda a Idade Média, ocorre o que denominamos Filosofia Cristã que, em seu sentido histórico, refere-se à filosofia influenciada pelo cristianismo. Predominou no Ocidente, principalmente na Europa, no período do século I ao século XIV de nossa era. O problema central da Filosofia Cristã é a conciliação das exigências da razão com a revelação divina. Compreende duas épocas: a primeira, que vai até o século V, conhecida como Patrística; a segunda, que vai do século X ao século XIV, e que corresponde à chamada filosofia Escolástica. A Patrística resultou do esforço para conciliar a nova religião – o cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e dos romanos, a m de convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela. A filosofia Patrística liga-se, portanto à evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques que recebia, segundo Chauí (p. 59, 2017). Seus nomes mais importantes: Justino, Clemente, Tertuliano, Orígenes, São Gregório de Nazianzo, Santo Ambrósio e Santo Agostinho.
 A Patrística introduziu ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a de criação do mundo a partir do nada, de pecado original do homem, de Deus como trindade uma (Pai, Filho e Espírito Santo), de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de m dos tempos e ressurreição dos mortos, etc. Precisou, também, explicar como o mal pode existir no mundo, uma vez que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. Com Santo Agostinho, foi introduzida a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio da vontade, afirmando que o homem, por ser dotado de liberdade para escolher entre o bem e o mal, é o responsável pela existência do mal no mundo, segundo Chauí (p. 60, 2017). Agostinho foi muito influenciado pela filosofa de Platão, assimilando a concepção de que a verdade, como conhecimento eterno, deveria ser buscada intelectualmente no “mundo das ideias”. Por isso defendeu o autoconhecimento, a caminho da interioridade, como instrumento legítimo para a busca da verdade.
 O grande tema da filosofia Patrística é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar a razão (que lida com demonstrações) com a fé (que lida com mistérios incompreensíveis, como três pessoas formando uma só, a morte de Deus por meio de Jesus, etc.).
 REFLITA: Em vários aspectos, podemos dizer que o cristianismo não precisava de uma Filosofia, propriamente dita:
 1. Sendo uma religião da salvação, seu interesse maior estava na moral, na prática dos preceitos virtuosos deixados por Jesus com vistas a salvar os seres humanos dos seus pecados, e não em uma teoria sobre a realidade.
 2. Sendo uma religião vinda do judaísmo, já possuía uma ideia muito clara do que era o Ser, pois Deus disse a Moisés: “Eu sou aquele que é, foi e será. Eu sou aquele que sou”.
 3. Sendo uma religião, seu interesse maior estava na fé e não na razão teórica, na crença e não no conhecimento intelectual, na revelação e não na reflexão. Os cristãos se dedicaram à Filosofia, portanto, com o objetivo de converter os intelectuais gregos e os chefes e imperadores romanos (isto é, aqueles que estavam acostumados à Filosofia. (CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2017, p. 212)
 A filosofia medieval do século VIII ao século XIV abrange pensadores europeus, muçulmanos e judeus. É o período em que a Igreja romana dominava a Europa, ungia e coroava os reis, organizava cruzadas à chamada Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as universidades ou escolas. A partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a filosofia medieval também é conhecida com o nome de Escolástica.
 A Escolástica não abandonou, em um primeiro momento, a filosofia platônica. Mas, a partir do século XII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando- -o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras raras de Aristóteles, desconhecidas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego. São Tomás de Aquino foi um dos responsáveis pela revitalização do pensamento aristotélico, em busca de argumentos que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Assim, fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da solução dos problemas teológicos que enfrentava, ao mesmo tempo em que transformou essa filosofia em uma síntese original. Questões sobre o ser, a essência, o conhecimento, a existência de Deus, foram abordados por Santo Tomás com a utilização de conceitos aristotélicos.
FILOSOFIA MODERNA
 Algumas mudanças de ordem social, científica e religiosa permitem considerar o desenvolvimento de uma nova filosofia a partir dos séculos XV e XVI, com características bem peculiares. As guerras de religião, a era dos descobrimentos, o surgimento de novos modelos de conhecimento, além de outros fatores, levou a buscar outras visões de mundo.
 Uma forte característica desses novos tempos foi a maior facilidade com que circulavam as informações de todo tipo. A invenção da imprensa, por João Gutemberg (1398-1468), compõe um quadro novo na disseminação do conhecimento. Obviamente não foi algo rápido e imediato, sendo necessários muitos séculos até que o hábito de ter livros em casa se tornasse amplamente difundido. No entanto, comparando a fabricação dos livros pela máquina inventada por Gutemberg (a prensa) com as técnicas anteriores (os manuscritos ou cópias à mão em pergaminhos de pele de animal ou em papel caseiro), temos uma noção clara desse grande volume de circulação de informações nos séculos XV e XVI. 
Esses fatores permitiram considerar os séculos XV e XVI como um período de ampliação de horizontes para os europeus. Nesse movimento, a circulação de informações fez aumentar também o conhecimento de autores antigos e intensificar o estudo não só da filosofia e da teologia, mas ainda da literatura, ciências e artes. Assim, há um sentido em falar de “Renascimento”, que está ligado à maior divulgação do patrimônio cultural antigo.
 Alguns pensadores “renascentistas” criam, então, o ideal do humanismo, ou seja, uma visão de mundo centrada no ser humano e com medidas humanas. Eles queriam enfatizar um modelo de ser humano universal, superior às diferenças culturais e ao mesmo tempo garantidor do valor de cada indivíduo.
 SAIBA MAIS: Na vertente humanista da Renascença, o Homem é a peça principal, agora ocupando o lugar antes impensável do próprio Criador. Este aspecto antropocentrista se prolonga por pelo menos um século em toda a Europa Ocidental. Este movimento privilegia a Antiguidade Clássica, mas não se limita a reproduzir suas obras, o que reduziria sua importância. Seus seguidores recusavam radicalmente os valores medievais e para alcançar esse objetivo usavam a cultura greco- -romana como o instrumento mais adequado para a realização de suas metas. Além do Antropocentrismo, o Renascimento também introduz princípios hedonistas – a busca do máximo prazer no momento presente, como tesouro maior do Homem – e individualistas – a exaltação do indivíduo e de sua suprema liberdade dentro do grupo social -, bem como o otimismo e o racionalismo. Fonte: Santana, Ana Lúcia. Disponível em: https://www.infoescola.com/movimentos-culturais/renascimento/ Acessado em janeiro de 2018. 
 Podemos citar, também, a produção filosófica dos séculos XVII-XVIII, período considerado o auge da Modernidade, com o desenvolvimento de pelo menos quatro estilos que duram até hoje: o racionalismo, o empirismo, o Iluminismo e o materialismo. A variedade da produção filosófica moderna revela um dado comum aos autores do período: por mais que tenham suas raízes antigo-medievais, eles buscavam criar filosofias inteiramente novas e, em maior ou menor grau, por ruptura com o passado.
 SAIBA MAIS: Etimologia do termo Moderno: A palavra Moderno está relacionada aos termos latinos: modernus, que significa atual, pertencente aos nossos dias; modo, agora, de certa maneira; modus, medida, maneira.
 Os pensadores modernosviviam um misto de admiração pelas novidades, principalmente as ciências, concebidas segundo o modelo renascentista, e o descontentamento com as explicações tradicionais. Acontecia a busca de formas mais seguras de conhecimento e de ação, para o que contribuía enormemente a herança dos filósofos renascentistas e a nova concepção de conhecimento científico baseada em modelos matemáticos. Uma refundação da filosofia estava em curso. Diante das inúmeras novidades que os tempos modernos traziam, os filósofos decidiram, de modo geral, apostar em um “projeto” que pusesse em primeiro plano aquilo que, acima de qualquer dúvida, caracterizava a experiência humana: o uso da razão. E a principal atividade da razão passa a ser também, a principal preocupação dos filósofos: o conhecimento. Era necessário “conhecer o conhecimento”, investigar quais as reais possibilidades de conhecer e os reais métodos para pôr essa atividade em prática. O conhecimento é considerado a principal marca da filosofia moderna. A primeira tarefa, e mais importante, para os filósofos modernos era a justificação do tipo e do modo de conhecimento praticado. Tal preocupação está na raiz tanto do racionalismo como do empirismo, duas correntes filosóficas típicas da modernidade. O racionalismo dá prioridade ao papel da razão na atividade de conhecer. O ser humano é dotado de consciência reflexiva, que lhe permite elaborar as informações captadas por meio dos cinco sentidos. O empirismo, por sua vez, dá prioridade ao papel dos cinco sentidos e entende a razão como um hábito desenvolvido pelo uso dos mesmos sentidos. Se o racionalismo afirma a existência de uma capacidade humana (situada na alma) que possibilita a atividade dos cinco sentidos, o empirismo prefere afirmar que a razão é apenas o nome do hábito gerado pela ativação dos sentidos. Vejamos dois expoentes de cada uma destas correntes:
 René Descartes (1596-1650), que viveu no século XVII, foi um dos mais influentes filósofos racionalistas. Para esse pensador, a essência humana era o pensamento. Tanto assim que, para ele, o corpo e a alma seriam duas substâncias absolutamente distintas e independentes, sendo que o meu “eu” se identificaria com a alma, mas não com o corpo. Descartes afirmava que se para pensarmos não necessitamos de nada material, é porque o conhecimento, na verdade, não depende dos sentidos. Para esse filósofo, as ideias humanas são inatas, isto é, já nascem conosco e só vão se manifestando a medida que vamos desenvolvendo nosso intelecto.
 John Locke (1632-1704) critica as ideias inatas Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa – tábua sem inscrições -, como um papel e branco. Por isso o conhecimento começa apenas com a experiência sensível. Se houvesse ideias inatas, as crianças já as teriam. Outro argumento contra o inatismo: a ideia de Deus não se encontra em toda parte, pois há povos sem essa representação, ou pelo menos, sem a representação de Deus como ser perfeito. 
O debate entre interpretações racionalistas e empiristas amplia-se do campo da teoria do conhecimento para os outros saberes, principalmente a Ética e a Política, tornando-se ambas áreas específicas da pesquisa filosófica. Racionalistas, como Descartes, defenderão que, pelo uso da razão é possível chegar a verdade no campo das emoções, da ação ética e da ação política. Uma razão bem desenvolvida poderia controlar os diversos aspectos da vida humana.
 Já empiristas, como David Hume (1711-1776), alertarão para o que eles consideravam as “ilusões” da razão e preferirão tomar como fontes de compreensão da vida humana aquilo que, segundo eles, era evidente: o papel das sensações (o conhecimento obtido por meio dos cinco sentidos) e das paixões ou emoções. Na reflexão ética, portanto, a razão seria vista de modo mais adequado se fosse posta em seu lugar, não como controladora das emoções, mas como sua serva ou, no mínimo, como sua aliada fiel.
 Em consequência direta do debate entre racionalismo e empirismo, surge outra corrente filosófica, interessada em levar até o fim a análise das possibilidades e dos limites do conhecimento humano. Trata-se do criticismo, ou também conhecida, filosofia transcendental de Immanuel Kant (1724-1804). Vendo razões no pensamento racionalista de Descartes e na atitude empirista de Hume, Kant procura conciliá-las e oferecer uma concepção mais adequada da razão humana. Ele concorda com Descartes quando este afirma que a razão tem um papel fundamental na organização dos dados oferecidos pelos sentidos, pois estes, sozinhos, não produzem conhecimento. Porém, sem as informações captadas pelos sentidos, a razão não teria material para elaborar. Nisso, Hume tinha razão. Kant elabora, então, uma concepção do conhecimento como atividade de uma estrutura universal, presente em todos os seres humanos (a estrutura da subjetividade transcendental, quer dizer, estrutura cognitiva dada sempre que existe um ser humano) e operante sobre os dados da sensibilidade (cinco sentidos).
 SAIBA MAIS: Kant e o Criticismo. Sua Filosofia é chamada criticismo porque, diante da pergunta “Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento?”, Kant coloca a razão em um tribunal para julgar o que pode ser conhecido legitimamente e que tipo de conhecimento é infundado. Segundo o próprio Kant, a leitura da obra de Hume o despertou do “sono dogmático” em que estavam mergulhados os filósofos que não questionavam se as ideias da razão correspondiam mesmo à realidade. (ARANHA & MARTINS, 2016, p. 130)
 O trabalho de Kant separa, de um lado, aquilo que pode ser conhecido de modo seguro, científico, com base no conhecimento, e, de outro, aquilo que não pode ser conhecido de modo científico (embora, pela atividade da razão, possa fazer algum sentido para os indivíduos e os grupos). Segundo Kant, o que pode ser conhecido é somente aquilo que é captado inicialmente pelos sentidos, pela experiência sensível.
 São os fenômenos aquilo que não pode ser captado pelos sentidos, chamado de númeno, pode até ser pensado, mas não pode ser conhecido efetivamente, pois o conhecimento humano limita-se ao campo da experiência. Exemplos de númenos apresentados por Kant: Deus, alma e finitude. Vale dizer que ao afirmar que estas ideias escapam das condições de possibilidade do conhecimento, Kant não negou a existência de Deus e da alma ou da finitude do mundo. O que ele fez foi demonstrar que não é possível um conhecimento científico sobre a existência ou não de Deus, a imortalidade ou não da alma e a infinitude ou finitude do mundo. De certo modo, Kant rejeitou a maneira como essas ideias estavam sendo tratadas pela filosofia, segundo Chauí (2016, p. 226).
 SAIBA MAIS: Etimologia de Fenômeno e Númeno Fenômeno: do grego phainómenon, “aparência”, “o que aparece para nós”. Númeno: do grego noumenon, “o que é pensado”. Kant usa o termo para designar “a coisa em si”, em oposição a “fenômeno”.
 A ênfase na luz da razão fez com que as filosofias produzidas no século XVIII recebessem o nome de Iluminismo. Trata-se de uma confiança irrestrita no poder da razão para explicar a experiência humana. Chegou-se mesmo a crer que o ser humano pode se aperfeiçoar pela razão a ponto de progredir sempre e encontrar a felicidade ética e política. A crença num progresso sem m ou na perfectibilidade do ser humano levou também à distinção entre Natureza e Cultura: a Natureza ou o mundo físico-químico-biológico seria o campo da necessidade, das leis fixas; a Cultura ou a civilização seria o campo propriamente humano, lugar da autoconstrução e da liberdade.
 FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
 A contemporaneidade nasceu de uma problematização do “projeto” moderno de filosofia. Do ponto de vista histórico, acontecimentos como a Revolução Industrial, no m do século XVIII e início do século XIX, e a passagem do capitalismo comercial e pré-industrial (típicos dos séculos XV a XVII) ao capitalismo industrial e financeiro acarretaram mudançasprofundas na organização socioeconômica e cultural. Do ponto de vista da filosofia, alguns elementos faziam pensar em uma nova era. Esses elementos consistiam no trabalho de autocrítica que a própria razão começava a desenvolver. 
A primeira forma de autocrítica que se descola do “projeto” moderno foi a dos autores pertencentes ao Romantismo. Discordando diretamente do pensamento iluminista, os românticos consideravam um imperdoável estreitamento de horizonte o fato de associar a razão com o modelo científico. Em outras palavras, considerar que uma pesquisa racional ou “verdadeira” seja apenas aquela construída segundo os padrões da ciência equivaleria a uma decisão de fechar os olhos para algo óbvio: há outras fontes de sentido para a experiência humana (como a arte e a religião); nada justificaria deixar essas fontes de lado quando se trata de conhecer o mundo e exprimi-lo.
 Uma das críticas mais duras ao “projeto” moderno vieram de filósofos como Georg W. F. Hegel (1770-1831), que propôs um tipo de trabalho -filosófico como “consciência da consciência”, ao qual ele deu o nome de fenomenologia. Algumas décadas depois, outro filósofo se servirá dessa palavra e dará uma visão semelhante da filosofia como “consciência da consciência”, chegando, porém, a conclusões bastante diferentes daquela de Hegel. Trata-se de Edmundo Husserl (1859-1938), que, mesmo sendo um leitor atento de Descartes e Hume, produziu uma crítica explícita do “projeto” moderno.
 No dizer de Husserl, era um equívoco fazer a filosofia seguir o ritmo das ciências, pois as ciências partem de pressupostos que somente a filosofia pode esclarecer. Noções como a de matéria, espaço, força, causa etc. são usados por cientistas, mas sem um exame radical do seu sentido. Cabe à filosofia analisá-las; ela possui, então, uma especificidade que merece ser respeitada, a de refletir criticamente sobre o que é pressuposto pelas ciências. Inverter essa relação e obrigar a filosofia a seguir o modelo das ciências equivaleria à morte da reflexão filosófica. 
 É importante destacar também a atenção dada à historicidade das organizações sociais e do pensamento, o que levará a uma nova perspectiva dessa crítica ao “projeto” moderno. Levanta-se a hipótese de que o modo de os humanos viverem depende das condições externas ou do momento histórico em que elas se encontram. O próprio pensamento, dessa perspectiva, seria influenciado por tais condições.
 Karl Marx (1818-1883) afirma que o pensamento é resultado das condições materiais da existência, ou seja, de tudo aquilo que os indivíduos dispõem para sobreviver. Isso significa que não é o pensamento que constrói a história, mas são as condições históricas que produzem o pensamento humano. Alguns filósofos do século XX, como Max Horkheimer (1895-1973), Herbert Marcuse (1898- 1979) e Teodor Adorno (1903-1969), membros das escolas de Frankfurt, continuarão o trabalho de Marx e o aplicarão ao tratamento de temas típicos da vida no século XX.
 Há, também, o questionamento feito por muitos filósofos em relação à objetividade científica, pois, por trás desta, muitas vezes, há visões parciais ou subjetivas, sem mencionar os interesses econômicos e políticos. O tema da produção dos dados científicos tornou-se um objeto de pesquisa central para a contemporaneidade, especialmente na área conhecida como filosofia da ciência. Os pensadores da Escola de Frankfurt, procederam a análises detalhadas dos mecanismos históricos pelos quais se articula com o poder. Debruçaram-se ainda sobre a arte, a religião, as tecnologias e os meios de comunicação, revelando a dependência das formas culturais (e dos saberes em geral, inclusive das ciências) para com as contradições vividas em cada momento presente.
 Outros filósofos, diante da ênfase na historicidade da razão, observarão que certas experiências humanas não são explicáveis apenas em termos de influência do meio ou de cada momento presente. Eles constituem pelos menos duas atitudes filosóficas distintas. Uma delas identifica, na base ou nos fundamentos da razão humana, pressupostos universais que precedem o próprio exercício racional em todos os tempos e lugares. Essa atitude filosófica defenderá que todas as coisas têm um modo de se mostrar a nós e que isso não depende das circunstâncias históricas. Trata-se da fenomenologia de Husserl. A segunda atitude procura ligar a fenomenologia à recuperação do papel da História na constituição da experiência humana, como fez, por exemplo, Martin Heidegger (1889-1976). 
 Heidegger questionava o modo como a razão foi concebida a partir de Sócrates e defendia a necessidade de recuperar uma existência atenta ao modo de ser do mundo, sem a interferência de explicações que ocultam esse modo de ser. Ele denunciava ainda a maquinização da razão humana na contemporaneidade ou a sua transformação em algo de procedimento puramente mecânico e voltado para o “fazer” coisas.
 Em uma linha semelhante de recuperação da História no interior do pensamento, vemos Jean-Paul Sartre (1905-1980) enfatizando o ser humano como doador de sentido para a existência e construtor de seu próprio destino. Daí Sartre ser considerado como um dos maiores representantes da atido filosófica chamada de existencialismo e iniciada já no século XIX, por Soren Kerkegaard (1813-1855). 
 Nos limites desta apresentação resumida, é impossível retratar a inesgotável riqueza de formas filosóficas no decorrer da contemporaneidade. Mas é possível perceber que uma de suas principais marcas é fazer a razão pôr a si mesma em questão, sobretudo pela análise crítica da razão “moderna”. O ganho do autoquestionamento da razão é enorme; e a própria multiplicidade de filosofias e correntes filosóficas é uma prova disso.
UNIDADE: 2 PROF. ME. FLÁVIO DONIZETE BATISTA 
INTRODUÇÃO
 Criança sempre existiu, mas a infância não. O mundo pré-moderno não conheceu propriamente, a noção de infância da forma como a temos hoje. Não havia uma construção da criança a partir de uma literatura infantil, a partir da definição de um lugar próprio onde para as crianças viverem e serem educadas etc. Podemos perceber isso nas obras de arte que representavam a criança não como criança, mas como um adulto em miniatura. Todo esse cenário, no entanto, aproximadamente a partir do século XV, começou a mudar radicalmente.
 A partir do contexto dos novos tempos da modernidade, os intelectuais começaram a dizer que as crianças deveriam ser tratadas diferente dos adultos, por serem diferentes dos adultos. Um novo sentimento em relação às crianças passa ser construído, um sentimento de cuidado, de cultivo da vida da criança. A infância passa a ser vista como uma fase natural e necessária à vida do ser humano; uma fase que, para o bem do ser humano, deve ocorrer. A infância surge como uma época especial da vida dos homens e mulheres – uma fase natural à existência humana, mas que precisa de um ambiente histórico-social para se realizar. Para que a infância acontecesse, as crianças deveriam ser postas em um lugar especial: a escola. Uma ligação especial passou a ser criada: entre a criança e um determinado adulto: o professor. Este deveria, na escola e pela escola, garantir a infância às crianças.
 A MODERNIDADE, O NASCIMENTO DA NOÇÃO DE INFÂNCIA E A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 
 Na sua gênese, a noção de infância se apresentou oscilando entre duas configurações básicas. Essas configurações determinaram as características dos professores e do ambiente escolar e, de certo modo, com a ajuda da filosofia, impuseram ou pelos menos regraram as finalidades da educação.
 Em uma primeira configuração, a infância é vista como uma fase negativa. Que deve ocorrer sim, mas que deve passar, dando espaço ao aparecimento do adulto enquanto a antítese da criança. A infância é a época da rebeldia e por isso a criança deve ser conduzida da heteronomia à autonomia por meio de regras exteriores, postas pelo adulto. A autonomia e a individualidade nascem “de fora paradentro”. Nesse caso, o professor é um disciplinador no sentido tradicional da palavra. A escola, um ambiente de formação e conformação. A finalidade da educação é fazer com que a fase negativa da infância passe brevemente e possibilite ao homem surgir a partir das regras do homem (adulto) sobre o homem (criança) – ou seja, que o homem possa vir a surgir da criança, negando-a.
 Em uma segunda configuração, a infância é vista como uma fase positiva, que deve não só ocorrer mas também ser prolongada, de modo a poder contaminar o homem que dela deve surgir. A infância é criatividade e pureza, e se a disciplina deve aparecer, deve vir como autonomia tirada “de dentro para fora”. O professor, nesse caso, é companheiro de viagem. A escola, um ambiente natural propiciador das melhores experiências. A finalidade da educação é fazer com que a fase positiva da infância permaneça ao longo da vida adulta, no que ela tem de bom, ou seja, que o homem (adulto) venha a materializar-se a partir do interior do homem (criança), mantendo em seu íntimo o verdadeiro humano que existia na criança.
 As visões da infância estão intimamente ligadas com as posições filosóficas elaboradas no início dos tempos modernos. Do resultado da relação dessas posições filosóficas com as finalidades da educação, postas por essas configurações, nasceram pelo menos duas grandes filosofias da educação: a de René Descartes e a Jean-Jacques Rousseau. Essas concepções filosóficas não apareceram apenas como ligadas exteriormente a tais configurações, mas ajudaram efetivamente na formulação conceitual dessas configurações de infância e de educação e, mais que isso, de certo modo passaram a se colocar como fundamentadoras dos discursos pedagógicos articulados a essas configurações. 
 As filosofias elaboradas por Descartes e Rousseau, bem como as tradições que elas originaram, podem ser consideradas filosofias da educação por duas razões:
 a) Pretenderam fundamentar todo e qualquer saber e, nesse sentido, também o saber pedagógico, a própria pedagogia moderna.
 b) Determinaram o caminho da “busca da verdade” (afinal, a “busca da verdade” é, como sabemos, a tarefa tradicional da filosofia) como um percurso necessariamente filosófico-pedagógico, isto é, como algo que deveria ser seguido por aqueles que se educam e deveria ser preservado por aqueles que pretendem educar; trata-se da ideia de filosofar e como isso se educar para se tornar um sujeito moderno – o indivíduo autônomo -, ou seja, uma pessoa que é consciente de seus pensamentos e tem a responsabilidades sobre seus atos.
 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO MODERNA E NOVA CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA 
 A transição do pensamento filosófico antigo para o pensamento filosófico moderno – nos séculos XVII e XVIII – também é chamada de “virada epistemológica”. De certa forma, essa virada pode ser compreendida como valorização das questões ligadas à teoria do conhecimento, à epistemologia.
 REFLITA: Lembremos que o pensamento filosófico moderno, quase todo ele, é um pensamento voltado para a necessidade de explicar o conhecimento e fundamentá-lo, a partir da compreensão da relação “sujeito-objeto”, a relação entre aquele que conhece e o que é conhecido. Ao mesmo tempo, os filósofos modernos procuram estabelecer em que circunstâncias é possível o conhecimento verdadeiro, confiável, aceitável; e elaboram métodos pelos quais esse conhecimento verdadeiro poderia ser alcançado por qualquer pessoa. Explicar o conhecimento é, então, mostrar como ele ocorre no sujeito. Fornecer uma explicação sobre o conhecimento e seus fundamentos é explicar melhor a “relação sujeito-objeto”, que se torna questão por excelência da filosofia.
 A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ILUMINISTA: RENÉ DESCARTES
 Descartes, diante da percepção de tudo o que conhece necessita de solidez, lança-se ao propósito de só aceitar como verdadeiro aquilo que lhe parecer de fato, claro e distinto. Convence-se de que é preciso abandonar tudo e começar um processo – que é filosófico e pedagógico ao mesmo tempo – de busca de um conhecimento verdadeiro. Precisa encontrar as bases sólidas do conhecimento. Considerando que tudo que ele sabe está no seu pensamento e que tudo que está no seu pensamento ou veio dos sentidos ou é inato, e ainda considerando que os sentidos nem sempre são confiáveis, pois eles não raro nos enganam, Descartes inicia seu projeto de duvidar de tudo o que há em seu pensamento partindo da desconfiança sobre os sentidos. Através de uma série de pensamentos, Descartes chega a uma primeira verdade: Penso, logo, existo. Poderia duvidar de tudo, menos de uma coisa: de que existe pelo fato de estar pensando.
 SAIBA MAIS: COGITO, ERGO SUM. Duvidando de tudo, Descartes só interrompe a cadeia de dúvidas diante do seu próprioser que duvida ao alcançar sua primeira intuição: cogito, ergo, sum (penso, logo, existo). Veja o trecho que ele escreve em sua obra Discurso do Método:
 “[...] enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar julguei que podia aceita-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procurava”. (ARANHA & MARTINS, 2016, p. 123).
 Essa primeira verdade traz consigo o critério básico de verdade: a certeza que ela fornece pode servir de critério para outras verdades. Assim, Descartes encontra a verdade e seu critério básico, a certeza, e como isso, ligando a verdade à certeza, põe a primeira na dependência desta instância chamada pensamento subjetivo, o cogito cartesiano. Nesse caso, o saber e as ciências como saber verdadeiro vão estar assentados no eu, isto é, assentadas em um sujeito que se caracteriza por possuir um núcleo permanente: o cogito. 
 Entendendo que a alma não está alojada no corpo como um piloto em seu navio, Descartes vê o homem vivente, empírico, como uma mistura entre corpo e alma. É por ser esta mistura, segundo Descartes, que o homem está imerso no erro. O fato de a alma estar fundida ao corpo coloca o homem na dependência dos sentidos, da imaginação, turvando a sua razão e impedindo-o de colocar-se como puro sujeito, como pura coisa pensante (res cogitans). Descartes, em sua obra Meditações, apresenta um caminho filosófico e pedagógico para a chegada ao podium onde o prêmio é a conquista da verdade na medida em que o homem, ao completar esse caminho, eleva-se à condição de puro sujeito do conhecimento – de puro sujeito epistemológico.
 Descartes vê um certo escândalo na condição humana: que o homem comece por ser criança. Ele entende que o fato de termos sido crianças nos manteve durante muito tempo sob o governo de apetites e preceptores – o corpo e a cultura -, de modo que, uma vez adultos, nossos juízos não são tão puros e tão sólidos quanto seriam se tivéssemos tido o uso de nossa razão por inteiro desde o nascimento e se tivéssemos sido conduzidos só por ela. A primeira e principal causa de nossos erros são os preconceitos de nossa infância, diz Descartes nos Princípios de Filosofia. Temos, então, de substituir a criança pelo homem. A infância seria um estado originário, com valor meramente histórico, de recalque da razão.
 REFLITA: Para Descartes, não é pela história que o homem abandonaria sua condição infantil chegando à idade adulta, mas sim pela filosofia que, na ascese pedagógica das Meditações, faz dessa cidadela chamada subjetividade o campo no qual a razão, finalmente, pode governar sozinha e, então, se autopremiar com a verdade.
 Temos aqui a instauração de um programa iluminista, cuja efetivação levaria ao “desencantamento do mundo”, tarefa da razão – maneira pela qual tantos pensadores descreveram a modernidade. Não efetivar esse projeto seria, para Descartes, a derrota da filosofia e do homem.A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ROMÂNTICA: 
 JEAN-JACQUES ROUSSEAU
 Por mais que esse projeto moderno também esteja em Rousseau, este encontra outro tipo de fundamento, outro tipo de subjetividade, por meio de um caminho filosófico específico, gerando uma proposta pedagógica distinta. 
 Para Rousseau, o que importa, como para Descartes, é o amor à verdade como atividade nuclear da filosofia; e, como para Descartes, ele só quer se satisfazer com a admissão do que é evidente. No entanto, se para Descartes a evidência é algo exclusivamente intelectual, Rousseau, por sua vez, coloca a evidência em dependência do que ele entende ser a “sinceridade do coração”. Tendo seu critério como sendo o assentimento do coração, a verdade não encontra porto seguro em um sujeito epistemológico, definido de modo restrito e convencional, mas na pessoa, na medida em que a verdade é avaliada por uma subjetividade – uma consciência moral – organizada à base dos sentimentos. 
 Em Rousseau a verdade é avalizada pelo coração, e se no coração não há perversidade original – como ele de fato afirma com a frase “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe” -, então a subjetividade íntima melhor se apresenta na infância; e eis então que, ao contrário de Descartes, para quem a infância é uma ameaça à filosofia, com Rousseau ela é condição essencial para o desenvolvimento da filosofia como tarefa da busca da verdade.
 REFLITA: O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Para Rousseau, as crianças são boas e transparentes em seus pensamentos e emoções, mas, à medida que crescem, vão tomando mais contato com os adultos ou com crianças mais velhas e vão aprendendo sobre a mentira, a calúnia, o desprezo e todos os demais vícios que envenenam a alma humana. Do ponto de vista pedagógico, Rousseau propõe uma educação mais em sintonia com a natureza de modo que o ser humano possa desenvolver ao máximo suas potencialidades sem comprometer a retidão de seu caráter e a pureza de sua alma.
 A filosofia da educação tipicamente iluminista, herdeira do cartesianismo, deseja que todo homem possa ser, diante do conhecimento, sujeito. O sujeito, nesse caso, é uma estrutura universal capaz de acessar ou conter a verdade evidente. A filosofia da educação romântica, defendida por Rousseau, quer ver o homem como pessoa harmoniosamente desenvolvida, capaz do autêntico sentimento de verdade.
POSITIVISMO
 A filosofia positivista surgiu no século XIX, inspirada principalmente por dois fatores: o iluminismo e a revolução industrial. Ao valorizarem igualmente a razão e o progresso da humanidade, os positivistas davam continuidade ao ideário iluminista, de progresso contínuo da humanidade, com níveis cada vez mais altos de desenvolvimento social e cultural. 
 No final do século XVIII e início do século XIX, surgiram novas tecnologias, como a máquina a vapor, novos materiais, como o aço e o concreto armado, e novas formas de organização do trabalho. Isso produziu um impacto profundo na mentalidade das pessoas da época. O ser humano se tornava “senhor da natureza”, adaptando o mundo ao seu redor de acordo com suas necessidades.
 O filósofo Augusto Comte, pensador francês da primeira metade do século XIX, marcou o início da filosofia positivista. Segundo esse autor, as sociedades humanas estão em contínuo processo de evolução, no qual elas passam necessariamente por três estados: teológico, metafísico e positivo.
 SAIBA MAIS: A lei dos três Estados, de Auguste Comte. Estado Teológico: as explicações dos fenômenos supõem uma causalidade sobrenatural. Os fenômenos da natureza, a origem dos eres e os costumes são explicados pela ação dos deuses. Estado Metafísico: noções abstratas e absolutas substituem as anteriores, na tentativa de explicar a origem e o destino do Universo. Na metafísica aristotélica, por exemplo, a queda dos corpos é explicada pela essência dos corpos pesados, cuja natureza os faria “tender para baixo”, para o seu “lugar natural”. Estado Positivo: é decorrente do desenvolvimento das ciências modernas, levando à superação das ilusões teológicas e metafísicas. O conhecimento das relações invariáveis dos fatos é obtido por meio da observação e do raciocínio, que visam alcançar leis universais. Para Comte, o termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago. Portanto, o estado positivo corresponde à maturidade do espírito humano, objetivo de toda educação daí em diante, segundo Martins & Aranha (2016, p. 134).
 No plano educacional, o positivismo valoriza a disciplina pois entende que é a partir da “ordem” que a sociedade pode avançar rumo “ao progresso”. Além disso, do mesmo modo como a sociedade passou pelos três estágios apresentados, também cada ser humano, ao longo de seu desenvolvimento, conhece esses três estágios. Assim, as crianças são mais inclinadas a explicações mítico-religiosas, envolvendo fadas e personagens semelhantes; os adolescentes são mais questionadores, indicando sua propensão à metafísica; mas é na idade adulta que o ser humano se apresenta maduro, buscando explicações científicas para os problemas. Desse modo, a cada idade deve corresponder uma educação adequada. O ideal é formar o espírito científico nos jovens, de modo a superar a superstição e o irracionalismo ainda presente na sociedade. 
 Entre os muitos seguidores de Comte, está Émile Durkheim (1858-1917), fundador da escola francesa de sociologia. Embora não seja conhecido especificamente como filósofo, e sim como sociólogo Durkheim é importante para a loso a pelo fato de ser o principal representante da corrente funcionalista, um desdobramento moderno do positivismo. Para Durkheim, os fatos sociais devem ser estudados como coisas. Em outras palavras, o pesquisador deve colocar de lado seus preconceitos e estudar os fenômenos ocorridos nas sociedades humanas quase do mesmo modo como analisa um fenômeno da física e da biologia.
 Argumenta que a sociedade, mesmo sendo formada a partir de indivíduos, é algo mais de que a soma deles. Assim como em um ser vivo cada órgão cumpre uma função sem se confundir com a totalidade do organismo, o comportamento e a personalidade do indivíduo não se confundem com o comportamento e a personalidade do grupo social ao qual esse indivíduo pertence. Durkheim dedica muita atenção à educação, pois é por meio dela que os indivíduos tomam contato com o conjunto de conhecimentos, valores e normas válidas em uma sociedade, que são inculcados em todos os membros da sociedade.
 SAIBA MAIS: As teorias pedagógicas de Durkheim estão intimamente associadas a uma concepção que atribui a primazia do social em detrimento do individual. Um dos estudos mais importantes de Durkheim que serve como exemplo nesse sentido é sobre o suicídio. Por mais que ele seja um ato individual é, em grande medida, determinado pela sociedade. Ele percebe que a taxa de suicídios é maior nas sociedades em que existe menor coesão social, o que faz pensar que a integração do indivíduo ao meio em que vive, o protege em certa medida contra as crises existenciais que geralmente levam as pessoas ao suicídio.
 A obra de Durkheim foi escrita em uma perspectiva funcionalista, que enfatiza os mecanismos pelos quais a sociedade busca superar os conflitos e atingir a integração social. Por causa disso, é visto como um intelectual conservador, principalmente em contraste com Marx e Engels, que ressaltam o papel do conflito nas transformações sociais. Contudo, não podemos negar no autor um pensamento de caráter bastante humanista. Para Durkheim uma compreensão científica da sociedade torna possível transformá-la para melhor. Além disso, Durkheim exerceu uma importante liderança intelectual em seu tempo e, com suas ideias, influenciou profundamente gerações de sociólogos.

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