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A civilizAção romAnA 151 Mar Negro (Ponto Euxino) 40º N 5º L Mar Mediterrâneo SÍRIA MACEDÔNIA GÁLIA PIRENEUS GRÉCIASICÍLIA HISPANIA Roma Cartago EGITO Ásia Menor OCEANO ATLÂNTICO Á F R I C A E U R O P A A L P E S 0 445 km 890 p A expansão romana a partir da península itálica foi uma preparação para a conquista do mediterrâneo, segundo a máxima “Mare est nostrum” (o mar é nosso), cunhada em moedas romanas da época. veja no mapa à direita a conquista da península itálica. Adaptado de: DI SACCO, Paolo (Coord.). Corso di storia antica e medievale. Milano: Edizioni Scolastiche Bruno Mondadori, 1997. p. 171 e 219. Bacia mediterrânea: mare est nostrum A llm ap s/ A rq u iv o d a ed it o ra A llm ap s/ A rq u iv o d a ed it o ra O sistema político republicano era controlado pelos patrícios, daí seu caráter oligárquico. Os ple- beus, marginalizados e descontentes com sua situa- ção, eram fonte de crescente tensão, e a Roma repu- blicana vivia sempre a possibilidade de uma convul- são social. Em 494 a.C., os plebeus, revoltados, retiraram- -se de Roma para o Monte Sagrado, passando a exigir representação política na cidade. Sem os plebeus, as atividades de Roma ficaram paralisadas, e com isso eles conseguiram demonstrar que sua importância real não refletia em direitos políticos. Os patrícios cederam à pressão e criaram o cargo de tribuno da plebe, que, eleito pelos plebeus, tinha poder de veto sobre as decisões do Senado. O acontecimento é tido por muitos como um dos primeiros casos de intensa mobilização popular para forçar a concessão de bene- fícios por parte das classes dominantes. Outras concessões foram feitas pelos patrícios, visando atenuar as tensões sociais. Em 450 a.C. foi elaborada a Lei das Doze Tábuas, primeira compi- lação das leis romanas. Até então as leis eram trans- mitidas oralmente e quase sempre manipuladas a favor dos patrícios; agora, as leis estavam escritas e ficavam expostas em tábuas no prédio do fórum ro- mano, para conhecimento de todos. Em 445 a.C., foi permitido o casamento entre patrícios e plebeus. Em 367 a.C., os plebeus passaram a ter acesso às terras públicas. Córsega Sardenha Sicília Mar Tirreno 15º L 45º N Mar Adriático Roma Século V a.C. Século IV a.C. Século III a.C. 0 165 km 330 a conquista da península itálica Adaptado de: DI SACCO, Paolo (Coord.). Corso di storia antica e medievale. Milano: Edizioni Scolastiche Bruno Mondadori, 1997. p. 171 e 219. Mesmo assim, os conflitos sociais continuaram, principalmente em consequência das transforma- ções econômicas provocadas pela política de expan- são territorial da República romana. Entre os séculos V a.C. e III a.C., Roma conquistou toda a península Itálica. O ponto alto dessas conquistas ocorreu com as Guerras Púnicas contra Cartago. Essa cidade, fundada por fenícios, controlava praticamente todo o comércio na bacia do Mediterrâneo desde o enfra- quecimento grego decorrente das Guerras do Pelopo- neso. Sua situação geográfica privilegiada, uma vez que estava situada no norte da África e dominava a ilha da Sicília, contribuiu para o monopólio da liga- ção do Mediterrâneo ocidental com o oriental pelos cartagineses. Observe os mapas abaixo. Já os romanos viam a Sicília como um prolonga- mento da península e tinham interesse em suas terras férteis. O choque de imperialismos entre Roma e Car- tago acabou por desencadear a guerra. Entre 264 a.C. e 146 a.C., ocorreram três grandes guerras, que cul- minaram com a destruição de Cartago e o controle romano de vastos territórios espalhados por todo o Mediterrâneo. As conquistas provocaram profundas transfor- mações em Roma. O Senado passou a administrar um vasto território, e a riqueza produzida convergia para a cidade, que agora era a capital de um gran- de império. O enorme afluxo de bens das províncias conquistadas, pela pilhagem de guerra ou pela co- HGB_v1_PNLD2015_144a171_U2_C5.indd 151 3/8/13 9:44 AM 152 civilizAçõES AnTigAS O gladiador Espártaco (em latim, Spartacus) viveu entre 120 a.C. e 70 a.C. Os escritos romanos (como os de Apiano e Plutarco) registram que Espártaco, ao deserdar de uma tropa auxiliar do exército romano, foi capturado e tornado escravo. Possuindo grande força física, foi compra- do por um negociante e levado para uma escola de gladiadores de Cápua (região da Campânia, na Itália), tornando-se líder da chamada Guerra dos escravos ou Guerra dos Gladiadores (73 a.C.-71 a.C.) e de cerca de 120 mil escravos fugidos, somados às mulheres e crianças. A re- volta foi controlada pelo comandante Marco Licínio Crasso. Antes dessa revol- ta, também chamada de terceira Guerra servil, ocorreram outras duas revoltas, em 135 a.C. e 104 a.C., na Sicília, contra a opressão da escravidão. p cena do filme Spartacus, produção norte-americana de Stanley Kubrick, de 1960. Z U M A P re ss /E n te rt ai n m en t P ic tu re s/ K ey st o n e p Acima, reprodução da primeira página da obra Comentários da guerra gaulesa, de Júlio césar, edição veneziana de 1517. os feitos militares de caio Júlio césar, como as conquistas na gália (antigo território ocupado pelos gauleses, província do império romano, correspondente a uma área maior do que a França atual), as lutas com Pompeu e a extensão do domínio romano até o oceano Atlântico foram registrados pelo próprio líder romano e em relatos de autores como Plutarco. As lutas com Pompeu foram registradas em Co- mentários da guerra civil. T h e G ra n g er C o lle ct io n /O th er Im ag es a guerra dos escravos brança de tributos, produziu um impacto na eco- nomia, com a queda cada vez mais acentuada dos preços dos produtos agrícolas. Em outras palavras, a guerra expansionista passou a ser elemento-chave da economia romana. Os patrícios ligados ao Senado eram os maio- res proprietários de terras. Os pequenos proprietá- rios plebeus da península Itálica, não encontrando condições de sobreviver no campo, vendiam suas terras e transformavam-se em mão de obra barata na cidade. A cidade de Roma, em consequência, passou a crescer desmedidamente, o que elevou a tensão so- cial. Dos territórios conquistados chegavam milhares de escravos, consolidando a economia escravista. Sur- gia uma poderosa classe de comerciantes, chamados de homens-novos, ansiosos por alguma participação política. Toda essa situação configurou a crise da Re- pública romana, pois o governo oligárquico não tinha mais condições de fazer frente às crescentes pressões sociais e políticas. A tensão social aumentava. Uma nova tenta- tiva de superação da crise foi a ideia de reforma agrária, proposta pelos irmãos Tibério e Caio Gra- co, que exerciam o cargo de tribunos da plebe e viam na distribuição de terras uma forma de supe- rar a crise, satisfazendo as necessidades da plebe empobrecida. HGB_v1_PNLD2015_144a171_U2_C5.indd 152 3/8/13 9:44 AM A civilizAção romAnA 153 As constantes disputas pelo poder entre os mi- litares resultaram na criação dos triunviratos, gover- nos de três líderes político-militares – o que também acabou aguçando divergências. O primeiro triunvira- to era formado por Caio Júlio César, Pompeu e Crasso. Júlio César proclamou-se ditador, iniciou uma série de reformas econômicas e administrativas e tentou, sem sucesso, criar um novo pacto político no qual seu poder seria maior que o do Senado. Sucederam-se a proclamação da ditadura vitalícia de César e seu as- sassinato, em pleno Senado, em 44 a.C. Seguiu-se o segundo triunvirato, formado por Marco Antônio, Otávio e Lépido, originando novos confrontos. Otávio, em 31 a.C., conseguiu derrotar seus rivais e recebeu do Senado os títulos de prin- ceps (‘primeiro cidadão’) e imperator (‘o supremo’). Atribuiu a si mesmo o título de augustus (‘o divino’). Concentrando os poderes em suas mãos e realizan- do uma série de reformas, Otávio Augusto derru- bou a República e instaurou o Império. Observe,no mapa abaixo, as conquistas de Otávio Augusto. Mar Negro40º N 15º L Golfo Pérsico Mar Vermelho OCEANO ATLÂNTICO Mar do Norte M a r M e d i t e r r â n e o Ma r B ált ico Mauritânia Aquitânia Macedônia Trácia Cilícia Síria Egito Judeia Capadócia Reino dos Partos Reino de Bósforo Ásia Menor Numídia ÁFRICA Creta Chipre Rio R eno Rio Danúbio Rio Tigre Rio Eufrates R io N il o Território romano antes de Otávio Augusto Conquistas de Augusto Reinos independentes aliados Mar Cáspio Rio Elba Sardenha 0 425 km 850 Sicília Ad ap ta do d e: B AR BE RI S, C ar lo . S to ria a nt ica e m ed ie va le . M ila no : C as a Ed itr ice G . P rin cip at o S. p. A. , 1 99 7. p . 3 29 . p o mapa indica os domínios romanos na época de otávio Augusto. Araldo de Luca/Corbis/Latinstock domínios de otávio augusto A llm ap s/ A rq u iv o d a ed it o ra p Estátua de otávio, de 20 a.c., aproximada- mente, vestido como um comandante vito- rioso (imperador). Em 133 a.C., Tibério Graco propôs que as terras do Estado deveriam ser distribuídas para os cida- dãos pobres. Sob forte oposição das elites romanas, essa proposta de Tibério foi aprovada, mas sua exe- cução acabou sendo impedida. Anos mais tarde, em 124 a.C., seu irmão Caio Graco, então tribuno eleito, retomou o projeto da lei agrária sem, no entanto, considerar as terras controladas por alguns senado- res, considerados os mais importantes. Em 121 a.C., pressionado, Caio pediu que seu escravo o matasse, e seus muitos seguidores acabaram sendo persegui- dos e mortos. Ao fim desse processo, o projeto de reforma polí- tica e agrária dos irmãos Graco fracassou e a concen- tração de terras nas mãos dos patrícios continuou a existir. A questão agrária continuou desencadeando tensões sociais e outras tentativas de redistribuição de terras foram defendidas, como a de 91 a.C., por iniciativa do tribuno Marco Lívio Druso, que acabou sendo assassinado. Em meio ao conflito surgiram as ditaduras mili- tares. Aliando-se ora aos aristocráticos patrícios, ora ao partido popular (composto de plebeus e homens- -novos, que eram marginalizados politicamente), os ditadores eram generais do Exército, e seus governos refletiram a grande importância assumida pelas for- ças armadas no momento da crise. HGB_v1_PNLD2015_144a171_U2_C5.indd 153 3/8/13 9:44 AM 154 civilizAçõES AnTigAS expansionistaaristocrática crescente tensão social patrícios 3 plebeus • Senado • magistrados: cônsules, pretores, censores, edis, questores tentativa de reforma agrária (irmãos Graco) conflitos sociais – ditaduras rumo ao Império Guerras Púnicas (séculos III a.C-II a.C.) • abundância de escravos • expansão comercial (homens-novos) • empobrecimento da plebe monarQuia (fundação - século Viii a.c.) repÚblica (séculos Vi a.c.-i a.c.) invasão etrusca Para recordar: roma – monarquia e república atividades 1. Escreva em seu caderno o segmento do esquema-resumo que vai do estabelecimento até a crise da república romana. Depois, complete-o, indicando as razões e os resultados das lutas entre patrícios e plebeus. 2. orientando-se pelo esquema-resumo acima e consultando as informações do capítulo, explique como a expansão territorial e militar romana desencadeou os fatores que levariam o governo republicano a uma profunda crise. HGB_v1_PNLD2015_144a171_U2_C5.indd 154 3/8/13 9:44 AM A civilizAção romAnA 155 exercícios de História 1 pesquisa e leitura de texto historiográfico No texto reproduzido abaixo a historiadora Maria Luiza Corassim discute os limites da reforma agrária na Roma antiga. Depois de lê-lo, faça o que se pede adiante. A reforma agrária A lei agrária nunca foi revogada, mas foi sendo modificada em etapas sucessivas; Apiano descreve breve- mente três leis que lhe alteraram o alcance, demolindo a reforma agrária dos Graco. Os lotes distribuídos eram inalienáveis; esta precaução destinava-se a proteger a pequena propriedade. O primeiro passo contra a reforma foi abolir esse vínculo; os ricos puderam então expulsar os campo- neses comprando seus pequenos lotes. Uma segunda lei proibiu novas distribuições de terras; a maior parte do ager publicus consistia em terras ocupadas, e estas eram deixadas aos que detinham sua posse desde a lei de Tibério; mas os ocupantes ficavam obrigados a pagar um imposto cujo rendimento seria destinado às distribuições de trigo à plebe. Finalmente, o último passo: este imposto foi suprimido, declarando-se propriedade privada as terras já distribuídas e as ocupadas. Apenas as terras que não estavam ocupadas continuavam sendo consideradas ager publicus; este foi liberado para o uso como pastagem. Com o tempo, provavelmente, terminou sendo ilegalmente cercado e apropriado pelos ricos. Apiano conclui o seu relato afirmando que no final os pobres perderam tudo e ficaram reduzidos à deso- cupação. Em 107, quando Mário, um “homem-novo” que se elegera cônsul, precisou recrutar um exército para uma guerra na África do Norte, havia tal escassez de cidadãos assidui que decidiu permitir o alista- mento de proletários. Esta foi uma mudança fundamental na história romana. CORASSIM, Maria Luiza. A reação senatorial. A reforma agrária na Roma antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988. p. 73-74. (Tudo é História). a) Faça uma pesquisa em sites da internet, enciclopédias e livros paradidáticos e responda: no que consis- tia a proposta de reforma agrária dos irmãos Graco? b) Por que a lei agrária desagradou os senadores romanos? c) De acordo com Maria Luiza Corassim, a aprovação da lei agrária em Roma foi capaz de assegurar à plebe romana condições de vida melhores? Explique. d) No Brasil, existe um programa de reforma agrária previsto pela Constituição (artigos 184 a 191) e re- gulamentado por lei federal (Lei n. 8.629). Pesquise essa legislação e responda: a reforma agrária no Brasil, em sua opinião, contraria de modo contundente os interesses dos latifundiários? Justifique. 2 observação e análise de fonte material A fotografia ao lado é de uma moeda romana do século II a.C. Observe com atenção as figuras gravadas nela e depois responda às questões propostas abaixo. a) Na face da primeira moeda exibida ao lado, à esquerda, está representado um dos deuses do panteão romano. Pelas suas características e pelas ce- nas gravadas na outra face da moeda, tente identificá-lo. b) Consulte o texto didático deste capítu- lo e responda: qual é a importância na mitologia romana da divindade representada na moeda? R ep ro d u çã o /C o le çã o p ar ti cu la r HGB_v1_PNLD2015_144a171_U2_C5.indd 155 3/8/13 9:44 AM
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