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210 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) Questão 15 Analise o gráfico. (www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/ lspa/lspa_201107comentarios.pdf) A partir da leitura do gráfico e dos conhecimentos sobre a dinâmica territorial da agricultura brasileira, é correto afirmar que, no período analisado, a) a produtividade agrícola do país apresentou crescimento significativo. b) a maior parte da área cultivada no país destinou-se à produção de cereais. c) o fraco aumento da área cultivada indicou o esgotamento da fronteira agrícola. d) a instabilidade da produção esteve relacionada aos problemas climáticos. e) a região Sudeste é a que apresenta maior área e produção agrícola do país. CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA II Prof. Italo Trigueiro VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência OS PROCESSOS DE INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DESIGUAL ENTRE OS PAÍSES O espaço geográfico contemporâneo é resultante, em boa medida, das transformações promovidas pelas Revoluções Industriais. As atividades industriais que ocorrem no interior das fábricas desdobram-se posteriormente em outras atividades. O SISTEMA TÉCNICO ATUAL As épocas se distinguem pelas formas de fazer, isto é, pelas técnicas. Os sistemas técnicos envolvem formas de produzir energia, bens e serviços, formas de relacionar os homens entre eles, formas de informação, formas de discurso e interlocução. O casamento da técnica e da ciência, longamente preparado desde o século XVIII, veio reforçar a relação que desde então se esboçava entre ciência e produção. Em sua versão atual como tecnociência, está situada a base material e ideológica em que se fundam o discurso e a prática da globalização. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: EDUSP 2008.p.171 Não podemos compreender o mundo em que vivemos, assim como a sua geografia (organização do espaço) sem estudarmos a chamada Revolução Industrial. A fabricação de bens necessários a vida em sociedade teve início desde que o ser humano começou a transformar qualquer um dos elementos que a natureza lhe oferece em produtos úteis aos diferentes modos de consumo, por exemplo, quando o homem retirou madeira de florestas, usou a argila ou começou a utilizar os minerais (cobre, ferro etc.) para confeccionar objetos, tudo isso já representava de certo modo uma atividade industrial embrionária. As diferentes transformações da natureza em bens econômicos, conheceu diferentes momentos ao longo da história. Na atualidade que domina a sociedade de consumo, é a indústria um dos ramos mais dinâmicos e um dos setores mais importantes da economia; ela provoca o desenvolvimento de atividades que lhe são complementares, como fornecimento de matérias-primas, energia e oferta de mão-de-obra. Forçando inclusive a especialização e a qualificação da mesma produz capitais e estimula o desenvolvimento do comércio dos transportes e dos serviços. Operários italianos em frente da fábrica de Fiação e Tecelagem Mariângela em São Paulo (SP), em 1915. Sua importância é tal que os países e as regiões industrializadas assumem posições de destaque em termos de desenvolvimento, fazendo com que aqueles países e regiões que não se industrializam fiquem na dependência dos industrializados. O conceito clássico de Indústria seria uma forma de transformação da matéria-prima (mineral, agrária ou florestal, além de lâminas de ferro ou componentes eletrônicos) em manufaturadas. Portanto a indústria é uma atividade econômica do setor secundário que transforma qualquer matéria-prima em bens ou mercadorias. ESTÁGIOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL (ARTESANATO – MANUFATURA – MAQUINOFATURA) Para se falar de indústria é necessário contextualizar, historicamente o seu surgimento a partir de um processo evolutivo e acumulativo, que teve origem na Europa e se propagou para o mundo. Numa visão simplificada, podemos afirmar que tudo começou com um sistema de produção muito antigo denominado de artesanato, evoluindo para uma manufatura que surgiu por volta do século XIV, em algumas cidades da Inglaterra, Itália e Bélgica, sendo posteriormente implantada em outros lugares. Por volta de meados do século XVIII com o advento da máquina, a manufatura foi pouco a pouco substituída pela produção industrial mecanizada originando a maquinofatura. E esta, na segunda metade do século XX, vem em parte sendo substituída pela utilização de robôs na linha de produção industrial, em consequência do grande desenvolvimento eletrônico. MANUFATURA Cada manufatura era de propriedade de um capitalista, que fornecia a oficina, as ferramentas e a matéria-prima e pagava um salário aos artesãos, ficando com o produto do trabalho. Temos aí o embrião do sistema capitalista de produção, em que o trabalhador já não é dono dos meios de produção e, para sobreviver, precisa vender sua força de trabalho a um capitalista, que controla os meios de produção. Foi nas manufaturas que as ferramentas manuais começaram a ser substituídas por máquinas, que facilitavam todo o processo, melhorando a qualidade e aumentando a quantidade de produtos. A partir da segunda metade do século XVIII, a aplicação de novos conhecimentos permitiu uma série de aperfeiçoamentos nas poucas máquinas existentes e levou à invenção de inúmeras outras. A utilização de máquinas, juntamente com a descoberta de novas fontes de energia (carvão e água), possibilitou a substituição do trabalho manual pelo trabalho mecânico em inúmeras atividades. Este conjunto de grandes mudanças devidas à industrialização constituiu a Revolução Industrial. No mundo atual em que as relações homem-meio alteram-se principalmente em função das necessidades de uma sociedade mais globalizada e economicamente mais forte, o espaço mundial fragmenta-se em espaços muito diferenciados, quanto às formas de ocupações e de interações entre seus membros. Diante deste quadro evolutivo e da necessidade de se produzir cada vez mais é que a indústria atual está calçada na seguinte 212 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) tríplice econômica: tecnologia, globalização e integração. A tecnologia, nesse caso quer dizer pesquisas, aplicações de conhecimentos científicos, elaborações de novos produtos (máquinas modernas, informáticas, imagens, robóticas, biotecnologias etc). Globalização, quer dizer que para a indústria o importante hoje é estar num mercado mundializado onde as relações capitalistas se tornam mais fortes e lucrativas. Integração, significa uma interdependência entre as empresas e os processos de produções complementares a uma economia global. Dentro de uma visão mais técnica, podemos afirmar que a industrialização atual está baseada numa produção de vanguarda, com tecnologias denominadas de ponta. REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS A invenção de máquinas para fazer o trabalho do homem era uma história antiga, muito antiga. Mas com a associação da máquina à força do vapor ocorreu uma modificação importante no método de produção. O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nascimento do sistema fabril em grande escala. Era possível ter fábricas sem máquinas, mas não era possível ter máquinas a vapor sem fábricas. HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: LCT, 2008. A Revolução Industrial foi uma decorrência da evolução do sistema capitalista, que instaurou a Divisão Internacional do Trabalho (DIT), papel que cada lugar do espaço desempenha no capitalismo mundial. Entre os fatores que tornaram possível o advento da indústria europeia destacam-se: • Os capitais acumulados durante o período mercantil. • Asgigantescas jazidas de ferro e carvão inglesas. • A população europeia, que se constituía em um mesmo momento em mão-de-obra e mercado consumidor. A Primeira Revolução Industrial provocou intensas transformações no espaço geográfico e na divisão do trabalho1. A organização do espaço, as relações sociais e territoriais, a difusão de culturas e técnicas e o aprofundamento da competição entre os países estão entre essas mudanças. Além delas podemos destacar ainda a concentração populacional em determinados espaços, o que transformou essas áreas em importantes regiões industriais. O crescimento da produção industrial na Inglaterra e a necessidade 1 O conceito [de divisão do trabalho] é usado, sobretudo, no estudo da produção econômica. Na sociedade de caçadores-coletores, por exemplo, as divisões do trabalho são relativamente simples, uma vez que não é muito grande o número de tarefas a serem feitas. Em comparação, sociedades industriais as têm extremamente complexas, principalmente porque a capacidade de produzir um vasto excedente de alimentos permite que a maioria das pessoas se entregue a uma grande variedade de tarefas que pouco têm a ver com as necessidades de sobrevivência. Da forma exposta pela primeira vez por Émile Durkheim, as diferenças na divisão do trabalho afetam de forma profunda aquilo que mantém coesas as sociedades. Com divisões do trabalho simples, a coesão social baseia-se principalmente nas semelhanças das pessoas entre si e no fato de terem um estilo de vida comum. Com as divisões do trabalho complexas, porém, ela tem por fundamento a interdependência que resulta da especialização. Num sentido irônico, as diferenças o que nos mantêm unidos. A divisão do trabalho figura também com destaque no estudo sobre as desigualdades sociais. Do ponto de vista marxista, o capitalismo utiliza uma divisão do trabalho complexa para controlar melhor os trabalhadores. O trabalho é dividido em grande número de tarefas minunciosamente especializadas que requerem apenas o mínimo de treinamento e qualificação. Esse fato permite aos empregadores monitorar e controlar o processo de produção e substituir sem dificuldades os trabalhadores, o que os priva de poder em suas relações com os patrões. JOHNSON, Alan. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. de ampliar o mercado para além das próprias fronteiras deram origem ao liberalismo econômico2, uma nova forma de pensar a economia. O liberalismo considerava nociva a intervenção estatal na distribuição das riquezas e defendia a livre concorrência entre as empresas e os países. Naquele momento, as ideias liberais interessavam principalmente a Inglaterra, que não encontrava concorrentes a sua altura. SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A ERA DO CAPITAL Na década de 1860, uma nova palavra entrou no vocabulário econômico e político do mundo: “capitalismo3”. Portanto, parece apropriado chamar o presente volume de A Era do Capital, um titulo que também faz lembrar a todos nós que a mais importante obra do mais importante crítico do capitalismo, O Capital, de Karl Marx (1867), foi publicada nessa época. O triunfo global do capitalismo é o tema mais importante da História nas décadas que se sucederam a 1848. Foi o triunfo de uma sociedade que acreditou que o crescimento econômico repousava na competição da livre iniciativa privada, no sucesso de comprar tudo no mercado mais barato (inclusive trabalho) e vender no mais caro. Uma economia assim fundamentada e, portanto, repousando naturalmente nas sólidas fundações de uma burguesia composta daqueles cuja energia, mérito e inteligência os elevou a tal posição, deveria – assim se acreditava – não somente criar um mundo de plena distribuição material mas também de crescente esclarecimento, razão e oportunidade humana, de avanço das ciências e das artes, em suma, um mundo de contínuo progresso material e moral. HOBSBAWN, Eric J. A Era Do Capital, 1848-1875. São Paulo: Paz e Terra, 2009.p.22 A partir de 1850, novas mudanças no modo de produzir estenderam-se a diversos países, como Estados Unidos, Japão, França e Alemanha, iniciando a Segunda Revolução Industrial, que se estendeu até o início do século XX. A Segunda Revolução Industrial caracterizou-se por transformações quantitativas e qualitativas. A eletricidade e o petróleo ampliaram a capacidade de produção e energia e acrescentaram novas possibilidades à tecnologia de produção, criando condições para o desenvolvimento de produtos e invenções, como motor a combustão. Surgiram as grandes siderúrgicas e metalúrgicas e indústria química e automobilística. A marinha mercante multiplicou sua frota em diversos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. As ferrovias se expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e atividade empresarial. 2 Doutrina que serviu de substrato ideológico às revoluções antiabsolutistas que ocorreram na Europa [Inglaterra e França, basicamente] ao longo dos séculos XVII e XVIII, e à luta pela independência dos Estados Unidos. O pensamento econômico liberal constitui-se, a partir do século XVIII, no processo de Revolução Industrial, com autores como Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, etc. Os princípios do Laissez-faire aplicados aos comércio internacional levaram à política do livre-cambismo, que condenava as práticas mercantilistas, as barreiras alfandegárias e protecionistas. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999. 3 Sua origem talvez preceda 1848, mas uma pesquisa mais detalhada sugere que raramente tenha ocorrido antes de 1849 e dificilmente tenha ganho amplo uso antes da década de 1860. Aula 3 – Os Processos de Industrialização, Urbanização e Metropolização 213 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência A indústria inglesa mantinha, em grande parte, os equipamentos e maquinários tradicionais. Já os novos países que se industrializavam na Europa (como a Alemanha) e em outras regiões do mundo (como nos Estados Unidos e Japão) incorporavam as tecnologias que surgiam e instalavam suas indústrias em consonância com as novas infraestruturas de transporte e energia, tornando-se, nesse sentido, mais competitivos que a antiga potência. A utilização da eletricidade e do petróleo como combustível trouxe novos progressos. No ciclo do petróleo, na primeira metade do século XX, a indústria automobilística tomou impulso. Carros, trens elétricos e aviões possibilitaram transportes mais rápidos e eficientes. O empresário Henry Ford propôs diversas inovações no processo produtivo, com o objetivo de produzir mais em menos tempo. A sistematização desse processo foi feita por Frederick Taylor, que procurou intensificar ainda mais o ritmo de trabalho nas fábricas. Propôs a execução de tarefas em tempo cronometrado e a fixação do trabalhador no seu ponto de serviço, com as peças movidas a esteira. Com essa medida reduziu-se o tempo de deslocamento dos operários para troca de atividade ou de ferramentas. A expansão da industrialização para diversos países e a aplicação de novas tecnologias à produção e ao transporte modificaram profundamente a orientação liberal, característica da Primeira Revolução Industrial. Os novos setores industriais que dominavam o cenário econômico dependiam de investimentos maiores que os realizados até aquele momento, o que tornou necessária a união de vários empreendedores. À época, boa parte das industriais passou a contar com a participação do capital bancário e financeiro. No final do século XIX, a fusão entre o capital industrial e o capital financeiro e a união de indústrias levou ao aparecimento de gigantescas empresas de alta tecnologia para o período; originando os oligopólios e os monopólios. As pequenasempresas, que não acompanharam a nova tendência do desenvolvimento econômico capitalista, faliram ou foram absorvidas pelas grandes. O caráter desumano do trabalho no modelo de produção fordista/taylorista foi denunciado por Charles Chaplin na sua obra Tempos Modernos, 1936. TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O TOYOTISMO A Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica, começou a tomar forma no final da Segunda Guerra Mundial, mas os seus efeitos se manifestaram em todo o mundo, de forma mais intensa, nas últimas décadas do século XX e início do século XXI. Seus efeitos particulares na atividade industrial estão relacionados ao: • Avanço nos sistemas de telecomunicações e transportes. • Desenvolvimento e utilização da informática, tanto nos equipamentos (hardwares) quanto nos programas e sistemas operacionais (softwares). • Desenvolvimento da microeletrônica e da robótica. Ao mesmo tempo que gera riquezas e amplia as taxas de lucro, a Revolução Técnico-Científica responde também pelo desemprego de milhões de pessoas em todo o planeta, pois permite a produção de mais produtos e serviços com menor número de trabalhadores. No Japão, ocorreu a transformação do processo de produção de mercadorias na era informacional. Por ser um país com território pequeno, dependente de matérias-primas e com pouco espaço para estocagem de produtos, o país alterou a produção. Essa nova organização ficou conhecida como Just-in-time e foi implementada pela primeira vez nos anos 50 na fábrica da Toyota. Nessa nova forma de produzir, as diferentes etapas de produção, desde a entrada das matérias-primas até a saída do produto, são realizadas de forma combinada entre fornecedores, produtores e compradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exatamente à quantidade de mercadorias que será produzida e são elaboradas dentro de um prazo estipulado de acordo com os pedidos dos compradores. A difusão do modelo toyotista ampliou os fluxos de mercadorias, acelerando seu ritmo e fazendo novas exigências ao setor de transportes. Além disso, provocou aumento no fluxo de informações, por exemplo, entre as empresas fabricantes do produto final, como as montadoras de automóveis e os fornecedores de peças automotivas. Com a eficiência das novas tecnologias de informação e comunicação foi possível acelerar a distribuição de grande 214 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) quantidade de informações por diversos países, criando uma interconexão dos lugares em tempo real. Essas tecnologias trouxeram a possibilidade de uma flexibilização da economia, ou seja, mais chances de adaptação às finalidades propostas. Por esse motivo, o capitalismo financeiro passou a ser sinônimo de capitalismo flexível. Essa flexibilidade se manifestou na expansão geográfica das empresas transnacionais, nos processos produtivos, na organização do trabalho e na expansão do capital financeiro. TECNOLOGIAS DE PROCESSO DE PRODUÇÃO A Primeira Revolução Industrial marcou o surgimento da fábrica, que reuniu todos os trabalhadores, antes dispersos, dentro de uma única unidade de produção controlada pelo empresário industrial. As máquinas tornaram-se elementos fundamentais do sistema produtivo, e o trabalho foi dividido em etapas, feito por trabalhadores contratados por um salário previamente estabelecido. A elevação da produtividade, porém, não depende apenas das máquinas, mas também das tecnologias de processo. Foi o que demonstraram os Estados Unidos, no início do século XX, em plena Segunda Revolução Industrial, com a introdução de novas forma de organização do trabalho e técnicas de produção industrial, que possibilitaram a racionalidade extrema do processo de trabalho no interior da fábrica: o taylorismo e o fordismo. TAYLORISMO E FORDISMO O taylorismo, idealizado pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915), partia da concepção de que o trabalho fabril era um conjunto de tarefas totalmente independentes umas das outras e que não exigia conhecimentos técnicos do trabalhador. Para Taylor, o conhecimento de todo o processo produtivo era uma atribuição exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada etapa da tarefa a ser feita no menor intervalo de tempo e sem perda de qualidade. O objetivo principal era o aumento da produtividade. Para isso, era necessário controlar todo o processo produtivo, dos movimentos dos operários e das máquinas e a correta utilização das ferramentas até o fluxo das matérias-primas, peças e produtos acabados. Frederick Winslow Taylor O fordismo foi implantado pelo empresário Henry Ford (1863-1947) no processo de produção de automóveis, no início do século XX. O modelo de produção fordista associava a linha de montagem às técnicas de organização do taylorismo. No processo de produção fordista, a mercadoria, em processo de montagem, deslocava-se no interior da fábrica para a realização de cada etapa de produção. O trabalhador, especializado em sua tarefa, cumpria-a num tempo predeterminado; o produto continuava a se deslocar até a instalação da última peça. Linha de Montagem do Ford-T, conhecido no Brasil como Ford Bigode. TOYOTISMO No Japão, o país com um território restrito, dependente da importação de matérias-primas e com pouco espaço para estocagem de produtos, foi estruturado um novo processo de produção. Esse sistema ficou conhecido como just-in-time (tempo exato) e foi implementado pela primeira vez na metade do século XX, na fábrica da Toyota. No interior da fábrica as diferentes etapas da produção, desde a entrada das matérias-primas até a saída do produto, são realizadas de forma combinada entre fornecedores, produtores e compradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exatamente à quantidade de mercadoria que será produzida, o que é feito dentro de um prazo estipulado e de acordo com o pedido dos compradores. Além da eficiência, com controle de qualidade total dos produtos, o sistema jus-in-time permite diminuir custos de estocar e garantir o lucro dos empresários. O trabalho especializado e rotineiro da linha de montagem do sistema fordista foi substituído por um sistema flexível, em que o trabalhador pode ser deslocado para realizar diferentes funções, de acordo com as necessidades da produção de cada momento. No novo sistema, a modificação e a atualização dos modelos de mercadorias podem ser feitas a partir de pequenas mudanças nos equipamentos da fábrica, utilizando-se os mesmos maquinários. Os recursos da microeletrônica, da robótica e da informática, intensivamente utilizados nesse sistema, viabilizam as frequentes mudanças. A flexibilidade de informações, por exemplo, entre as empresas fabricantes do produto final (as montadoras de automóveis) e os fornecedores de peças (os fabricantes de peças automotivas). Com o toyotismo, o processo de formação de rede de empresas intensificou-se. O agrupamento de fornecedores que subcontratam outras empresas agiliza a produção, reduz os custos e aumenta a produtividade. Contudo, pode levar à precarização do trabalho nas empresas subcontratadas. TRANSNACIONAIS As corporações transnacionais são os principais atores da economia mundial. Cerca de 70% do comércio internacional é realizado pelas empresas transnacionais. Os conglomerados transnacionais não são, verdadeiramente, empresas de muitos países. Eles têm um centro de decisões globais localizado no país- sede. A alta direção do conglomerado geralmente ocupa postos de importância nas esferas econômica e política desse país, para o Aula 3 – Os Processos de Industrialização, Urbanização e Metropolização 215 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência qual é repatriada uma parte dos lucros obtidos no mundo inteiro. Aempresa transnacional tem pátria. Os Estados Unidos, os países europeus, o Japão, a Coréia do Sul e a China são as pátrias da maior parte delas. Estes conglomerados desenvolveram-se num primeiro momento nos Estados Unidos, onde o amplo mercado interno e a vasta disponibilidade de recursos naturais contribuíram para a centralização de capitais. Assim, empresas mais poderosas adquiriram empresas menores, chegando a formar monopólios ou oligopólios nacionais. O crescimento de uma empresa global envolve um longo trajeto de centralização de capitais. O conglomerado alimentar suíço Nestlé exemplifica esse processo, que se desenvolve por meio da compra de empresas menores e conquista de novos mercados. Fonte: HARRISON, Pierre. INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO A indústria de transformação fabrica produtos destinados a satisfazer as necessidades dos seres humanos e/ ou de outras indústrias no mundo são classificadas como de transformação, daí a necessidade de uma fragmentação, daí temos: SETOR DE BASE OU BENS DE PRODUÇÃO OU PESADA • São aquelas indústrias que servem de base na confecção de produtos ou matéria-prima para outras indústrias. • Transformam grande quantidade de matéria-prima e energia. • Localizam-se próximo às fontes fornecedoras de matéria-prima, e a portos e ferrovias para facilitar o escoamento da produção. Ex.: Petroquímicas, Metalúrgicas, Siderúrgicas e as de Cimento etc. INDÚSTRIAS INTERMEDIÁRIAS OU CAPITAL • São as que produzem máquinas, equipamentos, ferramentas ou autopeças para outras indústrias. • Estão localizadas geralmente nos grandes centros urbanos. • Tem o papel fundamental de equipar outras indústrias, sejam leve ou pesada. Ex.: Tratores, Perfuradoras, Guindastes, Autopeças, Componentes Eletrônicos, Motores etc. INDÚSTRIA DE BENS DE CONSUMO OU LEVE • São as indústrias que transformam a matéria-prima em produtos finais ou acabados. • As mesmas se encontram mais espalhadas nos médios e grandes centros urbanos. (maior parte). • Estão vinculadas à abundância de mão-de-obra e ao mercado consumidor. • A mesma é subdividida em: duráveis (Ex.: Eletrodomésticos, Automóveis, Móveis etc.) e semiduráveis (Ex.: Calçados, Vestuários etc.). INDÚSTRIA EXTRATIVISTA Esse tipo de indústria retira os recursos da natureza para serem utilizadas por outras indústrias. Ex.: Mineralógica, Pesca, Extração de Madeira etc. INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO São aquelas que refinam certos produtos. Ex.: Petroquímica e Beneficiamento de Cereais. INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO Esse tipo de indústria é responsável pelo planejamento e execução de grandes obras civis, tais como prédios, viadutos, residências, e outros. SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL E O MERCADO DE TRABALHO Por cerca de duzentos anos predominou no mundo a sociedade industrial. A maior parte dos empregos vinculava-se direta ou indiretamente à indústria. O ser humano, lentamente, foi se afastando do trabalho pesado das indústrias. Com isso, cresceu o chamado setor de serviços, que faz parte dos setores terciário e quaternário. Novas relações humanas e econômicas estão substituindo as antigas formas de emprego. Mas também surgiram novas profissões. Somente o setor de informática criou nos últimos vinte anos cerca de cinquenta novas atividades. Todas essas novidades afetam nosso dia a dia: horários e locais de trabalho flexíveis, mudanças nas leis trabalhistas (nem sempre a favor dos trabalhadores), maior importância do conhecimento para a conquista de um posto de trabalho e, infelizmente, a sobrevivência ameaçada daqueles que não conseguiram se adaptar. Os defensores das transformações argumentam que estamos vivendo uma fase de acomodação, ou seja, afirma que o desemprego que existe hoje não será tão grave no futuro, graças as inovações tecnológicas. Os críticos lembram que essa situação coloca em risco a estabilidade social, uma vez que grandes massas de trabalhadores estão sendo excluídas do processo produtivo. SEMANA 03 - GEOGRAFIA II - OS PROCESSOS DE INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO... - TRIGUEIRO
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