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Aula 25 – Revolução Russa 75 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência da situação em que se encontrava. No dia 27 de fevereiro de 1917 forma-se um Governo Provisório, de caráter liberal burguês, sob o comando de Lvov e kerensky. Pressionado, Nicolau II renuncia ao trono. É o triunfo da primeira fase da Revolução de 1917, quando a monarquia absolutista é substituída por um governo liberal burguês, apoiado pelos mencheviques. No entanto, o novo governo decidiu manter o país na Primeira Grande Guerra, o que frustrou as expectativas da maior parte da população. Além da permanência do país no conflito, o Governo Provisório não foi capaz de realizar reformas sociais que impactassem a vida da população de forma positiva. Refletindo sobre o novo governo, liberal burgês, Leon Trotsky, em A revolução russa, escreveu: “A burguesia tomou o poder de costas para o povo. Não tinha nenhum ponto de apoio nas classes trabalhadoras, mas com o poder conseguiu algo assim como um ponto de apoio de segunda mão: os mencheviques e socialistas revolucionários, elevados às alturas pela massa, deram um voto de confiança à burguesia.” Essa situação fortaleceu os bolcheviques que, através dos soviets, foram conquistando cada vez mais espaço junto à população. Lenin, líder bolchevique, retornou do exílio em abril de 1917. Nesse mesmo mês, sob o slogan “todo o poder aos soviets”, apresentou aos bolcheviques as Teses de Abril, uma série de propostas que incluíam, entre outras, a derrubada do Governo Provisório, a nacionalização dos bancos, a distribuição de terras aos camponeses e a retirada do país da guerra. As agitações revolucionárias se alastram, bem como a crise econômica e a escassez de alimentos. O historiador francês Charles-Olivier Carbonell, em El gran octubre ruso, relata o registro de um diplomata estrangeiro que vivia na Rússia e testemunhou a situação em que se encontrava o país: “Alguns dias não há pão, nem leite, nem açúcar, nem legumes. E, quando há, o leite tem gosto de sabão e o pão é uma coisa escura e viscosa com restos de palha e de madeira. O vinho está hipocritamente proibido; a cerveja não aparece... e todos aconselham: principalmente não beba água.” Em outubro de 1917, um levante armado bolchevique finalmente derruba o Governo Provisório. É a segunda fase da Revolução de 1917, quando o governo liberal burguês chefiado por Lvov e Kerensky é substituído por um comandado pelos líderes bolcheviques. Forma-se o Conselho de Comissários do Povo, chefiado por Lenin (presidente), Trotsky (relações exteriores) e Stalin (negócios internos). O GOVERNO DE LENIN (1918-24) Uma das primeiras medidas do governo de Lenin foi retirar a Rússia da guerra que se desenrolava na Europa. Para isso, os russos tiveram que assinar o Tratado de Brest-Litovski (1918), pelo qual abriam mão de uma vasta porção de seu Território (Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia e Finlândia) em troca da paz com os alemães. No plano interno, os revolucionários bolcheviques tiveram que enfrentar uma guerra civil, combatendo os brancos (contra revolucionários financiados por potências estrangeiras que não viam com bons olhos o triunfo dos bolcheviques e de seu projeto revolucionário). John Reed, jornalista americano que viveu na Rússia e testemunhou a tomada do poder pelos bolcheviques, relata em Os dez dias que abalaram o mundo a esperança da burguesia russa de que uma intervenção estrangeira pusesse fim à revolução socialista: “Na casa onde eu residia, durante as refeições só se falava na próxima chegada dos alemães, que viriam restabelecer ‘a ordem, a lei’ etc. Uma tarde, tomando chá em casa de um negociante de Moscou, perguntei às onze pessoas presentes se preferiam Guilherme II [imperador da Alemanha] aos bolcheviques. Os votos foram dez a um a favor de Guilherme.” Durante a guerra civil russa (1918-21), foram decisivos para garantir a vitória final dos bolcheviques: • a atuação do Exército Vermelho Operário e Camponês, organizado sob o comando de Trotsky; • o comunismo de guerra, estratégia do governo bolchevique que centralizou a produção, eliminou a economia de mercado e confiscou a produção agrícola para garantir o abastecimento das tropas do Exército Vermelho na luta contra os brancos. Com o fim da guerra civil, o governo de Lenin tinha diante de si um país economicamente arrasado, com milhões de vidas dizimadas (tanto na Primeira Grande Guerra como na guerra civil) e uma população padecendo de fome e sofrendo pela ação de doenças. Foi nesse contexto que Lenin instituiu a Nova Política Econômica (NEP), que garantiria a transição de uma economia de mercado (capitalista) para uma economia planificada e estatizada (socialista). O governo toleraria algumas práticas capitalistas (como as diferenças salariais, a liberdade de comércio e a pequena propriedade privada), a fim de fortalecer a economia e garantir a implantação do socialismo. Lenin teria justificado as medidas da NEP com o argumento Lenin apresenta suas Teses de Abril aos bolcheviques (4/4/1917). SAIBA MAIS: O DESTINO DOS ROMANOV Desde que renunciara ao trono, em fevereiro de 1917, Nicolau II e sua família eram mantidos prisioneiros na cidade de Ekaterinburg. Com a tomada do poder pelos bolcheviques, os Romanov foram executados a mando do governo de Lenin. Nicolau II, sua mulher Alexandra, as filhas (Olga, Anastácia, Maria e Tatiana) e o filho (Alexei) foram fuzilados em julho de 1918. A execução da família Romanov dividiu opiniões entre os revolucionários bolcheviques. Muitos defendiam que o czar deveria ser julgado por um tribunal. Outros eram favoráveis a uma execução sem julgamento, uma vez que o país se encontrava em meio a uma guerra civil. Acredita-se que a execução tenha ocorrido sob ordens diretas de Lenin. Stalin (à esquerda), Lenin (ao centro) e Trotsky. http://www.google.com.br/imgres?q=trotsky+e+stalin&hl=pt-BR&biw=1024&bih=523&tbm=isch&tbnid=prrCb0f_f81d5M:&imgrefurl=http://www.xtimeline.com/evt/view.aspx?id=45126&docid=doCtEeu4EnYjXM&imgurl=http://www.xtimeline.com/__UserPic_Large/3737/ELT200711292339177688528.JPG&w=350&h=181&ei=hEFET4zrI9HsggfApMyWBw&zoom=1 76 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. de que, às vezes, é necessário dar “um passo atrás, para dar dois passos à frente”. A NEP vigorou até 1928, quando o país já se encontrava sob o governo de Stalin. Paralelamente ao fim da guerra civil e à adoção da NEP, o governo bolchevique, através da Tcheka (polícia política) passou a perseguir todos os opositores do novo regime. Felix Dzerjinsky, fundador e chefe da Tcheka, afirmava que a mesma tinha que “defender a Revolução e vencer o inimigo, mesmo que sua espada caia ocasionalmente sobre as cabeças dos inocentes”. A liberdade de crítica foi suprimida e campos de trabalhos forçados (eufemicamente chamados de “campos de reeducação”) foram criados para abrigar todos aqueles considerados dissidentes ou inimigos do socialismo. Isso era apenas um “ensaio” do que viria na Era Stalinista (após a morte de Lenin). A “ditadura do proletariado”, como Marx idealizou, aos poucos se transformava na “ditadura sobre o proletariado”. Em 1922 foi adotado oficialmente um novo nome para o país: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A mudança no nome não trouxe consigo alteração na questão da russificação das nacionalidades. O que o governo bolchevique prometera (autonomia para as diversas nacionalidades que viviam no território soviético) em seus primeiros dias no poder não passou de palavras jogadas ao vento. Os russos continuaram a impor sua língua e seus costumes aos demais povos que formavam a URSS. Em 21 de janeiro de 1924, Lenin faleceu. Ele tinha apenas 53 anos. À época, o Partido Comunista Soviético divulgou como causa da morte aneurisma cerebral. No entanto, estudos recentes, baseadosem documentos que só foram liberados depois da desintegração da URSS (registros médicos e o resultado da autópsia) revelaram que o líder bolchevique morreu de sífilis. Isso explica a preocupação do governo soviético de encobrir a verdadeira causa da morte, afinal de contas a imagem do líder revolucionário seria arranhada se associada à de um sifilítico. O funeral de Lenin foi assistido por cerca de 1 milhão de soviéticos, que enfrentaram o rigoroso inverno russo para se despedir do líder bolchevique. O corpo foi embalsamado e posto num magnífico mausoléu na Praça Vermelha, ao lado do Kremlin (sede do governo), no centro de Moscou. Um verdadeiro culto a Lenin foi instaurado sob as bênçãos do Politiburo, o mais alto órgão executivo do Partido Comunista Soviético. A DISPUTA PELO PODER APÓS A MORTE DE LENIN Com a morte de Lenin, Stalin e Trotsky passaram a disputar o poder. O primeiro era Secretário Geral do Partido Comunista Soviético; o segundo, chefe do Exército Vermelho. A polarização ideológica entre eles envolvia, entre outras coisas, a questão da expansão da revolução socialista: • para Trotsky, era necessária a imediata expansão da revolução pelo mundo (tese da revolução permanente); • para Stalin, a revolução deveria ser consolidada internamente, para depois expandir-se por outros países (tese do socialismo num só país). A vitória de Stalin foi possível devido às alianças que o mesmo costurou com outros lideres da alta cúpula do Partido Comunista. Perseguido por Stalin, Trotsky exilou-se no México, onde foi morto a mando do governante soviético. Sob o longo governo de Stalin (1924-53), consolida-se o sócialismo real (ou stalinismo): monopartidarismo, extrema burocratização, ultracentralização econômica, negação da existência de classes ou diferenças sociais (embora elas continuassem a existir), expurgos políticos (eliminação física das oposições internas), glorificação da figura do líder. Estima-se que a ditadura stalinista tenha sido responsável pelo assassinato de 30 milhões de soviéticos. O regime socialista havia se convertido, de vez, num regime totalitário. O historiador polonês Moshe Lewin, em O Século Soviético, disse que falar em “socialismo soviético” é mergulhar numa comédia de erros: “O que vimos na União Soviética foi a propriedade estatal da economia e uma burocratização da economia e da nação, de modo semelhante. Se, ao confrontar com um hipopótamo, alguém insistir que se trata de uma girafa, ele ou ela receberia uma cátedra em zoologia? As ciências sociais são realmente tão menos exatas que a zoologia?” Foi durante a era stalinista que a URSS empreendeu sua indústrialização e a coletivização forçada das terras. A economia passou a seguir os planos quinquenais, elaborados pela GOSPLAN (Comitê Estatal de Planejamento). O país lançou as bases do desenvolvimento que o transformaria numa potência mundial após a Segunda Guerra Mundial. A história da URSS, de Stalin à desagregação do país (1991) será objeto de estudo posterior em nosso curso. O corpo de Lenin, mumificado. SAIBA MAIS: O ASSASSINATO DE TROTSKY Depois de se exilar no México, devido às perseguições que sofreu sob o governo stalinista, Leon Trotsky foi assassinado em sua casa, em agosto de 1940, por um agente soviético, Ramon Mercader, a mando de Stalin. O assassino conseguiu se aproximar de Trotsky, fingindo ser um simpatizante de suas idéias. Numa certa oportunidade, Mercader foi à casa de Trotsky e lhe apresentou um artigo, pedindo-lhe sua opinião. Aproveitando que o velho revolucionário se encontrava absorto na leitura do texto, Ramon o golpeou na cabeça com uma picareta de alpinista que trazia sob a roupa. “O homem gritou, um grito que nunca vou poder esquecer. Trotsky levantou-se como um louco. Atirou-se sobre mim bateu em minha mão. Eu o empurrei e ele caiu. Mas ele ainda se levantou do chão e, não sei como, conseguiu sair da sala”, disse Mercader, depois que foi preso. Trostky não resistiu ao ferimento e acabou falecendo no hospital, para onde fora levado. Aula 25 – Revolução Russa 77 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência LEITURA COMPLEMENTAR: A REVOLUÇÃO RUSSA PELO OLHAR DE UM NORTE-AMERICANO O jornalista norte-americano John Reed acompanhou o desenrolar da Revolução Russa e, como testemunha ocular, deixou um relato impressionante daquele acontecimento em Dez dias que abalaram o mundo. Reed adotou a Rússia como segunda pátria e lá faleceu em 1920, com apenas 33 anos. Seus restos repousam logo atrás do mausoléu de Lenin, em Moscou. Eis um fragmento do livro de Reed, onde o mesmo relata o clima revolucionário na cidade de São Petersburgo: “Na quarta-feira, 7 de novembro [24 de outubro pelo calendário Juliano, que vigorava na Rússia naquela época], levantei-me da cama muito tarde. Quando o canhão da Fortaleza Pedro e Paulo disparou o tiro do meio dia, eu me achava descendo a Avenida Nevski. Fazia um tempo frio e úmido. Vi um grupo de soldados, com baionetas caladas, montando guarda diante das portas fechadas do Banco do Estado. - Vocês, de que lado estão? – perguntei. – Do governo? - Não há mais governo – respondeu-me um deles, com riso de deboche. – Slava Bogu! (Graças a Deus!) – foi tudo o que consegui arrancar deles... Os bondes estavam passando na Avenida Nevski, com homens, mulheres e garotinhos pequenos pendurados nos balaústres. As lojas achavam-se abertas e dir-se-ia que os transeuntes na rua pareciam ainda menos inquietos do que na véspera. (...) O jornal bolchevique vinha com esta manchete: ‘Todo o Poder aos Sovietes de Operários, Soldados e Camponeses! Paz! Terra!’ O artigo de fundo trazia a assinatura de Zinoviev, companheiro de Lênin na clandestinidade. Começava assim: ‘Todo soldado, todo operário, todo verdadeiro socialista democrata sincero compreende que a situação atual só oferece duas alternativas: ou o poder permanece nas mãos dos burgueses e proprietários de terras, e isso significará todo tipo de repressão para os operários, soldados e camponeses, a continuação da guerra, a fome e a morte inevitáveis (...); ou o poder se transfere para as mãos dos operários, soldados e camponeses revolucionários; e, nesse caso, significará a abolição total da tirania dos donos de terras, o aniquilamento imediato dos capitalistas, a proposta urgente de uma paz justa. A terra estará garantida para os camponeses, o controle da indústria assegurado aos operários. Haverá pão para os que têm fome e essa guerra absurda chegará ao fim.’” HISTÓRIA E ARTE Durante o governo de Joseph Stalin na URSS (1924-53), o Estado totalitário passou a controlar de tal forma a vida dos cidadãos que até mesmo a produção artística sucumbiu aos seus rígidos mecanismos de dominação. No campo artístico, o Estado soviético impôs um estilo oficial, em sintonia com a linha ideológica do Partido Comunista, que ficou conhecido como realismo socialista. A arte (e também a literatura, o teatro e o cinema) passa a ser instrumento de formação e educação das massas na ideologia do socialismo stalinista. Pinturas, desenhos e cartazes publicitários retratam a “realidade” da sociedade que o regime idealizava para o país: homens e mulheres felizes, saudáveis, aparentando corpos vigorosos, olhando na direção do horizonte, como a contemplar o futuro glorioso do socialismo, em cenas de trabalho árduo, como no quadro “Celebrando a Colheita” (1951), do pintor Alla Zaimai. Nos cartazes de propaganda política, a imagem de Stalin é sempre retratada de forma paternal, apresentando à nação o líder que a conduzirá ao topo do mundo, como no exemplo abaixo: 78 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 A conduta de Kerenski também mostrava o quanto sua visão era estreita. Durante as últimas semanas do governo provisório, seu comportamentoassemelhou-se ao de Nicolau II: ambos recusaram-se a reconhecer que tinham sua autoridade ameaçada pelo espectro da revolução. No czar, tamanha complacência decorria de um desespero completo e de uma resignação fatalista, mas em Kerenski era produto de um otimismo tolo. Seu prestígio nacional dos primeiros tempos da revolução subira-lhe à cabeça. Ele passara a acreditar que recebera um “chamado providencial” para guiar “o povo” à liberdade. Ainda a exemplo do soberano, ele se cercara de admiradores dedicados que não ousavam contrariá-lo e mantinha seu gabinete enfraquecido por causa de constantes rumores de exonerações. Ele não imaginava – ou simplesmente não queria fazê-lo – a exata dimensão de sua impopularidade. Adaptado de FIGES, Orlando. A tragédia de um povo: a Revolução Russa (1891-1924). Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 594. Na história da Revolução Russa, o fragmento refere-se a) à crise do governo provisório liderado por Kerenskyi que levou à tomada do poder pelos bolcheviques. b) à deposição do czar Nicolau II, levando ao poder os bolcheviques liderados por Lenin. c) à crise do governo dos bolcheviques que levou à tomada do poder pelos mencheviques. d) à desagregação do governo provisório russo que abriu espaço para uma contrarrevolução monarquista. e) ao início da guerra civil entre bolcheviques, apoiados por Martov, e mencheviques, apoiados por Lenin. Questão 02 A Revolução Socialista Russa produziu de longe o mais formidável movimento revolucionário organizado na história moderna. Sua expansão global não tem paralelo desde as conquistas do islã em seu primeiro século. Apenas trinta ou quarenta anos após a chegada de Lenin à Estação Finlândia em Petrogrado, um terço da humanidade se achava vivendo sob regimes diretamente derivados do movimento revolucionário russo e do modelo organizacional de Lenin, o Partido Comunista. HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremo: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (adaptado) Poucos eventos históricos foram tão profundamente distorcidos pelo mito quanto os registrados em 25 de outubro de 1917. A Revolução Socialista de Outubro, rótulo pomposo criado pela mitologia soviética, não passou de um acontecimento em pequena escala, nada mais que um golpe militar, despercebido pela maior parte dos habitantes de Petrogrado. Teatros, restaurantes e bondes funcionaram normalmente, enquanto os bolcheviques galgavam o poder. FIGES, Orlando. A tragédia de um povo: a Revolução Russa (1891-1924). Rio de Janeiro: Record, 1999. (adaptado) A partir dos dois fragmentos, infere-se que a) os dois textos defendem a ideia de que a Revolução Russa de 1917 não passou de um golpe militar desfechado pelos bolcheviques para tomar o poder, sem mobilização popular. b) enquanto o primeiro texto enaltece a Revolução Russa como o mais formidável movimento revolucionário moderno, o segundo a apresenta como um evento em pequena escala. c) os dois fragmentos abordam o movimento revolucionário russo de 1917 e defendem a concepção da ativa participação e apoio popular na tomada do poder pelos bolcheviques. d) enquanto o primeiro texto apresenta a Revolução Russa como um mero golpe militar que levou à tomada do poder pelos bolcheviques, o segundo exalta o movimento e sua expansão global. e) os fragmentos não se contradizem, pois defendem que a ascensão dos bolcheviques ao poder produziu um impacto de proporções mundiais, só comparado à expansão do islã no passado. Questão 03 As fotografias abaixo apresentam o ditador Joseph Stalin, que governou a URSS de 1924 a 1953. Na versão original, à esquerda, Stalin aparece ao lado de Nikolai Yezhov, um dos líderes da NKVD, a polícia secreta soviética. Na versão modificada, à direita, Yezhov, vítima dos expurgos stalinistas, foi removido da fotografia. Anotações Aula 25 – Revolução Russa 79 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência A comparação das imagens nos permite concluir que a) o governo soviético não permitia que seu líder supremo fosse fotografado ao lado de oficiais subordinados ou burocratas do Partido Comunista. b) os dirigentes dos órgãos de inteligência do governo soviético não poderiam ter suas identidades reveladas em prejuízo de seu trabalho. c) a ditadura stalinista costumava apagar de fotos e registros oficiais pessoas que se transformaram em inimigos internos do regime. d) os soviéticos já dominavam técnicas de manipulação e retoques em fotografias, só acessíveis a outros países com o advento da fotografia digital. e) o regime stalinista não reverenciava a memória dos líderes bolcheviques que morreram lutando contra as tropas militares do czarismo. Questão 04 Depois de se exilar no México, devido às perseguições que sofreu sob o governo stalinista, Leon Trotsky foi assassinado em sua casa, em agosto de 1940, por um agente soviético, Ramon Mercader, a mando de Stalin. O assassino conseguiu se aproximar de Trotsky, fingindo ser um simpatizante de suas idéias. Numa certa oportunidade, Mercader foi à casa de Trotsky e lhe apresentou um artigo, pedindo-lhe sua opinião. Aproveitando que o velho revolucionário se encontrava absorto na leitura do texto, Ramon o golpeou na cabeça com uma picareta de alpinista que trazia sob a roupa. “O homem gritou, um grito que nunca vou poder esquecer. Trotsky levantou-se como um louco. Atirou-se sobre mim bateu em minha mão. Eu o empurrei e ele caiu. Mas ele ainda se levantou do chão e, não sei como, conseguiu sair da sala”, disse Mercader, depois que foi preso. Trostky não resistiu ao ferimento e acabou falecendo no hospital, para onde fora levado. Apostila de Ciências Humanas II, volume 2 – autor: Prof. Monteiro Jr. No fragmento acima, identificamos uma prática que marcou o período em que Stalin governou a URSS (1924-53), a saber: a) o antissemitismo. d) o xenofobismo. b) os expurgos políticos. e) o nacionalismo exacerbado. c) o pan-eslavismo. Questão 05 Observe o cartaz abaixo: Sua confecção e distribuição está relacionada à história da URSS, quando a poderosa máquina de propaganda do governo atuava no sentido de: a) celebrar a primazia dos soviéticos na corrida especial, quando os russos lançaram o primeiro satélite na órbita terrestre. b) glorificar a figura de Joseph Stálin, apresentando-o como líder idolatrado e amado pelos povos soviéticos. c) exaltar o caráter revolucionário do movimento de 1917, que derrubou um governo de viés fascista pela luta armada popular. d) condenar os valores e a cultura da sociedade capitalista burguesa, associando-a à opressão e miséria sobre as massas. e) incutir na população o ódio e desprezo pelos povos não eslavos, considerados inferiores em relação aos russos. Questão 06 Leia o trecho a seguir: "O povo estava farto da guerra e havia perdido toda a confiança no czar. (...) O próprio czar fora para o Quartel General para proteger-se; e quando tentou voltar para Petrogrado os trabalhadores ferroviários detiveram seu trem. Todo o mecanismo da monarquia havia parado; o czar (...) havia tentado dissolver Anotações 80 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. a Quarta Duma, tal como fizera com as anteriores, mas desta vez os parlamentares se recusaram a se dispersar, e formaram um Comitê Provisório, que nomeou o Governo Provisório." (Wilson, Edmund. Rumo à Estação Finlândia. SP: Companhia das Letras, 1987). Sobre as circunstâncias em que se desenvolveram os fatos descritos acima, é correto afirmar que a) a derrubada da monarquia, em março de 1917, na Rússia, foi conduzida pelos bolcheviques - parlamentares que controlaram o poder na Duma, durante todo o Governo Provisório. b) a precipitação do processo revolucionário russo foi produzida pela manutenção desse país na Primeira Guerra Mundial, o que resultou em 4 milhões de baixas, aproximadamente.c) os sovietes - comitês locais de trabalhadores - funcionaram, desde sua criação em 1906, sob liderança dos bolcheviques, que buscavam espaço de atuação no governo czarista. d) as movimentações sociais que resultaram na queda da monarquia russa, em 1905, tornaram-se conhecidas como "Ensaio Geral", já que funcionaram como antecâmara da revolução socialista. e) o deputado Kerensky representou, no governo provisório, em 1917, as posições mencheviques que, com a palavra de ordem "Todo Poder aos Sovietes", reivindicavam maior participação popular. Questão 07 Em 1917, o governo czarista russo sofria a oposição de várias forças políticas, especialmente dos mencheviques e dos bolcheviques. Às dificuldades econômicas e resistências ao absolutismo dos Romanov somaram-se os efeitos da Primeira Guerra Mundial e as derrotas russas. Em fevereiro de 1917, o czar Nicolau II foi deposto com a revolução liberal liderada por Kerensky. Sobre o desenrolar da Revolução Russa e surgimento da U.R.S.S. é INCORRETO afirmar que: a) o governo de Kerensky, ao manter a Rússia na Primeira Guerra, enfraqueceu-se, favorecendo seus opositores, liderados por Lênin, que defendia as "teses de abril", sintetizadas no slogan "paz, terra e pão". b) em outubro (novembro no calendário gregoriano) de 1917, teve início a Revolução Socialista, liderada por Lênin, que fez o Tratado de Brest-Litovsk, que tirou a Rússia da Primeira Guerra. c) a resistência nacional e internacional ao governo revolucionário socialista mergulhou a Rússia numa sangrenta guerra civil, contrapondo os "vermelhos" (revolucionários) contra os "brancos" (monarquistas, reacionários e imperialistas). Com a vitória dos seguidores de Lênin, o governo socialista implementou a NEP (Nova Política Econômica), ao mesmo tempo que era constituída a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.). d) a morte de Lênin, em 1924, abriu a disputa pelo poder soviético entre Stálin, favorável ao socialismo num só país e Trotsky, favorável à internacionalização da revolução. e) Trotsky saiu vitorioso e implantou planos quinquenais de desenvolvimento, nos quais procurou-se a socialização total da economia, ampla burocratização da administração e a eliminação física dos opositores ao regime, entre eles, Stálin, assassinado em 1940, no México. Questão 08 Um dos acontecimentos mais significativos do século XX foi a Revolução Socialista na Rússia, em 1917, por colocar em xeque a ordem socioeconômica capitalista. Com respeito ao desencadeamento do processo revolucionário, é CORRETO afirmar que: a) a participação da Rússia, na Primeira Guerra Mundial, desencadeou uma série de greves e de revoltas populares em razão da crise de abastecimento de alimentos, provocando o início do movimento b) os mencheviques tiveram um papel fundamental no processo revolucionário, por defenderem a implantação das Teses de Abril que consistiam, dentre outras exigências, na retirada do país da guerra e na entrega do poder aos sovietes c) os bolcheviques representavam a ala mais conservadora dos socialistas, chegando a ocupar o poder com a Revolução de Fevereiro de 1917, através de Alexander Kerenski d) Stalin, a partir de outubro de 1917, estabeleceu a tese de que era necessária a revolução em um só país, em oposição a Trotsky, líder do exército vermelho e) o governo revolucionário de Stálin conseguiu superar os conflitos que existiam no seu interior, quando estabeleceu a Nova Política Econômica que representava os interesses dos setores mais conservadores Anotações