Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
6 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com 1.5. A Descoberta do Próton Em 1886, o físico alemão Eugen Goldstein (1850-1930) realizando experiências numa ampola de crookes com o cátodo perfurado, descobriu um novo tipo de raio. Estes raios foram denominados de raios canais ou raios anódicos. Goldstein observou que quando se aplicava uma voltagem alta ao tubo, observavam-se os raios catódicos se dirigindo para o ânodo e um novo tipo de raio, que saia do cátodo perfurado em direção oposta aos raios catódicos. Esses novos raios eram atraídos por uma placa carregada negativamente e por isso deveriam possuir carga elétrica positiva. O estudo dos raios canais levou a descoberta das suas seguintes características: 1) Possuem carga positiva, pois são atraídos pela placa negativa quando submetidos a um campo magnético externo à ampola. 2) A razão entre a carga e a massa dessas partículas depende do gás presente no tubo (quando se usava o gás hidrogênio, a razão entre a carga e a massa era maior de todas, assim o hidrogênio originava partículas positivas com a menor massa. Quando se utilizava o gás hidrogênio determinava-se que a massa dessa partícula era 1836 vezes maior que a massa de um elétron). 3) Essas partículas possuem uma intensidade de carga igual à de um elétron, porém de sinal oposto. Essas partículas foram consideradas como partículas fundamentais da matéria e foram denominadas “prótons” (palavra grega que significa o “primário”) por Ernest Rutherford. Atualmente considera-se que a massa de um próton é 1,672623.10–24g. Nesse experimento os elétrons colidem com as moléculas de gás e produzem fragmentos positivos destas moléculas, que são atraídos pelo cátodo perfurado carregado negativamente. Alguns destes fragmentos positivos passam através dos orifícios do cátodo e formam um feixe de partículas carregadas positivamente. Os raios canais também são desviados por campos elétricos e magnéticos, mas esses desvios são muito menores que os desvios sofridos pelos elétrons, para uma mesma intensidade dos campos. Isso ocorre pelo fato da massa dos prótons ser muito maior que a massa dos elétrons. Como um átomo não possui carga elétrica líquida, o número de elétrons é igual ao número de prótons. 7 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Do cátodo são emitidos elétrons dotados de grande energia. Esses elétrons colidem com as moléculas do gás residual, arrancam elétrons dessas moléculas, transformando-as em íons gasosos positivos. A migração dos elétrons para o ânodo e dos íons gasosos positivos para o cátodo fecha o circuito e o gás torna-se condutor, isto é, ocorre descarga. Por outro lado, os elétrons colidindo com os átomos do gás residual excitam esses átomos provocando saltos de seus elétrons para camadas de maior energia; na volta desses elétrons para as camadas originarias há emissão de ondas eletromagnéticas sob forma de luz. Se o gás residual é o hidrogênio, os raios canais são constituídos pelos íons gasosos H+ resultantes da colisão de elétrons (raios catódicos) com as moléculas de H2 do gás residual. H••H + e- [H•H]+ + 2e- [H•H]+ + e- 2 [H]+ + 2e- 1.6. O Modelo Atômico de Rutherford Em 1910, Ernest Rutherford (1871-1937), juntamente com seus colaboradores Hans Geiger e Ernst Marsden, montaram o aparelho observado a seguir onde um feixe de partículas , dotadas de carga positiva, incidiram sobre uma fina folha de ouro. Para verificar a passagem de tais partículas pela folha de ouro foi colocado um anteparo luminescente, revestido por sulfeto de zinco (ZnS). O que se pôde observar foi que a maior parte das partículas atravessavam a fina folha de ouro, sem sofrer desvios, algumas sofriam desvios variáveis e um número muito menor de partículas era refletido para trás. Rutherford interpretou estes resultados concluindo que a carga positiva do átomo estava concentrada em uma região infinitamente pequena, comparada ao volume do átomo, extremamente densa e que concentra praticamente toda a massa do átomo denominada de núcleo. Para Rutherford os elétrons ocupavam uma região fora do núcleo denominada de eletrosfera. Essa eletrosfera constituía a maior parte do átomo e era formada por imensos espaços vazios, por isso a maior parte das partículas atravessavam a folha de ouro. Os prótons se encontram no núcleo, uma região muito densa e infinitamente pequena em relação ao volume ocupado pelo átomo. Isso explica o fato de que algumas partículas eram desviadas ao passarem próximas a esse núcleo também positivo. As partículas que colidiam frontalmente com o núcleo eram refletidas na direção da fonte de emissão. 8 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Assim Rutherford propôs um novo modelo atômico constituído pela eletrosfera onde circulavam os elétrons e núcleo onde estavam os prótons. O modelo atômico proposto por Rutherford ficou conhecido como “modelo do sistema solar”. Nesta analogia o núcleo seria representado pelo sol e os elétrons pelos planetas que giram ao redor do sol. O modelo do “pudim de passas” de Thomson teve uma vida muito curta. Com o modelo do átomo de Thomson as partículas atravessariam o átomo sem sofrer desvios, sendo que algumas delas sofreriam pequenos desvios (a). Com o átomo nucleado de Rutherford (b) algumas partículas sofreriam grandes desvios e até retomariam na direção oposta das partículas emitidas. 1.7. A Descoberta do Nêutron Com os avanços tecnológicos do início do século XX, foi inventado o espectrômetro de massas, um instrumento que permite a determinação da massa de um átomo. A espectroscopia de massas foi usada para determinar a massa de todos os elementos conhecidos. Através da espectroscopia de massas os cientistas descobriram que nem todos os átomos de um elemento químico possuem a mesma massa e descobriram, ainda, que quando o número de prótons aumenta a massa de um átomo aumenta numa proporção ainda maior. Assim os cientistas começaram a propor a existência de partículas eletricamente neutras no núcleo dos átomos, juntamente com os prótons, tais partículas foram denominadas de nêutrons. Os nêutrons não possuem carga elétrica, mas possuem massa e por isso contribuem substancialmente para o aumento da massa dos átomos. Essa partícula que não possui carga elétrica e tem massa igual a 1,6749286.10–24 g, hoje é denominada de nêutron. Observe que a massa do nêutron é aproximadamente igual à massa de um próton. Os prótons e nêutrons são denominados de nucléons. Em 1932, o físico inglês James Chadwick (1891-1974) comprovou a existência dos nêutrons quando realizou uma reação de transmutação nuclear artificial, bombardeando o berílio com partículas : 9 Be 4 + 4 2 12 C 6 + 1 n 0 (nêutron) 9 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com 1.8. Número Atômico e Número de Massa de um Átomo Elemento químico é um conjunto de átomos que possuem o mesmo número de prótons no núcleo. Portanto, o que caracteriza um elemento químico é a quantidade de prótons. O hidrogênio possui um próton, o hélio possui dois, o lítio três e assim por diante. O número atômico de um átomo é representado pela letra Z. O número de massa de um átomo (A) é a soma do seu número de prótons (Z) com o seu número de nêutrons (n). Assim temos que (A = Z + n). Um outro nome para o número de massa é o número de núcleons. 1.9. Isótopos, Isóbaros, Isótonos e Isodiaferos Isótopos são átomos que possuem o mesmo número atômico, mas que apresentam diferentes números de massa. Essa diferença nos números de massa se deve a diferença no número de nêutrons. Como os isótopos apresentam o mesmo número de prótons, eles pertencem a um mesmo elemento químico. Alguns átomos possuemum único isótopo estável (alumínio, flúor, fósforo), porém a maioria dos elementos químicos apresenta dois ou mais isótopos estáveis. Observe os exemplos abaixo para os elementos químicos hidrogênio e carbono: prótio deutério trítio A = 12 A =13 A = 14 Z = 6 Z = 6 Z = 6 n = 6 n = 7 n = 8 Geralmente se refere a um isótopo utilizando-se o seu número de massa. Exemplo: carbono, 12, carbono 13, carbono 14. Os isótopos apresentam propriedades químicas semelhantes e propriedades físicas diferentes. Os isótopos apresentam ainda uma composição natural praticamente fixa. Para o hidrogênio (prótio = 99,98%; deutério = 0,02%; trítio = 10–7%), para o carbono (C12 = 99,89%; C13 = 1,11%, C14 = traços). Isóbaros são átomos que apresentam o mesmo número de massa, porém apresentam números de prótons diferentes e, por conseguinte, pertencem a elementos químicos diferentes. A = 40 A = 40 Z = 20 Z = 18 A = 14 A = 14 Z = 6 Z = 7 H1 1 H2 1 H3 1 C 12 6 C 13 6 C 14 6 Ca 40 20 Ar 40 18 C 14 6 N 14 7 10 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Isótonos ou isoneutrônicos são átomos que possuem o mesmo número de nêutrons (n) e diferentes números atômicos (Z) e de massa (A), consequentemente pertencem a elementos químicos diferentes. A = 26 A = 28 Z = 12 Z = 14 n = 26 – 12 = 14 n = 28 – 14 = 14 A = 232 A = 234 Z = 90 Z = 92 n = 232 – 90 = 142 n = 234 – 92 = 142 Isodiáferos são átomos que apresentam a mesma diferença entre o número de nêutrons (n) e o número de prótons (Z). A = 71 A = 73 Z = 35 Z = 36 n = 71 – 35 = 36 n = 73 – 36 = 37 n – Z = 36 – 35 = 1 n – Z = 37 – 36 = 1 2. Teoria Atômica Moderna Os elementos químicos que têm propriedades semelhantes estão na mesma coluna da tabela periódica. Mas qual a razão disto? As descobertas do elétron, do próton e do nêutron levaram os cientistas a procurar qual era a relação entre a estrutura atômica e o comportamento químico. Já em 1902 Gilbert N. Lewis (1875-1946) sugeria a ideia de os elétrons, num determinado elemento, estarem dispostos em camadas, que se distribuem sucessivamente a partir do núcleo do átomo. Lewis explicava a semelhança das propriedades químicas dos elementos de um certo grupo pela hipótese de todos os elementos do grupo terem o mesmo número de elétrons na camada mais externa. Estes elétrons são os elétrons de valência. O modelo do átomo proposto por Lewis levanta muitas questões. Onde se localizam os elétrons? Têm energias diferentes? Há provas experimentais para este modelo? Estas perguntas motivaram muitos estudos experimentais e teóricos, que principiaram por volta de 1900 e continuam até os dias e hoje. 2.1. Radiação Eletromagnética Algumas propriedades da radiação; como a luz, podem ser descritas em termos de movimento ondulatório. Estas ideias surgiram de experiências feitas pelos físicos do século XIX, entre eles o escocês James Clerk Maxwell (1831-1879). Em 1864, Maxwell desenvolveu uma elegante teoria matemática para descrever todas as formas de radiação em termos de campos elétricos e magnéticos oscilantes, ou ondulatórios, no espaço (Fig. 1). A radiação, como a luz, as microondas, os sinais de televisão e de rádio, os raios x, é denominada coletivamente radiação eletromagnética. O comprimento de onda de uma onda é a distância entre duas cristas ou máximos sucessivos (ou entre dois mínimos sucessivos). Esta distância pode ser dada em metros, em nanômetros ou em qualquer unidade de comprimento que seja conveniente. O símbolo para comprimento de onda é a letra grega (lambda). As ondas também podem ser caracterizadas por sua frequência, simbolizada pela letra grega (nu). Dada uma onda que passa por um ponto fixo no espaço, a frequência é igual ao número de ondas completas que passam pelo ponto na unidade de tempo. A frequência por isso é, em geral, definida pelo número de ciclos que passam pelo ponto em cada segundo (Fig. 2). A unidade de frequência é normalmente escrita como S–1 (isto é, por segundo, 1/s ou S–1), e atualmente é denominada hertz. Em termos científicos, a altura máxima de uma onda, medida a partir do seu eixo de propagação, é denominada amplitude. Na Figura 2 Observe que a onda tem amplitude nula em pontos intervalados ao longo do eixo. Os pontos de amplitude nula são os nodos, que ocorrem sempre em intervalos de comprimento /2 nas ondas estacionárias, como as da (Fig. 2). Mg 26 12 Si 28 14 Th 232 90 U 234 92 Br 71 35 Kr 73 36
Compartilhar