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111 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Surpreendentemente, a descoberta deles foi baseada na detecção de apenas três átomos do novo elemento. Os núcleos têm vida muito curta, e eles sofrem decaimento alfa em milissegundos após suas sínteses. O mesmo grupo de cientistas relatou também do elemento 112 em 1996. Até a edição deste livro, os nomes e os símbolos ainda não tinham sido escolhidos para os novos elementos. 9. Fissão Nuclear De acordo com a abordagem das variações de energia nas reações nucleares [Seção 6], tanto a divisão de núcleos pesados (fissão) quanto a união de núcleos leves (fusão) são processos exotérmicos. As usinas de energia nuclear comerciais e a maioria das formas de armamentos nucleares dependem do processo de fissão nuclear para suas operações. A primeira fissão nuclear a ser descoberta foi a do urânio-235. Esse núcleo, bem como os de urânio-233 e plutônio-239, sofre fissão quando atingidos por um nêutron movendo-se lentamente. Esse processo de fissão induzida é ilustrado na Figura abaixo. Um núcleo pesado pode ser dividido de muitas maneiras diferentes. Duas maneiras de divisão do núcleo de urânio-235 são mostradas nas equações seguintes: Representação esquemática da fissão do urânio-235 mostrando um de seus muitos padrões de fissão. Nesse processo, 3,5 x 10–11J de energia é produzida por núcleo de 235U. Mais de 200 isótopos diferentes de 35 elementos distintos têm sido descobertos entre os produtos da fissão de urânio-235. Muitos deles são radioativos. Em média, 2,4 milhões de nêutrons são produzidos em cada fissão de urânio-235. Se uma fissão produz 2 nêutrons, eles podem provocar duas fissões. Os 4 nêutrons assim liberados podem produzir quatro fissões, e assim por diante, como mostrado na [Figura 15]. O número de fissões e a energia liberada incrementam-se rapidamente, e se o processo não for controlado, o resultado é uma explosão violenta. As reações que se multiplicam dessa maneira são chamadas de reações em cadeia. Para que uma reação de fissão em cadeia ocorra, a amostra do material físsil deve ter certa massa mínima. Caso contrário, os nêutrons escapam da amostra antes que tenham a oportunidade de atingir outros núcleos e provoquem fissão adicional. A cadeia pára se forem suficientes os nêutrons perdidos. A quantidade mínima de material físsil suficiente para manter a reação em cadeia com velocidade constante de fissão é chamada massa crítica. Quando uma massa crítica de material estiver presente, em média um nêutron de cada fissão é subsequentemente eficaz na produção de outra fissão. A massa crítica de urânio-235 é aproximadamente 1 kg. Se mais de uma massa crítica de material físsil estiver presente, poucos nêutrons escapam. A reação em cadeia, então, multiplica o número de fissões, que podem levar a uma explosão nuclear. Uma massa superior à massa crítica é chamada massa supercrítica. O efeito da massa em urna reação de fissão é ilustrado na Figura abaixo. 1 235 0 92n U 137 97 1 52 40 0Te Zr 2 n 142 91 1 56 36 0Ba Kr 3 n 112 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Reação de fissão em cadeia na qual cada uma produz dois nêutrons. O processo leva a uma aceleração da velocidade de fissão, com o número de fissões potencialmente dobrando em cada etapa. A reação em cadeia em uma massa subcrítica pára logo porque se perdem nêutrons da massa sem provocar fissão. À medida que a massa aumenta, menos nêutrons são capazes de escapar. Em uma massa supercrítica, a reação em cadeia é capaz de acelerar. A Figura abaixo mostra um diagrama esquemático da primeira bomba atômica usada em guerra. Uma bomba desse tipo foi jogada em Hiroshima, Japão, em 6 de agosto de 1945. Para disparar a reação de fissão, duas massas subcríticas de urânio-235 são atiradas juntas usando explosivos químicos. As massas combinadas de urânio formam uma massa supercrítica, que leva a uma reação em cadeia rápida e sem controle e, no final, a uma explosão nuclear. A energia liberada pela bomba jogada em Hiroshima era equivalente à energia liberada por 20 mil toneladas de TNT (ela, consequentemente, é chamada de uma bomba de 20 quilotons). Projeto usado em bombas atômicas. Um explosivo convencional é usado para colocar duas massas subcríticas juntas para formar uma massa supercrítica. 9.1. Reatores nucleares 113 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com A fissão nuclear produz a energia gerada pelas usinas de energia nuclear. O ‘combustível’ do reator nuclear é uma substância físsil, como urânio-235. Normalmente, o urânio é enriquecido até aproximadamente 3% de urânio-235 e depois usado na forma de grânulos de UO2. Esses grânulos enriquecidos de urânio-235 são revestidos em tubos de zircônio ou de aço inoxidável. Os bastões compostos de materiais como cádmio ou boro controlam o processo de fissão absorvendo nêutrons. Esses bastões de controle regulam o fluxo de nêutrons para manter a reação em cadeia auto-sustentável, enquanto previnem o núcleo do reator de esquentar. (a) Projeto básico de uma usina de energia nuclear. O calor produzido pelo núcleo do reator é carregado por um líquido refrigerante, como água ou sódio líquido, para um gerador de vapor. O vapor, então, produzido é usado para mover um gerador elétrico. (b) Uma usina de energia nuclear em Salem, Nova Jersey. Observe a camada de retenção de concreto na forma de domo. Considerável número de pesquisa é dedicado à destinação final segura de dejetos radioativos produzidos nas usinas nucleares. No momento, as possibilidades mais atrativas são a formação de vidro, cerâmica ou rochas sintéticas a partir dos dejetos, como meio de imobilizá-los. Esses materiais sólidos seriam, então, colocados em recipientes de alta resistência à corrosão e durabilidade e enterrados bem fundo. 10. Fusão Nuclear Recorde-se que a energia é produzida quando os núcleos leves são fundidos em núcleos mais pesados. As reações desse tipo são responsáveis pela energia produzida pelo Sol. Os estudos espectroscópicos indicam que o Sol é composto de 73% de H, 26% de He e apenas 1% de todos os outros elementos em massa. Entre os vários processos de fusão que se acredita ocorrer estão os seguintes: 1 1 2 0 1 1 1 1H H H e 1 2 3 1 1 2H H He 3 3 4 1 2 2 2 1He He He 2 H 3 1 4 0 2 1 2 1He H He e 114 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Teorias têm sido propostas para a geração de outros elementos pelo processo de fusão. A fusão é atraente como fonte de energia por causa da disponibilidade de isótopos mais leves e porque os produtos da fusão em geral não são radioativos. Independentemente desse fato, a fusão não é atualmente usada para gerar energia. O problema é que são necessárias altas energias para superar a repulsão entre os núcleos. As energias necessárias são atingidas pelas altas temperaturas. As reações de fusão são, consequentemente, conhecidas também como reações termonucleares. A temperatura mais baixa necessária para qualquer fusão é a necessária para fundir deutério ( 2 1H ) e trítio ( 3 1H ). Essa reação requer uma temperatura de aproximadamente 40.000.000 K: 2 3 4 1 1 1 2 0H H He n Temperaturas altas têm sido atingidas quando se usa uma bomba atômica para iniciar o processo de fusão. Isso é feito na bomba termonuclear ou de hidrogênio. Entretanto, essa abordagem é inaceitável para geração controlada de energia. Inúmeros problemas devem ser superados antes de a fusão tomar-se uma fonte de energia práticas Além disso, para as altas temperaturas necessárias para iniciar a reação, existe o problema de restringir a reação. Nenhum material estrutural conhecido é capaz de resistiràs enormes temperaturas necessárias para a fusão. As pesquisas têm se centrado no uso de aparelhos chamados tokamak, que usa campos magnéticos fortes para conter e aquecer a reação Figura abaixo. Temperaturas de aproximadamente 3.000.000 K têm sido atingidas em um tokamak, mas isso ainda não é suficiente para iniciar uma fusão contínua. Muita pesquisa tem sido dirigida também para o uso de lasers poderosos para gerar as temperaturas necessárias. Desenho do reator de teste de fusão tokamak. Um tokamak é basicamente uma ‘garrafa’ de ímã para confinamento e aquecimento de núcleos em um esforço no sentido de levá-los à fusão. 11. Cinética das desintegrações radioativas Por que alguns radioisótopos, como urânio-238, são encontrados na natureza, enquanto outros não o são e devem ser sintetizados? Para responder a essa pergunta, você precisa compreender que diferentes núcleos sofrem decaimento radioativo com diferentes velocidades. Muitos radioisótopos decaem basicamente de maneira completa em questão de segundos ou menos, de forma que não os encontramos na natureza. O urânio-238, por outro lado, decai muito 115 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com lentamente; por isso, apesar de sua instabilidade, ainda podemos observá-lo na natureza. Uma importante característica de um radioisótopo é sua velocidade de decaimento. O decaimento radioativo é um processo cinético de primeira ordem. Recorde-se de que um processo de primeira ordem tem meia-vida característica, que é o tempo necessário para metade de certa quantidade de uma substância reagir. As velocidades de decaimento dos núcleos são normalmente abordadas em termos de meias-vidas. Cada isótopo tem sua própria meia-vida característica. Por exemplo, a meia-vida do estrôncio-90 é 28,8 anos. Se começarmos com 10,0 g de estrôncio-90, apenas 5,0 g desse isótopo permaneceriam após 28,8 anos, 2,5 g após outros 28,8 anos, e assim por diante. O estrôncio-90 decai para ítrio-90, como mostrado a seguir: 90 90 0 38 39 1Sr Y e A perda de estrôncio-90 como função do tempo é mostrada na Figura abaixo. Decaimento de uma amostra de 10,0 g de t9038 1/ 2Sr( 28,8 anos) Meias-vidas tão curtas quanto milionésimos de um segundo e tão longa quanto bilhões de anos são conhecidas. As meias-vidas de alguns radioisótopos estão relacionadas na Tabela seguinte. Uma importante característica das meias-vidas é que elas não são afetadas por condições externas como temperatura, pressão ou estado de combinação química. Consequentemente, ao contrário dos produtos químicos tóxicos, os átomos radioativos não podem ser submetidos inofensivamente a reação química ou por qualquer outro tratamento. Nesse ponto, não podemos fazer nada, mas deixar que esses núcleos percam a radioatividade em suas velocidades características. No meio tempo devemos tomar precauções para isolar os radioisótopos por causa do perigo da radiação que podem causar. Tabela – As meias-vidas e tipos de decaimento para vários radioisótopos Isótopo Meio-vida Tipo de decaimento Radioisótopos naturais 23892U 4,5 x 10 9 Alfa 23592U 7,0 x 10 8 Alfa 23292Th 1,4 x 10 10 Alfa 4019K 1,3 x 10 9 Beta 146C 5.715 Beta Radioisótopos sintéticos 23994Pu 24.000 Alfa 13755Cs 30 Beta 9038Sr 28,8 Beta 13153I 0,022 Beta
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