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Historia em movimento Vol 1-34

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230 Unidade 5 Soberania e Estado nacional
Mundo virtual
 n Igreja do Santo Sepulcro – Passeio virtual pela Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém (site em inglês). 
Disponível em: <www.360tr.com/kudus/kiyamet_eng/index.html>. Acesso em: 30 out. 2012.
 n Basílica de São Pedro – Passeio virtual pela Basílica de São Pedro, no Vaticano. Disponível em: 
<www.vatican.va/various/basiliche/san_pietro/vr_tour/index-en.html>. Acesso em: 30 out. 2012.
Publicado em 1525, o texto a seguir faz parte de 
um manifesto dos camponeses do Sacro Império 
Romano-Germânico que no ano anterior haviam 
se rebelado contra os senhores de terra. Lidera-
dos por Thomas Münzer (releia o boxe Convulsão 
social no Sacro Império, na página 223), eles exi-
giam reformas sociais. Depois de ler o texto, res-
ponda às questões.
[...] até agora éramos tratados como escravos, 
o que é uma vergonha, pois, com o seu precioso 
sangue, Jesus Cristo nos salvou a todos, tanto ao 
mais humilde pastor como ao mais nobre senhor, 
sem distinção. Por esse motivo, deduzimos das Sa-
gradas Escrituras que somos livres, e livres quere-
mos ser. Não que queiramos ser totalmente livres, 
que não queiramos reconhecer autoridade algu-
ma; não é isso o que Deus nos ensina.
[...] até agora, nenhum pobre podia perseguir a 
caça, pegar aves ou peixes na água corrente, o que 
nos parece uma lei totalmente injusta e pouco fra-
ternal, mas interesseira e em desacordo com a pa-
lavra de Deus.
[...] somos prejudicados ainda pelos nossos se-
nhores, que se apoderaram de todas as florestas. Se 
o pobre precisa de lenha ou madeira tem que pagar 
o dobro por ela. Nós somos de opinião que deve 
ser restituída à comunidade toda e qualquer flores-
ta que se encontra em mãos de leigos ou religiosos 
que não a adquiriram legalmente.
[...] nossa decisão e resolução final é a se-
guinte: se uma ou diversas dessas exigências 
não estiverem em consonância com a palavra 
de Deus, delas abriremos mão imediatamente, 
desde que se nos prove, à base das Sagradas 
Escrituras, que elas estão em discordância com 
a vontade divina.
Extraído de: MARQUES, Ademar; 
BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. 
História moderna através de textos. 
São Paulo: Contexto, 2001. p. 128.
1. Qual é a autoridade legítima invocada pelo ma-
nifesto para justificar o fim da servidão e garantir 
a liberdade aos camponeses? 
2. Os manifestos geralmente contêm dois aspec-
tos importantes: o primeiro é a denúncia de 
uma situação (injusta, ilegal, incômoda, etc.); o 
segundo, uma reivindicação (uma nova propos-
ta, alguma reforma, um tipo novo de organiza-
ção). Identifique, nesse manifesto, quais são as 
denúncias e o que ele propõe para transformar 
a ordem social.
Interpretando dOCUMeNTOs
5. Explique o surgimento da expressão Reforma 
protestante ou, posteriormente, Igreja “protes-
tante” com base nos eventos que envolveram as 
decisões do imperador Carlos V, do Sacro Impé-
rio Romano-Germânico.
6. Por que podemos afirmar que a difusão do cal-
vinismo e a ascensão da burguesia na Idade Mo-
derna estão intimamente ligadas?
7. Narre os episódios que levaram à criação da Igre-
ja anglicana e explique sua importância no con-
texto da Reforma protestante.
8. A Contrarreforma foi a resposta da Igreja católica 
à crise provocada pela difusão do protestantis-
mo. Cite três medidas fundamentais da Contrar-
reforma.
HMOV_v1_PNLD2015_221a230_U05_C27.indd 230 3/6/13 11:11 AM
231
O planeta Marte sempre exerceu sobre os 
habitantes da Terra um fascínio especial. Durante 
certo tempo, imaginou-se que ele podia ser 
habitado. Conhecido também como planeta 
vermelho, pensou-se depois que em suas terras 
áridas não houvesse vestígios de água.
Esse enigma da Ciência chegou ao fi m em 
2008: o planeta Marte tem água, sim, embora 
na forma de gelo. O anúncio foi feito por 
técnicos da agência espacial norte-americana, 
Nasa, após análise do material coletado na 
superfície do planeta pela sonda Phoenix.
Foto de outubro de 2012 do robô Curiosity, enviado 
pela Nasa ao planeta Marte em agosto do mesmo ano. 
As amostras coletadas pelo robô em solo marciano 
permitem análise científica das composições químicas do 
solo e do ar do planeta.
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Corbis/Latinstock
As Grandes Navegações
Capítulo 28
Objetivos do capítulo
 n Identificar os grupos sociais e os interesses que 
conduziram às Grandes Navegações.
 n Conhecer os recursos técnicos, os esforços 
e as etapas que envolveram a conquista do 
Atlântico.
 n Reconhecer os principais desdobramentos das 
Grandes Navegações: a chegada dos europeus 
às Índias e ao continente americano.
 n Perceber o papel e os interesses dos nascentes 
Estados Nacionais.
Desvendar os mistérios do Universo tem sido 
um dos grandes desafi os enfrentados pelos seres 
humanos há séculos, mas as pesquisas para a 
conquista do espaço interestelar tiveram início 
de fato em meados do século XX. De lá para cá, 
governos de diversos países investiram milhões 
de dólares em pesquisas e viagens ao espaço. 
Hoje, norte-americanos, russos e chineses, entre 
outros povos, continuam envolvidos nessas 
pesquisas e viagens.
De certa forma, a corrida espacial se 
assemelha às Grandes Navegações. Apesar de 
conservarem especifi cidades que os diferenciam 
historicamente, o desenvolvimento científi co e 
tecnológico envolvido em ambas as empreitadas 
e a expansão dos territórios conhecidos são 
duas características comuns a esses dois 
episódios da História. É dessas navegações 
audaciosas que falaremos neste capítulo.
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232 Unidade 5 Soberania e Estado nacional
Um comércio lucrativo
Durante a Idade Média, o comércio entre a 
Ásia e a Europa era intermediado principalmente 
pelos árabes. Eles adquiriam mercadorias no Orien-
te e as levavam até entrepostos comerciais instala-
dos em áreas próximas ao mar Negro ou na parte 
mais oriental do Mediterrâneo. Comerciantes eu-
ropeus – principalmente venezianos e genoveses – 
deslocavam-se até esses entrepostos, abasteciam-
-se dessas mercadorias e as revendiam depois nas 
feiras e cidades da Europa.
Entre sair da Ásia e chegar à Europa, os preços 
desses produtos sofriam aumentos de mais de 4 mil 
por cento. A pimenta, por exemplo, comprada por 
cerca de 3 ducados na Índia, era revendida no Cai-
ro por 68 ducados e quando chegava às cidades da 
Europa estava cotada em quase 140 ducados. Os 
comerciantes europeus sabiam que poderiam ter lu-
cros maiores caso dispensassem os intermediários 
e adquirissem as mercadorias diretamente de seus 
produtores, nas Índias (nome pelo qual chamavam 
todas as terras do leste da Ásia).
Até o século XIV, o conhecimento que se tinha 
na Europa a respeito de outros lugares do mundo era 
bastante restrito. Além dos relatos do veneziano Mar-
co Polo (releia o boxe O homem que viajava, no capí-
tulo 17), as informações disponíveis sobre o Oriente 
eram encontradas, quase sempre, em obras escritas 
por pessoas que jamais haviam estado na Ásia.
Havia também muitas lendas sobre outros povos 
e lugares. Uma delas, reproduzida por monges e pe-
regrinos, falava da existência do chamado reino do 
Preste João, rei cristão cujos domínios localizavam-se 
em algum ponto da África Oriental ou da Ásia. Para o 
governo português, esse reino poderia ser importan-
te aliado de Portugal na luta contra os muçulmanos.
O conhecimento a respeito dos mares não era 
diferente. Muitos europeus acreditavam que em di-
reção ao sul o mar seria habitado por monstros e 
estaria sempre em chamas. Segundo essa crença, 
aqueles que arriscassem cruzar o Atlântico – co-
nhecido como mar Tenebroso – iriam se deparar 
com o fim do mundo: em algum ponto o oceano 
acabaria e daria lugar a um enorme abismo.
Em busca de rotas alternativas
O medo de se aventurar por essas regiões come-
çou a mudar a partir de 1453, quando os turco otoma-
1 nos tomaram Constantinoplae dominaram o Mediter-râneo oriental (reveja o capítulo 20), passando a cobrar altas taxas das caravanas que cruzavam a região.
Para escapar dessas cobranças, muitos mercado-
res europeus começaram a procurar rotas alternativas 
em direção às Índias. Isso provocou uma grande bus-
ca por informações geográficas e marítimas. Nesse 
processo, quem saiu na frente foi Portugal.
Entre os fatores que explicam esse pioneiris-
mo, podem ser destacados: a posição geográfica do 
país, extremamente favorável às navegações, já que 
Portugal, banhado pelas águas do Atlântico, era o 
reino mais ocidental da Europa; a existência de um 
poder centralizado e de um Estado unificado, sem 
dissensões internas (reveja o capítulo 25); e a lon-
ga experiência de pescadores e marinheiros lusita-
nos na costa do Atlântico.
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Um oceano povoado de monstros assustadores. Era assim o 
mar Tenebroso no imaginário dos europeus entre o final da 
Idade Média e o começo da Idade Moderna. Nesta gravura 
de Sebastian Münster (século XVI), estão representados 
alguns desses monstros. Com as Grandes Navegações, o mar 
Tenebroso logo ficaria conhecido como oceano Atlântico.
A aventura portuguesa
Desde meados do século XIII, comerciantes e 
marinheiros portugueses faziam frequentes viagens 
a outras regiões da Europa: levavam para a Inglater-
ra e a França, por exemplo, produtos como azeite, 
vinho, couro e frutas secas. Ao retornarem, traziam 
para Portugal móveis de madeira, armas de ferro e 
tecidos, entre outros artigos.
2
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233As Grandes Navegações Capítulo 28
Por essa época, o dinheiro começava a substituir 
gradualmente a posse da terra como símbolo de pres-
tígio e poder. Assim, o comércio marítimo promoveu 
pouco a pouco a ascensão social da burguesia mercan-
til. Além disso, os mercadores portugueses foram be-
neficiados por alianças e acordos de interesse mútuo 
estabelecidos com a Coroa portuguesa. De fato, por 
meio de leis, decretos e incentivos, a monarquia con-
cedia privilégios às pessoas que atuavam no comércio.
Em 1358, por exemplo, um decreto autorizava 
o corte de árvores nas matas do reino para a cons-
trução de navios. Em 1380, o governo português 
criou a Companhia das Naus, uma espécie de segu-
ro marítimo cujo objetivo era resguardar os donos 
dos navios no caso de perdas por naufrágio ou atos 
de pirataria. Ao mesmo tempo, o governo de Lisboa 
colocou em prática uma política protecionista, 
passando a fazer restrições à ação de mercadores 
estrangeiros em Portugal, de modo a salvaguardar 
os interesses dos comerciantes nacionais em face da 
concorrência externa.
Essa relação entre a Coroa e a burguesia mer-
cantil se consolidou de vez entre 1383 e 1385, 
quando ocorreu a Revolução de Avis, que expulsou 
de Portugal as forças de Castela e colocou no trono 
dom João I, apoiado principalmente pela burguesia 
(releia o capítulo 25).
Em 1415, o governo de dom João I resolveu ocu-
par Ceuta, importante entreposto comercial e militar 
situado no norte da África. A decisão tinha por ob-
jetivo tirar dos muçulmanos o controle do comércio 
nessa região e colocá-lo em mãos portuguesas. Com 
a conquista de Ceuta, coordenada por um dos filhos 
do rei, o infante dom Henrique, teve início o processo 
de expansão ultramarina de Portugal.
Após a conquista, dom Henrique foi agraciado 
com o título de grão-mestre da Ordem de Cristo, rica 
instituição religiosa cujo principal objetivo era “com-
bater os infiéis” em qualquer lugar do mundo. Em 
Ceuta circulavam informações sobre a existência de 
ouro no reino do Mali, ao sul do Saara (reveja o capí-
tulo 19). Atraído por essas informações – e pelo de-
sejo de encontrar o reino do Preste João –, dom Hen-
rique planejou a conquista da costa oeste da África 
em direção ao sul, obtendo para isso financiamento 
da Ordem de Cristo.
A Escola de Sagres
Algum tempo depois da conquista de Ceuta, 
dom Henrique se transferiu para o Algarve, fixando-
-se nas proximidades de Sagres, a vila mais ocidental 
da Europa. Aí, reuniu cartógrafos, astrônomos, mate-
máticos e navegadores. Juntos, passaram a estudar o 
legado náutico deixado por grandes povos do passa-
do – fenícios, egípcios, gregos, árabes, etc.
Os estudos desse grupo de especialistas não 
chegaram a tomar a forma de uma instituição 
educacional permanente, mas ficaram conhecidos 
como Escola de Sagres. Como resultado de suas 
atividades, foram desenvolvidas cartas marítimas e 
criados ou aperfeiçoados diversos instrumentos de 
navegação, como mostra o boxe A tecnologia náu-
tica, a seguir. Além disso, foi inventado um novo 
tipo de embarcação, a caravela, navio veloz e rela-
tivamente pequeno, com cerca de 20 a 30 metros 
de comprimento. Tripulada por 40 a 50 homens, 
era ideal para a navegação costeira, podendo en-
trar em rios e estuários e realizar manobras em re-
giões de águas rasas.
A tecnologia náutica
Entre os instrumentos utilizados pelos nave-
gantes em suas viagens a partir do século XV, des-
tacam-se a bússola, o quadrante e o astrolábio. A 
primeira é uma agulha magnética que indica a di-
reção do polo norte e ajuda a identificar a posição 
percorrida pelo navio; o quadrante é um arco gra-
duado, de 45 graus, que fornece a latitude exata 
em que se encontra a embarcação. Já o astrolábio 
consiste em um disco metálico ou de madeira, utili-
zado para determinar a posição do navio com base 
na localização das estrelas.
Juntamente com a invenção e o aperfeiçoamen-
to desses instrumentos, os cartógrafos portugueses 
passaram a acompanhar os navegadores em suas 
viagens com o objetivo de elaborar mapas mais 
precisos. Esses mapas acabaram se tornando obje-
tos extremamente cobiçados na Europa, pois conti-
nham informações geográficas que na época eram 
de conhecimento apenas dos portugueses.
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234 Unidade 5 Soberania e Estado nacional
As expedições marítimas portu-
guesas rumo ao sul começaram em 
1418 (veja o mapa ao lado). Entre 
1420 e 1427, ocorreu a conquista 
das ilhas da Madeira e dos Açores, 
nas quais os portugueses introduzi-
ram o plantio de trigo, uvas e cana-
-de-açúcar. A partir de então, as ex-
pedições começaram a se deter no 
temido cabo Bojador. 
Região de arrecifes pontiagudos, 
o cabo era considerado um obstácu-
lo intransponível pelos portugueses. 
Quando chegavam ali, as caravelas 
sofriam sérias avarias ou afundavam. 
Em poucos anos, cerca de vinte em-
barcações foram a pique. Para os su-
persticiosos, a destruição dos barcos 
no Bojador devia-se aos monstros que 
habitavam o oceano ou à fúria divina.
Em 1534, uma expedição capita-
neada por Gil Eanes conseguiu final-
mente ultrapassar o temido obstáculo. 
Com a travessia do Bojador, os portu-
gueses haviam vencido o desconheci-
do e dominado o medo (veja a seção 
No mundo das letras, na página 238).
No extremo sul da África
Vencido o Bojador, Portugal pôde dar continui-
dade às expedições marítimas em direção ao sul da 
costa africana. Em 1444, uma dessas expedições 
retornou a Portugal com cerca de duzentos africa-
nos, vendidos depois como escravos. Esse foi o pri-
meiro grupo de africanos escravizados vendidos em 
Portugal, prática que logo se generalizaria entre os 
mercadores portugueses (e de outras origens) e 
que se estenderia por mais de quatro séculos.
Quando dom Henrique morreu, em 1460, os 
portugueses já haviam chegado até a região da 
atual Serra Leoa. Uma bula do papa Eugênio IV ga-
rantia-lhes o monopólio comercial no continente 
africano e o direito de “capturar e subjugar os sar-
racenos [muçulmanos] e pagãos [africanos] e qual-
quer outro incrédulo ou inimigo de Cristo, como 
também seus reinos, ducados, principados e outras 
propriedades, assim como reduzir essas pessoas à 
escravidão perpétua”.
30º L
Lisboa
Palos
Ceuta
1415
ÁFRICA
ÁSIA
Melinde
1498
Cabo da 
Boa Esperança
1487
Cabo
Verde 
1456
Açores 
1428
Madeira 
1420Bartolom
eu D
ias 
EUROPA
PORTUGAL
Cabo Bojador
1434
ESPANHA
CONGO
1482-1485
Moçambique
1498
GUINÉ
1434-1462
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
 ATLÂNTICO
30º L
Equador0º 
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Mar Mediterrâneo 
PORTUGUESES NA COSTA AFRICANA
0 950
QUILÔMETROS
ESCALA
1 900
Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
O último passo nesse avanço pela costa africana 
ocorreu em 1487, quando Bartolomeu Dias dobrou 
a extremidade sul do continente africano. Chamou o 
acidente geográfico ali encontrado de cabo das Tor-
mentas. Mais tarde, o rei dom João II (1481-1495) mu-
dou esse nome para cabo da Boa Esperança. A essa 
altura, os portugueses já haviam definido seu mais am-
bicioso projeto: encontrar o caminho marítimo para as 
Índias. Como a confirmar o nome com que chamou o 
cabo, Bartolomeu Dias morreria em 1500 durante uma 
tormenta no cabo da Boa Esperança.
Os espanhóis chegam 
à América
Os feitos portugueses estimularam o interesse de 
navegantes de outras regiões da Europa em descobrir 
um caminho alternativo para as Índias. Um deles era 
o genovês Cristóvão Colombo. Acreditando na esfe-
3
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235As Grandes Navegações Capítulo 28
ricidade da Terra, Colombo argumentava que a for-
ma mais rápida de se chegar às Índias a partir da Eu-
ropa seria pelo oceano Atlântico. Segundo sua tese, 
para se chegar ao Oriente seria preciso navegar para 
o Ocidente.
Diante da recusa do rei de Portugal dom João II 
em financiar seu projeto, o genovês se dirigiu aos reis 
espanhóis Fernando e Isabel e deles conseguiu apoio. 
Em agosto de 1492, acompanhado por cerca de no-
venta homens, Colombo deixou o porto de Palos, na 
Andaluzia, no comando das caravelas Santa María, 
Pinta e Niña.
Navegando sempre em direção a oeste, no dia 
12 de outubro do mesmo ano, Colombo avistou ter-
ra firme. Acreditou ter chegado às Ín-
dias, mas suas embarcações haviam 
aportado em um continente desco-
nhecido dos europeus e que poste-
riormente passou a ser conhecido 
como América*.
Entre 1493 e 1502, Colombo realizou mais três 
viagens ao novo continente sob o patrocínio da Espa-
nha, mas as riquezas tão desejadas não foram encon-
tradas. Em 1506, Colombo morreu em Valladolid, na 
Espanha, abandonado, sem prestígio e certo de que 
encontrara o caminho para as Índias.
De pé sobre um escaler, Cristóvão Colombo despede-se 
dos Reis Católicos (Isabel e Fernando) no porto de Palos, 
na Espanha atual. Em sua viagem rumo ao Oriente, 
Colombo chegou a um continente desconhecido dos 
europeus e que logo viria a se chamar América. Gravura 
Cristóvão Colombo partindo para sua primeira viagem, 
de Victor A. Searles, 1892.
* Veja o 
filme 1492: a 
conquista do 
paraíso, de 
Ridley Scott, 
1992.
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O Tratado de Tordesilhas
O feito de Colombo levou os governos de Portu-
gal e da Espanha a se envolverem em uma disputa a 
respeito de qual dos dois países teria primazia sobre 
as “novas” terras. Como não chegavam a um acor-
do, os reis de Portugal e Espanha pediram ao papa 
Alexandre VI que servisse de juiz na disputa. Em 7 de 
junho de 1494, com o testemunho do papa, repre-
sentantes dos dois governos chegaram finalmente a 
um acordo e assinaram o Tratado de Tordesilhas.
O acordo dividia o mundo em dois blocos, a par-
tir de uma linha imaginária que ficava a 370 léguas a 
oeste das ilhas de Cabo Verde (veja o mapa da pági-
na 236). As terras já encontradas, ou que viessem a 
sê-lo, a oeste desse marco pertenceriam à Espanha. 
As terras situadas a leste seriam de Portugal.
A caminho das Índias
Após a assinatura do Tratado de Tordesilhas, os 
espanhóis continuaram com suas expedições em dire-
ção ao continente americano. O governo de Portugal, 
em contrapartida, manteve seus planos de chegar às 
Índias contornando a África. Assim, após a travessia 
do cabo da Boa Esperança os portugueses decidiram 
organizar uma nova viagem. Dessa vez, o escolhido 
para comandar a empreitada foi Vasco da Gama.
4
5
Azulejo português do século XVI retrata a instalação de 
um pelourinho.
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236 Unidade 5 Soberania e Estado nacional
Vasco da Gama partiu de Lisboa em julho de 
1497, com quatro navios e 170 homens sob seu 
comando. Em novembro, a frota dobrou o cabo da 
Boa Esperança. Em março do ano seguinte, chegou 
a Melinde, na costa do Quênia atual. Ali, Vasco da 
Gama conseguiu a ajuda de um marinheiro árabe 
que concordou em guiá-los pelo oceano Índico até 
as Índias. Assim, em maio de 1498, a frota portu-
guesa aportou em Calicute, na Índia atual. Era a 
prova definitiva de que se podia chegar ao Oriente 
sem passar pelo Mediterrâneo.
Portugueses na América
O sucesso da empreitada de Vasco da Gama es-
timulou novas viagens. Em 1500, após afastar-se da 
costa africana, o navegador Pedro Álvares Cabral al-
cançou terras a oeste do Atlântico Sul que mais tar-
6
de passariam a ser chamadas de Brasil. No ano se-
guinte, o florentino Américo Vespúcio, a serviço do 
rei de Portugal, mapeou essas terras, chegando à 
conclusão de que não faziam parte das Índias, mas 
sim de um novo continente que, em sua homena-
gem, passou a ser chamado de América.
Em 1519, o português Fernão de Magalhães, 
a serviço da Coroa espanhola, deu início à primei-
ra viagem ao redor da Terra. Morto em uma ilha do 
Pacífico, Magalhães jamais retornaria ao ponto de 
partida, mas sua viagem de circum-navegação se-
ria completada por Sebastião Elcano, que estaria de 
volta à Espanha em 1522 (ver mapa abaixo).
A aventura de Magalhães e Elcano provava de 
uma vez por todas a esfericidade da Terra. Depois 
de um século de navegações e da conquista de um 
novo continente pelos europeus, o mundo nunca 
mais seria o mesmo.
AMÉRICA
DO SUL
AMÉRICA
CENTRAL
AMÉRICA
DO NORTE
Lisboa
Palos
Ceuta
1415
ÁFRICA
Melinde
Cabo da 
Boa Esperança
1487
Á S I A
JAPÃO
Calicute 1498
OCEANIA
Açores 
1428
 Bartolom
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Goa
Cochim
Filipinas
EUROPA
PORTUGAL
Sevilha
Cabo Bojador
1434
ESPANHA
Veneza
CONGO
1482-1485
Moçambique
1498
 GUINÉ
1434-1462
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
 ATLÂNTICO
Sebast
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cano
 152
2 
Fernão de M
agalhães 
 1519-1521 
Morte de Fernão de 
 Magalhães 1521 
Mar Mediterrâneo 
1498
Rotas das navegações portuguesas
 Primeiras viagens
 Vasco da Gama
 Pedro Álvares Cabral
Rotas das navegações espanholas
 Cristóvão Colombo
 Fernão de Magalhães e Sebastião 
 Elcano (primeira viagem de circum-navegação)
Madeira 
1420
Cabo Verde 
1456
San 
Salvador 1492
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N
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S
IL
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A
S
Porto Seguro
1500
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer 
Equador0º
NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS E ESPANHOLAS (SÉCULOS XV E XVI)
Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
0 1800
QUILÔMETROS
ESCALA
3 600
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