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230 Unidade 5 Soberania e Estado nacional Mundo virtual n Igreja do Santo Sepulcro – Passeio virtual pela Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém (site em inglês). Disponível em: <www.360tr.com/kudus/kiyamet_eng/index.html>. Acesso em: 30 out. 2012. n Basílica de São Pedro – Passeio virtual pela Basílica de São Pedro, no Vaticano. Disponível em: <www.vatican.va/various/basiliche/san_pietro/vr_tour/index-en.html>. Acesso em: 30 out. 2012. Publicado em 1525, o texto a seguir faz parte de um manifesto dos camponeses do Sacro Império Romano-Germânico que no ano anterior haviam se rebelado contra os senhores de terra. Lidera- dos por Thomas Münzer (releia o boxe Convulsão social no Sacro Império, na página 223), eles exi- giam reformas sociais. Depois de ler o texto, res- ponda às questões. [...] até agora éramos tratados como escravos, o que é uma vergonha, pois, com o seu precioso sangue, Jesus Cristo nos salvou a todos, tanto ao mais humilde pastor como ao mais nobre senhor, sem distinção. Por esse motivo, deduzimos das Sa- gradas Escrituras que somos livres, e livres quere- mos ser. Não que queiramos ser totalmente livres, que não queiramos reconhecer autoridade algu- ma; não é isso o que Deus nos ensina. [...] até agora, nenhum pobre podia perseguir a caça, pegar aves ou peixes na água corrente, o que nos parece uma lei totalmente injusta e pouco fra- ternal, mas interesseira e em desacordo com a pa- lavra de Deus. [...] somos prejudicados ainda pelos nossos se- nhores, que se apoderaram de todas as florestas. Se o pobre precisa de lenha ou madeira tem que pagar o dobro por ela. Nós somos de opinião que deve ser restituída à comunidade toda e qualquer flores- ta que se encontra em mãos de leigos ou religiosos que não a adquiriram legalmente. [...] nossa decisão e resolução final é a se- guinte: se uma ou diversas dessas exigências não estiverem em consonância com a palavra de Deus, delas abriremos mão imediatamente, desde que se nos prove, à base das Sagradas Escrituras, que elas estão em discordância com a vontade divina. Extraído de: MARQUES, Ademar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001. p. 128. 1. Qual é a autoridade legítima invocada pelo ma- nifesto para justificar o fim da servidão e garantir a liberdade aos camponeses? 2. Os manifestos geralmente contêm dois aspec- tos importantes: o primeiro é a denúncia de uma situação (injusta, ilegal, incômoda, etc.); o segundo, uma reivindicação (uma nova propos- ta, alguma reforma, um tipo novo de organiza- ção). Identifique, nesse manifesto, quais são as denúncias e o que ele propõe para transformar a ordem social. Interpretando dOCUMeNTOs 5. Explique o surgimento da expressão Reforma protestante ou, posteriormente, Igreja “protes- tante” com base nos eventos que envolveram as decisões do imperador Carlos V, do Sacro Impé- rio Romano-Germânico. 6. Por que podemos afirmar que a difusão do cal- vinismo e a ascensão da burguesia na Idade Mo- derna estão intimamente ligadas? 7. Narre os episódios que levaram à criação da Igre- ja anglicana e explique sua importância no con- texto da Reforma protestante. 8. A Contrarreforma foi a resposta da Igreja católica à crise provocada pela difusão do protestantis- mo. Cite três medidas fundamentais da Contrar- reforma. HMOV_v1_PNLD2015_221a230_U05_C27.indd 230 3/6/13 11:11 AM 231 O planeta Marte sempre exerceu sobre os habitantes da Terra um fascínio especial. Durante certo tempo, imaginou-se que ele podia ser habitado. Conhecido também como planeta vermelho, pensou-se depois que em suas terras áridas não houvesse vestígios de água. Esse enigma da Ciência chegou ao fi m em 2008: o planeta Marte tem água, sim, embora na forma de gelo. O anúncio foi feito por técnicos da agência espacial norte-americana, Nasa, após análise do material coletado na superfície do planeta pela sonda Phoenix. Foto de outubro de 2012 do robô Curiosity, enviado pela Nasa ao planeta Marte em agosto do mesmo ano. As amostras coletadas pelo robô em solo marciano permitem análise científica das composições químicas do solo e do ar do planeta. N as a/ JP L- C al te ch /M al in S p ac e S ci en ce S ys te m s/ R eu te rs /L at in st o ck Corbis/Latinstock As Grandes Navegações Capítulo 28 Objetivos do capítulo n Identificar os grupos sociais e os interesses que conduziram às Grandes Navegações. n Conhecer os recursos técnicos, os esforços e as etapas que envolveram a conquista do Atlântico. n Reconhecer os principais desdobramentos das Grandes Navegações: a chegada dos europeus às Índias e ao continente americano. n Perceber o papel e os interesses dos nascentes Estados Nacionais. Desvendar os mistérios do Universo tem sido um dos grandes desafi os enfrentados pelos seres humanos há séculos, mas as pesquisas para a conquista do espaço interestelar tiveram início de fato em meados do século XX. De lá para cá, governos de diversos países investiram milhões de dólares em pesquisas e viagens ao espaço. Hoje, norte-americanos, russos e chineses, entre outros povos, continuam envolvidos nessas pesquisas e viagens. De certa forma, a corrida espacial se assemelha às Grandes Navegações. Apesar de conservarem especifi cidades que os diferenciam historicamente, o desenvolvimento científi co e tecnológico envolvido em ambas as empreitadas e a expansão dos territórios conhecidos são duas características comuns a esses dois episódios da História. É dessas navegações audaciosas que falaremos neste capítulo. HMOV_v1_PNLD2015_231a238_U05_C28.indd 231 3/6/13 11:10 AM 232 Unidade 5 Soberania e Estado nacional Um comércio lucrativo Durante a Idade Média, o comércio entre a Ásia e a Europa era intermediado principalmente pelos árabes. Eles adquiriam mercadorias no Orien- te e as levavam até entrepostos comerciais instala- dos em áreas próximas ao mar Negro ou na parte mais oriental do Mediterrâneo. Comerciantes eu- ropeus – principalmente venezianos e genoveses – deslocavam-se até esses entrepostos, abasteciam- -se dessas mercadorias e as revendiam depois nas feiras e cidades da Europa. Entre sair da Ásia e chegar à Europa, os preços desses produtos sofriam aumentos de mais de 4 mil por cento. A pimenta, por exemplo, comprada por cerca de 3 ducados na Índia, era revendida no Cai- ro por 68 ducados e quando chegava às cidades da Europa estava cotada em quase 140 ducados. Os comerciantes europeus sabiam que poderiam ter lu- cros maiores caso dispensassem os intermediários e adquirissem as mercadorias diretamente de seus produtores, nas Índias (nome pelo qual chamavam todas as terras do leste da Ásia). Até o século XIV, o conhecimento que se tinha na Europa a respeito de outros lugares do mundo era bastante restrito. Além dos relatos do veneziano Mar- co Polo (releia o boxe O homem que viajava, no capí- tulo 17), as informações disponíveis sobre o Oriente eram encontradas, quase sempre, em obras escritas por pessoas que jamais haviam estado na Ásia. Havia também muitas lendas sobre outros povos e lugares. Uma delas, reproduzida por monges e pe- regrinos, falava da existência do chamado reino do Preste João, rei cristão cujos domínios localizavam-se em algum ponto da África Oriental ou da Ásia. Para o governo português, esse reino poderia ser importan- te aliado de Portugal na luta contra os muçulmanos. O conhecimento a respeito dos mares não era diferente. Muitos europeus acreditavam que em di- reção ao sul o mar seria habitado por monstros e estaria sempre em chamas. Segundo essa crença, aqueles que arriscassem cruzar o Atlântico – co- nhecido como mar Tenebroso – iriam se deparar com o fim do mundo: em algum ponto o oceano acabaria e daria lugar a um enorme abismo. Em busca de rotas alternativas O medo de se aventurar por essas regiões come- çou a mudar a partir de 1453, quando os turco otoma- 1 nos tomaram Constantinoplae dominaram o Mediter-râneo oriental (reveja o capítulo 20), passando a cobrar altas taxas das caravanas que cruzavam a região. Para escapar dessas cobranças, muitos mercado- res europeus começaram a procurar rotas alternativas em direção às Índias. Isso provocou uma grande bus- ca por informações geográficas e marítimas. Nesse processo, quem saiu na frente foi Portugal. Entre os fatores que explicam esse pioneiris- mo, podem ser destacados: a posição geográfica do país, extremamente favorável às navegações, já que Portugal, banhado pelas águas do Atlântico, era o reino mais ocidental da Europa; a existência de um poder centralizado e de um Estado unificado, sem dissensões internas (reveja o capítulo 25); e a lon- ga experiência de pescadores e marinheiros lusita- nos na costa do Atlântico. B et tm an /C o rb is /L at in st o ck Um oceano povoado de monstros assustadores. Era assim o mar Tenebroso no imaginário dos europeus entre o final da Idade Média e o começo da Idade Moderna. Nesta gravura de Sebastian Münster (século XVI), estão representados alguns desses monstros. Com as Grandes Navegações, o mar Tenebroso logo ficaria conhecido como oceano Atlântico. A aventura portuguesa Desde meados do século XIII, comerciantes e marinheiros portugueses faziam frequentes viagens a outras regiões da Europa: levavam para a Inglater- ra e a França, por exemplo, produtos como azeite, vinho, couro e frutas secas. Ao retornarem, traziam para Portugal móveis de madeira, armas de ferro e tecidos, entre outros artigos. 2 HMOV_v1_PNLD2015_231a238_U05_C28.indd 232 13/03/2013 15:01 233As Grandes Navegações Capítulo 28 Por essa época, o dinheiro começava a substituir gradualmente a posse da terra como símbolo de pres- tígio e poder. Assim, o comércio marítimo promoveu pouco a pouco a ascensão social da burguesia mercan- til. Além disso, os mercadores portugueses foram be- neficiados por alianças e acordos de interesse mútuo estabelecidos com a Coroa portuguesa. De fato, por meio de leis, decretos e incentivos, a monarquia con- cedia privilégios às pessoas que atuavam no comércio. Em 1358, por exemplo, um decreto autorizava o corte de árvores nas matas do reino para a cons- trução de navios. Em 1380, o governo português criou a Companhia das Naus, uma espécie de segu- ro marítimo cujo objetivo era resguardar os donos dos navios no caso de perdas por naufrágio ou atos de pirataria. Ao mesmo tempo, o governo de Lisboa colocou em prática uma política protecionista, passando a fazer restrições à ação de mercadores estrangeiros em Portugal, de modo a salvaguardar os interesses dos comerciantes nacionais em face da concorrência externa. Essa relação entre a Coroa e a burguesia mer- cantil se consolidou de vez entre 1383 e 1385, quando ocorreu a Revolução de Avis, que expulsou de Portugal as forças de Castela e colocou no trono dom João I, apoiado principalmente pela burguesia (releia o capítulo 25). Em 1415, o governo de dom João I resolveu ocu- par Ceuta, importante entreposto comercial e militar situado no norte da África. A decisão tinha por ob- jetivo tirar dos muçulmanos o controle do comércio nessa região e colocá-lo em mãos portuguesas. Com a conquista de Ceuta, coordenada por um dos filhos do rei, o infante dom Henrique, teve início o processo de expansão ultramarina de Portugal. Após a conquista, dom Henrique foi agraciado com o título de grão-mestre da Ordem de Cristo, rica instituição religiosa cujo principal objetivo era “com- bater os infiéis” em qualquer lugar do mundo. Em Ceuta circulavam informações sobre a existência de ouro no reino do Mali, ao sul do Saara (reveja o capí- tulo 19). Atraído por essas informações – e pelo de- sejo de encontrar o reino do Preste João –, dom Hen- rique planejou a conquista da costa oeste da África em direção ao sul, obtendo para isso financiamento da Ordem de Cristo. A Escola de Sagres Algum tempo depois da conquista de Ceuta, dom Henrique se transferiu para o Algarve, fixando- -se nas proximidades de Sagres, a vila mais ocidental da Europa. Aí, reuniu cartógrafos, astrônomos, mate- máticos e navegadores. Juntos, passaram a estudar o legado náutico deixado por grandes povos do passa- do – fenícios, egípcios, gregos, árabes, etc. Os estudos desse grupo de especialistas não chegaram a tomar a forma de uma instituição educacional permanente, mas ficaram conhecidos como Escola de Sagres. Como resultado de suas atividades, foram desenvolvidas cartas marítimas e criados ou aperfeiçoados diversos instrumentos de navegação, como mostra o boxe A tecnologia náu- tica, a seguir. Além disso, foi inventado um novo tipo de embarcação, a caravela, navio veloz e rela- tivamente pequeno, com cerca de 20 a 30 metros de comprimento. Tripulada por 40 a 50 homens, era ideal para a navegação costeira, podendo en- trar em rios e estuários e realizar manobras em re- giões de águas rasas. A tecnologia náutica Entre os instrumentos utilizados pelos nave- gantes em suas viagens a partir do século XV, des- tacam-se a bússola, o quadrante e o astrolábio. A primeira é uma agulha magnética que indica a di- reção do polo norte e ajuda a identificar a posição percorrida pelo navio; o quadrante é um arco gra- duado, de 45 graus, que fornece a latitude exata em que se encontra a embarcação. Já o astrolábio consiste em um disco metálico ou de madeira, utili- zado para determinar a posição do navio com base na localização das estrelas. Juntamente com a invenção e o aperfeiçoamen- to desses instrumentos, os cartógrafos portugueses passaram a acompanhar os navegadores em suas viagens com o objetivo de elaborar mapas mais precisos. Esses mapas acabaram se tornando obje- tos extremamente cobiçados na Europa, pois conti- nham informações geográficas que na época eram de conhecimento apenas dos portugueses. HMOV_v1_PNLD2015_231a238_U05_C28.indd 233 3/6/13 11:10 AM 234 Unidade 5 Soberania e Estado nacional As expedições marítimas portu- guesas rumo ao sul começaram em 1418 (veja o mapa ao lado). Entre 1420 e 1427, ocorreu a conquista das ilhas da Madeira e dos Açores, nas quais os portugueses introduzi- ram o plantio de trigo, uvas e cana- -de-açúcar. A partir de então, as ex- pedições começaram a se deter no temido cabo Bojador. Região de arrecifes pontiagudos, o cabo era considerado um obstácu- lo intransponível pelos portugueses. Quando chegavam ali, as caravelas sofriam sérias avarias ou afundavam. Em poucos anos, cerca de vinte em- barcações foram a pique. Para os su- persticiosos, a destruição dos barcos no Bojador devia-se aos monstros que habitavam o oceano ou à fúria divina. Em 1534, uma expedição capita- neada por Gil Eanes conseguiu final- mente ultrapassar o temido obstáculo. Com a travessia do Bojador, os portu- gueses haviam vencido o desconheci- do e dominado o medo (veja a seção No mundo das letras, na página 238). No extremo sul da África Vencido o Bojador, Portugal pôde dar continui- dade às expedições marítimas em direção ao sul da costa africana. Em 1444, uma dessas expedições retornou a Portugal com cerca de duzentos africa- nos, vendidos depois como escravos. Esse foi o pri- meiro grupo de africanos escravizados vendidos em Portugal, prática que logo se generalizaria entre os mercadores portugueses (e de outras origens) e que se estenderia por mais de quatro séculos. Quando dom Henrique morreu, em 1460, os portugueses já haviam chegado até a região da atual Serra Leoa. Uma bula do papa Eugênio IV ga- rantia-lhes o monopólio comercial no continente africano e o direito de “capturar e subjugar os sar- racenos [muçulmanos] e pagãos [africanos] e qual- quer outro incrédulo ou inimigo de Cristo, como também seus reinos, ducados, principados e outras propriedades, assim como reduzir essas pessoas à escravidão perpétua”. 30º L Lisboa Palos Ceuta 1415 ÁFRICA ÁSIA Melinde 1498 Cabo da Boa Esperança 1487 Cabo Verde 1456 Açores 1428 Madeira 1420Bartolom eu D ias EUROPA PORTUGAL Cabo Bojador 1434 ESPANHA CONGO 1482-1485 Moçambique 1498 GUINÉ 1434-1462 OCEANO ÍNDICO OCEANO ATLÂNTICO 30º L Equador0º Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Mar Mediterrâneo PORTUGUESES NA COSTA AFRICANA 0 950 QUILÔMETROS ESCALA 1 900 Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006. O último passo nesse avanço pela costa africana ocorreu em 1487, quando Bartolomeu Dias dobrou a extremidade sul do continente africano. Chamou o acidente geográfico ali encontrado de cabo das Tor- mentas. Mais tarde, o rei dom João II (1481-1495) mu- dou esse nome para cabo da Boa Esperança. A essa altura, os portugueses já haviam definido seu mais am- bicioso projeto: encontrar o caminho marítimo para as Índias. Como a confirmar o nome com que chamou o cabo, Bartolomeu Dias morreria em 1500 durante uma tormenta no cabo da Boa Esperança. Os espanhóis chegam à América Os feitos portugueses estimularam o interesse de navegantes de outras regiões da Europa em descobrir um caminho alternativo para as Índias. Um deles era o genovês Cristóvão Colombo. Acreditando na esfe- 3 HMOV_v1_PNLD2015_231a238_U05_C28.indd 234 3/6/13 11:10 AM 235As Grandes Navegações Capítulo 28 ricidade da Terra, Colombo argumentava que a for- ma mais rápida de se chegar às Índias a partir da Eu- ropa seria pelo oceano Atlântico. Segundo sua tese, para se chegar ao Oriente seria preciso navegar para o Ocidente. Diante da recusa do rei de Portugal dom João II em financiar seu projeto, o genovês se dirigiu aos reis espanhóis Fernando e Isabel e deles conseguiu apoio. Em agosto de 1492, acompanhado por cerca de no- venta homens, Colombo deixou o porto de Palos, na Andaluzia, no comando das caravelas Santa María, Pinta e Niña. Navegando sempre em direção a oeste, no dia 12 de outubro do mesmo ano, Colombo avistou ter- ra firme. Acreditou ter chegado às Ín- dias, mas suas embarcações haviam aportado em um continente desco- nhecido dos europeus e que poste- riormente passou a ser conhecido como América*. Entre 1493 e 1502, Colombo realizou mais três viagens ao novo continente sob o patrocínio da Espa- nha, mas as riquezas tão desejadas não foram encon- tradas. Em 1506, Colombo morreu em Valladolid, na Espanha, abandonado, sem prestígio e certo de que encontrara o caminho para as Índias. De pé sobre um escaler, Cristóvão Colombo despede-se dos Reis Católicos (Isabel e Fernando) no porto de Palos, na Espanha atual. Em sua viagem rumo ao Oriente, Colombo chegou a um continente desconhecido dos europeus e que logo viria a se chamar América. Gravura Cristóvão Colombo partindo para sua primeira viagem, de Victor A. Searles, 1892. * Veja o filme 1492: a conquista do paraíso, de Ridley Scott, 1992. C o rb is /L at in st o ck O Tratado de Tordesilhas O feito de Colombo levou os governos de Portu- gal e da Espanha a se envolverem em uma disputa a respeito de qual dos dois países teria primazia sobre as “novas” terras. Como não chegavam a um acor- do, os reis de Portugal e Espanha pediram ao papa Alexandre VI que servisse de juiz na disputa. Em 7 de junho de 1494, com o testemunho do papa, repre- sentantes dos dois governos chegaram finalmente a um acordo e assinaram o Tratado de Tordesilhas. O acordo dividia o mundo em dois blocos, a par- tir de uma linha imaginária que ficava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde (veja o mapa da pági- na 236). As terras já encontradas, ou que viessem a sê-lo, a oeste desse marco pertenceriam à Espanha. As terras situadas a leste seriam de Portugal. A caminho das Índias Após a assinatura do Tratado de Tordesilhas, os espanhóis continuaram com suas expedições em dire- ção ao continente americano. O governo de Portugal, em contrapartida, manteve seus planos de chegar às Índias contornando a África. Assim, após a travessia do cabo da Boa Esperança os portugueses decidiram organizar uma nova viagem. Dessa vez, o escolhido para comandar a empreitada foi Vasco da Gama. 4 5 Azulejo português do século XVI retrata a instalação de um pelourinho. U n iv er sa l I m ag es G ro u p /D e A g o st in i/A la m y/ O th er Im ag es HMOV_v1_PNLD2015_231a238_U05_C28.indd 235 3/6/13 11:10 AM 236 Unidade 5 Soberania e Estado nacional Vasco da Gama partiu de Lisboa em julho de 1497, com quatro navios e 170 homens sob seu comando. Em novembro, a frota dobrou o cabo da Boa Esperança. Em março do ano seguinte, chegou a Melinde, na costa do Quênia atual. Ali, Vasco da Gama conseguiu a ajuda de um marinheiro árabe que concordou em guiá-los pelo oceano Índico até as Índias. Assim, em maio de 1498, a frota portu- guesa aportou em Calicute, na Índia atual. Era a prova definitiva de que se podia chegar ao Oriente sem passar pelo Mediterrâneo. Portugueses na América O sucesso da empreitada de Vasco da Gama es- timulou novas viagens. Em 1500, após afastar-se da costa africana, o navegador Pedro Álvares Cabral al- cançou terras a oeste do Atlântico Sul que mais tar- 6 de passariam a ser chamadas de Brasil. No ano se- guinte, o florentino Américo Vespúcio, a serviço do rei de Portugal, mapeou essas terras, chegando à conclusão de que não faziam parte das Índias, mas sim de um novo continente que, em sua homena- gem, passou a ser chamado de América. Em 1519, o português Fernão de Magalhães, a serviço da Coroa espanhola, deu início à primei- ra viagem ao redor da Terra. Morto em uma ilha do Pacífico, Magalhães jamais retornaria ao ponto de partida, mas sua viagem de circum-navegação se- ria completada por Sebastião Elcano, que estaria de volta à Espanha em 1522 (ver mapa abaixo). A aventura de Magalhães e Elcano provava de uma vez por todas a esfericidade da Terra. Depois de um século de navegações e da conquista de um novo continente pelos europeus, o mundo nunca mais seria o mesmo. AMÉRICA DO SUL AMÉRICA CENTRAL AMÉRICA DO NORTE Lisboa Palos Ceuta 1415 ÁFRICA Melinde Cabo da Boa Esperança 1487 Á S I A JAPÃO Calicute 1498 OCEANIA Açores 1428 Bartolom eu D ias Goa Cochim Filipinas EUROPA PORTUGAL Sevilha Cabo Bojador 1434 ESPANHA Veneza CONGO 1482-1485 Moçambique 1498 GUINÉ 1434-1462 OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Sebast ião El cano 152 2 Fernão de M agalhães 1519-1521 Morte de Fernão de Magalhães 1521 Mar Mediterrâneo 1498 Rotas das navegações portuguesas Primeiras viagens Vasco da Gama Pedro Álvares Cabral Rotas das navegações espanholas Cristóvão Colombo Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano (primeira viagem de circum-navegação) Madeira 1420 Cabo Verde 1456 San Salvador 1492 LI N H A D O T R A TA D O D E T O R D E S IL H A S Porto Seguro 1500 Trópico de Capricórnio Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Equador0º NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS E ESPANHOLAS (SÉCULOS XV E XVI) Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006. 0 1800 QUILÔMETROS ESCALA 3 600 HMOV_v1_PNLD2015_231a238_U05_C28.indd 236 3/6/13 11:10 AM
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