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Tradução e adaptação cultural do instrumento The SACS TM Instrumen

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1 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP 
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
Néria Invernizzi da Silveira 
 
 
 
 
 
Tradução e Adaptação cultural do instrumento: 
“The SACSTM Instrument” 
 
 
 
 
Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sorocaba 
2018 
 
 
2 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP 
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
Néria Invernizzi da Silveira 
 
 
 
 
 
Tradução e Adaptação cultural do instrumento: 
“The SACSTM Instrument” 
 
 
 
 
Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde 
 
 
Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora 
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 
como exigência parcial para obtenção de título de 
MESTRE PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS 
PROFISSÕES DA SAÚDE, sob orientação da Profa. 
Dra. Leni Boghossiam Lanza. 
 
 
 
Sorocaba 
2018 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silveira, Néria Invernizzi da 
S587 Tradução e Adaptação cultural do instrumento: “The 
SACSTM Instrument” / Néria Invernizzi da Silveira. -- 
Sorocaba, SP, 2018. 
 
Orientadora: Leni Boghossiam Lanza. 
Trabalho Final (Mestrado Profissional) -- Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências 
Médicas e da Saúde. 
 
1. Estomia. 2. Ferimentos e Lesões. 3. Estudos de 
Validação. I. Lanza, Leni Boghossiam. II. Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências 
Médicas e da Saúde. III. Título. 
 
Ficha catalográfica elaborada por Antonio Pedro de Melo Maricato CRB8/6922 
 
 
4 
Néria Invernizzi da Silveira 
 
Tradução e Adaptação cultural do instrumento: 
“The SACSTM Instrument” 
 
Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora 
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 
como exigência parcial para obtenção de título de 
MESTRE PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS 
PROFISSÕES DA SAÚDE, sob orientação da Profa. 
Dra. Leni Boghossiam Lanza. 
 
 
Aprovada em: ____ de ______________ de 2018. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_____________________________________ 
 
 
_____________________________________ 
 
 
_____________________________________ 
 
 
 
5 
DEDICATÓRIA 
 
 
Aos meus pais Claudino e Nelly. 
Aos meus irmãos Vera, Ivone e Joel pelas adversidades enfrentadas neste 
período. 
Ao meu marido Célio, por estar ao lado na jornada da vida. 
Ao meu filho Marcelo, minha vida e meu orgulho. 
Às pessoas com estomias. 
Aos meus amigos. 
 
 
 
 
6 
AGRADECIMENTOS 
 
 
À Deus. 
Aos meus primeiros professores e os que contribuíram para minha formação 
profissional. 
À vida profissional que mostrou, com os pacientes e profissionais de saúde, à 
caminhar para a inserção na especialidade de estomaterapia. 
Á Prof. Dr. Leni Boghossiam Lanza que percorreu este caminho de orientação 
para o mestrado tornando-se uma amiga e compreendendo as minhas necessidades 
emocionais. 
À grande amiga e companheira Suely Rodrigues Thuler pela amizade, pelas 
trocas de experiências, pela atenção, carinho e cuidados comigo. 
À Prof. Dr. Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos pela oportunidade de 
cursar a especialidade. 
Às Profas Dras Neusa Maria Costa Alexandre e Sônia Regina Pérez 
Evangelista Dantas pelo incentivo pela participação apoio nesta caminhada. 
À Profas Dras Maria Angela Boccara de Paula, Izabel Cristina Ribeiro da Silva 
Saccomann e Lúcia Rondelo Duarte pelas considerações durante o exame de 
qualificação. 
Aos alunos do 4º ano de enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo – PUC-SP, Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde. 
À Heloísa Helena Armenio pelo carinho das respostas e sempre muito 
atenciosa. 
Ao Prof. Dr Reinaldo Gianini pela colaboração estatística. 
À Patricia Bento Pasqual pela tradução para a língua Inglesa. 
À todas as Enfermeiras ET que participaram desta pesquisa com a 
imprescindível colaboração, mas necessário manter a privacidade e sigilo, bem como 
todos os profissionais e pessoas que direta ou indiretamente colaboraram para a 
realização deste estudo. 
 
 
 
 
7 
RESUMO 
 
 
Introdução: A pele ao redor da estomia deve ser avaliada constantemente pois possui 
risco de perda de sua integridade e não há instrumento no Brasil para a avaliação, 
classificação e localização topográfica destas lesões. Objetivo: Este estudo objetivou 
realizar e adaptação cultural do “The SACSTM Instrument” para o Brasil, avaliar o índice 
de validade de conteúdo (IVC) e a confiabilidade interobservadores. Método: É um 
estudo metodológico com abordagem quantitativa. A adaptação cultural foi 
desenvolvida por quatro tradutores, sendo dois para a tradução e dois para a 
retrotradução. O IVC das equivalências de semântica, idiomática, cultural e conceitual 
foram analisadas por sete juízes e a versão final foi elaborada pela pesquisadora. A 
concordância interobservadores ocorreu pela análise de quarenta e uma fotografias 
por dois ET. Resultado: O SACSTM obteve IVC=1. A confiabilidade, para a avaliação 
e classificação das lesões apresentou concordância de 41,18% e K=0,2444, e para 
localização topográfica resultou em 46,67% e K=0,3151. Outra medida de 
concordância interobservadores foi o nível de significância estatística que apresentou 
p<0,001 concluindo ser extremamente significante. Discussão: O processo de 
tradução e adaptação cultural foi desenvolvido com o rigor científico do objetivo da 
pesquisa. O IVC =1 foi o mesmo que ocorreu em um estudo da Turquia. Na Itália e 
EUA resultou respectivamente em IVC = 0,91 e IVC = 0,94, demonstrando a 
viabilidade na prática clínica, porém com capacitação específica. Conclusão: O 
instrumento SACSTM foi traduzido e adaptado para a cultura do português do Brasil e 
significou ser uma ferramenta padronizada internacionalmente e de utilidade na 
prática clínica para a avaliação, classificação, localização topográfica das lesões 
periestomias, certificando resultados fidedignos e que atendeu os objetivos deste 
estudo. 
 
 
Palavras-chave: Estudos de validação, estomia, ferimentos e lesões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
ABSTRACT 
 
 
Introduction: The skin around the ostomy should be evaluated constantly because of 
the risk of having its integrity impaired and there is no instrument validated in Brazil for 
assessment and classification of the lesions and topographic location. Objective: To 
carry out the cultural adaptation of "The SACS™ Instrument" for use in Brazil and 
assess content validity, inter-observer reliability and evaluate the educational 
dimension to the understanding of this instrument. Method: This is a methodological 
study with a quantitative and qualitative approach. The cultural adaptation was 
elaborated by four translators in the translation and back-translation phases and its 
summaries were compiled by the author. The content validity index (CVI) was analyzed 
by seven judges for semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalences. The 
formula for calculating the CVI was the addition of the answers, divided by the total 
number of answers. Inter-observer reliability came from the investigation of 41 
photographs, carried out by two nurses who specialize in stomatherapy and the values 
were presented in percentage and with the weighted kappa coefficient (K). To achieve 
instrument validity a focus group strategy was used, with eight students from year four 
of the undergraduate nursing program. Result: The result obtained for SACS™ 
Instrument was IVC=1. Reliability for the evaluation and classification of the lesions 
presented agreement of 41.18% and K = 0.2444, and for topographic location resulted 
in 46.67% and K = 0.3151. Another measure of interobserver agreement was the level 
of statistical significance that presented p <0.001 and was found to be extremely 
significant. Discussion: The process of translation and culturaladaptation was 
developed with the scientific rigor of the research objective. IVC = 1 was the same as 
that in a study in Turkey. In Italy and the USA, IVC = 0.91 and IVC = 0.94, respectively, 
demonstrated the viability in clinical practice, but with specific training. Conclusion: 
The SACSTM instrument was translated and adapted to Brazilian Portuguese culture 
and meant to be an internationally standardized tool and useful in clinical practice for 
the evaluation, classification, topographic location of peristomial lesions, certifying 
reliable results and that met the objectives of this study. 
 
 
Keywords: Validation studies, ostomy, wounds and lesions 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
AAET American Association of Enterostomal Therapist 
ABEn Associação Brasileira de Enfermagem 
ABRASO Associação Brasileira dos Ostomizados 
AIS Ações Integradas de Saúde 
CBE Congresso Brasileiro de Estomaterapia 
CNE Conselho Nacional de Educação 
COAG Canadian Ostomy Assesment Guide 
CPPAPE Comissão de Política Pública de Atenção à Pessoa com Estoma 
D Direito / a 
DIR XII Diretoria Regional de Saúde de Campinas - DIR XII 
DIR XXIV Diretoria Regional de Saúde de Taubaté - DIR XXIV 
EEUSP Escola de Enfermagem da Universidade Estadual de São Paulo 
E Esquerdo / a 
ECET European Council of Enterostomal Therapy 
ELF English as a Língua Franca 
EUA Estados Unidos da América 
Enf ET Enfermeiro Estomaterapeuta 
FCMS - PUC - SP 
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo 
FICAT Federative International Committee on Anatomical Terminology 
GEE Grupo de Interesse Enterosestomaterapia 
GIEE Grupo de Interesse em Enfermagem em Enterosestomaterapia 
IAET International Association for Enterostomal Therapist 
IBM International Business Machines 
ES Equivalência Semântica 
EI Equivalência Idiomática 
ECo Equivalência Conceitual 
EC Equivalência Cultural 
ILF Inglês como língua Franca 
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social 
 
 
10 
IOA International Ostomy Association 
K Kappa de Cohen 
IVC Índice de Validade de Conteúdo 
L Lesão 
MEC Ministério da Educação e Cultura 
MOU Memorandum of Understanding 
MS Ministério da Saúde 
NAAET North American Association for Enterostomal Therapist 
OPM Órteses, Próteses e Materiais especiais 
OSTOCAMPRE Associação dos Ostomizados de Campinas e Região 
PIB Poli-isobutileno 
QV Qualidade de vida 
QID Quadrante Inferior Direito Quadrante Superior Esquerdo (QSE), 
QSD Quadrante Superior Direito 
QSE Quadrante Superior Esquerdo 
QIE Quadrante Inferior Esquerdo 
PNA Paris Nomina Anatômica 
SACSTM The SACSTM Instrument 
SES-SP Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo 
SIA/SUS Sistema de Informação Ambulatorial do SUS 
SIGTAP Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos 
SIS Styrene-isoprene-styrene 
SOBEST Associação Brasileira de Estomaterapia 
SOBECC 
Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, 
Recuperação Pós-Anestésica e Centro de Material e Esterilização 
SPSS Statistical Package for the Social Sciences 
SUDS Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde 
SUS Sistema Único de Saúde 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TiSOBEST Título de Especialista em Estomaterapia pela SOBEST 
T Topography ou localização topográfica 
UOA United Ostomy Associaciation 
WCET World Council of Enterostomal Therapists 
 
 
11 
WOCN® Wound, Ostomy and Continence Nursing Society® 
 
 
 
 
12 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 Fórmula para o cálculo do Índice de Validade de Conteúdo....... 47 
Quadro 2 Esquema para a avaliação das equivalências para cada item 
do SACSTM................................................................................ 
 
52 
Quadro 3 Perfil das tradutoras................................................................... 54 
Quadro 4 Composição das versões do tradutor 1, Tradutor 2 e a síntese 
das traduções............................................................................ 
 
55 
Quadro 5 Perfil das retrotradutoras........................................................... 58 
Quadro 6 Síntese da tradução em português, as retrotraduções do 
retrotradutor 1 e retrotradutor 2 e a síntese das retrotraduções. 
 
60 
Quadro 7 Perfil dos membros do comitê de juízes..................................... 64 
Quadro 8 Avaliação dos juízes referentes ao título, a definição do título, 
as lesões (L) e localização Topográfica (T)................................ 
 
65 
Quadro 9 Avaliação dos juízes referentes à designação das letras, 
números das lesões periestomias.............................................. 
 
66 
Quadro 10 Avaliação dos juízes referentes à designação das letras e 
números e as descrições das lesões......................................... 
 
68 
Quadro 11 Avaliação dos juízes referentes à designação das letras, 
números e a classificação de cada localização topográfica das 
lesões de pele periestomia........................................................ 
 
 
70 
Quadro 12 Versão adaptada para o português do Brasil do Instrumento 
SACSTM..................................................................................... 
 
72 
Quadro 13 Perfil dos Enf ET Interobservadores.......................................... 76 
Quadro 14 Respostas dos interobservadores mediante as fotografias........ 77 
Quadro 15 Valores do Índice de Kappa de acordo com o nível de 
concordância............................................................................. 
 
79 
Quadro 16 Valores do nível de significância estatística............................... 79 
 
 
13 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 The SACS TM Instrument......................................................... 22 
Figura 2 Quadrantes da localização topográficas das lesões de pele 
periestomia.............................................................................. 
 
72 
Figura 3 Registro da avaliação e classificação da lesão da pele 
periestomia............................................................................. 
 
73 
Figura 4 Processo de tradução, adaptação cultural da versão 
adaptada do Instrumento SACS TM.......................................... 
 
74 
 
 
 
 
14 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 16 
 
2. OBJETIVO................................................................................................. 
 
20 
2.1.Objetivo Geral...................................................................................... 20 
2.2.Objetivo Específico............................................................................... 20 
 
3. O INSTRUMENTO SACS TM ...................................................................... 
 
21 
 
4. ESPECIALIDADE DE ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA E 
ESTOMIAS.................................................................................................... 
 
 
26 
4.1 História da Estomaterapia.................................................................... 26 
4.2 Estomias.............................................................................................. 31 
4.2.1 Período pré-operatório............................................................... 33 
4.2.2 Período transoperatório............................................................. 34 
4.2.3 Período pós-operatório............................................................... 35 
4.2.3.1 Período pós-operatório imediato.................................... 35 
4.2.3.2 Período pós-operatório mediato..................................... 36 
4.3.3.3 Período pós-operatório tardio........................................ 37 
4.3 Complicações das estomias............................................................... 37 
4.4 Pele periestomia.................................................................................39 
4.4.1 Incidência de lesões de pele periestomia.................................. 39 
4.4.2 Causas das lesões da pele periestomia.................................... 42 
4.4.3 Prevenção e tratamento das lesões periestomia....................... 43 
 
5. MÉTODO................................................................................................... 
 
46 
5.1 Tipo de estudo..................................................................................... 46 
5.2 Aspectos éticos.................................................................................... 49 
5.3 Participantes do estudo........................................................................ 50 
5.4 Critérios de Inclusão............................................................................ 50 
5.5 Critérios de exclusão............................................................................ 50 
5.6 Coleta de Dados.................................................................................. 50 
 
 
5.7 Instrumentos........................................................................................ 51 
 
6. RESULTADOS.......................................................................................... 
 
53 
6.1 Tradução............................................................................................. 53 
6.2 Síntese das traduções......................................................................... 54 
6.3 Retrotradução...................................................................................... 58 
6.4 Síntese das retrotraduções.................................................................. 59 
6.5 Propriedades de medidas.................................................................... 63 
6.5.1 Índice de Validade de Conteúdo................................................... 63 
6.5.2 Confiabilidade............................................................................... 75 
 6.5.2.1 Concordância Interobervadores........................................ 76 
 
7. DISCUSSÃO.............................................................................................. 
 
80 
 
CONCLUSÃO................................................................................................ 
 
85 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 
 
86 
 
REFERÊNCIAS............................................................................................. 
 
87 
 
APÊNDICES 
APÊNDICE 1 - Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).............. 
APÊNDICE 2 - Instrução para o preenchimento do instrumento de avaliação 
para os juízes.................................................................................................. 
APÊNDICE 3 - Instrumento para a avaliação das equivalências..................... 
APÊNDICE 4 - Fotografias digitalizadas........................................................ 
 
 
97 
 
100 
103 
109 
 
 
 
 
 
 
 
16 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Após a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em 5 
de outubro de 1988, foram definidas estratégias a serem implantadas, gradualmente 
no território nacional, em relação ao sistema de saúde, culminando na publicação da 
Lei Orgânica da Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, quando teve início no 
país o Sistema Único de Saúde (SUS). 1,2 
Primeiramente, para a estratégia de consolidação do SUS, em 1983, iniciou- 
se o processo de descentralização da saúde com a política de Ações Integradas de 
Saúde (AIS) e, em 1987, foi implementado o Sistema Unificado e Descentralizado de 
Saúde (SUDS). As diretrizes do SUS regulam as ações e serviços públicos de 
saúde em todo o território nacional, na concepção de organização de uma rede 
regionalizada e hierarquizada com processos de: descentralização da política 
administrativa de recursos físicos, financeiros e humanos para os estados e, 
posteriormente, para os municípios.3 
Como enfermeira e funcionária do extinto Instituto Nacional de Assistência 
Médica e Previdência Social (INAMPS), participei das mudanças de remanejamento 
dos recursos humanos na área de saúde para o estado de São Paulo (SP) e, após, 
para município de Campinas.4 
Assim, inserida na equipe multiprofissional e atuando junto às pessoas com 
estomias, participamos de encontros com grupos de apoio de pessoas com a mesma 
alteração do seu estado de saúde e profissionais da área, pois, desta forma, 
havia possibilidade de favorecer e esclarecer condutas e dúvidas sobre adaptações 
das capacidades físicas, intelectuais, divertimentos, entre outros. Neste início de 
trajetória profissional, auxiliei na fundação da Associação dos Ostomizados de 
Campinas e Região (OSTOCAMPRE) que foi fundada em 15 de dezembro de 1989.4-
7 
Em virtude das atividades assistenciais e de organização de serviço, participei 
do Curso de Especialização de Enfermagem em Estomaterapia da Escola de 
Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP) em 1992. Este curso foi o 
primeiro a ser instituído no Brasil e era coordenado pela Profª Drª Vera Lúcia 
 
 
17 
Conceição Gouveia Santos, enfermeira estomaterapeuta e Dr. Afonso Henrique da 
Silva e Souza Junior, médico cirurgião coloproctologista. 8-10 
Neste mesmo ano, em 04 de dezembro de 1992, foi fundada a Sociedade 
Brasileira de Estomaterapia (SOBEST), da qual fui um dos membros fundadores. 
Entidade sem fins lucrativos, que tem como um dos seus objetivos o desenvolvimento 
científico cultural de seus associados, principalmente por meio de eventos científicos, 
para atender o novo Código Civil Brasileiro, em 2005 a SOBEST passou a ser 
denominada Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e 
incontinências, sendo que participei como membro da diretoria nas gestões 2009 a 
2011 e 2012 a 2014, no cargo de Primeira Secretária.10 
Simultaneamente a estes fatos, em 1992, São Paulo foi o primeiro estado da 
Federação Nacional a instituir uma política pública para as pessoas com estomias, 
por meio da Normatização de Assistência aos Ostomizados da Secretaria de Estado 
da Saúde de São Paulo (SES-SP), que teve como premissas: descentralização da 
assistência da pessoa com estomias de forma hierarquizada, padronização dos 
equipamentos coletores e adjuvantes e a reorganização das unidades públicas 
ambulatoriais para a clientela específica.11- 14 
Neste cenário de assistência e educação para os profissionais e 
pacientes, em 1993, escrevi o capítulo Ostomia e (é) uma nova vida, no qual se 
aborda orientações para manutenção da integridade de pele. 15 
A crescente necessidade da assistência integral à pessoa com estomia foi 
delineada pela Portaria MS/GM nº116 de 09/09/1993, que se referia ao repasse do 
recurso financeiro ambulatorial e pela Portaria MS/GM146, de 14/10/1993 que 
estabelecia a rotina da assistência para as pessoas com estomias para o grupo de 
órtese e próteses e materiais auxiliares (OPM), sendo uma conquista da Associação 
Brasileira dos Ostomizados (ABRASO).16-19 
Mediante ao panorama da universalidade do SUS, o primeiro processo de 
descentralização da assistência para a pessoa com estomia da SES-SP ocorreu em 
1994, em uma parceria entre a Diretoria Regional de Saúde de Campinas (DIR XII) 
e Diretoria Regional de Saúde de Taubaté (DIR XXIV).12 
O Enfermeiro Estomaterapeuta (Enf ET) foi o responsável pela elaboração da 
programação para capacitação de enfermeiros generalistas para a assistência integral 
à pessoa com estomia, com foco principal na prevenção das lesões de pele 
periestomia. 12,13 
 
 
18 
A experiência na assistência da pessoa com estomia, principalmente em 
lesões de pele, nos trouxe experiências inéditas, que culminaram com a realização de 
trabalhos científicos e publicações, como a pesquisa intitulada “Proposta do Novo 
Modelo de Bolsa de Ostomia”, apresentada em 1997, durante o II Congresso 
Brasileirode Estomaterapia (CBE) e, em 1998 durante 12 th Biennial Congress of 
the World Council of Enterostomal Therapist (WCET). 20, 21 
Considerando o ano de 2004 um marco para a Estomaterapia nacional em 
que o Brasil sediou o 15th Biennial Congress WCET e V CBE em Florianópolis, 
ocorreu a apresentação da pesquisa “Evaluacion of a Drainable Ostomy Bag With a 
2ª Opening” que mostrou que a durabilidade da adesão do sistema coletor preserva a 
integridade de pele periestomia.22 
Com a crescente organização do SUS para desenvolvimento de ações de 
saúde para as pessoas com estomia, houve a formação da Comissão de Política 
Pública de Atenção à Pessoa com Estoma (CPPAPE), que foi formada por membros 
da SOBEST e da ABRASO para a elaboração da Proposta de Portaria 
Ministerial da Política Nacional de Saúde das Pessoas com Estomia em que uma 
das diretrizes era a criação de um programa de capacitação de recursos humanos, 
sendo uma das premissas evitar lesões de pele periestomia 24,25 , culminando na 
Portaria MS/GM nº 400 de 16/11/2009, anexo I que refere que o serviço deve “prestar 
assistência especializada que envolve a educação para o autocuidado, a avaliação 
das necessidades biopsicossociais gerais do indivíduo e da família e as específicas 
relacionadas à estomia e pele periestomia, incluindo a prevenção e tratamento das 
complicações, indicação e prescrição de equipamentos coletores e adjuvantes de 
proteção e segurança”.23, 24,25 
Mediante o cumprimento da Portaria nº 400, houve necessidade de cadastro 
de pacientes e registros da assistência prestada, principalmente quanto às lesões de 
pele periestomia. Estes registros foram constantes nas minhas experiências clínicas, 
em que em minhas anotações de enfermagem costumava desenhar a estomia e 
incluía, com outra cor de caneta, o local da lesão com suas respectivas medidas de 
extensão, referia as características da pele lesionada e a causa da lesão, porque 
são dados importantes e norteadores para o tratamento da lesão, prescrição dos 
equipamentos coletores e adjuvantes e o cálculo da quantidade de equipamentos por 
um período estimado e o agendamento para avaliação da lesão.26 
 
 
19 
No Brasil, os instrumentos para avaliação de pele periestomia são 
institucionais e construídos por enfermeiros estomaterapeutas ou capacitados, 
sem validação sistematizada para sua utilização, portanto há escassez de 
instrumentos formais, validados e confiáveis nacionalmente para avaliações clínicas 
das alterações das camadas da pele periestomias. Esta situação é um desafio para 
os profissionais de saúde em nosso país, pois reflete na qualidade da elaboração do 
planejamento das intervenções da assistência à saúde, comprometendo assim, a 
eficácia dos equipamentos prescritos, dessa forma aumentando o consumo de 
equipamentos coletores e contribuindo para diminuir a qualidade de vida (QV) das 
pessoas com estomia de eliminação. 27 
Ao conhecer o “The SACS TM Instrument”, um Instrumento específico para a 
avaliação e classificação do tipo, a localização topográfica e o registro das lesões da 
pele periestomia, tive o interesse de realizar estudos, pois mostrava minhas 
dificuldades em descrever as lesões de pele periestomia de uma forma sistematizada, 
considerando a prática clínica e as evidências científicas. 
Assim, acreditando que estudos poderiam viabilizar a utilização em 
estabelecimentos hospitalares e ambulatoriais com uma linguagem única, 
contribuindo para redirecionar a forma de registros das lesões de estomias e com o 
processo de formação de profissionais na graduação e especialização, decidi realizar 
este estudo. 
Neste sentido, minha questão principal foi: Como planejar e executar o 
processo de tradução, adaptação cultural, para o português do Brasil, o índice de 
validade de conteúdo e a concordância interobservadores para um instrumento no 
idioma em inglês? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
2. OBJETIVOS 
 
 
Este estudo tem como objetivos: 
 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
Realizar a tradução e adaptação cultural do instrumento SACSTM para o 
idioma Português do Brasil; 
 
 
2.2 Objetivo Específico 
 
Avaliar o índice de validade de conteúdo do instrumento SACSTM, após 
adaptação cultural; 
Avaliar a confiabilidade interobservadores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
3. O INSTRUMENTO SACS TM 
 
 
O Instrumento SACSTM foi apresentado no Brasil com uma aparência de um 
cartão de visita, descrevendo em de um lado as lesões, auxiliadas por fotografias a 
avaliação e classificação das lesões e do outro lado a localização topográfica das 
lesões. Observei que o seu estudo foi desenhado para diminuir as dificuldades de 
avaliação da pele periestomia e me despertou a atenção. (Figura 1) 
A avaliação das estomias e da pele periestomia requer que o enfermeiro 
estomaterapeuta (Enf ET) ou enfermeiros capacitados desenvolvam o raciocínio 
clínico para as intervenções e avaliações. Neste sentido, há instrumentos baseados 
em evidências, que podem ser utilizados na gestão da assistência qualificada na 
sistematização, com terminologia internacional e embasados em evidências para 
realizações de pesquisa com método comparativo.28 
Bosio et al, em 2006 criaram um instrumento que permite a classificação das 
alterações da pele periestomia, a localização destas lesões por quadrantes ao redor 
da estomia e um registro padronizado por meio da pesquisa intitulada Studio 
Osservazionale Multicentrico Sulle Alterazioni Cutanee Post-enterostomie 
(SACSTM).29 
A Empresa ConvaTec Incoporation, fabricante de produtos para a saúde é 
detentora do direito autoral do The SACSTM Instrument e autoriza seu uso 
internacionalmente, como demonstrado na figura 1. 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
Figura 1 – The SACS TM Instrument 30 
 
Fonte: <https://www.convatec.com/ostomy/sacs-instrument/>30 
 
 
O SACSTM foi desenvolvido por 7 Enf ET e 4 cirurgiões italianos e publicado, 
primeiramente no Il Giornali di Chirurgia, em que participaram pacientes de oito 
centros de assistência às pessoas com estomia nas regiões do Itália, sendo a Região 
Norte em Azienda Ospedaliera “San Giovanni Battista di Torino” na cidade de Torino 
e Ospedale Regionale na cidade de Bolzano; a Região Centro em Azienda U.S..L.4. 
Ospedale “Misericordia e Dolce” na cidade de Prato, Policlinico Universitario “Campus 
Biomedico” na cidade de Roma e Azienda U.S.L.11 - Ospedale “San Giuseppe” na 
cidade de Empoli e a Região Sul em Ospedale Piemonte na cidade de Messina, 
Presidio Ospedaliero “San Luigi, Currò” e Azienda Ospedaliera di Alta 
Specializzazione Ospedale “Garibaldi” na cidade de Catania, sob a Direzione Medica 
da Bristol-Myers-Squibb ConvaTec, em Roma, com o objetivo de evitar vieses 
geográficos ou ambientais.29 
Este estudo foi prospectivo observacional e ocorreu entre dezembro de 2003 
a fevereiro de 2006; contou com a participação de 656 pacientes, dos quais 339 (372 
homens e 67 mulheres) apresentavam lesão de pele periestomia, com a média de 
idade de 63 anos (25 a 85 anos) e geraram 800 fotografias digitais, porque esta é a 
maneira de arquivar momentos importantes. Neste estudo, foram pré-definidos que as 
 
 
23 
ocasiões para a realização das fotografias, foram a semana zero, que era o primeiro 
dia da avaliação da lesão, seguidos da quarta semana, da décima segunda semana 
e a na décima quarta semana (0, 4, 12 e 14 semanas).29 
Os dados fotográficos coletados e os relatórios apresentados foram 
processados pelo software denominado Statistical Package for the Social Sciences® 
(SPSS) da International Business Machines (IBM), que é uma empresa especializada 
na área de tecnologia da informação. 29 
A conclusão demonstrou que as fotografias permitiam a identificação das 
lesões, identificadas pela letra L e foram classificadas e descritas em categorias de 
acordo com a profundidade da lesão que atingiaas camadas da pele, seguidas com 
números cardeais de um a cinco e a maior severidade pela letra L seguida por X . 
Estas mesmas imagens permitiram a identificação da localização topográfica da lesão 
da pele periestomia, identificada pela letra T. Estas localizações foram descritas e 
categorizadas de acordo com os quadrantes utilizados para câncer de mama, tendo 
como marco, a posição anatômica humana da axila e do osso externo, seguida por 
números romanos de I a V (de um a cinco).29 
Em 2007, os mesmos autores publicaram na Revista Wound, Ostomy and 
Continence Nursing Society ( WOCN®) a pesquisa intitulada A Proposal for 
Classifying Peristomal Skin Disorders: Results of a Multicenter Observational Study, 
que após três conferências de especialistas membros da European Council 
of Enterostomal Therapy (ECET), revisaram as 800 fotografias digitais e selecionaram 
20 fotografias, sendo então elaborado um questionário de múltipla escolha para cada 
foto, que foi enviado por correio eletrônico, para quatro especialistas, sendo dois 
cirurgiões e dois Enf ET, que não participaram do estudo anterior.31 
As respostas destes quatros especialistas foram estatisticamente analisadas 
pelo software SPSS Modelo Chicago I11® e obtiveram o Índice de Validade de 
Conteúdo (IVC) igual a 0,94, significando que a concordância dos especialistas foi 
“muito boa”. 31 
Após a publicação sobre a proposta de classificação para as lesões 
periestomia, ocorreu a inclusão de um item no Instrumento Canadian Ostomy 
Assessment Guide (COAG), que é um instrumento desenvolvido entre 1999 e 2001, 
para a utilização na prática clínica de enfermeiras generalistas capacitadas para a 
prescrição adequada do equipamento coletor e adjuvantes.32 
 
 
24 
O Instrumento COAG foi criado por nove Enf ET, sete enfermeiros 
generalistas e dois Enf ET funcionários da empresa ConvaTec e na sua aplicação 
clínica obteve como resultado que o tempo de uso do equipamento coletor aumentou 
uma média de 1,5 dias, os custos diminuíram em $1,80 canadense/dia, não foram 
identificadas diferenças no estado da pele periestomia e a sensação de bem-estar e 
segurança do paciente aumentou significativamente e foi útil para 67% dos 
enfermeiros generalistas, gerando comentários qualitativos para a o item avaliação da 
pele periestomia, que permitia somente a resposta se a pele estava intacta ou não.27,32 
Mediante a estes comentários qualitativos sobre a pele periestomia intacta ou 
não, houve a inclusão do SACSTM no COAG utilizando, para esta avaliação uma 
escala do tipo Likert, com pontuação de um a quatro (1-para não relevante/não 
importante até 4-muito relevante/muito importante) para o SACSTM, obtendo o 
resultado do IVC= 0,94, e mais 880 comentários qualitativos.27 
A análise dos 880 comentários qualitativos para do SACSTM mostrou que para 
as lesões de pele periestomias havia minuciosidade de conteúdo e as descrições 
relacionadas às lesões eram as mesmas que se utilizam internacionalmente com uma 
vantagem, a de conter fotos clínicas. Quanto a análise para localização topográfica da 
lesão, houve a sugestão de classificar como os quadrantes como face de relógio. 
(Figura 1) 27 
A terminologia anatômica usada para descrever a localização de determinado 
órgão tem como base um ponto referencial para sua definição sendo a face de relógio 
a denominação que maioria dos profissionais de saúde utiliza para determinar uma 
comunicação clara das classificações anatômicas. Existe a anatomia descritiva e a 
topográfica com terminologia internacional revisadas desde 1895, após sucessivos 
congressos de anatomia. Em 1955, foi criada a Paris Nomina Anatômica (PNA) e, em 
1989, foi criado a Federative International Committee on Anatomical Terminology 
(FICAT), que define o termo significativo para cada estrutura anatômica com o objetivo 
de atualizar e uniformizar todas as nomenclaturas.33,34 
Sendo assim, The SACSTM Instrument caracteriza-se por Assessing and 
Classififying a peristomal Skin Lesion: L1 - Peristomal redness with intact skin; L2 - 
Open lesion not extending into subcutaneous tissue; partial-thickness skin loss; L3 - 
Open lesion extending into subcutaneous tissue and below; full-thickness skin loss; L4 
- Full thickness skin loss with non-viable, dead tissue (necrotic, fibrinous) e LX - 
Abnormal growth present (hyperplasia, granulomas, neoplasm) e para Topografy com: 
 
 
25 
T I - Left upper peristomal quadrant (12-3 o’clock); T II - Left lower peristomal quadrant 
(3-6 o’clock); T III - Right lower peristomal quadrant (6-9 o’clock); T IV - Right upper 
peristomal quadrant e TV - All peristomal quadrants (9-12 o’clock). 30 
O idioma original do SACSTM é o italiano, porém o idioma Inglês 
adquiriu status fundamental, do ponto de vista da formação do indivíduo para 
comunicação internacional de política, economia, cultural e acadêmico. Atualmente é 
o idioma mais utilizado no mundo para a comunicação entre pessoas, ou seja, 
brasileiros, espanhóis, franceses, entre outros aprendem inglês para se comunicarem 
não somente com americanos ou britânicos, mas também com qualquer outra pessoa, 
pois o idioma inglês permite a aproximação de várias culturas e, consequentemente, 
propiciam sua integração em um mundo globalizado. Este é o conceito de Inglês 
Internacional ou como o acrônimo English Língua Franca (ELF ou ILF) que está 
integrada à área de linguagens, códigos e tecnologias pois assume parte do conjunto 
de conhecimentos para a regulação da linguística internacional. 35,36 
Os contextos acadêmicos, ensinos, negócios e política têm mostrado que o 
ensino de línguas para a formação da comunicação do idioma em inglês está ao 
alcance global, por esta razão o SACS TM na língua inglesa é o objeto deste estudo. 
35, 36 
 
 
26 
4. ESPECIALIDADE DE ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA E 
ESTOMIAS 
 
 
4.1 História da estomaterapia 
 
As ações para a melhoria dos cuidados das pessoas com estomia iniciou-se 
em outubro de 1958 na Cleveland Clinic, Ohio, nos Estados Unidos da América (EUA) 
com Dr Robert Beach Turnbull Jr. (1913-1981) cirurgião coloproctologista respeitável 
internacionalmente devido as contribuições importantes no desenvolvimento de 
técnicas cirúrgicas que tiveram sucesso. A história contada é que ele soube que uma 
das suas antigas pacientes com ileostomia, Sra. Norma Nottinghan Gill-Thompson 
(1920-1998) estava ajudando as pessoas que tinham uma estomia, com conversas 
incentivadoras, com os cuidados e informações sobre “os sacos” disponíveis na sua 
cidade, em Akron, Ohio, pois além da sua experiência pessoal, sua avó foi uma 
pessoa colostomizada.37 
A Sra. Norma Gill necessitou, aos seus 34 anos, em 1954, ser operada devido 
ao diagnóstico de Retocolite Ulcerativa que ocasionou a retirada total do seu intestino 
grosso, havendo assim a necessidade da confecção de uma ileostomia de caráter 
definitivo.38 
Neste contexto, Dr. Turnbull com todas suas atividades profissionais e o 
crescente volume de pacientes, sentiu a necessidade de haver uma pessoa para 
servir de elo entre ele e os pacientes e então convidou Sra. Norma Gill para conversar 
com pacientes que seriam submetidos à cirurgia de construção da estomia, bem como 
após as cirurgias a participarem de reuniões em grupos para discutir assuntos de 
interesse comum e troca de experiências. Norma Gill foi a primeira pessoa a ser 
contratada pela Cleveland Clinic como “técnica em ostomia”. 37-39 
Desta forma, houve o surgimento de uma nova categoria de profissional em 
outubro de 1958 e Dr. Turnubull criou o nome para este profissional com a junção da 
palavra “stoma” adicionando prefixo "entero" para especificar "uma abertura no 
abdome" juntamente a palavra terapia por significar tratamento e então Enfermeira 
Estomaterapeuta.39 
 
 
 
27 
“It was Turnbull who first recognized the need for specialists in stomal 
care. After recruiting Norma Gill, Akron,Ohio, to be the first practitioner, 
he developed the name for her work. Because he believed the word 
stoma would indicate a "mouth" type of opening, he added the prefix 
"entero" to specify "an opening into the abdomen" and thus 
Enterostomal Therapy or Stomaterapy Nursing” 39 
 
A parceria de trablaho destes pioneiros resultou na criação do primeiro 
programa de estomaterapia em 1961, na atual Cleveland School Clinic Foundation 
Education Building considerada padrão ouro de ensino para o mundo. O curso era 
oferecido 4 vezes ao ano para médicos, enfermeiros, assistentes sociais e pacientes 
durante 8 semanas com a formação de novas organizações de indivíduos e 
profissionais. A reputação do curso tornou-se valorizada, pois norteava para todo o 
mundo, que a criação de novos cursos deveria ser aprovada por meio de processo, o 
que ocorre até os dias atuais de credenciamento de cursos de especialização de 
enfermagem em estomaterapia, com o objetivo de manter os padrões de excelência 
do ensino. A especialidade foi tornando-se reconhecida mediante a concepção do 
serviço de estomaterapia no Hospital Ferguson-Droste-Ferguson, em Grand Rapids 
em Michigan, atualmente Ferguson Clinic.9, 37 
Historicamente, ambos também foram os pioneiros em organização de 
encontros bienais sobre a gestão do cuidar em estomaterapia, vislumbrando a 
necessidade de profissionais especializados em estomaterapia e, portanto, são 
considerados internacionalmente como “pai” e “mãe” da especialidade em 
estomaterapia.9,39 
Juntos, em 1962 fundaram a United Ostomy Associaciation (UOA), com 
membros profissionais de saúde e pessoas com estomias. Em 1975, pelo crescente 
número de pacientes e profissionais de outros países o nome foi alterado para 
International Ostomy Association (IOA). Sra. Norma Gill e Dr. Trunibull, em 1968, 
referiram que as associações deveriam ser distintas, sendo uma delas para as 
pessoas com estomias e a outra para profissionais. Foi então, neste ano, 1968, 
fundada nos Estados Unidos da América (EUA), a American Association of 
Enterostomal Therapist (AAET), que manteve os mesmos objetivos iniciais para a 
formação de novos cursos e que, em 1970, foi denominada North American 
Association for Enterostomal Therapist (NAAET) e em 1971, a International 
 
 
28 
Association for Enterostomal Therapist (IAET) e atualmente WOCN® com encontros 
previamente agendados de 2 em 2 anos.37,38 
Seguindo os caminhos da Cleveland Clinic, países iniciaram suas atividades 
em estomaterapia como Canadá, em 1968; Inglaterra, em 1969; Austrália, em 1971; 
Africa do Sul, em 1971; Escandinavia, em 1976 e França, em1978, estabelecendo 
serviços de estomaterapia dentro de hospitais ou das comunidades, pois tinham o 
compromisso de multiplicação do modelo sistematizado do curso Enterostomal 
Therapy Nursing Education, para cursos de estomaterapia com nível de pós-
graduação em 1972. Seguindo esta maravilhosa trajetória, foi em Londres, em 1976, 
durante uma das combinadas reuniões bianuais, que a Sra. Norma Gill sugeriu a 
criação de uma associação internacional de Enf ET, que foi fundada em 1978, com 
repesentantes de 32 países, em Milão e sendo considerado o primeiro congresso do 
WCET. O WCET, em 1980, deliberou que a estomaterapia é uma especialidade 
privativa do profissional enfermeiro, determinando os valores de respeito pela 
dignidade e diversidade individual de todas as pessoas, da integridade e código de 
ética reconhecido internacionalmente, a comunicação para promover a colaboração 
entre seus associados e outras especialidades interessadas em assistência integral 
dos cuidados para corpo, mente e espírito e a abordagem das pesquisas científicas 
de acordo com avanços dos cuidados especializados.9,37,38 
Concomitantemente, a WOCN e WCET, e novamente por incentivo da Sra. 
Norma Gill, foram criadas as suas revistas científicas em 1974 e 1980 
respectivamente. Foi decidido que os artigos deveriam ser escritos em inglês, pois a 
língua inglesa era e é consagrada como a mais comumente escrita e falada entre as 
organizações científicas internacionais.37 
Retornando para fins de 1979 e o início de 1980, com o aumento de 
publicações para a importância da manutenção da integridade da pele periestomia 
intestinal, peri fístulas digestivas e temas sobre os processos do cuidar e tratar as 
lesões de pele ao redor das estomias urinárias, das incontinências anal e urinárias, 
das lesões por pressão, indagações da posição do longo período do procedimento 
cirúrgico pela própria hospitalização ou ausência de mobilização do paciente no 
domicílio, geraram investigações e ações de caráter preventivos e foi declarado, em 
1983, que na mensagem do presidente no Journal of Enterostomal Therapy da IAET, 
atualmente revista da WOCN, a expansão das competências do Enf ET incluindo o 
cuidar de feridas agudas ou crônicas, fístula digestivas e incontinências. 37-45 
 
 
29 
No Brasil, o desenvolvimento da enfermagem em estomaterapia inicia-se em 
meados da década de 80 com o estímulo da Associação Brasileira de Enfermagem 
(ABEn), por meio da seção São Paulo, na formação de Grupos de Interesse Clínico 
em Enfermagem e em especial foi criado o Grupo de Interesse em Enfermagem em 
Enterosestomaterapia (GIEE) que, posteriormente, foi denominado Grupo de 
Interesse Enterosestomaterapia (GEE) e desde 1984 foi a base da especialidade. 
Auxiliaram e ainda transformam o cenário brasileiro para o crescimento da 
identidade da estomaterapia tendo a presença da Profª Drª Vera Lúcia Conceição de 
Gouveia Santos, que foi cursar Especialização em Estomaterapia em Madrid em 1989, 
voltando para o Brasil com a missão de implantar a estomaterapia no Brasil. A Profª 
Drª Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos juntamente com o Dr. Afonso Henrique 
da Silva e Souza implantaram e coordenaram conjuntamente da primeira até a sexta 
edição do curso de especialização em Enfermagem em Estomaterapia na EEUSP e, 
posteriormente, a Profª Vera coordenou-o até a sua última turma, sendo a vigésima 
turma a que ocorreu em 2015. Ainda sob sua direção, em quatro de dezembro de 
1992 foi fundada a SOBEST, e com sua notável responsabilidade e competência em 
1994, foi presidente do I CBE (primeiro CBE), bem como a primeira Delegada 
Internacional do Brasil junto ao WCET e foi integrante de comitês do WCET e membro 
de diretorias de outras associações internacionais nas áreas de abrangência da 
estomaterapia, bem como recebeu da SOBEST, o Título Honorífico de Especialista 
Emérito em Estomaterapia da associação. É diretora do Departamento de Relações 
Internacionais da SOBEST, na gestão 2016-2020.8,10, 46-50 
A SOBEST é uma organização multidisciplinar, de caráter científico e cultural, 
com bases éticas e filosóficas para o exercício profissional da enfermagem e o 
desenvolvimento técnico-científico para a melhoria do desempenho da qualidade de 
assistência e sua diretoria é composta por departamentos, com finalidades 
específicas. Em relação ao Departamento de Educação, foi designado para analisar, 
fiscalizar e fazer recomendações e ajustes de programação para o reconhecimento 
dos cursos nacionalmente e, consequentemente, ao credenciamento internacional 
para a WCET devido a SOBEST ter uma estrutura e organização definidas que em 
2009 recebeu o documento Memorandum of Understanding (MOU) da WCET, que 
outorga a SOBEST o credenciamento dos cursos porque a SOBEST segue 
criteriosamente as diretrizes internacionais é a garantia que o ENF ET exerça suas 
funções em qualquer lugar do mundo e cumpre-se que todos os cursos de 
 
 
30 
especialização em estomaterapia devam ser autorizados pelo Ministério da Educação 
e Cultura (MEC) e pelo colegiado do Conselho Nacional de Educação (CNE) para 
universidades ou instituições de escolas de extensão das universidades.49 
A expansão da estomaterapia no Brasil torna a especialidade mais sólida e 
em 1.999 foipublicado o primeiro Boletim Informativo SOBEST e em 2003 foi lançada 
oficialmente a Revista Estima. O avante desenvolvimento técnico-científico em 
enfermagem baseada em evidências da estomaterapia brasileira traz o 
aprimoramento do nome da revista em 2015 para Estima, Revista da Associação 
Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências ou Brasilian Journal of 
Enterostomal Therapy que está no sistema brasileiro de avaliação de periódicos, na 
classificação Qualis 2. 51 
Atualmente, a SOBEST, por intermédio do Departamento de Desenvolvimento 
Profissional, desenvolve o concurso para a obtenção ou renovação do título de 
especialista em Estomaterapia denominado TiSOBEST. Este concurso ocorre todos 
os anos durante os eventos científicos promovidos pela SOBEST e consiste em um 
processo de pontuação para a análise do memorial do candidato, que, se alcançar 50 
pontos, será automaticamente titulado, e caso esta pontuação for inferior aos 50 
pontos, o candidato poderá ter sua complementação por meio de prova de 
conhecimentos técnico-científicos, sendo necessário que atinja o total de pontuação 
de 60 pontos para o alcance do título. A renovação do título será em um intervalo 
mínimo de 6 anos. O TiSOBEST tem o objetivo de distinguir e certificar o Enfermeiro 
que concluiu o curso de especialização em estomaterapia, para exercer a 
especialidade com competência na rede hospitalar, ambulatorial, domiciliária pública 
ou privada, na assessoria, em empresas que comercializam ou produzem produtos 
da área da estomaterapia, no ensino especializado e em participação de políticas 
públicas. 52 
A enfermagem em estomaterapia no Brasil mostra contribuições efetivas para 
o desenvolvimento da especialidade e o profissional capacitado deve exercê-la com 
conhecimentos, ações, habilidades, experiência, autonomia nas intervenções e 
conscientização do processo de trabalho em equipe multiprofissional. 52 
 
 
 
 
 
 
31 
4.2 Estomias 
 
A palavra estomia ou estoma provêm da palavra grega “stoma” e significa 
boca ou abertura. Trata-se de uma abertura, confeccionada cirurgicamente colocando 
um órgão oco ou víscera do nosso organismo em contato diretamente com o meio 
externo, com o objetivo de restabelecer a funcionalidade orgânica para a manutenção 
da vida nas distintas fases do nascimento, do crescimento, da maturidade, da velhice 
e até a morte.53 
Diante da necessidade da criação de uma estomia, a pessoa apresenta 
indícios de uma doença quando há mudanças do hábito intestinal, do diâmetro e 
sangramento nas fezes, entre outros, que necessitará de investigações com 
realização de exames laboratoriais e de imagem para a confirmação do diagnóstico 
real. Todo o processo de internação, da cirurgia geradora estomia, a realidade no 
enfrentamento das dificuldades de adaptações mediante às mudanças principalmente 
do impacto da imagem corporal, com sentimentos de vergonha, dúvidas da 
alimentação, higiene, vestuário, preocupação com os sentimentos dos familiares e 
amigos, custos do tratamento após a cirurgia, significados e concepções sobre 
sexualidade, insegurança na utilização dos equipamentos coletores, receio da 
ausência de equipamentos, dificuldade de praticar esportes, enfim, outros fatores 
relacionados com os as dimensões físicas, fisiológicas, psicológicas, sociais, culturais 
e espirituais. Estes fatores são de conhecimento da equipe multiprofissional que deve 
ter atitudes positivas na abordagem deste indivíduo.. 53-55 
A estomia interfere na QV e há intervenções terapêuticas na área da saúde 
com e ações desenvolvidas durante o período de recuperação do paciente que 
auxiliam no processo de reabilitação. Este processo é da responsabilidade das 
equipes multiprofissionais e não é exclusividade somente de uma categoria 
profissional, visando que o indivíduo possa retornar paulatinamente às suas atividades 
anteriores ou de maneira próxima de antes de ter a estomia de forma temporária ou 
definitiva.53 -57 
Segundo Howard Rusk66, que é considerado o "pai da reabilitação 
integral", “A prática da reabilitação baseia-se na crença filosófica de que a 
responsabilidade de qualquer especialista não termina quando a doença é vencida ou 
completada a fase cirúrgica, mas que só termina quando o indivíduo volta a viver e a 
trabalhar com o que lhe restou de suas capacidades.” Sendo assim, a reabilitação da 
 
 
32 
pessoa com estomia requer muito mais que orientar e avaliar o desempenho do 
autocuidado para a troca, higiene e retirada do equipamento coletor, é avaliar se está 
conseguindo ter as oportunidades de compartilhar sua vida como antes da cirurgia.58 
A terminologia utilizada para as estomias é determinada pela localização do 
órgão exteriorizado adicionando o sufixo “stoma”, assim sendo se ocorrer no sistema 
respiratório denomina-se traqueostomia; no sistema digestório para alimentação, 
gastrostomia ou jejunostomia; no sistema digestório para eliminações, ileostomia se 
for situada no intestino fino, cecostomia se for no ceco; colostomia se ocorrer nos 
cólons ascendente, transverso, descendente e sigmoide. As técnicas cirúrgicas estão 
sempre sendo aperfeiçoadas para as melhorias da QV e elaborada para gerarem 
continência intestinal. A técnica intestinal idealizada por Macedo-Malone gera um 
procedimento que permite a execução de enemas anterógrados pela estomia 
intestinal em períodos programados.53, 59 
Para as estomias do sistema do trato urinário, denominadas derivações 
urinárias incontinentes e habitualmente urostomias. As denominações correspondem 
ao segmento exteriorizado sendo as nefrostomias à direita (D) ou esquerda (E) se rim 
direito ou esquerdo , respectivamente; pielostotomia à direita (D) ou esquerda (E) se 
ocorrer no cálice renal D ou E ou ambos; ureterostomia à direita (D) ou esquerda (E) 
se exteriorizar o ureter D ou E ou ambos; vesicostomia quando a técnica cirúrgica 
exterioriza a mucosa da bexiga diretamente na pele; cistostomia se houver um cateter 
inserido diretamente na bexiga e uretrostomia se advir da uretra, bem como a de 
utilizar uma porção do intestino fino ou grosso onde são inseridos os ureteres 
denominadas técnica de Bricker e Mogg respectivamente. Há técnicas com o objetivo 
de produzir continência urinária como a técnica da Neobexiga Ortofônica ou Monti.60, 
61 
Outra técnica importante denominada ileostomia úmida ou colostomia úmida 
é descrita quando realizada em um único local no abdome em que fica alocada a 
derivação intestinal e urinária. Há também outra técnica cirúrgica para uma estomia 
intestinal denominada colostomia perineal, pois sua localização é na região 
perineal.62,63 
A confecção da estomia pode ser necessária por situações de: doenças 
crônicas degenerativas (ex: neoplasias dos sistemas acima referido, Esclerose Lateral 
Amiotrófica); doenças inflamatórias intestinais (ex: Doença de Crohn, Retocolite 
Ulcerativa); doenças hereditárias (ex: Polipose Familiar, Síndrome de Lynch); 
 
 
33 
doenças vasculares (ex: trombose de artéria mesentérica e enterocolite necrotizante); 
doenças agudas (ex: obstruções intestinais, perfuração de alça por corpo estranho); 
doenças adquiridas (ex: megacólon chagásico ou psicogênico, incontinência fecal); 
traumatismos abdominoperineais (ex: acidentes automobilísticos, esportivos e de 
trabalho, ferimento por armas, estupros e empalamentos); má formação congênita do 
sistema digestório (ex: ânus imperfurado, mielomeningocele Doença Hirschsprung, 
fístula reto vaginal); situações idiopáticas (ex: síndrome de Olgivie e íleo paralítico); 
iatrogênica (ex: perfuração intestinal de cirurgia pélvica ou exames como biópsia de 
próstata); estomias para proteção de anastomoses (ex: ressecção de tumores em 
cólon); e desvio de trânsito intestinal ou urinário em situações especiais (ex: síndrome 
de Fournier, lesão por pressão), dentre outros.53 
Frenteàs necessidades da cirurgia geradora de estomias, o paciente, 
familiares e toda a equipe multiprofissional estará diante de períodos importantes que 
asseguram o processo de reabilitação. Esses períodos compreendem ao pré-
operatório, transoperatório e pós-operatório.64 
 
 
4.2.1 Período pré-operatório 
 
Durante o período pré-operatório as pessoas que necessitam fazer uma 
estomia estão vulneráveis, pois serão expostos nos contextos biopsicossocial e 
espiritual. Toda a equipe de saúde deve estar capacitada com as verbalizações e 
trejeitos com o corpo para que o paciente denote interesse e compreensão mediante 
situação de angústia que vive e o que é relevante para a QV. É neste período que se 
faz a demarcação da estomia no abdome; outro procedimento fundamental para a 
independência e a QV, é um método a ser cumprido concomitantemente com a equipe 
composta pelo cirurgião, pelo Enf ET ou enfermeiro assistencial habilitado e a 
colaboração ativa do paciente. 64 
A demarcação da estomia é um procedimento no período pré-operatório e 
para esta atividade é necessário dispor de uma régua, um medidor circular com 2,5 
cm, uma caneta comum e uma especial para a garantia da permanência dos marcos 
referenciais durante a degermação cirúrgica da pele e a equipe deve: conhecer a 
técnica cirúrgica planejada e o tipo de incisão cirúrgica a ser realizado (atualmente, as 
cicatrizes são medianas); identificar o músculo reto abdominal e o segmento a ser 
 
 
34 
exteriorizado e sua localização nos quadrantes abdominais (Quadrante Inferior Direito 
(QID), Quadrante Superior Direito (QSD), Quadrante Superior Esquerdo (QSE), 
Quadrante Inferior Esquerdo (QIE); estabelecer distâncias de 4 a 5 cm de acidentes 
anatômicos ( proeminências ósseas, rebordo costal e crista ilíaca anterossuperior); 
verificar as cicatrizes (umbilical e de cirurgias anteriores); reconhecer as linhas 
naturais (cintura e prega inguinal); avaliar tecido adiposo localizado nas dobras de 
pele; marcar provisoriamente o local da estomia com o paciente em decúbito dorsal, 
com um círculo de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro; verificar se o paciente 
visualiza “a marca” em decúbito dorsal, posição sentado, em pé e movimentos de 
flexão (para verificar se a localização ficou livre de dobras da pele e consolidar a 
marca realizada com a caneta especial. 65, 66 
 
 
4.2.2 Período transoperatório 
 
A seguir, durante o período transoperatório, há uma relação distinta quanto às 
formas de exteriorização que as descritas em livros e artigos especializados e é o 
último ato que o cirurgião faz, após ter executado o procedimento cirúrgico específico. 
O cirurgião remove a pele demarcada com um formato arredondado de acordo com a 
dimensão da alça intestinal a ser exteriorizada. Seguindo os passos da técnica 
cirúrgica, é retirado o tecido subcutâneo e gorduroso até alcançar a bainha do músculo 
reto abdominal anterior, onde ocorre uma incisão em cruz e então as fibras musculares 
são abertas com bisturi ou divulsionadas. Na sequência, a bainha posterior do 
músculo reto abdominal é incisionada expondo o peritônio e visualizando a alça 
intestinal, que será tracionada, de maneira que possa passar pela tunelização, 
acontecida no músculo reto abdominal e exceder, em centímetros, para a pele da 
parede abdominal, com o objetivo de tornar uma altura da estomia em relação ao 
plano da parede abdominal. A fixação da alça intestinal se inicia com pontos de 
sustentação entre o peritônio parietal e a serosa em formato de pontos “cardeais” e 
após é realizada a técnica de eversão da mucosa e finalmente as suturas 
mucocutâneas. A cada fase da construção da estomia é observada a vascularização 
da arcada arterial peritoneal. Os princípios acima descritos são utilizados para o modo 
exteriorização da estomia em terminal, quando é uma estomia única, em alça, é 
seccionada parte da alça intestinal observando-se o segmento proximal (em que saem 
 
 
35 
as fezes, flatos e/ou urina) e o segmento distal em que ocorre a saída de muco 
intestinal ou em duas bocas onde o segmento proximal e o distal podem estar juntos 
ou separados. 53,67-69 
O centro cirúrgico é uma área de alta complexidade devido às dimensões e 
áreas funcionais de espaço físico, diversidade dos equipamentos e instrumentais que 
compõem cada especialidade, as diferentes equipes e categorias de profissionais 
envolvidos, exigindo atuações interdisciplinares nas quais permeiam relações 
interpessoais para o desempenho das atividades de trabalho. A Sociedade Brasileira 
de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Pós-Anestésica e Centro de 
Material e Esterilização (SOBECC) faz recomendações das ações de enfermagem 
divididas em quatro fases. A primeira refere a visita pré-operatória; a segunda, ao 
transoperatório ou intraoperatório, quando o enfermeiro deverá verificar e registrar se 
a construção da estomia foi ou não construída no local demarcado e adequando as 
bases adesivas recortadas mediante a dimensão da estomia e a respectiva bolsa 
coletora transparente; a terceira é a recuperação anestésica; e a quarta fase é a visita 
pós-operatória.70 
 
 
4.2.3 Período pós-operatório 
 
4.2.3.1 Período pós-operatório imediato 
 
O período pós-operatório imediato compreende as 48 horas após o 
procedimento cirúrgico e a atuação do enfermeiro consiste na manutenção da 
estabilidade hemodinâmica, equilíbrio hidroeletrolítico, controle da dor e a assistência 
específica na observação e evolução da estomia para detectar complicações 
precoces, sendo motivo para utilizar a bolsa coletora transparente e a manutenção da 
integridade da pele periestomia; por esta razão, há a classificação em dois grupos: a 
avaliação da estomia e da pele periestomia. 64 
Os critérios para a avaliação das estomias estão relacionados com a posição 
no abdome de acordo com: o segmento exteriorizado em Ileostomia, Ileostomia 
úmida, colostomia úmida, colostomia de colo ascendente, colostomia de colo 
transverso, colostomia de colo descendente, colostomia de colo sigmoide, nefrostomia 
D ou E, pielostomia ou E, ureterostomia D ou E, vesicostomia, cistostomia e 
 
 
36 
uretrostomia; a localização no QID, QSD, QSE, QIE, região lombar D ou E, 
suprapúbica ou perineal; o tempo de permanência em temporária ou definitiva; o modo 
de exteriorização em terminal, em alça e em duas bocas próximas ou em duas bocas 
distantes; a avaliação do efluente (fezes ou urina) de forma líquido, pastoso, moldado 
ou não observável durante a consulta de enfermagem.71 
Ainda há de ter a avaliação específica da estomia, criteriosamente em relação 
às considerações das: mensurações de superfície devem ser céfalo-podálica, as 
posições deitada, sentada e em pé lateralidade e da protrusão nas dimensões e 
correspondentes às registradas em milímetros; borda da sutura mucocutânea, com ou 
sem presença de pontos periestomias; coloração em, vermelho, róseo, roxo ou preto; 
forma em relação à base com o corpo da estomia, em regular, quando base é igual 
ao corpo da estomia ou irregular, quando base for diferente ao corpo da estomia; a 
presença de tubo de fixação da alça intestinal, em rígido ou flexível pois estes 
garantem a estabilidade da alça intestinal em relação ao abdome, ou cateteres 
urinários que garantem a sutura pérvia da junção entre o ureter e alça intestinal 
minimizando riscos de complicações. 64,71 
 
 
4.2.3.2 Período pós-operatório mediato 
 
O período pós-operatório mediato compreende logo após as 48 horas pós 
cirurgia até o momento da alta hospitalar, em que há informações e orientações 
quanto aos cuidados com a estomia, os equipamentos coletores e adjuvantes e 
capacitar o paciente no desenvolvimento de habilidades para o autocuidado avaliando 
suas condições clínicas e emocionais ou dos cuidadores. O planejamento para as 
orientações após alta hospitalar deve constar do exame físico com a prescriçãodos 
equipamentos coletores e adjuvantes e que, de uma forma didática, deverão ser 
abordadas as principais etapas de esvaziamento, limpeza, troca do equipamento e 
encaminhamento para unidades de saúde do SUS ou operadoras de planos de 
saúde.64 
 
 
 
 
 
 
37 
4.2.3.3 Período pós-operatório tardio 
 
No período pós-operatório tardio, logo após a alta hospitalar, o paciente 
deverá manter a continuidade de assistência ambulatorial que conta com a tríade: do 
recurso humano capacitado institucional, formado por uma equipe mínima de 
profissionais como o médico, Enf. ET ou enfermeiro generalista capacitado e 
assistente social; o recurso físico de um consultório que acomode o paciente e 
familiares e finalmente o recurso financeiro para aquisição dos equipamentos 
coletores para a Atenção de Assistência aos Ostomizados I e II ou para as operadoras 
de planos privados, com a finalidade de orientações específicas e a obtenção da 
quantidade dos equipamentos coletores e adjuvantes mensalmente .26, 64, 71, 72 
 
 
4.3 Complicações das estomias pós-operatórias 
 
Neste universo da assistência de pessoas com estomias é fundamental 
categorizar as complicações em dois grupos, as relacionadas com a estomia e as 
relacionadas com a pele ao seu redor.64, 71 
A complicações com a estomia são inicialmente o edema devido a 
mobilização da alça intestinal exteriorizada que regride espontaneamente retornando 
ao funcionamento fisiológico do organismo. Entretanto, podem ocorrer complicações 
precoces como a: necrose que é a obstrução do fluxo sanguíneo que pode ser parcial 
ou total. A intervenção consiste em observar a coloração escurecida da mucosa da 
estomia e aguardar que se delimite a zona necrosada para avaliar se a isquemia é 
intraperitoneal. O procedimento é cirúrgico com a remoção do seguimento necrosado 
e a reconstrução da estomia. Outra complicação é a hemorragia que acontece por 
lesão de vasos no subcutâneo ou no submucoso ao redor da sutura mucocutânea e o 
procedimento consiste em aplicação de gases embebidas em adrenalina na estomia, 
sutura ou cauterização do vaso sangrante com anestesia local. A retração da estomia, 
outra complicação, ou seja, a estomia está abaixo do plano do abdome e a intervenção 
é a prescrição de equipamento com base adesiva com convexidade e a utilização de 
cinto elástico ajustável para evitar as lesões de pele periestomia. Pode também 
ocorrer o afundamento ou “desabamento” da estomia que representa o deslizamento 
da alça intestinal para a cavidade abdominal, com rompimento da sutura 
 
 
38 
mucocutânea, podendo ser parcial ou total, sendo que se o afundamento for total é 
necessária intervenção cirúrgica com possibilidade de reposicionamento da estomia 
e se ocorrer afundamento parcial, a observação deve ser constante, utilizar produtos 
que promovam a cicatrização acarretando em intervenções para a retração da 
estomia. Por fim, pode ocorrer infecção ao redor da sutura mucocutânea o que exige 
a emprego de produtos que promovam a cicatrização e a continuidade de 
antibióticoterapia. 71, 73-75 
As estomias estão sujeitas, com o decorrer do tempo, a outras complicações 
consideradas tardias, como a: estenose que é o estreitamento do orifício da estomia 
evoluindo para quadros de suboclusão ou oclusão intestinal com o paciente referindo 
cólicas abdominais, ausência de eliminações da fezes e gases, distensão abdominal, 
náuseas, vômitos e a intervenção conservadora consistirá em orientações sobre a 
alimentação, ingesta hídrica, dilatação digital ou instrumental ou cirúrgica que 
dependerá do grau da estenose; hérnia paracolostômica relacionada com a dimensão 
da abertura da musculatura abdominal ser maior que o do diâmetro da alça intestinal 
exteriorizada, a construção da estomia fora do músculo reto-abdominal e as 
orientações basear-se-ão na contenção abdominal com o uso de faixas elásticas e de 
orientações para evitar situações que aumentem a pressão intra-abdominal e, sendo 
necessária, cirurgia emergencial se ocorrer estrangulamento da alça intestinal ou 
abaulamento de grande dimensão ao redor da estomia; prolapso é quando houver o 
deslizamento da alça intestinal para fora da parede abdominal podendo alcançar 
medidas de 15 a 20 cm e devem ser aplicadas técnicas de redução manual, 
pressionando a ponta do intestino até o orifício da estomia, porém se ocorrer prolapso 
súbito deverá ser considerada uma cirurgia de urgência quando o segmento intestinal 
apresentar necrose na sua porção distal da estomia. 68, 74, 75 
A avaliação da pessoa com estomia, no período de pós-operatório tardio, é 
essencial que ocorra em períodos determinados de acordo com a última avaliação 
das condições clínicas e biopsicossocial e é recomendável que ocorra pelo menos 
uma vez ao ano quando houver estabilidade da estomia e o completo processo de 
reabilitação .62,65,71 
 
 
 
 
39 
4.4 Pele periestomia 
 
A pele é dividida em 3 camadas: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme 
é a camada mais superficial e é composta de células epiteliais escamosas. A derme 
é a segunda camada e contém vasos sanguíneos e linfáticos. A hipoderme é a 
camada de tecido conectivo. Essas três camadas desempenham funções de proteção 
contra infecções e evaporação e regulação térmica, excreção de catabólitos, 
armazenamento de água, síntese de vitamina D, vigilância imunológica, proteção das 
estruturas internas, entre outras.76 
A pele periestomia é caracterizada com a extensão, no entanto há 
divergências entre autores. Segundo Cesaretti é de 20 cm2 , enquanto para Antonini 
e Bosio é de 7,5 cm e para Domansky e Chimentão é de 10 cm ao redor da estomia, 
após a inserção da estomia na pele. No pós-operatório a pele apresenta-se íntegra e 
com a presença da sutura mucocutânea.77,78,79,80 
 
 
4.4.1 Incidência das lesões de pele periestomia 
 
A incidência de lesões de pele periestomia não estão esclarecidas na 
literatura. As experiências clínicas e estudos de casos apresentados em artigos e 
eventos científicos demonstram que é uma situação comum e que exige 
conhecimentos técnicos-científicos para prevenção e tratamento. 73,74 
Na publicação de Salvadalena, em 2008, sobre uma revisão sistemática de 
literatura do período entre 1990 a 2007 que identificou 21 estudos, concluiu-se que 
era impossível calcular a incidência de complicações de estomia e pele periestomia 
por causa de diferenças nos projetos de estudo, definições operacionais e tempo dos 
dados colhidos.81 
Ratliff, em 2010, mencionou que o intervalo de complicações da pele 
periestomia é entre 10 e 70% nos EUA, em um estudo prospectivo com doze Enf ET 
que avaliaram 89 pacientes no período de um ano; mostrou que 42 pacientes tiveram 
lesão de pele periestomia, sendo 31 pacientes tiveram danos químicos ou dermatite 
irritante, 5 apresentaram lesão mecânica, 4 tiveram infecções por fúngica (Candida 
Albicans), 1 apresentou uma reação alérgica e 1 paciente apresentava pioderma 
gangrenoso. Concluindo, neste estudo, que as complicações da pele periestomia são 
 
 
40 
descritas, mas de forma limitadas. A padronização dos cuidados pode ser uma 
estratégia para monitorar as lesões, desenvolvendo assim a assistência baseada em 
evidências. 82 
Para constatar a dificuldade a incidência de lesões de pele periestomia, 
Salvadalena refere que as complicações mais comuns são retração, hérnia, prolapso, 
necrose e lesões de pele periestomia problema. Tappe et al concluíram que as 
complicações de pele periestomia ocorrem em média após de 6 semanas de cirurgia; 
Person et al descreveram complicações relacionadas à estomia, incluindo lesões da 
pele periestomia em 180 pacientes com colostomia e ileostomia, durante o período de 
2 anos com a classificação em eritema leve, eritema severo, pseudoverrucose leve e 
pseudoverrucose grave, sendo o eritema leve o mais comum após 2 semanas de alta 
hospitalar, sendo53% em paciente com colostomia e 79% em pacientes com 
ileostomia em alça. Bass et al, em pesquisa retrospectiva com 593 pacientes divididos 
em 2 grupos: grupo A - composto por 292 pacientes que receberam orientações e 
foram demarcados e, entre as complicações existentes, 40 (45%) apresentaram 
lesões de pele periestomia nos primeiros 30 dias de cirurgia e grupo B - composto por 
301 pacientes que não foram orientados e demarcados e, entre as complicações 
existentes, 84 (77%) apresentaram lesões de pele, levando a concluir que as lesões 
de pele periestomia ocorriam nas estomias mal localizadas. Pearl et al revisaram 
retrospectivamente 197 pacientes com estomias intestinais e relataram uma 
incidência de 42% de lesões precoces da pele periestomia ocorrendo durante a 
internação e concluíram que a construção da estomia que teve a maior taxa das 
morbidades foram as lesões de pele periestomia, principalmente as ileostomia. 
Cheung relatou uma incidência de 66,86% de complicações em uma série de 316 
pacientes com 322 estomas, encontrando 156 (29%) dos pacientes com colostomias 
e 123 (20%) pacientes com ileostomia, onde 10 (70%) pacientes apresentavam lesão 
de pele e não descreveu que tipo de lesão. Park et al, em estudo retrospectivo de 
1.616 pacientes com estomas intestinais avaliados entre 1976 e 1995, 553 (34%) 
pacientes apresentaram dentro de 30 dias da cirurgia a lesão de pele periestomia 
precoce, que ocorreu em 12% e as lesões tardias em 6% dos pacientes, porém não 
informaram o número de pacientes investigados. Omura e Anazawa avaliaram 344 
fotografias em 113 pacientes que usaram barreiras cutâneas e descobriram que 
apenas 7,4% das fotografias revisadas estavam livres de alterações de pele, porém 
relataram uma incidência de inflamação de 86% referindo que a pele muda aos 9 
 
 
41 
meses. Sawa e et al, em estudo retrospectivo, analisaram 192 pacientes com estomia 
por câncer colo-retal para a avaliar a demarcação da estomia no período pré-
operatório e tipo de estomia e complicações ocorrendo no primeiro mês de pós-
operatório. A demarcação foi feita em 65% das cirurgias eletivas e em 75% das 
emergências e os resultados foi que 30% dos pacientes apresentaram complicações 
da estomia, 34% apresentou necrose, e conclui que a demarcação pré-operatória pela 
Enf ET teve uma significância e efeito sobre a incidência de complicações da estomia. 
Burt-McAliley e Van Rijswijk estudaram os efeitos das barreiras ou protetores 
cutâneos com 108 pacientes em 14 ambulatórios (7 na Alemanha e 7 nos EUA), sendo 
que 8% dos pacientes tiveram eritema e 26% dos pacientes apresentaram sinais de 
irritação da pele e os pacientes eram mais propensos a desenvolver irritação da pele 
com o uso da barreira Karaya em comparação com a barreira de pectina. Herlufsen e 
et al pesquisaram, através de entrevista de 202 indivíduos com estomias permanentes 
vivendo em uma comunidade dinamarquesa, onde 100 (49%) dos participantes 
tiveram uma colostomia, 82 (41%) tiveram uma ileostomia e 19 (9%) tiveram 
urostomia, com o período médio desde a cirurgia até 8 anos; 61% usaram 
equipamento coletor de duas peças e 39% usaram de uma peça de 1 peça, e 
referiram que 45% apresentaram lesão de pele periestomia, classificadas como lesão 
leve em 57%, moderada em 33% e grave em 10% dos participantes e que as causas 
mais comuns descritas forma erosão da pele pelos efluente intestinal (33%), 
maceração (20%), eritema (16%) e dermatite de contato (8,5%) sendo que a 
frequência em ocorreram foi nas ileostomia de 57%, nas derivação urinária de 48% e 
nas colostomia de 35% com a existência da lesão por mais de 3 meses em 76% dos 
pacientes, porque mais de 80% das pessoas não buscaram uma orientação com 
profissional de saúde. Ratliff conclui que, a pesquisa que descreve as lesões da pele 
periestomia com configurações diferentes, há necessidade de um instrumento 
padronizado como um método viável para monitorar a incidência, a identificação de 
risco, a associação fatores e intervenções preventivas efetivas. Neste mesmo estudo, 
cita Bosio et al que será descrito com mais detalhes no corpo deste trabalho.82 
O estudo de revisão de literatura organizada por Beitz concluiu que a 
incidência de complicações em pele periestomia é muito variável de 6%a 66,8%, 
devido as diferenças de definições da terminologia, das populações avaliadas, do 
projeto de estudo e tempo de estudo, demonstrando a problemática para a 
comparações dos estudos.27 
 
 
42 
Taneja et al, em 2017 referiram que há aproximadamente 100 mil pessoas 
com estomias vivendo nos Estados Unidos e, em um estudo de coorte retrospectivo, 
entre 1 de janeiro de 2008 e 30 de novembro de 2012, com 128 pacientes, sendo que 
51 (40%) foram submetidos à colostomia, 64 (50%) foram submetidos a ileostomia e 
13 (10%) foram submetidos a urostomia e com idade média de 60,6 (± 15,6) anos, 
concluiu que durante esses 5 anos, aproximadamente 36,7% apresentaram 
evidências de lesões de pele periestomia no período de 90 dias após cirurgia, sendo 
7,7% para as derivações urinárias, 35,3% para colostomia, 43,8% para ileostomia, 
com tempo médio entre a cirurgia e o aparecimento das lesões de pele periestomia 
variando de 23,7 ± 20,5 dias e que os pacientes com lesão periestomia tiveram o 
período de internações na média de 21,5 dias versus 13,9 dias para aqueles sem 
lesões da pele periestomias. 83 
Steinhagen e Colwell, em 2017, referem que de 20 a 70% das pessoas com 
estomias experimentarão complicações das estomias e talvez até taxas maiores, se 
incluírem as lesões de pele periestomia, sendo 25 a 43% dos pacientes com 
ileostomia e 7 a 20% das pessoas com colostomias.84 
 
 
4.4.2 Causas das lesões da pele periestomia 
 
A lesão na pele periestomia é caracterizada por um processo patológico que 
envolve lesões de pele ao redor da estomia, que se manifestam por sinais de eritema, 
calor e dor, podendo ocorrer de forma aguda ou crônica, com ou sem ruptura da 
integridade da pele. Há fatores intrínsecos do paciente que pode ter predisposição 
para desencadear lesões, como as condições de uma doença de base, morbidades 
como: doenças cardíacas, respiratórias, metabólicas, hepática, autoimunes, a idade, 
principalmente nos extremos da vida. Os tratamentos anteriores como quimioterapia 
e/ou radioterapia, uso de corticoides entre outras medicações, podem interferir e 
propiciar lesões de pele.84-88 
A pele possui uma microflora bacteriana e, em estudos realizados, foram 
descritas culturas de bactérias de origem intestinal presentes na pele periestomia. 
Além das condições apresentadas, a pele, em toda sua extensão, contém uma 
microflora bacteriana, classificada como residentes e são encontradas na epiderme e 
no folículo piloso. A pele periestomia apresenta esta flora bacteriana com o 
 
 
43 
predomínio de bactérias entéricas e a distribuição de pilosidade na parede abdominal 
pode favorecer esse tipo de contaminação.89 
Outros fatores propiciam a possibilidade do surgimento lesões da pele 
periestomia que são considerados de etiologias externas, como o uso de agentes 
irritantes para higienização da pele ao redor da estomia, frequência e o período de 
exposição das eliminações (fezes e/ou urina). 83,84 
A construção da estomia também é considerada um dos fatores que contribue 
com a possível presença de lesão da pele periestomia e está diretamente 
correlacionada com a técnica cirúrgica do segmento exteriorizado, localização de 
implantação da estomia no abdome, que implicará na consistência e frequência da 
eliminações, o ângulo de drenagem, protrusão da estomia e fatores assistenciais 
como: equipamentos coletores ou adjuntos mal utilizados ou indevidamente 
prescritos, informação de como o paciente utiliza os equipamentos coletores debaixo 
das roupas, entre outros.83-88 
Atualmente, há evidências científicas, relatos de experiências de Enf ET e 
guidelines

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