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Maxwel Vitorino da Silva Conceitos de computação I Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Silva, Maxwel Vitorino da Conceitos de computação I / Maxwel Vitorino da Silva. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2020. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-65-5536-180-3 (ePub/2020) e-ISBN 978-65-5536-181-0 (PDF/2020) 1. Tecnologia da informação (TI) – Conceitos 2. Tecnologia da informação (TI) – Desenvolvimento 3. Arquitetura de computador : Hardware 4. Arquitetura de computador : Software I. Título. II. Série. 20-1157t CDD – 005 BISAC COM032000 Índice para catálogo sistemático 1. Tecnologia da informação 005 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Maxwel Vitorino da Silva CONCEITOS DE COMPUTAÇÃO I M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Márcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senac.br) Administrativo João Almeida Santos (joao.santos@sp.senac.br) Comercial Marcos Telmo da Costa (mtcosta@sp.senac.br) Acompanhamento Pedagógico Mônica Rodrigues dos Santos Designer Educacional Hágara Rosa da Cunha Araujo Revisão Técnica Marco Antonio Barreto Coordenação de Preparação e Revisão de Texto Luiza Elena Luchini Preparação de Texto Bianca Rocha Revisão de Texto Bianca Rocha Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Stephanie Reis Baldin Ilustrações Stephanie Reis Baldin Imagens iStock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2020 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 1 História e desenvolvimento da TI, 7 1 Impactos sociais, 8 2 Até o século XIX, 10 3 Século XIX, 11 4 Século XX, 12 5 Século XXI, 18 Considerações finais, 19 Referências, 20 Capítulo 2 A transformação do dado à criação do conhecimento, 23 1 Conceito de dado, 24 2 Conceito de informação, 26 3 Conceito de conhecimento, 27 4 Evolução da gestão dos dados e plataformas atuais de gestão, 28 5 Plataformas atuais de gestão, 32 Considerações finais, 34 Referências, 34 Capítulo 3 Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal, 37 1 Sistema numérico, 39 2 Sistema decimal, 41 3 Sistema binário, 42 4 Sistema hexadecimal, 47 Considerações finais, 50 Referências, 50 Capítulo 4 Operações numéricas e conversões de base, 53 1 Operações numéricas, 54 2 Conversão de decimal para binário, 60 3 Conversão de binário para decimal, 62 4 Conversão de decimal para hexadecimal, 63 5 Conversão de hexadecimal para decimal, 64 6 Conversão de hexadecimal para binário, 65 Considerações finais, 66 Referências, 67 Capítulo 5 Álgebra de Boole e funções booleanas, 69 1 Funções booleanas, 69 Considerações finais, 83 Referências, 84 Capítulo 6 Álgebra de Boole e postulados, 85 1 Álgebra de Boole, 85 2 Postulado da complementação, 87 3 Postulado da adição, 88 4 Postulado da multiplicação, 90 5 Propriedades algébricas, 92 6 Teoremas de De Morgan, 93 Considerações finais, 98 Referências, 98 6 Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Conceitos de computação I Capítulo 7 Arquitetura de computador – hardware, 99 1 CPU, 100 2 Memória, 104 3 Módulo de entrada/saída (E/S) ou input/output (I/O), 108 4 Barramentos, 109 Considerações finais, 113 Referências, 113 Capítulo 8 Arquitetura de computador – software, 115 1 Infraestrutura, 116 2 Aplicativos e utilitários, 129 Considerações finais, 130 Referências, 131 Sobre o autor, 133 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 História e desenvolvimento da TI A busca de cientistas, matemáticos e filósofos pela automatização do raciocínio e do cálculo marca o início da história da computação no século XIX. A partir desse período, ocorreram descobertas substanciais que impulsionaram avanços na área computacional e a introdução a conceitos nunca antes abordados, como o princípio da computabili- dade, cunhado pelo matemático e filósofo David Hilbert (1862-1943) (MATIYASEVICH, 1993). Em meados do século XX, a tese de Turing-Church possibilitou aos cientistas da época uma noção matemática bem definida e precisa do que seria um algoritmo (TURING, 1937). Também ocorreram des- cobertas fascinantes que impulsionariam a capacidade de processa- mento das máquinas, como a invenção do transistor e dos componen- tes integrados (CIs). 8 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Essas descobertas contribuíram para uma miniaturização do hardware, possibilitando seu comércio e utilização em larga escala. Todas essas evoluções determinaram o surgimento da tecnologia da informação (TI), área de estudo sem a qual uma organização ou em- presa não conseguiria gerenciar seus recursos de forma a se manter competitiva no século da informação. Neste capítulo, apresentaremos algumas importantes definições a respeito dos impactos nas relações com o advento da computação. Por meio da leitura deste capítulo, espera-se que o leitor tenha capacidade de contextualizar as mudanças sociais a partirdo prisma das evoluções técnicas que ocorreram, uma vez que se busca transmitir os conceitos mais básicos da ciência da computação, revisitando as grandes inven- ções, desde as primeiras máquinas de cálculo até os computadores com capacidade quântica de operação. Abordaremos alguns conceitos básicos sobre computação, desde a invenção das primeiras máquinas de contagem do século XIX, pas- sando pelos computadores do século XX, até os poderosos avanços ocorridos no século XXI. Pretendemos, de forma simples e concisa, estabelecer uma relação cronológica entre as evoluções técnicas in- corporadas no binômio hardware/software e seu impacto no rearranjo da sociedade. 1 Impactos sociais Entre os séculos XX e XXI, houve uma grande mudança no papel da tecnologia da informação nas organizações. A área de TI, de um pa- pel comum e restrito a empresas, se tornou uma ferramenta de gestão essencial. Não obstante, a informação é resultante do processamen- to, manipulação e organização de dados, de modo que represente uma modificação no conhecimento do sistema que a recebe (DAVIS; OLSON, 1987). A figura 1 ilustra esse processo. 9História e desenvolvimento da TI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 1 – Transformação de dados em informações em um sistema de informações Armazenamento de dados Dados Informação Conhecimento Processamento Interpretação Fonte: adaptado de Davis e Olson (1987, p. 718). Em um contexto globalizado e de avanços tecnológicos, Campos Filho (1994) define que os serviços de TI são amplamente utilizados das mais diversas formas, tais como no processo de automação in- dustrial e no comércio (no controle, gerenciamento e publicidade). Em consequência de sua posição dentro do mecanismo das organizações, a TI se tornou um elemento indispensável à otimização dos processos e integra-se aos serviços e produtos, tornando-se, por vezes, o próprio negócio, por exemplo, os sites de e-commerce. É possível perceber o impacto social da tecnologia da informação por meio dos dados esta- tísticos da distribuição de emprego nos Estados Unidos ao longo dos períodos de 1880 a 1980, conforme ilustrado no gráfico 1. Gráfico 1 – Escalada de empregos relacionados a tecnologia de informação nos Estados Unidos (1880-1980) 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 10% 5% 0% 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 Indústria Informação Serviços Agricultura Fonte: adaptado de Campos Filho (1994, p. 39). 10 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . No gráfico 1, compreende-se uma mudança na distribuição de em- prego no mercado de trabalho nos Estados Unidos. No período de 1880 a 1980, os empregos relativos a informação cresceram de cerca de 7,5% a 45%. Com a invenção dos transistores, houve o aumento na capaci- dade de processamento dos computadores, e, consequentemente, seu hardware sofreu mudanças, deixando de ocupar salas inteiras e tornando-se objetos de uso doméstico, os computadores pessoais (personal computers – PCs), ficando cada vez mais baratos e acessí- veis. O gráfico 2 mostra o crescimento do uso dos PCs de 1981 a 1989 no mercado norte-americano. Gráfico 2 – PCs em uso nos Estados Unidos (milhões de unidades) na década de 1980 10 20 30 40 50 60 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 Fonte: adaptado de Campos Filho (1994, p. 38). 2 Até o século XIX Muitos anos foram necessários até que Wilhelm Schickard (1592- 1635) desenvolveu uma máquina de cálculo, que era capaz de somar, subtrair, multiplicar e dividir. No entanto, sua descoberta se perdera du- rante a guerra dos trinta anos (FONSECA FILHO, 2007). Tempos depois, segundo Fonseca Filho (2007), foi atribuída a Blaise Pascal (1623-1662) 11História e desenvolvimento da TI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. a construção da primeira máquina calculadora, que somente somava e subtraía. A criação de Pascal foi aprimorada por Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1726), matemático alemão, que, em 1671, propôs uma nova maneira de efetuar multiplicações e divisões, por meio de adições e subtrações sucessivas (FONSECA FILHO, 2007). No entanto, em 1694, a máquina construída se mostrou pouco con- fiável e sujeita a muitos erros em suas operações. Todas essas máqui- nas, porém, nem de longe poderiam ser consideradas um computador moderno. Surge então uma pergunta relevante: o que define um compu- tador moderno? De acordo com Tanenbaum e Bos (2016), um computador moderno consiste em um ou mais processadores, alguma memória principal, discos, impressoras, um teclado, um mouse, um monitor, interfaces de rede e vários outros dispositivos de entrada e saída. (TANENBAUM; BOS, 2016, p. 7) Essa definição coincide com uma ideia preconizada no século pas- sado. Essa ideia de arquitetura de hardware foi bem definida na obra do ilustre matemático John von Neumann (1903-1957), como veremos adiante. 3 Século XIX No início do século XIX, o matemático alemão Leibniz lançou as ba- ses da lógica em um sentido formal e matemático, utilizando o sistema binário. Por volta de 1854, o matemático inglês George Boole (1815- 1864) publicou a obra As leis do pensamento, na qual apresentava os princípios da lógica booleana, em que as variáveis assumem apenas valores 0 e 1 (falso e verdadeiro). Era o começo de uma revolução, se- gundo escreve Theodore Hailperin (1986). Com essa nova lógica, era possível construir circuitos lógicos utilizando essas expressões defini- das por Boole, bem como a modelagem digital de problemas do mundo 12 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . físico. Sendo assim, a álgebra de Boole e seus postulados representa- ram o marco fundamental da eletrônica digital de circuitos. 4 Século XX Em meados da década de 1930, Claude Shannon (1916-2001) apre- sentou, em seu trabalho A symbolic analysis of relay and switching cir- cuits, uma metodologia de construção de placas de circuitos lógicos (SHANNON, 1938). A partir desse momento, uma nova forma de cons- trução de hardware estava para ser criada, com o objetivo de resolver problemas de simplificação de projetos de circuitos lógicos equivalen- tes, definindo, para essas construções lógicas, a utilização de relays. Na mesma época, John von Neumann concluiu o projeto lógico de um computador. Para isso, ele propôs “que as instruções fossem ar- mazenadas na memória do computador. Até então, elas eram lidas de cartões perfurados e executadas, uma a uma” (DUARTE; ZORZO, [s. d.], p. 3). Esse projeto ficou conhecido como “arquitetura de Von Neumann”, em homenagem ao matemático. Alan Turing (1912-1954) e Alonzo Church (1903-1995) propuseram, em suas teses, uma revolução no conceito de utilização de mecanismos e dispositivos para realização de cálculos complexos via algoritmo. Para que esse cálculo pudesse ser exequível,foram consideradas as variáveis tempo e armazenamento na máquina para facilitar o processamento na realização dos cálculos (TURING, 1937; CHURCH, 1936). PARA SABER MAIS Para saber mais sobre os estudos relacionados à história das primeiras máquinas computacionais, uma excelente indicação é o filme O jogo da imitação. Nesse filme, é possível compreender a importância do apa- recimento da computação, bem como o impacto dessa tecnologia no campo de batalha (O JOGO da imitação, 2014). 13História e desenvolvimento da TI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O século XX foi terreno fértil para o desenvolvimento da computação. Para darmos mais precisão à compreensão das evoluções técnicas, uti- lizaremos a terminologia “gerações” para descrever o desenvolvimento cronológico e o impacto dessa tecnologia na humanidade. Tanenbaum e Bos (2016) definem cinco gerações de computadores conhecidas até o momento. Veremos cada uma dessas gerações em detalhes. 4.1 Primeira geração (1945-1955) Tanenbaum e Bos (2016, p. 5) definem a primeira geração de com- putadores como sendo a que utilizava tubos e válvulas eletromecâni- cas, e sua programação era feita diretamente em código de máquina, geralmente pela conexão de plugs em painéis. Não existiam as linguagens de programação, nem sistemas operacionais. O ope- rador obtinha autorização para uso do computador, compilava seu programa e esperava a conclusão, se nenhuma válvula queimasse. (TANENBAUM; BOS, 2016, p. 5) O principal computador dessa geração, o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer, ou Computador e Integrador Numérico Eletrônico), possuía cerca de 19 mil válvulas, 10 mil capacitores e 70 mil resistores, pesava 30 toneladas, consumia 200 quilowatts de potência (energia de consumo para cem casas) e era capaz de executar 5 mil adições por segundo. Esse computador era utilizado para realização de cálculos balísticos e testes nucleares (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2008). As principais características da primeira geração são: tecnologia de tubos e válvulas eletromecânicas, somente linguagem de máquina su- portada, alto custo de manutenção e aquisição, dissipação de muito ca- lor, dispositivo de entrada/saída lento, grandes dimensões, necessidade de corrente alternada (CA), não portáteis e alto consumo de energia. 14 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4.2 Segunda geração (1955-1965) A máquina de Von Neumann foi criada por seu homônimo, John von Neumann, físico e matemático, em 1945, com base no trabalho de Alan Turing. O design foi publicado em um documento chamado Primeiro ras- cunho de um relatório sobre o EDVAC. O rascunho de Von Neumann des- crevia o primeiro computador com programas armazenados (SHANNON, 1958). Os computadores anteriores, como o ENIAC, eram conectados para executar uma tarefa. Se o computador tivesse que executar uma ta- refa diferente, teria que ser religado, o que era um processo tedioso. Com um computador de programa armazenado, um computador de uso geral pode ser construído para executar programas diferentes. Segundo Von Neumann, sua arquitetura devia possuir (SHANNON, 1958): • um processador central composto de uma unidade de controle e uma unidade aritmética/lógica; • uma unidade de memória; • armazenamento em massa; • dispositivos de entrada e saída. O design de Von Neumann forma, assim, a base da computação mo- derna. Um modelo semelhante, a arquitetura de Harvard, tinha endere- ços de dados e barramentos dedicados para leitura e gravação na me- mória. A arquitetura de Von Neumann venceu porque era mais simples de implementar em hardware real. Portanto, os computadores da segunda geração convergiam para o modelo proposto por Von Neumann, sendo que eram conhecidos como mainframes ou computadores de grande porte e, mesmo assim, custa- vam milhões de dólares. A maneira de operação das máquinas dessa geração consistia em o programador levar um conjunto de cartões per- furados com programas em Fortran ou Assembly (linguagem de mon- tagem) e esperar a impressão resultante (TOCCI, 1994). 15História e desenvolvimento da TI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. As principais características da segunda geração são: utilização de transistores mais confiáveis quando comparados com computadores da primeira geração, tamanho menor, hardware que dissipava menos calor, consumo menor de energia em comparação com os computa- dores da primeira geração, computadores mais rápidos do que os da primeira geração, computadores ainda muito caros e corrente alternada necessária. Alguns computadores dessa geração foram: IBM 1401, IBM 7094, CDC 1604, CDC 3600 e UNIVAC 1108. 4.3 Terceira geração (1965-1980) Segundo Tanenbaum e Bos (2016): A terceira geração de computadores é marcada pelo uso de cir- cuitos integrados (CIs) feitos de silício, também conhecidos como microchips. Um computador que representa esta geração foi o IBM’s System/360, voltado para o setor comercial e científico. Ele possuía uma arquitetura plugável, na qual o cliente poderia substi- tuir as peças que dessem defeitos. Além disso, as empresas pode- riam aumentar a capacidade do computador adquirindo um con- junto de periféricos que eram vendidos conforme a necessidade. (TANENBAUM; BOS, 2016, p. 7) Na figura 2, temos a estrutura de um mainframe com seus discos de armazenamento e a unidade de processamento, típico da terceira geração. Figura 2 – Computador mainframe 16 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Nessa geração, surgiram os dispositivos de entrada e saída, como o terminal de vídeo, o teclado e o disco magnético. Algumas linguagens de alto nível (FORTRAN-II A IV, COBOL, PASCAL PL /1, BASIC, ALGOL-68, etc.) foram usadas durante essa geração. 4.4 Quarta geração (1980-presente) A quarta geração de computadores é marcada pelo uso de circuitos integrados com tecnologia eletrônica VLSI (very large-scale integration),1 que são chips contendo milhares de transistores em um centímetro qua- drado de silicone, dando origem à era do computador moderno. Essa tecnologia possibilitou a implementação de circuitos integra- dos, que permitiram o desenvolvimento de computadores pessoais ou microcomputadores. Um computador muito comercializado nessa épo- ca foi o modelo Altair 8800, com sistema de disquete de 8 polegadas. Seu lançamento ocorreu em janeiro de 1975. Ele possuía uma CPU Intel 8080 de 2 MHz. Os computadores da quarta geração se tornaram mais poderosos, mais compactos, mais confiáveis e acessíveis. Essas inovações impul- sionaram a revolução dos computadores pessoais. Todas as lingua- gens de alto nível, como C, C++ e dBASE, foram implementadas nessa geração. A figura 3 apresenta o computador Apple II, comercializado na década de 1970. 1 VLSI (integração em larga escala) “é o grupo de CIs com um número de componentescompreendido entre 100.000 e 10 milhões de dispositivos por pastilha (são utilizados na implementação de microprocessadores)” (TOCCI, 1994, p. 23). 17História e desenvolvimento da TI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 3 – Computador Apple II, lançado em 1970 4.5 Quinta geração (1990-presente) Entre as principais características dos computadores da quinta ge- ração estão: utilização de tecnologia ULSI (ultra large-scale integration),2 desenvolvimento de inteligência artificial, desenvolvimento do proces- samento de linguagem natural, avanço no processamento paralelo, avanço na tecnologia de supercondutores, interfaces mais amigáveis com recursos multimídia e disponibilidade de computadores muito po- tentes e compactos a preços mais baratos. Outra característica da quinta geração é o uso de linguagens de alto nível, como C e C++, Java e .Net. A figura 4 mostra um típico escritório com os dispositivos da quinta geração, como smartphone, laptop e desktop. 2 ULSI (integração em escala ultralarga) “é o grupo de CIs com mais de 10 milhões de dispositivos por pastilha” (TOCCI, 1994, p. 23). 18 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 4 – Computadores da quinta geração: smartphone, laptop e desktop 5 Século XXI Podemos inferir que a sexta geração de computadores é marcada pela utilização de computação distribuída, computação em nuvem, dispositivos móveis, computação ubíqua, realidade aumentada, além dos poderosos computadores com poder quântico de processamento. Segundo Martin Giles (2019), em um artigo da revista MIT Technology Review, os computadores quânticos não se limitam a dois estados lógi- cos, eles codificam informações como bits quânticos, ou qubits, basea- dos na teoria da superposição e emaranhamento. Simplificadamente, os qubits são representados por átomos, íons, fótons ou elétrons e seus respectivos dispositivos de controle, para que, dessa forma, possam ser explorados para atuar como dispositivos de memória e processamento. Contudo, um dos grandes desafios da engenharia e da física é controlar a estabilidade dos níveis energéticos dos estados quânticos, para que seja possível sua codificação. Os controles de processo da IBM, da Google e da Rigetti Computing estão utilizando circuitos supercondutores resfriados a temperaturas mais frias que o espaço profundo. Outras empresas, como a IonQ, se- diada em College Park, Maryland, nos Estados Unidos, estão utilizando 19História e desenvolvimento da TI M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. um método no qual são confinados átomos individuais em um chip de silício, utilizando campos eletromagnéticos em câmeras de ultravácuo. Nos dois casos, o objetivo é isolar os qubits em um estado quântico estável (GILES, 2019). A figura 5 ilustra o hardware de um computador quântico. Figura 5 – Ilustração de um computador quântico Espera-se que todos esses avanços na velocidade de processamen- to desses supercomputadores contribuam para uma “nova era”, uma vez que teremos uma revolução, desde a implementação de carros inteligentes conectados à rede, dispositivos integrados IOT (do inglês, Internet of Things), até, possivelmente, uma integração corpo-máquina, bem como o aparecimento de novos nichos de serviços. Considerações finais Neste capítulo, foram apresentadas as cinco gerações de compu- tadores. Apesar de a história da computação ser curta, de 1943 até os dias atuais, houve um avanço tecnológico muito rápido. A primeira gera- ção de computadores utilizava a tecnologia baseada em tubos de vácuo e válvulas eletromecânicas. A segunda geração utilizava transistores. 20 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A terceira geração, por sua vez, utilizava os circuitos integrados. A quarta geração é conhecida pelo aparecimento dos computadores pesso- ais e por utilizar, em seu hardware, os microprocessadores. A quinta geração é bem representada pelos smartphones, laptops e desktops. Por fim, podemos classificar a sexta geração, dos computadores que possuem a caraterística de realização de processamento quântico. É importante salientar a grande evolução nas dimensões do hardware (“miniaturização”), graças às evoluções técnicas, tais como a invenção dos transistores e componentes integrados. Referências BRITO, Glaucia da Silva; PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e novas tecnolo- gias: um repensar. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2008. CAMPOS FILHO, Maurício Prates de. Os sistemas de informação e as modernas tendências da tecnologia e dos negócios. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 34, n. 6, p. 33-45, nov./dez. 1994. CHURCH, Alonzo. A note on the Entscheidungsproblem. The Journal of Symbolic Logic, v. 1, n. 1, p. 40-41, jun. 1936. Disponível em: https://www. cambridge.org/core/journals/journal-of-symbolic-logic/article/note-on-the- entscheidungsproblem/9461BEAD94BB16D56EC78933D7D67DEF. Acesso em: 17 out. 2019. DAVIS, G. B.; OLSON, M. H. Sistemas de información gerencial. Bogotá: McGraw-Hill, 1987. DUARTE, Lucio Mauro; ZORZO, Avelino F. Resumo sobre histórico dos com- putadores. Faculdade de Informática. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). [s. d.]. Disponível em: https://www.inf.pucrs.br/~zorzo/ ii/downloads/geracoes.pdf. 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Produção: Nora Grossman, Ido Ostrowsky e Teddy Schwarzman. Intérpretes: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode et al. Roteiro: Graham Moore. [S. l.]: Black Bear Pictures; Bristol Automotive; Orange Corp, 2014. SHANNON, Claude E. A symbolic analysis of relay and switching circuits. In: AIEE Summer Convention, Washington, D.C., 20-24 jun. 1938. SHANNON, Claude E. Von Neumann’s contributions to automata theory. Bulletin of the American Mathematical Society, v. esp.: John von Neumann 1903-1957, p. 123-129, 1958.TANENBAUM, Andrew S.; BOS, Herbert. Sistemas operacionais modernos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2016. TOCCI, Ronald J. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 5. ed. Prentice Hall do Brasil, 1994. TURING, Alan Mathison. On computable numbers, with an application to the Entscheidungsproblem. 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P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Sabemos que todos os campos do conhecimento necessitam de in- formação. Uma empresa de logística, por exemplo, precisa saber com a máxima exatidão a quantidade de rotas e otimizá-las de modo que o en- vio de mercadorias chegue sem atrasos, com custo mínimo. Um erro de estratégia na escolha dessas rotas ocasionaria um grande prejuízo para o negócio, e essa informação precisa estar sempre atualizada, todos os dias. Sendo assim, a gestão da informação, segundo Laudon e Laudon (2011), consiste no processo de atividades de busca, identificação, classificação, processamento, armazenamento e disseminação de informações independente- mente do formato ou meio em que se encontra, podendo ser docu- mentos físicos ou digitais. (LAUDON; LAUDON, 2011, p. 27) Ela é a responsável por armazenar os dados e transformá-los em informação, proporcionando a base para a tomada de decisão dentro das empresas. É comum o entendimento de que dado, informação e conhecimen- to sejam sinônimos, o que é um equívoco. Então, faz-se importante a desmistificação desses conceitos, para o real entendimento. Dado, in- formação e conhecimento são classificados em categorias distintas, porém estreitamente relacionadas. 1 Conceito de dado Podemos definir o termo “dado” como a representação de uma sé- rie de fatos, conceitos ou estatísticas que podem ser analisados para produzir informações. Alguns exemplos de dados são: o nome de um bairro, a idade de alguém e o número da quantidade vendida de um de- terminado produto. O dado pode ser considerado um elemento da infor- mação, que, tomado isoladamente, não possui significado relevante e 25A transformação do dado à criação do conhecimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. não conduz a nenhuma compreensão. Conforme Bio (1988), ele repre- senta algo que não tem sentido a princípio. De acordo com Davenport e Prusak (1998), dependendo da sua infor- mação, os dados podem ser classificados da seguinte forma: • Dado do tipo número: se a sua informação for um número inteiro ou decimal. • Dado do tipo texto: se possuir um conjunto de caracteres alfanuméricos. Os dados também podem ser divididos em dados qualitativos e da- dos quantitativos. Os dados qualitativos são relativos a qualidades. Por exemplo, em uma pesquisa sobre um produto, algumas respostas dos consumidores podem ser: “gostoso”, “muito bom”, “ruim” ou “péssimo”. Estes são todos exemplos de dados qualitativos, que estão qualificando algo. Já os dados quantitativos são relativos a quantidade. Por exemplo: quantidade de pessoas com mais de 18 anos, quantidade de pessoas desempregadas, quantidade de pessoas que ganham até um salário mínimo, etc. Conforme seu conteúdo, os dados ainda podem ser classificados da seguinte forma: • Dados contínuos: são dados quantitativos contínuos que assu- mem valores em um intervalo contínuo de números. Por exem- plo: viscosidade de um líquido, peso de uma pessoa, tempo para completar uma tarefa, custos de manutenção. Exemplos: 65 kg, 90 minutos, R$ 350,00. • Dados de contagem: são dados nos quais as observações po- dem somente tomar valores inteiros. Por exemplo: número de peças com defeito em um lote, número de roubos em um mês, número de erros da execução de uma tarefa. Exemplos: 20 peças com defeito, 100 roubos no mês, 5 erros na execução da tarefa. 26 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Dados de classificação: são dados que se constituem em abor- dagens para identificar, proteger e gerenciar informações que se tornaram rapidamente práticas. Exemplo: produto do tipo A ou produto do tipo B. Os dados podem se tornar difíceis de serem gerenciados por serem processados em diversas etapas e em diferentes locais. Algumas ra- zões para isso seria o crescente aumento da quantidade de dados ao longo do tempo, localizações dispersas dos dados dentro das organi- zações, métodos e dispositivos diversos utilizados para sua coleta e, ainda, as diferentes origens dos dados, podendo vir de fontes internas, externas e pessoais, o que leva ao aumento da sua digitalização. De acordo com Akabane (2012), esse crescimento proveniente do maior acesso a dispositivos eletrônicos e da popularização da internet contri- bui para uma revolução no processamento de dados. Isso nos leva ao conceito de Big Data, que, segundo Davis (2012), são dados muito volumosos para serem tratados e analisados por protocolos de banco de dados tradicionais como SQL (o que faz Big Data um termo que pode evoluir ao longo do tempo, o que é considerado agora Big Data pode muito rapidamente tornar-se pequeno). (DAVIS, 2012, p. 4) 2 Conceito de informação Uma das características que compõem o conceito de informação é que ela deve ser responsável pela “produção, seleção, organização, in- terpretação, armazenamento, recuperação, disseminação, transforma- ção e uso da informação” (GRIFFITH, 1980 apud CAPURRO, 2003, p. 4). De acordo com Tarapanoff (2006, p. 23) “a informação pode ser con- siderada: um fator determinante para a melhoria de processos, produ- tos e serviços, tendo valor estratégico em organizações”. 27A transformação do dado à criação do conhecimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Davenport e Prusak (1998) definem o tema informação como “uma mensagem, geralmente na forma de um documento ou uma comunica- ção audível ou visível” (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 4). Stair e Reynolds (2006) definem sistemas de informação como sendo um conjunto de elementos ou componentes inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam (processo) e disseminam (saída) dados e informações e oferecem um mecanismo de realimentação para atingir um objetivo. (STAIR; REYNOLDS, 2006, p. 12) A figura 1 ilustra o processo de transformação de dado em informação.Figura 1 – A transformação de dado em informação Dado Informação Processo de transformação (aplicação de conhecimento para selecionar, organizar e manipular os dados) Fonte: adaptado de Stair e Reynolds (2006, p. 7). Angeloni (2008) define um novo ponto de vista para a interpretação de eventos ou obje- tos, tornando-se visíveis aos significados antes invisíveis ou lan- çando luz sobre conexões antes inesperadas. Por isso, a informa- ção é um meio ou material necessário para extrair e construir o conhecimento. (ANGELONI, 2008, p. 23) 3 Conceito de conhecimento Podemos conceituar que conhecimento, o capital intelectual (ou recurso intelectual), é informação contextual, relevante e acionável, de modo que, em síntese, constitui-se da informação em movimento 28 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . (TURBAN; RAINER JR.; POTTER, 2007). A informação pode ser defini- da como valiosa, e a obtenção do conhecimento passa pelos crivos da reflexão, da síntese e do contexto. É uma tarefa árdua a estruturação de capturar em computadores. Normalmente, é tácita (não explícita), e sua transparência é complexa (AUDY; ANDRADE; CIDRAL, 2005). Segundo Smit, Tálamo e Kobashi (2004), é necessário ter um domínio interdisciplinar, passando pelo modo estático por meio da ciência da biblioteconomia, até chegar à ciência da informação, sendo este últi- mo um processo dinâmico. A figura 2 descreve esse movimento, que tem início na biblioteconomia, passando pela documentação e che- gando, enfim, à ciência da informação. Figura 2 – Eixo evolutivo do conhecimento Biblioteconomia (ênfase no estático) Documentação Ciência da informação (ênfase no dinâmico) Acervo Recuperação da informação Acesso à informação Transferência de informação Fonte: adaptado de Smit, Tálamo e Kobashi (2004, p. 9). 4 Evolução da gestão dos dados e plataformas atuais de gestão Os mecanismos de gestão do conhecimento atuais permitem a con- centração de dados, a fim de acumular e planejar, no contexto de geren- ciamento de informação. Para isso, muitas empresas desenvolveram ferramentas de gestão do conhecimento. Essas ferramentas, quando bem gerenciadas, permitem incremento de produtividade, competitivi- dade e inovação para as empresas que as utilizam. 29A transformação do dado à criação do conhecimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Essencialmente, essas ferramentas são capazes de armazenar o conhecimento, que pode ser os perfis dos funcionários, os perfis das empresas competidoras ou mesmo dados para uso político. Uma vez acumuladas essas informações em seus computadores, esses dados ficam disponíveis de maneira compartilhada no mesmo banco de dados da organização. Por meio desse banco de informações, é possível criar uma variedade de algoritmos e de aplicativos de tomada de decisão, que podem ser úteis para otimização dos negócios. Essas tecnologias podem fornecer conhecimento para todos os ní- veis hierárquicos da empresa, promovendo a comunicação entre todos os setores envolvidos. Segundo Stair e Reynolds (2006), algumas das principais vantagens da utilização do gerenciamento de dados são: • aumento da agilidade na gestão; • aumento da eficácia na tomada de decisão; • ganho de vantagem competitiva; • previsão de dificuldades e forma de evitá-las; • ampla capacidade de detecção de oportunidades. Para comprovar a capacidade de detecção de oportunidades forne- cida pela tecnologia, precisamos compreender o processo da aquisição de inteligência competitiva (IC). A IC é aplicada nos mais variados am- bientes, com o objetivo de extrair oportunidades e mitigar riscos. Segundo Valentim (2003), os ambientes interno e externo de uma or- ganização estão expostos a estratégias de ação de curto, médio e longo prazo, trazendo informações estratégicas sobre a situação do desem- penho dos seus concorrentes. O processo de detecção de oportunidade pode ser mais bem compreendido por meio da análise da figura 3. 30 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Figura 3 – Hierarquia da informação InteligênciaVantagem competitiva Processamento Informação Conhecimento Dados Síntese Análise Aprendizagem Experiência Elaboração Fonte: adaptado de Moresi (2000, p. 18). 4.1 Estudo de caso Vamos acompanhar alguns casos reais de empresas que inovaram seus processos com a utilização de soluções para gestão da informa- ção, corroborando para que a oferta de seus serviços fosse diferenciada da concorrência. 4.1.1 Caso eCourier Segundo Akabane (2012), a empresa inglesa eCourier tratou de forma inovadora o processo de gestão da informação, aplicando uma ousada estratégia de gestão de dados. A eCourier oferecia serviços de entrega de pacotes, sendo o seu maior desafio vencer a concorrência, que era de aproximadamente 350 empresas que ofereciam serviços similares. O objetivo principal da empresa era oferecer um serviço diferenciado, que surpreendesse as expectativas dos seus clientes. 31A transformação do dado à criação do conhecimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Para que isso fosse possível, a solução encontrada pelos gestores foi a implantação de inteligência competitiva, por meio dos seguintes processos internos: • Implantação de software de geolocalização (GPS). • Treinamento técnico dos seus funcionários. • Integração eletrônica em tempo real entre setores. • Acesso instantâneo sobre informações comportamentais dos seus clientes. Como as posições dos correios são rastreadas por GPS e um siste- ma inteligente de expedição atribui pedidos via GPRS, isso melhorou a eficiência do processo. Pode-se destacar que o maior diferencial dessa ferramenta é que o algoritmo distribui pedidos aos correios em tempo real com base na localização, no tráfego, no clima e na demanda. 4.1.2 Caso Lands’ End De acordo com Laudon e Laudon (2011), algumas empresas que desenvolvem produtos e serviços baseados em serviços informatiza- dos (SI), em curto prazo, são mais difíceis de serem copiadas pela concorrência, o que faz a lucratividade aumentar consideravelmente. A customização em massa, por exemplo, oferece a capacidade de ofe- recer produtos e serviços sob medida usando os mesmos recursos da produção em massa. Uma empresa que trabalha dessa forma é a Lands’ End, do ramo de vestuário. Seus clientes utilizam seu site para fazer encomendas de roupas passando suas medidas ao preencherem um formulário. As informações são transmitidas para a central, que desenvolve um mol- de eletrônico sob medida para cada cliente. Os moldes eletrônicos são transmitidos via rede a um fábrica, onde são utilizados para guiar as máquinas de corte. Utilizando essa estratégia, não há custos extras 32 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão aD is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . de produção, porque o processo não requer armazenamento adicional nem estoques, e o custo para os clientes é minimamente superior ao das roupas produzidas em massa. 4.1.3 Caso Dell Computer Corporation Outra empresa que tem seus serviços baseados em SI é a Dell Computer Corporation, que vende diretamente para o cliente final usando um sistema de fabricação sob demanda. Assim que recebe o pedido, o controle de produção da empresa passa as instruções para a linha de montagem, que construirá o computador de acordo com as configurações especificadas pelo cliente e usando componentes já existentes em seu almoxarifado. Laudon e Laudon (2011) explicam que os sistemas de informação são a chave para que as empresas consigam obter informações que permitam técnicas de vendas e de marketing alinhadas, habilitando as empresas a analisar os modelos de compras, os gostos e as preferên- cias dos clientes e tornando-as capazes de lançar com eficiência cam- panhas de marketing dirigidas a mercados-alvo cada vez menores. 5 Plataformas atuais de gestão Segundo Stair e Reynolds (2006, p. 12), os sistemas de informação baseados em computadores (computer-based information systems – CBIS) são “um conjunto único de hardware, software, bancos de da- dos, telecomunicações, pessoas e procedimentos que tem a função de coletar, manipular, armazenar e processar dados em informações”. Atualmente, as empresas de pequeno, médio e grande porte incorpo- ram em seus produtos e serviços informações baseadas em sistemas de computador (STAIR; REYNOLDS, 2006). A gestão do conhecimento é, em seu significado atual, um esforço para disponibilizar o conhecimento de uma organização àqueles que dela necessitam, quando, onde e da maneira que for necessária, com o 33A transformação do dado à criação do conhecimento M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. objetivo de aumentar o desempenho humano e organizacional (TERRA, 2000). De acordo com Stair e Reynolds (2006), o software chamado sistema de gestão de banco de dados (DBMS – database management system) em geral é usado para gerenciar o banco de dados, e o software chamado sistema de gestão de modelos (MMS, model management system) é utilizado para gerir a base de modelo. (STAIR; REYNOLDS, 2006, p. 25) Um outro exemplo é uma ferramenta de apoio à gestão, o sistema Vblock, da Virtual Computing Environment (VCE), que é um grupo de empresas da rede Cisco e a fornecedora de armazenagem de dados EMC. A VCE oferece soluções para a criação de uma plataforma em nuvem, ao mesmo tempo que elimina a necessidade de o usuário lidar com múltiplos fornecedores (STAIR; REYNOLDS, 2006). As plataformas de gestão do conhecimento são recursos disponí- veis às empresas, a fim de que estas possam gerir os dados, propor- cionando conhecimento e informação para que especialistas tomem decisões otimizadas e assertivas em seus negócios. Decisões otimizadas e assertivas podem ser alcançadas mediante utilização de softwares colaborativos. Esses softwares podem ser en- tendidos como todo aplicativo ou ferramenta que torna possível a troca de informações de forma ágil e, principalmente, simultânea e atualizada. A seguir, são listados dois softwares colaborativos que podem se utilizar de armazenamento de informação em nuvem: • Trello: aplicativo de gerenciamento de projetos. • Microsoft Teams: plataforma unificada de comunicação e co- laboração que combina bate-papo, videoconferências, arma- zenamento de arquivos e integração de aplicativos no local de trabalho. 34 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Considerações finais Neste capítulo, apresentamos um panorama com as definições de três entes muito importantes para organizações e empresas na tomada de decisão: os dados, a informação e o conhecimento. Essa trindade, quando trabalhada corretamente, transforma-se em uma ferramenta eficiente de gerenciamento, capaz de tornar o processo de análise dos dados mais inteligente e otimizado. Neste capítulo, foi possível destacar os dois principais softwares de gestão, sendo eles: softwares colabo- rativos e softwares utilizados com finalidade específica na tomada de decisão. Referências AKABANE, Getúlio Kazue. Gestão estratégica da tecnologia da informação: conceitos, metodologias, planejamento e avaliações. São Paulo: Atlas, 2012. ANGELONI, Maria Terezinha. Organizações do conhecimento: infraestrutura, pessoas e tecnologias. São Paulo: Saraiva, 2008. AUDY, Jorge Luis Nicolas; ANDRADE, Gilberto Keller; CIDRAL, Alexandre. Fundamentos de sistemas de informação. Porto Alegre: Bookman, 2005. BIO, Sérgio Rodrigues. Sistemas de informação: um enfoque gerencial. São Paulo: Atlas, 1988. CAPURRO, Rafael. Epistemologia e ciência da informação. 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Compreenderemos, também, algumas aplicações práti- cas, tais como a codificação BCD e o padrão alfanumérico ASCII, ado- tado na computação. 38 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Com a necessidade de manter registros de animais e outros bens, a numeração escrita data de épocas mais primitivas. O sistema utilizava marcas ou traços em paus, pedras, etc., com a aplicação da correspon- dência biunívoca (correspondência entre os elementos de dois conjun- tos, tal que a cada elemento de um corresponda a um e somente um elemento do outro conjunto). Cajori (1993) define que os sistemas de escrita numérica mais primitivos provêm dos egípcios e dos babilônios e datam aproximadamente do ano 3500 a.C. Já o computador é capaz de entender apenas dois tipos de sinais, zero (0) e um (1), ou seja, a presença de corrente elétrica ou sua au- sência em algum ponto de seu circuito. Assim, podemos dizer que sua linguagem natural é de base 2 (binária). De acordo com Tocci, Widmer e Moss (2011), na representação di- gital, os valores são representados por símbolos conhecidos como dí- gitos, e não de acordo com um sistema decimal. Podemos citar como exemplo o relógio digital. Ele mostra as horas e os minutos no formato de dígitos decimais. Dessa forma, a mudança do tempo mostrada pelo relógio se dá por etapas, e não continuamente, como realmente acon- tece. Podemos concluir que a representação digital da hora muda de forma discreta e a representação das horas por um relógio de ponteiro é mostrada de forma contínua. A principal diferença entre grandezas analógicas e digitais, por- tanto, pode ser simplesmente indicada como analógico-contínuo e digital-discreto. Na leitura de representações digitais, não há equívo- co, por se tratar de uma natureza discreta. Já para leituras analógicas, podem acontecer diferentes interpretações. Na prática, normalmente “arredondamos” o valor analógico lido para um valor aproximado mais conveniente. A representação digital é o resultado da atribuição de um número de precisão limitada a uma grandeza contínua. Por exemplo, quando medimos uma temperatura usando um termômetro de mer- cúrio (analógico), a marcação normalmente fica entre duas linhas de 39Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. graduação e temos que escolher uma linha mais próxima e um número, por exemplo, 36,5 °C. 1 Sistema numérico Para entendermos os sistemas de representação de símbolos numé- ricos, é necessário conhecer a necessidade de utilização para o sistema de medidas, tais quais as utilizadas no sistema agrícola do Egito antigo. Segundo Doberstein (2010, p. 28), as medidas adotadas pelos egípcios facilitavam a construção de diques para armazenamento de alimentos e o desenvolvimento de sua agricultura. O sistema de medição egípcio era baseado no comprimento de partes do corpo, como ilustrado na figura 1. Figura 1 – Sistema de medição no Egito antigo Dígito: a largura de um dedo. Palmo: a largura de quatro dedos. Cúbito: a distância do cotovelo à ponta do dedo médio. Existem evidências de que os egípcios utilizavam um sistema de nú- meros decimais há 5 mil anos. O sistema de numeração romana, pre- dominante há centenas de anos, também era um sistema de números decimais (embora organizado de forma diferente do sistema de números arábicos da base 10, com o qual estamos mais familiarizados). De acordo 40 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . com Boyer e Merzbach (2012), os números foram estudados exaustiva- mente pelos gregos, e, por um longo tempo, a escola grega, mais preci- samente a pitagórica, defendia que tudo no universo era constituído de números. Kronecker (1857) é muitas vezes citado por ter dito: “Deus criou os números inteiros; tudo o mais é obra do homem”, considerando que o sistema de números reais foi erigido por matemáticos com base nos fundamentos intuitivamente óbvios fornecidos pelos números inteiros. De acordo com Clarke (1982), o surgimento da expressão “número real” se deu com René Descartes (1596-1650) em 1637, quando este apresentou as raízes de equações expressas por números imaginários, e tal expressão ainda é utilizada até hoje. (CLARKE, 1982, p. 48) Gauss (1777-1855) foi quem aprimorou a ideia de números reais e imaginários por meio de equações que não possuíam discriminante positivo. De acordo com Clarke (1982, p. 7), foi necessário que um grande período se passasse até que os trabalhos com os números irracionais fossem evitados, e somente 2.500 anos depois foi possível estabelecer a construção axiomática dos números reais. A matemática apresenta um conceito de representação bem defi- nida. A reta real ou a reta do número real é a reta cujos pontos são os números reais. Ou seja, a reta real é o conjunto IR de todos os números reais, vistos como um espaço geométrico, ou seja, o espaço euclidiano da dimensão unitária. A reta real da figura 2 reúne os números inteiros 1, 2 e 3, os números 1 5inteiros negativos -1 e -2, os número fracionários positivos e , 2 21o número fracionário negativo - e a representação de números deci-2 mais 0,5, -1,5, bem como os irracionais 2 e - 3 , e o π. 41Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 2 – Reta real 1 2 5 2 0,5-1,5 -2 -1 0 1 2 π = 3,14159... 3 ... IR ... 1 2 - 3- 2 2 Sistema decimal O sistema métrico decimal tem sido o mais amplamente utiliza- do, desde que a civilização começou a contar. De acordo com Tocci, Widmer e Moss (2007), o sistema decimal utiliza a base 10, sendo assim, essa base possui dez símbolos. São eles: {0,1,2,3,4,5,6,7,8,9}. As posições dos dígitos são representadas por meio de potências de 10. Estas são conhecidas como unidade, centena, milhar, e assim por diante. A figura 3 ilustra a representação do sistema decimal, com os dígitos mais significativos (most significant digits – MSD) e os dígitos menos significativos (least significant digits – LSD). Figura 3 – Representação em sistemas numéricos em potências de 10 Dígitos menos significativos (LSD)Dígitos mais significativos (MSD) ... ...103 102 101 100 10-1 10-2 10-3 Agora, vamos acompanhar um exemplo para compreendermos me- lhor essa representação: (234)10 = 2 × 10 2 + 3 × 101 + 4 × 100 MSD = 2 LSD = 4 42 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en acE AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Ou, ainda: 2 × 100 + 3 × 10 + 4 × 1 = (234)10 3 Sistema binário De acordo com Haykin e Moher (2008), para determinado código bi- nário, cada símbolo pode ser de um dentre dois valores distintos, tal como pulso negativo ou pulso positivo. Os dois símbolos de um código binário são, geralmente, representados por 0 e 1. Tocci, Widmer e Moss (2011) definem que o sistema binário se utiliza da base 2, sendo assim, essa base possui dois dígitos. O alfabeto do sistema binário é represen- tado pelo conjunto de dois dígitos {0,1}. O sistema numérico binário pode ser representado pelo símbolo zero, utilizando o algarismo 0, e pelo símbolo um, utilizando o algarismo 1. Para as demais representações, utilizamos agrupamentos de 0 e 1. Haykin e Moher (2008) apresentam algumas das vantagens de utili- zação de um código representado por uma sequência binária: • A vantagem máxima sobre os efeitos de ruído em uma mídia de comunicação é obtida utilizando um código binário, pois o símbolo binário suporta um relativo nível alto de ruído. • O código binário é fácil de ser gerado e regenerado. Suponha que, em um código binário, cada palavra de código consista em R bits. O bit é um acrônimo para dígito binário. Sendo assim, R represen- ta o número de bits por amostra. Logo, utilizando esse código, podemos representar um total de 2R números distintos. Exemplificando, uma amostra quantizada em um de 256 níveis pode ser representada por um código com 8 bits, pois 28 bits = 256 possibili- dades. Contudo um número de bits forma níveis de representação pos- síveis para uma distribuição de possibilidades binárias. No sistema de 43Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. numeração binário, cada dígito possui um peso, que é uma potência de 2, como veremos na figura 4. Figura 4 – Representação em sistemas numéricos em potências de 2 Dígitos menos significativos (LSD)Dígitos mais significativos (MSD) ... ...23 22 21 20 2-1 2-2 2-3 Ao efetuarmos o lançamento de uma moeda, podemos obter dois resultados possíveis: {cara,coroa}. Assim, poderíamos associar esses dois resultados da seguinte forma: cara como sendo 1 e coroa como sendo 0, ou vice-versa. Poderíamos, também, até mesmo associá-los a verdadeiro ou falso: {verdadeiro,falso}, e assim por diante. Esse tipo de representação binária é utilizado no projeto da arquite- tura de funcionamento interno de um computador, porém, você terá que aprender a pensar em um sistema numérico um pouco diferente, o sis- tema de números binários, também conhecido como sistema base 2. Seguindo essa mesma regra, podemos representar as demais quan- tidades. A tabela 1 ilustra a sequência de numeração do sistema binário até o número 9. Tabela 1 – Números do sistema decimal 0 a 9 no sistema binário Decimal Binário 0 0 1 1 2 10 3 11 (cont.) 44 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Decimal Binário 4 100 5 101 6 110 7 111 8 1000 9 1001 O termo “bit” (do inglês, “binary digit”) é dado a todo dígito binário, sendo que o conjunto de 4 bits recebe o nome de “nibble”, e o conjunto binário formado por 8 bits recebe o nome de “byte”. Segundo Tocci, Widmer e Moss (2007), todos os dados que são armazenados ou pro- cessados em um computador podem ser representados na forma de bits. No entanto, com um único bit, podemos representar dois estados possíveis, sendo assim, para resolver essa limitação, os computado- res trabalham com agrupamentos de bits. De acordo com Tocci, Widmer e Moss (2011), os microprocessado- res projetados nas décadas de 1970 e 1980, como o Intel 8080, podiam operar com 8 bits de cada vez. Já os hardwares que utilizavam micropro- cessadores Intel 8088 e Intel 80286 operavam com 16 bits (apesar de aceitarem também instruções e dados de 8 bits). Microprocessadores como o Intel 80386, o Intel 80486 e o Pentium operavam com 32 bits (apesar de aceitarem também instruções e dados de 8 ou 16 bits). Sempre que um microprocessador, uma memória ou outro chip qual- quer precisar receber ou transmitir dados, esses dados são transferidos na forma de bits. Segundo Tocci, Widmer e Moss (2011), para que a transferência de dados seja mais rápida, esses bits não devem ser transferidos um de cada vez, mas, sim, vários de uma só vez. No entanto, utilizando um 45Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. único fio, só é possível transmitir um bit de cada vez. Com oito fios, pode-se realizar a transmissão de 8 bits de cada vez. Essa técnica de transmissão de dados é muito mais rápida que a transmissão em fio único, contudo os bits nos computadores são sempre transmitidos em grupos de 8, 16 ou 32 bits. É muito importante, para o conhecimento técnico de computação, entender a representação em agrupamento de bits, bem como as uni- dades de armazenamento de dados: • Um agrupamento de 4 bits é chamado de “nibble”. • Um agrupamento de 8 bits é chamado de “byte”. • Um agrupamento de 16 bits é chamado de “word”. • Um agrupamento de 32 bits é chamado de “double word”. • Um agrupamento de 64 bits é chamado de “quad word”. As unidades de medidas de armazenamento de informação são (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007): • Bit: número que pode representar apenas dois valores: 0 e 1. • Byte: grupo de 8 bits. Pode representar valores numéricos entre 0 e 255. Pode também ser usado para representar caracteres. Cada caractere ocupa um byte. • Kilobyte (KB): um grupo de aproximadamente 1.000 bytes. • Megabyte (MB): um grupo de aproximadamente 1.000.000 bytes. • Gigabyte (GB): um grupo de aproximadamente 1.000.000.000 bytes. Tocci, Widmer e Moss (2007) definem que os bytes podem ser usa- dos para representar números, caracteres, figuras ou qualquer outro tipo de dado armazenado ou processado em um computador. Exemplos: 46 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • A: 01000001. • E: 01000101. • F: 01000110. Na prática, alguns técnicos e estudantes da área de computação acabam, de forma imperceptível, decorando esses valores, porém, não acreditamos ser produtivo decorar esses números para o entendimento técnico e a utilização de computadores. O que denota importância salu- tar para o estudante de computação é a compreensão por trás dos bas- tidores, ou seja, quando pressionamos a tecla “E”, o teclado transmitirá para o computador um código que representa essa letra. Esse código, que você não precisa decorar, é 01000101. Tocci, Widmer e Moss (2007) ressaltam que não é importante saber qual é o código, mas é importante saber que ele é formado por 8 bits,que ficarão armazenados na memória do computador, ocupando exata- mente 1 byte. Neste ponto, veremos o significado das abreviaturas: KB (kilobyte), MB (megabyte) e GB (gigabyte). Previamente, definiu-se que 1 KB é aproximadamente 1.000 bytes. Na verdade, 1 KB são 1.024 bytes. Esse número foi selecionado porque sua representação binária é muito mais simples que a representação do número 1.000: 1.000 = 01111101000 em binário, enquanto 1.024 = 10000000000 em binário (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2011). Uma aplicação conhecida em sistemas digitais é a utilização da codificação BCD (binary-coded decimal). Esse código é utilizado para apresentar números decimais em formato binário. Por meio dessa co- dificação, cada dígito é convertido em um binário equivalente. É impor- tante ressaltar que o sistema de codificação BCD não é um sistema numérico. É um número decimal com cada dígito codificado para seu equivalente binário (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007). Uma das principais vantagens do BCD é a relativa facilidade de conversão em decimal, e vice-versa. 47Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Agora, vamos aprender a codificar o número 95310 para BCD, onde cada dígito decimal é representado por 4 bits. Tabela 2 – Representação do número 95310 em BCD 9 5 3 Decimal 1001 0101 0011 BCD Para decodificar o código BCD 1001001110000001 em seu equiva- lente decimal, é necessário agruparmos os dígitos em agrupamentos de 4 bits, conforme apresentado na tabela 3. Tabela 3 – Decodificação do código em decimal 1001 0011 1000 0001 BCD 9 3 8 1 Decimal Um equívoco frequente é confundir a codificação BCD com con- versão binária simples, visto que a codificação BCD é digito a digito. Exemplo: 13710 = 100010012 (número binário) 13710 = 0001 0011 0111 (codificação BCD) 4 Sistema hexadecimal Segundo Tocci, Widmer e Moss (2007), o sistema hexadecimal utili- za a base 16, sendo assim, essa base possui 16 símbolos, que podem vir seguidos de um número correspondente à sua base ou de uma letra, por exemplo, 48H. A nomenclatura “hexadecimal” é usada devido aos termos “hexa”, que significa “6”, e “deci”, que representa “10”, portanto, indicando a base 48 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 16. Cada número hexadecimal significa 4 bits de dados binários. Um byte é criado por 8 bits e é representado por dois dígitos hexadecimais. As posições dos dígitos são representadas por potências de 16, as- sim como realizado na representação decimal. A figura 5 apresenta as posições dessas potências de base 16. Figura 5 – Representação em sistemas numéricos em potências de 16 Dígitos menos significativos (LSD)Dígitos mais significativos (MSD) 163164 162 161 160 16-1 16-2 16-3 16-4 Os algarismos do sistema numérico hexadecimal são: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E e F. Os símbolos/letras A, B, C, D, E e F valem, res- pectivamente: 10, 11, 12, 13, 14 e 15. NA PRÁTICA No sistema hexadecimal, fica mais fácil a representação de dados. Exemplos: • Para representar um nibble (0000 a 1111), basta exatamente um algarismo hexadecimal (0 a F). • Para representar um byte, bastam dois algarismos (00 a FF). • O número binário 01011111 em hexadecimal é representado apenas por 5F. • Um MAC address de placa de rede é representado por 00-5F-FF-E- 0-AA-FF em vez de 0-95-255-224-170-255. • A cor RGB (255,0,204) é representada apenas por #FF00CC. Para uma melhor compreensão da conversão numérica, vamos to- mar o exemplo de conversão de um número da base 16 para a base 10: 49Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. (210)16 = 2 × 16 2 + 1 × 161 + 0 × 160 = (528)10 A tabela 4 apresenta a codificação dos símbolos em três diferentes bases: hexadecimal, decimal e o binário. Tabela 4 – Representação dos sistemas numéricos hexadecimal, decimal e binário Hexadecimal Decimal Binário 0 0 0000 1 1 0001 2 2 0010 3 3 0011 4 4 0100 5 5 0101 6 6 0110 7 7 0111 8 8 1000 9 9 1001 A 10 1010 B 11 1011 C 12 1100 D 13 1101 E 14 1110 F 15 1111 Fonte: adaptado de Tocci, Widmer e Moss (2007). 50 Conceitos de computação I Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Uma aplicação prática dos sistemas alfanuméricos é o código alfanu- mérico mais conhecido por ASCII. Essa codificação foi construída para representação de todos os caracteres e funções encontrados em um te- clado de computador (26 letras minúsculas e 26 maiúsculas, 10 dígitos, 7 sinais de pontuação e de 20 a 40 outros caracteres). Em sua estrutura, utiliza 7 bits: 27 = 128 possíveis grupos de código. Pode ser utilizado para transferir informações entre computadores, entre computadores e im- pressoras e para armazenamento interno (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007). PARA SABER MAIS O ASCII (American Standard Code for Information Interchange, ou Código Padrão Americano para Intercâmbio de Informações) tornou-se um dos códigos mais utilizados da atualidade. Para saber mais, pesqui- se por “tabela ASCII”. Na internet, existem muitos exemplos disponíveis. Considerações finais Neste capítulo, foram apresentados as definições e o contexto histó- rico para os sistemas de numeração mais utilizados pela humanidade. Esses sistemas numéricos são descritos como sistemas decimal, biná- rio e hexadecimal. Além disso, foram demonstrados alguns exemplos de representação para sistema numérico, sua utilização na computa- ção e suas vantagens e desvantagens. Referências BOYER, Carl B.; MERZBACH, Uta C. História da matemática. São Paulo: Blucher, 2012. CAJORI, Florian. A history of mathematical notations. New York: Dover Publications, 1993. 51Sistemas de numeração decimal, binário e hexadecimal M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. CLARKE, Desmond M. Descartes’ philosophy of science. Manchester: Manchester University Press, 1982. DOBERSTEIN, Arnoldo W. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em: www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf. Acesso em: 19 nov. 2019. HAYKIN, Simon; MOHER, Michael. Sistemas modernos de comunicações wireless. Porto Alegre: Bookman, 2008. KRONECKER, Leopold. Zwei Sätze über Gleichungen mit ganzzahligen Coefficienten. Journal für die reine und angewandte Mathematik, v. 53, p. 173- 175, 1857. TOCCI, Ronald J.; WIDMER, Neal S.; MOSS, Gregory L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. TOCCI, Ronald J.; WIDMER, Neal S.; MOSS, Gregory L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. 53 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da
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