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A gestão de saúde e segurança no trabalho em tempos de pandemia de Covid-19

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
MARCOS VINÍCIUS FREITAS DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE 
PANDEMIA DE COVID-19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVA CRUZ, RN 
2021 
Marcos Vinícius Freitas da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE 
PANDEMIA DE COVID-19 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Coordenação do curso de Administração a 
distância da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, como requisito parcial para a 
obtenção do título de bacharel em 
Administração. 
 
Orientadora: Lucila Moura Ramos 
Vasconcelos, D. Sc. 
Co-orientadora: Bianca Josefa Ribeiro de 
Oliveira, Esp. 
 
 
 
 
 
NOVA CRUZ, RN 
2021 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas – CCSA 
 
 
 Silva, Marcos Vinícius Freitas da. 
 A gestão de Saúde e Segurança no Trabalho em tempos de 
pandemia de COVID-19 / Marcos Vinícius Freitas da Silva. - 2021. 
 60f.: il. 
 
 Monografia (Graduação em Administração Pública) - Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais 
Aplicadas, Curso de Administração Pública. Natal, RN, 2021. 
 Orientadora: Profa. Dra. Lucila Moura Ramos Vasconcelos. 
 Coorientadora: Tutora Esp. Bianca Josefa Ribeiro de Oliveira. 
 
 
 1. Administração pública - Monografia. 2. Segurança do 
Trabalho - Monografia. 3. Pandemia de Covid-19 - Monografia. I. 
Vasconcelos, Lucila Moura Ramos. II. Oliveira, Bianca Josefa 
Ribeiro de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
IV. Título. 
 
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 35:61 
 
 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
 
 
Marcos Vinícius Freitas da Silva 
 
 
 
 
 
A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE 
PANDEMIA DE COVID-19 
 
 
 
Monografia apresentada à Coordenação do 
curso de Administração a distância da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
composta pelos seguintes membros: 
 
 
Aprovada em: ____/_____/____ 
 
 
 
_____________________________________________________________ 
Profª D. Sc. Lucila Moura Ramos Vasconcelos 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Orientadora 
 
 
_____________________________________________________________ 
Profª D. Sc. Anne Emília Costa Carvalho 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Membro 
 
 
_____________________________________________________________ 
Profª D. Sc. Dinara Lesley Macedo e Silva Calazans 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Membro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, por ter me proporcionado sabedoria 
para trilhar minha caminhada bem como a minha esposa, Maria 
Lucineide da Silva, pelo companheirismo, carinho, incentivo e amor. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, por sua infinita misericórdia e ter me dado sabedoria para elaborar e 
concluir este trabalho 
A Maria Lucineide, minha esposa e maior incentivadora em momentos de angustias e 
desânimos, para que eu não desistisse e pudesse prosseguir. À minha filha e amiga Victória 
Ruama, por me orientar nos caminhos da UFRN digital e por estarem ao meu lado em mais 
esta conquista. 
A Genilda Gomes, uma serva de Deus a qual temos uma grande gratidão e que nos 
acolheu no seio de sua família e nos apresenta a Deus em suas orações como se fossemos seus 
filhos. 
Aos amigos Fábio Alves e Marcelo Silva por suas ajudas durante esta graduação em 
vários trabalhos que compartilhamos e nos dedicamos para alcançar sempre a excelência. Não 
poderia deixar de fora todos os meus colegas de classe que de alguma forma também 
contribuíram neste processo, bem como os antigos amigos pela compreensão de minha 
ausência em eventos promovidos por eles nestes períodos de estudos. 
À minha orientadora, Lucila Moura Ramos Vasconcelos, por ter aceitado o desafio 
desse trabalho e ter conduzido com objetividade, paciência e muita sabedoria. Agradeço 
também à professora Matilde Medeiros por ter me dado orientações desde o início deste curso 
sobre as formatações necessárias e o conteúdo de um Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. 
Registro aqui que sendo um trabalho individual e por muitas vezes solitário, o auxílio 
de todos nesta caminhada, me fortaleceu e deu base para realização deste sonho meu e de 
meus pais (In Memoriam). A realização desta pesquisa é fruto do apoio de todos. Para cada 
um de vocês, dedico estas páginas de conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o 
melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, 
não sou o que era antes.” 
Marthin Luther King 
 
RESUMO 
 
 
A Saúde e Segurança do Trabalho é uma necessidade a ser desenvolvida em todos os 
ambientes laborais, que tem como finalidade a garantia da integridade física e mental dos 
trabalhadores. Este trabalho desenvolve-se com o objetivo de compreender a percepção de um 
administrador público sobre saúde e segurança do trabalho em tempos de pandemia de 
COVID-19. Neste sentido, buscou-se entender as atividades deste profissional dentro de uma 
Unidade de Pronto Atendimento pública e compreender a gestão de saúde e segurança do 
trabalho ali empregada em seu corpo de servidores para o enfrentamento da pandemia 
mundial. Para o aprofundamento neste assunto, houve a necessidade de uma pesquisa 
exploratória de natureza qualitativa, que além de um estudo bibliográfico amplo, se valeu de 
uma entrevista semiestruturada aplicada para a coleta dos dados de campo. Estes dados foram 
divididos em três partes e categorizados para uma melhor análise destes conteúdos. A 
primeira categoria de análise foi o trabalho da administradora na Unidade de saúde, a segunda 
teve por base a gestão pública e a saúde e segurança do trabalho e a terceira categoria 
preocupou-se em saber do enfrentamento à pandemia de COVID-19. Após o tratamento 
destes dados, concluiu-se que neste universo pesquisado, a visão da administradora ainda não 
é suficiente para uma gestão segura em SST de um modo geral. O que contribui para que isso 
ocorra e chegue-se a esta conclusão, é motivado pela omissão legal e regulamentar sobre este 
tema no regime estatutário público, e isso exige do administrador uma preocupação maior na 
garantia da integridade física e mental dos servidores da área da saúde, principalmente em 
tempos difíceis de pandemia de COVID-19. 
 
Palavras-chave: Segurança do trabalho. Saúde. Gestão pública. COVID-19. 
 
ABSTRACT 
 
 
Occupational Health and Safety is a need to be developed in all work environments, which 
aims to guarantee the physical and mental integrity of workers. This work aims to understand 
the perception of a public administrator about health and safety at work in times of COVID-
19 pandemic. In this sense, we sought to understand the activities of this professional within a 
public Emergency Care Unit and understand the management of health and safety at work 
there employed in its staff to face the global pandemic. To go deeper into this subject, there 
was a need for an exploratory research of a qualitative nature, which, in addition to a broad 
bibliographic study, made use of a semi-structured interview applied to collect field data. 
These data were divided into three parts and categorized for a better analysis of these 
contents. The first category of analysis was the work of the administrator at the Health Unit, 
the second was based on public management and health and safety at work, and the third 
category wasconcerned with knowing how to deal with the COVID-19 pandemic. After 
processing these data, it was concluded that in this universe studied, the administrator's vision 
is still not enough for a safe management in OSH in general. What contributes to this 
happening and reaching this conclusion, is motivated by the legal and regulatory omission on 
this subject in the public statutory regime, and this requires the administrator to be more 
concerned in ensuring the physical and mental integrity of the servers in the area of health, 
especially in difficult times of the COVID-19 pandemic. 
 
Keywords: Work safety. Health. Public management. COVID-19. 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
CF – Constituição Federal 
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho 
EPI – Equipamento de Proteção Individual 
LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho 
MS – Ministério da Saúde 
NBR – Norma Brasileira 
NR – Norma Regulamentadora 
OIT – Organização Internacional do Trabalho 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional 
SBMT – Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 
SEPRT – Secretaria Especial da Previdência e Trabalho 
SST – Saúde e Segurança do Trabalho 
SUS – Sistema Único de Saúde 
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UPA – Unidade de Pronto Atendimento 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 PARTE INTRODUTÓRIA 12 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA 12 
1.2 OBJETIVOS 17 
1.2.1 Objetivo Geral 17 
1.2.2 Objetivos Específicos 17 
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 17 
1.4 APRESENTAÇÃO 19 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 
2.1 A ADMINISTRAÇÃO 21 
2.2 A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 22 
2.2.1 A Saúde e Segurança do Trabalho no Regime Celetista 24 
2.2.2 A Saúde e Segurança do Trabalho no Regime Estatutário 26 
2.3 A PANDEMIA DE COVID-19 28 
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 30 
3.1 NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 31 
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 33 
3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA 33 
3.4 COLETA DE DADOS 34 
3.4.1 Cenário da Pesquisa 35 
3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 36 
3.5.1 Tratamento dos dados 36 
3.5.2 Dificuldades do estudo 36 
3.5.3 Análise de dados 36 
3.5.4 Unidades de análise 39 
3.5.5 Definições das categorias de análise e a exploração dos elementos 39 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 41 
4.1 O TRABALHO DA ADMINISTRADORA PÚBLICA NA UPA 41 
4.2 A GESTÃO PÚBLICA E A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 43 
4.2.1 Conhecimento sobre o tema SST 43 
4.2.2 Gestão da matéria de SST 44 
 
4.2.3 Proteção dos trabalhadores e pessoas para o atendimento 45 
4.2.4 Adicionais legais para os servidores 46 
4.3 ENFRENTAMENTOS À PANDEMIA DE COVID-19 47 
5 CONCLUSÃO 49 
REFERÊNCIAS 51 
APÊNDICES 57 
APÊNDICE A – PROTOCOLO DE REVISÃO DE LITERATURA 58 
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA 59 
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 60 
 
 
 
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1 PARTE INTRODUTÓRIA 
 
 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO 
 
 
No decorrer de uma vida, o trabalho ganha enorme destaque por consumir uma 
parcela considerável deste tempo (WHO apud MARTINEZ, 2017), de certo modo chega a ser 
maior do que o destinado ao lazer, e por isso deveria ser desenvolvido num ambiente 
prazeroso e ideal para contribuir com a sua saúde. Porém, muitas vezes, este trabalho é 
desenvolvido em ambientes inapropriados e coloca os trabalhadores expostos a riscos 
ocupacionais gerados principalmente pela particularidade da atividade ou mesmo dos 
maquinários utilizados. No contexto real, percebe-se que frequentemente ocorrem doenças e 
acidentes nestes ambientes que podem limitar a integridade física e mental dos trabalhadores 
por situações ligadas a sua rotina laboral. Assim sendo, por imposições e necessidades 
normativas, as organizações vêm dando maior atenção às práticas de Saúde e Segurança do 
Trabalho (SST) e, por se tratar de uma necessidade cotidiana, medidas para sanar tais 
problemas, têm se tornado uma necessidade real. (FERREIRA; ALVES; TOSTES, 2009). 
No Brasil, com o fim da escravidão, teve início o trabalho livre e com isso se 
desenvolveu uma nova perspectiva social propícia à introdução de leis e normas 
disciplinadoras destes trabalhos (ALMEIDA, 2016), porém somente após aproximadamente 
55 anos, em 1943 que foi promulgado o Decreto-Lei nº 5.452 em 1º de maio (BRASIL, 1943) 
que é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que regula as normas individuais e 
coletivas do trabalho e que muitas destas normas vigoram até os dias atuais e outras sofreram 
alterações por meio de outras leis. 
Neste universo, destacamos a Saúde e Segurança no Trabalho (SST) que tem como 
missão atenuar os maiores agravos a integridade física das pessoas em relação ao trabalho 
(BRASIL, 2020e). No Brasil, foi na década de 1970 onde se desenvolveram as maiores 
regulamentações normativas através do advento da Lei nº 6.514/77, que alterou o Capítulo V 
do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho relacionado à segurança e medicina do 
trabalho (BRASIL, 1977). Esta lei norteou o desenvolvimento das Normas Regulamentadoras 
(NR), que disciplinam o tema amplamente e que se desenvolveram a partir da aprovação da 
Portaria nº 3.214 em 08 de junho de 1978 e que tem força de lei e servem para unificar e dar 
um formato final as leis de Segurança do Trabalho (BRASIL, 1978). Estas normas objetivam 
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atender de maneira satisfatória a matéria de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) no que 
concerne às relações de trabalho regidas pela CLT. Elas são constantemente atualizadas e 
supridas de novas portarias que vêm complementar e doutrinar setores que merecem maior 
atenção legal. 
Todavia, seguindo adjacentemente ao regime celetista, encontramos um vasto 
universo de trabalhadores que possuem outra relação de trabalho disciplinada pelo regime 
estatutário que podem não ser contemplados pelas mesmas proteções destinadas aos 
trabalhadores do regime celetista, os denominados servidores públicos. Essas duas classes de 
trabalhadores possuem diferentes características de submissão legal a diferentes ramos do 
direito. Almeida (2016) informa que enquanto uma possui amparo nas leis do direito do 
trabalho (celetistas) a outra é amparada por leis do direito administrativo (estatutários). 
Neste universo encontramos a figura do administrador público, que segundo a 
Constituição Federal (1988) em seu art 37, deve exercer suas funções obedecendo aos 
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tendo suas 
atividades pautadas em observações de normas legais e princípios que as norteiam. 
Segundo Meirelles (2010), os administradores públicos possuem quatro deveres 
principais que são: O dever-poder de agir; O dever de eficiência; o dever de probidade e o 
dever de prestar contas. Estes são os encargos daqueles que gerem bens e interesses da 
comunidade que são estabelecidos em lei, determinados pela moral administrativa e exigidos 
pelo interesse público. Tendo a responsabilidade de administrar com eficiência e não fazer 
somente o que for possível para alcançar os resultados, o administrador se vê no dever de 
realizar suas atribuições com maior agilidade, perfeição e qualidade sendo orientado por 
técnicas administrativas atuais e sendo surpreendido por um novo desafio de enfrentar uma 
inédita situação de pandemia de COVID-19 com seus recursos escassos. 
Com a nova situação, onde no final do ano de 2019 foi notificado a Organização 
Mundial de Saúde (OMS) que na China estava havendo a incidência de um novo vírus (SARS 
CoV 2 (n CoV-19) - coronavírus) e este se espalhou no globo terrestre e atingiu váriospaíses 
causando mortes em números surpreendentes. “Considerado uma pandemia mundial pela 
OMS em 11 de março de 2020” segundo Schmidt et al (2020, apud PEREIRA at al, 2020 
p.4), esse vírus chegou ao Brasil em fevereiro de 2020. 
Como se tratava de uma nova situação emergencial houve a necessidade de uma 
estratégia para o combate, e como “o SUS é organizado em redes de atenção” conforme 
descrito por Kuschnir, Chorny, Lira (2010) este Sistema foi logo preparando condições para 
este enfrentamento nos primeiros serviços. 
14 
 
Os sintomas da nova infecção eram comuns a outras doenças respiratórias e a 
primeira coisa a fazer era tentar evitar o contágio, e se fez campanhas em massa para a 
higienização pessoal e dos ambientes e foram orientados através de decretos estaduais e 
municipais a diminuição da circulação da população no intuito de evitar o contato entre 
pessoas que poderiam se contaminar e ou transmitir o vírus. O Ministério da Saúde por sua 
vez, baixou a portaria nº 188 em 03 de fevereiro de 2020 decretando “Estado de Emergência 
em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN)” (BRASIL, 2020e) 
Nos principais acessos aos municípios houve uma grande preocupação para o 
monitoramento da população que necessitava circular dentro de seu perímetro para não 
permitir o acesso de pessoas contaminadas ou com sintomas em seus ambientes comuns sem a 
utilização de medidas adequadas e suficientes de prevenção do contágio, pois ainda que o 
contato com o agente biológico que cause a doença não esteja diretamente ligado às 
atividades do comércio, este poderia ser afetado se a gestão administrativa do município não 
dispusesse de barreiras para evitar o contágio. Uma destas barreiras era promover a 
conscientização do uso de máscaras semifaciais de tecido para evitar a contaminação por 
gotículas de saliva ao falar, espirrar ou tossir e a higienização das mãos com álcool em gel a 
70% bem como a higienização dos pneus dos veículos com uma solução de hipoclorito de 
sódio diluída. 
Outra barreira era monitorar as pessoas que viessem a entrar ou transitar nos 
municípios fazendo aferição de sua temperatura e orientando para ser evitada a aglomeração 
de pessoas em suas atividades básicas para a manutenção de suas vidas, como a compra de 
alimentos em redes de supermercados, por exemplo. Porém mesmo assim houve um grande 
contágio na população em geral e desencadeou a necessidade de se fazer exames para detectar 
se a pessoa estava contaminada ou não. 
Na rede pública iniciaram os testes para diagnosticar e tratar a infecção em 2020. O 
Governo Federal através do Ministério da Saúde com os recursos do SUS criou então em 
março de 2020 o programa “Diagnosticar para Cuidar” no intuito de realizar os testes em 46 
milhões de pessoas (22% da população brasileira) até o final de 2020 (BRASIL, 2020a). A 
estratégia do programa estava dividida em duas frentes de ações, uma utilizava os testes de 
biologia molecular o RT – PCR nas pessoas com sintomas para haver o tratamento e a outra 
frente que seria implantada posteriormente para através de testes rápidos (sorologia) entender 
a progressão do vírus em todo o território nacional. 
A estratégia nacional para testagem do coronavírus foi dividida em cinco fases: 
implantação, parceria público-privada, ampliação, desaceleração e legados. Relacionado aos 
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leitos de UTI, foram dobrados os valores diários de manutenção enquanto durar a pandemia, 
exclusivamente para tratamento da COVID 19, isso regulamentado através da Portaria MS nº 
568 em todos os estados brasileiros e os recursos, de acordo com as necessidades apresentadas 
para aquisições de equipamentos de suporte à vida, foram enviados atendendo os princípios 
do SUS aos estados e municípios que apresentavam maiores necessidades. 
A ampliação da testagem, do diagnóstico e o tratamento da COVID-19 é um desafio 
que se impõe à sociedade brasileira e ao SUS. Diante deste desafio, encontram-se as 
organizações públicas das Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), que devem dispor de 
recursos humanos, instalações e materiais necessários para este enfrentamento. Os 
administradores destas organizações públicas deverão gerenciar estes recursos para garantir a 
integridade da saúde de seus servidores e clientes que procuram as UPAs. 
Por outro lado o Sistema Único de Saúde (SUS) teve sua criação em 1988 através da 
Constituição Federal Brasileira em seus artigos 196 a 200, onde determinou que é dever do 
Estado garantir saúde a toda a população do país (BRASIL, 2020). Nesta esfera, todo 
brasileiro obteve o direito ao atendimento gratuito aos serviços públicos de saúde a partir da 
promulgação da lei nº 8.080 em 1990 (BRASIL, 1990). Este sistema “é considerado um dos 
maiores sistemas públicos de saúde do mundo”, segundo relata o ex-ministro Alexandre 
Padilha para um artigo no site da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT, 2018) e 
é mantido com recursos públicos. O SUS está baseado em três princípios que são: a 
Universalidade, a Equidade e a Integralidade (BRASIL, 2020). 
 Universalidade: a saúde é um direito de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar 
este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as 
pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais 
ou pessoais. 
 Equidade: tem como objetivo diminuir as desigualdades. Apesar de todas as pessoas 
possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades 
distintas. Desse modo, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo 
mais onde a carência é maior. 
 Integralidade: considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas 
necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da 
saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio 
de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para 
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assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão 
na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. 
 
Analisando o contexto dos universos apresentados, a organização pública que 
norteou os estudos e a pesquisa foi a Unidade de Pronto Atendimento de Urgência e 
Emergência Maria Elinor Soares de Melo em Baia Formosa/ RN. Onde foi realizado o 
levantamento das informações com a administradora da organização pública sobre a Saúde e 
Segurança do Trabalho dos servidores e contratados para a prevenção destes ao risco 
biológico do novo vírus e temos como objeto de estudo no presente trabalho a seguinte 
questão: 
“Qual a visão do administrador da organização pública em estudo para a gestão da 
Saúde e Segurança do Trabalho no enfrentamento à pandemia de COVID-19?” 
 
 
17 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
 
1.2.1 Objetivo Geral 
 
 
 Compreender a percepção de um administrador sobre saúde e segurança do 
trabalho em uma Unidade de Pronto Atendimento público em tempos de pandemia 
de COVID-19. 
 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 
 
 Entender o trabalho desenvolvido pelo administrador público na unidade de 
saúde; 
 Compreender a gestão organizacional relacionada à saúde e segurança do 
trabalho; 
 Entender a gestão administrativa no enfrentamento à pandemia de COVID-19. 
 
 
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 
 
 
Nos dias atuais a matéria de segurança no trabalho é amplamente disseminada em 
todos os ambientes laborais e não tem limites de fronteiras, abrange trabalhadores de todo o 
mundo, mesmo que em estágios diferentes em cada um destes locais. Este tema chama a 
atenção também pelos alarmantes agravos econômicos e sociais oriundos de acidentes e 
doenças laborais. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) cerca de 2,4 
milhões de pessoas morreram ao ano nesta última década relacionado a tais fatores. Gerando 
um alto custo no tratamento e indenizações (por pensões ououtros tipos de indenizações) 
relacionadas ao fato destas ocorrências. Estes custos giraram em torno de 10,3 bilhões de 
dólares por ano, nestes últimos dez anos (OIT, 2021). 
18 
 
Com esta realidade, houve a necessidade de avanços neste tema e é pertinente que a 
incorporação de normas de Saúde e Segurança do Trabalho ao ordenamento jurídico brasileiro 
representou uma grande conquista para os trabalhadores do nosso país. A legislação nacional 
sobre o tema norteia-se em critérios internacionais amplamente difundidos e aceitos em várias 
nações e confere aos trabalhadores brasileiros importantes garantias relacionadas à sua saúde, 
segurança e integridade física no ambiente de seu trabalho (ALMEIDA, 2016). 
Esta legislação tem por base a Constituição Federal de 1988 (CF) que possui um 
artigo específico que trata dos direitos dos trabalhadores que é o Art. 7º. No inciso XXII 
descreve que a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança” (BRASIL, 1988) como sendo um dos direitos dos trabalhadores. 
Destaca-se que este direito também é devido aos servidores estatutários, uma vez que 
a Emenda Constitucional nº 19 de 04 de junho de 1998, inseriu em seu §3º no Art. 39 da CF, 
uma determinação que este inciso XXII deva ser aplicado aos ocupantes de cargo público 
(BRASIL, 1998). Entretanto devemos destacar que este inciso trata-se de norma de eficácia 
limitada, não sendo portanto, auto aplicável. 
Porém analisando ainda a CF em seu Art. 225, vemos que todos têm direito a um 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao poder público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo. Percebe-se que não fica claro ao que se refere este 
ambiente ecológico, mas segundo os juristas Fiorillo e Rodrigues (1999, p 66) a doutrina 
“entende que este direito se estenda ao meio ambiente laboral”, ou seja, do seu trabalho. 
Complementando este pensamento, a própria CF, em seu Art. 200, inciso VIII, norteia que 
entre as competências do Sistema Único de Saúde, está a -”proteção do meio ambiente, nele 
compreendido e do trabalho” Com isso embasamos à luz da CF, a proteção constitucional ao 
meio ambiente do trabalho na área da saúde pública. 
Porém, mesmo possuindo base na CF de 1988, falta ainda uma regulamentação legal 
para a classe dos servidores públicos como houve com os celetistas. Almeida (2016) destacou 
que existem defensores da aplicação das Normas Regulamentadoras no serviço público, mas 
tal solução implicaria em violação de pressupostos do direito administrativo, como o não 
cumprimento do princípio da legalidade. No momento de uma pandemia como esta da 
COVID-19, os administradores públicos enfrentam vários dilemas em suas atividades e 
certamente a falta de regulamentação desta matéria é uma delas. Entre os dilemas que o 
administrador público de uma UPA encontra para solucionar, estão a garantia do atendimento 
ao público que procura socorro em sua organização bem como a saúde e segurança do 
trabalho da equipe de servidores e contratados para o atendimento deste público, na intenção 
19 
 
que estes também não se contaminem e não se afastem das atividades para o tratamento da 
doença, deixando a população desamparada. 
Assim sendo vemos que a liderança, a conscientização e a motivação, serão a chave 
do sucesso desse processo e deste trabalho e que ainda o envolvimento do administrador da 
organização pública será indispensável. O desafio será captar a consciência e a motivação 
para o desenvolvimento de melhorias, porém, sem apoio técnico e especializado não irá obter 
sucesso. 
Para um ambiente seguro e bem gerido administrativamente, deve existir no local um 
suporte que permita às pessoas trabalhar com segurança para buscarem melhores resultados 
nesta matéria por meio de ideias inovadoras, que pretenderá unir as ferramentas aplicadas na 
gestão da segurança a um novo programa que busque mudar os preceitos comportamentais 
dos trabalhadores e que haja a preocupação com a segurança antes mesmo da importância que 
se dá à produtividade. O que se pretende é o desenvolvimento desse tema que será abordado 
na elaboração deste trabalho. 
 
 
1.4 APRESENTAÇÃO 
 
 
Tendo em vista a necessidade de aprofundar-se e entender a administração de uma 
Unidade de Pronto Atendimento relacionado à gestão de saúde e segurança do trabalho em 
tempos de pandemia de COVID-19, desenvolveu-se esse trabalho com o objetivo de 
compreender este universo. 
A presente pesquisa está dividida em cinco capítulos. No primeiro deles é 
apresentada a Parte Introdutória, na qual estão presentes elementos como as suas 
contextualizações e problema, o objetivo geral e os objetivos específicos, além da justificativa 
do estudo e a apresentação do trabalho. O capítulo seguinte apresenta o Referencial Teórico, 
relacionado a administração, saúde e segurança do trabalho e pandemia de COVID-19. Neste 
capítulo discorre-se acerca destes elementos de forma clara, sucinta e objetiva. 
Já no capítulo 3, aborda-se a forma de elaboração do trabalho e sua Metodologia, 
identificando-se a natureza e caracterização do tipo de pesquisa, a população e a amostra, o 
processo de coleta de dados, bem como o instrumento de coleta e a forma de tratamento dos 
dados. O quarto capítulo traz a Análise dos dados, que versa, sob a luz da teoria, sobre os 
20 
 
resultados obtidos após a utilização de técnicas de analise de conteúdos aplicadas aos dados 
coletados. 
O último capítulo trata das Conclusões e Recomendações, assim como expõe 
também as limitações deste estudo e sugere novas pesquisas. As Referências Bibliográficas 
apresentam as obras, os autores e fontes, em geral, que serviram de embasamento teórico para 
este trabalho. Finalmente, tem-se o Apêndice, no qual está presente o instrumento utilizado 
para a coleta dos dados. 
 
21 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
A seguinte seção apresentará o referencial teórico empregado nesse trabalho. Este se 
encontra dividido em três subseções. A primeira está relacionada ao tema Administração, 
relatando suas definições, teorias, perfis, funções e habilidades de um administrador. A 
segunda subseção está relacionada ao tema Saúde e Segurança do Trabalho que apresentará 
um breve histórico e após o universo das leis trabalhistas no regime celetista e estatutário. E 
na terceira e última subseção será abordado o tema pandemia por COVID-19. 
 
 
2.1 A ADMINISTRAÇÃO 
 
 
O termo “administração” é proveniente do latim e é a junção das palavras ad 
(direção, tendência para) e miníster (subordinação ou obediência) e para Chiavenato (1993, p. 
9), esta junção significa “aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, 
aquele que presta um serviço a outro”. No entanto, com o passar do tempo, percebemos que 
houve uma interessante alteração de seu significado original. 
A administração tornou-se um processo de tomar e colocar em prática decisões sobre 
objetivos e utilização de recursos, procurando sempre para as organizações ou sistemas a 
realização destes objetivos, também chamado de eficácia, bem como a utilização racional dos 
recursos, conhecido como eficiência. A administração “é importante em qualquer escala de 
utilização de recursos para realizar objetivos individual, familiar, grupal organizacional ou 
social”. Assim entende Maximiano (1997, p.18). 
A administração científica, no pensamento de Taylor (2010, apud NETO, 2017 p.42), 
afirma que “a organização e a administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e 
não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo, à 
ciência”. Como precursor deste pensamento, o seu maior mérito está em sua contribuição para 
que se encarasse sistematicamente o estudo de uma organização, o que não só revolucionou 
completamente a indústria como também teve um grande impacto sobre a administração. 
22 
 
Neste sentido de indicara mudança das atitudes e comportamentos das organizações 
e das pessoas requeridas pela nova impostação da administração, dentre outros assuntos. 
Chiavenato (1993, p.01) afirma que: 
 
[...] A administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma 
organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do 
planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as 
atividades diferenciadas pela divisão do trabalho que ocorram dentro de uma 
organização [...]. 
 
No pensamento dos autores Marques e Trigueiro (2012, p.28) dizem que para 
administrar é necessário “dominar a arte para implantar mudanças e da ciência para implantar 
as mudanças certas.” Não sendo só isso, mas “também dominar a arte de trabalhar com 
pessoas e a ciência da compreensão desses talentos no ambiente organizacional”. Nessa 
perspectiva podemos observar que o administrador deve ser capaz de compreender os 
sentimentos humanos envolvidos e utilizar técnicas científicas para alcançar objetivos 
previamente pensados. Corroborando ao pensamento dos autores, eles destacam em seu 
trabalho os seguintes pensadores que afirmam que: 
 
Levitt (1985), afirma que administrar consiste em analisar racionalmente uma 
situação e selecionar os objetivos a serem alcançados, desenvolvendo 
sistematicamente estratégias para atingir tais objetivos, coordenando os recursos, 
desenhando racionalmente a estrutura, dirigindo e controlando com precisão, e 
finalmente motivando e recompensando as pessoas que trabalham para que os 
objetivos sejam efetivamente alcançados, isto é, Administração é uma ciência. De 
outro modo, Boettinger (1978) entende que administrar consiste em arrastar a 
outros, e isso implica, para quem administra, a capacidade de compreender as 
necessidades e os desejos dos outros para compartilhar com eles uma visão que 
aceitam como própria, isto é, administrar é uma arte. Por outro lado, Megginson et 
al. (1998) afirmam que em muitos aspectos de planejamento, liderança, 
comunicação e trato com o elemento humano, os administradores também usam as 
abordagens artísticas, baseando suas decisões em julgamento, intuição ou 
simplesmente em “palpite” (Apud MARQUES e TRIGUEIRO, 2012, p.29) 
 
 
2.2 A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
A preocupação com a integridade física dos trabalhadores é um tema bem antigo e 
existem alguns registros remotos que trabalhadores já sofriam efeitos em sua saúde devido a 
suas atividades laborais. Adolfo Santos (2011) registra que Hipócrates, reconhecido como o 
pai da medicina, relatou há mais de dois milênios atrás ter encontrado intoxicação por 
23 
 
chumbo, doença também conhecida como “saturnismo”, em um trabalhador de uma mina. 
Uma doença do trabalho constatada ainda em outros trabalhadores do mesmo ambiente de 
minas posteriormente nos tempos do Império Romano. O mesmo autor ainda trás outro 
exemplo relacionado a preocupação com a saúde dos trabalhadores que foi a publicação do 
livro De Morbis Artificum Diatriba em 1700 por Bernardino Ramazzini, médico italiano 
também conhecido como o pai de Medicina do Trabalho. Nesta publicação, há o registro 
minucioso de doenças relacionadas a mais de 50 atividades laborais existentes naquela época. 
Mesmo com estes registros e publicações identificando e demonstrando as condições 
precárias de saúde e segurança nos ambientes laborais daquelas épocas, não se encontram 
registros de preocupações de governantes em mitigar ou extinguir os números de acidentes e 
doenças relacionadas ao trabalho por muito tempo seguido, provavelmente por a classe 
trabalhadora ser composta basicamente por escravos e pessoas de classes sociais inferiores 
(SANTOS, 2011). 
Na Inglaterra, onde ocorreu a Revolução Industrial em meados do século XVIII, 
houve uma mudança da forma de se trabalhar. Devido às novas realidades e ritmos de 
trabalho acelerados, ocorreram inúmeros casos de agravos à saúde e o aumento de acidentes 
relacionados ao trabalho. A novidade era a intensificação ao uso de maquinários, o que 
decorria em uma grande concentração de pessoas em pequenos espaços destinados ao 
trabalho, as jornadas laborais diárias eram enormes e para aumentar a produção, a mão de 
obra infantil era utilizada. Para Nunes (2009) o trabalho das crianças foi muito explorado 
neste período e se justificava na intenção de afastar as crianças da marginalidade e do crime 
que ocorriam nas ruas das cidades. Todo este universo somado as péssimas condições de 
higiene ocupacional nos postos de trabalho, entre outros fatores, contribuíram na causa destes 
agravos relacionados ao trabalho (SANTOS, 2011). 
Ainda para o autor Adolfo Santos (2011, p.22) o crescente número de mortes e 
pessoas doentes que laboravam expostos a condições precárias de trabalho “acarretou uma 
inevitável e crescente mobilização social para que o Estado interviesse nas relações entre 
patrões e empregados, visando à redução dos riscos ocupacionais”. Dessa forma, os 
trabalhadores da Inglaterra são contemplados com as primeiras normas de razão trabalhista 
que visavam a redução dos riscos ambientais dispostos através da Lei de Saúde e Moral dos 
Aprendizes em 1802. Após este marco, outras nações que experimentavam o processo de 
industrialização também começaram a desenvolver normas com conteúdos semelhantes. 
Posteriormente, as normas de proteção ao trabalhador, conhecidas ainda como direito 
dos trabalhadores, ganham status constitucional e passam a fazer parte da Carta Magna de 
24 
 
alguns países, iniciando pelo México, que em 1917 foi a primeira a reconhecer estes direitos 
conforme descreve Natusch (2021). 
 
 
2.2.1 A Saúde e Segurança do Trabalho no regime Celetista 
 
 
Segundo D’Araújo (1999 apud ALMEIDA, 2017) foi na “Era Vargas” o momento de 
maior importância para as mudanças no cenário econômico, político e social do Brasil, 
principalmente no setor trabalhista, pois nesta época ocorreram vários eventos que marcaram 
a transição da condição de um país agrário exportador para ser transformado em uma 
sociedade urbana industrial. Getúlio Vargas governou o Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e 
de 1951 a 1954 (ano de sua morte), e no primeiro mês de seu primeiro mandato promulgou o 
decreto nº 19.433 de 26 de novembro de 1930 (BRASIL, 1930) onde criou o Ministério do 
Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1932 criou a Carteira de Trabalho, instituiu a jornada de 
trabalho no comércio, indústria e em outros estabelecimentos. Almeida (2017, p.32) ainda 
complementa dizendo sobre a disciplina do “trabalho das mulheres na indústria, o trabalho 
dos menores e o trabalho nas estivas que também receberam tratamento especial.”. 
Em maio de 1943, o governo Vargas amplia a legislação trabalhista com o Decreto-
Lei nº 5.452 em 1º de maio de 1943 onde estabelece a Consolidação das Leis do Trabalho – 
CLT (BRASIL, 1943). Para Santos (2011) este foi o primeiro código de legislação brasileira 
relacionado ao trabalho. Este decreto detém muitos de seus artigos inalterados desde a sua 
criação, porém, pela modernização dos processos de trabalho e a modernização de 
maquinários e as mudanças dos ambientes laborais, existem constantes alterações e 
atualizações em textos de leis que alteram artigos na CLT. 
Corroborando com as ideias de sempre haver atualizações nas leis trabalhistas, a 
saúde e segurança do trabalho ficou em destaque após a promulgação da Lei nº 6.514 em 22 
de dezembro de 1977 que alterou o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do 
Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e deu outras providências (BRASIL, 
1977), nesta alteração deu nova redação aos artigos 154 ao 201 da CLT, e essas alterações 
deveriam passar por um processo de disciplinamento. Neste sentido, no ano seguinte o então 
Ministro de Estado Arnaldo Prieto resolveu baixar a Portaria nº 3.214 em 08 de junho de 1978 
que foi publicada no Diário Oficialda União em 06 de julho de 1978 (BRASIL, 1978) dando 
a devida regulamentação aos artigos alterados pela Lei nº 6.514/77. Nesta Portaria foram 
25 
 
criadas as Normas Regulamentadores (NR’s), que naquele momento eram em número de 28. 
Atualmente, após várias atualizações e alterações somam-se o total de 37 normas publicadas e 
em vigor conforme o quadro 1: 
 
Quadro 01 - Normas Regulamentadoras atuais em julho de 2021 
Norma 
Regulamentadora 
Tema 
NR - 01 
DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS 
(NOVO TEXTO) 
Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 
de março de 2020. (prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/21) 
NR - 02 INSPEÇÃO PRÉVIA (REVOGADA) 
NR - 03 EMBARGO OU INTERDIÇÃO 
NR - 04 
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM 
MEDICINA DO TRABALHO 
NR - 05 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES 
NR - 06 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI 
NR - 07 
PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL - PCMSO 
(NOVO TEXTO) 
Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.734, de 9 
de março de 2020. (prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/ 21) 
NR - 08 EDIFICAÇÕES 
NR - 09 
AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS A AGENTES 
FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS (NOVO TEXTO) 
Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 
de março de 2020.(prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/ 21) 
NR - 10 
TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE 
MATERIAIS 
NR - 11 
TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE 
MATERIAIS 
NR - 12 SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 
NR - 13 
CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES E TANQUES METÁLICOS 
DE ARMAZENAMENTO 
NR - 14 FORNOS 
NR - 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES 
NR - 16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS 
NR - 17 ERGONOMIA 
NR - 18 
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 
(NOVO TEXTO) 
Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 3.733, de 10 
de fevereiro de 2020. (prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/ 21) 
NR - 19 EXPLOSIVOS 
NR - 20 
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E 
COMBUSTÍVEIS 
NR - 21 TRABALHOS A CÉU ABERTO 
NR - 22 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO 
NR - 23 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS 
NR - 24 CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO 
26 
 
 
Quadro 01 - Normas Regulamentadoras atuais (Continuação) 
Norma 
Regulamentadora 
Tema 
NR - 25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS 
NR - 26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA 
NR - 27 
REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO 
(REVOGADA) 
NR - 28 FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES 
NR - 29 
NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 
PORTUÁRIO 
NR - 30 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO 
NR - 31 
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA 
SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA 
NR - 32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE 
NR - 33 SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS 
NR - 34 
CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA 
CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL 
NR - 35 TRABALHO EM ALTURA 
NR - 36 
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E 
PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS 
NR - 37 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO 
Fonte: Escola Nacional de Inspeção do Trabalho - ENIT (2021) 
 
Essas normas servem de parâmetro aos Auditores Fiscais do Trabalho da Secretaria 
Especial da Previdência e Trabalho (SEPRT) para fiscalizar os ambientes laborais e baseados 
nelas, aplicar sanções administrativas (SANTOS, 2011), garantindo assim os direitos de 
preservação a integridade física e mental dos trabalhadores sob o regime celetista. 
 
 
2.2.2 A Saúde e Segurança do Trabalho no regime Estatutário 
 
 
O tema de saúde e segurança do trabalho no ambiente do setor público sofre muito 
por haver poucas leis que zelem por esta matéria. Existem quatro leis federais que nutrem o 
assunto, uma delas é a Lei nº 1.234/1950, que “confere direitos e vantagens a servidores que 
operam com Raios X e substâncias radioativas” (BRASIL, 1950). Outra que é o Decreto-Lei 
1.873/1981 que “dispõe sobre a concessão de adicionais de Insalubridade e de periculosidade 
aos servidores públicos federais, e dá outras providências” (BRASIL, 1981). A Lei nº 
8.112/1990 que “Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das 
27 
 
autarquias e das fundações públicas federais.” (BRASIL, 1990) e por fim a Lei nº 8.270/1991 
que Dispõe sobre reajuste da remuneração dos servidores públicos, corrige e reestrutura 
tabelas de vencimentos, e dá outras providências (BRASIL, 1991). Porém as preocupações 
máximas abordada nestas leis dizem respeito ao adicional devido ao servidor que se 
enquadrem nas condições dispostas nelas conforme podemos observar no trecho a seguir da 
lei 8112/90 que é o estatuto do servidor público federal e traz o tema da segurança do trabalho 
concentrando-se, no entanto apenas a questão dos adicionais ocupacionais (BRASIL, 1990): 
 
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em 
contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, 
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. 
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade 
deverá optar por um deles. 
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a 
eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão. 
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em operações ou 
locais considerados penosos, insalubres ou perigosos. Parágrafo único. A servidora 
gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das 
operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre 
e em serviço não penoso e não perigoso. 
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de 
periculosidade, serão observadas as situações estabelecidas em legislação específica. 
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em 
zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem nos 
termos, condições e limites fixados em regulamento. 
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou 
substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as 
doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação 
própria. 
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames 
médicos a cada 6 (seis) meses. (BRASIL, 1990, p.31 e 32) 
 
Podemos perceber ao analisar as leis registradas acima que em momento algum 
houve preocupação do legislador em prevenir os servidores públicos dos riscos ocupacionais 
existentes em seus ambientes de trabalho. Isso cria um clima desfavorável ao servidor público 
quando comparado as demais classes de trabalhadores (ALMEIDA, 2016). 
Na atualidade os servidores públicos são classificados em estatutários, temporários e 
celetistas, porém apenas estes últimos possuem amparo legal referente a matéria de saúde e 
segurança do trabalho através da CLT e NR’s , os outros, os estatutários e os temporários, 
ficam desamparados por não haver normas que regulamentam a matéria no serviço público. 
Na Constituição Federal, que é previsto o princípio da isonomia onde se discursa a igualdade 
de todos perante a lei, e mais preciso no seu art. 6º sobre os direitos sociais a saúde, relata ser 
este um direito de todos, inclusive de todos os trabalhadores, independentes do regime de 
contratação. No serviço público existem riscos diversos que resultam em doenças e acidentes 
28 
 
do trabalho e por esta razão devehaver ações e projetos que garantam este direito à saúde para 
tais profissionais. Vale ainda destacar que não há qualquer agente público com a missão de 
fiscalizar e aplicar sanções administrativas, pois não há também regulamentos normativos de 
parâmetro para tais medidas. 
 
 
2.3 A PANDEMIA DE COVID-19 
 
 
A COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) é uma infecção respiratória causada pelo 
novo coronavírus (SARS-CoV-2). Este coronavírus foi identificado na cidade de Wuhan na 
China no final do ano de 2019 (Brasil, 2020c) e até aí era considerada uma epidemia pela 
quantidade de pessoas afetadas naquela localidade. 
O vírus é conhecido como coronavírus devido a sua similaridade a uma coroa e 
pertence a uma família de vírus que pode infectar tanto animais como seres humanos. 
Geralmente estes vírus causam desde um resfriado comum a uma doença respiratória mais 
grave, como MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) e SARS (Síndrome 
Respiratória Aguda Grave) (BRASIL, 2020c). 
Embora não tenha a mesma gravidade da SARS em termos de letalidade, a COVID-
19 é superior na transmissibilidade e isso a torna, em número absoluto, bem mais letal e ainda 
se torna mais infectante por ser um novo vírus para os seres humanos e estes não possuírem 
imunidade prévia adquirida. Altamente contagiosa, a transmissão viral se dá passando da 
pessoa infectada para uma sadia através do contato pessoal próximo ou por meio de objetos 
ou superfícies infectadas, ou ainda por gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro seguido de 
contato com a boca, nariz ou olhos da pessoa sadia (BRASIL, 2020c). Este tipo de 
coronavírus apresenta um período de incubação de 2 a 14 dias e existem pessoas que podem 
ser assintomáticas. 
O Ministério da Saúde (2020c) relata que não existem barreiras etárias, sexuais ou de 
raças, porém acredita-se que pessoas de mais idade e pessoas com condições médicas prévias 
de doenças como diabéticos, obesidade e problemas de imunidade comprometida, apresentam 
quadros mais severos da doença e eleva o índice de mortalidade. 
Ainda sem um tratamento específico, a Covid-19 traz incertezas à população. 
Aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar devido a dispneia, 
e 5% destes podem necessitar de suporte ventilatório (Brasil, 2020b) 
29 
 
Segundo Schmidt et al (2020, apud PEREIRA et al, 2020) foi “Considerado uma 
pandemia mundial pela OMS em 11 de março de 2020”, esse vírus chegou ao Brasil em 
fevereiro de 2020, mudando todo o cenário da rotina do país, principalmente da população em 
geral e dos profissionais de saúde pública. Por este motivo, o ministério da Saúde criou um 
guia de recomendações de segurança e proteção voltadas para estes profissionais, chamado de 
Recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de 
COVID-19 e outras síndromes gripais (BRASIL, 2020d). Neste material, contemplam 
instruções de uso de equipamentos de proteção individual e coletiva para a prevenção no 
contágio com o novo vírus, bem como medidas administrativas orientativas para a condução 
no atendimento a população que procurar o atendimento público, porém vale ressaltar que não 
é uma lei e no serviço público existe um principio que o norteia que é o da legalidade, sendo 
aí o ponto vulnerável para o servidor que necessita atender a população e não tem 
profissionais legalmente habilitados para gerir administrativamente as normas de saúde e 
segurança do trabalho e nem auditores fiscais públicos para aplicar sanções nos 
descumprimentos, pois não há legislação que os baseiam. Desta forma seguem os 
trabalhadores arriscando sua integridade e desenvolvendo inseguranças e adquirindo 
síndromes de ansiedade e pânico diante da pandemia de COVID-19. 
Para Teixeira et al (2020) isso tem se tornado uma preocupação recorrente, e é 
mencionado em seu artigo que em um contexto de pandemia, a saúde mental dos 
trabalhadores de área de saúde deve sofrer uma maior atenção, pois tem aumentado os 
sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono entre outros por medo de se 
infectarem ou transmitirem a infecção aos membros de sua família. 
 
30 
 
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
 
Santos (2009, p.99) define método como sendo um “caminho ou a ordem a que se 
sujeita qualquer tipo de atividade, com vistas a chegar a um fim determinado”. Sendo assim, 
devemos entender que é com a assimilação dos métodos a serem usados para realização da 
pesquisa que poderemos almejar que ela seja concluída e os seus objetivos sejam alcançados. 
Este mesmo autor ainda afirma que “é por meio da pesquisa que se pode alcançar e 
dominar novos conhecimentos de forma metódica” (SANTOS,2009, p.189). 
De acordo com Triviños (1987, apud ZANELLA, 2012) existem três tipos de 
pesquisas, as quais ele denomina como estudos e são classificados conforme sua finalidade. 
Estes são: estudos exploratórios, descritivos e experimentais. Os estudos exploratórios têm 
como objetivo “ampliar o conhecimento a respeito de um determinado problema”. Ainda 
conforme o autor, “esse tipo de pesquisa, aparentemente simples, explora a realidade 
buscando maior conhecimento” (ZANELLA, 2012, p.27). Os estudos descritivos, segundo 
este autor, são os mais utilizados no campo da educação. As intenções destes estudos se 
concentram no desejo de conhecer as características de uma comunidade e tem a pretensão de 
descrever uma realidade com exatidão. Já os estudos experimentais recebem muita crítica e 
são pouco utilizados nas ciências sociais e da educação. Este estudo exige um planejamento 
rigoroso e suas etapas partem de uma formulação exata do problema e das hipóteses, que 
segundo Triviños (1987, p.113) “...permitem uma delimitação precisa das variáveis que atuam 
sobre o fenômeno, fixando com exatidão a maneira de controlá-las”. 
O presente trabalho consiste em uma pesquisa exploratória, já que objetiva 
proporcionar maior intimidade e aprofundamento com o problema. Diante do tema da 
pesquisa e dos objetivos propostos, em relação a sua coleta e análise dos resultados, percebeu-
se que inicialmente deve ser elaborada uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto, e as 
autoras a seguir a entendem como: 
 
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já 
tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, 
jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até 
meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: 
filmes e televisão. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 183). 
 
Corroborando com este pensamento Santos (2009) diz que estas fontes ainda podem 
ser de dicionários, enciclopédias, artigos científicos, resenhas, e ensaios críticos. 
31 
 
Nessa lógica, também foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental, pois se 
baseia tanto na análise de material já elaborado como livros e artigos científicos, bem como 
de materiais que ainda não receberam tratamento analítico como leis, normas 
regulamentadoras, orientações normativas e outros documentos para fundamentar os 
pensamentos sobre o tema em estudo. 
 
Quadro 02 – Síntese da estratégia da pesquisa. 
Título 
A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM 
TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 
Problema de pesquisa Qual a visão do administrador da organização pública em estudo para a gestão 
da Saúde e Segurança do Trabalho no enfrentamento à pandemia de COVID-
19? 
Objetivo geral 
Compreender a percepção de um administrador sobre saúde e segurança do trabalho em uma 
Unidade de Pronto Atendimento público em tempos de pandemia de COVID -19. 
Objetivos específicos Coleta de dados Análise de dados 
a) Entender o trabalho desenvolvido pelo 
administrador público na unidade de 
saúde. 
 Entrevista com o 
administrador da 
organização pública. 
 Análise de conteúdo 
para interpretação dos 
dados coletados 
b) Compreendera gestão organizacional 
relacionado à saúde e segurança do 
trabalho. 
 Entrevista com o 
administrador da 
organização pública, 
pesquisa bibliográfica e 
documental. 
 Análise de conteúdo e 
documental para 
interpretação dos 
dados coletados 
c) Entender a gestão administrativa no 
enfrentamento à pandemia de COVID-
19. 
 Entrevista com o 
administrador da 
organização pública, 
pesquisa bibliográfica e 
documental. 
 Análise de conteúdo e 
documental para 
interpretação dos 
dados coletados 
Fonte: Elaboração própria (2021). 
 
 
3.1 NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 
 
 
Com a definição do objetivo, o presente trabalho apresenta a necessidade de uma 
pesquisa exploratória de natureza qualitativa conforme classifica Gil (2002), para isso se 
tomou como base o estudo bibliográfico e documental para nortear os conhecimentos sobre o 
assunto através de análise de obras acadêmicas e literárias específicas sobre saúde e segurança 
do trabalho bem como a sua base legal (leis, decretos, portarias, instruções normativas e etc.). 
Para Triviños (1997, apud Zanella, 2012, p. 27): 
 
Os estudos exploratórios têm a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de 
um determinado problema. Segundo o autor esse tipo de pesquisa, aparentemente 
simples, explora a realidade buscando maior conhecimento, para depois planejar 
uma pesquisa descritiva. 
32 
 
 
No planejamento de uma pesquisa exploratória, o pesquisador encontra uma certa 
flexibilidade, uma vez que não conhece o problema a fundo, nem a hipótese a serem 
investigados. 
 
Quanto aos métodos Richardson (1999, p. 80) menciona que “os estudos que 
empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado 
problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos 
dinâmicos vividos por grupos sociais”. Para Triviños (1987, p.117) a pesquisa qualitativa 
possui dois enfoques que “...correspondem a concepções ontológicas e gnosiológicas 
específicas, de compreender e analisar a realidade.” As concepções ontológicas consistem em 
estudar a natureza do ser, da existência e da própria realidade e as concepções gnosiológicas 
consistem em estudar o conhecimento humano. Esta é a intenção da metodologia qualitativa 
neste trabalho, aprofundar o conhecimento da utilização da matéria de Saúde e Segurança do 
Trabalho no âmbito de uma organização pública em tempos de uma adversidade de pandemia 
de COVID-19 por um administrador público. 
No entendimento de Godoy (1995, p.21), a autora afirma que é pela perspectiva 
qualitativa que “um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do 
qual é parte integrada”, possibilitando compreender o fenômeno em estudo, a partir das 
perspectivas das pessoas nele envolvidas. Desse modo, o objetivo da abordagem qualitativa é 
captar o significado do sujeito em sua cultura (crenças, conhecimento, valores e práticas) e em 
seus sentimentos. Com este pensamento a escolha da abordagem qualitativa esta em perfeita 
harmonia com o objetivo do estudo e para compreender o fenômeno de forma mais 
aprofundada foi empregada uma entrevista semiestruturada, que se encontra no Apêndice C, 
aplicada diretamente com a administradora da Unidade de Pronto Atendimento na coleta de 
dados informativos. 
Relacionado ao tempo da pesquisa, podemos dizer que a realizamos conforme pensa 
Malhorta (2004, p.109) que menciona que os estudos Transversais Únicos consistem “em 
coletar as informações de qualquer amostra de elementos da população somente uma vez”. 
Conforme esta definição, foi realizada a pesquisa de campo. 
 
33 
 
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 
 
 
Conforme descreve Barbetta (2005, p.25 apud ZANELLA, 2012, p. 93), "população 
é o conjunto de elementos que formam o universo de nosso estudo e que queremos abranger 
no nosso estudo. São os elementos para os quais desejamos que as conclusões oriundas da 
pesquisa sejam válidas". Em atendimento a esta necessidade, se escolheu um administrador 
público de uma Unidade de Pronto Atendimento de Urgência e Emergência para trazer as 
informações preciosas a este estudo. 
Já o elemento da amostra desta pesquisa foi intencional, conforme Zanella (2012) 
define que este elemento seja escolhido por ser típico da população que se quer pesquisar e 
não deve ser escolhido ao acaso pelo pesquisador. 
 
 
3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA 
 
 
Para chegar ao objetivo de compreender a percepção do administrador da Unidade de 
Pronto Atendimento, foi necessária uma abordagem qualitativa para se analisar de forma 
subjetiva a sua visão sobre a matéria de Saúde e Segurança do Trabalho em tempos de 
pandemia de Covid-19. O instrumento de pesquisa para o alcance deste objetivo foi a 
entrevista semiestruturada, pois com ela o pesquisador pode se aprofundar nos conhecimentos 
do administrador público que organiza a Unidade. Para a autora Zanella (2012, p.118) a 
entrevista semiestruturada deve seguir “um roteiro estipulado pelo entrevistador, mas sem se 
prender rigidamente a sequência das perguntas” podendo ter a liberdade de não seguir 
ordenadamente cada pergunta e deixar o entrevistado livre em suas respostas e o entrevistador 
com maior flexibilidade para chegar ao seu objetivo. 
Foi estruturado um roteiro com 21 perguntas abertas, onde após uma minuciosa 
avaliação se dividiu em três blocos para atender cada um dos objetivos específicos desta 
pesquisa conforme apresentado no Apêndice B. 
Para um conhecimento mais amplo da matéria de Saúde e Segurança do Trabalho no 
setor público, o pesquisador teve que realizar uma pesquisa bibliográfica e documental se 
valendo de leis, instruções normativas, livros e artigos científicos através de acessos a sites de 
internet e documentos físicos. 
34 
 
3.4 COLETA DE DADOS 
 
 
Este processo foi extremamente complexo e demorado, uma vez que a 
administradora estava muito envolvida em campanhas de vacinação da população para a 
imunização e prevenção ao contágio de Covid-19 e outras enfermidades como a influenza, 
que também assola a população neste período mais frio no estado do Rio Grande do Norte. 
Vale destacar que a equipe da Secretaria de Saúde do município de Baia Formosa conseguiu 
atingir a vacinação da primeira dose nos munícipes a partir dos dezoito anos, ainda no mês de 
julho de 2021, sendo assim um dos municípios do estado do RN mais avançado na prevenção 
ao contágio com o Coronavírus. 
A entrevista foi marcada e desmarcada inúmeras vezes por necessidades destes 
atendimentos à população e também por impossibilidade do pesquisador, por estar envolvido 
em suas atividades laborais em empresa privada na qual trabalha. Diante de tantas 
dificuldades, finalmente no fim do mês de julho de 2021, conseguiu-se agendar a entrevista na 
parte da manhã do dia 30. Vale destacar que neste dia ocorreu o encerramento de Comissão 
Especial para o Tratamento e Prevenção ao Coronavírus e a administradora recebeu elogios 
pelo trabalho desenvolvido. Lakatos e Marconi (1990 apud Zanella, 2012) dizem que a 
entrevista é o encontro de duas pessoas, onde uma delas obtém informações da outra sobre 
determinado assunto. 
Na data e hora combinadas previamente, estavam então reunidos na sala da 
administração da Unidade, o pesquisador e a administradora. Um ambiente reservado, bem 
iluminado e com boas condições para a coleta de dados na entrevista que estava prevista para 
ocorrer dentro do prazo de uma hora. 
Para se levantar as informações essenciais a serem analisadas posteriormente, foi 
necessário que a entrevistada entendesse o conteúdo de um Termo de Consentimento Livre 
Esclarecido (Apêndice C) que logo após a sua leitura, ocorreu a explicação do objetivo da 
pesquisa, a metodologia e a importância se caso aceitasse participar da entrevista. Atendendo 
às normas éticas de preservação da identidade do entrevistado e obtendo o consentimento da 
gravação da entrevistacom o auxilio de telefone celular para tornar ainda mais confiáveis as 
informações colhidas. Se expôs que após a gravação a entrevista seria transcrita para auxiliar 
na análise Explicou-se ainda que o conteúdo coletado seria usado apenas para fins científicos 
e acadêmicos. Com a compreensão de todo o conteúdo do Termo e dada todas as explicações, 
se fez o convite para esta contribuição, que ao ser aceito, foi devidamente assinado o Termo e 
35 
 
este se encontra em poder do pesquisador. A entrevista ocorreu com algumas interrupções 
devido ao evento de término da comissão de combate à pandemia no município, mas não 
interferiu na sequência lógica das respostas, porém prolongou o tempo para uma hora e treze 
minutos, conforme registro da gravação. 
 
3.4.1 Cenário da Pesquisa 
 
 
O cenário da pesquisa foi a Unidade de Pronto Atendimento de Urgência e 
Emergência Maria Elinor Soares de Melo, que é o local onde a população do município 
procura auíilio médico para todas as situações de enfermidades, e neste momento de 
pandemia de coronavírus, é onde se centraliza todas as ações de saúde do município e seus 
distritos. E esta foi uma grande preocupação do pesquisador para se prevenir ao contágio de 
alguma enfermidade nestes tempos de pandemia, sem esquecer-se das demais doenças 
comuns neste período. 
A UPA se localiza logo na entrada do município, na rua Dr. Manoel Francisco de 
Melo, nº 12 no centro de Baia Formosa – RN e é cadastrada sob o nº 2475375 no Cadastro 
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) desde 12 de fevereiro de 2004 onde recebe a 
nomenclatura de Unidade de Emergência da Baia Formosa. 
Atualmente o seu organograma de trabalhadores é composto por uma administradora, 
dois médicos(as) com especialidades em clinicas gerais, quatro enfermeiros(as), dez 
técnicos(as) de enfermagem, três auxiliares de enfermagem, um protético dentário e cinco 
recepcionistas. Além deste quadro ainda possuem equipes terceirizadas de motoristas, 
cozinheira e copeira e também a equipe de auxiliares gerais que cuidam da higienização das 
áreas comuns e restritas. Esta equipe é dividida em plantões de 24 horas e revezam se houver 
necessidade. A Unidade atende pelo SUS e funciona 24 horas por dia. O atendimento 
ambulatorial atende casos de baixa e média complexidade, já o atendimento hospitalar tem 
estrutura para atendimento até média complexidade. 
 
36 
 
3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 
 
 
3.5.1 Tratamento dos dados 
 
 
Os dados para a realização da análise foram obtidos através da entrevista e após 
foram transcritos para o melhor tratamento. (MARCONI E LAKATOS, 2003) 
Destaca-se que a entrevista teve a duração de uma hora e treze minutos de conversas 
entre perguntas e respostas. Estas conversas foram ouvidas inúmeras vezes e após foram 
transcritas e novamente ouvidas para uma fidelidade da informação obtida. 
 
 
3.5.2 Dificuldades do estudo 
 
 
No inicio, as dificuldades estavam voltadas na preocupação do contágio com o vírus 
pandêmico de todos os envolvidos para o desenvolvimento da coleta de dados. Depois foram 
os desencontros para a marcação da entrevista que foram adiadas diversas vezes devido a 
campanhas de vacinação na prevenção da Covid-19 e gripe, que estavam ocorrendo 
simultaneamente para os públicos específicos de cada imunizante. 
 
 
3.5.3 Análise de dados 
 
 
No entendimento de Roesch (1999, p. 156 e 157 apud ZANELLA, 2012, p. 125), que 
segue padrões da análise quantitativa, a análise de conteúdo tem como “propósito contar a 
freqüência de um fenômeno e procurar identificar relações entre os fenômenos, sendo que a 
interpretação dos dados se socorre de modelos conceituados definidos a priori”. 
Já a técnica de análise de conteúdo na pesquisa qualitativa, para Bardin (2016), é 
baseada na palavra em seu aspecto individual e atual da linguagem. Nela se trabalha a palavra 
que é a prática da língua falada por um determinado emissor para compreender os indivíduos 
ou o ambiente em um determinado momento. A autora ainda propõe algumas etapas para esta 
37 
 
análise e a divide em três fases: A pré análise; a exploração do material e o tratamento dos 
resultados, inferência e interpretação. 
Na pré análise, compreende-se a organização do material a ser analisado para torná-
lo operacional e sistematizar as ideias iniciais. Deve utilizar-se de quatro processos; A leitura 
flutuante, onde o pesquisador colhe a informação e transcreve a entrevista; seleciona o que vai 
ser analisado; verifica as afirmações para formular hipóteses e objetivos e elabora indicadores 
destacando do texto os temas que mais repetem para constituir os índices (BARDIN, 2016). 
Para que isso ocorra, a autora orienta os seguintes critérios de seleção dos dados, que ela 
chama de regras: 
 Regra da exaustividade – para esgotar todas as dificuldades da comunicação; 
 Regra da representatividade – para que os dados selecionados contenham 
informações relevantes ao universo a ser pesquisado; 
 Regra da homogeneidade – para que os dados sejam referentes ao mesmo 
tema; 
 Regra da pertinência – para que os dados conduzam aos objetivos da 
pesquisa. 
Na exploração do material é onde ocorre a codificação e a definição de categorias de 
análise, a identificação das unidades de registro e a unidade de contexto dos dados. Neste 
momento o pesquisador deve atentar aos critérios de exclusividade para não enquadrar um 
elemento em mais de uma categoria. 
Na última etapa é onde ocorre o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. 
Ocorre ainda a condensação e o destaque das informações a serem analisadas conforme ilustra 
a Figua 1 abaixo de acordo com Laurence Bardin (2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
Figura 1 – Resumo esquemático das fases de análise de conteúdo 
 
Fonte: Bardin (2016, p.102) 
 
 
 
 
 
 
39 
 
3.5.4 Unidades de análise 
 
 
Para Bardin (2016, p.117), classificar elementos em categorias, “impõe a 
investigação do que cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu 
agrupamento, é a parte comum existente entre eles”. 
O Quadro 3 demostra as categorias analíticas e os elementos de análise e suas 
respectivas perguntas na entrevista realizada conforme consta no apêndice B deste trabalho. 
 
Quadro 3 - Categoria de Análise e Evidência 
 Objetivo específico Categoria de análise Elemento exploratório Evidências 
Entender o trabalho 
desenvolvido pelo 
administrador público na 
unidade de saúde. 
1 - O trabalho do 
administrador público 
na unidade de saúde; 
Rotina do Trabalho; 
Atividades; Deveres; 
Administração de controles 
orçamentários. 
Entrevista 
perguntas 
1,2,3,4,5 e 6 
Compreender a gestão 
organizacional 
relacionada à saúde e 
segurança do trabalho. 
2 - A gestão pública e 
a saúde e segurança do 
trabalho 
Conhecimento sobre o tema 
SST; Gestão da matéria de 
SST; Proteção dos 
trabalhadores e 
responsabilidades sobre SST 
na Unidade; Adicionais 
legais para os servidores 
Entrevista 
perguntas 
7,8,9,10,11,12,13, 
14, 18 e ainda 
pesquisa 
documental. 
Entender a gestão 
administrativa no 
enfrentamento à 
pandemia de COVID-19. 
3 - Enfrentamentos à 
pandemia de Covid-19 
Sentimento no 
enfrentamento à pandemia; 
Descarte de material 
contaminado; Melhoria no 
enfrentamento 
Entrevista 
perguntas 
15,16,17,19 e 20 
Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2021) 
 
 
3.5.5 Definições das categorias de análises e a exploração dos elementos. 
 
 
Após a definição das categorias analíticas, podemos entender melhor as próximas 
etapas do trabalho. 
 
O trabalho do administrador público na unidade de saúde: Pode ser definida 
como se desenvolve o trabalho da administração na Unidade, consistem em sua rotina, 
40 
 
deveres e obrigações. As perguntas utilizadas para compreender esta categoria, focam em 
conceitos e práticas administrativas. 
A gestão públicae a saúde e segurança do trabalho: Define-se sobre o 
conhecimento específico sobre a matéria de SST e o seu desenvolvimento para a proteção dos 
servidores. Neste sentido, as perguntas para definição desta categoria são voltadas aos 
conhecimentos e utilização de uma atitude prevencionista aos riscos aos quais os servidores 
estão expostos no labor de suas atividades diárias. 
Enfrentamento à pandemia de Covid-19: São os procedimentos adotados pela 
administração da Unidade para a nova realidade pandêmica e seu atendimento. Nesta 
categoria, procurou-se saber das condições emocionais de todos os envolvidos, 
principalmente da administradora, para o enfrentamento da nova realidade imposta e como se 
realiza os cuidados com os descartes de materiais contaminados. 
 
41 
 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
 
Neste capítulo são expostos os dados obtidos na entrevista e as observações do 
entrevistador nesta ocorrência. 
Conforme pensa Barbetta (1998, p.66 apud ZANELLA, 2012, p. 98), a descrição e 
apresentação dos dados “compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências 
dos diferentes resultados observados”. Seus resultados são apresentados de forma a permitir o 
entendimento da pesquisa e os objetivos do trabalho. 
 
 
4.1 O TRABALHO DA ADMINISTRADORA PÚBLICA NA UPA 
 
 
Nesta categoria se busca entender o trabalho da administradora na Unidade de Pronto 
Atendimento, e logo ao se apresentar, ela informa ser técnica em gestão hospitalar e que cursa 
o quinto período na graduação em Administração, ou seja, possui uma formação técnica para 
exercer a função e está se qualificando ainda mais. Informa ainda que trabalhou “em outras 
instituições privadas, e que soma treze anos de experiência em sua área de atuação.” Segundo 
Chiavenato (1993) o exercício da administração nada mais é que conduzir com racionalidade 
às atividades da organização, o que ela demonstra ser capaz com a sua experiência de trabalho 
na área. 
Quando perguntada sobre sua rotina, diz ser: 
 
“Basicamente é organizar e distribuir o efetivo de acordo com as necessidades 
operacionais, fazer pedidos e acompanhar a sua chegada para manter a Unidade em 
condições de trabalho na área da saúde, além de ser agente motivadora da equipe 
para o atendimento de forma humanizada a todos que procuram a Unidade.” 
 
Na organização da equipe, a administradora informa que montou cinco grupos 
distintos de profissionais efetivo da prefeitura e contratados de empresas terceirizadas, e que 
compõem os quadros da limpeza, vigilância, recepção e motoristas, Atendimento Médico 
(Médicos, Enfermeiras e Técnicos em enfermagem) e a direção. Informou que estes grupos 
mais operacionais são distribuídos em plantões de vinte e quatro horas e que poderiam ficar 
de sobreaviso para cumprir trinta e seis horas em caso de necessidade de complemento do 
42 
 
quadro em possíveis ausências de profissionais, enquanto as folgas permaneciam em vinte e 
quatro horas conforme o plantão original. Percebeu-se neste momento da entrevista que a 
administradora enfrentou dificuldades no período atípico de pandemia na manutenção do 
efetivo de trabalhadores quando informou sobre o protocolo do Ministério da Saúde de 
afastamento de pessoas com suspeita de infecção ou infectadas com o coronavírus, que 
segundo ela, eram de quatorze dias. Deixando claro que houve um planejamento estratégico 
para a administração de todo o processo corroborando com o pensamento de Taylor (2010, 
apud NETO, 2017) que defende que a administração científica seja tratada especificamente 
pela ciência e não empiricamente, defendendo que a improvisação deve ceder lugar ao 
planejamento e o empirismo à ciência. Relacionado a administração dos custos de 
manutenção da unidade como um todo, informou que ficava a cargo da Secretaria de Saúde e 
sua equipe de coordenação, na Unidade sua gestão era apenas realizar os pedidos de materiais 
para administrar e manter a UPA. 
Evidencia-se aqui que o objetivo de entender o trabalho desenvolvido pela 
administração pública da Unidade de Pronto Atendimento neste estudo foi esclarecido, e que 
os princípios da administração aqui entendidos corroboram com os pensamentos de obras 
voltadas para esta temática como os de Chiavenato (1993), Maximiano (1997), Taylor (2010 
apud NETO, 2017) e Marques e Trigueiro, (2012). Observamos que a administração deve ser 
capaz de compreender os sentimentos humanos envolvidos e utilizar técnicas científicas para 
alcançar objetivos previamente pensados. 
Para Chiavenato (1993, p.1) “a administração trata do planejamento, da organização 
(estruturação), da direção e controle de todas as atividades”. Segundo Maximiano (1997) a 
administração é importante em qualquer escala de utilização de recursos na realização de seus 
objetivos. Percebe-se que a administradora realizou um bom trabalho ao organizar suas 
equipes de trabalhadores em escalas de plantões. O dimensionamento e o planejamento dos 
recursos humanos disponíveis foi o possível para atender o seu objetivo naquele momento. 
Em certo momento após a entrevista, foi perguntado sobre a possibilidade de contratação de 
mão de obra extraordinária, e ela respondeu o seguinte: 
 
“Não poderia, até porque foi uma coisa que ficou escassa para cobrir as ausências 
imediatas. Os profissionais da área de saúde estavam muito envolvidos e foram 
momentos difíceis para todos. A terceirização ficou impossível e muitos membros 
das equipes se esforçaram e conseguimos vencer nos momentos em que se 
precisou.” 
 
43 
 
No pensamento de Taylor (2010 apud NETO 2017) a administração deve ser tratada 
cientificamente e as ações devem passar por planejamento. Sabemos da ocorrência de 
situações inesperadas, mas estas também devem sofrer um planejamento, mesmo que rápido e 
falível, porém com possibilidades de reparos. Neste pensamento os autores Marques e 
Trigueiro (2012) informam que para administrar se torna necessário o domínio da arte de 
implantar mudanças, porém obedecendo aos princípios da ciência para implantar as mudanças 
certas. 
 
 
4.2 A GESTÃO PÚBLICA E A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
Esta categoria de análise é importantíssima para todo o trabalho. Nela se procura 
compreender a gestão organizacional sobre SST na Unidade, mesmo o pesquisador possuindo 
vasto conhecimento na área de segurança do trabalho devido a formação técnica e atuação na 
área, teve-se a obrigação de recorrer a pesquisas bibliográficas exploratórias em documentos e 
leis específicas para a gestão pública nesta matéria, para compreender o universo a ser 
explorado na entrevista semiestruturada que foi formulada após este estudo. Este esforço é 
apresentado a seguir na análise dos resultados. 
 
 
4.2.1 Conhecimento sobre o tema SST 
 
 
Iniciou este bloco de perguntas querendo saber o nível de conhecimento em SST que 
a administradora possuía. Esta respondeu de forma pessoal e bem específica o seguinte: 
 
“Segurança do Trabalho, para mim, eu tenho que proporcionar. Tanto para os 
serviços que estou ofertando quanto para os meus funcionários colaboradores ter os 
padrões de segurança. Acredito ser voltada para este lado. E estar adepta dos padrões 
que vem do Ministério da Saúde, onde eles são bem superficiais e que normalmente 
se pede para usar os equipamentos de proteções, mas é só. Eu distribuo todos os 
equipamentos de segurança do trabalho.” 
 
Demonstra em suas palavras vincular a saúde e segurança do trabalho a simples 
distribuição e ao uso de equipamentos de proteção individual bem como ao cumprimento de 
44 
 
protocolos do Ministério da Saúde, que segundo ela, “são bem superficiais” e as orientações 
estão voltadas também a este fim, o uso de EPIs. Informou ainda que sente uma deficiência da 
fiscalização nesta área por parte do serviço público em geral, ao falar que, “tanto do Estado, 
quanto do Governo Federal e no município, eles não tem essa

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