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12 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MARCOS VINÍCIUS FREITAS DA SILVA A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 NOVA CRUZ, RN 2021 Marcos Vinícius Freitas da Silva A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do curso de Administração a distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Administração. Orientadora: Lucila Moura Ramos Vasconcelos, D. Sc. Co-orientadora: Bianca Josefa Ribeiro de Oliveira, Esp. NOVA CRUZ, RN 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas – CCSA Silva, Marcos Vinícius Freitas da. A gestão de Saúde e Segurança no Trabalho em tempos de pandemia de COVID-19 / Marcos Vinícius Freitas da Silva. - 2021. 60f.: il. Monografia (Graduação em Administração Pública) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Curso de Administração Pública. Natal, RN, 2021. Orientadora: Profa. Dra. Lucila Moura Ramos Vasconcelos. Coorientadora: Tutora Esp. Bianca Josefa Ribeiro de Oliveira. 1. Administração pública - Monografia. 2. Segurança do Trabalho - Monografia. 3. Pandemia de Covid-19 - Monografia. I. Vasconcelos, Lucila Moura Ramos. II. Oliveira, Bianca Josefa Ribeiro de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 35:61 Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 Marcos Vinícius Freitas da Silva A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 Monografia apresentada à Coordenação do curso de Administração a distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, composta pelos seguintes membros: Aprovada em: ____/_____/____ _____________________________________________________________ Profª D. Sc. Lucila Moura Ramos Vasconcelos Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Orientadora _____________________________________________________________ Profª D. Sc. Anne Emília Costa Carvalho Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro _____________________________________________________________ Profª D. Sc. Dinara Lesley Macedo e Silva Calazans Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro Dedico este trabalho a Deus, por ter me proporcionado sabedoria para trilhar minha caminhada bem como a minha esposa, Maria Lucineide da Silva, pelo companheirismo, carinho, incentivo e amor. AGRADECIMENTOS A Deus, por sua infinita misericórdia e ter me dado sabedoria para elaborar e concluir este trabalho A Maria Lucineide, minha esposa e maior incentivadora em momentos de angustias e desânimos, para que eu não desistisse e pudesse prosseguir. À minha filha e amiga Victória Ruama, por me orientar nos caminhos da UFRN digital e por estarem ao meu lado em mais esta conquista. A Genilda Gomes, uma serva de Deus a qual temos uma grande gratidão e que nos acolheu no seio de sua família e nos apresenta a Deus em suas orações como se fossemos seus filhos. Aos amigos Fábio Alves e Marcelo Silva por suas ajudas durante esta graduação em vários trabalhos que compartilhamos e nos dedicamos para alcançar sempre a excelência. Não poderia deixar de fora todos os meus colegas de classe que de alguma forma também contribuíram neste processo, bem como os antigos amigos pela compreensão de minha ausência em eventos promovidos por eles nestes períodos de estudos. À minha orientadora, Lucila Moura Ramos Vasconcelos, por ter aceitado o desafio desse trabalho e ter conduzido com objetividade, paciência e muita sabedoria. Agradeço também à professora Matilde Medeiros por ter me dado orientações desde o início deste curso sobre as formatações necessárias e o conteúdo de um Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. Registro aqui que sendo um trabalho individual e por muitas vezes solitário, o auxílio de todos nesta caminhada, me fortaleceu e deu base para realização deste sonho meu e de meus pais (In Memoriam). A realização desta pesquisa é fruto do apoio de todos. Para cada um de vocês, dedico estas páginas de conhecimento. “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes.” Marthin Luther King RESUMO A Saúde e Segurança do Trabalho é uma necessidade a ser desenvolvida em todos os ambientes laborais, que tem como finalidade a garantia da integridade física e mental dos trabalhadores. Este trabalho desenvolve-se com o objetivo de compreender a percepção de um administrador público sobre saúde e segurança do trabalho em tempos de pandemia de COVID-19. Neste sentido, buscou-se entender as atividades deste profissional dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento pública e compreender a gestão de saúde e segurança do trabalho ali empregada em seu corpo de servidores para o enfrentamento da pandemia mundial. Para o aprofundamento neste assunto, houve a necessidade de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa, que além de um estudo bibliográfico amplo, se valeu de uma entrevista semiestruturada aplicada para a coleta dos dados de campo. Estes dados foram divididos em três partes e categorizados para uma melhor análise destes conteúdos. A primeira categoria de análise foi o trabalho da administradora na Unidade de saúde, a segunda teve por base a gestão pública e a saúde e segurança do trabalho e a terceira categoria preocupou-se em saber do enfrentamento à pandemia de COVID-19. Após o tratamento destes dados, concluiu-se que neste universo pesquisado, a visão da administradora ainda não é suficiente para uma gestão segura em SST de um modo geral. O que contribui para que isso ocorra e chegue-se a esta conclusão, é motivado pela omissão legal e regulamentar sobre este tema no regime estatutário público, e isso exige do administrador uma preocupação maior na garantia da integridade física e mental dos servidores da área da saúde, principalmente em tempos difíceis de pandemia de COVID-19. Palavras-chave: Segurança do trabalho. Saúde. Gestão pública. COVID-19. ABSTRACT Occupational Health and Safety is a need to be developed in all work environments, which aims to guarantee the physical and mental integrity of workers. This work aims to understand the perception of a public administrator about health and safety at work in times of COVID- 19 pandemic. In this sense, we sought to understand the activities of this professional within a public Emergency Care Unit and understand the management of health and safety at work there employed in its staff to face the global pandemic. To go deeper into this subject, there was a need for an exploratory research of a qualitative nature, which, in addition to a broad bibliographic study, made use of a semi-structured interview applied to collect field data. These data were divided into three parts and categorized for a better analysis of these contents. The first category of analysis was the work of the administrator at the Health Unit, the second was based on public management and health and safety at work, and the third category wasconcerned with knowing how to deal with the COVID-19 pandemic. After processing these data, it was concluded that in this universe studied, the administrator's vision is still not enough for a safe management in OSH in general. What contributes to this happening and reaching this conclusion, is motivated by the legal and regulatory omission on this subject in the public statutory regime, and this requires the administrator to be more concerned in ensuring the physical and mental integrity of the servers in the area of health, especially in difficult times of the COVID-19 pandemic. Keywords: Work safety. Health. Public management. COVID-19. LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CF – Constituição Federal CLT – Consolidação das Leis do Trabalho EPI – Equipamento de Proteção Individual LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho MS – Ministério da Saúde NBR – Norma Brasileira NR – Norma Regulamentadora OIT – Organização Internacional do Trabalho OMS – Organização Mundial da Saúde PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional SBMT – Sociedade Brasileira de Medicina Tropical SEPRT – Secretaria Especial da Previdência e Trabalho SST – Saúde e Segurança do Trabalho SUS – Sistema Único de Saúde TCC – Trabalho de Conclusão de Curso UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UPA – Unidade de Pronto Atendimento SUMÁRIO 1 PARTE INTRODUTÓRIA 12 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA 12 1.2 OBJETIVOS 17 1.2.1 Objetivo Geral 17 1.2.2 Objetivos Específicos 17 1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 17 1.4 APRESENTAÇÃO 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 2.1 A ADMINISTRAÇÃO 21 2.2 A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 22 2.2.1 A Saúde e Segurança do Trabalho no Regime Celetista 24 2.2.2 A Saúde e Segurança do Trabalho no Regime Estatutário 26 2.3 A PANDEMIA DE COVID-19 28 3 METODOLOGIA DA PESQUISA 30 3.1 NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 31 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 33 3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA 33 3.4 COLETA DE DADOS 34 3.4.1 Cenário da Pesquisa 35 3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 36 3.5.1 Tratamento dos dados 36 3.5.2 Dificuldades do estudo 36 3.5.3 Análise de dados 36 3.5.4 Unidades de análise 39 3.5.5 Definições das categorias de análise e a exploração dos elementos 39 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 41 4.1 O TRABALHO DA ADMINISTRADORA PÚBLICA NA UPA 41 4.2 A GESTÃO PÚBLICA E A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 43 4.2.1 Conhecimento sobre o tema SST 43 4.2.2 Gestão da matéria de SST 44 4.2.3 Proteção dos trabalhadores e pessoas para o atendimento 45 4.2.4 Adicionais legais para os servidores 46 4.3 ENFRENTAMENTOS À PANDEMIA DE COVID-19 47 5 CONCLUSÃO 49 REFERÊNCIAS 51 APÊNDICES 57 APÊNDICE A – PROTOCOLO DE REVISÃO DE LITERATURA 58 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA 59 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 60 12 1 PARTE INTRODUTÓRIA 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO No decorrer de uma vida, o trabalho ganha enorme destaque por consumir uma parcela considerável deste tempo (WHO apud MARTINEZ, 2017), de certo modo chega a ser maior do que o destinado ao lazer, e por isso deveria ser desenvolvido num ambiente prazeroso e ideal para contribuir com a sua saúde. Porém, muitas vezes, este trabalho é desenvolvido em ambientes inapropriados e coloca os trabalhadores expostos a riscos ocupacionais gerados principalmente pela particularidade da atividade ou mesmo dos maquinários utilizados. No contexto real, percebe-se que frequentemente ocorrem doenças e acidentes nestes ambientes que podem limitar a integridade física e mental dos trabalhadores por situações ligadas a sua rotina laboral. Assim sendo, por imposições e necessidades normativas, as organizações vêm dando maior atenção às práticas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) e, por se tratar de uma necessidade cotidiana, medidas para sanar tais problemas, têm se tornado uma necessidade real. (FERREIRA; ALVES; TOSTES, 2009). No Brasil, com o fim da escravidão, teve início o trabalho livre e com isso se desenvolveu uma nova perspectiva social propícia à introdução de leis e normas disciplinadoras destes trabalhos (ALMEIDA, 2016), porém somente após aproximadamente 55 anos, em 1943 que foi promulgado o Decreto-Lei nº 5.452 em 1º de maio (BRASIL, 1943) que é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que regula as normas individuais e coletivas do trabalho e que muitas destas normas vigoram até os dias atuais e outras sofreram alterações por meio de outras leis. Neste universo, destacamos a Saúde e Segurança no Trabalho (SST) que tem como missão atenuar os maiores agravos a integridade física das pessoas em relação ao trabalho (BRASIL, 2020e). No Brasil, foi na década de 1970 onde se desenvolveram as maiores regulamentações normativas através do advento da Lei nº 6.514/77, que alterou o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho relacionado à segurança e medicina do trabalho (BRASIL, 1977). Esta lei norteou o desenvolvimento das Normas Regulamentadoras (NR), que disciplinam o tema amplamente e que se desenvolveram a partir da aprovação da Portaria nº 3.214 em 08 de junho de 1978 e que tem força de lei e servem para unificar e dar um formato final as leis de Segurança do Trabalho (BRASIL, 1978). Estas normas objetivam 13 atender de maneira satisfatória a matéria de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) no que concerne às relações de trabalho regidas pela CLT. Elas são constantemente atualizadas e supridas de novas portarias que vêm complementar e doutrinar setores que merecem maior atenção legal. Todavia, seguindo adjacentemente ao regime celetista, encontramos um vasto universo de trabalhadores que possuem outra relação de trabalho disciplinada pelo regime estatutário que podem não ser contemplados pelas mesmas proteções destinadas aos trabalhadores do regime celetista, os denominados servidores públicos. Essas duas classes de trabalhadores possuem diferentes características de submissão legal a diferentes ramos do direito. Almeida (2016) informa que enquanto uma possui amparo nas leis do direito do trabalho (celetistas) a outra é amparada por leis do direito administrativo (estatutários). Neste universo encontramos a figura do administrador público, que segundo a Constituição Federal (1988) em seu art 37, deve exercer suas funções obedecendo aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tendo suas atividades pautadas em observações de normas legais e princípios que as norteiam. Segundo Meirelles (2010), os administradores públicos possuem quatro deveres principais que são: O dever-poder de agir; O dever de eficiência; o dever de probidade e o dever de prestar contas. Estes são os encargos daqueles que gerem bens e interesses da comunidade que são estabelecidos em lei, determinados pela moral administrativa e exigidos pelo interesse público. Tendo a responsabilidade de administrar com eficiência e não fazer somente o que for possível para alcançar os resultados, o administrador se vê no dever de realizar suas atribuições com maior agilidade, perfeição e qualidade sendo orientado por técnicas administrativas atuais e sendo surpreendido por um novo desafio de enfrentar uma inédita situação de pandemia de COVID-19 com seus recursos escassos. Com a nova situação, onde no final do ano de 2019 foi notificado a Organização Mundial de Saúde (OMS) que na China estava havendo a incidência de um novo vírus (SARS CoV 2 (n CoV-19) - coronavírus) e este se espalhou no globo terrestre e atingiu váriospaíses causando mortes em números surpreendentes. “Considerado uma pandemia mundial pela OMS em 11 de março de 2020” segundo Schmidt et al (2020, apud PEREIRA at al, 2020 p.4), esse vírus chegou ao Brasil em fevereiro de 2020. Como se tratava de uma nova situação emergencial houve a necessidade de uma estratégia para o combate, e como “o SUS é organizado em redes de atenção” conforme descrito por Kuschnir, Chorny, Lira (2010) este Sistema foi logo preparando condições para este enfrentamento nos primeiros serviços. 14 Os sintomas da nova infecção eram comuns a outras doenças respiratórias e a primeira coisa a fazer era tentar evitar o contágio, e se fez campanhas em massa para a higienização pessoal e dos ambientes e foram orientados através de decretos estaduais e municipais a diminuição da circulação da população no intuito de evitar o contato entre pessoas que poderiam se contaminar e ou transmitir o vírus. O Ministério da Saúde por sua vez, baixou a portaria nº 188 em 03 de fevereiro de 2020 decretando “Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN)” (BRASIL, 2020e) Nos principais acessos aos municípios houve uma grande preocupação para o monitoramento da população que necessitava circular dentro de seu perímetro para não permitir o acesso de pessoas contaminadas ou com sintomas em seus ambientes comuns sem a utilização de medidas adequadas e suficientes de prevenção do contágio, pois ainda que o contato com o agente biológico que cause a doença não esteja diretamente ligado às atividades do comércio, este poderia ser afetado se a gestão administrativa do município não dispusesse de barreiras para evitar o contágio. Uma destas barreiras era promover a conscientização do uso de máscaras semifaciais de tecido para evitar a contaminação por gotículas de saliva ao falar, espirrar ou tossir e a higienização das mãos com álcool em gel a 70% bem como a higienização dos pneus dos veículos com uma solução de hipoclorito de sódio diluída. Outra barreira era monitorar as pessoas que viessem a entrar ou transitar nos municípios fazendo aferição de sua temperatura e orientando para ser evitada a aglomeração de pessoas em suas atividades básicas para a manutenção de suas vidas, como a compra de alimentos em redes de supermercados, por exemplo. Porém mesmo assim houve um grande contágio na população em geral e desencadeou a necessidade de se fazer exames para detectar se a pessoa estava contaminada ou não. Na rede pública iniciaram os testes para diagnosticar e tratar a infecção em 2020. O Governo Federal através do Ministério da Saúde com os recursos do SUS criou então em março de 2020 o programa “Diagnosticar para Cuidar” no intuito de realizar os testes em 46 milhões de pessoas (22% da população brasileira) até o final de 2020 (BRASIL, 2020a). A estratégia do programa estava dividida em duas frentes de ações, uma utilizava os testes de biologia molecular o RT – PCR nas pessoas com sintomas para haver o tratamento e a outra frente que seria implantada posteriormente para através de testes rápidos (sorologia) entender a progressão do vírus em todo o território nacional. A estratégia nacional para testagem do coronavírus foi dividida em cinco fases: implantação, parceria público-privada, ampliação, desaceleração e legados. Relacionado aos 15 leitos de UTI, foram dobrados os valores diários de manutenção enquanto durar a pandemia, exclusivamente para tratamento da COVID 19, isso regulamentado através da Portaria MS nº 568 em todos os estados brasileiros e os recursos, de acordo com as necessidades apresentadas para aquisições de equipamentos de suporte à vida, foram enviados atendendo os princípios do SUS aos estados e municípios que apresentavam maiores necessidades. A ampliação da testagem, do diagnóstico e o tratamento da COVID-19 é um desafio que se impõe à sociedade brasileira e ao SUS. Diante deste desafio, encontram-se as organizações públicas das Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), que devem dispor de recursos humanos, instalações e materiais necessários para este enfrentamento. Os administradores destas organizações públicas deverão gerenciar estes recursos para garantir a integridade da saúde de seus servidores e clientes que procuram as UPAs. Por outro lado o Sistema Único de Saúde (SUS) teve sua criação em 1988 através da Constituição Federal Brasileira em seus artigos 196 a 200, onde determinou que é dever do Estado garantir saúde a toda a população do país (BRASIL, 2020). Nesta esfera, todo brasileiro obteve o direito ao atendimento gratuito aos serviços públicos de saúde a partir da promulgação da lei nº 8.080 em 1990 (BRASIL, 1990). Este sistema “é considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo”, segundo relata o ex-ministro Alexandre Padilha para um artigo no site da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT, 2018) e é mantido com recursos públicos. O SUS está baseado em três princípios que são: a Universalidade, a Equidade e a Integralidade (BRASIL, 2020). Universalidade: a saúde é um direito de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Equidade: tem como objetivo diminuir as desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Desse modo, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Integralidade: considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para 16 assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Analisando o contexto dos universos apresentados, a organização pública que norteou os estudos e a pesquisa foi a Unidade de Pronto Atendimento de Urgência e Emergência Maria Elinor Soares de Melo em Baia Formosa/ RN. Onde foi realizado o levantamento das informações com a administradora da organização pública sobre a Saúde e Segurança do Trabalho dos servidores e contratados para a prevenção destes ao risco biológico do novo vírus e temos como objeto de estudo no presente trabalho a seguinte questão: “Qual a visão do administrador da organização pública em estudo para a gestão da Saúde e Segurança do Trabalho no enfrentamento à pandemia de COVID-19?” 17 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Compreender a percepção de um administrador sobre saúde e segurança do trabalho em uma Unidade de Pronto Atendimento público em tempos de pandemia de COVID-19. 1.2.2 Objetivos Específicos Entender o trabalho desenvolvido pelo administrador público na unidade de saúde; Compreender a gestão organizacional relacionada à saúde e segurança do trabalho; Entender a gestão administrativa no enfrentamento à pandemia de COVID-19. 1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO Nos dias atuais a matéria de segurança no trabalho é amplamente disseminada em todos os ambientes laborais e não tem limites de fronteiras, abrange trabalhadores de todo o mundo, mesmo que em estágios diferentes em cada um destes locais. Este tema chama a atenção também pelos alarmantes agravos econômicos e sociais oriundos de acidentes e doenças laborais. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) cerca de 2,4 milhões de pessoas morreram ao ano nesta última década relacionado a tais fatores. Gerando um alto custo no tratamento e indenizações (por pensões ououtros tipos de indenizações) relacionadas ao fato destas ocorrências. Estes custos giraram em torno de 10,3 bilhões de dólares por ano, nestes últimos dez anos (OIT, 2021). 18 Com esta realidade, houve a necessidade de avanços neste tema e é pertinente que a incorporação de normas de Saúde e Segurança do Trabalho ao ordenamento jurídico brasileiro representou uma grande conquista para os trabalhadores do nosso país. A legislação nacional sobre o tema norteia-se em critérios internacionais amplamente difundidos e aceitos em várias nações e confere aos trabalhadores brasileiros importantes garantias relacionadas à sua saúde, segurança e integridade física no ambiente de seu trabalho (ALMEIDA, 2016). Esta legislação tem por base a Constituição Federal de 1988 (CF) que possui um artigo específico que trata dos direitos dos trabalhadores que é o Art. 7º. No inciso XXII descreve que a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (BRASIL, 1988) como sendo um dos direitos dos trabalhadores. Destaca-se que este direito também é devido aos servidores estatutários, uma vez que a Emenda Constitucional nº 19 de 04 de junho de 1998, inseriu em seu §3º no Art. 39 da CF, uma determinação que este inciso XXII deva ser aplicado aos ocupantes de cargo público (BRASIL, 1998). Entretanto devemos destacar que este inciso trata-se de norma de eficácia limitada, não sendo portanto, auto aplicável. Porém analisando ainda a CF em seu Art. 225, vemos que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo. Percebe-se que não fica claro ao que se refere este ambiente ecológico, mas segundo os juristas Fiorillo e Rodrigues (1999, p 66) a doutrina “entende que este direito se estenda ao meio ambiente laboral”, ou seja, do seu trabalho. Complementando este pensamento, a própria CF, em seu Art. 200, inciso VIII, norteia que entre as competências do Sistema Único de Saúde, está a -”proteção do meio ambiente, nele compreendido e do trabalho” Com isso embasamos à luz da CF, a proteção constitucional ao meio ambiente do trabalho na área da saúde pública. Porém, mesmo possuindo base na CF de 1988, falta ainda uma regulamentação legal para a classe dos servidores públicos como houve com os celetistas. Almeida (2016) destacou que existem defensores da aplicação das Normas Regulamentadoras no serviço público, mas tal solução implicaria em violação de pressupostos do direito administrativo, como o não cumprimento do princípio da legalidade. No momento de uma pandemia como esta da COVID-19, os administradores públicos enfrentam vários dilemas em suas atividades e certamente a falta de regulamentação desta matéria é uma delas. Entre os dilemas que o administrador público de uma UPA encontra para solucionar, estão a garantia do atendimento ao público que procura socorro em sua organização bem como a saúde e segurança do trabalho da equipe de servidores e contratados para o atendimento deste público, na intenção 19 que estes também não se contaminem e não se afastem das atividades para o tratamento da doença, deixando a população desamparada. Assim sendo vemos que a liderança, a conscientização e a motivação, serão a chave do sucesso desse processo e deste trabalho e que ainda o envolvimento do administrador da organização pública será indispensável. O desafio será captar a consciência e a motivação para o desenvolvimento de melhorias, porém, sem apoio técnico e especializado não irá obter sucesso. Para um ambiente seguro e bem gerido administrativamente, deve existir no local um suporte que permita às pessoas trabalhar com segurança para buscarem melhores resultados nesta matéria por meio de ideias inovadoras, que pretenderá unir as ferramentas aplicadas na gestão da segurança a um novo programa que busque mudar os preceitos comportamentais dos trabalhadores e que haja a preocupação com a segurança antes mesmo da importância que se dá à produtividade. O que se pretende é o desenvolvimento desse tema que será abordado na elaboração deste trabalho. 1.4 APRESENTAÇÃO Tendo em vista a necessidade de aprofundar-se e entender a administração de uma Unidade de Pronto Atendimento relacionado à gestão de saúde e segurança do trabalho em tempos de pandemia de COVID-19, desenvolveu-se esse trabalho com o objetivo de compreender este universo. A presente pesquisa está dividida em cinco capítulos. No primeiro deles é apresentada a Parte Introdutória, na qual estão presentes elementos como as suas contextualizações e problema, o objetivo geral e os objetivos específicos, além da justificativa do estudo e a apresentação do trabalho. O capítulo seguinte apresenta o Referencial Teórico, relacionado a administração, saúde e segurança do trabalho e pandemia de COVID-19. Neste capítulo discorre-se acerca destes elementos de forma clara, sucinta e objetiva. Já no capítulo 3, aborda-se a forma de elaboração do trabalho e sua Metodologia, identificando-se a natureza e caracterização do tipo de pesquisa, a população e a amostra, o processo de coleta de dados, bem como o instrumento de coleta e a forma de tratamento dos dados. O quarto capítulo traz a Análise dos dados, que versa, sob a luz da teoria, sobre os 20 resultados obtidos após a utilização de técnicas de analise de conteúdos aplicadas aos dados coletados. O último capítulo trata das Conclusões e Recomendações, assim como expõe também as limitações deste estudo e sugere novas pesquisas. As Referências Bibliográficas apresentam as obras, os autores e fontes, em geral, que serviram de embasamento teórico para este trabalho. Finalmente, tem-se o Apêndice, no qual está presente o instrumento utilizado para a coleta dos dados. 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO A seguinte seção apresentará o referencial teórico empregado nesse trabalho. Este se encontra dividido em três subseções. A primeira está relacionada ao tema Administração, relatando suas definições, teorias, perfis, funções e habilidades de um administrador. A segunda subseção está relacionada ao tema Saúde e Segurança do Trabalho que apresentará um breve histórico e após o universo das leis trabalhistas no regime celetista e estatutário. E na terceira e última subseção será abordado o tema pandemia por COVID-19. 2.1 A ADMINISTRAÇÃO O termo “administração” é proveniente do latim e é a junção das palavras ad (direção, tendência para) e miníster (subordinação ou obediência) e para Chiavenato (1993, p. 9), esta junção significa “aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro”. No entanto, com o passar do tempo, percebemos que houve uma interessante alteração de seu significado original. A administração tornou-se um processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos, procurando sempre para as organizações ou sistemas a realização destes objetivos, também chamado de eficácia, bem como a utilização racional dos recursos, conhecido como eficiência. A administração “é importante em qualquer escala de utilização de recursos para realizar objetivos individual, familiar, grupal organizacional ou social”. Assim entende Maximiano (1997, p.18). A administração científica, no pensamento de Taylor (2010, apud NETO, 2017 p.42), afirma que “a organização e a administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo, à ciência”. Como precursor deste pensamento, o seu maior mérito está em sua contribuição para que se encarasse sistematicamente o estudo de uma organização, o que não só revolucionou completamente a indústria como também teve um grande impacto sobre a administração. 22 Neste sentido de indicara mudança das atitudes e comportamentos das organizações e das pessoas requeridas pela nova impostação da administração, dentre outros assuntos. Chiavenato (1993, p.01) afirma que: [...] A administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão do trabalho que ocorram dentro de uma organização [...]. No pensamento dos autores Marques e Trigueiro (2012, p.28) dizem que para administrar é necessário “dominar a arte para implantar mudanças e da ciência para implantar as mudanças certas.” Não sendo só isso, mas “também dominar a arte de trabalhar com pessoas e a ciência da compreensão desses talentos no ambiente organizacional”. Nessa perspectiva podemos observar que o administrador deve ser capaz de compreender os sentimentos humanos envolvidos e utilizar técnicas científicas para alcançar objetivos previamente pensados. Corroborando ao pensamento dos autores, eles destacam em seu trabalho os seguintes pensadores que afirmam que: Levitt (1985), afirma que administrar consiste em analisar racionalmente uma situação e selecionar os objetivos a serem alcançados, desenvolvendo sistematicamente estratégias para atingir tais objetivos, coordenando os recursos, desenhando racionalmente a estrutura, dirigindo e controlando com precisão, e finalmente motivando e recompensando as pessoas que trabalham para que os objetivos sejam efetivamente alcançados, isto é, Administração é uma ciência. De outro modo, Boettinger (1978) entende que administrar consiste em arrastar a outros, e isso implica, para quem administra, a capacidade de compreender as necessidades e os desejos dos outros para compartilhar com eles uma visão que aceitam como própria, isto é, administrar é uma arte. Por outro lado, Megginson et al. (1998) afirmam que em muitos aspectos de planejamento, liderança, comunicação e trato com o elemento humano, os administradores também usam as abordagens artísticas, baseando suas decisões em julgamento, intuição ou simplesmente em “palpite” (Apud MARQUES e TRIGUEIRO, 2012, p.29) 2.2 A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO A preocupação com a integridade física dos trabalhadores é um tema bem antigo e existem alguns registros remotos que trabalhadores já sofriam efeitos em sua saúde devido a suas atividades laborais. Adolfo Santos (2011) registra que Hipócrates, reconhecido como o pai da medicina, relatou há mais de dois milênios atrás ter encontrado intoxicação por 23 chumbo, doença também conhecida como “saturnismo”, em um trabalhador de uma mina. Uma doença do trabalho constatada ainda em outros trabalhadores do mesmo ambiente de minas posteriormente nos tempos do Império Romano. O mesmo autor ainda trás outro exemplo relacionado a preocupação com a saúde dos trabalhadores que foi a publicação do livro De Morbis Artificum Diatriba em 1700 por Bernardino Ramazzini, médico italiano também conhecido como o pai de Medicina do Trabalho. Nesta publicação, há o registro minucioso de doenças relacionadas a mais de 50 atividades laborais existentes naquela época. Mesmo com estes registros e publicações identificando e demonstrando as condições precárias de saúde e segurança nos ambientes laborais daquelas épocas, não se encontram registros de preocupações de governantes em mitigar ou extinguir os números de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho por muito tempo seguido, provavelmente por a classe trabalhadora ser composta basicamente por escravos e pessoas de classes sociais inferiores (SANTOS, 2011). Na Inglaterra, onde ocorreu a Revolução Industrial em meados do século XVIII, houve uma mudança da forma de se trabalhar. Devido às novas realidades e ritmos de trabalho acelerados, ocorreram inúmeros casos de agravos à saúde e o aumento de acidentes relacionados ao trabalho. A novidade era a intensificação ao uso de maquinários, o que decorria em uma grande concentração de pessoas em pequenos espaços destinados ao trabalho, as jornadas laborais diárias eram enormes e para aumentar a produção, a mão de obra infantil era utilizada. Para Nunes (2009) o trabalho das crianças foi muito explorado neste período e se justificava na intenção de afastar as crianças da marginalidade e do crime que ocorriam nas ruas das cidades. Todo este universo somado as péssimas condições de higiene ocupacional nos postos de trabalho, entre outros fatores, contribuíram na causa destes agravos relacionados ao trabalho (SANTOS, 2011). Ainda para o autor Adolfo Santos (2011, p.22) o crescente número de mortes e pessoas doentes que laboravam expostos a condições precárias de trabalho “acarretou uma inevitável e crescente mobilização social para que o Estado interviesse nas relações entre patrões e empregados, visando à redução dos riscos ocupacionais”. Dessa forma, os trabalhadores da Inglaterra são contemplados com as primeiras normas de razão trabalhista que visavam a redução dos riscos ambientais dispostos através da Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes em 1802. Após este marco, outras nações que experimentavam o processo de industrialização também começaram a desenvolver normas com conteúdos semelhantes. Posteriormente, as normas de proteção ao trabalhador, conhecidas ainda como direito dos trabalhadores, ganham status constitucional e passam a fazer parte da Carta Magna de 24 alguns países, iniciando pelo México, que em 1917 foi a primeira a reconhecer estes direitos conforme descreve Natusch (2021). 2.2.1 A Saúde e Segurança do Trabalho no regime Celetista Segundo D’Araújo (1999 apud ALMEIDA, 2017) foi na “Era Vargas” o momento de maior importância para as mudanças no cenário econômico, político e social do Brasil, principalmente no setor trabalhista, pois nesta época ocorreram vários eventos que marcaram a transição da condição de um país agrário exportador para ser transformado em uma sociedade urbana industrial. Getúlio Vargas governou o Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954 (ano de sua morte), e no primeiro mês de seu primeiro mandato promulgou o decreto nº 19.433 de 26 de novembro de 1930 (BRASIL, 1930) onde criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1932 criou a Carteira de Trabalho, instituiu a jornada de trabalho no comércio, indústria e em outros estabelecimentos. Almeida (2017, p.32) ainda complementa dizendo sobre a disciplina do “trabalho das mulheres na indústria, o trabalho dos menores e o trabalho nas estivas que também receberam tratamento especial.”. Em maio de 1943, o governo Vargas amplia a legislação trabalhista com o Decreto- Lei nº 5.452 em 1º de maio de 1943 onde estabelece a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 1943). Para Santos (2011) este foi o primeiro código de legislação brasileira relacionado ao trabalho. Este decreto detém muitos de seus artigos inalterados desde a sua criação, porém, pela modernização dos processos de trabalho e a modernização de maquinários e as mudanças dos ambientes laborais, existem constantes alterações e atualizações em textos de leis que alteram artigos na CLT. Corroborando com as ideias de sempre haver atualizações nas leis trabalhistas, a saúde e segurança do trabalho ficou em destaque após a promulgação da Lei nº 6.514 em 22 de dezembro de 1977 que alterou o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e deu outras providências (BRASIL, 1977), nesta alteração deu nova redação aos artigos 154 ao 201 da CLT, e essas alterações deveriam passar por um processo de disciplinamento. Neste sentido, no ano seguinte o então Ministro de Estado Arnaldo Prieto resolveu baixar a Portaria nº 3.214 em 08 de junho de 1978 que foi publicada no Diário Oficialda União em 06 de julho de 1978 (BRASIL, 1978) dando a devida regulamentação aos artigos alterados pela Lei nº 6.514/77. Nesta Portaria foram 25 criadas as Normas Regulamentadores (NR’s), que naquele momento eram em número de 28. Atualmente, após várias atualizações e alterações somam-se o total de 37 normas publicadas e em vigor conforme o quadro 1: Quadro 01 - Normas Regulamentadoras atuais em julho de 2021 Norma Regulamentadora Tema NR - 01 DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS (NOVO TEXTO) Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 de março de 2020. (prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/21) NR - 02 INSPEÇÃO PRÉVIA (REVOGADA) NR - 03 EMBARGO OU INTERDIÇÃO NR - 04 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO NR - 05 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES NR - 06 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI NR - 07 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL - PCMSO (NOVO TEXTO) Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.734, de 9 de março de 2020. (prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/ 21) NR - 08 EDIFICAÇÕES NR - 09 AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS A AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS (NOVO TEXTO) Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 de março de 2020.(prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/ 21) NR - 10 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS NR - 11 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS NR - 12 SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS NR - 13 CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES E TANQUES METÁLICOS DE ARMAZENAMENTO NR - 14 FORNOS NR - 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES NR - 16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS NR - 17 ERGONOMIA NR - 18 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO (NOVO TEXTO) Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 3.733, de 10 de fevereiro de 2020. (prorrogada para 03/01/2022 pela Portaria SEPRT nº 8.873/ 21) NR - 19 EXPLOSIVOS NR - 20 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS NR - 21 TRABALHOS A CÉU ABERTO NR - 22 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO NR - 23 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS NR - 24 CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO 26 Quadro 01 - Normas Regulamentadoras atuais (Continuação) Norma Regulamentadora Tema NR - 25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS NR - 26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA NR - 27 REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO (REVOGADA) NR - 28 FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES NR - 29 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO NR - 30 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO NR - 31 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA NR - 32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE NR - 33 SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS NR - 34 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL NR - 35 TRABALHO EM ALTURA NR - 36 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS NR - 37 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO Fonte: Escola Nacional de Inspeção do Trabalho - ENIT (2021) Essas normas servem de parâmetro aos Auditores Fiscais do Trabalho da Secretaria Especial da Previdência e Trabalho (SEPRT) para fiscalizar os ambientes laborais e baseados nelas, aplicar sanções administrativas (SANTOS, 2011), garantindo assim os direitos de preservação a integridade física e mental dos trabalhadores sob o regime celetista. 2.2.2 A Saúde e Segurança do Trabalho no regime Estatutário O tema de saúde e segurança do trabalho no ambiente do setor público sofre muito por haver poucas leis que zelem por esta matéria. Existem quatro leis federais que nutrem o assunto, uma delas é a Lei nº 1.234/1950, que “confere direitos e vantagens a servidores que operam com Raios X e substâncias radioativas” (BRASIL, 1950). Outra que é o Decreto-Lei 1.873/1981 que “dispõe sobre a concessão de adicionais de Insalubridade e de periculosidade aos servidores públicos federais, e dá outras providências” (BRASIL, 1981). A Lei nº 8.112/1990 que “Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das 27 autarquias e das fundações públicas federais.” (BRASIL, 1990) e por fim a Lei nº 8.270/1991 que Dispõe sobre reajuste da remuneração dos servidores públicos, corrige e reestrutura tabelas de vencimentos, e dá outras providências (BRASIL, 1991). Porém as preocupações máximas abordada nestas leis dizem respeito ao adicional devido ao servidor que se enquadrem nas condições dispostas nelas conforme podemos observar no trecho a seguir da lei 8112/90 que é o estatuto do servidor público federal e traz o tema da segurança do trabalho concentrando-se, no entanto apenas a questão dos adicionais ocupacionais (BRASIL, 1990): Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. § 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles. § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão. Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou perigosos. Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso. Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações estabelecidas em legislação específica. Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem nos termos, condições e limites fixados em regulamento. Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação própria. Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. (BRASIL, 1990, p.31 e 32) Podemos perceber ao analisar as leis registradas acima que em momento algum houve preocupação do legislador em prevenir os servidores públicos dos riscos ocupacionais existentes em seus ambientes de trabalho. Isso cria um clima desfavorável ao servidor público quando comparado as demais classes de trabalhadores (ALMEIDA, 2016). Na atualidade os servidores públicos são classificados em estatutários, temporários e celetistas, porém apenas estes últimos possuem amparo legal referente a matéria de saúde e segurança do trabalho através da CLT e NR’s , os outros, os estatutários e os temporários, ficam desamparados por não haver normas que regulamentam a matéria no serviço público. Na Constituição Federal, que é previsto o princípio da isonomia onde se discursa a igualdade de todos perante a lei, e mais preciso no seu art. 6º sobre os direitos sociais a saúde, relata ser este um direito de todos, inclusive de todos os trabalhadores, independentes do regime de contratação. No serviço público existem riscos diversos que resultam em doenças e acidentes 28 do trabalho e por esta razão devehaver ações e projetos que garantam este direito à saúde para tais profissionais. Vale ainda destacar que não há qualquer agente público com a missão de fiscalizar e aplicar sanções administrativas, pois não há também regulamentos normativos de parâmetro para tais medidas. 2.3 A PANDEMIA DE COVID-19 A COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) é uma infecção respiratória causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Este coronavírus foi identificado na cidade de Wuhan na China no final do ano de 2019 (Brasil, 2020c) e até aí era considerada uma epidemia pela quantidade de pessoas afetadas naquela localidade. O vírus é conhecido como coronavírus devido a sua similaridade a uma coroa e pertence a uma família de vírus que pode infectar tanto animais como seres humanos. Geralmente estes vírus causam desde um resfriado comum a uma doença respiratória mais grave, como MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) e SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) (BRASIL, 2020c). Embora não tenha a mesma gravidade da SARS em termos de letalidade, a COVID- 19 é superior na transmissibilidade e isso a torna, em número absoluto, bem mais letal e ainda se torna mais infectante por ser um novo vírus para os seres humanos e estes não possuírem imunidade prévia adquirida. Altamente contagiosa, a transmissão viral se dá passando da pessoa infectada para uma sadia através do contato pessoal próximo ou por meio de objetos ou superfícies infectadas, ou ainda por gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro seguido de contato com a boca, nariz ou olhos da pessoa sadia (BRASIL, 2020c). Este tipo de coronavírus apresenta um período de incubação de 2 a 14 dias e existem pessoas que podem ser assintomáticas. O Ministério da Saúde (2020c) relata que não existem barreiras etárias, sexuais ou de raças, porém acredita-se que pessoas de mais idade e pessoas com condições médicas prévias de doenças como diabéticos, obesidade e problemas de imunidade comprometida, apresentam quadros mais severos da doença e eleva o índice de mortalidade. Ainda sem um tratamento específico, a Covid-19 traz incertezas à população. Aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar devido a dispneia, e 5% destes podem necessitar de suporte ventilatório (Brasil, 2020b) 29 Segundo Schmidt et al (2020, apud PEREIRA et al, 2020) foi “Considerado uma pandemia mundial pela OMS em 11 de março de 2020”, esse vírus chegou ao Brasil em fevereiro de 2020, mudando todo o cenário da rotina do país, principalmente da população em geral e dos profissionais de saúde pública. Por este motivo, o ministério da Saúde criou um guia de recomendações de segurança e proteção voltadas para estes profissionais, chamado de Recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de COVID-19 e outras síndromes gripais (BRASIL, 2020d). Neste material, contemplam instruções de uso de equipamentos de proteção individual e coletiva para a prevenção no contágio com o novo vírus, bem como medidas administrativas orientativas para a condução no atendimento a população que procurar o atendimento público, porém vale ressaltar que não é uma lei e no serviço público existe um principio que o norteia que é o da legalidade, sendo aí o ponto vulnerável para o servidor que necessita atender a população e não tem profissionais legalmente habilitados para gerir administrativamente as normas de saúde e segurança do trabalho e nem auditores fiscais públicos para aplicar sanções nos descumprimentos, pois não há legislação que os baseiam. Desta forma seguem os trabalhadores arriscando sua integridade e desenvolvendo inseguranças e adquirindo síndromes de ansiedade e pânico diante da pandemia de COVID-19. Para Teixeira et al (2020) isso tem se tornado uma preocupação recorrente, e é mencionado em seu artigo que em um contexto de pandemia, a saúde mental dos trabalhadores de área de saúde deve sofrer uma maior atenção, pois tem aumentado os sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono entre outros por medo de se infectarem ou transmitirem a infecção aos membros de sua família. 30 3 METODOLOGIA DA PESQUISA Santos (2009, p.99) define método como sendo um “caminho ou a ordem a que se sujeita qualquer tipo de atividade, com vistas a chegar a um fim determinado”. Sendo assim, devemos entender que é com a assimilação dos métodos a serem usados para realização da pesquisa que poderemos almejar que ela seja concluída e os seus objetivos sejam alcançados. Este mesmo autor ainda afirma que “é por meio da pesquisa que se pode alcançar e dominar novos conhecimentos de forma metódica” (SANTOS,2009, p.189). De acordo com Triviños (1987, apud ZANELLA, 2012) existem três tipos de pesquisas, as quais ele denomina como estudos e são classificados conforme sua finalidade. Estes são: estudos exploratórios, descritivos e experimentais. Os estudos exploratórios têm como objetivo “ampliar o conhecimento a respeito de um determinado problema”. Ainda conforme o autor, “esse tipo de pesquisa, aparentemente simples, explora a realidade buscando maior conhecimento” (ZANELLA, 2012, p.27). Os estudos descritivos, segundo este autor, são os mais utilizados no campo da educação. As intenções destes estudos se concentram no desejo de conhecer as características de uma comunidade e tem a pretensão de descrever uma realidade com exatidão. Já os estudos experimentais recebem muita crítica e são pouco utilizados nas ciências sociais e da educação. Este estudo exige um planejamento rigoroso e suas etapas partem de uma formulação exata do problema e das hipóteses, que segundo Triviños (1987, p.113) “...permitem uma delimitação precisa das variáveis que atuam sobre o fenômeno, fixando com exatidão a maneira de controlá-las”. O presente trabalho consiste em uma pesquisa exploratória, já que objetiva proporcionar maior intimidade e aprofundamento com o problema. Diante do tema da pesquisa e dos objetivos propostos, em relação a sua coleta e análise dos resultados, percebeu- se que inicialmente deve ser elaborada uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto, e as autoras a seguir a entendem como: A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 183). Corroborando com este pensamento Santos (2009) diz que estas fontes ainda podem ser de dicionários, enciclopédias, artigos científicos, resenhas, e ensaios críticos. 31 Nessa lógica, também foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental, pois se baseia tanto na análise de material já elaborado como livros e artigos científicos, bem como de materiais que ainda não receberam tratamento analítico como leis, normas regulamentadoras, orientações normativas e outros documentos para fundamentar os pensamentos sobre o tema em estudo. Quadro 02 – Síntese da estratégia da pesquisa. Título A GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 Problema de pesquisa Qual a visão do administrador da organização pública em estudo para a gestão da Saúde e Segurança do Trabalho no enfrentamento à pandemia de COVID- 19? Objetivo geral Compreender a percepção de um administrador sobre saúde e segurança do trabalho em uma Unidade de Pronto Atendimento público em tempos de pandemia de COVID -19. Objetivos específicos Coleta de dados Análise de dados a) Entender o trabalho desenvolvido pelo administrador público na unidade de saúde. Entrevista com o administrador da organização pública. Análise de conteúdo para interpretação dos dados coletados b) Compreendera gestão organizacional relacionado à saúde e segurança do trabalho. Entrevista com o administrador da organização pública, pesquisa bibliográfica e documental. Análise de conteúdo e documental para interpretação dos dados coletados c) Entender a gestão administrativa no enfrentamento à pandemia de COVID- 19. Entrevista com o administrador da organização pública, pesquisa bibliográfica e documental. Análise de conteúdo e documental para interpretação dos dados coletados Fonte: Elaboração própria (2021). 3.1 NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Com a definição do objetivo, o presente trabalho apresenta a necessidade de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa conforme classifica Gil (2002), para isso se tomou como base o estudo bibliográfico e documental para nortear os conhecimentos sobre o assunto através de análise de obras acadêmicas e literárias específicas sobre saúde e segurança do trabalho bem como a sua base legal (leis, decretos, portarias, instruções normativas e etc.). Para Triviños (1997, apud Zanella, 2012, p. 27): Os estudos exploratórios têm a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de um determinado problema. Segundo o autor esse tipo de pesquisa, aparentemente simples, explora a realidade buscando maior conhecimento, para depois planejar uma pesquisa descritiva. 32 No planejamento de uma pesquisa exploratória, o pesquisador encontra uma certa flexibilidade, uma vez que não conhece o problema a fundo, nem a hipótese a serem investigados. Quanto aos métodos Richardson (1999, p. 80) menciona que “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Para Triviños (1987, p.117) a pesquisa qualitativa possui dois enfoques que “...correspondem a concepções ontológicas e gnosiológicas específicas, de compreender e analisar a realidade.” As concepções ontológicas consistem em estudar a natureza do ser, da existência e da própria realidade e as concepções gnosiológicas consistem em estudar o conhecimento humano. Esta é a intenção da metodologia qualitativa neste trabalho, aprofundar o conhecimento da utilização da matéria de Saúde e Segurança do Trabalho no âmbito de uma organização pública em tempos de uma adversidade de pandemia de COVID-19 por um administrador público. No entendimento de Godoy (1995, p.21), a autora afirma que é pela perspectiva qualitativa que “um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte integrada”, possibilitando compreender o fenômeno em estudo, a partir das perspectivas das pessoas nele envolvidas. Desse modo, o objetivo da abordagem qualitativa é captar o significado do sujeito em sua cultura (crenças, conhecimento, valores e práticas) e em seus sentimentos. Com este pensamento a escolha da abordagem qualitativa esta em perfeita harmonia com o objetivo do estudo e para compreender o fenômeno de forma mais aprofundada foi empregada uma entrevista semiestruturada, que se encontra no Apêndice C, aplicada diretamente com a administradora da Unidade de Pronto Atendimento na coleta de dados informativos. Relacionado ao tempo da pesquisa, podemos dizer que a realizamos conforme pensa Malhorta (2004, p.109) que menciona que os estudos Transversais Únicos consistem “em coletar as informações de qualquer amostra de elementos da população somente uma vez”. Conforme esta definição, foi realizada a pesquisa de campo. 33 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA Conforme descreve Barbetta (2005, p.25 apud ZANELLA, 2012, p. 93), "população é o conjunto de elementos que formam o universo de nosso estudo e que queremos abranger no nosso estudo. São os elementos para os quais desejamos que as conclusões oriundas da pesquisa sejam válidas". Em atendimento a esta necessidade, se escolheu um administrador público de uma Unidade de Pronto Atendimento de Urgência e Emergência para trazer as informações preciosas a este estudo. Já o elemento da amostra desta pesquisa foi intencional, conforme Zanella (2012) define que este elemento seja escolhido por ser típico da população que se quer pesquisar e não deve ser escolhido ao acaso pelo pesquisador. 3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA Para chegar ao objetivo de compreender a percepção do administrador da Unidade de Pronto Atendimento, foi necessária uma abordagem qualitativa para se analisar de forma subjetiva a sua visão sobre a matéria de Saúde e Segurança do Trabalho em tempos de pandemia de Covid-19. O instrumento de pesquisa para o alcance deste objetivo foi a entrevista semiestruturada, pois com ela o pesquisador pode se aprofundar nos conhecimentos do administrador público que organiza a Unidade. Para a autora Zanella (2012, p.118) a entrevista semiestruturada deve seguir “um roteiro estipulado pelo entrevistador, mas sem se prender rigidamente a sequência das perguntas” podendo ter a liberdade de não seguir ordenadamente cada pergunta e deixar o entrevistado livre em suas respostas e o entrevistador com maior flexibilidade para chegar ao seu objetivo. Foi estruturado um roteiro com 21 perguntas abertas, onde após uma minuciosa avaliação se dividiu em três blocos para atender cada um dos objetivos específicos desta pesquisa conforme apresentado no Apêndice B. Para um conhecimento mais amplo da matéria de Saúde e Segurança do Trabalho no setor público, o pesquisador teve que realizar uma pesquisa bibliográfica e documental se valendo de leis, instruções normativas, livros e artigos científicos através de acessos a sites de internet e documentos físicos. 34 3.4 COLETA DE DADOS Este processo foi extremamente complexo e demorado, uma vez que a administradora estava muito envolvida em campanhas de vacinação da população para a imunização e prevenção ao contágio de Covid-19 e outras enfermidades como a influenza, que também assola a população neste período mais frio no estado do Rio Grande do Norte. Vale destacar que a equipe da Secretaria de Saúde do município de Baia Formosa conseguiu atingir a vacinação da primeira dose nos munícipes a partir dos dezoito anos, ainda no mês de julho de 2021, sendo assim um dos municípios do estado do RN mais avançado na prevenção ao contágio com o Coronavírus. A entrevista foi marcada e desmarcada inúmeras vezes por necessidades destes atendimentos à população e também por impossibilidade do pesquisador, por estar envolvido em suas atividades laborais em empresa privada na qual trabalha. Diante de tantas dificuldades, finalmente no fim do mês de julho de 2021, conseguiu-se agendar a entrevista na parte da manhã do dia 30. Vale destacar que neste dia ocorreu o encerramento de Comissão Especial para o Tratamento e Prevenção ao Coronavírus e a administradora recebeu elogios pelo trabalho desenvolvido. Lakatos e Marconi (1990 apud Zanella, 2012) dizem que a entrevista é o encontro de duas pessoas, onde uma delas obtém informações da outra sobre determinado assunto. Na data e hora combinadas previamente, estavam então reunidos na sala da administração da Unidade, o pesquisador e a administradora. Um ambiente reservado, bem iluminado e com boas condições para a coleta de dados na entrevista que estava prevista para ocorrer dentro do prazo de uma hora. Para se levantar as informações essenciais a serem analisadas posteriormente, foi necessário que a entrevistada entendesse o conteúdo de um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice C) que logo após a sua leitura, ocorreu a explicação do objetivo da pesquisa, a metodologia e a importância se caso aceitasse participar da entrevista. Atendendo às normas éticas de preservação da identidade do entrevistado e obtendo o consentimento da gravação da entrevistacom o auxilio de telefone celular para tornar ainda mais confiáveis as informações colhidas. Se expôs que após a gravação a entrevista seria transcrita para auxiliar na análise Explicou-se ainda que o conteúdo coletado seria usado apenas para fins científicos e acadêmicos. Com a compreensão de todo o conteúdo do Termo e dada todas as explicações, se fez o convite para esta contribuição, que ao ser aceito, foi devidamente assinado o Termo e 35 este se encontra em poder do pesquisador. A entrevista ocorreu com algumas interrupções devido ao evento de término da comissão de combate à pandemia no município, mas não interferiu na sequência lógica das respostas, porém prolongou o tempo para uma hora e treze minutos, conforme registro da gravação. 3.4.1 Cenário da Pesquisa O cenário da pesquisa foi a Unidade de Pronto Atendimento de Urgência e Emergência Maria Elinor Soares de Melo, que é o local onde a população do município procura auíilio médico para todas as situações de enfermidades, e neste momento de pandemia de coronavírus, é onde se centraliza todas as ações de saúde do município e seus distritos. E esta foi uma grande preocupação do pesquisador para se prevenir ao contágio de alguma enfermidade nestes tempos de pandemia, sem esquecer-se das demais doenças comuns neste período. A UPA se localiza logo na entrada do município, na rua Dr. Manoel Francisco de Melo, nº 12 no centro de Baia Formosa – RN e é cadastrada sob o nº 2475375 no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) desde 12 de fevereiro de 2004 onde recebe a nomenclatura de Unidade de Emergência da Baia Formosa. Atualmente o seu organograma de trabalhadores é composto por uma administradora, dois médicos(as) com especialidades em clinicas gerais, quatro enfermeiros(as), dez técnicos(as) de enfermagem, três auxiliares de enfermagem, um protético dentário e cinco recepcionistas. Além deste quadro ainda possuem equipes terceirizadas de motoristas, cozinheira e copeira e também a equipe de auxiliares gerais que cuidam da higienização das áreas comuns e restritas. Esta equipe é dividida em plantões de 24 horas e revezam se houver necessidade. A Unidade atende pelo SUS e funciona 24 horas por dia. O atendimento ambulatorial atende casos de baixa e média complexidade, já o atendimento hospitalar tem estrutura para atendimento até média complexidade. 36 3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 3.5.1 Tratamento dos dados Os dados para a realização da análise foram obtidos através da entrevista e após foram transcritos para o melhor tratamento. (MARCONI E LAKATOS, 2003) Destaca-se que a entrevista teve a duração de uma hora e treze minutos de conversas entre perguntas e respostas. Estas conversas foram ouvidas inúmeras vezes e após foram transcritas e novamente ouvidas para uma fidelidade da informação obtida. 3.5.2 Dificuldades do estudo No inicio, as dificuldades estavam voltadas na preocupação do contágio com o vírus pandêmico de todos os envolvidos para o desenvolvimento da coleta de dados. Depois foram os desencontros para a marcação da entrevista que foram adiadas diversas vezes devido a campanhas de vacinação na prevenção da Covid-19 e gripe, que estavam ocorrendo simultaneamente para os públicos específicos de cada imunizante. 3.5.3 Análise de dados No entendimento de Roesch (1999, p. 156 e 157 apud ZANELLA, 2012, p. 125), que segue padrões da análise quantitativa, a análise de conteúdo tem como “propósito contar a freqüência de um fenômeno e procurar identificar relações entre os fenômenos, sendo que a interpretação dos dados se socorre de modelos conceituados definidos a priori”. Já a técnica de análise de conteúdo na pesquisa qualitativa, para Bardin (2016), é baseada na palavra em seu aspecto individual e atual da linguagem. Nela se trabalha a palavra que é a prática da língua falada por um determinado emissor para compreender os indivíduos ou o ambiente em um determinado momento. A autora ainda propõe algumas etapas para esta 37 análise e a divide em três fases: A pré análise; a exploração do material e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Na pré análise, compreende-se a organização do material a ser analisado para torná- lo operacional e sistematizar as ideias iniciais. Deve utilizar-se de quatro processos; A leitura flutuante, onde o pesquisador colhe a informação e transcreve a entrevista; seleciona o que vai ser analisado; verifica as afirmações para formular hipóteses e objetivos e elabora indicadores destacando do texto os temas que mais repetem para constituir os índices (BARDIN, 2016). Para que isso ocorra, a autora orienta os seguintes critérios de seleção dos dados, que ela chama de regras: Regra da exaustividade – para esgotar todas as dificuldades da comunicação; Regra da representatividade – para que os dados selecionados contenham informações relevantes ao universo a ser pesquisado; Regra da homogeneidade – para que os dados sejam referentes ao mesmo tema; Regra da pertinência – para que os dados conduzam aos objetivos da pesquisa. Na exploração do material é onde ocorre a codificação e a definição de categorias de análise, a identificação das unidades de registro e a unidade de contexto dos dados. Neste momento o pesquisador deve atentar aos critérios de exclusividade para não enquadrar um elemento em mais de uma categoria. Na última etapa é onde ocorre o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Ocorre ainda a condensação e o destaque das informações a serem analisadas conforme ilustra a Figua 1 abaixo de acordo com Laurence Bardin (2016). 38 Figura 1 – Resumo esquemático das fases de análise de conteúdo Fonte: Bardin (2016, p.102) 39 3.5.4 Unidades de análise Para Bardin (2016, p.117), classificar elementos em categorias, “impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento, é a parte comum existente entre eles”. O Quadro 3 demostra as categorias analíticas e os elementos de análise e suas respectivas perguntas na entrevista realizada conforme consta no apêndice B deste trabalho. Quadro 3 - Categoria de Análise e Evidência Objetivo específico Categoria de análise Elemento exploratório Evidências Entender o trabalho desenvolvido pelo administrador público na unidade de saúde. 1 - O trabalho do administrador público na unidade de saúde; Rotina do Trabalho; Atividades; Deveres; Administração de controles orçamentários. Entrevista perguntas 1,2,3,4,5 e 6 Compreender a gestão organizacional relacionada à saúde e segurança do trabalho. 2 - A gestão pública e a saúde e segurança do trabalho Conhecimento sobre o tema SST; Gestão da matéria de SST; Proteção dos trabalhadores e responsabilidades sobre SST na Unidade; Adicionais legais para os servidores Entrevista perguntas 7,8,9,10,11,12,13, 14, 18 e ainda pesquisa documental. Entender a gestão administrativa no enfrentamento à pandemia de COVID-19. 3 - Enfrentamentos à pandemia de Covid-19 Sentimento no enfrentamento à pandemia; Descarte de material contaminado; Melhoria no enfrentamento Entrevista perguntas 15,16,17,19 e 20 Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2021) 3.5.5 Definições das categorias de análises e a exploração dos elementos. Após a definição das categorias analíticas, podemos entender melhor as próximas etapas do trabalho. O trabalho do administrador público na unidade de saúde: Pode ser definida como se desenvolve o trabalho da administração na Unidade, consistem em sua rotina, 40 deveres e obrigações. As perguntas utilizadas para compreender esta categoria, focam em conceitos e práticas administrativas. A gestão públicae a saúde e segurança do trabalho: Define-se sobre o conhecimento específico sobre a matéria de SST e o seu desenvolvimento para a proteção dos servidores. Neste sentido, as perguntas para definição desta categoria são voltadas aos conhecimentos e utilização de uma atitude prevencionista aos riscos aos quais os servidores estão expostos no labor de suas atividades diárias. Enfrentamento à pandemia de Covid-19: São os procedimentos adotados pela administração da Unidade para a nova realidade pandêmica e seu atendimento. Nesta categoria, procurou-se saber das condições emocionais de todos os envolvidos, principalmente da administradora, para o enfrentamento da nova realidade imposta e como se realiza os cuidados com os descartes de materiais contaminados. 41 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo são expostos os dados obtidos na entrevista e as observações do entrevistador nesta ocorrência. Conforme pensa Barbetta (1998, p.66 apud ZANELLA, 2012, p. 98), a descrição e apresentação dos dados “compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências dos diferentes resultados observados”. Seus resultados são apresentados de forma a permitir o entendimento da pesquisa e os objetivos do trabalho. 4.1 O TRABALHO DA ADMINISTRADORA PÚBLICA NA UPA Nesta categoria se busca entender o trabalho da administradora na Unidade de Pronto Atendimento, e logo ao se apresentar, ela informa ser técnica em gestão hospitalar e que cursa o quinto período na graduação em Administração, ou seja, possui uma formação técnica para exercer a função e está se qualificando ainda mais. Informa ainda que trabalhou “em outras instituições privadas, e que soma treze anos de experiência em sua área de atuação.” Segundo Chiavenato (1993) o exercício da administração nada mais é que conduzir com racionalidade às atividades da organização, o que ela demonstra ser capaz com a sua experiência de trabalho na área. Quando perguntada sobre sua rotina, diz ser: “Basicamente é organizar e distribuir o efetivo de acordo com as necessidades operacionais, fazer pedidos e acompanhar a sua chegada para manter a Unidade em condições de trabalho na área da saúde, além de ser agente motivadora da equipe para o atendimento de forma humanizada a todos que procuram a Unidade.” Na organização da equipe, a administradora informa que montou cinco grupos distintos de profissionais efetivo da prefeitura e contratados de empresas terceirizadas, e que compõem os quadros da limpeza, vigilância, recepção e motoristas, Atendimento Médico (Médicos, Enfermeiras e Técnicos em enfermagem) e a direção. Informou que estes grupos mais operacionais são distribuídos em plantões de vinte e quatro horas e que poderiam ficar de sobreaviso para cumprir trinta e seis horas em caso de necessidade de complemento do 42 quadro em possíveis ausências de profissionais, enquanto as folgas permaneciam em vinte e quatro horas conforme o plantão original. Percebeu-se neste momento da entrevista que a administradora enfrentou dificuldades no período atípico de pandemia na manutenção do efetivo de trabalhadores quando informou sobre o protocolo do Ministério da Saúde de afastamento de pessoas com suspeita de infecção ou infectadas com o coronavírus, que segundo ela, eram de quatorze dias. Deixando claro que houve um planejamento estratégico para a administração de todo o processo corroborando com o pensamento de Taylor (2010, apud NETO, 2017) que defende que a administração científica seja tratada especificamente pela ciência e não empiricamente, defendendo que a improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência. Relacionado a administração dos custos de manutenção da unidade como um todo, informou que ficava a cargo da Secretaria de Saúde e sua equipe de coordenação, na Unidade sua gestão era apenas realizar os pedidos de materiais para administrar e manter a UPA. Evidencia-se aqui que o objetivo de entender o trabalho desenvolvido pela administração pública da Unidade de Pronto Atendimento neste estudo foi esclarecido, e que os princípios da administração aqui entendidos corroboram com os pensamentos de obras voltadas para esta temática como os de Chiavenato (1993), Maximiano (1997), Taylor (2010 apud NETO, 2017) e Marques e Trigueiro, (2012). Observamos que a administração deve ser capaz de compreender os sentimentos humanos envolvidos e utilizar técnicas científicas para alcançar objetivos previamente pensados. Para Chiavenato (1993, p.1) “a administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e controle de todas as atividades”. Segundo Maximiano (1997) a administração é importante em qualquer escala de utilização de recursos na realização de seus objetivos. Percebe-se que a administradora realizou um bom trabalho ao organizar suas equipes de trabalhadores em escalas de plantões. O dimensionamento e o planejamento dos recursos humanos disponíveis foi o possível para atender o seu objetivo naquele momento. Em certo momento após a entrevista, foi perguntado sobre a possibilidade de contratação de mão de obra extraordinária, e ela respondeu o seguinte: “Não poderia, até porque foi uma coisa que ficou escassa para cobrir as ausências imediatas. Os profissionais da área de saúde estavam muito envolvidos e foram momentos difíceis para todos. A terceirização ficou impossível e muitos membros das equipes se esforçaram e conseguimos vencer nos momentos em que se precisou.” 43 No pensamento de Taylor (2010 apud NETO 2017) a administração deve ser tratada cientificamente e as ações devem passar por planejamento. Sabemos da ocorrência de situações inesperadas, mas estas também devem sofrer um planejamento, mesmo que rápido e falível, porém com possibilidades de reparos. Neste pensamento os autores Marques e Trigueiro (2012) informam que para administrar se torna necessário o domínio da arte de implantar mudanças, porém obedecendo aos princípios da ciência para implantar as mudanças certas. 4.2 A GESTÃO PÚBLICA E A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO Esta categoria de análise é importantíssima para todo o trabalho. Nela se procura compreender a gestão organizacional sobre SST na Unidade, mesmo o pesquisador possuindo vasto conhecimento na área de segurança do trabalho devido a formação técnica e atuação na área, teve-se a obrigação de recorrer a pesquisas bibliográficas exploratórias em documentos e leis específicas para a gestão pública nesta matéria, para compreender o universo a ser explorado na entrevista semiestruturada que foi formulada após este estudo. Este esforço é apresentado a seguir na análise dos resultados. 4.2.1 Conhecimento sobre o tema SST Iniciou este bloco de perguntas querendo saber o nível de conhecimento em SST que a administradora possuía. Esta respondeu de forma pessoal e bem específica o seguinte: “Segurança do Trabalho, para mim, eu tenho que proporcionar. Tanto para os serviços que estou ofertando quanto para os meus funcionários colaboradores ter os padrões de segurança. Acredito ser voltada para este lado. E estar adepta dos padrões que vem do Ministério da Saúde, onde eles são bem superficiais e que normalmente se pede para usar os equipamentos de proteções, mas é só. Eu distribuo todos os equipamentos de segurança do trabalho.” Demonstra em suas palavras vincular a saúde e segurança do trabalho a simples distribuição e ao uso de equipamentos de proteção individual bem como ao cumprimento de 44 protocolos do Ministério da Saúde, que segundo ela, “são bem superficiais” e as orientações estão voltadas também a este fim, o uso de EPIs. Informou ainda que sente uma deficiência da fiscalização nesta área por parte do serviço público em geral, ao falar que, “tanto do Estado, quanto do Governo Federal e no município, eles não tem essa
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