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Disciplina | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
NECROPSIA, AUTÓPSIA E 
EXUMAÇÃO 
Necropsia, Autópsia e Exumação | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 2 
Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
2 Necropsia ---------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
3 O Instituto da Autopsia ---------------------------------------------------------------------------- 7 
3.1 Exame Cadavérico ---------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
3.2 Procedimento ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 19 
Preparo --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
Técnicas --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22 
Coleta de Material ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 
Liberação do Corpo e Clivagem -------------------------------------------------------------------------------------------------- 31 
3.3 Relatório de Autópsia ----------------------------------------------------------------------------------------- 32 
3.4 Exames Complementares ------------------------------------------------------------------------------------- 35 
Coleta de DNA em Cadáveres----------------------------------------------------------------------------------------------------- 37 
4 Exumação --------------------------------------------------------------------------------------------- 38 
4.1 Normas para Exumação --------------------------------------------------------------------------------------- 46 
5 Cremação e Embalsamento ---------------------------------------------------------------------- 52 
6 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------- 54 
 
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Necropsia, Autópsia e Exumação | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
1 Introdução 
A autópsia, também conhecida como necropsia, é um procedimento científico e 
médico que envolve a análise post-mortem de um corpo com o objetivo de 
determinar a causa da morte, a natureza da doença ou a extensão de uma lesão. Tal 
procedimento tem uma importância vital tanto no contexto médico quanto no 
forense, sendo frequentemente utilizado para esclarecer a causa de mortes 
inexplicadas ou suspeitas e para estudar doenças em detalhe para avançar o 
conhecimento médico e científico. 
A autópsia é um processo meticuloso e preciso que envolve várias etapas. Ela 
começa com uma análise externa do corpo, seguida por uma análise interna que inclui 
a inspeção e dissecção dos órgãos internos e, em alguns casos, a análise microscópica 
de tecidos. Embora a metodologia possa variar dependendo do propósito e do 
contexto, a integridade e a precisão são sempre primordiais. 
Delimitando o conceito, uma autópsia não é um procedimento casual ou 
generalizado, mas é realizada quando necessária e justificada. Isso pode ocorrer 
quando a causa da morte não é claramente conhecida, quando há suspeita de morte 
violenta ou suspeita de uma doença que pode ser esclarecida através deste 
procedimento. Por vezes, a autópsia é realizada para fins de pesquisa médica, para 
aprender mais sobre uma determinada doença ou condição. 
Por último, é importante destacar que o procedimento de autópsia deve ser 
realizado por profissionais treinados e qualificados, usualmente médicos patologistas, 
que possuem o conhecimento e habilidade necessários para conduzir o processo de 
maneira adequada e eficaz. Além disso, em muitas jurisdições, a autorização legal ou 
o consentimento da família são requisitos necessários para a realização de uma 
autópsia. 
Superada a contextualização, devemos estabelecer a diferença entre necropsia e 
autopsia. Autópsia e necropsia são procedimentos pós-morte frequentemente 
utilizados na medicina forense, patologia e pesquisa biomédica. Embora esses termos 
sejam frequentemente usados de maneira intercambiável em conversas casuais, eles 
têm significados diferentes no contexto clínico e científico. 
A autopsia, do grego "auto" (próprio) e "opsis" (ver), literalmente significa "ver 
por si mesmo". Este procedimento é realizado em humanos e envolve a análise 
sistemática do cadáver para determinar a causa da morte ou estudar a extensão da 
doença. A autopsia pode ser classificada em autopsia clínica, realizada para esclarecer 
Necropsia, Autópsia e Exumação | 
Necropsia 
www.cenes.com.br | 4 
aspectos clínicos e contribuir para o avanço da medicina, e autopsia forense ou 
médico-legal, realizada por determinação legal para esclarecer a causa mortis e 
circunstâncias da morte. 
Por outro lado, a necropsia, do grego "nekros" (morte) e "opsis" (ver), é um termo 
usado principalmente para o exame pós-morte realizado em animais. Esse 
procedimento tem por objetivo identificar a causa da morte, estudar a progressão de 
doenças e pesquisar doenças zoonóticas - doenças que podem ser transmitidas de 
animais para seres humanos. A necropsia é um elemento vital no campo da medicina 
veterinária, ajudando a melhorar a saúde animal e a segurança alimentar. 
Portanto, a diferença principal entre necropsia e autopsia está na espécie a que 
o procedimento é aplicado: autopsia para humanos e necropsia para animais. No 
entanto, é importante ressaltar que, apesar dessa distinção terminológica, o objetivo 
subjacente de ambas é essencialmente o mesmo: descobrir a causa da morte, estudar 
doenças e contribuir para a melhoria da saúde. 
 
2 Necropsia 
A necropsia, também conhecida como autópsia veterinária, é um exame pós-
morte realizado em animais com o objetivo de determinar a causa da morte ou a 
natureza da doença que levou ao óbito. Trata-se de uma prática antiga, cujos 
primórdios se misturam com a própria história da medicina veterinária. 
Desde a Antiguidade, o homem demonstrou interesse em desvendar os mistérios 
da vida e da morte dos seres vivos. Hipócrates e Galeno, médicos da Grécia Antiga, 
são conhecidos por terem realizado estudos anatômicos em animais, embora não 
existam registros precisos de necropsias nesta época. No entanto, é inegável que as 
observações feitas pelos primeiros veterinários e criadores de animais serviram de 
base para a consolidação da necropsia como prática formal na medicina veterinária. 
A importância da necropsia para a perícia criminal é inestimável, principalmente 
quando se trata de crimes contra animais. No Brasil, onde a legislação sobre proteção 
animal tem avançado, a necropsia veterinária é uma ferramenta crucial para fazer valer 
a lei. O crime de maus-tratos aos animais, por exemplo, é passível de punição com 
detenção e multa, mas para que a justiça seja feita, é necessário comprovar que houve, 
de fato, um crime. 
 
Necropsia, Autópsia e Exumação | 
Necropsia 
www.cenes.com.br | 5 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais 
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa 
ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou 
científicos, quando existirem recursos alternativos. 
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas 
descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 
(cinco) anos, multae proibição da guarda. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte 
do animal. (Lei 9.605/98) 
 
O artigo 32 da Lei 9.605 de 1998, também conhecida como a Lei de Crimes 
Ambientais, dispõe sobre a prática de abuso e maus-tratos contra animais silvestres, 
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, estabelecendo penalidades 
específicas para os infratores. A referida lei, além de ser uma ferramenta fundamental 
para a proteção dos animais no Brasil, reflete a evolução do pensamento da sociedade 
em relação ao respeito e cuidado com todas as formas de vida. 
Essa legislação estabelece que aqueles que cometem atos de abuso, maus-tratos, 
ferem ou mutilam animais estão sujeitos a uma pena de detenção que varia de três 
meses a um ano, além de multa. Isso reforça a ideia de que o bem-estar animal é um 
direito legalmente protegido e que as ações que violam esse direito são consideradas 
criminosas. 
Além disso, o parágrafo primeiro do artigo estabelece que as mesmas 
penalidades se aplicam àqueles que realizam experiências dolorosas ou cruéis em 
animais vivos, mesmo que tais experimentos sejam feitos para fins didáticos ou 
científicos, desde que existam recursos alternativos. Esta é uma provisão 
extremamente importante, pois ajuda a garantir que os avanços na ciência e na 
educação não sejam alcançados à custa do sofrimento animal desnecessário. 
O parágrafo 1º-A, acrescentado posteriormente, estabelece uma penalidade mais 
severa especificamente para maus-tratos contra cães ou gatos. Para esses animais, a 
pena para as condutas descritas é de reclusão, variando de dois a cinco anos, além de 
multa e proibição da guarda. Isso reflete a crescente conscientização da sociedade 
Necropsia, Autópsia e Exumação | 
Necropsia 
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sobre a necessidade de proteger os animais de estimação, que são frequentemente 
vistos como membros da família. 
Por fim, o parágrafo segundo deste artigo prevê o aumento da pena de um sexto 
a um terço, caso a ação resulte na morte do animal. Esta provisão reflete a gravidade 
de tais ações e o entendimento de que a morte do animal é uma consequência 
extremamente séria do abuso e maus-tratos. 
Em suma, o artigo 32 da Lei 9.605 de 1998 desempenha um papel crucial na 
proteção dos animais contra o abuso e os maus-tratos no Brasil, fornecendo um 
arcabouço legal que pune severamente tais atos. No entanto, a aplicação efetiva da 
lei depende da vigilância da sociedade e das autoridades competentes, destacando a 
importância da denúncia de tais crimes e do apoio à implementação e aplicação 
destas e de outras leis de proteção animal. 
Nesse contexto, a necropsia veterinária serve como meio de produzir provas 
materiais. O exame detalhado do animal morto pode revelar sinais de violência, 
envenenamento, negligência e outras formas de maus-tratos. As evidências colhidas 
durante a necropsia são documentadas em um laudo necroscópico, que serve como 
prova em um processo judicial. 
Além disso, a necropsia pode trazer luz a casos de envenenamento acidental ou 
proposital, que muitas vezes são difíceis de resolver apenas com a investigação das 
circunstâncias do crime. Através da análise dos tecidos e do estômago do animal, o 
patologista veterinário pode detectar a presença de substâncias tóxicas e determinar 
a causa da morte. 
Os procedimentos envolvidos na necropsia são detalhados e rigorosos. O exame 
começa com a inspeção externa do corpo, onde são observadas características como 
o estado de conservação, presença de lesões ou sinais de doenças. Em seguida, o 
animal é aberto e os órgãos são inspecionados de forma sistemática. Cada órgão é 
avaliado quanto ao tamanho, cor, textura e presença de lesões. Amostras de tecido 
podem ser coletadas para análise histológica, em que o tecido é examinado ao 
microscópio. 
Importante lembrar que, para a realização da necropsia, é necessária a 
autorização do proprietário do animal, já que se trata de uma intervenção invasiva. A 
decisão de proceder com a necropsia deve levar em conta o desejo do proprietário, o 
bem-estar do animal e a necessidade de informações para o diagnóstico, controle de 
doenças ou investigação criminal. 
Necropsia, Autópsia e Exumação | 
O Instituto da Autopsia 
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No campo da medicina veterinária, a necropsia também é fundamental para a 
educação e formação de novos profissionais. Através da prática de necropsia, os 
estudantes de medicina veterinária podem aprender sobre a anatomia animal, os 
processos patológicos e a importância da investigação detalhada para o diagnóstico. 
Contudo, apesar da importância da necropsia na perícia criminal e na medicina 
veterinária, existem desafios a serem enfrentados. No Brasil, ainda há falta de 
infraestrutura e pessoal treinado para realizar necropsias em muitas regiões. Além 
disso, existe a necessidade de conscientização da população sobre a importância de 
denunciar crimes contra animais e a contribuição da necropsia para a solução desses 
casos. 
Nesse sentido, é crucial o investimento em formação profissional e infraestrutura 
para a realização de necropsias. Isso envolve a capacitação de médicos veterinários e 
técnicos, a construção de laboratórios de patologia veterinária e a aquisição de 
equipamentos. A prática de necropsia deve ser vista não apenas como uma obrigação 
legal, mas como um instrumento de proteção e bem-estar animal. 
Além disso, a conscientização da população é um aspecto fundamental. As 
pessoas devem ser encorajadas a denunciar suspeitas de maus-tratos a animais e a 
autorizar a realização de necropsia quando necessário. A necropsia não é apenas um 
procedimento técnico, mas uma ação que promove a justiça e o respeito pela vida 
animal. 
Portanto, a necropsia veterinária é uma prática essencial para a perícia criminal, 
a medicina veterinária e a proteção animal. Embora existam desafios a serem 
enfrentados, os avanços na legislação de proteção animal e na formação de 
profissionais capacitados indicam um futuro promissor para esta prática. 
No final das contas, a necropsia é mais do que um procedimento técnico, é um 
testemunho da nossa responsabilidade para com os animais. Ao desvendarmos os 
mistérios da morte, podemos garantir a justiça para aqueles que não têm voz e 
promover uma convivência mais harmoniosa entre humanos e animais. 
 
3 O Instituto da Autopsia 
A autópsia é uma técnica médica que envolve a inspeção detalhada de um corpo 
após a morte. Com suas raízes na antiga civilização grega, onde era usada para 
desvendar os mistérios da morte e da doença, a autópsia tornou-se um componente 
Necropsia, Autópsia e Exumação | 
O Instituto da Autopsia 
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crucial tanto na medicina moderna quanto no sistema judiciário. 
Este procedimento meticuloso pode ser subdividido em duas categorias 
principais: a autópsia clínica (ou hospitalar) e a autópsia forense (ou médico-legal). 
Cada uma dessas categorias possui objetivos, aplicações e procedimentos distintos, 
refletindo as diferentes necessidades das esferas médica e jurídica. 
A autópsia clínica, frequentemente realizada em um ambiente hospitalar, é um 
procedimento que tem como objetivo principal aprimorar o entendimento médico e 
científico acerca das doenças e condições que levaram à morte do indivíduo. 
Conduzida por médicos patologistas, a autópsia clínica é uma ferramenta educativa 
valiosa que contribui significativamente para o avanço do conhecimento médico. 
O processo de autópsia clínica é meticuloso e estruturado, começando 
geralmente com a revisão do histórico médico do indivíduo, seguido de um exame 
externo detalhado do corpo. Durante este exame, os médicos registram detalhes 
como idade aparente, sexo, cor do cabelo, cor dos olhos, e quaisquer sinais notáveis 
ou marcas no corpo. 
O próximo passo é a autópsia propriamente dita, que começa com a abertura do 
corpo para examinaros órgãos internos. Os órgãos são inspecionados em suas 
posições naturais, e então, em muitos casos, removidos para uma análise mais 
aprofundada. Isso inclui a inspeção visual e tátil, bem como a análise microscópica de 
amostras de tecido. Em alguns casos, pode ser realizada uma autópsia molecular, onde 
as amostras de tecido são testadas para determinar a presença de doenças genéticas 
ou infecciosas. 
A autópsia clínica tem vários objetivos. Um deles é confirmar ou esclarecer um 
diagnóstico feito enquanto o paciente ainda estava vivo. Isto é especialmente 
importante em casos em que o paciente apresentava uma doença rara ou complexa 
que pode ser difícil de diagnosticar com precisão apenas com os exames realizados 
durante a vida. 
Outro objetivo é avaliar a eficácia de um tratamento. Por exemplo, no caso de 
um paciente com câncer, a autópsia pode ajudar a determinar se o tratamento estava 
sendo eficaz em controlar a doença, e pode fornecer informações valiosas que podem 
ajudar a tratar futuros pacientes com a mesma condição. 
Além disso, a autópsia clínica também pode ajudar a entender melhor a 
progressão e os efeitos de uma doença. Por exemplo, pode ajudar a esclarecer como 
uma doença específica afeta o corpo ao longo do tempo, ou como ela pode interagir 
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com outras condições que o paciente possa ter. 
No final, o relatório da autópsia é compilado, incluindo os achados e conclusões. 
Este documento fornece um registro completo e detalhado da causa da morte, bem 
como quaisquer outras condições médicas que o indivíduo possa ter tido. Este 
relatório pode ser uma fonte de informação inestimável para os médicos, 
pesquisadores e, quando consentido, para os familiares do falecido. 
É importante lembrar que o consentimento é um elemento crucial na realização 
de uma autópsia clínica. Geralmente, é necessário obter o consentimento da família 
do falecido, a menos que a legislação do local especificamente permita o contrário. 
Por outro lado, a autópsia forense, também conhecida como autópsia médico-
legal, é uma parte fundamental do sistema de justiça criminal. É realizada por médicos 
legistas, profissionais com treinamento especializado em patologia forense, e é usada 
principalmente para determinar a causa e a circunstância da morte em casos de morte 
não natural, suspeita ou violenta. 
O procedimento inicia-se, geralmente, com a coleta de informações sobre as 
circunstâncias da morte e a revisão do histórico médico do indivíduo, se disponível. É 
feito um exame externo detalhado do corpo, documentando-se quaisquer 
características notáveis, ferimentos ou marcas. Também podem ser coletadas 
amostras para testes toxicológicos, como sangue, urina, cabelo ou tecido. 
O exame interno, a parte principal da autópsia forense, começa com a abertura 
do corpo para a inspeção dos órgãos internos. Cada órgão é examinado em sua 
posição anatômica e depois removido para exame mais detalhado. Isso permite ao 
médico legista identificar lesões ou doenças que podem ter contribuído para a morte. 
Amostras de tecido de cada órgão podem ser retiradas para análise microscópica. 
Uma autópsia forense completa também inclui a abertura do crânio para 
examinar o cérebro, e pode incluir procedimentos adicionais como a análise do 
conteúdo estomacal, que pode fornecer pistas sobre o tempo da morte e as últimas 
atividades do indivíduo. 
A autópsia forense desempenha um papel crucial na busca pela justiça ao 
fornecer provas objetivas que podem ser usadas em uma investigação ou em um 
julgamento. As informações obtidas durante a autópsia podem ajudar a responder 
perguntas-chave, como a causa e a maneira da morte (natural, acidente, suicídio, 
homicídio, indeterminada), a identidade do falecido (em casos de corpos não 
identificados), o tempo da morte e se houve uso de substâncias tóxicas ou drogas. 
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Além disso, a autópsia forense pode revelar evidências de crimes que podem não 
estar imediatamente aparentes, como sinais de abuso, estrangulamento ou 
envenenamento. Pode também ajudar a identificar ou excluir suspeitos em um crime, 
através da coleta e análise de DNA ou outros traços forenses. 
Em contraste com a autópsia clínica, o consentimento da família não é 
geralmente necessário para realizar uma autópsia forense, já que esta é 
frequentemente exigida por lei. 
Assim, a autópsia, seja clínica ou forense, é um elemento essencial no 
entendimento da morte, servindo como uma ponte entre o mundo da medicina e o 
campo da justiça. Cada tipo de autópsia possui procedimentos meticulosos e objetivos 
específicos, evidenciando a importância deste procedimento na obtenção de 
informações valiosas, seja para melhorar os cuidados de saúde, seja para auxiliar na 
aplicação da lei. 
O Código de Processo Penal (CPP) brasileiro, em seu artigo 162, faculta ao perito 
a possibilidade de dispensar o exame interno quando o exame externo é suficiente 
para o diagnóstico, ou quando não há infração penal a investigar. Isso implica que a 
realização de uma autópsia completa não é sempre necessária e, em certas 
circunstâncias, uma avaliação externa do corpo pode ser suficiente. 
 
Art. 162. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o 
simples exame externo do cadáver, quando não houver infração 
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem 
precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame 
interno para a verificação de alguma circunstância relevante. 
 
No caso de "mortes evidenciadas", onde há lesões múltiplas ou de grande 
gravidade, a causa da morte pode parecer evidente, mas ainda assim a autópsia é 
necessária para confirmar a causa da morte e sua natureza jurídica. Isso ocorre porque, 
mesmo em casos de lesões extremas, como a decapitação ou a secção de um corpo 
ao meio, ainda pode haver dúvida sobre se as lesões foram causadas antes ou depois 
da morte. Assim, é importante realizar a autópsia para confirmar se a morte foi 
causada pelas lesões aparentes ou por outras causas menos óbvias. 
Além disso, a autópsia também pode ajudar a revelar informações que podem 
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ser usadas em investigações criminais, como a presença de toxinas ou drogas no 
corpo, sinais de luta ou defesa, entre outros. Portanto, o exame autóptico é uma 
ferramenta valiosa tanto para a medicina quanto para a justiça, ajudando a esclarecer 
as circunstâncias e causas da morte, além de fornecer evidências importantes em 
casos de morte suspeita ou violenta. 
 
Erros mais comuns nas autópsias médico-legais 
Os equívocos em autópsias médico-legais, apesar de serem indesejáveis, podem 
ocorrer e frequentemente se enquadram em categorias comuns. Um exame externo 
insuficiente ou negligenciado, por exemplo, é um erro comum que pode comprometer 
a integridade dos resultados da autópsia, já que essa etapa inicial é crucial para 
oferecer uma visão inicial do estado do corpo e pode fornecer pistas valiosas sobre a 
causa da morte. 
Além disso, muitas vezes as interpretações podem ser feitas intuitivamente, ao 
invés de serem baseadas em evidências objetivas. Esta abordagem pode levar a 
diagnósticos incorretos e comprometer a precisão do relatório final da autópsia. 
Outro equívoco comum é a falta de documentação visual adequada, como 
esquemas ou fotografias. Esses recursos visuais são vitais para ajudar a compreender 
o caso, facilitar revisões futuras e garantir a precisão do relatório. Eles também são 
essenciais em processos judiciais, oferecendo uma representação tangível das 
descobertas. 
A compreensão incorreta dos fenômenos pós-morte também é um erro 
recorrente que pode levar a mal-entendidos significativos na determinação da causa 
da morte. Por exemplo,suturas cranianas disjuntas em corpos carbonizados podem 
ser erroneamente identificadas como fraturas, ou a autólise pancreática pode ser 
erroneamente diagnosticada como pancreatite hemorrágica. 
A autópsia incompleta, na qual não são abertas todas as três grandes cavidades 
do corpo - torácica, abdominal e craniana - é um erro grave que pode resultar em 
uma avaliação incompleta da causa da morte. Além disso, incisões desnecessárias 
podem danificar evidências, enquanto descrições vagas ou obscuras podem levar a 
interpretações equivocadas e confusas. 
Esses erros têm o potencial de comprometer não apenas a precisão do relatório 
de autópsia, mas também suas implicações judiciais, pois a autópsia médico-legal é 
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uma ferramenta crucial para investigações de mortes suspeitas ou não naturais. 
Portanto, é de extrema importância que os profissionais da área médico-legal sejam 
adequadamente treinados e sigam procedimentos rigorosos para minimizar a 
possibilidade de tais erros. 
 
3.1 Exame Cadavérico 
Conduzido por profissionais treinados - médicos patologistas em casos clínicos 
e médicos legistas em casos forenses - o exame cadavérico envolve uma série de 
etapas meticulosas que começam com uma inspeção visual do corpo e progridem até 
a dissecção e análise dos órgãos internos e, em algumas situações, a análise 
microscópica de tecidos. 
Além de seu papel na determinação da causa mortis, o exame cadavérico 
também contribui significativamente para o avanço da medicina, oferecendo 
oportunidades para estudar doenças e condições em detalhes que não seriam 
possíveis em um paciente vivo. 
As etapas de um exame cadavérico, ou autópsia, podem variar ligeiramente 
dependendo das circunstâncias específicas do caso e da instituição que realiza o 
procedimento. No entanto, as etapas típicas incluem o seguinte: 
1) Preparação e Revisão do Histórico: Antes do exame físico, os 
médicos coletam e revisam todas as informações relevantes sobre o 
falecido, incluindo o histórico médico e as circunstâncias da morte. 
2) Exame Externo: O corpo é examinado de maneira sistemática e 
detalhada. Este exame inclui anotações sobre características físicas (como 
idade, sexo, cor do cabelo, cor dos olhos), bem como qualquer sinal 
notável de trauma ou doença. 
3) Exame Interno: O corpo é aberto e os órgãos são inspecionados 
em suas posições naturais. Isso geralmente é seguido pela remoção e 
exame mais detalhado de cada órgão. 
4) Exame Microscópico: Durante o exame interno, amostras de 
tecidos podem ser retiradas para exame microscópico. Este exame pode 
ajudar a identificar doenças que não são visíveis a olho nu. 
5) Exames Especiais: Dependendo das circunstâncias da morte, 
podem ser necessários exames adicionais, como toxicologia, exames 
genéticos ou infecção. 
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6) Relatório da Autópsia: Após a conclusão do exame, um relatório 
da autópsia é compilado. Este relatório documenta os achados e 
conclusões do exame. 
 
Os livros de medicina legal ou patologia fornecem detalhes mais aprofundados 
sobre as etapas do exame cadavérico. Além disso, muitas instituições médicas e legais 
também têm diretrizes ou manuais detalhados que descrevem o processo. Em alguns 
países, esses recursos podem estar disponíveis online para profissionais de saúde e, 
às vezes, para o público em geral. 
A etapa de preparação e revisão do histórico é a primeira e uma das mais 
importantes fases de um exame cadavérico, ou autópsia. Esse processo se inicia antes 
mesmo do exame físico e serve para coletar e revisar todas as informações disponíveis 
e relevantes sobre o falecido. 
Na revisão do histórico médico, o médico responsável pela autópsia revisará 
quaisquer registros médicos disponíveis do falecido, incluindo histórico de doenças 
preexistentes, medicamentos prescritos, tratamentos realizados e resultados de 
exames anteriores. Isso pode proporcionar uma visão crucial sobre a condição de 
saúde do indivíduo antes da morte e potencialmente indicar causas prováveis da 
morte. Além disso, a revisão do histórico médico também ajuda a direcionar o exame 
físico, com atenção particular para as condições conhecidas que podem ter 
contribuído para a morte. 
As circunstâncias da morte também são examinadas nessa fase. Informações 
como local da morte, situação em que o corpo foi encontrado e relatos de 
testemunhas são coletados, se disponíveis. Detalhes como estes podem oferecer 
pistas valiosas sobre a causa da morte. Por exemplo, se o indivíduo foi encontrado 
morto em casa sem nenhuma evidência aparente de trauma, a morte pode ser devido 
a causas naturais. Em contrapartida, se a pessoa foi encontrada morta em um local 
público com sinais de violência, a morte pode ser suspeita. 
Em alguns casos, pode haver limitações na quantidade ou qualidade das 
informações disponíveis. Isso é particularmente comum em situações em que a 
identidade do falecido é desconhecida ou quando a morte ocorre em circunstâncias 
suspeitas ou violentas. 
No geral, a etapa de preparação e revisão do histórico é essencial para fornecer 
um contexto para a autópsia e ajudar a orientar as etapas subsequentes do exame. Ela 
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fornece um quadro de referência que ajuda a interpretar os achados físicos e contribui 
para a determinação final da causa da morte. 
A segunda etapa de um exame cadavérico, o exame externo, é um componente 
crítico do procedimento. Trata-se de uma avaliação visual e tátil cuidadosa de todo o 
corpo do falecido para observar e documentar detalhes que possam oferecer pistas 
sobre a causa da morte ou fornecer informações sobre o indivíduo. 
O exame externo inicia-se pela identificação do cadáver, incluindo as 
características físicas básicas como sexo, idade aproximada, cor do cabelo e dos olhos, 
e outras características distintivas como tatuagens, cicatrizes ou marcas de nascença. 
O objetivo desta fase é estabelecer a identidade do falecido, se ainda não for 
conhecida, e documentar a aparência física do corpo. 
 
Nos casos em que a identificação do sexo é dificultada por razões da morte, ou da vida pregressa do 
indivíduo, um método utilizado para a identificação é a análise do crânio. Este método é denominado 
antroposcopia, e requer o uso de tabelas de decisão. 
 
Posteriormente, o corpo é examinado em busca de sinais de trauma ou doença. 
Isto inclui a procura de sinais de ferimentos, como cortes, contusões, queimaduras ou 
fraturas. Estes podem indicar a causa da morte ou contribuir para ela. Por exemplo, 
uma fratura no crânio pode indicar um trauma na cabeça que levou à morte. 
Além disso, os médicos também procuram sinais de doenças, como erupções 
cutâneas, manchas ou inchaços, que podem indicar uma condição médica subjacente. 
Em alguns casos, os sinais de uma doença crônica podem ser evidentes no exame 
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externo. 
O exame externo também inclui a medição do corpo e o registro do peso do 
falecido. Ademais, a rigidez cadavérica (rigor mortis), o resfriamento do corpo (algor 
mortis) e as manchas de decomposição (livor mortis) são avaliados para ajudar a 
estimar o intervalo post-mortem, ou seja, o tempo desde a morte. 
Todos esses aspectos são meticulosamente documentados, muitas vezes com o 
auxílio de fotografia, para servirem de referência para futuras consultas. 
A terceira etapa de um exame cadavérico, o exame interno, envolve uma 
investigação minuciosa dos órgãos internos e outras estruturas dentro do corpo do 
falecido. É nesta fase que os profissionais de saúde buscam descobrir quaisquer 
anomalias ou condições que possam ter contribuído para a morte. 
Para iniciar o exame interno,são feitas incisões no corpo para permitir o acesso 
aos órgãos internos. O padrão típico de incisão é em forma de "Y", começando no 
ombro, se encontrando no esterno e continuando até a região pubiana, mas também 
existem outros tipos de incisão. 
 
 
Uma vez que o acesso foi obtido, os órgãos são inspecionados em suas posições 
naturais. Isto envolve uma avaliação visual e tátil de cada órgão para procurar 
anormalidades óbvias, como tumores, hemorragias, inflamação, entre outras. 
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Depois dessa inspeção inicial, os órgãos são removidos para uma análise mais 
aprofundada. A ordem e o método de remoção podem variar, mas um procedimento 
comum é o método de Virchow, no qual os órgãos são removidos individualmente e 
examinados. Outro método é o de Rokitansky, onde os órgãos são removidos como 
um bloco único para exame posterior. 
Cada órgão é então dissecado e examinado em detalhes. O exame pode incluir 
o corte do órgão para inspeção interna, a pesagem do órgão e a coleta de amostras 
para análise microscópica. Qualquer anormalidade é documentada e fotografada. 
No caso de mortes suspeitas, o médico legista pode também coletar amostras 
para exames toxicológicos e, se necessário, realizar um exame do crânio e do cérebro. 
O exame interno é uma etapa crítica na determinação da causa da morte e pode 
fornecer informações valiosas sobre a condição de saúde do indivíduo antes da morte. 
Todos os achados são registrados em um relatório de autópsia, que será usado para 
formular uma conclusão final sobre a causa da morte. 
A quarta etapa do exame cadavérico é o exame microscópico, um processo que 
envolve a análise detalhada de amostras de tecidos coletadas durante o exame 
interno. Esse exame é crucial para identificar doenças ou condições que não podem 
ser visualizadas a olho nu ou por meio de uma inspeção física comum dos órgãos. 
Para realizar o exame microscópico, amostras de tecido são coletadas de vários 
órgãos e áreas de interesse durante o exame interno. Essas amostras são então 
processadas em laboratório para criar lâminas que podem ser examinadas sob um 
microscópio. Este processamento geralmente envolve a fixação do tecido para 
preservá-lo, a incrustação em uma matriz como parafina, o corte em seções finas e a 
coloração para melhor visualização das estruturas celulares. 
Sob o microscópio, os patologistas procuram anormalidades nas células e tecidos 
que podem indicar doenças. Estas podem incluir câncer, doenças inflamatórias, 
infecciosas ou degenerativas, entre outras. A análise microscópica pode revelar 
detalhes como alterações na forma e tamanho das células, a presença de bactérias ou 
vírus, ou sinais de danos celulares. 
O exame microscópico pode ser crucial para esclarecer a causa da morte em 
muitos casos. Por exemplo, se durante o exame interno é encontrada uma massa 
suspeita, a análise microscópica pode confirmar se é um tumor maligno (câncer) ou 
benigno. Da mesma forma, pode-se identificar doenças infecciosas específicas pela 
presença de agentes patogênicos no tecido. 
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O exame microscópico complementa as observações feitas durante os exames 
externo e interno, e contribui para a determinação final da causa da morte. Todos os 
achados são documentados e incluídos no relatório final de autópsia. Assim, essa 
etapa desempenha um papel crucial no processo de exame cadavérico, 
proporcionando um nível de detalhe que não pode ser obtido apenas com a inspeção 
visual. 
A quinta etapa do exame cadavérico, chamada de exames especiais, envolve a 
realização de testes adicionais que podem ser necessários para determinar a causa da 
morte ou para coletar informações adicionais sobre o estado de saúde do falecido 
antes da morte. A necessidade desses exames depende das circunstâncias da morte e 
das descobertas feitas nas etapas anteriores do exame cadavérico. 
Exames toxicológicos são comuns nesses casos. Estes testes analisam a presença 
de substâncias químicas no corpo que podem ter contribuído para a morte, incluindo 
drogas legais e ilegais, álcool, venenos e certos medicamentos. Esses exames são 
especialmente importantes em casos de suspeita de overdose, envenenamento, ou 
quando há sinais de uso de substâncias. Amostras de sangue, urina e, por vezes, tecido 
do fígado são coletadas para realizar esses testes. 
Os exames genéticos são outra categoria de exames especiais que podem ser 
realizados. Estes testes são usados para identificar anormalidades genéticas que 
podem ter causado ou contribuído para a morte. Por exemplo, algumas doenças 
cardíacas e neurológicas podem ser causadas por mutações genéticas. Assim, se a 
morte foi causada por uma dessas doenças, um exame genético pode ser útil para 
confirmar o diagnóstico. 
Os testes de infecção são outra categoria de exames especiais. Estes são 
realizados quando há suspeita de que a morte foi causada por uma infecção. As 
amostras coletadas para esses testes podem ser examinadas para a presença de 
bactérias, vírus ou outros patógenos. 
Além disso, exames especiais podem incluir análises histológicas adicionais, 
exames radiológicos (como radiografias ou tomografias computadorizadas), entre 
outros, dependendo das circunstâncias específicas. 
A sexta e última etapa do exame cadavérico é a compilação e elaboração do 
relatório de autópsia. Este documento é um registro oficial e abrangente que detalha 
todas as descobertas e conclusões obtidas durante o exame cadavérico. 
O relatório da autópsia é geralmente organizado de maneira a refletir as etapas 
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do exame cadavérico. Inclui as informações do histórico médico do indivíduo e as 
circunstâncias da morte, os resultados do exame externo e interno, os resultados do 
exame microscópico, e quaisquer resultados de exames especiais que foram 
realizados. 
Cada anormalidade ou descoberta significativa é documentada em detalhes. Isso 
pode incluir descrições de lesões, doenças, patologias, resultados de exames 
toxicológicos, e quaisquer outros achados pertinentes. As imagens obtidas durante o 
exame, como fotografias e resultados de exames de imagem, também são 
frequentemente incluídas no relatório. 
A seção final do relatório de autópsia é a conclusão, que inclui a causa da morte. 
A causa da morte é uma declaração médica que identifica a doença ou lesão que levou 
à morte. Em alguns casos, também pode ser incluída a maneira da morte, que é uma 
classificação jurídica da morte (como natural, acidente, suicídio, homicídio ou 
indeterminada). 
O relatório de autópsia serve a várias finalidades importantes. Para os 
profissionais médicos, pode fornecer informações valiosas para pesquisa médica e 
educação. Para as famílias, pode oferecer respostas e fechamento. E, em casos de 
mortes suspeitas, pode ser uma peça crucial de evidência em investigações legais e 
judiciais. 
Em todos os casos, a confidencialidade do relatório de autópsia é estritamente 
mantida, com acesso restrito aos profissionais médicos envolvidos, autoridades legais 
apropriadas, e familiares diretos do falecido, a menos que de outra forma ordenado 
por um tribunal. 
 
Antroposcopia 
A determinação das características da configuração do corpo humano por meio 
de exames, em vez de por antropometria, pode se referir a uma abordagem alternativa 
ou complementar para analisar a estrutura e as dimensões do corpo humano. 
Antropometria é o estudo das medidas físicas do corpo humano, como altura, 
peso, circunferência, proporções corporais e outras dimensões, com o objetivo de 
entender a variação entre indivíduos ou populações. A antropometria é 
frequentemente utilizada em várias áreas, como medicina, nutrição, ergonomia e 
design, para criar padrões e recomendaçõesque se adequem à maioria das pessoas. 
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Por outro lado, a determinação das características da configuração do corpo 
humano por meio de exames pode incluir abordagens mais detalhadas, como exames 
de imagem (por exemplo, tomografia computadorizada ou ressonância magnética) 
para visualizar estruturas internas e órgãos, bem como exames clínicos específicos que 
auxiliam na avaliação das características físicas de um indivíduo. 
Essa abordagem pode ser necessária em casos em que se precisa obter 
informações mais específicas sobre a morfologia ou estrutura de determinada parte 
do corpo, ou para investigar condições médicas específicas que não podem ser 
completamente compreendidas apenas por meio de medidas antropométricas 
tradicionais. 
A palavra "antroposcopia" tem sua origem na junção de três elementos: 
 
"Anthropo" (ou "antropo"), que deriva do grego "anthrōpos" (ἄνθρωπος), 
significando "ser humano" ou "homem". Neste contexto, refere-se à área de estudo 
da antropologia, que engloba a análise do ser humano em diversas dimensões. 
"Scopo", proveniente do grego "skopós" (σκοπός), que significa "exame" ou 
"observação". 
"Ia", um sufixo que indica "ação", "estado" ou "ciência de". 
 
Portanto, "antroposcopia" é a "ciência de examinar ou observar o ser humano", 
e pode ser interpretada como o estudo detalhado das características físicas, 
morfológicas ou anatômicas do corpo humano, utilizando diversos métodos de 
análise, como exames de imagem e outros procedimentos clínicos. 
 
3.2 Procedimento 
A realização de autópsias ocorre mediante solicitação médica e autorização do 
familiar responsável, que deve ter parentesco de primeiro grau ou ser cônjuge. Além 
disso, é necessário apresentar o prontuário médico do paciente e outros documentos 
médicos que contenham informações clínicas e de imagem relevantes. Também é 
preciso preencher uma declaração de óbito com os dados de identificação do 
paciente. 
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O médico patologista encarregado da autópsia tem a responsabilidade de 
verificar a documentação e analisar os diagnósticos em relação à doença principal e à 
causa da morte. Ele também deve examinar a história clínica do paciente em busca de 
outros dados relevantes que possam orientar os cuidados durante a realização da 
autópsia. 
As autópsias são registradas tanto em formato digital quanto em um livro de 
registro específico, denominado Livro de Registros de Autópsias. Cada autópsia 
recebe um número sequencial, reiniciado a cada início de ano. 
 
Preparo 
Após a análise dos documentos médicos, o corpo é encaminhado à sala de 
autópsia, onde o técnico responsável realiza os preparativos necessários. O 
instrumental utilizado é organizado em uma mesa adjacente à mesa de autópsia, de 
forma acessível e sem a necessidade de grandes deslocamentos. 
O conjunto mínimo de instrumentos para a realização da autópsia inclui facas, 
pinças, tesouras e outros utensílios específicos. As facas consistem em uma com ponta 
romba e lâmina longa de aproximadamente 40 cm, e outra com ponta fina e lâmina 
curta de cerca de 20 cm. Também são necessários dois cabos e quatro lâminas de 
bisturi de número 23 ou 24, além de estiletes, tentacânulas e sondas. 
Quanto às pinças, são utilizadas duas do tipo "dente de rato", uma com 
aproximadamente 12 cm e outra com cerca de 20 cm, além de duas pinças de 
dissecção do mesmo tamanho. As tesouras incluem diversos tamanhos, com pontas 
retas e curvas, rombas e finas. Também são necessários instrumentos como o tipo 
Metzembaum, enterótomo, costótomo, serra e arco de serra, cinzel (talhadeira), rugina 
e martelo de metal em aço inoxidável, e o costótomo. Complementam a lista os cepos 
(dois), uma tábua de madeira ou similar sintético, gaze, algodão hidrofóbico, linha de 
algodão grossa e agulha. 
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As balanças utilizadas são uma com precisão de 100 g e capacidade para 200 kg, 
para pesagem do corpo, outra com precisão de 5 g e capacidade de 15 kg para 
pesagem de vísceras, e uma terceira com precisão de 0,5 g e capacidade de 200 g para 
casos de autópsias pediátricas ou perinatais. 
São necessários recipientes de vidro ou plástico com boca larga e tampa, 
incluindo um com capacidade de 50 ml a 100 ml, para coleta de biópsias, um com 
capacidade de dois litros e outro com capacidade de 30 litros (balde). 
É importante contar com um estoque de soluções aquosas de aldeído fórmico 
(formol) nas concentrações de "10%" e "20%", em volume de 100 a 200 litros. A 
solução a "10%" consiste em uma parte de solução aquosa concentrada de 
formaldeído a 37% misturada com nove partes de solução aquosa tampão. Já a 
solução a "20%" é composta por duas partes de solução aquosa concentrada de 
formaldeído a 37% e nove partes de solução aquosa tampão. 
Tanto o patologista quanto o técnico ou auxiliar devem trocar de roupa e utilizar 
equipamentos de proteção individual de acordo com as normas de biossegurança. 
Isso inclui o uso de calças e camisas apropriadas para o procedimento, capotes de 
algodão e impermeáveis com mangas longas, luvas de látex, luvas de pano, gorro, 
máscara, óculos e botas de borracha. Caso não estejam disponíveis botas de borracha, 
sapatilhas que cobrem os calçados são utilizadas como alternativa. 
 
 
 
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Técnicas 
Ectoscopia 
A autópsia tem início com a realização da ectoscopia, que consiste na inspeção 
externa do corpo. Essa etapa tem como objetivo descrever as lesões externas 
presentes, assim como os fenômenos cadavéricos, como o rigor mortis, a flacidez 
muscular e os livores, entre outros. Além disso, são observados o estado de nutrição, 
a estatura aproximada, a compleição física, a cor da pele, dos pelos e o aspecto das 
mucosas dos globos oculares, da boca e da genitália externa. Também é verificado se 
há alterações gerais, como palidez e icterícia, por exemplo. Para realizar a ectoscopia, 
o cadáver deve estar nu. A análise é feita nas superfícies dorsal e ventral do corpo, 
seguindo uma ordem que vai do geral para o específico e das regiões mais próximas 
às mais distais dos membros. Os achados são descritos no laudo seguindo a mesma 
ordem. 
 
Acesso às cavidades corporais 
Após a ectoscopia, passa-se para o exame interno, que é dividido em exame 
interno da cabeça (cavidade craniana) e do tronco (cavidades torácica e abdominal). 
O exame interno se inicia com uma incisão, seguida pela remoção dos planos ósseos 
das respectivas cavidades. A análise interna começa pela cabeça. 
 
Cabeça 
Para acessar a cavidade craniana, é realizada uma incisão bimastóidea, que vai 
de um processo mastoide (posterior ao pavilhão auditivo) ao processo mastoide 
contralateral, em uma orientação coronal, passando pelas regiões temporais e 
parietais. Após essa incisão, os planos subcutâneos do couro cabeludo são rebatidos, 
expondo a abóbada craniana e os músculos temporais. 
Também é possível que se faça uma incisão do lobo frontal ao occipital, como 
vemos: 
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Os músculos temporais são rebatidos com uma faca ou uma rugina. A abóbada 
craniana é serrada com uma serra de arco, passando pelo osso frontal, cerca de três 
centímetros acima das sobrancelhas, em uma orientação transversal em relação ao 
longo eixo do corpo. Na altura do osso temporal, é feita uma angulação de 
aproximadamente 120 graus na linha de serragem, formando uma calota craniana em 
forma de cunha. O osso não é serrado em toda a sua espessura para evitar danos às 
meninges e ao encéfalo. A tábua óssea externa e partes da tábua interna são serradas, 
e a aberturaé concluída usando um cinzel e um martelo. 
 
Tronco 
Para o exame interno do tronco, a incisão utilizada é a biacrômio-fúrculo-
pubiana, também conhecida como incisão "em Y". Essa incisão começa nos ombros, 
partindo do acrômio de cada escápula e convergindo ambos os cortes para a fúrcula 
esternal, passando pelo bordo inferior das regiões mamárias. A partir da fúrcula 
esternal, o corte segue em linha reta em direção à sínfise pubiana, fazendo um 
pequeno contorno na cicatriz umbilical. Após essa incisão, os planos cutâneo, 
subcutâneo e muscular são rebatidos para expor o gradil costal e a cavidade 
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peritoneal. 
Em alguns casos, outras técnicas de incisão podem ser utilizadas, dependendo 
do que se deseja examinar e das características específicas do corpo em estudo. Em 
recém-nascidos, a incisão preferencial é a mentopubiana, que segue a linha média, do 
mento à sínfise púbica, podendo fazer um pequeno contorno na cicatriz umbilical ou, 
um pouco acima desta, o corte pode divergir em forma de "V" até o púbis. 
Em casos excepcionais, quando são realizadas autópsias parciais, a escolha da 
incisão dependerá do(s) órgão(s) a ser(em) estudado(s). O patologista decide qual é a 
técnica de incisão mais apropriada a ser utilizada. O gradil costal é removido 
juntamente com o esterno, seccionando o corpo das costelas o mais próximo possível 
das bordas laterais do corpo. As extremidades cortadas das costelas devem ser 
protegidas com gaze. A clavícula é desarticulada do manúbrio esternal com o uso de 
um bisturi e, em seguida, o plastrão costoesternal é removido, separando-o dos 
ligamentos que o conectam ao pericárdio ou a outras estruturas. Não são feitas 
incisões na face e nas extremidades dos membros, a menos que haja autorização 
específica dos familiares, pois isso pode resultar em mutilação do corpo. 
No entanto, em casos de autópsias em fetos ou recém-nascidos para pesquisa 
de sífilis, é feita a remoção da extremidade distal do fêmur esquerdo, e em adultos, 
para pesquisa de trombos venosos profundos, é retirada a musculatura das 
panturrilhas. 
 
Evisceração 
A evisceração consiste na retirada das vísceras das respectivas cavidades para 
posterior dissecção e exame. Após a evisceração, é possível realizar o exame das 
cavidades propriamente ditas. Após a remoção do encéfalo, é examinada a base do 
crânio, e após a retirada das vísceras toracoabdominais, são examinadas as partes 
posteriores das costelas, a coluna vertebral e o retroperitônio. Geralmente, os órgãos 
são pesados e/ou medidos, como o encéfalo, a tireoide, as glândulas salivares 
submandibulares, o timo, o coração, os pulmões, o fígado, o baço, o pâncreas, as 
adrenais, os rins e a próstata. 
 
 
 
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Cavidade craniana 
A retirada do encéfalo é feita após o rebatimento da dura-máter. Os pares de 
nervos cranianos são seccionados e, em seguida, a medula espinhal cervical alta é 
cortada. Para examinar a base da cavidade craniana, a dura-máter que a recobre é 
rebatida. Nesse momento, com cuidado, a hipófise é removida por fratura ou corte do 
dorso da sela túrcica do esfenóide. 
 
Cavidades torácica e abdominal 
A retirada das vísceras das cavidades torácica e abdominal pode ser feita por 
diferentes técnicas, que podem ser combinadas dependendo de cada caso em estudo. 
A escolha da técnica de evisceração é de responsabilidade do médico patologista. 
Existem basicamente quatro técnicas de evisceração: 
1) Técnica de Gohn, en bloc, ou em blocos: É a técnica mais 
comumente utilizada em autópsias de adultos. Consiste na retirada das 
vísceras em três blocos principais. O primeiro bloco, também conhecido 
como bloco cardiopulmonar, inclui a língua, os órgãos do pescoço 
(faringe, esôfago, laringe, traqueia, tireoide, paratireoides, glândulas 
salivares submandibulares, entre outros), além do coração com os vasos 
da base, os pulmões e as estruturas do mediastino. O segundo bloco, 
chamado bloco digestivo, é composto principalmente pelo estômago, 
geralmente acompanhado do terço distal do esôfago, pelo duodeno, 
pâncreas e a porção inicial do jejuno, além do fígado com a vesícula biliar, 
as vias biliares extra-hepáticas e o baço. Esse bloco é removido após a 
retirada dos intestinos delgado (com o mesentério) e grosso (ceco, cólons 
ascendente, transverso, descendente e sigmoide, e parte do reto), 
juntamente com o omento maior. O terceiro bloco, chamado bloco 
genitourinário, inclui as suprarrenais, os rins, os ureteres, a bexiga, o reto, 
a próstata e ambos os testículos com os epidídimos e os funículos 
espermáticos, ou o útero com os anexos bilaterais e o terço superior da 
vagina. Esse conjunto é removido juntamente com a veia cava inferior e 
suas tributárias, a aorta e seus ramos, além dos linfonodos e outras 
estruturas retroperitoneais. 
2) Técnica de Letulle ou en masse: Nessa técnica, todas as vísceras 
das cavidades torácica e abdominal são retiradas como um único bloco. 
É preferencialmente utilizada em autópsias perinatais ou quando se 
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deseja detectar lesões em estruturas que atravessam o diafragma. 
3) Técnica de Virchow ou órgão a órgão: Nessa técnica, os órgãos 
são retirados individualmente, cortando-se os pedículos ou hilo de cada 
um. É indicada quando se deseja diminuir o tempo de exposição dos 
profissionais aos materiais biológicos infecciosos, quando não é 
necessário estudar as relações anatômicas entre os diferentes órgãos e 
quando é possível direcionar o estudo para órgãos específicos, 
prescindindo do exame de outros órgãos. É utilizada em casos em que se 
pretende fazer apenas uma "verificação de óbito". 
4) Técnica de Rokitansky ou in situ: Nessa técnica, as vísceras não 
são retiradas de seus lugares e são examinadas in situ. Essa técnica 
também reduz o tempo de exposição aos materiais biológicos infecciosos 
e acelera o tempo de realização do exame necroscópico. Pode ser usada 
em combinação com as outras técnicas de evisceração descritas. 
 
Dependendo da indicação clínica, outros órgãos podem ser retirados, como os 
globos oculares, os seios paranasais e as estruturas do ouvido médio e interno. Se for 
necessário analisar a medula óssea, idealmente é coletado um fragmento do esterno 
e fragmentos dos arcos costais ou segmentos de corpos vertebrais (torácicos ou 
lombares). Na retirada da medula espinhal, esta é feita removendo-se os corpos 
vertebrais e seccionando os arcos vertebrais bilaterais com uma serra ou cinzel, após 
a remoção completa das vísceras torácicas e abdominais. 
 
Dissecação 
A dissecação é a técnica pela qual o patologista realiza o exame sistemático de 
cada órgão e estrutura, por meio de cortes nas peças, a fim de identificar possíveis 
alterações anatomopatológicas. Geralmente, as vísceras sólidas são seccionadas em 
seus maiores eixos, e as superfícies externas e os cortes são examinados. As vísceras 
ocas são abertas longitudinalmente, permitindo a análise das superfícies externas e 
internas, bem como as características de suas paredes. Os cortes permitem uma 
visualização detalhada das estruturas em análise. Alguns órgãos requerem técnicas 
diferentes ou particulares de dissecção, conforme descrito a seguir: 
 
 
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Encéfalo 
Existem duas técnicas básicas de exame anatomopatológico do encéfalo. Na 
primeira técnica, que é utilizada rotineiramente, o tronco cerebral, juntamente com o 
cerebelo, é separado do cérebro. O cérebro é então seccionado em cortes coronais de 
cerca de 1,0 cm cada. O cerebelo e o tronco cerebral são cortados em cortes mais 
finos, oblíquos ou transversais. Na segunda técnica, que é empregadaquando se 
deseja correlacionar com exames de imagem, como tomografia computadorizada ou 
ressonância nuclear magnética, o encéfalo é cortado como um todo, em planos 
transversais discretamente descendentes no sentido anteroposterior. Os cortes do 
encéfalo são realizados após a fixação em solução de formol a 20%, por 15 dias, devido 
à consistência reduzida do tecido. O encéfalo é pesado tanto antes quanto após a 
fixação. 
 
Traqueia 
A traqueia é aberta pela porção membranosa posterior até os brônquios 
principais, que geralmente ainda estão unidos aos pulmões. 
 
Coração 
Existem duas técnicas básicas de dissecção do coração. Na primeira técnica, que 
é utilizada quando se deseja investigar um infarto do miocárdio, o órgão é examinado 
em cortes transversais de cerca de 1,0 cm cada. Na outra técnica, que é seguida 
quando se deseja examinar detalhadamente as estruturas valvares, o endocárdio, o 
miocárdio, as artérias coronárias e seus ramos, as câmaras de enchimento e 
esvaziamento ventriculares e os átrios são abertos no sentido do fluxo sanguíneo 
normal. 
A dissecção inicia-se com a abertura das veias cavas superior e inferior, seguida 
pela abertura do átrio direito. Em seguida, observa-se a disposição das estruturas da 
valva tricúspide e, posteriormente, corta-se lateralmente a parede da câmara de 
enchimento do ventrículo direito e, em seguida, faz-se um corte anterior e adjacente 
ao septo interventricular, abrindo a câmara de esvaziamento do ventrículo direito. Esse 
último corte geralmente é estendido ao tronco da artéria pulmonar, e as artérias 
pulmonares direita e esquerda são abertas. 
O exame do lado esquerdo inicia-se com a secção das quatro veias pulmonares, 
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expondo a cavidade atrial esquerda. As cúspides da valva mitral também são 
examinadas, e cortes homólogos aos realizados no ventrículo direito são feitos para 
abrir as câmaras de enchimento e esvaziamento do ventrículo esquerdo, expondo a 
luz do ramo ascendente da aorta. A abertura das cavidades cardíacas é realizada com 
uma faca de lâmina fina, curta e pontiaguda ou com uma tesoura de lâmina longa e 
ponta romba. Os vasos, depois de abertos, são examinados quanto à parede e à 
superfície endotelial. 
O exame das artérias coronárias e seus ramos é idealmente realizado antes da 
abertura do coração. Após observar a origem dos óstios das artérias coronárias direita 
e esquerda, as artérias coronárias e seus ramos são abertos longitudinalmente com 
uma tesoura pequena de lâminas finas e uma das pontas romba. Também é possível 
fazer cortes transversais e sequenciais em todo o trajeto das artérias coronárias e seus 
ramos para procurar obstruções. 
O coração geralmente é pesado após ter sido aberto e limpo dos coágulos, e a 
espessura das paredes das câmaras de enchimento ventriculares direita e esquerda é 
medida cerca de 1 cm após as valvas tricúspide e mitral, bem como os perímetros das 
valvas tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica. 
 
Estômago 
O estômago é um órgão do sistema digestivo, localizado entre o esôfago e o 
intestino delgado. Tem a função de receber os alimentos mastigados, misturá-los com 
o suco gástrico produzido por suas glândulas e iniciar a digestão das proteínas. 
Quando a necropsia é realizada, o estômago é aberto pela sua grande curvatura, 
estendendo-se até o duodeno, a parte inicial do intestino delgado, expondo a papila 
de Vater. A papila de Vater é o local onde o ducto biliar comum e o ducto pancreático 
principal entram no duodeno. Nesse momento, espreme-se levemente a vesícula biliar 
in situ (no lugar) para verificar se as vias biliares extra-hepáticas (fora do fígado) estão 
desobstruídas (pérvias). 
 
 
Fígado 
O fígado é a maior glândula do corpo humano, responsável por mais de 500 
funções, incluindo a desintoxicação do organismo, o metabolismo de proteínas e 
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gorduras, a produção de bile (que ajuda na digestão), entre outras. Durante uma 
necropsia, o fígado é geralmente examinado enquanto ainda está no corpo, antes de 
ser removido para uma análise mais detalhada. A vesícula biliar, que armazena a bile 
produzida pelo fígado, também é removida. Depois, o fígado é seccionado no plano 
coronal (de frente para trás), permitindo que se observe seu interior em busca de 
qualquer anormalidade ou doença. 
 
Intestino delgado 
O intestino delgado é a parte do sistema digestivo que se estende do estômago 
ao intestino grosso. Ele é responsável pela maior parte da digestão e absorção dos 
nutrientes. Durante a necropsia, o intestino delgado é aberto pelo bordo 
antimesentérico, que é a borda livre do intestino que fica oposta ao mesentério (o 
tecido que o liga ao dorso do abdômen). A abertura nesta área permite uma 
visualização direta do interior do órgão. 
 
Intestino grosso 
O intestino grosso, também conhecido como cólon, é a última parte do sistema 
digestivo, estendendo-se do intestino delgado ao ânus. Sua principal função é a 
reabsorção de água e sais minerais, além de armazenar as fezes até que sejam 
eliminadas. Na necropsia, o intestino grosso é aberto a partir do cólon sigmoide (a 
última parte do cólon, antes do reto) seguindo uma das tênias, que são as faixas 
musculares longitudinais encontradas na superfície do cólon. A abertura nesta área 
permite que o interior do intestino grosso seja examinado em detalhes. 
 
Rins 
Os rins são desencapsulados e cortados do córtex para a medula, passando pelo 
hilo. Caso seja necessária a análise dos ureteres em um dos blocos e quando deseja-
se examinar os ureteres, o procedimento recomendado é remover o máximo de 
gordura perirrenal e, após o corte do rim, acessar a cavidade pelvicalicial, que é aberta 
com uma tesoura, direcionando o corte para o ureter, que é aberto até a bexiga. 
 
 
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Bexiga 
A bexiga é um órgão oco em forma de balão, localizado na pelve, cuja principal 
função é armazenar a urina produzida pelos rins. A urina flui dos rins para a bexiga 
através de tubos chamados ureteres. 
Durante uma necropsia, o exame da bexiga pode fornecer informações 
importantes sobre possíveis patologias. O primeiro passo é examinar o órgão 
enquanto ele ainda está no lugar (in situ), observando seu tamanho, forma, posição, 
coloração e qualquer evidência de lesão ou doença. O colo vesical, onde a bexiga se 
conecta à uretra, e as inserções dos ureteres, onde estes tubos entram na bexiga, 
também são áreas de particular interesse. 
A abertura da bexiga permite examinar seu interior. Isso pode ser feito através 
do colo vesical ou das inserções dos ureteres. A decisão de qual método utilizar 
geralmente depende do que o patologista está tentando encontrar. A abertura através 
do colo vesical permite um acesso mais direto ao interior da bexiga, enquanto que a 
abertura através das inserções dos ureteres pode ser mais útil se houver suspeita de 
problemas nos próprios ureteres. 
Depois que a bexiga é aberta, seu interior é examinado. O patologista pode 
procurar por coágulos de sangue, pedras na bexiga, tumores, inflamação ou qualquer 
outra anormalidade. O revestimento da bexiga também pode ser cuidadosamente 
examinado em busca de alterações na cor ou na textura que possam sugerir uma 
doença. 
 
Útero 
O útero pode ser aberto com uma tesoura através do colo uterino em direção às 
trompas (abertura em "Y") ou pode ser cortado em fatias paralelas de cerca de 5 mm 
cada, no plano sagital, sendo o primeiro corte mediano, passando pela cavidade 
endometrial e pelo canal endocervical. Para facilitar o exame da luz dessas estruturas, 
o colo uterino pode ser amputado antes dos cortes. 
 
Coleta de Material 
Além do exame macroscópico realizado durante a autópsia, oexame 
microscópico histopatológico desempenha um papel fundamental na 
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complementação e confirmação dos achados. Após a dissecção e análise 
macroscópica dos órgãos, são selecionados fragmentos para coleta e fixação em 
formol, a fim de possibilitar a análise microscópica posterior. 
Para uma fixação adequada, os fragmentos de vísceras sólidas são cortados em 
fatias finas, com espessura de 2 a 4 mm. As vísceras ocas, por sua vez, são fixadas após 
serem abertas e esvaziadas de seus conteúdos. 
Durante a coleta de material, amostras de todos os órgãos são obtidas, 
independentemente de apresentarem ou não alterações macroscópicas. Em uma 
autópsia completa, o exame microscópico abrange uma variedade de órgãos e 
estruturas, incluindo o cérebro (córtex frontal, parietal, núcleo caudado, putâmen e 
globo pálido, cápsula interna, ínsula, hipocampo), cerebelo (vermis, núcleos 
cerebelares, hemisfério), tronco cerebral (mesencéfalo, ponte e bulbo), timo, glândulas 
salivares submandibulares, coração, pulmões, fígado, vesícula biliar, pâncreas, baço, 
rins, tireoide, adrenais, hipófise, segmentos jejunoileais e do cólon e reto, gônadas e 
anexos, próstata, útero e medula óssea, entre outros. 
O exame microscópico dessas amostras é essencial para a identificação e 
caracterização de alterações celulares e teciduais, proporcionando um diagnóstico 
mais preciso das doenças e condições patológicas presentes. Ele fornece informações 
detalhadas sobre a estrutura e função dos órgãos, permitindo a identificação de 
patologias sutis que podem passar despercebidas no exame macroscópico. 
Dessa forma, a coleta e análise microscópica dos fragmentos é uma etapa crucial 
na autópsia, contribuindo para um diagnóstico completo e preciso, e fornecendo 
dados fundamentais para o entendimento das doenças e para a pesquisa médica. 
 
Liberação do Corpo e Clivagem 
Após a conclusão do exame macroscópico, as incisões feitas durante a autópsia 
são cuidadosamente fechadas com linha de algodão e o corpo é submetido a uma 
lavagem adequada. Em seguida, o corpo é liberado para o sepultamento de acordo 
com os procedimentos estabelecidos. É importante ressaltar que as vísceras 
examinadas devem ser recolocadas em suas respectivas cavidades. No entanto, em 
casos excepcionais, algumas vísceras podem ser retidas para um estudo posterior mais 
detalhado, visando aprofundar a análise de determinadas condições patológicas. 
Nessas situações, as cavidades são preenchidas com algodão hidrofóbico, garantindo 
a integridade das estruturas e a preservação adequada dos órgãos removidos. 
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Após um período de fixação, geralmente de um ou dois dias, os fragmentos 
selecionados durante a autópsia podem ser clivados em segmentos menores para o 
processamento histológico de rotina. Essa etapa envolve o corte dos fragmentos em 
tamanhos adequados, permitindo a obtenção de lâminas finas para a realização do 
exame microscópico. Os segmentos clivados são processados em diferentes soluções 
químicas, incluindo a desidratação, clarificação, impregnação e inclusão em parafina. 
Esses passos são essenciais para preparar o material para a confecção das lâminas 
histológicas. 
É importante destacar que o material que não é incluído nesse processo de 
clivagem constitui a reserva do material de autópsia. Essa reserva é mantida em frascos 
de vidro tampados, com capacidade para 300 a 500ml, por tempo indeterminado ou, 
no mínimo, por um período de 3 meses após a emissão do laudo de autópsia 
definitivo. Essa preservação adequada é fundamental para garantir a disponibilidade 
do material caso seja necessário realizar estudos complementares posteriormente, 
como análises adicionais, investigações científicas ou revisões diagnósticas. 
A correta clivagem e preservação do material coletado durante a autópsia 
asseguram a disponibilidade de amostras histológicas de qualidade, contribuindo 
para a continuidade dos estudos e pesquisas médicas, bem como para a revisão de 
casos e aprimoramento dos diagnósticos em saúde. 
 
3.3 Relatório de Autópsia 
Após a realização da autópsia, de acordo com os procedimentos operacionais 
estabelecidos, será elaborado um laudo macroscópico que conterá informações 
cruciais sobre o caso. Esse laudo é composto por três partes principais: 
1) Identificação do corpo: São registrados os dados pessoais do 
falecido, como nome, idade, sexo, raça (cor), naturalidade, nacionalidade, 
data de nascimento, profissão, hospital de origem, número do prontuário, 
data da internação, data e hora do óbito, e a data da realização da 
autópsia. 
2) Descrição dos achados: Nessa seção, são detalhados os achados 
observados durante a ectoscopia (exame externo) e a análise 
macroscópica das cavidades torácica, abdominal e craniana. Além disso, 
são descritos os aspectos das vísceras ocas e sólidas, bem como outras 
estruturas relevantes, como vasos, nervos, músculos, ossos, medula óssea 
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e medula espinhal. São anotados os pesos e/ou medidas necessários de 
órgãos como glândulas salivares submandibulares, gânglios linfáticos, 
tireoide, pulmões, coração, fígado, baço, pâncreas, supra-renais, rins, 
útero e anexos ou próstata e testículos, encéfalo e hipófise, entre outros. 
Essa descrição segue o mesmo padrão já mencionado anteriormente. 
3) Conclusão: Essa seção engloba a causa da morte, o(s) 
diagnóstico(s) principal(is) e os diagnósticos anatômicos secundários. O 
médico patologista responsável pela autópsia assina o laudo, fornecendo 
sua avaliação profissional. Um resumo dos dados de identificação e dos 
achados é transcrito no Livro de Registro de Autópsias mantido pelo 
serviço. Além disso, é emitida a declaração de óbito pelo médico 
patologista responsável. 
 
As alterações microscópicas observadas nos fragmentos dos órgãos coletados 
durante o exame macroscópico são relatadas e arquivadas juntamente com o laudo 
macroscópico. Após a análise microscópica, um laudo completo é emitido, fornecendo 
informações adicionais importantes, que incluem: 
• Causa da Morte: A causa da morte é subdividida em causa 
imediata e causa(s) mediata(s). Esses subitens são escritos em ordem 
fisiopatológica, do imediato para o mediato, descrevendo a sequência de 
eventos que levaram ao óbito. 
• Diagnóstico(s) Principal(is): Essa(s) doença(s) desencadeou(aram) 
a série de eventos fisiopatológicos e/ou anatomopatológicos que 
resultaram na morte. 
• Diagnósticos Secundários: São alterações verificadas que, embora 
não tenham contribuído diretamente para a morte, estão relacionadas 
fisiopatologicamente com a doença principal. 
• Outros Diagnósticos: São alterações verificadas que não têm 
correlação fisiopatológica com a doença principal (Diagnóstico Principal). 
 
É importante destacar que o laudo final é embasado não apenas nos achados de 
autópsia, mas também nas correlações com as informações clínicas contidas no 
prontuário médico e nos resultados de exames complementares, realizados antes ou 
após o procedimento. O laudo final com os diagnósticos conclusivos é liberado e 
inserido no prontuário do paciente, permanecendo também disponível nos arquivos 
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do Serviço de Anatomia Patológica. Além disso, é fornecida uma cópia do laudo ao 
familiar responsável que autorizou o procedimento, garantindo a transparência e a 
comunicação dos resultados. 
 
Procedimento para Cadáveres Não Identificados 
A condução de uma autópsia em cadáveres não identificados é um procedimento 
meticuloso e requer uma série de passos precisos para garantir que todas as 
informações necessárias sejam coletadas de maneira adequada. Inicialmente,a Seção 
de Apoio às Perícias Médico-Legais (SAPML) realiza uma documentação fotográfica 
padrão para desaparecidos. Esta documentação é essencial para estabelecer um 
registro visual do estado atual do cadáver, o que pode ser crucial para identificação 
posterior ou para comparação com registros de pessoas desaparecidas. 
Em seguida, o perito médico-legista deve produzir uma declaração detalhada 
que inclua, se possível, a altura ou outra medida do corpo, cor da pele, sinais 
aparentes, idade estimada, vestuário e qualquer outra característica que possa facilitar 
o reconhecimento futuro do cadáver. O objetivo dessa declaração é criar um perfil tão 
completo quanto possível do cadáver, para que possa ser usado para ajudar em 
esforços de identificação. 
O próximo passo é a coleta de material genético pelo perito médico-legista. Este 
material, que pode ser cartilagem ou swabs contendo sangue, deve ser devidamente 
preservado para análise de DNA. A análise de DNA pode ser uma ferramenta 
extremamente útil para a identificação de corpos não identificados, especialmente 
quando outros métodos de identificação falharam ou não estão disponíveis. 
Finalmente, a equipe do Instituto de Identificação deve realizar a coleta 
necropapiloscópica. Essa técnica envolve a coleta de impressões das pontas dos dedos 
do cadáver, que podem ser usadas para identificação. Assim como a análise de DNA, 
a necropapiloscopia pode ser uma ferramenta valiosa na identificação de cadáveres 
não identificados, e o seu uso é um aspecto padrão da rotina de autópsia. 
No geral, a execução de uma autópsia em cadáveres não identificados é um 
processo complexo que exige atenção aos detalhes e uma abordagem sistemática 
para garantir que todas as informações necessárias sejam coletadas de forma eficaz. 
Prosseguindo com o tema, a realização da autópsia em cadáveres não 
identificados, é importante destacar que, além dos procedimentos mencionados, 
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vários outros fatores são levados em consideração. De fato, o procedimento de 
autópsia vai além da simples determinação da causa da morte, funcionando como um 
meio para identificar quem era a pessoa e o que aconteceu antes de sua morte. 
A análise detalhada das roupas e de itens pessoais, quando disponíveis, também 
pode fornecer pistas valiosas. Estes podem revelar informações sobre o estilo de vida 
da pessoa, sua origem socioeconômica, ou mesmo ajudar a rastrear seus movimentos 
finais. 
Além disso, a coleta e análise de amostras de tecidos e fluidos do corpo durante 
a autópsia também podem revelar informações importantes. Por exemplo, a análise 
toxicológica pode indicar a presença de drogas ou venenos no sistema do falecido, 
que pode auxiliar tanto na identificação quanto na determinação da causa da morte. 
Exames dentários também são uma ferramenta valiosa. Dentistas forenses 
podem comparar registros dentários com os dentes do cadáver para ajudar na 
identificação. Mesmo na ausência de registros dentários para comparação, o estado 
dos dentes do cadáver pode fornecer pistas sobre sua idade, dieta e cuidados com a 
saúde. 
Além disso, a análise esquelética pode ajudar a identificar o sexo, a idade 
aproximada, a estatura e até mesmo a etnia da pessoa. A análise esquelética também 
pode revelar sinais de doenças ou lesões antigas que podem ajudar na identificação. 
Todas essas técnicas e procedimentos são realizados de forma meticulosa e 
sistematizada, assegurando que todas as evidências sejam coletadas e analisadas 
apropriadamente. Esta abordagem abrangente ajuda a aumentar as chances de 
identificar corretamente o cadáver e determinar a causa da morte, que são os 
principais objetivos de uma autópsia em cadáveres não identificados. 
 
3.4 Exames Complementares 
Os exames complementares desempenham um papel fundamental na medicina 
moderna, proporcionando informações valiosas para os profissionais de saúde. Esses 
exames abrangem uma ampla variedade de técnicas e procedimentos, desde testes 
laboratoriais até exames de imagem e genéticos, e são essenciais para a avaliação 
diagnóstica, prognóstica e terapêutica dos pacientes. 
Os testes laboratoriais são frequentemente realizados, envolvendo a análise de 
amostras de sangue, urina, fezes e tecidos, permitindo a identificação de marcadores 
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biológicos que indicam a presença de doenças, infecções, distúrbios metabólicos, 
desequilíbrios hormonais e anormalidades genéticas. Esses exames fornecem dados 
objetivos e quantitativos que auxiliam no diagnóstico e no monitoramento da 
resposta ao tratamento. 
Além dos exames laboratoriais, os métodos de imagem, como tomografias 
computadorizadas, ressonâncias magnéticas, ultrassonografias e radiografias, 
desempenham um papel crucial na obtenção de imagens detalhadas das estruturas 
internas do corpo. Esses exames permitem visualizar órgãos, tecidos, ossos e 
articulações, facilitando a detecção de anomalias, lesões, tumores e alterações 
estruturais. Através dessas técnicas, os médicos podem obter informações precisas 
sobre a localização, extensão e gravidade de condições médicas, orientando assim o 
diagnóstico e o planejamento do tratamento. 
Os avanços na área da genética também abriram caminho para os exames 
genéticos, que analisam o material genético de um indivíduo em busca de mutações, 
variantes genéticas associadas a doenças e predisposições genéticas. Esses exames 
têm uma aplicação cada vez mais relevante no diagnóstico de doenças hereditárias, 
no aconselhamento genético e na personalização do tratamento com base no perfil 
genético de cada paciente. 
Os exames complementares desempenham um papel crucial na monitorização 
da progressão de doenças crônicas. Através de exames regulares, os médicos podem 
avaliar a eficácia do tratamento, ajustar as terapias e tomar decisões informadas para 
melhorar a qualidade de vida do paciente. Esses exames permitem o 
acompanhamento de parâmetros específicos, como níveis de glicose no sangue, 
pressão arterial, marcadores tumorais, entre outros, fornecendo dados importantes 
para o gerenciamento de condições crônicas. 
É importante ressaltar que a solicitação e a interpretação dos exames 
complementares devem ser realizadas de forma criteriosa, levando em consideração 
a história clínica, os sintomas do paciente e as diretrizes clínicas. Os médicos devem 
avaliar os riscos e benefícios de cada exame, evitando solicitações desnecessárias que 
possam expor o paciente a procedimentos invasivos ou radiação excessiva. 
Os resultados dos exames complementares devem ser interpretados em 
conjunto com outros dados clínicos, como o histórico médico do paciente, exame 
físico e avaliação geral, para obter uma compreensão abrangente do quadro clínico. 
A integração dessas informações é fundamental para a tomada de decisões clínicas 
adequadas e individualizadas. 
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Em suma, os exames complementares são ferramentas essenciais na prática 
médica atual, fornecendo informações precisas e objetivas que contribuem para o 
diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes. Quando utilizados de 
forma racional e interpretados corretamente, esses exames desempenham um papel 
fundamental na melhoria dos cuidados de saúde, permitindo uma abordagem mais 
precisa e eficaz às condições médicas. 
 
Coleta de DNA em Cadáveres 
O procedimento de autópsia em cadáveres não identificados possui um objetivo 
duplo: a identificação do cadáver e a coleta de material que servirá como referência 
na investigação forense. Durante a realização desses procedimentos, é imperativo que 
sejam tomadas medidas adequadas de precaução e segurança, como a utilização de 
luvas descartáveis, máscaras e instrumentos devidamente

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