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Biologia - Livro 1-0063

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A formação do mesoderma foi um passo fundamental na evolução dos animais. O mesoderma origina várias estruturas,
como coração, rins, gônadas e músculos. Seu surgimento tornou possível um aumento de complexidade dos animais.
O surgimento do celoma também significou outra importante aquisição evolutiva. Em alguns animais, como os anelí-
deos, o líquido do celoma contribui para o transporte de diversos materiais, como nutrientes, gases e excretas. Além disso,
o celoma diminui o atrito entre os órgãos; a cavidade pericárdia e a cavidade pleural possibilitam que ocorram aumento
e diminuição do volume do coração e dos pulmões, respectivamente, sem que aconteçam lesões nessas estruturas ou
em órgãos próximos a eles (Fig. 14).
Fig. 12 Detalhes da cavidade pleural e pericárdica. O ser humano apresenta cavidades celomáticas remanescentes: pulmões e coração são envoltos por
uma bolsa de origem celomática.
Cavidade
pleural
Cavidade pericárdica
Diafragma
Cavidades abdominal
e pélvica
Corte
Vértebra
Medula espinal
Cavidade
pleural
Cavidade
pericárdica
Pleura
PulmãoPulmão
Coração
Pericárdio
Bolsa
mesodérmica
em formação
Arquêntero Endoderma
Ectoderma
Placa
neural
Bolsa
mesodérmica Celoma
Tubo
neural Notocorda
Arquêntero
Nêurula
Mesoderma
paraxial
Esplancnopleura Mesoderma
ventralSomatopleura
Mesoderma
intermediário
Fig. 18 Etapas para a formação da nêurula, fase em que o celoma, o tubo neural e a notocorda se desenvolvem.
BIOLOGIA Capítulo 4 Embriologia250
Organogênese
A partir da nêurula, os folhetos embrionários (ectoderma, endoderma e mesoderma) dão origem aos órgãos e aos
sistemas do indivíduo, sendo cada tecido responsável pela formação de determinados órgãos (Fig. 15).
Coração
Celoma
Celoma
Boca
Encéfalo
Medula espinal
Notocorda
Vértebras
Pulmão
Pleura
Pericárdio
Tubo digestório
Rim
Gônada
Fígado Bexiga
Ânus
DermeEpiderme
Ectoderma
Endoderma
Mesoderma Epiderme e anexos
(pelos, unhas e
glândulas)
Revestimento do
tubo digestório
Coração, sangue
e vasos sanguíneos
Revestimento da
boca, da cavidade
nasal e do ânus
Revestimento de
pulmões, brônquios
e traqueia
Músculos
esqueléticos e lisos
Esmalte dentário Fígado e pâncreas
Ossos e cartilagens
(esqueleto)
Sistema nervoso
(encéfalo, medula,
nervos)
Revestimento da
bexiga urinária
Derme
Rins e ureteres
Testículos e ovários
Ectoderma Endoderma Mesoderma
Pâncreas
–
– –
–
Fig. 13 Esquema representativo de vertebrado hipotético e quadro com descrição das estruturas formadas a partir de três folhetos embrionários.
• Ectoderma: é o envoltório do embrião e origina a
epiderme e o tubo neural. Nos vertebrados, o tubo
neural origina o sistema nervoso, compreendendo
os nervos e o sistema nervoso central (encéfalo e
medula espinal). A epiderme dos vertebrados forma
diversos anexos, como unhas, pelos, penas e algu-
mas glândulas (sudoríferas, mamárias e sebáceas).
• O ectoderma também forma o revestimento do ânus e
da boca, incluindo o esmalte dos dentes. Além disso,
o cristalino (lente) do olho e os receptores sensoriais
são derivados do ectoderma.
• Endoderma: corresponde ao folheto que delimita o
arquêntero. Origina o revestimento interno do tubo
digestório (exceto boca e ânus). Forma evaginações,
que formam o revestimento interno do sistema respi-
ratório. Outras evaginações originam o revestimento
da bexiga urinária, o fígado e o pâncreas.
• Mesoderma: é o folheto localizado entre o ectoderma
e o endoderma. Origina a notocorda. Nos vertebra-
dos, essa estrutura é posteriormente substituída pela
coluna vertebral. O mesoderma forma também as se-
guintes estruturas: sistema esquelético, musculatura
esquelética, coração, vasos sanguíneos, sangue,
rins, ureteres, gônadas (testículos e ovários), derme
(constituída por tecido conjuntivo), musculatura lisa
(como a que movimenta o tubo digestório) e a denti-
na (abaixo do esmalte dentário).
Classificação embrionária dos
animais
A embriologia constitui uma ferramenta fundamental nos
estudos de evolução e classificação dos animais. Os princi-
pais grupos animais serão discutidos detalhadamente nos
próximos capítulos, e sua classificação baseada em critérios
embriológicos certamente facilitará bastante essa tarefa.
O primeiro passo é considerar a existência de uma
cavidade digestória verdadeira. Os poríferos não pos-
suem essa cavidade e são denominados parazoários; os
demais grupos animais têm cavidade digestória e recebem
a denominação de enterozoários. Para muitos autores, os
enterozoários apresentam tecidos verdadeiros, mas os pa-
razoários não os possuem.
Entre os enterozoários, distinguem-se dois grupos:
diblásticos e triblásticos. Os diblásticos possuem dois fo-
lhetos germinativos (ectoderma e endoderma) – é o caso
dos cnidários. Os triblásticos têm três folhetos germinativos
(ectoderma, endoderma e mesoderma) e incluem platel-
mintos, nematelmintos, anelídeos, artrópodes, moluscos,
equinodermos e cordados (Fig. 16).
Sem cavidade
digestória
(poríferos)
Com cavidade
digestória
Diblásticos
(cnidários)
Com ectoderma
e endoderma
Com ectoderma,
endoderma e
mesoderma
Triblásticos
Enterozoários
Parazoários
H2O
Cavidade
digestória
Ectoderma
Endoderma
Fig. 14 Esquema informativo com a classificação dos animais quanto à cavidade
digestória, salientando exemplos de alguns grupos.
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Os triblásticos são divididos em três grupos: acelomados, pseudocelomados e celomados. Acelomados têm me-
soderma sem cavidade e correspondem aos platelmintos. Pseudocelomados, como os namatelmiltos, apresentam uma
cavidade corporal denominada pseudoceloma, delimitada por mesoderma e endoderma. Os celomados são os que apre-
sentam celoma (totalmente delimitado por mesoderma) e compreendem anelídeos, artrópodes, moluscos, equinodermos
e cordados (Fig. 17).
Ectoderma
Mesoderma
Endoderma
Cavidade
digestória
Acelomados Celomados
Celoma
Ex.: Anelídeos
Artrópodes
Moluscos
Equinodermos
Cordados
Pseudocelomados
Ex.: Platelmintos Ex.: Nematelmintos
Ectoderma
Mesoderma
Pseudoceloma
Endoderma
Tubo
digestório
Tubo
digestório
Fig. 15 Classificação dos animais quanto aos folhetos embrionários e ao celoma.
Nas classificações embriológicas mais modernas, os triblásticos são divididos em dois grupos: os protostômios e
os deuterostômios. Protostômios são aqueles cujo blastóporo origina a boca – compreendem anelídeos, artrópodes
e moluscos. Nos deuterostômios, o blastóporo origina o ânus – são os equinodermos e os cordados (Fig. 18). Todas as
classificações, com seus respectivos filos, podem ser observadas na figura 19.
Atenção
OriginaOrigina
Blastóporo
Protostômios
Anelídeos
Artrópodes
Moluscos
Deuterostômios
Equinodermos
Cordados
Ectoderma
Arquêntero
Endoderma
Ânus
Gástrula
Fig. 16 Classificação dos animais quanto ao desenvolvimento do blastóporo.
Animais
Parazoários
Poríferos Cnidários Platelmintos Nematelmintos Anelídeos
Artrópodes
Moluscos
Equinodermos
Cordados
Triblásticos
Acelomados Pseudocelomados
Enterozoários
Protostômios Deuterostômios
Diblásticos
Celomados
Fig. 17 Diagrama com a classificação embriológica dos animais.
BIOLOGIA Capítulo 4 Embriologia252
1 Qual nome se dá ao processo envolvendo mitoses que se segue à formação do zigoto?
2 Quais são os critérios utilizados na classificação dos ovos?
3 Caracterize ovos oligolécitos. Indique seus sinônimos.
4 O que são ovos mediolécitos? Cite seus sinônimos.
5 O que são ovos megalécitos? Em que grupos de animais são encontrados?
6 Caracterize ovos centrolécitos.
7 Quais são os tipos de ovo que apresentam segmentação total? Em que ovos há segmentação parcial?
8 A segmentação igual é comum em que tipo de ovo?
9 A segmentação desigual é típica de qual tipo de ovo?
10 Por que a segmentação dos ovos megalécitos é conhecida como discoidal?
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