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7 CAPÍTULO Introdução à óptica geométrica Quando um corpo se coloca entre uma fonte extensa de luz e um outro corpo, sua sombra é projetada nesse outro corpo, em regiões com ausência de luz e regiões par- cialmente iluminadas (penumbra). Quando a Lua intercepta o cone de sombra da Terra, em uma situação em que o Sol, a Terra e a Lua estão exatamente alinhados, ela é par- cialmente obscurecida, em regiões de sombra e penumbra, fenômeno conhecido como eclipse lunar. Durante a trajetória da Lua pelo cone de sombra da Terra, em sua órbita ao redor do planeta, pode-se observar o obscurecimento progressivo do astro. FRENTE 3 A s tr o S ta r/ S h u tt e rs to c k .c o m FÍSICA Capítulo 7 Introdução à óptica geométrica250 Introdução Para o estudo da óptica geométrica, que é o estudo macroscópico da luz, deve-se conhecer os conceitos geo- métricos básicos que se relacionam com a propagação, a reflexão e a refração da luz em superfícies ópticas. Além do estudo da natureza da luz. Ondas eletromagnéticas Inicialmente, é necessário que se compreenda o conceito de energia. Como você já estudou em capítulos anteriores, a energia pode apresentar-se sob diferentes formas: energia mecânica, energia térmica, energia elétrica, energia química, energia radiante etc. O transporte de energia entre dois pontos de um sis- tema se dá por meio de ondas longitudinais e transversais. Assim, por exemplo, a energia mecânica de uma pedra que atinge a água de um lago é transmitida por toda a superfície desse lago pelas ondas. No estudo da óptica geométrica, o que nos interessa é um tipo específico de transporte de energia, aquele feito pelas chamadas ondas eletromagnéticas, cujos exemplos mais conhecidos são: ondas de rádio, micro-ondas, raios X, radiações infravermelha, visível e ultravioleta. Espectro eletromagnético A diferença entre as ondas eletromagnéticas está nas diferentes frequências (f ) com que essas ondas vibram. Assim, ao conjunto de todas as frequências das ondas eletromagnéticas damos o nome de espectro eletromagnético. Região do espectro Frequência (Hz) Comprimento de onda (cm) Rádio Micro-ondas Infravermelho Visível Ultravioleta Raios X Raios gama Tab. 1 Espectro de radiação eletromagnética. Rádio InfravermelhoMicro-ondas Radiação Escala aproximada (cm) homem abelha bactéria molécula núcleo atômico átomo Visível Ultravioleta Raios X Raios gama 10 3 10 -2 10 -4 10 -6 10 -8 10 -10 10 -12 prédio Fig. 1 Espectro eletromagnético. Passaremos a estudar agora um tipo especial de onda eletromagnética: a luz. Luz É a energia que se propaga através de ondas eletro- magnéticas cujas frequências sensibilizam nossos olhos. As frequências dentro da faixa visível do espectro ele- tromagnético correspondem às diferentes cores com que observamos a luz. Observe, na figura 2, as diferentes cores dentro do espectro visível. 11 – Infravermelho 2 – Vermelho 3 – Alaranjado 4 – Amarelo 5 – Verde 6 – Azul 7 – Anil 8 – Violeta 9 – Ultravioleta 2 3 4 5 6 8 7 9 Fig. 2 Decomposição da luz branca e o espectro visível. A luz de cor violeta corresponde à maior frequência, e a luz de cor vermelha corresponde à menor frequência. Cor Frequência média (Hz) Comprimento de onda médio (nm) Tab. 2 Espectro visível. À luz de uma única frequência dá-se o nome de luz mono- cromática. Entretanto, podemos obter luzes de outras co- res, combinando luzes de diferentes frequências; a essa combinação damos o nome de luz policromática. Saiba mais Uma experiência clássica que comprova que a luz branca é policro- mática é o “Disco de Newton”. Para reproduzir a experiência, recorte um disco de papelão e cole sobre ele um disco de papel com setores pintados com as cores do espectro visível. Faça esse disco girar sob uma forte luz branca, inserindo em seu centro um palito ou lápis. Se a proporção das cores estiver correta, o disco ficará branco ao girar; na maioria das vezes, o disco ficará cinza. Será necessário experimentar vários conjuntos de setores coloridos até chegar ao branco. Conjuntos de setores com menos cores podem resultar em branco ou em outras cores. Faça vários discos com pares ou trios de cores diferentes e observe a cor resultante ao girá-lo rapidamente sob luz branca. F R E N T E 3 251 Fig. 3 Disco de Newton. Velocidade da luz Antigamente, pensava-se que a luz tinha velocidade infinita, isto é, que ela podia percorrer qualquer distância, por maior que fosse, sem gastar nenhum tempo para isso. Talvez o primeiro a tentar medir a velocidade da luz tenha sido Galileu. Tentou, mas com os meios que dispunha, não conseguiu, porque a luz é rápida demais. No tempo em que você leva para piscar os olhos, ela já foi de Manaus a Porto Alegre. Hoje todo mundo sabe que a velocidade da luz é de, aproximadamente, 300 000 km/s. Como usual, vamos representá-la pela letra c. Atualmente, o valor mais preciso, medido pelo Bureau de Padrões americano, é c = 299 792,4586 km/s. vAtenção Todas as ondas eletromagnéticas possuem a mesma velocidade quando estão se propagando no vácuo. Essa velocidade corresponde à máxima velocidade admitida. Consideramos seu valor igual a: c = 300 000 000 m/s⇒ c = 3,0 · 108 m/s ou c = 1 080 000 000 km/h⇒ c = 10,8 · 108 km/h Nos meios materiais (sólidos, líquidos ou gasosos), a velocidade v das ondas eletromagnéticas é sempre menor do que c e terá valores diferentes para as diferentes frequências. Logo, nos meios materiais: v < c Óptica geométrica Para iniciarmos o estudo de óptica geométrica, que é a parte da Física que estuda os fenômenos luminosos em sistemas ópticos, tais como associações de espelhos, lentes, prismas, lâminas etc., passaremos a apresentar os conceitos de fonte de luz, raio de luz, pincel de luz e meio de propagação. Fonte de luz Para enxergarmos um objeto qualquer, é necessário que a luz proveniente dele atinja nossos olhos. Esse objeto é uma fonte de luz. Fonte primária de luz É aquela que produz a luz que emite. As estrelas e, em particular, o Sol, são exemplos de fonte primária, pois a luz emitida é produzida por reações nucleares que ocorrem em seu interior. Outros exemplos são: y ferro incandescente. y vela acesa. y lâmpada ligada. Fonte secundária de luz É aquela que não produz a luz que emite, mas a re- transmite. A Lua é um exemplo de fonte secundária, pois ela ape- nas reflete a luz solar. Outros exemplos são: y quadro-negro. y páginas de livro. Raio de luz É uma linha orientada que tem origem na fonte de luz e é perpendicular às frentes de luz, superfícies limite entre a região já atingida por uma onda luminosa e a região ainda não atingida. Os raios de luz representam a direção e o sentido da propagação da luz. Os raios de luz provenientes de um mesmo ponto com uma pequena abertura constituem um pincel de luz, que pode ser: y divergente y convergente y cilíndrico ou paralelo Feixe paralelo Feixe convergenteFeixe divergente Fig. 4 Feixes de luz. Meios de propagação Quanto à propagação da luz, os meios são classifica- dos em: y Transparente: permite, através de si, a visualização nítida dos objetos, pois neles a luz se propaga em trajetórias definidas e praticamente sem perda de in- tensidade. Exemplos: vácuo, ar, vidro liso comum, fina camada de água etc. FÍSICA Capítulo 7 Introdução à óptica geométrica252 y Translúcido: permite a visualização dos objetos, mas não nitidamente. Nesse meio, as trajetórias da luz não são definidas, assumindo formas imprevisíveis, e há considerável perda de intensidade luminosa. Exem- plos: vidro fosco, papel vegetal, neblina etc. y Opaco: não permite a propagação da luz. Exemplos: madeira, metal, tijolo, papelão grosso etc. Meio translúcidoMeio transparente Meio opaco Fig. 5 Meios de propagação. Princípios da óptica geométrica A óptica geométrica, como toda a Física, é baseada em princípios. São eles: Princípio da propagação retilínea da luz Nos meios transparentes e homogêneos, a luz se propaga em linha reta. Observação: Um meio é homogêneoquando todas as porções dele pos- suem as mesmas propriedades, tais como composição química, densidade, temperatura etc. Constatamos a validade desse princípio observando, por exemplo, a trajetória retilínea da luz que penetra em uma sala através de uma fresta da janela. Nesse caso, o ar contido na sala é transparente e homogêneo. Princípio da independência dos raios de luz As trajetórias dos raios de luz são independentes entre si. Assim, se dois raios de luz, A e B, interceptam-se, eles prosseguirão em suas próprias trajetórias. Podemos verificar o princípio da independência quan- do observamos pessoas iluminadas individualmente por holofotes. Princípio da reversibilidade dos raios de luz A trajetória de um raio de luz independe de seu sentido. Se um raio de luz parte de um ponto A para atingir um ponto B, seguindo uma determinada trajetória, então, para partir de B e atingir A, deverá seguir a mesma trajetória. Com base nesse princípio, podemos afirmar que, se estamos enxergando os olhos de uma pessoa através de um espelho, essa pessoa tem a mesma possibilidade de nos enxergar através dele. Aplicações dos princípios da óptica Sombra Em óptica, denomina-se sombra uma região desprovida de raios de luz, produzida pela interposição de um corpo opaco entre uma fonte de luz e um anteparo. A sombra é consequência da propagação retilínea da luz. A figura a seguir representa uma fonte puntiforme de luz FP, um corpo opaco O e um anteparo A. Observação: Fonte puntiforme é uma fonte que possui dimensões desprezíveis em relação às demais dimensões envolvidas no estudo, como a distância percorrida pela luz no experimento ou as dimensões do corpo opaco. Cone de sombra P O A Fig. 6 Sombra projetada. Observe a formação da sombra do corpo opaco O no anteparo A. A sombra é uma região com ausência de raios de luz. O princípio da propagação retilínea da luz é compro- vado pelo fato de a sombra projetada ter a mesma forma do corpo opaco. Assim, se o corpo opaco O é circular, a sua sombra projetada no anteparo A também será circular. Para obtermos geometricamente a sombra projetada, basta traçarmos raios de luz que tangenciem a periferia do corpo opaco O, partindo da fonte de luz FP até o an- teparo A. Sombra e penumbra Para uma fonte não pontual, ou extensa, além da som- bra do corpo opaco, observa-se uma região de contorno parcialmente atingida por raios de luz. Na figura a seguir, em vez da fonte puntiforme de luz FP, considere uma fonte extensa de luz FE. F E O Sombra projetadaCone de penumbra Cone de sombra Fig. 7 Penumbra e sombra projetadas.
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