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30 CAPÍTULO This is thought to be important Imagine que, em um sábado à noite, você e seus amigos estão estudando juntos. Como já é tarde, vocês decidem dar uma pausa e pedir uma pizza. Navegando na inter- net, você vê o anúncio “A melhor pizza da cidade” e escolhe tal pizzaria. Depois, quando a pizza se revela bastante ruim e todos o culpam pela escolha, você se justifica: “Mas eles diziam ser a melhor pizzaria da cidade!”. A estrutura destacada ("diziam ser") apresenta uma forma de distanciamento em rela- ção à afirmação de que a pizza se dizia a melhor da cidade, mas se revelou horrível. Neste capítulo, estudaremos situações em que devemos relatar nossas impressões sobre algo ou informações recebidas de terceiros. Falaremos, ainda, da linguagem usada em artigos acadêmicos e jornalísticos. FRENTE ÚNICA w av eb re ak m ed ia /S hu tte rs to ck .c om PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) 110 LÍNGUA INGLESA Capítulo 30 This is thought to be important The law of the jungle Em O livro da selva, o autor inglês Rudyard Kipling menciona, a certa altura, a lei da selva, a qual descreveria as obrigações de um lobo com sua matilha. Esse código seria inteiramente descrito no Segundo livro da selva, em um poema também chamado “A lei da selva”. Re pr od uç ão Fig. 1 The bookcover of “The Jungle Book”, written by Rudyard Kipling. De modo geral, a ênfase do poema é a cooperação entre lobos: “For the strength of the pack is the wolf, and the strength of the wolf is the pack” (“A força da matilha é o lobo, e a força do lobo é a matilha”). Assim, segundo Kipling, a lei considerava a solidariedade entre seus pares. G rz eg or z D lu go sz /S hu tte rs to ck .c om Fig. 2 Wolf pack on snowy road in Bialowieza National Park, in Poland, 2019. Curiosamente, porém, a expressão ganhou um outro significado, contrário às intenções do autor: a lei da selva passou a denotar a ideia de cada um por si ou da sobrevivência do mais forte. O artigo a seguir, extraído de uma questão da Universidade Federal de Lavras, do vestibular de 2009, discute esses pontos. Exercícios resolvidos It is curious that generally “the law of the jungle” has come to have an entirely different meaning from the one Kipling suggested. Most people would say that the rule of the jungle is: Kill or be killed. Rugged individualism, aggressiveness, warfare – these have been thought to be the natural tendencies throughout the animal kingdom. Kipling's sentimental verses suggest that, on the contrary, the law of the jungle is not the law of tooth and claw but the very opposite – cooperation. And strangely enough a great deal of modern research in various sciences indicates that Kipling was right. Through many laboratory experiments and observations in the field, we were being shown that we have been close to 100 percent wrong in thinking of animal life as a dog eat-dog existence. The truth seems to be that nature adheres to principles not far removed from those which we associate with the highest ethics: the Golden Rule is sound biology. Incidents of cooperation in animal world are not difficult to find, and they turn up in the most surprising places. Take the case of African elephants, which are notoriously savage and resistant to taming. Hunters in Africa have seen elephants stop beside a wounded comrade and laboriously lift him with their trunks and tusks, when the so called law of self preservation should have made them run to safety. Or consider chimpanzees, traditionally regarded as self centered little creatures. Workers at Yale University’s Yerkes Laboratory of Primate Biology in Florida have seen chimps helping each other carry loads and even passing food to one another through the bars of their cages. These examples and scores of others recorded by scientists in many parts of the world emphasize how strong and deep seated is the urge toward social life and mutual aid throughout animal life. LEVINE, Harold. Comprehensive English. AMSCO School Publications Inc. New York, 1990. 1 Ufla One of the points the author makes in the passage is that A Kipling’s view of animal Kingdom is a result of his own experience. b Kipling’s view of animal Kingdom dehumanizes animals. c Kipling’s view of animal Kingdom was commonly accepted a century ago. d Kipling’s view of the animal Kingdom now has scientific support. Resposta: D. PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) FR EN TE Ú N IC A 111 2 Ufla Which of the sentences below best expresses the essential information in the underlined sentence in the passage? A People used to think that in the animal Kingdom aggressiveness, warfare, and rugged individualism were predominant characteristics. b It has been assumed that the animal Kingdom tend to be bellicose, aggressive and ruggedly individualist. c People somehow believed that the animal Kingdom was aggressive, bellicose, and ruggedly individualist. d Differently from what was thought in the past, it is thought today that the animal Kingdom is predominantly aggressive, bellicose and ruggedly individualist. Resposta: B. Pelo que se pode concluir da pesquisa mencionada no trecho anterior, o significado original da expressão “a lei da selva”, intencionado por Kipling, estaria muito mais perto da verdade do que as ideias que mais tarde foram associadas à frase. Portanto, a resposta para a primeira pergunta, sobre a tese afirmada nessa passagem, é a alternativa d: o autor quer destacar que a visão de Kipling sobre o reino animal agora encontra respaldo científico. Veja, no entanto, as palavras escolhidas pelo autor para relatar os resultados da pesquisa: “a great deal of modern research (…) indicates that”, “the truth seems to be that”. A primeira frase utiliza o verbo indicates (indica), o que mostra uma certa cautela por parte do autor: há apenas indícios de que a posição de Kipling está mais próxima da verdade. A segunda frase reforça essa cautela: a verdade parece ser a de que Kipling estava correto (seems to be). Esse cuidado se deve ao fato de que, muitas vezes, des- cobertas científicas não são conclusivas, mas parciais: por mais evidências que tenhamos sobre uma dada teoria ou hipótese, pode ser que uma futura descoberta a transforme radicalmente. Além disso, dada a complexidade de deter- minadas pesquisas, esse tipo de cautela ao se expressar pode ser uma maneira de o autor demonstrar que não está totalmente seguro de sua interpretação. Há, assim, diversas razões para se adotar uma linguagem mais amena ao relatar os resultados de uma pesquisa científica. Essa postura é frequentemente chamada de hedging. Por outro lado, preste atenção na linguagem deste trecho: “these have been thought to be” (“acredita-se que essas são”). Geralmente, usamos esse tipo de linguagem quando queremos falar não de resultados científicos, mas de certas crenças compartilhadas pelo senso comum, que, não raramente, encontram-se em conflito com a ciência, como no caso do artigo apresentado. Observe que uma estrutura parecida, “It has been assumed that” (“supõe-se que”), figura na resposta b, indicando a alter- nativa correta. A expressão a sobrevivência do mais forte ou a sobrevivência do mais apto é comumente associada à teoria da evolução, de Charles Darwin. No entanto, essa frase não se originou com Darwin, mas sim com Herbert Spencer, em seu livro Os princípios da biologia, de 1864; ela se- ria adotada por Darwin apenas a partir de 1868 e entraria no seu clássico, A origem das espécies, na quinta edição de 1869. A frase simbolizaria o proces- so de seleção natural: dadas as condições adversas de um meio am- biente, apenas os mais aptos, isto é, os mais adaptados a esse meio, consegui- riam sobreviver e se reproduzir.Observe que isso não significa um indi- vidualismo brutal, como geralmente se pensa: muitas vezes, a cooperação é a melhor forma de sobrevivência. Pesqui- se mais sobre evolução em Biologia. Estabelecendo relações © T aw es it | D re am st im e. co m Romantic love versus rational love Vejamos agora uma questão da Universidade Estadual de Londrina, do ano de 2014. Exercício resolvido 3 UEL 2014 Leia o texto a seguir. What is love? What is love? And what causes it? A University professor, Charles Zastrow, offers an interesting answer, particularly to the second question. He argues that there are many kinds of love and that particularly in one kind, which he calls “romantic love” we are strongly influenced not so much by what we actually feel, but by what we tell ourselves about the way we feel. He calls this “self-talk”. For example, say a woman is strongly attracted to a man (it could just as easily happen to a man attracted to a woman). She tells herself things like: “He is all I have ever wanted in a man! He’s warm, kind and affectionate and will understand all my needs”. But when she discovers that he is, like all of us, just an ordinary human being with both strong and weak points, she is bitterly disappointed. Zastrow says that particularly in romantic love, our “self-talk” comes from “intense, unsatisfied desires and frustrations”, and that this kind of “romantic love” often requires distance. “The more forbidden the love, the stronger it becomes. The more the effort necessary to be with each other (traveling long distances) or the greater the frustration (loneliness and sexual needs), the more intense the romance”. He points out that this kind of love often begins to fade and die as soon as the problems and obstacles which separated the two people are removed and a normal relationship begins. He contrasts romantic love with what he calls “rational love.” This is based on such thing as: an accurate, objective idea of the other person’s weakness as well as his or her strengths; the ability to communicate with each other PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) 112 LÍNGUA INGLESA Capítulo 30 This is thought to be important openly and honestly, so that you can deal with problems as they arise; the ability to show affection openly to each other and to give as well as receive; a clear knowledge of your own goals in life; a realistic and rational “self-talk”, so that your feelings are not based on fantasy. This kind of love is far more likely to lead to a lasting satisfying relationship. But it is, as Zastrow and others point out, much more difficult to achieve, and is not as common as romantic love. Disponível em: <www.isabelperez.com/select/whatislove.htm>. Acesso em: 7 jun. 2013. (Adapt.). De acordo com o texto, compare as características do “amor romântico” e do “amor racional”. Segundo o texto, o amor romântico pode ser iden- tificado por meio da presença de conversas da pessoa apaixonada consigo mesma, denominadas de self-talk. Tais conversas são baseadas em desejos não satisfeitos e frus- trações e afirmam à pessoa o que ela está sentindo. Esse tipo de amor geralmente floresce a distância, o que gera uma idealização do outro. É frágil diante dos obstáculos e problemas comuns aos relacionamentos interpessoais. Já o amor racional é baseado na boa comunicação do casal e na habilidade de resolver problemas juntos. Nele, é possível demonstrar afeto abertamente, e os objetivos de vida são conhecidos. Há uma ideia precisa e objetiva sobre as fraquezas e qualidades da pessoa amada. É um tipo de amor que provavelmente leva a um relacionamento duradouro e satisfatório. Note a maneira como o texto introduz as caracteriza- ções de amor romântico e de amor racional. Em ambos os casos, encontramos expressões como points out (enfatiza) e contrasts (contrasta), que chamam a atenção para deter- minados aspectos importantes das descrições. Entendendo a língua A linguagem jornalística costuma usar muitas ex- pressões que suavizam o seu discurso. Como os jornais reportam algo que é muito recente, há muitas suposições nos seus artigos. Veja o exemplo: “Man claims he was robbed by his employer.” Na oração, um homem alega ter sido roubado por seu empregador. Como o jornal está reportando a alegação feita por um homem, seria inapropriado que a redação atribuísse a culpa ao empregador diretamente enquanto não houver uma averiguação policial conclusiva. Quando há dois ou mais pontos de vista sobre o mesmo tema ou quando o que está sendo relatado é uma opinião, o discurso também é suavizado. Observe o exemplo: “Governor argues that subway ticket prices are fair.” Na frase, o governador argumenta que o preço das passagens de metrô é justo. Aqui, o uso do verbo argue deixa claro que essa é a opinião sustentada e argumentada pelo governador, mas que outras pessoas podem ter visões divergentes. É importante atentar-se para a distância que é criada entre o que está sendo dito pelo governador e a opinião do jornal ou do jornalista por meio de uma suavi- zação do discurso. Com ela, mantém-se uma impressão de imparcialidade. Tais estratégias não são exclusivas do meio jornalístico. Quando o que desejamos dizer está aberto para ques- tionamento ou quando queremos nos certificar de que o ouvinte ou leitor saiba que há um grau de incerteza no que nós estamos dizendo, também podemos usar verbos como claim e argue, exemplificados anteriormente. O uso desses verbos reflete a necessidade de ser cuidadoso e crítico sobre as informações a serem apre- sentadas quando ainda não houve a chance de analisar completamente um assunto, ou quando há o desejo de deixar claro o fato de que há visões contrárias àquela apre- sentada. Seem, appear and look Os verbos seem, appear e look são parecidos, pois os três são usados para expressar a impressão de alguém sobre algo. Veja os exemplos: a) Those boys seem to be underage. (Aqueles meninos parecem ser menores de idade.) b) The clients appear to be satisfied with the purchase. (Os clientes parecem satisfeitos com a compra.) c) Leslie looks pretty tired. Talk to her another time. (Leslie parece muito cansada. Fale com ela em outra hora.) d) Voters seem to have short memories. (Eleitores parecem ter memória curta.) Nos casos a, b e c, não há certeza: não sabemos se, de fato, os garotos são menores, se Leslie está cansada ou se os clientes estão felizes com a compra. O que sabemos é que há evidência para tanto, na aparência ao menos, o que levou à conclusão apresentada pelo falante. Na oração d, a interpretação se baseia no que já foi presenciado, na suspeita de que eleitores tenham me- mória curta. Novamente, o verbo seem indica que não se trata de um fato, mas sim de uma impressão do falante. Qual é a fonte? Quando queremos citar a fonte de uma informação, podemos usar diferentes verbos, e a escolha entre eles pode mudar o sentido da frase. Observe os exemplos: a) Researcher claims to have found conclusive evidence. (Pesquisador alega ter encontrado provas conclusivas.) b) Researcher stated he found conclusive evidence. (Pesquisador afirma ter encontrado provas conclusivas.) PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 11-02-2021 (12:25) Capítulo 30 - This is thought to be important
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