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Curso_Vida_Nova_de_Teologia_Basica_Vol

Ferramentas de estudo

Questões resolvidas

Qual é o conteúdo do livro 'Introdução à Bíblia' de R. Laird Harris?

1. Revelação e inspiração
2. Por que os cristãos crêem na Bíblia? - O Antigo Testamento
3. Por que os cristãos crêem na Bíblia? - O Novo Testamento
4. Quem escreveu o Antigo Testamento?
5. Quem escreveu o Novo Testamento?
6. Como a Bíblia foi preservada - O Novo Testamento
7. Como a Bíblia foi preservada - O Antigo Testamento
8. Controvérsias em torno da Bíblia
9. A alta crítica e a Bíblia
10. A arqueologia e o Antigo Testamento
11. Ferramentas para o estudo bíblico
12. Métodos de estudo bíblico

Quais são os assuntos incluídos no currículo básico do curso?

O que este primeiro volume do Curso Vida Nova de Teologia Básica pretende fornecer?

Por que os cristãos crêem na Bíblia?

Por que os cristãos creem na Bíblia? - O Antigo Testamento

Qual é o tema deste primeiro volume do Curso Vida Nova de Teologia Básica?

a) Revelação e inspiração
b) Introdução à Bíblia
c) Panorama do Antigo Testamento

Quais foram as instruções dadas a Moisés em relação à preservação dos mandamentos de Deus?

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Qual é o conteúdo do livro 'Introdução à Bíblia' de R. Laird Harris?

1. Revelação e inspiração
2. Por que os cristãos crêem na Bíblia? - O Antigo Testamento
3. Por que os cristãos crêem na Bíblia? - O Novo Testamento
4. Quem escreveu o Antigo Testamento?
5. Quem escreveu o Novo Testamento?
6. Como a Bíblia foi preservada - O Novo Testamento
7. Como a Bíblia foi preservada - O Antigo Testamento
8. Controvérsias em torno da Bíblia
9. A alta crítica e a Bíblia
10. A arqueologia e o Antigo Testamento
11. Ferramentas para o estudo bíblico
12. Métodos de estudo bíblico

Quais são os assuntos incluídos no currículo básico do curso?

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Por que os cristãos crêem na Bíblia?

Por que os cristãos creem na Bíblia? - O Antigo Testamento

Qual é o tema deste primeiro volume do Curso Vida Nova de Teologia Básica?

a) Revelação e inspiração
b) Introdução à Bíblia
c) Panorama do Antigo Testamento

Quais foram as instruções dadas a Moisés em relação à preservação dos mandamentos de Deus?

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Curso Vida Nova 
de Teologia Básica 
INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
Harris, R. Laird 
Introdução à Bíblia I R. Laird Harris ; 
tradução Bruno G. Destefani. -- São Paulo : 
Vida Nova, 2005. -- (Curso vida nova de teologia 
básica ; v. 1) 
Título original: Exploring tha basics of the 
Bible. 
ISBN 978-85-275-0331-0 
1. Bíblia - Introduções 2. Teologia - Estudo e 
ensino I. Título. II. Série. 
05-1682 CDD-220.61 
Índices para catálogo sistemático: 
1. Bíblia : Introdução 220.61 
2. Introdução à Bíblia 220.21 
Curso Vida Nova 
de Teologia Básica 
INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
R. LAIRD HARRIS 
Traducão 
.> 
Bruno G. Destefani 
011 
VlDANOVA 
Copyright© 2002 Evangelical Training Association 
Título do original: Exploring tha Basics of the Bible 
Traduzido da edição publicada em 2002 pela Crossway Books, uma 
divisão da Good News Publishers (Wheaton, Illinois, EUA) 
1: edição: 2005 
Reimpressão: 2007 
2: edição: 2008 
Reimpressão: 2010 
Publicado no Brasil com a devida autorização 
e com todos os direitos reservados por 
SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, 
Caixa Postal 21266, São Paulo, SP, CEP 04602-970 
www.vidanova.com.br 
Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, 
eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em 
banco de dados, etc.), a não ser em citações breves 
· com indicação de fonte. 
ISBN 978-85-275-0331-0 
Impresso no Brasil/ Printed in Brazil 
COORDENAÇÃO EDITORIAL 
Robinson Malkomes 
CONSULTORIA 
Aldo Menezes 
REVISÃO 
Marisa K. Alvarenga de S. Lopes 
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO 
Sérgio Siqueira Moura 
DIAGRAMAÇÃO 
Sk editoração 
CAPA 
Julio Carvalho 
Conteúdo 
Apresentação . . .. . ... . .. . .. . .. . ... . .. . . .. . .. . ... . .. . .. . . .. . . .. . .. . .. . .. . ... ... . .. . . .. . .... .. 7 
1. Revelação e inspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 
2. Por que os cristãos crêem na Bíblia? 
- O Antigo Testamento..................................................... 23 
3. Por que os cristãos crêem na Bíblia? 
- O Novo Testamento ....................................................... 33 
4. Qyem escreveu o Antigo Testamento?.................................... 43 
5. Qyem escreveu o Novo Testamento?....................................... 55 
6. Como a Bíblia foi preservada 
- O Novo Testamento........................................................ 6 7 
7. Como a Bíblia foi preservada 
- O Antigo Testamento ..................................................... 7 5 
8. Controvérsias em torno da Bíblia .... .. .. .. ....... .... .. .. .. .. .. .. .. .. .... ... 8 5 
9. A alta crítica e a Bíblia............................................................. 99 
10. A arqueologia e o Antigo Testamento ..................................... 107 
11. Ferramentas para o estudo bíblico ........................................... 117 
12. Métodos de estudo bíblico ...................................................... 129 
Enriqueça sua biblioteca............................................................... 13 9 
Apresentação 
Curso Vida Nova de 
Teologia Básica 
T odos os cristãos precisam de teologia Durante muito tempo a teologia esteve confinada nos círculos acadê-micos. Sua linguagem técnica e seu rigor científico impediam que o 
público leigo, não-especializado, saboreasse a boa erudição bíblica. A parte 
que lhe cabia era ouvir longos sermões, que nem sempre atingiam o coração 
dos ouvintes, muito menos sua mente. 
A distinção entre clérigos e leigos, sem dúvida, contribuiu para o 
surgimento desse abismo entre a teologia e os não-iniciados no saber teoló-
gico. O estudo sobre Deus e sua relação com seu povo foi se tornando cada 
vez mais propriedade de uma elite intelectual. 
As Escrituras, no entanto, apontam outro caminho. O povo de Deus, 
e não apenas uma parcela desse povo (os mestres), é chamado de "sacerdócio 
real". Esse povo deve anunciar "as grandezas daquele que [o] chamou das 
trevas para sua maravilhosa luz" (lPe 2.9). Todos estão obrigados a cumprir 
a Grande Comissão: fazer discípulos para o Mestre, ensinando-os a obede-
cer todas as coisas que ele ordenou (Mt 28.19-20). Todos devem renovar a 
mente, para experimentar a "boa, agradável e perfeita vontade de Deus" 
(Rm 12.2). Todos devem estar preparados para "responder a todo aquele 
que [ ... ] pedir a razão da esperança" que há neles (lPe 3.15). Todos são 
instados a crescer não apenas na "graça'', mas também "no conhecimento de 
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2Pe 3.18). 
A retomada do ensino bíblico do sacerdócio de todos os crentes, no 
entanto, não significa que Deus não tenha capacitado especialmente alguns 
para exercer determinados dons na igreja. O apóstolo Paulo afirma que 
. ....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMセ@
Deus "designou uns como apóstolos, outros como profetas, e outros como 
evangelistas, e ainda outros como pastores e mestres" (Ef 4.11). Esses espe-
cialmente capacitados, porém, não deviam guardar para si o depósito do 
conteúdo da fé. Eles tinham uma missão a cumprir: 
... o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério e para a edificação do 
corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento 
do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude 
de Cristo; para que não sejamos mais como crianças, inconstantes, levados ao 
redor por todo vento de doutrina, pela mentira dos homens, pela sua astúcia na 
invenção do erro; pelo contrário; seguindo a verdade em amor, cresçamos em 
tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 
Nele o corpo inteiro, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, 
segundo a correta atuação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação 
de si mesmo em amor (Ef 4.12-16). 
Essas passagens bíblicas mostram claramente que a teologia deve estar a 
serviço de todo o povo de Deus. Mais ainda: que todo o povo de Deus deve se 
beneficiar de todos os campos do labor teológico. Vejamos alguns exemplos: 
1. Anunciar as grandezas de Deus (1Pe 2.9) requer preparo no falar. A 
parte da teologia que cuida da boa transmissão oral da Palavra de Deus 
é a homilética, cujos princípios não se aplicam somente à preparação 
de sermão, mas à comunicação da Palavra de Deus como um todo. 
2. Não basta fazer discípulos, é preciso ensiná-los (Mt 28.19-20). Isso 
requer conhecimento das coisas de Deus (e esta é uma definição básica 
de teologia= estudo sobre Deus). 
3. Estar preparado para "responder a todo aquele que [ ... ] pedir a razão 
da esperançà' que há em nós (1Pe 3.15) requer conhecimento bíblico 
e o exercício da "apologética" (um discurso de defesa da fé cristã bem 
embasado nas Escrituras). 
4. Qyando Pedro disse que os cristãos devem crescer "no conhecimento 
de [ ... ] Jesus Cristo" (2Pe 3.18), ele estava, segundo o contexto, 
alertando-os a não se deixar levar pelos que "deturpam'' as Escrituras 
(2Pe 3.14-17). Pedro também reconheceu que há passagens de difícil 
interpretação (v. 16). A hermenêutica é a parte da teologia que se en-
carrega de avaliar o sentido preciso de uma passagem bíblica, lidando 
com as "coisas difíceis". Bem preparados, não seremos "levados [ ... ] 
por todo vento de doutrina, pela mentira dos homens, pela sua astú-
cia na invenção do erro" (Ef 4.14). 
É evidente, portanto, que todos nós, povo de Deus, precisamos de 
teologia. Todos nós precisamos aprimorar diariamente nosso conhecimento 
das Escrituras. Devemos ser realmente estudiosos da Palavra de Deus. E o 
labor teológico nos conduz a esses fins. 
APRESENTAÇÃO セ@ .--· 
セMMMセセ@
A importância e as vantagens do Curso 
Vida Nova de Teologia Básica 
Edições Vida Nova reconhece o valor e a força da comunidade leiga 
de nossas igrejas. Nossa missão é levar conhecimento e preparo teológico a 
todo o povo de Deus. Pensando nessa parcela significativade cristãos e com 
pleno conhecimento da necessidade do saber teológico para todos, temos o 
prazer de apresentar o Curso Vida Nova de Teologia Básica. Trata-se de 
um curso básico de teologia para leigos. Isso quer dizer que esse curso está 
desprovido do jargão teológico tradicional e de tecnicismos dessa área. É 
um curso perfeito para leitores que desejam conhecer um pouco de teologia 
numa linguagem informal, instrumental e não-acadêmica. 
O material é altamente didático e informativo. É de fácil assimila-
ção. Os autores também se valem de perguntas para debate, que funcionam 
como questões de recapitulação, a fim de fixar na mente do leitor os pontos 
principais apresentados ao longo de cada lição. Como se diz em homilética: 
''A repetição é a mãe da retenção". C2lianto mais recapitulamos, mais fixa-
mos o que aprendemos. Além disso, há uma bibliografia ao mesmo tempo 
concisa e precisa, conduzindo o leitor a obras que poderão auxiliá-lo em 
seu crescimento espiritual. 
Todos os cristãos desejosos de crescer no "conhecimento de nosso 
Senhor e Salvador Jesus Cristo" se beneficiarão desse curso. Crentes bem 
preparados e conhecedores da Palavra de Deus farão das escolas dominicais, 
dos centros de treinamento de líderes e de outros ministérios voltados para 
o aperfeiçoamento do corpo de Cristo um espaço agradável de estudo e 
reflexão das Escrituras. 
O currículo básico do curso inclui os seguintes assuntos: 
1. Introdução à Bíblia 
2. Panorama do Antigo Testamento 
3. Panorama do Novo Testamento 
4. Panorama da história da igreja 
5. Homilética 
6. Apologética cristã 
7. Teologia sistemática 
8. Educação cristã 
9. Filosofia 
10. Aconselhamento 
Os próximos volumes previstos para lançamento são: Interpretação 
da Bíblia, Missões, Evangelismo, Louvor e adoração, Ética cristã e 
Administração eclesiástica. 
....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMMM]MMM
Introdução à Bíblia 
Como não se pode fazer teologia sem a Palavra de Deus, esse é o tema 
deste primeiro volume do Curso Vida Nova de Teologia Básica. 
Este volume pretende fornecer respostas às seguintes questões: 
1. Deus realmente se revelou à humanidade? Há objetividade nessa 
revelação? 
2. Se a Bíblia foi escrita por homens, como ela pode ser definida como 
a Palavra de Deus? De que modo Deus se comunicou com os ho-
mens a fim de produzir a Bíblia? 
3. Por que os cristãos crêem na Bíblia? Há evidências racionais para 
essa crença? 
4. Qyem escreveu o Antigo Testamento? 
5. A Bíblia é um livro antigo, mas é realmente confiável? Como ter 
certeza de que o conteúdo não foi alterado com o passar do tempo? 
6. Existem realmente milagres e profecias? 
7. O que é alta crítica? Conseguiu a Bíblia sobreviver a seus ataques? 
8. O que a arqueologia tem a dizer sobre a confiabilidade das Escrituras? 
Além de analisar essas questões altamente relevantes, o estudante da 
Bíblia também será equipado com ferramentas para o estudo das Escrituras. 
São publicações que devem compor sua biblioteca particular: diversas versões 
das Escrituras, bíblias de estudo, obras de consulta, livros de teologia siste-
mática, comentários bíblicos, introdução bíblica, história da igreja e da teolo-
gia e livros de teologia prática. 
Mas nem só de ferramentas vive um estudante das Escrituras. Ele 
precisa de um método de pesquisa a fim de facilitar e conduzir seu traba-
lho de pesquisa da Bíblia. Há um capítulo destinado exclusivamente a isso. 
Aproveite o Curso Vida Nova de Teologia Básica. Prove por si mesmo 
como é bom e agradável conhecer profundamente a Palavra de Deus. Tome 
para si as palavras de Paulo a Timóteo: "Procura apresentar-te aprovado diante 
de Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a 
palavra da verdade" (2Tm 2.15). 
Os Editores 
Março de 2005 
Revelação e inspiração 
O livro de Génesis conta como Deus criou a humanidade à sua ima-gem e semelhança. Um dos propósitos do Senhor era que Adão tivesse contato e comunhão com ele. A partir desse relato, fica claro 
que Deus cuidava do homem, conversava com ele e lhe dava ordens. Pois, o 
fato de o Deus altíssimo dialogar com pessoas dessa maneira representa 
uma maravilhosa revelação de sua Palavra, de seu ser e de sua vontade. 
Depois que Adão e Eva pecaram, Deus poderia muito bem ter 
desistido deles. O primeiro casal o desobedecera por livre e espontânea 
vontade; a conseqüência disso era a morte. Entretanto, Deus, em sua infinita 
misericórdia, desenvolveu o plano da salvação. Assim sendo o Senhor 
procurou Adão no jardim e o responsabilizou por seu pecado. Essa foi a 
primeira revelação de Deus para o ser humano pecador. 
REVELAÇÃO ESPECIAL E REVELAÇÃO GERAL 
Deus deu continuidade a essa prática falando com Adão, Eva, a 
serpente, Caim, Noé e muitos outros. A essa comunicação direta da parte 
de Deus chamamos revelação especial. 
Podemos aprender muito sobre Deus a partir do universo que ele 
criou. Uma criação tão vasta dá testemunho da existência de um Deus Todo-
poderoso. As maravilhas de nosso mundo dão prova da sabedoria infinita 
. ....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMMM
de Deus. Nossa própria consciência aponta para a existência de um Deus 
santo e benevolente. A essas provas de sua presença através da criação cha-
mamos revelação geral. 
Entretanto, essa revelação geral tem sido negada por muitos. 
Segundo alegam, aquilo que nos parece complexo na natureza é pura obra 
do acaso, e essa "ética interior'', a que chamamos consciência, é fruto de 
nosso convívio social, de um aprendizado recebido desde o nascimento, 
de uma ilusão que nós mesmos criamos, etc. No entanto, em Romanos 
1.19-23 o apóstolo Paulo afirma claramente que podemos perceber Deus 
na natureza, e ele se refere expressamente à consciência no texto de Ro-
manos 2.15. Todavia, é impressionante percebermos que a grande maio-
ria das pessoas sempre acreditou em algum tipo de divindade. Além disso, 
embora alguns neguem a existência da consciência, todas as culturas 
conhecidas possuem alguma espécie de código moral. Isso nos leva a con-
cluir que a revelação natural já está bem fundamentada. Paulo diz que o 
fato de isso não levar algumas pessoas a adorar o Deus verdadeiro se deve 
à iniqüidade delas (Rm 1.18). 
INSPIRAÇÃO 
Qgando Deus falou ao ser humano na Antigüidade, isso se deu atra-
vés de uma revelação oral especial. Até onde sabemos, o homem só foi desen-
volver um sistema de escrita depois do dilúvio. Talvez as pessoas daquela 
época utilizassem algum método para registrar quantidades de objetos, mas 
ao que parece a escrita como hoje a conhecemos teve início na Mesopotâmia 
e no Egito, pouco antes de 3000 a.C. Porém, a revelação oral de Deus era 
algo tão especial, verdadeiro e inspirado quanto sua palavra escrita, que 
surgiria mais tarde. Qyando falou a Caim, Deus não o fez através da voz de 
sua consciência, e Caim respondeu-lhe com ira. Essa passagem retrata uma 
comunicação direta e objetiva da parte de Deus. 
Ninguém sabe o nome de muitas das pessoas com quem Deus con-
versou nos primeiros tempos. Embora o Antigo Testamento afirme que 
Enoque "andou com Deus'', esse termo provavelmente se refere a um con-
vívio habitual e constante, e não à ação de caminhar junto com alguém. 
De qualquer maneira, isso indica harmonia e comunhão, o que implica 
em diálogo. Tal conceito concorda com a referência no Novo Testamen-
to de que Enoque foi um profeta (Jd 14). Noé recebeu revelações ex-
plícitas e meticulosas da parte de Deus. Não foi a sua própria imaginação 
bem desenvolvida que lhe deu as instruções a respeito da arca. Ao contrá-
rio, o Senhor lhe disse quais deveriam ser as dimensões da embarcação, 
que animais reunir, etc. Sem essa mensagem específica, Noé também te-
ria perecido. 
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO セ@ .----
MセセMMMMMMMMMセ@
Outra lição que podemos aprender com Noé é que ele ministrava a 
Palavra de Deus para sua geração. O relato de Gênesis, e de forma mais 
direta uma passagem de 2Pedro, mostram que Noé avisou seus contem-
porâneos a respeitodo julgamento iminente que sobreviria ao mundo. Essa 
é a função do profeta. Após ter recebido uma mensagem de Deus, ele deve 
transmiti-la ao povo. 
Embora a Bíblia não conte muito a respeito da revelação divina 
durante o longo período entre Noé e Abraão, ela traz muitas informações 
sobre as épocas subseqüentes. Deus falou muitas vezes a Abraão. Deu-lhe 
ordenanças específicas e promessas que seriam cumpridas de maneiras 
que ele jamais poderia ter imaginado. Ele era considerado um príncipe 
pelos seus contemporâneos (Gn 23.6) e um adorador do Deus verdadeiro 
(Gn 14.22). Através de sua vida e de suas mensagens, ele ministrava à sua 
geração, e por meio dos registros feitos por Moisés, continua falando 
também a nós. 
Moisés foi o primeiro profeta a preservar as palavras de Deus da 
forma escrita. O Senhor lhe falou face a face (Nm 12.8). Além disso, 
ordenou-lhe que escrevesse seus mandamentos (Êx 24.4-8). A maior parte 
do Pentateuco, depois do relato do chamado de Moisés, em Êxodo 2, traz 
expressões como "o Senhor disse a Moisés". No final de Deuteronômio, 
lemos que Moisés escreveu a lei de Deus e instruiu o povo a obedecer 
aquelas ordenanças, bem como a lê-las publicamente durante a Festa dos 
Tabernáculos, realizada a cada sete anos (Dt 31.9-13). 
Veremos mais a respeito dos profetas e de sua atuação no quarto 
capítulo. No momento, estudaremos algumas conseqüências decorrentes 
dessa visão dos profetas do Antigo Testamento como instrumentos da 
revelação de Deus, ou como seus porta-vozes para o povo (Êx 7.1, 2). 
Lembremos que um profeta em Israel não era considerado apenas um 
homem profundamente espiritual. Na verdade, era visto como um indivíduo 
chamado por Deus para dele receber revelações (Nm 12.2-8). A palavra do 
profeta era reconhecida como a palavra de Deus, de tal maneira que era 
como se ele tivesse ingerido um rolo de pergaminho vindo do céu e depois 
o transmitisse oralmente para o povo (Ez 2.7-3.3). A mensagem por eles 
transmitida era a palavra de Deus. 
O mesmo podemos dizer a respeito daquilo que os profetas 
escreveram. Nem todas as mensagens proféticas eram registradas por escrito. 
Urias profetizou em nome do Senhor, assim como o fizera Jeremias. No 
entanto, foi morto pelo rei Jeoaquim e suas palavras não foram registradas 
(Jr 26.20, 21). Todavia, quando o Senhor falou através dos profetas em 
Israel, na Antigüidade, as palavras deles eram genuinamente vindas de Deus. 
O fato de terem sido transmitidas apenas oralmente ou também na forma 
escrita não importava. Josué, por exemplo, acrescentou seu relato ao Livro 
da Lei de Deus (Js 24.26). Sabemos, porém, que boa parte, senão a quase 
......._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMセM
totalidade do Antigo Testamento, foi transmitida primeiramente de forma 
oral e mais tarde registrada através da linguagem escrita. 
Alguns defendem uma diferença entre o discurso profético e os es-
critos proféticos, afirmando que apenas estes últimos foram inspirados. 
Todavia, o Antigo Testamento não faz tal distinção. 
Esses exemplos ilustram o que queremos dizer com o termo "inspiração 
das Escrituras". Uma boa definição desse termo seria afirmarmos que a 
inspiração é "obra do Espírito Santo em indivíduos escolhidos por Deus, 
através do qual a pessoa é levada a falar ou escrever, em seu próprio idioma, 
exatamente as palavras de Deus, sem que cometa erro algum com respeito a 
fatos, doutrinas e juízos". No segundo e terceiro capítulos iremos oferecer a 
base bíblica desse conceito. 
INSPIRAÇÃO VERBAL 
Esse conceito de inspiração defende que as próprias palavras 
transmitidas são de fato prescritas por Deus, inspiradas pelo Espírito Santo. 
Isso às vezes é apresentado de maneira caricatural como sendo a "teoria do 
ditado". Entretanto, a maioria dos teólogos conservadores atuais não acredita 
que Deus simplesmente tenha ditado sua Palavra para escribas, como se 
eles fizessem as vezes de uma secretária ou de um robô. Deus usava os 
profetas e os controlava, porém sem violar o estilo de redação ou a perso-
nalidade deles. A doutrina que mais se aproxima da "teoria do ditado" foi 
aquela desenvolvida em 1545, no Concílio católico de Trento. Ela expressa, 
em latim, que as Escrituras são Spiritu Sancto dictante. Todavia, nessa 
expressão o vocábulo dictante não significa "ditadas", segundo entendemos 
hoje, mas sim "ditas" ou "transmitidas" pelo Espírito Santo. 
INFALIBILIDADE E INERRÂNCIA 
Historicamente, a Bíblia tem sido considerada um texto inspirado, o 
que quer dizer, em outras palavras, que ela é tida como a autêntica Palavra 
de Deus. Tradicionalmente também tem sido considerada infalível. Isso é o 
mesmo que dizer que nas Escrituras não há erros. Em épocas mais recentes, 
teólogos da linha conservadora têm considerado a crença na Bíblia como "a 
única regra infalível de fé e prática". Com isso querem dizer claramente 
que a Palavra de Deus é uma regra perfeita de fé e de conduta. Entretanto, 
com o surgimento do liberalismo, essa doutrina tem comumente sido 
reinterpretada para transmitir o significado de que a Bíblia é infalível apenas 
em questões de fé e moral. Dessa maneira o termo infalível foi "diluído", 
permitindo a identificação de equívocos no texto bíblico com relação a 
fatos científicos e históricos. Essa postura é amplamente defendida entre os 
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO セ@ __... 
セMMMMMGMGMMMMMMMMMMセ@
liberais da atualidade. Para combater essa postura "secularizada" com rela-
ção às Escrituras, teólogos conservadores consideraram necessário adotar o 
uso do adjetivo inerrante, para afirmar que a Bíblia não possui erros. 
Dizer que a Palavra de Deus é infalível deveria ser suficiente. 
Entretanto, diante da situação mencionada acima, percebemos ser necessário 
dizer também que ela é inerrante, uma vez que se pretenda declarar que a 
Bíblia é a perfeita verdade em tudo o que afirma,. Assim, a Bíblia é 
verbalmente inspirada, infalível e inerrante, no sentido de que seus 
manuscritos originais não contêm erros. A declaração de fé da Evangelical 
Theological Society expressa esse pensamento de maneira sucinta, porém 
precisa: "Apenas a Bíblia, em sua totalidade, é a Palavra de Deus em forma 
escrita e, portanto, inerrante em seus autógrafos [textos originais]". 
Muitos consideram essa visão das Escrituras muito restritiva. Dizem 
que estamos vivendo no século XXI, e que não deveríamos acreditar mais em 
tais doutrinas. Afirmam que os fatos contrariam essa visão e que os conceitos 
científicos presentes na Bíblia já caíram em desuso. Não podemos mais 
acreditar na existência de uma terra plana, com o céu "lá no alto", segundo 
dizem eles. Afirmam que a crença na existência real de Adão ou em histórias 
como a de Jonas deve ser negada. Na verdade, declaram que as Escrituras 
possuem contradições. Essas pessoas defendem que há um elemento humano 
na Bíblia que não pode ser isento de erro. E chegam à conclusão de que, se 
insistirmos na questão da inerrância da Palavra de Deus, jamais iremos 
convencer os indivíduos da era moderna. 
Apresentaremos algumas respostas breves contra essas críticas e as 
trataremos com mais detalhes no oitavo capítulo. Primeiramente, temos 
que dizer que é necessário sermos cautelosos ao refutar qualquer doutrina 
antiga - principalmente uma que esteja fundamentada no ensino de Cristo 
e de seus apóstolos - pela simples finalidade de supostamente conven-
cermos nossos contemporâneos. Os profetas da Antigüidade receberam a 
instrução de pregar a Palavra de Deus, quer as pessoas lhes dessem ouvidos 
ou não (cf. Is 6.9, 10; Jr 20.9 e Ez 2.5-7). 
Em segundo lugar, é bastante duvidoso que a Bíblia retrate uma terra 
plana, com o céu "lá no alto". Alguns afirmam que perceberemos essa descrição 
apenas se interpretarmos as Escrituras literalmente. Entretanto, ninguém, 
nem mesmo o teólogo conservador mais zeloso que existe, lê a Bíblia tomando-
ª em sentido literal. O texto sagrado está repleto de metáforas, parábolas e 
poesia, que devem ser interpretadas da mesma maneira queas presentes em 
qualquer outra obra literária. Ninguém levaria ao pé da letra expressões comuns 
como "morrer de dar risada'' ou "ele tem um coração de ouro'', ou ainda "faz 
uma eternidade desde que a vi pela última vez". Portanto, a objeção levantada 
pelos liberais baseia-se numa interpretação literal e errônea de várias passagens 
poéticas, para daí afirmar que a Bíblia contradiz o senso comum. Todavia, 
chegaríamos à mesma conclusão se aplicássemos essa sistemática a poesias 
-..... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMセM
que descrevam a lua, as árvores, as montanhas ou qualquer outro cenário 
maravilhoso e belo. 
Muitos se esquecem de que os astrônomos da época neotestamentária 
já afirmavam que a Terra era redonda. Até mesmo antes, no ano 250 a.C, 
Eratóstenes mediu a circunferência de nosso planeta com bastante precisão. 
É curioso o fato de que teólogos mais recentes, que se opõem à idéia de que 
o céu esttja "lá no alto'', falem sobre a "intervenção" do reino do céu na 
história. E tão esquisito retratar o céu dessa maneira, como algo à parte da 
história, quanto é imaginá-lo como algo "lá no alto". Entretanto, como 
afirmou C. S. Lewis com muita pertinência em seu livro Miracles1, "toda 
descrição a respeito de coisas que não podemos perceber por meio dos sentidos 
deve ser considerada metafórica. Não há outra maneira para descrever o que 
não conseguimos vislumbrar". 
Portanto, a linguagem bíblica não implica o fato de que o céu, em 
termos espirituais, esteja "lá no alto" (embora no hebraico, como em nosso 
idioma, usa-se a mesma palavra para significar o céu no qual estão as 
estrelas, as nuvens, e o espaço onde os pássaros voam, o qual de fato encon-
tra-se "lá no alto"). De maneira semelhante, não se pode dizer que "os 
confins da terra" sejam o extremo do planeta além do qual caímos no 
espaço. O vocábulo hebraico traduzido por "terra" também é muito usado 
com o significado de "território ou região". Os "confins da terra" geralmente 
representam lugares distantes e "quatro cantos da terra" descreve vastas 
áreas em qualquer direção (cf. Ez 7.2). 
Em terceiro lugar, se as pessoas não conseguem crer em uma criação no 
sentido literal, devem ser suficientemente capazes de provar que o acaso é o 
responsável pela incrível riqueza e complexidade da vida, ou pela criação desse 
ser tão singular e dotado de inteligência, propósito e consciência moral a que 
chamamos de ser humano. 
Por último, fazer objeção quanto à inerrância das Escrituras com base 
em supostas contradições é um ato de negligência para com os vastos estudos 
sobre esses assuntos, realizados desde os dias de Justino, que foi martirizado 
por sua fé, no ano 148 de nossa era. Ele escreveu em sua obra Diálogo com o 
judeu Trifõ: "Estou plenamente convicto de que nenhum trecho das Escrituras 
contradiz outro". 
É óbvio que a Bíblia contém algumas aparentes complicações e certos 
conceitos difíceis de compreender. Com toda certeza, podemos esperar algo 
assim de um documento proveniente de outra cultura que remonta aos 
tempos antigos. Se o choque cultural é algo previsível quando viajamos 
para outros países, maior ainda é a possibilidade de encontrarmos aspectos 
1 C. S. Lewis,Miracles (Nova York: Macmillan, 1947; publicado no Brasil sob o título 
Milagres), p. 74. 
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO ....___ _... 
セセMMMMセ@
surpreendentes na Bíblia. Entretanto, muitas dessas dificuldades já foram 
solucionadas por intermédio de descobertas a respeito de costumes e idiomas 
antigos. Assim, um cristão bem informado pode atribuir as dificuldades 
que ainda restam ao mero desconhecimento sobre detalhes do cotidiano e 
da história da Antigüidade. Problemas de ordem factual continuam a ser 
elucidados, para satisfação de muitos dos estudiosos atuais. 
Os cristãos da linha conservadora não aceitam a idéia de que as 
Escrituras contenham verdadeiras contradições. Assim como os pais da igreja 
primitiva, eles acreditam que essas supostas contradições devem-se à falta 
de conhecimento ou a erros de cópia de menor importância. 
INTERPRETAÇÃO BÍBLICA (HERMENÊUTICA) 
A Reforma Protestante foi um movimento que incentivou o retorno 
à Bíblia. Sua ênfase estava em disponibilizar as Escrituras para os leigos. 
Wycliffe defendera esse princípio anteriormente, mas foram Lutero, Tyndale 
e outros que realmente levaram adiante o trabalho de traduzir a Bíblia para 
o idioma das massas. O corolário era que a Palavra de Deus é um livro 
simples que pode ser lido e compreendido por pessoas comuns. 
Obviamente a própria história comprovou essa visão. Isso não significa, 
porém, que qualquer um possa compreender plenamente todas as passagens 
bíblicas. No entanto, ao lê-las, podemos aprender de Deus e a respeito do 
seu plano da salvação, e pela fé aceitá-lo. Os juízos do Senhor, porém, são 
insondáveis e "inescrutáveis, os seus caminhos" (Rm 11.33). Até mesmo 
referências a incidentes históricos e práticas comuns na Antigüidade são 
complicadas de entender. Para isso precisamos de informações sobre o 
cotidiano do mundo daquela época. 
Portanto uma interpretação detalhada da Bíblia requer o estudo de 
idiomas, da cultura, da história, etc. Todavia, existe uma nova vertente da 
hermenêutica que afirma que a Bíblia não é relevante para nós, hoje em dia. 
Defensores dessa postura dizem que os judeus antigos viviam de maneira 
muito diferente da nossa, que não se interessavam por exatidão numérica, 
relações cronológicas, ou precisão histórica. Esses críticos dizem que a Bíblia 
não apresenta erros sob a ótica dos padrões da época em que foi escrita, mas 
que revela incorreções se estudada à luz dos padrões científicos atuais. 
Podemos mencionar muitos fatos para refutar essas afirmações. 
Primeiro, os antigos não eram tão relapsos assim como alguns pensam. As 
pirâmides, construídas 500 anos antes de Abraão, são orientadas com base 
na Estrela Polar, com um desvio de apenas cinco graus! No ano 732 a.C, 
em Jerusalém, os engenheiros comandados por Ezequias cavaram um túnel 
sinuoso através de mais de 600 metros de rocha sólida. Começaram o trabalho 
a partir dos dois extremos e as duas equipes de escavação se encontraram no 
. ......_ _b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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meio do caminho. Os dois braços do túnel ficaram desalinhados por pouco 
mais de meio metro. 
Em segundo lugar, ninguém é totalmente exato. Fazer cálculos 
aproximados não é o mesmo que cometer erros. Muitos já afirmaram que a 
Bíblia continha equívocos históricos, mas em diversas ocasiões, descobertas 
arqueológicas vieram a demonstrar que as Escrituras estavam corretas. 
Outros defendem o argumento - já bastante desgastado - de que a 
Bíblia é irrelevante para nossa época, por ser produto do mundo antigo. 
Todavia milhões de pessoas, que encontraram conforto, respostas e salvação 
através das Escrituras, afirmam justamente o contrário. Embora a cultura 
da Antigüidade seja bastante distinta da nossa, as diferenças não ofuscam 
as semelhanças. Os seres humanos naquela época viviam, amavam, alimen-
tavam-se, ficavam doentes, lutavam, pensavam, pecavam e morriam da 
mesma maneira que nós hoje. Não é correta a afirmação de que a mente 
do homem antigo era muito diferente da nossa. E. D. Hirsch chama isso 
de "falácia do passado inescrutável"2• Ele comenta que há menos diferenças 
entre os indivíduos da era moderna e os da época antiga, do que entre 
vários indivíduos que vivem no mundo de hoje. Portanto, a Bíblia é 
compreensível e também relevante. 
Ainda há outros, que se denominam evangélicos, que dizem que a 
Bíblia contém erros. Eles afirmam, porém, que essas incorreções podem ser 
desconsideradas e que não afetam a mensagem divina. Dizem ainda que a 
inerrância anularia o fator humano necessário para o registro das Escrituras. 
Entretanto, essa idéia baseia-se num erro de interpretação. O con-
ceito histórico de inspiração verbal e de inerrância defende que Deus, por 
seu Espírito, age de maneira poderosa nos seres humanos, embora seu 
trabalho se dê "nosbastidores". O processo de inspiração não vem totalmente 
de Deus, excluindo assim a participação do homem, pois isso seria uma 
espécie de ditado espiritual. Em contrapartida, também não é totalmente 
humano, desconsiderando por sua vez a intervenção de Deus, uma vez que 
isso seria humanismo. Tampouco podemos dizer que foi realizado metade 
por Deus e metade pelo homem. Dessa forma graves erros seriam inevitáveis. 
A resposta correta é que Deus valeu-se de indivíduos, que lançaram 
mão de toda sua capacidade humana, e agiu através deles de maneira poderosa, 
embora tenha permanecido totalmente no controle de todo processo. 
Concluímos então que a inspiração verbal somente é possível porque o 
Espírito de Deus é perfeitamente capaz de agir dessa maneira. O resultado 
foi que os autores da Bíblia não escreveram como as pessoas comumente o 
fazem, mas foram "movidos pelo Espírito Santo" (2Pe 1.21). Como acontece 
2 E. D. Hirsch, The Aims of Interpretation (Chigago: University of Chicago, 1976), 
p. 41. 
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO セ@ セᆳ
MセセMMMMMMMMMセ@
com a maioria das verdades espirituais, essa doutrina também está envolta 
em mistério. Entretanto, é um mistério maravilhoso, pois colocou em nossas 
mãos uma Bíblia inerrante. 
A IMPORTÂNCIA DAS ESCRITURAS INSPIRADAS 
O conceito de inspiração verbal ou de inerrância tem sido adotado 
pelos líderes da igreja desde seu início3• Uma postura tão difundida com 
certeza é fundamental. Uma das principais ênfases da Reforma era o lema 
sola scriptura, ou seja, somente a Bíblia. Esse enfoque foi vital para dar 
vazão àquele grande avivamento espiritual. 
Devido à influência dos liberais, a doutrina da inerrância praticamente 
desapareceu da Alemanha, no século XIX, e em muitas partes dos Estados 
Unidos, no início do século XX. Uma renovação da plena confiança e da 
crença na Bíblia fomentou o fortalecimento dos evangélicos e da pregação 
das boas novas no final do século passado. É muito fácil perceber a ligação 
entre as duas coisas. 
Sem que haja uma mensagem real e verdadeira vinda do céu, ficamos 
perdidos num oceano de opiniões humanas e de fraqueza moral. O ensino 
dos Dez Mandamentos foi eliminado das escolas públicas americanas. Sua 
autoridade tem sido negada em algumas denominações mais antigas. O resul-
tado é desastroso. Entretanto, o discípulo amado há muito deixou a advertência: 
"Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se 
alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos 
neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, 
Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se 
acham escritas neste livro" (Ap 22.18, 19). 
A Bíblia é a Palavra de Deus transmitida a nós. Devemos lê-la, 
estudá-la, meditar nela, e principalmente, colocá-la em prática. Em seguida, 
é preciso que nos juntemos a outros que partilham dessa fé preciosa, a 
fim de garantir que as Escrituras sejam respeitadas e ensinadas até os con-
fins da terra. 
3 Norman L. Geisler, ed., Inerrancy (Grand Rapids: Zondervan Publishing, 1980), 
caps. 12 e 13. 
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1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
revelação geral, revelação especial, infalível, 
inerrante, hermenêutica 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. O que o texto de Romanos 1.18-32 nos ensina com relação à 
possibilidade de as pessoas conhecerem o Deus verdadeiro por meio 
de sua revelação na natureza? 
2. Se todo ser humano possui uma consciência e, por conseguinte, 
padrões morais, por que motivo não tem uma vida boa e perfeita? 
3. O que o texto de Êxodo 7.1 ensina com relação aos profetas serem 
porta-vozes de Deus? 
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO .....___ __... 
GM]MMMMGMMMMMMセMMMセ@
4. Os profetas de Baal, sustentados por Jezabel, realmente falaram em 
nome de seu deus, ou apenas disseram aquilo que o povo queria 
ouvir (1Rs 22.6)? 
5. Compare os textos de Jó 26.7 e 9.6. Como podemos explicar a 
aparente contradição entre eles? 
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1 ANOTAÇÕES 
Por que os cristãos 
crêem na Bíblia? 
O Antigo Testamento 
P or que os cristãos crêem na Bíblia? Podemos elucidar essa questão de várias maneiras. Algumas respostas são mais importantes do que outras. Uma parte delas baseia-se bastante na razão. Já outra parte 
fundamenta-se na fé. Todas essas respostas são fundamentais e estudaremos 
esses dois grupos separadamente. Neste capítulo, apresentaremos as respostas 
relacionadas ao Antigo Testamento. No capítulo seguinte, trataremos das 
razões pelas quais os cristãos podem crer no Novo Testamento. 
A APROVAÇÃO DE CRISTO 
A resposta mais direta e mais clara do porquê de os cristãos crerem 
no Antigo Testamento é o fato de que Cristo também cria. Confiamos em 
seus ensinamentos. Para nós, cristãos, o Senhor Jesus é a autoridade máxima 
em todas as questões. Por meio de milagres, maravilhas e sinais, ele provou, 
sem deixar dúvidas, que viera de Deus. Através de seu poder, ao ressuscitar 
dos mortos, demonstrou ser o Filho unigênito de Deus. Paulo resumiu essa 
doutrina em Romanos 1.4: "E foi designado Filho de Deus com poder, 
segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos". Se duvidarmos 
dos ensinamentos de Cristo, estaremos questionando tudo o que há de 
mais precioso e fundamental na fé cristã. Jesus cria no Antigo Testamento 
e ensinava as verdades que ali se encontram. Isso, por si, já é suficiente. 
·--.... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMセ@
Através do relato bíblico, fica claro que Cristo realmente cria e ensinava 
que o Antigo Testamento é a Palavra de Deus. Muitos versículos em par-
ticular mostram seus ensinamentos com relação a isso, e várias outras passa-
gens nos evangelhos revelam, de maneira geral, sua atitude para com as 
Escrituras Sagradas. 
A conversa de Cristo com os dois discípulos, na estrada para Emaús 
depois de sua ressurreição, é de importância fundamental. Leia Lucas 
24.13-31. Nesse relato, percebemos claramente que aqueles indivíduos 
não haviam· acolhido plenamente o testemunho das mulheres, que afirmavam 
que Cristo havia ressuscitado. A eles Jesus disse: "Ó néscios e tardos de 
coração para crer tudo o que os profetas disseram!" (v. 25). E então passou 
a citar muitas passagens do Antigo Testamento, mostrando como as 
Escrituras traziam a previsão daqueles acontecimentos. O texto diz ainda: 
"E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-
lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (v. 27). Notemos 
como Cristo baseou seus argumentos no livro conhecido como "as Escrituras" 
e também como "Moisés e os Profetas". Este último é um designativo do 
Antigo Testamento comumente encontrado nos manuscritos do mar Morto 
e também no Novo Testamento. Esse termo ou "a Lei e os Profetas" aparece 
várias vezes no Novo Testamento, com pequenas variações. Jesus estava 
declarando que os discípulos deveriam ter crido naqueles escritos. 
O texto de Lucas 16.29-31 apresenta esse ensinamento de maneira 
veemente. Na parábola sobre o homem rico e Lázaro, Jesus dá grande ênfase 
à necessidade de crermos na Palavra de Deus. O homem rico foi condenado 
ao tormento eterno, do qual não havia escapatória nem alívio. Lázaro, o 
mendigo, por sua vez, encontrava-se em um lugar de bênção eterna. O 
homem rico rogou que Abraão enviasse Lázaro de volta, para alertar seus 
cinco irmãos. Cristo cita a resposta do patriarca demonstrando sua óbvia 
aprovação: "Eles têm Moisés e os Profetas", isto é, o Antigo Testamento. O 
homem condenado ao tormento eterno implorou novamente que seus irmãos 
recebessem um testemunho especial e miraculoso. Abraão respondeu: "Se 
não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda 
que ressuscite alguém dentre os mortos" (v. 31.). 
Notemos a força e a pertinência desse argumento. O testemunho do 
Antigo Testamento é mais valioso do que o de um indivíduo vindo do 
além. Os líderes judeus, através de suatradição, haviam anulado a palavra 
do Senhor. Vemos também como essa verdade transparece em outros fatos 
posteriores. Nem as ressurreições de Lázaro, de Betânia, e a do próprio 
Cristo foram suficientes para convencer os líderes judeus. O testemunho 
da Lei e dos Profetas é definitivo, exatamente como Jesus afirmara. 
Outras passagens bíblicas confirmam isso. Em João 10.33-39, Jesus 
cita o texto de Salmos 82.6, chamando esse versículo de "vossa lei". Ele 
prossegue argumentando que, como "a Escritura não pode falhar", ela servia 
POR QUE OS CRISTÃOS crセem@ NA BÍBLIA? - O ANTIGO TESTAMENTO 
para justificar o que ele dizia. Não pretendemos aqui considerar a clara 
afirmação de Cristo quanto à sua divindade. Desejamos, porém, chamar 
atenção para o fato de que Jesus baseou seus argumentos nas Escrituras, 
que não podem falhar. Ele fundamentou sua defesa na palavra deuses. Essa 
única palavra, por constar nas Escrituras, era algo tão certo que Jesus pôde 
usá-la como base para sua afirmação. 
"Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; 
porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, 
como crereis nas minhas palavras?" (Jo 5.46, 47). Nessa passagem, Cristo 
refere-se a Moisés como o autor dos primeiros cinco livros do Antigo 
Testamento - também chamados Pentateuco-, e afirma que devemos 
crer nesses escritos. Na verdade, Jesus faz uma estreita ligação entre o fato 
de crermos nos escritos de Moisés e a necessidade de crermos em suas palavras. 
Dessa forma, duvidar do Antigo Testamento é o mesmo que duvidar de 
Jesus. Se cremos nele, também devemos crer no Antigo Testamento. Essas 
passagens ensinam sobre a importância de crermos no Antigo Testamento, 
bem como acerca do perigo de negá-lo. 
Há outras provas disso em Mateus 5.17-19 e Lucas 16.16, 17. 
Pedimos ao leitor que confira essas passagens. Elas demonstram claramente 
que Cristo referia-se ao Antigo Testamento ou à "Lei e os profetas". Esse 
termo era usado para designar, de maneira específica, os 39 livros do Antigo 
Testamento presentes no cânon que usamos hoje. Esse compêndio, ou "a 
Lei", é reconhecido como perfeito em todo o seu registro. A declaração 
mais estupenda em relação ao Antigo Testamento é a seguinte: "E é mais 
fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei" (Lc 16.17). 
Mateus foi ainda mais explícito, afirmando que ela é perfeita até a "menor 
letra ou o menor traço" (NVI). É interessante comparar essas passagens com 
o que Jesus disse a respeito de suas próprias palavras. Disse ele: "Passará o 
céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mt 24.35; Lc 21.33). 
Notemos que Jesus não se referia à preservação do meio em ·que seriam 
registradas, pois muitos dos documentos originais já se deterioraram. Ele 
falava da verdade e do poder eternos presentes na Palavra. 
Algumas pessoas fazem objeção à afirmação presente em Mateus 
5 .17, dizendo que Jesus, na seqüência do texto, contradiz as Escrituras. A 
respeito disso é suficiente afirmar que tal fato não ocorreu. Cristo não estava 
contradizendo o Antigo Testamento, mas sim negando a interpretação 
tradicional, transmitida pelos escribas. No versículo 43, por exemplo, lemos: 
"Ouvistes que foi dito" [e não "o que está escrito"]: "Amarás o teu próximo 
e odiarás o teu inimigo". Apenas a primeira parte dessa citação (Lv 19.18) 
consta do Antigo Testamento. O trecho seguinte não está presente nas 
Escrituras.Jesus contradisse esse acréscimo feito pelos fariseus. Em versículos 
semelhantes, podemos demonstrar que Jesus não contrariou o Antigo 
Testamento em si. Ele criticava os acréscimos, os erros de tradução e as 
·-.... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセセセセセセセセセセセ@
deturpações feitas pelos escribas.Jesus honrava o Antigo Testamento como 
a genuína Palavra de Deus. 
A atitude de Jesus com relação ao Antigo Testamento também é 
clara em muitas referências genéricas. Ele citou as Escrituras para expulsar 
Satanás (Mt 4.4, 7, 10). Deu início ao seu ministério em Cafarnaum, ao ler 
Isaías na sinagoga (Lc 4.16-19). Ele declarou à congregação reunida: "Hoje, 
se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir" (Lc 4.21). Disse aos saduceus 
que estes erravam "não conhecendo as Escrituras" {Mt 22.29). Apelou 
para o Antigo Testamento com o intuito de justificar suas ações no sábado 
(Mt 12.5), sua atitude ao expulsar os cambistas do templo (Mt 21.13) e o 
fato de ter aceitado o louvor do povo em sua entrada triunfal em Jerusalém 
(Mt 21.16). Declarou que deveria sofrer, como estava previsto nas profecias 
{Lc 18.31-34). Afirmou também que a ação de Judas havia sido profe-
tizada {Me 14.21; Jo 13.18; 15.25). Jesus recusou-se até mesmo a recor-
rer à ajuda dos anjos, pois do contrário não "se cumpririam as Escrituras" 
(Mt 26.54). Suas atitudes como um todo demonstravam que ele era submisso 
à Palavra. Isso fica claro em um versículo notável: "Para que se cumpram 
as Escrituras" (Me 14.49). Logo, se Jesus aceitava o Antigo Testamento, 
quem somos nós para questioná-lo ou negá-lo? Os cristãos devem crer na 
Palavra de Deus e prestar-lhe obediência. 
Podemos apresentar várias outras provas. Jesus aceitava os ensinos 
do Antigo Testamento bem como sua aplicação; a história nele relatada e 
também as doutrinas ali contidas. Acreditava em tudo o que ali está escrito. 
Referiu-se à história de Jonas e o peixe (Mt 12.40), à criação de Adão e 
·Eva pelas mãos de Deus (Me 10.6), à arca de Noé (Mt 24.38) e à mulher 
de Ló (Lc 17.32). Em todos os evangelhos e em muitas outras passagens, 
Jesus sempre nos é apresentado como um indivíduo que cria de maneira 
plena e coerente no Antigo Testamento. Hoje em dia, até mesmo os estu-
diosos mais incrédulos admitem que Cristo realmente cria no Antigo Tes-
tamento. Eles é que não têm fé em Jesus. Todavia, para os cristãos, basta 
o testemunho do Mestre. 
A APROVAÇÃO DOS APÓSTOLOS 
Podemos encontrar mais uma confirmação através da atitude dos 
apóstolos, que foram instruídos por Cristo. Um exemplo magnífico está na 
segunda epístola de Paulo a Timóteo. Essa foi a última carta do apóstolo e 
contém muitas advertências sérias. Paulo incumbiu Timóteo de realizar 
uma tarefa solene: "Prega a palavra" (2Tm 4.2). Para frisar essa ordem, ele 
relembra a Timóteo que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para 
o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça" 
(2Tm 3.16). 
POR QUE OS CRISTÃOS crセem@ NA BÍBLIA? - O ANTIGO TESTAMENTO 
Alguns têm questionado o significado desse versículo, mas não há 
justificativa para tanto. A palavra inspirada não significa "soprada", mas 
literalmente "soprada por Deus", ou seja, declarada pelo Senhor. Isso cancela 
qualquer dúvida com relação ao propósito das Escrituras. O apóstolo fazia 
alusão ao Antigo Testamento como um todo, a respeito do qual Timóteo 
fora instruído por sua mãe, uma senhora judia. 
A segunda epístola de Pedro é igualmente clara. Prevendo sua morte 
iminente (2Pe 1.14), ele ansiava por deixar um legado valioso. Para manter 
seus amigos firmes na fé, o apóstolo lhes recomenda a revelação profética 
das Escrituras, que jamais "foi dada por vontade humana; entretanto, homens 
santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2Pe 1.21). 
Os demais apóstolos citaram o Antigo Testamento da mesma maneira 
que Jesus. Ele declarou que foi Davi quem escreveu o texto de Salmos 110, 
inspirado pelo Espírito Santo (Me 12.36). Pedro afirmou que Davi era um 
profeta e, portanto, previu o advento de Cristo em Salmos 16 (At 2.30, 31). 
Paulo citou o texto de Isaías 6 e confirmou que o Espírito Santo falara através 
do profeta (At 28.25). O autor de Hebreus afirma o mesmo: "Havendo 
Deus [ ... ] falado [ ... ] pelos profetas" (Hb 1.1). 
A prova é cabal e satisfatória. Cristo e os apóstolos, a quem ele ensinou, 
aceitavam o Antigo Testamento como a Palavra de Deus, verdadeira e confiável. 
Notemos que os estudiosos da Bíblia não se valem do chamado 
"raciocínio circular", ou seja, não provam a veracidadedas Escrituras a partir 
das próprias Escrituras. Primeiramente, aceitam o Novo Testamento como 
um relato histórico coerente da vida e dos ensinamentos de Cristo, o que 
esses escritos claramente são. Em seguida, analisam os ensinamentos de 
Cristo, examinando a forma como provou ser ele próprio a verdade e a 
fonte da vida eterna. Todavia, Cristo ensinou ainda que os 39 livros do 
Antigo Testamento, conhecidos como "a Lei e os Profetas", eram a Palavra 
de Deus revelada, verdadeira e inerrante em seus mínimos detalhes. 
A essa doutrina, transmitida pelo próprio Jesus, chamamos inspiração 
verbal. E, a partir de sua autoridade, nós a aceitamos. Os primeiros cristãos 
também defendiam esse ensinamento, ao se referirem à Bíblia como infa-
lível ou ao falar sobre a inspiração plenária (completa, total) das Escrituras. 
Esse conceito tem sido acatado pelos cristãos de todas as épocas. E o 
argumento que lhe serve como base é o melhor de todos: o testemunho 
do próprio Cristo. 
A CONFIRMAÇÃO ATRAVÉS DOS FATOS 
Há muitos outros fatores que confirmam a inspiração divina do Antigo 
Testamento. Qyalquer pessoa que estude a Bíblia com dedicação deve estar 
atenta a essas confirmações e ser capaz de avaliá-las. 
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セMMMMMMMMMMMMGMMMMM
A confirmação pelos milagres 
Os milagres realizados pelos profetas de Deus, e relatados nas Escritu-
ras, indicam que aqueles homens transmitiram mensagens vindas do Senhor. 
A confirmação pelas profecias 
A Palavra de Deus contém centenas de profecias. Muitas delas já 
se cumpriram, tais como a dispersão do povo judeu e a pregação do evan-
gelho por todo o mundo. Outras, como a segunda vinda de Cristo, ainda 
irão acontecer. 
Desenvolveremos esse assunto com mais detalhes no oitavo capítulo. 
Entretanto, agora desejamos chamar a atenção do leitor para o fato de 
que as profecias são provas do caráter sobrenatural da Bíblia. A razão de 
sua existência é mostrar que Deus realmente falou à humanidade. O cum-
primento de uma profecia era uma das maneiras de confirmar que um 
profeta realmente falara da parte de Deus, como vemos em Deuteronômio 
18.20-22. Micaías profetizou a morte de Acabe em Ramote-Gileade e 
provou essa revelação pelo cumprimento de suas palavras (lRs 22.28.) 
Um exemplo de profecia com cumprimento de "longo prazo" foi dado 
por Isaías (Is 44.26-28), que profetizou que Ciro reconstruiria o templo 
em Jerusalém. Em geral, essas previsões são espantosamente minuciosas. 
Outros livros religiosos que não têm relação com a Bíblia não trazem 
profecias desse tipo. O Alcorão, os livros sagrados do Oriente, os escritos 
dos filósofos gregos - nenhum deles faz o que a Bíblia faz, através das 
centenas de profecias nela encontradas. Os céticos buscam explicações 
para esse fenômeno. Todavia, não há resposta satisfatória, a não ser que as 
profecias bíblicas são mensagens divinas, que não nos fornecem simples-
mente meras impressões e sentimentos, mas sim informações e revelações 
claras da parte de Deus. 
A realidade das verdades espirituais 
A Bíblia lida com realidades celestiais e espirituais tais como conversão, 
vitória em Cristo, a eficácia da oração e a comunhão cristã. Estas e um sem-
número de outras realidades divinas dão testemunho de que a Bíblia é a 
Palavra de Deus. 
O testemunho da história 
Outro argumento é que, por séculos, muitos indivíduos têm dado 
testemunho coerente do único Deus verdadeiro, mesmo quando outras culturas 
antigas estavam profundamente envolvidas com o politeísmo ou perdidas na 
iniqüidade. Se julgarmos por seus frutos, com certeza a Bíblia vem de Deus. 
POR QUE OS CRISTÃOS CRÊEM NA BÍBLIA? - O ANTIGO TESTAMENTO 
A CONFIRMAÇÃO DA FÉ 
No início deste capítulo afirmamos que algumas pessoas crêem na 
Bíblia pela razão. Isso, por si só, não é suficiente. A verdade é que nem 
mesmo os melhores argumentos são capazes de convencer um incrédulo. 
Não obstante, a fé proveniente de Deus é prova cabal de que a Bíblia é 
verdadeiramente a Palavra do Senhor. 
Isso não significa que os argumentos apresentados anteriormente 
sejam fracos ou inadequados, mas simplesmente que quem não está salvo 
encontra-se cego para o evangelho. "Coisas espirituais [ ... ] se discernem 
espiritualmente" (1Co 2.13, 14). Um daltônico não consegue diferenciar 
o verde do vermelho. Um cego não é capaz de enxergar a luz do sol. 
Apenas quando o Espírito de Deus age em nosso coração não-rege-
nerado é que nos tornamos capazes de crer plenamente na Bíblia. Aqueles 
que não são salvos podem crer que as Escrituras trazem relatos confiáveis 
ou conselhos salutares. Podem até se sentir impressionados pelo valor moral 
de seus escritos. Entretanto, apenas a operação do Espírito Santo em seu 
interior pode levá-los a enxergar a Bíblia exatamente como ela é-a revelação 
de Deus para a humanidade. 
Isso é o que chamamos de testemunho interior do Espírito Santo no 
homem. Entretanto, devemos ser cautelosos e compreender essa doutrina 
corretamente. Os cristãos não ouvem uma voz que diz: "Esse livro de 
capa preta foi inspirado por Deus". O Espírito não dá testemunho e não 
nos revela nada que vá além do que está escrito na Bíblia. Em vez disso, 
traz confirmação através da Palavra que acolhemos em nosso coração. 
Como disse Abraham Kuyper, o Espírito testemunha ao "âmago" do ser 
humano, falando dos fatos básicos de nossa salvação. A Bíblia nos mostra 
o caminho da salvação. O Espírito nos concede olhos para que a vejamos, 
aceitemos e valorizemos. 
O Espírito Santo faz nascer em nós uma fé genuína através da 
pregação e do ensino do evangelho. Ouvimos as boas novas - a vida, a 
morte e a ressurreição de Jesus. Somos convencidos do pecado pelo Espírito 
de Deus e persuadidos a crer que Cristo é o único Salvador. "Aquele que 
crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. [ ... ] E o testemunho é 
este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele 
que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem 
a vida" (1Jo 5.10-12). Assim nos convertemos e somos capacitados a 
confiar em Cristo e a crer em seus ensinamentos. Um deles é que a Bíblia 
é verdadeiramente a Palavra de Deus. Assim, quem crê se torna filho de 
Deus, um cristão. 
Nós, cristãos, "crescemos na graça" ao ler e estudar a Bíblia. Cada vez 
mais percebemos que as Escrituras são divinas. Pela fé e pela razão aceitamos 
. ....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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as verdades bíblicas a respeito de Deus, da humanidade, do pecado e do 
Salvador. O Espírito Santo usa dessas provas infalíveis para levar pecadores 
a Cristo e abrir seus olhos para "crer tudo o que os profetas disseram". 
"Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a 
vós outros que credes em o nome do Filho de Deus" (1Jo 5.13). 
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Inspiração plenária, inspiração verbal. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Usando uma concordância bíblica, localize todas as ocorrências no 
Novo Testamento da expressão "Moisés e os Profetas" ou "a Lei e os 
Profetas". 
2. セ。ャ。@ prova de que Jesus transmitiu o mesmo ensinamento a respeito 
do Antigo Testamento antes e depois de sua ressurreição? 
3. Decore dois ou três textos que demonstram que Jesus cria nas Escri-
turas. 
POR QUE OS CRISTÃOS CRÊEM NA BÍBLIA? - O ANTIGO TESTAMENTO 
4. Qyais as suas razões para crer que o Antigo Testamento é a Palavra 
de Deus? 
5. O que Jesus quis dizer com a afirmação de Mateus 5.17? 
6. Prepare um debate imaginando uma situação em que um cético 
desafia um cristão com a pergunta: "Por que eu deveria crer na Bíblia''? 
. ....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMBMMGセ@
1 ANOTAÇÕES 
Por que os cristãos 
crêem na Bíblia? 
O Novo Testamento 
O 
s cristãos que acreditam no Antigo Testamento geralmente não têm 
dificuldade em crer no Novo. Isso é perfeitamente compreensível. O 
Novo Testamento traz o relato do evangelho de Cristo e muitos deta-
lhes sobre a fundação e o desenvolvimento da igreja primitiva. Como ele foiescrito em épocas mais recentes do que o Antigo Testamento, há testemunho 
abundante por parte de indivíduos contemporâneos dos autores ou de outras 
pessoas que viveram pouco depois deles. 
Todos os que tiveram os olhos abertos pelo Espírito Santo para 
perceber as verdades do Antigo Testamento também irão acolher pron-
tamente o Novo. Entretanto, é importante apresentar provas explícitas de 
nossa crença e estudar as evidências que apontam para as verdades presentes 
no Novo Testamento. Ademais, a compreensão de seu conteúdo e de sua 
origem irá se somar ao nosso conhecimento sobre a formação do Antigo 
Testamento. 
No caso deste último, é possível encontrar citações de Cristo 
mostrando que a primeira parte da Bíblia é perfeita e completa. Entretanto, 
o mesmo não se dá com o Novo Testamento, pois foi inteiramente escrito 
após a ascensão de Jesus. Portanto, devemos estabelecer os princípios que 
sustentam nossa crença no Novo Testamento a partir do que Cristo disse 
previamente e também através do que os apóstolos registraram sobre os 
ensinamentos do Mestre. 
. ......._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMセM
O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS 
A defesa dos apóstolos com relação a esses assuntos é bastante explícita. 
Alguns céticos afirmam que eles não tinham idéia de que seus escritos 
seriam recebidos, compilados e estimados como Palavra de Deus. Na opinião 
dessas pessoas, Paulo escreveu suas cartas com uma disposição muito seme-
lhante à de qualquer um de nós, e foi apenas em épocas posteriores que elas 
foram reconhecidas como verdade divina e reunidas em um único volume. 
Essa visão nega que os apóstolos tenham recebido dons espirituais. Nega 
também que seus escritos tenham sido inspirados por Deus. Tal ceticismo 
faz oposição às afirmações decorrentes dos próprios apóstolos de que estavam 
escrevendo intencionalmente, para que seus leitores cressem neles e 
obedecessem. Por último, os críticos negam fatos históricos claros que pro-
vam que essas epístolas e livros foram recebidos e estimados não apenas 
centenas de anos mais tarde, mas já durante a era apostólica - como demons-
tram as provas que temos atualmente. 
Todavia, é necessário observar as afirmações dos apóstolos com 
atenção. Seus argumentos dizem respeito basicamente a problemas que 
haviam surgido quando igrejas desobedientes se rebelaram contra seus 
mestres. É bem sabido que isso aconteceu, principalmente em Corinto. 
Qyais as alegações de Paulo em defesa de sua autoridade dirigidas aos 
habitantes daquela cidade? 
Paulo 
De maneira sucinta, porém enfática, Paulo afirmou estar falando e 
escrevendo a Palavra de Deus. A epístola de 1 Coríntios foi especialmente 
escrita para uma igreja dividida, pecaminosa e rebelde. Alguns de seus 
membros afirmavam ter dons espirituais, mas não demonstravam isso em 
suas atitudes. Nos capítulos 12 a 14, Paulo apresenta diretrizes para o uso 
dos dons espirituais. Ele conclui com um lembrete bastante incisivo: 
"Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela 
exclusivamente para vós outros? Se alguém se considera profeta ou espiritual, 
reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo" (1Co 14.36, 37). 
Nessa passagem, o apóstolo afirma claramente ter recebido autoridade de 
Deus para escrever suas cartas. 
Em 1 Tessalonicenses, sua primeira epístola, Paulo escreve de maneira 
semelhante. Ele elogia os cristãos de Tessalônica por sua fidelidade e declara 
terem recebido suas instruções como Palavra de Deus, o que realmente 
eram, e não palavras de homens. Pouco depois, escreveu a segunda epístola 
aos tessalonicenses porque os membros daquela igreja haviam interpretado 
erroneamente a doutrina da segunda vinda de Cristo. Naquela carta, Paulo 
fala desta maneira: "Caso alguém não preste obediência à nossa palavra 
POR QUE OS CRISTÃOS CRÊEM NA BÍBLIA? - O NOVO TESTAMENTO 
dada por epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique 
envergonhado" (2Ts 3.14). O apóstolo trazia a Palavra de Deus às igrejas e 
esperava que os cristãos cressem nela e obedecessem a ela como tal. O 
segundo capítulo de 1Coríntios também é uma passagem de grande 
impacto. Em defesa de seu ministério, Paulo declara que falou "em demons-
tração do Espírito" (v.4), apresentando "a sabedoria de Deus" (v.7), que lhe 
fora transmitida "pelo Espírito" (v.10). Ele conhecia as revelações de Deus 
(v.12), e as apresentava não através de ensino humano, mas em palavras 
"ensinadas pelo Espírito" (v.13). 
É possível que isso passe despercebido, porque Paulo usa o pronome 
"nós" em algumas partes da carta. Esse pronome possivelmente referia-se a 
Paulo e aos outros apóstolos, como em 1Coríntios 4.9. Entretanto, o mais 
certo é que ele tenha-se valido do plural de modéstia para falar de si mesmo. 
Em 2Coríntios 10.8, ele afirma que aquele grupo detinha a mesma 
autoridade ("nossa autoridade") que ele alegava possuir ("a autoridade que o 
Senhor me conferiu"), como mencionou em 2Coríntios 13.10. 
Pedro 
Pedro também acreditava estar escrevendo sob a inspiração de Deus. 
Em 2Pedro, sua última carta, ele enfatiza a credibilidade do Antigo 
Testamento. O apóstolo afirma também que o dom da inspiração, concedido 
a ele e aos demais apóstolos, era idêntico ao dom que os autores do Antigo 
Testamento receberam: "Para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, 
foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e 
Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos" (2Pe 3.2; veja também 2Pe 1.16). 
Essas afirmações comprovam que devemos aceitar e crer nas Escrituras. 
Pedro aceitou os escritos de Paulo 
Ainda mais diretas são as referências que Pedro faz ao apóstolo Paulo: 
"Como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a 
sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, 
costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis 
de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também 
deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles" (2Pe 3.15, 
16). Nesse trecho, Pedro confirma que Paulo redigiu Escrituras que, à 
semelhança do Antigo Testamento, também eram passíveis de ser deturpadas, 
mas apenas para prejuízo dos leitores. Ele fez menção específica de certas 
"epístolas" de Paulo. 
Essa passagem na qual Pedro refere-se aos escritos de seu colega 
apóstolo é notável, e essa foi, provavelmente, a primeira vez que se usou o 
termo "Escrituras" ao mencionar um texto neotestamentário. Outra 
-... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セLMMMMMMMセMMセ@
ocorrência desse uso parece estar presente em 1Timóteo 5.18, onde lemos: 
"Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E 
ainda: O trabalhador é digno do seu salário". Essa citação consiste de duas 
partes. A primeira vem de Deuteronômio 25.4. A segunda é idêntica (no 
original grego) à passagem de Lucas 10.7. Parece bastante natural acreditar 
que Paulo está citando o Antigo Testamento e também o terceiro evangelho, 
referindo-se a ambos como "Escrituras". 
A terceira passagem dessa mesma natureza encontra-se em Judas 
17, 18. Ali o autor relembra seus leitores "das palavras anteriormente 
proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo". Ele cita quase 
literalmente 2Pedro 3.3. Esse trecho reforça a autoria apostólica da carta 
e sua composição em data anterior, demonstrando também o grande apreço 
que as pessoas daquela época tinham pelos apóstolos. 
João 
O testemunho derradeiro é do apóstolo João. Ao escrever seu 
evangelho, ele se identifica como o discípulo que se reclinou sobre o peito 
de Jesus durante a última ceia.João afirma que seus escritos e seu testemunho 
são verdadeiros (Jo 21.20-24). 
Em sua primeira epístola, João também apresenta uma argumentação 
detalhada do que testemunhara e afirma estar escrevendo uma mensagem 
recebida do próprio Deus (1Jo 1.1-5). Ele adverte seus leitores para a 
existência de falsos profetas e insta aos cristãos que usem de discernimento 
(4.1). Sem hesitação, escreve:"Nós somos de Deus; aquele que conhece a 
Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve" (1Jo 4.6). 
Em seu comentário bíblico, Meyer declara que essa passagem ensina que 
João e os demais apóstolos falavam da parte de Deus. 
O TESTEMUNHO DE APOCALIPSE 
Provavelmente os argumentos mais enfáticos a respeito do Novo 
Testamento sejam os que João apresenta em Apocalipse. Muitos cristãos 
aplicam esses versículos à Bíblia como um todo, mas sua referência primordial 
é ao livro de Apocalipse. Todavia, podemos interpretar esses princípios de 
maneira que englobem todo o conjunto das Escrituras. O livro que se inicia 
com as palavras "revelação de Jesus Cristo [ ... ] ao seu servo João" traz uma 
saudação (1.4, 5), assim como vemos nos escritos paulinos. O autor garante 
bênçãos a todos os que lerem, ouvirem e obedecerem ao que ali fora registrado 
(1.3). Profere também uma pesada maldição sobre os que ousarem fazer 
"qualquer acréscimo" ou "tirar qualquer coisa das palavras do livro desta 
profecia" (22.18, 19). É um anjo que esclarece a razão disso: "Estas palavras 
POR QUE OS CRISTÃOS CRÊEM NA BÍBLIA? - O NOVO TESTAMENTO 
são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou 
seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer 
( ... )Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro" 
(22.6, 7). Mais adiante (v. 10), o Senhor ordena a João que não sele esses 
escritos proféticos. Notemos o contraste entre essa afirmação e aquela regis-
trada em Daniel 12.9. Ali, Deus diz ao profeta que "estas palavras estão 
encerradas e seladas até ao tempo do fim". Na verdade, o livro de Apocalipse 
é colocado em pé de igualdade com o Antigo Testamento. Essa era a 
interpretação dos apóstolos e deve ser também a nossa atitude com relação 
ao Novo Testamento como um todo. 
O OFÍCIO APOSTÓLICO 
Como era possível que os apóstolos fizessem referência a seus próprios 
escritos como a Palavra de Deus? Encontramos a resposta na atitude de 
Cristo ao escolher pessoalmente os Doze e no fato de ter prometido que 
receberiam o Espírito Santo, para que pudessem realizar sua obra especial 
como mestres da Palavra de Deus. 
Consideremos a grandeza do ofício apostólico. O próprio Cristo 
selecionou os Doze, após uma noite de intercessão (Lc 6.12, 13). Mais 
tarde, disse-lhes: "Assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de 
Israel" (Mt 19.28). Os nomes dos apóstolos estarão gravados nas doze pedras 
que compõem o alicerce da Nova Jerusalém (Ap 21.14). A igreja foi edificada 
"sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo 
Jesus, a pedra angular" (Ef 2.20). Os apóstolos são os primeiros na hierarquia 
eclesiástica {lCo 12.28). Estes, juntamente com os profetas vete-
rotestamentários, foram ordenados para desfrutar tal privilégio. Os apóstolos 
testemunharam a ressurreição de Cristo (At 1.22), e Jesus prometeu que 
seu Espírito revelaria a Palavra de Deus a eles. 
No registro de João sobre a última ceia, bem como sobre fatos 
posteriores, o apóstolo apresenta muitas promessas preciosas (Jo 13-17) 
Em alguns casos, vemos uma clara distinção entre os apóstolos e os demais 
cristãos. Em João 17.20, Jesus orou, dizendo: "Não rogo somente por estes, 
mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua 
palavra". Os relatos de João 14.26 e 16.13 são passagens igualmente 
marcantes. Na primeira, Jesus prometeu o Espírito Santo aos apóstolos. 
Embora o Espírito habite em todos os cristãos, aquele versículo garante 
especificamente que o Consolador viria sobre os apóstolos para que se 
lembrassem das palavras que Jesus ensinara. 
É perfeitamente possível que tivessem tomado nota das mensagens 
de Jesus. Naquela época, já havia uma técnica de escrita simplificada. Pode 
ser que os apóstolos a tenham utilizado. Qyer isso tenha acontecido, quer 
--.... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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não, Jesus prometeu o Espírito Santo especificamente para trazer à 
lembrança de seus seguidores os fatos do evangelho. Ele os guiaria a toda 
a verdade (Jo 16.13). Alguns cristãos defendem que essa é uma promessa 
que se estende à igreja como um todo. Entretanto, o contexto limita clara-
mente aos apóstolos a promessa da inspiração e revelação do Espírito Santo. 
O Espírito de Deus lhes fora prometido e, como disse Jesus, "vos anun-
ciará as coisas que hão de vir". Essa não é uma revelação geral, que o 
Espírito de Deus traz a todos os cristãos, mas uma promessa específica 
feita aos Doze. 
Isso corrobora a autenticidade do Novo Testamento. Nunca deixemos 
de nos maravilhar diante da maneira como ele foi escrito. Deus, que falara 
através dos profetas, enviou seu Filho para nossa salvação. Após a ascensão 
de Cristo, a igreja neotestamentária foi estabelecida milagrosamente no dia 
de Pentecostes. Foi o próprio Cristo quem escolheu os fundadores e líderes 
dessa igreja. Eles eram os apóstolos, que receberam o dom da inspiração e a 
capacidade de realizar milagres que confirmariam seu ofício. Eles afirmavam 
falar e escrever a Palavra de Deus da mesma maneira que os profetas do 
Antigo Testamento. Referiam-se aos escritos uns dos outros com o termo 
"as Escrituras". Insistiam que esses registros deveriam ser lidos e obedecidos. 
Falavam em nome de Cristo e ensinavam com a autoridade do Mestre. 
Historicamente, todos os segmentos da igreja têm sustentado que 
devemos acatar as palavras dos apóstolos e de seus colaboradores (entre eles 
Marcos e Lucas) como Palavra de Deus. Dessa maneira, podemos justificar 
plenamente nossa declaração de que o Novo Testamento, exatamente como 
o Antigo, foi escrito por homens de Deus, movidos pelo Espírito Santo. 
O TESTEMUNHO DOS PAIS DA IGREJA 
O grande apreço pelos apóstolos era compartilhado também pelos 
chamados pais da igreja, que escreveram pouco depois da era apostólica. 
Clemente, bispo de Roma 
Em 95 d.C, Clemente, bispo da igreja em Roma, escreveu uma 
carta aos cristãos de Corinto. Nela, menciona os "ilustres apóstolos" Pedro 
e Paulo. Clemente diz que pregavam o evangelho de Cristo e foram 
confirmados na palavra com total garantia por parte do Espírito Santo. 
Defendia que ambos detinham perfeito conhecimento dos assuntos da 
igreja. Por último, acrescenta que "o bendito apóstolo Paulo" escreveu aos 
coríntios "sob a inspiração do Espírito", a respeito da oposição de certas 
facções contra eles (isto é, Pedro e Paulo) e contra "um homem que eles 
haviam aprovado" (Apolo). Fica óbvio que Clemente respeitava os apóstolos 
e cria em seus escritos. 
POR QUE OS CRISTÃOS CRÊEM NA BÍBLIA? - O NOVO TESTAMENTO 
Inácio de Antioquia 
Inácio foi contemporâneo de Clemente e bispo da igreja de Antioquia. 
Morreu como mártir entre 107 e 117 d.C. Em sua viagem para Roma, 
onde seria executado, escreveu セ・エ・@ epístolas sucintas para diferentes igrejas 
e pessoas. Em várias ocasiões, diferenciou-se dos apóstolos, considerando-os 
em maior estima. Em sua carta aos efésios, por exemplo, refere-se a Paulo, 
que também lhes havia escrito uma epístola, chamando-o "o santo, o mar-
tirizado, o que é merecidamente mais feliz". Aos romanos, Inácio escreveu: 
"Não vos entrego mandamentos, como fizeram Pedro e Paulo. Eles eram 
apóstolos; eu, porém, não passo de um condenado". 
Policarpo 
Policarpo também foi um famoso mártir que deu a vida pela causa 
de Cristo, já em idade avançada. Ele morreu aproximadamente em 155 
d.C., tendo sido cristão (como ele mesmo disse) por oitenta e seis anos. Em 
sua juventude, conheceu o apóstolo João. Inácio destinou uma de suas 
epístolas a Policarpo. A epístola de Policarpo aos filipenses, escrita por volta 
de 118 d.C., contém citações de cerca de metade dos livros do Novo 
Testamento. Ele diz que os apóstolos são semelhantes aos profetas do Antigo 
Testamento. Declara também que não conseguia "alcançar a sabedoria do 
bendito e glorioso Paulo", que também havia escrito aos cristãos de Éfeso. 
Ele fez referência ao martírio de Inácio, mas reservoua categoria de apóstolo 
apenas a Paulo e a outros como ele. 
Outros pais da igreja 
Outros autores, entre eles Papias, Ireneu e Tertuliano, deixaram 
referências mais específicas sobre esses assuntos, de maneira que temos um 
testemunho bastante amplo dos homens da geração pós-apostólica. 
Cronologia de alguns pais da igreja e de escritos importantes 
95 d.C. 
117 d.C. 
117 d.C. 
130 d.C. 
145 d.C. 
145 d.C. 
160 d.C. 
160 d.C. 
170 d.C. 
200 d.C. 
Clemente de Roma 
Inácio 
Epístola de Policarpo 
Epístola de Barnabé 
Papias 
Justino Mártir; Barnabé; Hermas 
Pastor de Hermas 
Didaquê ou Ensino dos Doze Apóstolos 
Ireneu, Cânon Muratoriano 
Tertuliano, Clemente de Alexandria 
·--. _k INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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1 enriquZZZLセdo@ O VOCABULÁRIO l 
Apóstolo, Clemente, pais da igreja, 
Inácio, Policarpo, Apocalipse. 
1 pergセセュAZGュA@ DE RECAPITULAÇÃO l 
1. Compare a lista de apóstolos registrada em Mateus 10.2-4, Lucas 
6.14-16 e Atos 1.13, 26. 
2. Olie argumento Paulo apresenta em lCoríntios 2.13 e lTessalo-
nicenses 2.13 para afirmar que seus escritos são verdadeiros? O que 
ele diz com respeito à inspiração de seus ensinamentos públicos? 
3. Oliais as duas passagens do Novo Testamento que fazem referência a 
outros livros neotestamentários como "Escrituras"? 
4. Para ser considerado apóstolo um indivíduo devia ter sido testemu-
nha da ressurreição de Jesus. Como foi possível a Paulo receber esse 
título (lCo 15.8, 9)? 
POR QUE OS CRISTÃOS CRÊEM NA BÍBLIA? - O NOVO TESTAMENTO 
5. Hoje em dia, alguém pode ser chamado apóstolo? セ・@ razões o lei-
tor pode apresentar para defender sua resposta (At 1.22)? 
6. セ・@ maldições sobrevirão a quem alterar o texto das Escrituras, 
segundo o livro de Apocalipse? O que está prometido aos que lerem 
esse livro e guardarem seus ensinamentos? 
7. セ・@ razões há para crermos que o Novo Testamento foi inspirado 
por Deus, à semelhança do Antigo? 
8. Estude a cronologia apresentada acima. 
1 ANOTAÇÕES 
Quem escreveu o 
Antigo Testamento? 
D 
eus poderia ter comunicado sua vontade e suas obras a nós de inú-
meras maneiras. Ele escolheu usar o relato bíblico para nos revelar 
sua sabedoria e verdade. Como sabemos, antes dos dias de Moisés, 
Deus falou a Adão, Caim, Enoque, Noé, Abraão e vários outros. Esses 
homens comunicaram a Palavra de Deus aos seus semelhantes através da 
linguagem oral. Suas mensagens aparentemente não foram registradas por 
escrito. Na verdade, alguns deles proferiram seus discursos em épocas em 
que ainda nenhuma forma de escrita havia sido inventada. Mais tarde, porém, 
Deus comissionou alguns indivíduos para que escrevessem a mensagem 
que lhes entregara. 
Estudando a doutrina da inspiração, percebemos que Deus registrou 
as Escrituras sagradas por intermédio de seu Espírito. A Bíblia é uma 
biblioteca divina compilada por vários autores humanos. Nosso propósito é 
estudá-los, mas devemos sempre nos lembrar de que a Palavra de Deus é 
um livro único, escrito por um único autor, o Espírito Santo. Ela apresenta 
um tema principal (a redenção da humanidade) e uma grandiosa seqüência 
de acontecimentos (as obras de Deus para a salvação do ser humano pecador). 
MOISÉS 
O primeiro autor das Escrituras foi Moisés, sobre quem Deus afirmou: 
"Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas" (Nm 12.8). Ele 
. ......_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMセ@
escreveu os cinco primeiros livros aos quais chamamos Pentateuco ou Lei 
de Moisés. O termo hebraico para designar esses livros é Torá (Lei). Moisés 
também foi o autor do salmo 90. 
Nunca devemos menosprezar nem minimizar a ação do Espírito Santo, 
quando mencionamos a genialidade de Moisés, porque foi o Senhor quem 
lhe conferiu inteligência e instruções. Qiiando Deus deseja realizar algum 
propósito, escolhe o homem certo para fazê-lo. E Moisés foi um desses 
homens, pois foi colocado por Deus no limiar de uma nova era. Até então, 
Deus havia lidado com indivíduos e famílias. Agora, de acordo com o que 
prometera a Abraão, faria de Israel uma nação. Através da providência divina, 
Moisés, que nasceu sob um regime de escravidão, "foi educado em toda a 
ciência dos egípcios" (At 7.22). Ele aprendera com sua mãe a respeito do 
Deus dos israelitas, pois ela cuidou de seu próprio filho como ama contratada 
pela filha do faraó. 
Na corte real, Moisés aprendeu a ler e a escrever e foi instruído na 
cultura egípcia. Falava a língua do Egito e o acadiano (da Babilônia), além 
do hebraico, sua língua materna. Ele provavelmente estudou os clássicos 
babilônios, administração pública e ciência militar. Mais tarde, ele se valeria 
de todo seu preparo e de sua capacidade nata, quando Deus faria dele o 
líder da nação, o juiz de Israel, o capitão do exército, o arquiteto do taber-
náculo, o poeta do povo e o profeta e legislador divino. Moisés foi real-
mente um vaso escolhido, um homem de Deus! 
Moisés nasceu provavelmente em 1520 a.C., durante um dos períodos 
mais prósperos da história egípcia. Seus escritos são conhecidos e admirados 
em todo o mundo. Foi ele quem deu início à extensa linhagem dos profetas 
do Antigo Testamento, que revelaram a vontade de Deus a Israel por mais 
de mil anos. 
A LINHAGEM PROFÉTICA 
Deus providenciou certos critérios pelos quais os profetas deveriam 
ser provados. (Dt 13 e 18.) Os falsos profetas eram aqueles cuja mensagem 
não estava de acordo com a verdadeira revelação já entregue, cujas predições 
não se cumpriam. O texto de Êxodo 4.1-5 demonstra que os milagres 
também serviam para dar crédito à mensagem do profeta. Através desses 
parâmetros, o povo de Israel podia saber quem eram os genuínos arautos de 
Deus e quais eram os falsos. Todos os verdadeiros profetas representavam 
Jesus Cristo, o grande Profeta que havia de vir. 
Não sabemos os nomes de todos eles, mas muitos nos são conhecidos. 
Samuel escreveu pelo menos um livro a respeito do reino, na época em que 
Saul fui ungido rei (lSm 10.25). Ele registrou a história do reinado davídico 
(1Cr29.29) e fez muitas profecias. Davi, excelente cantor e rei extraordinário, 
também foi profeta (At 2.30). Escreveu cerca de metade do livro de Salmos. 
QUEM ESCREVEU O ANTIGO TESTAMENTO? セ@ __.-· 
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Entre os dias de Davi e os de Malaquias houve dezenas de outros profetas. 
Nesse grupo encontram-se Elias e Eliseu, por volta de 850 a.C.; Isaías, 
Oséias e Joel, por volta de 725 a.C.; Jeremias, Naum, Habacuque e 
Sofonias, por volta de 600 a.C.; Ezequiel, Daniel e outros, durante e 
após o cativeiro, em cerca de 400 a.C. 
Houve ainda uma sucessão de outros profetas menos conhecidos, 
que registraram a história da época. Seus nomes figuram em vários versículos 
nos livros de 1e2Crônicas. Durante o reinado de Davi (1Cr 29.29), lemos 
sobre Samuel, Natã e Gade. No tempo de Salomão (2Cr 9.29), há referência 
a Aías e Ido. Em 2Crônicas 12.15, aparece Semaías em meio ao relato 
sobre Roboão. Entre outros profetas encontram-se Jeú, filho de Hanani, 
que escreveu sobre o rei Josafá (2Cr 20.34), e Isaías, que registrou os fatos 
do reinado de Uzias e Ezequias (2Cr 26.22 e 32.32). Além desses, muitos 
outros profetas também são citados. 
A maioria dos livros do Antigo Testamento foi escrita por profetas 
cujos nomes conhecemos. Os outros estão incluídos na "palavra profética" 
confirmada (2Pel.19) e nos "profetas que se lêem todos os sábados" (At 
13.27). Mediante o exame do Antigo Testamento revelam-se muitos 
detalhes dos escritos desses indivíduos. 
A história de Israel que vai do período do Pentateuco até a era davídica 
está relatada nos livros deJosué,Juízes, Rute e possivelmenteJó. Não sabemos 
com certeza quem escreveu o livro de Josué, mas provavelmente ele é o 
autor de todo o livro ou de pelo menos parte dele. Ele era cheio do Espírito 
(Dt 34.9), o povo o respeitava, à semelhança de Moisés (Js 4.14), e ele 
escreveu as palavras da aliança no Livro da Lei de Deus (Js 24.26). Ele se 
valia do "jargão" profético: "Assim diz o SENHOR" (Js 24.2). Um dos livros 
apócrifos,escrito durante o período intertestamentário, refere-se a Josué 
como "o sucessor de Moisés na transmissão de profecias" (Eclesiástico 46.1). 
Juízes e Rute relatam os fatos ocorridos desde Josué até Sansão. O 
primeiro livro demonstra a maldade daqueles dias (Jz 17-21). Rute traz 
um belo relato sobre pessoas que temiam a Deus e preservaram a fé durante 
uma era de trevas. Ela foi a bisavó de Davi. Os livros de Juízes e Rute 
formam um único volume nas Escrituras hebraicas e provavelmente foram 
escritos ao final do período histórico que relatam. 
O livro de Jó merece considerações especiais. Teólogos mais 
conservadores acreditam que ele seja bastante antigo, provavelmente escrito 
antes de Moisés. A base para essa afirmação é o fato de que o livro não faz 
menção ao culto no tabernáculo. Lemos que Jó oferecia sacrifícios na casa 
de seus filhos, prática semelhante ao culto privativo que Abraão prestava. 
Outros estudiosos ligam o livro de J ó a um período muito posterior. Baseiam 
seus argumentos no estilo do livro e na teologia apresentada. Esses são os 
mesmos argumentos comumente usados para defender a datação mais recente 
de outros livros que a Bíblia afirma especificamente terem sido escritos em 
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épocas mais antigas. Não podemos aceitar esses argumentos, porque atribuem 
aos livros uma data de composição recente demais. 
Davi, que viveu por volta de 1000 a.C., é o principal autor do livro 
de Salmos. Hemã, Asafe e outros são mencionados como profetas de Deus 
(1Cr 25.5; 2Cr 29.30). Dezoito salmos não têm título, mas a Septuaginta 
relaciona a autoria de alguns deles a Ageu, Zacarias e outros. 
Salomão escreveu Eclesiastes, Cântico dos Cânticos (Cantares de 
Salomão) e a maior parte de Provérbios. Hoje é possível situar o reino de 
Salomão entre 960 e 920 a.C. Descobertas arqueológicas demonstram que 
seu reinado coincide com o período de maior prosperidade em Israel. Salomão 
instituiu e incentivou a adoração a Deus no novo templo. Ele foi o autor 
adequado para os livros que os judeus chamam de Literatura de Sabedoria. A 
importância do livro de Provérbios está no fato de que "o temor do SENHOR é 
o princípio da sabedoria" (Pv 9 .10). Ele não é meramente um livro de máximas 
resultantes da experiência de vida. Ele contrasta o bem e o mal e demonstra a 
necessidade de confiarmos no Senhor (Pv 22.19). Em Provérbios, o "sábio" é 
o homem temente a Deus, e o "tolo" é o pecador. É possível que os últimos 
capítulos, chamados "profecias'', escritos por indivíduos que desconhecemos 
(Pv 30.1; 31.1), tenham sido acrescentados mais tarde. 
Eclesiastes, livro bastante filosófico, propõe a seguinte questão: "(hial 
é o principal propósito do homem?" Seu autor apresenta várias respostas pouco 
satisfatórias e as examina. A conclusão do "Pregador, filho de Davi, rei de 
Jerusalém" é: "Teme a Deus e guarda os seus mandamentos" (Ec 12.13). 
Cântico dos Cânticos de Salomão é um poema sobre o amor genuíno, 
que simboliza o amor de Deus por seu povo. Podemos resumi-lo com as 
palavras "o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme 
[ ... ] As muitas águas não poderiam apagar o amor" (Ct 8.6, 7). 
Os escritos de Salomão, compostos em sua juventude, foram incluídos 
nas Escrituras sobre as quais se afirma terem sido dadas por "seus profetas" 
(Rm 1.2). Há uma citação do livro de Provérbios nos manuscritos do mar 
Morto, datados do segundo século antes de Cristo, que é introduzida pela 
expressão "está escrito", reservada apenas aos textos bíblicos. 
Três grandes ciclos de atividade profética completam o Antigo 
Testamento. Por volta de 700 a.C., Deus levantou homens notáveis para 
advertir e consolar Israel durante o domínio assírio. Entre eles estão Isaías, 
o profeta evangélico, e vários profetas menores. Joel, Amós e Jonas talvez 
tenham sido os mais antigos. Isaías, Oséias e Miquéias vieram logo em 
seguida. Obadias não informa expressamente uma data, mas pode ser 
incluído nesse período por causa de sua localização tradicional entre Amós 
e Jonas. Desses, Oséias e Amós profetizaram no reino do norte, que sucumbiu 
definitivamente em 721 a.C., após seguidas invasões pelos assírios. 
Durante um século, começando por volta de 625 a.C., Jeremias 
ministrou ao reino de Judá já em declínio. Esse período também marcou a 
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presença de três profetas menores: Naum, Habacuque e Sofonias. Todos 
eles previram a queda de Nínive, capital do império assírio, que se deu em 
612 a.C. Pouco tempo depois, Nabucodonosor levou a Babilônia ao auge 
do poder. Ao expandir suas conquistas para o oeste, derrotou o Egito e 
finalmente destruiu Judá em uma série de ataques (604, 597 e 586 a.C.). 
Um grupo insignificante de judeus foi levado para o cativeiro na Babilônia, 
fato que marcou o fim da independência da nação judaica, até o ano de 
1948 de nossa era. 
Durante o exílio, Ezequiel e Daniel profetizaram ao remanescente 
que seguiu para a Babilônia. Esses homens empenharam-se bastante para 
manter viva a fé genuína do povo naquela época de trevas. Suas profecias 
que falavam do Messias como a esperança de Israel trouxeram novamente à 
luz as grandes revelações messiânicas de Davi, Isaías, Miquéias e outros. 
Após o exi1io, os judeus retornaram à Palestina em três estágios. Em 
538 a.C., Ciro permitiu que os israelitas voltassem, sob a liderança de 
Zorobabel. Nessa época, Ageu e Zacarias profetizaram ao povo em Jerusalém, 
incentivando-o a construir o segundo templo, em 516 a.C. Nesse mesmo 
período, o livro de Ester foi escrito na Mesopotâmia. Seu propósito principal 
era demonstrar a providência de Deus e seu cuidado para com os cativos 
que haviam permanecido no exílio, bem como enfatizar os perigos aos quais 
os judeus estavam expostos enquanto viviam sob o domínio dos reis pagãos 
da Pérsia. O massacre de Hamã provavelmente preparou muitos judeus 
para os estágios seguintes do retorno à Terra Prometida. Estes aconteceram 
em 456 e 444 a.C. 
Esdras e Neemias retornaram para reconstruir a cidade e os muros. 
Os primeiros capítulos de Esdras mencionam o retorno anterior de 
Zorobabel, ocorrido em 538 a.C. O restante do livro, bem como o livro de 
Neemias, contam a história de Israel até cerca de 400 a.C. Malaquias, o 
último dos profetas menores, concluiu o registro do Antigo Testamento 
também por volta desse ano. Após esse período, a voz profética silenciou. 
De acordo com a tradição e a história judaica, não houve nenhum profeta 
até que João Batista apareceu anunciando a chegada de uma nova era. 
Portanto, o Antigo Testamento foi escrito de 1400 a.C. até 400 a.C. 
por mais de vinte autores conhecidos e alguns desconhecidos. O Antigo 
Testamento que possuímos foi convenientemente dividido em cinco grupos 
de livros. Essa divisão é uma modificação da Bíblia em latim a partir da 
Septuaginta. Os cinco grupos perfazem um total de 39 livros: 
5 Livros da Lei 
12 Livros Históricos 
5 Livros Poéticos 
5 Profetas Maiores 
12 Profetas Menores 
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Datas de composição dos livros do Antigo Testamento 
a.e. 
1400 
1400 
1350 
1050 
1000 
1000 - 575 
950 
750 - 700 
625 - 575 
600 - 539 
539 - 515 
475 
456 - 400 
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, 
Deuteronômio 
Jó (?) 
Josué 
Juízes, Rute 
Salmos (a maioria) 
1 e 2Samuel; 1 e 2Reis 
Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos 
Isaías, Oséias, Joel(?), Atnós, Obadias (?) 
Jonas, Miquéias 
Jeremias, Naum, Habacuque, Sofonias 
Ezequiel, Daniel 
Ageu, Zacarias 
Ester 
1 e 2Crônicas, Esdras, Neemias, Malaquias 
O Antigo Testamento hebraico tem atualmente três divisões - a Lei, 
os Profetas e os Escritos. Há cinco livros da Lei, quatro livros de profetas 
anteriores, quatro livros de profetas posteriores (os doze profetas menores são 
contados como um único livro) e onze livros de Escritos. O total de vinte e 
quatro livros inclui, em várias disposições, exatamente os 39 livros do Antigo 
Testamento que conhecemos.A atual divisão tripartite deve-se provavelmente ao uso litúrgico e 
talvez remonte ao ano 200 d.C. Antes disso também havia uma divisão em 
três partes Quntamente com uma divisão dupla - a "Lei e os Profetas"), mas 
o conjunto de livros que as formavam era diferente. Dois dos livros mais 
curtos foram combinados com outros. Josefa (veja mais adiante) relaciona 
cinco livros da Lei, treze Profetas e outros quatro livros na terceira divisão. 
Nos manuscritos do mar Morto há uma referência ao conjunto inteiro 
de livros como a "obra de Moisés e os Profetas". Jesus fez menção a esse 
livro após sua ressurreição, quando desafiou os apóstolos a "crer tudo o que 
os profetas disseram" (Lc 24.25). 
OS LIVROS APÓCRIFOS 
Outros sete livros completos e alguns acréscimos constam da Bíblia 
católica. A esses livros chamamos apócrifos. Se estudarmos sua origem 
entenderemos por que não foram incluídos no cânon protestante. 
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Os nomes dos livros apócrifos 
Os livros apócrifos foram obviamente escritos durante o período 
intertestamentário. Apenas um deles é datado. Dois livros, a saber Judite e 
Tobias, relatam as invasões assíria e babilônia. Outros dois, 1 e 2Macabeus, 
relatam a guerra da independência dos judeus, por volta de 165 a.C. Ainda 
outros dois são livros de sabedoria - Eclesiástico e Sabedoria de Salomão. 
Um deles é um adendo ao texto de Jeremias. Há também acréscimos curtos 
ao livro de Ester e de Daniel. 
Os outros livros escritos nesse período não são aceitos pelos católicos 
nem pelos os protestantes. Eles relatam a história e o pensamento do período 
intertestamentário. Entre eles estão Enoque, Jubileu e o Testamento dos 
Doze Patriarcas. Havia fragmentos deles entre os manuscritos do mar Morto. 
Esses livros não foram aceitos como parte das Escrituras. Têm seu valor, 
mas não constam do cânon. 
Josefo, o historiador judeu 
Como podemos ter certeza de que esses livros não deveriam ter sido 
incluídos no cânon do Antigo Testamento? É certo que não constavam das 
Escrituras aceitas e usadas por Cristo e pelos apóstolos. O historiador judeu 
Josefo, que escreveu por volta de 90 d.C., viveu durante a época da queda 
de Jerusalém, no ano 70 de nossa era. Ele relata em sua autobiografia que o 
imperador Tito lhe entregou os rolos sagrados, que haviam sido retirados 
do templo em Jerusalém, quando este foi pilhado pelos soldados romanos. 
Josefo era um indivíduo qualificado para conhecer o cânon vigente nos dias 
de Jesus. Em um de seus escritos mais importantes, ele afirma: 
Não temos um sem-número de livros que discordam e contradizem 
um ao outro, mas sim apenas vinte e dois livros que contêm todo o registro dos 
tempos passados, os quais são corretamente considerados divinos. Destes, 
cinco são da autoria de Moisés e trazem as leis e as tradições a respeito da 
origem da humanidade até a morte desse patriarca. Esse intervalo de tempo 
corresponde a pouco menos que três mil anos. Da morte de Moisés até o 
reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, sucessor de Xerxes, os prqfetas, que vieram 
depois de Moisés, escreveram, em treze livros, o que ocorreu naquela época. 
Os quatro livros restantes contêm hinos a Deus e preceitos para a conduta 
humana. É verdade que nossa história tem sido minuciosamente registrada 
desde Artaxerxes, porém não se considera que possua a mesma autoridade 
atribuída aos escritos anteriores de nossos antepassados. Isso se deve ao fato de 
que não houve uma sucessão exata de prqfetas desde aquela época. Nossa 
atitude para com esses registros demonstra claramente a forma como contamos 
esses livros de nossa nação em alta estima. Durante todas as épocas passadas, 
ninguém teve a ousadia de acrescentar nem de retirar algo deles, muito 
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menos de introduzir qualquer mudança nesses livros. É algo natural para 
todo judeu, desde seu nascimento, apreciar esses livros por conterem doutrinas 
divinas, segui-los fielmente e, se necessário, estar disposto a morrer por eles. 
Essa citação revela várias verdades. Primeira, que os judeus acre-
ditavam na inspiração verbal. Segunda, que receberam os livros canônicos 
porque foram escritos pelos profetas. Terceira, que era sabido que os livros 
apócrifos e outros documentos não eram de autoria dos profetas. Qiiarta, 
que o cânon judaico incluía apenas os 39 livros do Antigo Testamento 
que temos hoje. Qiiinta, e muito importante, que Josefa apresenta a pri-
meira e única lista dos livros do Antigo Testamento de que se tem notícia 
antes de 170 d.C. Eles eram divididos em três grupos, diferentes das 
divisões adotadas pelos judeus em períodos posteriores e encontradas nas 
Bíblias hebraicas atuais.Josefa relacionou o Pentateuco em primeiro lugar, 
depois todos os livros proféticos e históricos, e em seguida os quatro livros 
poéticos e de instrução (provavelmente Salmos, Provérbios, Cântico dos 
Cânticos e Eclesiastes). Em sexto lugar, vemos ainda que Josefa dava 
proeminência à autoria profética dos livros bíblicos. 
O Novo Testamento contém citações de praticamente todos os 39 
livros canônicos, mas nenhuma dos apócrifos. Jesus se referiu ao Antigo 
Testamento como a "Lei de Moisés'', os "Profetas" e os "Salmos" (Lc 24.44). 
Muitas passagens do Novo Testamento trazem citações do Antigo dividido 
em duas partes - a Lei e os Profetas ou Moisés e os Profetas. (Mt 5.17; 
Lc 16.29; 24.27.) Entretanto, não há uma única menção dos livros apócrifos. 
Os manuscritos do mar Morto 
Os manuscritos do mar Morto apresentam mais uma confirmação 
desses fatos. Neles há indicação de que as Escrituras são as palavras de Moisés 
e dos Profetas. Embora tragam citações de muitos livros do Antigo 
Testamento, os quais consideram Escrituras Sagradas, neles também não 
há uma única referência aos apócrifos. 
A Septuaginta 
Poderíamos considerar essa discussão encerrada, exceto por um 
problema. As cópias da Septuaginta que chegaram até nós contêm os livros 
apócrifos. Uma vez que no Novo Testamento há várias citações de passagens 
da Septuaginta, muitos estudiosos da Bíblia argumentam que o Novo 
Testamento sanciona os apócrifos. Todavia, é importante saber que as cópias 
da Septuaginta que temos hoje foram feitas em um período muito posterior, 
por volta de 325 d.C. Não há provas de que a Septuaginta original contivesse 
os livros apócrifos. Na verdade, há evidências em contrário. 
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Os primeiros pais da igreja 
A maioria dos primeiros pais da igreja não inclui os apócrifos no 
cânon bíblico. Melito, bispo de Sardes em 170 d.C., apresenta uma lista 
dos livros do Antigo Testamento numa divisão semelhante à nossa, que 
excluiu os apócrifos. Orígenes do Egito, homem extremamente culto, em 
250 d.C., também os excluiu. Jerônimo, que traduziu os livros apócrifos 
para o latim, disse explicitamente não serem eles canônicos. Apenas dois 
concílios da Antigüidade, cuja autoridade não era muito reconhecida, 
aprovaram os livros apócrifos. Outro concílio, de uma época posterior, foi 
o de Trento, realizado em 1545. Nele, os católicos, ao fazerem oposição 
aos protestantes, defenderam que os livros apócrifos eram inspirados por 
Deus. É provável que seja esse um dos grandes pontos fracos da teologia 
católica romana. 
Cremos que os 39 livros do cânon do Antigo Testamento são a 
Palavra de Deus inspirada. Os apócrifos não o são. Eles foram aprovados 
por Jesus e pelos apóstolos, mas o mesmo não se deu com os demais livros. 
A maioria dos 39 livros é de autoria dos profetas. Se 1 e 2Samuel e 1 e 
2Reis foram trabalho de uma sucessão de profetas como mencionado em 
Crônicas (1Cr 29.29; 2Cr 9.29; 12.15; 20.34; 26.22; 32.32), e se 
Salomão recebeu visões como profeta de Deus, então pelo menos 30 livros 
do Antigo Testamento foram escritos por profetas. Os outros nove podem 
muito bem ter sido escritos por eles também. No Novo Testamento, foram 
incluídos ao lado dos outros 30. Foram consideradosobras de profetas 
também nos manuscritos do mar Morto e por Josefo. Os apócrifos e outros 
livros não recebem aval semelhante e, portanto, não são considerados 
revelação de Deus. Podemos lê-los como fonte de informação e de 
conhecimento sobre a história e a cultura do período intertestamentário, 
ou sobre o cotidiano na época de Cristo, mas reservamos nossa fé e 
confiança aos livros aceitos por Jesus. "Eles têm Moisés e os Profetas; 
ouçam-nos" (Lc 16.29). 
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1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Livros apócrifos, Pentateuco, 
Septuaginta, Torá. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Decore a ordem dos livros do Antigo Testamento. 
2. Um profeta também podia ser rei (At 2.30) ou sacerdote (Ez 1.3)? 
3. Qyando os escritos do Antigo Testamento foram completados, que 
profeta ainda estava por vir? (Ml 4.5; Mt 17.12, 13; Lc 1.17) 
4. Compare a divisão do Antigo Testamento em cinco partes que temos 
hoje com a divisão hebraica em três partes. 
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5. Como é possível que as Escrituras hebraicas, que contêm apenas 24 
livros, incluam os 39 livros do cânon do Antigo Testamento 
protestante? 
6. O que são livros apócrifos? 
7. Por que os livros apócrifos não foram incluídos no cânon? 
8. Estude a tabela "Datas de Composição dos Livros do Antigo Testa-
mento" apresentada neste capítulo. Divida os livros de acordo com o 
período em que foram escritos nos seguintes grupos: da criação à pere-
grinação no deserto, na terra prometida, no exílio, volta do exílio. 
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1 ANOTAÇÕES 
Quem escreveu o 
Novo Testamento? 
P edro faz referência à Bíblia como um todo quando nos exorta: " ... que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram di-tas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor 
e Salvador" (2Pe 3.2). 
Olialquer estudo dos escritos neotestamentários deve enfatizar a 
importância do ofício apostólico. Tem que considerar os detalhes dos vários 
livros, as datas em que foram escritos e seus autores. Além disso, tal estudo 
estaria incompleto sem um exame da literatura cristã publicada logo após a 
era apostólica. Esses escritos apresentam evidências externas da autoria dos 
livros canônicos e também de sua aceitação e reconhecimento como parte 
da Palavra de Deus. 
OS PAIS DA IGREJA 
Nos capítulos anteriores, já mencionamos alguns pais da igreja ou 
"pais apostólicos", como são comumente chamados. Entre eles destacam-se 
Clemente de Roma, Inácio de Antioquia e Policarpo. Falamos desses 
indivíduos ao abordar o assunto da autoridade divina dos escritos do Novo 
Testamento. Eles são importantes também para determinar a autoria desses 
livros. Veremos adiante como esses homens, através de seus escritos, apóiam 
a autenticidade das cartas de Paulo e de outros apóstolos. 
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Papias 
Um importante elo nesse estudo é Papias, que viveu por volta de 140 
d.C., e nos conta como buscou diligentemente conhecer as tradições dos 
apóstolos a partir das pessoas que haviam convivido com eles. Nesse contexto, 
ele menciona sete dos doze apóstolos. É sabido que ele escreveu uma obra 
de cinco volumes a respeito dos evangelhos. Esse livro infelizmente se perdeu, 
mas algumas citações dele nos contam como os evangelhos foram registrados. 
Tais fragmentos estão preservados na História Eclesiástica, de Eusébio, escrito 
aproximadamente em 300 d.C. 
Justino 
Pouco depois de Papias, aproximadamente em 145 d.C., apareceu 
Justino. Antes de ser martirizado por sua fé, escreveu vários livros, sete dos 
quais ainda permanecem. Mais adiante neste capítulo, veremos seu teste-
munho a respeito dos evangelhos. 
Escritos gerais dos pais da igreja 
Várias outras publicações daquela mesma época são conhecidas, mas 
sua autoria é incerta. Entre elas estão a Epístola de Barnabé, o Ensino dos 
Doze Apóstolos (conhecido como Didaquê) e a alegoria intitulada O Pastor de 
Hermas. Vários outros livros mais antigos se perderam. O Evangelho da 
Verdade, escrito por volta de 140 d.C. e perdido durante muito tempo, foi 
encontrado recentemente. Em si ele não é valioso, mas apresenta um tes-
temunho excelente sobre o uso de muitos livros do Novo Testamento no 
primeiro século. 
A lista acima engloba a literatura produzida até cerca de 145 d.C., 
cinqüenta anos após a morte do último apóstolo. Os escritos que perma-
neceram são interessantes e valiosos. Eles exalam a fragrância da genuína 
devoção cristã. 
Depois do ano 170 de nossa era, os registros bibliográficos que 
sobreviveram até os nossos dias são muito mais numerosos. Um trabalho de 
Ireneu, daquele mesmo ano, consta de mais de 250 páginas de tamanho 
grande. Seus escritos têm importância especial porque ele foi pupilo de 
Policarpo e, portanto, diretamente associado com o apóstolo João. 
Há uma lista valiosa dos livros do Novo Testamento, do ano 170 
d.C., chamada Cânon Muratoriano. Infelizmente parte dela foi destruída. 
Datando de aproximadamente 200 d.C., temos os trabalhos de 
Tertuliano, que viveu no norte da .África, imediatamente abaixo do litoral 
da Espanha. Clemente de Alexandria, no Egito, foi outro que também 
publicou seus escritos por volta dessa época (veja quadro cronológico no 
final do capítulo 3). 
QUEM ESCREVEU O NOVO TESTAMENTO? セ@ .--· 
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Essas testemunhas da Antigüidade nos contam muito a respeito da 
formação do Novo Testamento. Entretanto, a tarefa do estudante da Bíblia 
é aliar o testemunho cristão antigo às evidências internas que o Novo 
Testamento apresenta sobre as pessoas que o escreveram e compilaram. 
Portanto, passemos a analisar os documentos que compõem o Novo Tes-
tamento, combinando suas evidências internas com o testemunho dos pais 
da igreja, acima introduzido. 
OS ESCRITOS DE PAULO 
Os escritos de Paulo são de importância fundamental porque muitas 
de suas epístolas nos informam quando foram escritas. Treze cartas, de 
Romanos a Filemon, começam com uma apresentação que traz o nome de 
Paulo. Hoje em dia, até mesmo os estudiosos mais críticos admitem que a 
maioria dessas epístolas são da autoria do apóstolo. Não há nenhuma prova 
concreta que contrarie a autoria paulina. 
Em Gálatas, o apóstolo revela alguns detalhes a respeito de sua vida. 
Três anos após sua conversão, encontrou Pedro em Jerusalém (Gl 1.8). 
Catorze anos depois, visitou novamente essa cidade, dessa vez acompanhado 
por Barnabé e Tito (Gl 2.1). 
Essa informação e outros dados das epístolas aos coríntios e do livro 
de Atos indicam que Paulo se converteu no início da década de 30 d.C., e 
esteve com Pedro em Jerusalém por volta de 37 ou 38 d.C. O testemunho 
de Paulo a respeito dos fatos da vida de Cristo, portanto, remonta aos 
primeiros dias da comunidade apostólica em Jerusalém. Isso é de extrema 
importância, uma vez que valida o testemunho detalhado de Paulo sobre a 
ressurreição de Jesus (lCo 15.1-20). Através desse registro o leitor pode 
imaginar-se diante da tumba vazia em Jerusalém, pouco mais de cinco anos 
após Cristo ter ressurgido dos mortos. 
O livro de Atos relata os acontecimentos das três jornadas missionárias 
de Paulo e sua prisão na Palestina por dois anos, e depois em Roma, por 
mais dois anos. Várias indicações deixam claro que ele não escreveu nenhuma 
carta em sua primeira viagem ao sul da Ásia Menor. Durante sua segunda 
jornada, que o levou à Grécia, Paulo permaneceu em Corinto por apro-
ximadamente dois anos e escreveu duas epístolas, a saber, 1 e 2Tessalo-
nicenses. Devemos estudá-las à luz de Atos 18. Elas são cartas sucintas, 
enviadas depois que o apóstolo havia recebido boas notícias da igreja recém-
fundada em Tessalônica. Esses escritos reforçam a doutrina da salvação em 
Cristo (lTs 1.9, 10) e demonstram claramente a autoridade do apóstolo 
(lTs 2.13; 2Ts 3.14-17). 
Em seguida, Paulo escreveu suas cartas mais importantes. Gálatas 
provavelmente foi escrita no início de sua terceira viagem. Nessaépoca, ele 
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permaneceu em Éfeso por cerca de três anos e escreveu três epístolas -
Romanos, 1 e 2Coríntios (veja At 19). É aconselhável estudar Romanos e 
Gálatas juntos porque possuem uma semelhança na estrutura, no assunto e 
no estilo de redação. 
Ao final de sua terceira viagem missionária, Paulo foi preso em Jerusalém. 
Há um detalhe interessante no livro de Atos. Em algumas passagens, tais 
como em Atos 16.10, o autor diz que "nós" realizamos algumas jornadas. Em 
outras (At 20.13, 14), esse mesmo pronome refere-se a um grupo de mis-
sionários que seguiram viagem, enquanto Paulo tomou um caminho diferente. 
A conclusão lógica é que Atos foi escrito por um indivíduo que costumava 
acompanhar o apóstolo em suas viagens. As partes do livro em que o pronome 
aparece no plural mostram que o autor acompanhou Paulo em sua última 
viagem a Jerusalém. Certamente esse homem permaneceu livre na Palestina 
por dois anos, enquanto Paulo estava preso. Mais tarde, acompanharia o apóstolo 
em sua viagem a Roma, que terminou em um naufrágio (At 27.2), e 
permaneceu livre em Roma por dois anos, enquanto Paulo estava na prisão. 
O Cânon Muratoriano, os escritos de lreneu e outros testemunhos antigos 
afirmam que Lucas era o auxiliar do apóstolo. 
Enquanto Paulo estava no cárcere em Roma, escreveu as quatro 
importantes epístolas da prisão - Efésios, Filipenses, Colossenses e 
Filemom. Colossenses e Efésios são bastante semelhantes e, por esse motivo, 
devemos estudá-las em conjunto. 
Filipenses 1.12-25 mostra que Paulo aguardava seu julgamento e 
tinha esperança de ser posto em liberdade. Isso realmente aconteceu, por-
que em uma de suas viagens ele deixou uma capa e alguns livros em Troas 
(2Tm 4.13). Durante esse período, Paulo escreveu as epístolas pastorais 
- Tito e 1 e 2Timóteo. 1Timóteo e Tito são bastante semelhantes e 
podemos usá-las para explicar uma à outra. Ambas oferecem detalhes a 
respeito da organização das igrejas na época e as características dos vários 
ofícios eclesiásticos. 
2Timóteo foi a última epístola escrita por Paulo. Ele foi preso 
novamente e executado (2Tm 4.7, 8). No ano 95 d.C., Clemente de Roma 
disse que Paulo pregou "até o limite do extremo oeste", satisfazendo seu 
desejo de visitar a Espanha (Rm 15.24), após sua primeira prisão em Roma. 
Todas as epístolas paulinas foram usadas por autores que escreveram 
antes de 120 d.C., trinta anos após a morte do último apóstolo. Há vários 
documentos que fazem menção específica de algumas delas. 
Clemente, por exemplo, escrevendo aos coríntios, em 95 d.C., 
menciona o fato de Paulo ter escrito àqueles cristãos. Em 117 d.C., Inácio, 
em uma carta aos efésios, menciona especificamente a epístola que Paulo 
lhes escreveu ou as epístolas paulinas de modo geral. Policarpo, em carta 
destinada aos filipenses em 118 d.C., cita a epístola que Paulo lhes enviara 
e acrescenta citações de seis outras cartas de autoria do apóstolo. 
QUEM ESCREVEU O NOVO TESTAMENTO? セ@ __.-· 
セMGMMMMMMMMMMMMMセ@
Tabela das Epístolas Paulinas 
Viagens 
Primeira viagem missionária 
(apenas na Asia Menor) 
Segunda viagem missionária 
(através da Asia Menor e Grécia; 
dois anos em Corinto) 
Terceira viagem missionária 
(mesmo território da segunda; 
três anos em Éfeso) 
Prisão na Palestina 
por dois anos 
Primeira prisão em Roma 
por dois anos 
Período de liberdade 
Viagem para Troas e Espanha (?) 
Segunda prisão em Roma 
e martírio 
Epístolas 
Nenhuma epístola 
1 Tessalonicenses 
2Tessalonicenses 
Romanos 
!Coríntios 
2Coríntios 
Galátas (nessa época ou antes) 
Nenhuma epístola 
Epístolas da Prisão 
Efésios 
Filipenses 
Colossenses 
Filemon 
!Timóteo 
Tito 
Hebreus (?) 
2Timóteo 
O EVANGELHO DE LUCAS 
Lucas era bastante próximo de Paulo. Atos 1.1 explica que esse li-
vro, destinado a Teófilo, era a segunda obra do autor. Obviamente, a partir 
de Lucas 1.1-3, percebemos que o evangelho foi o primeiro livro escrito 
por Lucas. O Novo Testamento não afirma explicitamente que a autoria do 
terceiro evangelho e do livro de Atos seja de Lucas. Todavia, a partir dos 
trechos desse último livro em que o pronome pessoal aparece na primeira 
pessoa do plural (nós), fica claro que algum companheiro de Paulo realizou 
aquele registro. Além disso, as pesquisas de William Ramsey1 e outros têm 
comprovado, nos mínimos detalhes, os eventos do livro de Atos. O nome e 
título de Gálio (At 18.12), o título de Sérgio Paulo (At 13.7) e de outros 
oficiais e também alguns detalhes históricos são tão precisos que a conclusão 
1 Citado e defendido por Donald Guthrie, New Testament Introduction, vol. 3 (Downers 
Grove, Ili: InterVarsity Press, 1965), p. 321, 322. 
·-..... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMMセGMMGMMMM]MMMMMGZZNNNZ⦅⦅⦅@
natural é que esse livro é de autoria de um indivíduo que viveu na época em 
que os fatos ocorreram. Obviamente o Evangelho de Lucas foi redigido 
antes de Atos (At 1.1). 
Tanto Inácio como Policarpo fizeram uso do Evangelho de Lucas e 
de Atos. Justino Mártir citou passagens dos três evangelhos sinóticos e 
provavelmente também de João, chamando esses quatro livros de ''As 
Memórias dos Apóstolos". Ele faz uma descrição interessante de um culto 
de domingo, no qual foi lido ''As Memórias dos Apóstolos ou os Escritos 
dos Profetas", seguido de um sermão. Ele se referiu aos evangelhos como "as 
memórias que eu digo terem sido reunidas pelos apóstolos de Cristo e pelos 
seguidores destes". Nessa citação ele demonstra que os evangelhos de Lucas 
e de Marcos não são da autoria de apóstolos, embora em outras de suas 
obras ele chame esses livros de "a obra dos apóstolos". 
O Cânon Muratoriano e os escritos de Ireneu (170 d.C.) afirmam 
que Lucas escreveu um evangelho, mas o fez em uma espécie de associação 
com Paulo. Tertuliano, por volta de 200 d.C., corrobora a autoria de 
Lucas, acrescentando o fato de esse evangelho ter sido escrito sob a 
supervisão de Paulo. Ele dá a entender que podemos considerar o 
Evangelho de Lucas uma obra paulina. Os fatos parecem confirmar a 
participação do apóstolo. Em 1Timóteo 5.18, ao mencionar o salário dos 
líderes, Paulo cita trechos curtos de Deuteronômio e Lucas 10.7. Em 
1Coríntios 9.7-18, ele defende a mesma coisa, citando extensivamente o 
Antigo Testamento, mas não se vale do Evangelho de Lucas. A "Tabela 
dos Escritos Paulinos", apresentada anteriormente, demonstra que, no 
período entre a composição de 1Coríntios e 1 Timóteo, Paulo foi 
aprisionado na Palestina. Nesse ínterim Lucas permaneceu livre. Essas e 
outras provas nos levam a crer que Lucas reuniu o material necessário e 
escreveu o terceiro evangelho naquela época. O livro de Atos teria sido 
redigido pouco tempo depois, provavelmente durante a prisão de Paulo 
em Roma. Ambos os livros podem perfeitamente ser da autoria de Lucas, 
sob a supervisão do apóstolo. 
A EPÍSTOLA AOS HEBREUS 
A Epístola aos Hebreus é da autoria de Paulo? Se a resposta for 
afirmativa, quando foi escrita e como? Os estudiosos mais dedicados não 
chegaram a um consenso nessas questões. Alguns crêem que essa epístola 
foi escrita de maneira semelhante ao Evangelho de Lucas e Atos, ou seja, 
por um dos auxiliares de Paulo, sob sua supervisão. 
A Epístola aos Hebreus era conhecida e utilizada desde os dias de 
Clemente de Roma (95 d.C.). Primeiramente foi aceita por todos. Um 
tempo depois, seus ensinos foram questionados no Ocidente, sendo 
QUEM ESCREVEU O NOVO TESTAMENTO? セ@ セM
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finalmente acolhida por toda a igreja. Há pouquíssimo debate a respeito da 
canonicidade dessa obra. O principal problema tem sido a dúvida com 
relação ao autor. Em todos os lugares em que se acreditava ser de autoria 
paulina, a epístola foi aceita sem questionamento. No Egito, a tradição da 
autoria paulina chega aos dias de Clemente de Alexandria (200 d.C.), e até 
mesmo antes dele, com Panteno. À semelhança de Policarpo, Panteno alcan-
çou idade avançada e serviu de elo entrea igreja em Alexandria e a comu-
nidade cristã primitiva. 
Se consideramos a epístola como de autoria de Paulo, todos os fatos 
parecem se harmonizar. Entretanto pode ter sido escrita ou até mesmo 
traduzida por Lucas, Barnabé ou outra pessoa. Não há dúvidas quanto ao 
fato de Paulo ter-se valido de escribas, como demonstra Romanos 16.22. 
É famosa a frase bastante citada de Orígenes (250 d.C.): "Apenas Deus 
sabe ao certo quem escreveu essa epístola".2 Entretanto, se analisarmos o 
contexto, perceberemos claramente que ele se referia ao escriba e defendia 
que foi Paulo quem ditara a epístola. Em sua obra De Principiis [Dos 
princípios], Orígenes faz mais de seis referências à Epístola aos Hebreus 
como de autoria do apóstolo3, e em seu livro Ad Africanus ele diz ser 
possível provar que o autor daquela carta é realmente Paulo.4 O papiro 
Chester Beatty das epístolas paulinas é datado por volta do ano 200 d.C., 
e inclui o livro de Hebreus, situando-o entre Romanos e Coríntios. De 
qualquer maneira, provavelmente a epístola foi escrita durante o período 
final da vida de Paulo. 
O EVANGELHO DE MATEUS 
Esse é o evangelho sobre o qual temos evidências externas mais 
antigas. Ele foi usado por Clemente, Inácio, Policarpo e outros. Barnabé 
cita-o juntamente com a expressão "está escrito". Sua autoria nunca foi 
questionada na Antigüidade. Papias afirma que Mateus foi escrito em 
aramaico e que o evangelho foi posteriormente traduzido para o grego. Se 
isso for verdade, o original em aramaico se perdeu. É possível que o próprio 
Mateus tenha feito sua obra em aramaico e também em grego. Isso era 
prática comum porque na época usavam-se ambas as línguas na Palestina. 
Todavia um fato é claro: Mateus escreveu seu evangelho diretamente para 
os judeus, que eram maioria na igreja cristã primitiva. 
2 Citado por Eusébio em História Eclesiástica, vi, 25. 
3 Alexander Roberts e James Donaldson, eds., Early Church Fathers, The Ante-Nicene 
Fathers, vol. 4 (Henderson, Mass.: 1994), p. 310, 333, 361ff. 
4 Ibid., p. 388. 
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O EVANGELHO DE MARCOS 
De acordo com o testemunho de Papias, Marcos escreveu o segundo 
evangelho como auxiliar de Pedro (isto é, seu tradutor), em Roma. Justino 
Mártir fez uso desse livro. Ireneu e Clemente de Alexandria concordavam 
quanto à autoria de Marcos. As opiniões divergem sobre o fato de Marcos 
ter escrito enquanto Pedro ainda estava vivo. Tanto Papias como Clemente 
acreditam que ele escreveu seu evangelho sob a direção de Pedro. Essa é a 
conclusão mais óbvia, já que Justino inclui Marcos nas "Memórias dos 
Apóstolos". É muito difícil identificar o uso desse evangelho pelos pais da 
igreja, uma vez que a quase totalidade de Marcos também se encontra em 
Mateus ou Lucas. Muitas citações do evangelho são idênticas a trechos 
encontrados nos evangelhos de Mateus e de Lucas. Todavia o testemunho 
de Papias é positivo e bem antigo. Obviamente Marcos destinava-se aos 
gentios, provavelmente aos romanos a quem Pedro pregou. 
OS ESCRITOS JOANINO$ 
Os escritos de João constituem a maior parte do restante do Novo 
Testamento. O discípulo amado mudou-se para Éfeso e lá viveu até idade 
bastante avançada. Foi naquela cidade 9ue Policarpo o conheceu. Patmos, a 
ilha onde foi exilado, ficava próxima a Efeso. Ireneu, discípulo de Policarpo, 
conta-nos que João viveu até os dias de Trajano (98-117 d.C.). Os cristãos 
sempre gostaram dos escritos joaninos porque apresentam Cristo de maneira 
muito amorosa. A afirmação é que são de autoria do "discípulo amado". 
O estilo semelhante das epístolas reforça a defesa da mesma autoria 
de cada uma. Tanto Clemente de Roma como Inácio fazem referências ao 
Evangelho de João. Policarpo fez uso de 1João. Papias provavelmente 
conhecia esse evangelho, lJoão e Apocalipse. Justino deu testemunho da 
relação entre o Evangelho de João e Apocalipse. O Cânon Muratoriano, 
que está incompleto, cita pelo nome o Evangelho de João, Apocalipse e 
duas epístolas, provavelmente 2 e 3João. Traz ainda a citação de lJoão 1.1. 
O testemunho é mais do que suficiente. 
Todavia, temos ainda uma prova adicional. Um fragmento de papiro 
foi descoberto no Egito, em 1917, e publicado em 1931. Peritos em caligrafia 
dataram o Papiro Rylands como de aproximadamente 125 d.C., apenas trinta 
anos após a morte de João. Esse papiro contém porções de cinco versículos 
de João 18. Talvez Justino ou Policarpo tenham visto esse documento. 
Em 1957, um papiro maior que continha o Evangelho de João foi 
publicado. É conhecido como Papiro Bodmer II e foi datado como de 200 
d.C. Ele contém a maior parte do Evangelho de João. Tinha o formato de 
livro e não de rolo, e há apenas algumas páginas faltando. Essa é a porção 
QUEM ESCREVEU O NOVO TESTAMENTO? セ@ __.. 
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mais extensa do Novo Testamento já encontrada. Mais tarde outro papiro 
semelhante foi publicado. Trata-se do Bodmer XIV-XV, que contém 
praticamente todo o Evangelho de Lucas e dois terços do Evangelho de 
João em um só volume. Provavelmente ele é um pouco anterior ao Papiro 
Bodmer II. Também foi confeccionado no formato de livro e fornece um 
testemunho precioso do texto dos evangelhos e de seu uso na Antigüidade. 
PEDRO, TIAGO E JUDAS 
As epístolas de Pedro, Tiago e Judas receberam menção de apenas 
alguns teológos da Antigüidade. Entretanto, seu testemunho é positivo. 
Clemente mencionou Tiago, Policarpo fez alusão a 1 e 2Pedro, e Papias 
falou a respeito de lPedro. O Cânon Muratoriano menciona a epístola de 
Judas. Tertuliano nos assegura que Judas foi escrito por um apóstolo. O 
texto de 2Pedro traz fortes evidências internas. Nele lemos que essa é a 
segunda epístola de Pedro, o apóstolo que presenciou a transfiguração de 
Cristo (1.1, 18; 3.1, 2). É de igual interesse o fato de Judas citar a epístola 
de Pedro (vv. 17, 18), afirmando ser obra de um apóstolo (2Pe 3.3). Outro 
Papiro Bodmer (v11-1x), datado como anterior a 300 d.C., está agora 
disponível e traz os textos de 1 e 2Pedro e Judas. 
A identidade de Tiago e Judas, que eram irmãos (Jd 1), tem sido 
objeto de grande discussão. Aparentemente, havia dois irmãos com aqueles 
nomes entre os doze (Lc 6.16), e mais dois outros que eram meio-irmãos 
do Senhor (Mt 13.55). Alguns teólogos afirmam que esses meio-irmãos na 
verdade eram primos de Cristo e que são os mesmos Tiago e Judas que 
integravam o grupo de discípulos. Essas provas são provavelmente 
inconclusivas, e não se sabe exatamente qual dos pares, se é que houve duas 
duplas de irmãos, escreveu as epístolas. 
Não sabemos as datas em que essas epístolas menores foram escritas. 
Como todos os outros livros do Novo Testamento, elas foram escritas pelos 
apóstolos e seus auxiliares "sob inspiração do Espírito", como afirma 
Clemente de Roma, a respeito da carta de Paulo aos coríntios. Missionários, 
líderes e mestres cristãos devem aprender mais a respeito da época, da autoria 
e das circunstâncias relacionadas a todas essas epístolas. Podemos vir a 
conhecer muito sobre esse assunto através de um estudo diligente dos próprios 
livros. Os autores antigos confirmam sua fé nesses escritos como a Palavra 
de Deus, verdadeira, inspirada pelo Espírito e pregada pelos apóstolos. 
Nenhum outro grupo de livros têm sido tão estudado, e não há 
nenhuma prova da existência de outros escritos de autoria dos apóstolos. 
Os pais da igreja concordam que alguns textos falsos realmente circularam 
(2Ts 2.2; 3.17). Entretanto, foram prontamente combatidos e apenas 
algumas pessoas foram enganadas. Embora Cristo nunca tenha apresentado 
. ....._ ------""' INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セNMMMMMMMMMセ@
uma lista dos livros do Novo Testamento, ele escolheu os doze apóstolos, e 
também Paulo, para que lançassem o fundamento da igreja. Esses homens, 
divinamente indicados e capacitados pelo Espírito, escreveram o Novo Tes-
tamento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Os cristãos que acreditam 
na Bíblia se regozijam por terem acesso à Palavra escritade Deus. 
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Cânon Muratoriano, Didaquê. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Faça uma tabela mostrando os autores do Novo Testamento e seus 
livros. 
2. Faça uma revisão deste capítulo e verifique a afirmação de que "trinta 
anos após a morte de João, apenas os livros de Judas e 2 e 3João não 
tinham sua canonicidade confirmada através dos escritos dos pais 
da igreja". 
3. Qyem foi Inácio e quais de suas obras chegaram até nós? 
QUEM ESCREVEU O NOVO TESTAMENTO? セ@ セM
MMMMセセ@
4. Qyal o primeiro pai da igreja cujas obras permanecem até hoje? 
5. A partir de 2Pedro 3.15, 16 e Judas 17, 18, explique a atitude de 
respeito que os apóstolos demonstravam em relação os escritos uns 
dos outros. 
6. Qyal a prova de que os apóstolos consideravam seus escritos como 
inspirados por Deus? 
7. Marque o trajeto das viagens missionárias de Paulo num mapa bíblico 
e faça uma lista mostrando a ordem em que ele escreveu suas epístolas. 
8. Por que o cânon do Novo Testamento tem apenas vinte e sete livros? 
...._ ____b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMMM
1 ANOTAÇÕES 
Como a Bíblia 
foi preservada 
O Novo Testamento 
A maioria dos cristãos não procura saber como os escritos neotes-tamentários foram preservados até os dias de hoje. Por ser fácil conseguir um exemplar da Bíblia, supõem que as Escrituras sem-
pre estiveram disponíveis. Como todas as outras bênçãos que recebemos, 
essa também não deve ser menosprezada. Homens e mulheres morreram 
para que a Bíblia pudesse ser preservada, traduzida e publicada. Mesmo 
em nossos dias, em alguns países, exemplares da Palavra de Deus ainda 
são escassos. 
Podemos dividir a história da preservação do Novo Testamento em 
duas partes - antes e depois da invenção da imprensa. No século XV, três 
eventos trouxeram benefícios inestimáveis para a era moderna. Em 1492, 
Colombo descobriu o Novo Mundo. Em 1456, Johann Gutenberg 
inventou a imprensa. Em 1493, nasceu Martinho Lutero, o líder da Reforma 
Protestante. Esses acontecimentos marcaram profundamente a abrangência 
e a influência do cristianismo nos tempos modernos. 
A IMPRESSÃO DA BÍBLIA 
O primeiro livro a sair da impressora de Gutenberg foi a Bíblia em 
latim. Ainda existem exemplares dessa primeira edição. Depois, imprimiu-se 
--....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セLMMMMMMMMM MMMMMGMMMMMMMMMMM]@
o Novo Testamento em grego e também o Antigo Testamento em hebraico. 
Após isso, a preservação das Escrituras tornou-se uma tarefa relativamente 
simples, visto que era possível produzir exemplares da Bíblia aos milhares. 
Depois que Tyndale traduziu as Escrituras para o inglês, estas passaram a 
ser impressas na Holanda e contrabandeadas para a Inglaterra. Por um curto 
período, os bispos ingleses tentaram queimar todos os exemplares, mas não 
obtiveram sucesso. Depois de poucos anos, a Bíblia de Tyndale e de seus 
sucessores podia ser facilmente adquirida em toda a Inglaterra. 
Os primeiros versículos de Gênesis da Bíblia de Gutenberg, cuja primeira edição foi 
impressa em 1456. O tipo móvel de Gutenberg abriu caminho para a ampla distribuição da 
Bíblia em outros idiomas além do latim. 
As primeiras palavras de Gênesis da tradução de Tyndale, em sua primeira edição do 
Pentateuco, publicada em 1530. 
Desde a invenção da imprensa, tornou-se relativamente fácil reproduzir 
a Bíblia sem erros. Antes disso, alguém copiava o texto à mão e podia facilmente 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA - O NOVO TESTAMENTO 
cometer alguns erros. Se a pessoa descartasse o trabalho e recomeçasse, prova-
velmente evitaria os erros anteriores, mas cometeria outros. Hoje em dia, ao 
imprimir um livro, basta corrigir os erros sem alterar o restante. Através de 
uma revisão cuidadosa, pode-se imprimir a Bíblia sem nenhum erro. Ao se 
prepararem os originais para impressão, são feitas várias leituras de provas. Os 
revisores podem trabalhar em pares, um deles lendo a partir de uma exemplar 
perfeito e o outro verificando as provas. Ou então o revisor pode ler a prova, 
enquanto ouve uma versão do texto bíblico. Em edições mais baratas, pode 
haver erros de impressão porque o texto não é verificado tão cuidadosamente. 
A maioria dos livros comuns não recebe uma revisão minuciosa e é passível de 
apresentar erros tipográficos. 
Algumas vezes o problema não estava nos erros de cópia, mas sim no 
estilo da língua vigente na época. Durante o século posterior à tradução da 
versão King James de 1611, a pessoa que fazia as impressões tinha de ser 
um gramático, pois precisava saber que palavras teriam sua grafia alterada 
nas edições subseqüentes. 
Por esse motivo, uma cópia antiga da Bíblia difere das edições mais 
recentes. Essas distinções não são erros de tradução nem de impressão, mas 
ajustes introduzidos devido à transformação do idioma. 
AS PRIMEIRAS CÓPIAS DO TEXTO 
DO NOVO TESTAMENTO 
Para compreender como o Novo Testamento foi preservado, o estu-
dante precisa conhecer a história do império romano. No período apostólico, 
o império havia-se expandido por toda a região do Mediterrâneo - Espanha, 
França, Itália, Grécia, Turquia, Síria, Palestina, Egito e norte da África. 
Estendeu-se também até a Grã-Bretanha e partes da Alemanha. A língua 
falada pelos governantes era o latim, mas o povo em geral usava o grego para 
se comunicar. 
O cristianismo tinha presença marcante, principalmente no Egito, 
na Palestina, na Ásia Menor, em Roma e no norte da África. Entretanto, 
era uma religião proibida, e os cristãos foram vítimas de pelo menos dez 
cruéis perseguições. Seus livros eram constantemente queimados. Muitos 
morreram por se recusarem a lançá-los nas fogueiras. 
Por fim, em 313 d.C., o imperador Constantino, o Grande, con-
verteu-se ao cristianismo. Ele promulgou o famoso edito de Milão, 
garantindo liberdade de culto aos cidadãos. Nas décadas seguintes, o império 
romano se enfraqueceu devido aos ataques dos bárbaros godos, e também 
pela invasão de outros povos, que vieram para a Europa através da Ásia. Em 
410 d.C., Roma sucumbiu. Essa foi a época em que Jerônimo viveu. Ele 
ficou conhecido por sua tradução da Bíblia para o latim, chamada Vulgata. 
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セMMMMセ@
Agostinho, outro líder desse período, também ficou famoso. Pouco depois 
da queda de Roma, o império se dividiu. Constantinopla foi escolhida como 
capital do império romano do Oriente, e Roma, do império romano do 
Ocidente. A língua falada na porção oriental era o grego, preservada durante 
toda a Idade Média. Na porção ocidental falava-se o latim. 
O estudioso que queira pesquisar a cópia do Novo Testamento que 
mais se aproxime do original, redigido pelos apóstolos, preferirá os exemplares 
em grego aos escritos em latim. Algumas das cópias mais antigas dos originais 
gregos datam de um período anterior a Jerônimo. 
Pela providência divina, o estudante do Novo Testamento tem o 
privilégio de ter acesso a muitas cópias antigas. Os manuscritos originais, 
chamados "autógrafos", foram registrados provavelmente em papiros ou 
pergaminhos. Todavia, por volta de 125 d.C., era costumeiro usar uma 
espécie de livro chamado códice,em vez de rolos. Assim ficava mais fácil 
reunir vários escritos em um único volume. Fizeram-se várias cópias desses 
livros no idioma grego. Pouco tempo depois, provavelmente em 200 d.C., a 
igreja em Antioquia e os povos da Mesopotâmia, no Oriente, queriam ter a 
Palavra de Deus no idioma siríaco, predominante na época. Essa língua era 
bastante semelhante ao hebraico. Naquele mesmo período, as igrejas no 
norte da África queriam ter acesso aos evangelhos em latim. Daí produziu-
se uma tradução em latim antigo. Mais tarde essa tradução foi substituída 
pela Vulgata de Jerônimo. No entanto, até o ano 400 d.C., o grego 
permaneceu como o principal idioma bíblico. 
As cópias mais antigas do Novo Testamento eram feitas com letras 
minúsculas. Os manuscritos medievais em grego também eram escritos dessa 
maneira. Essas cópias são chamadas "cursivas". Por volta do ano 300 d.C.,excelentes cópias em pergaminho tornaram-se comuns, escritas 
cuidadosamente com letras maiúsculas. Esses manuscritos receberam o nome 
de "unciais" (maiúsculas). 
Muitos desses excelentes manuscritos unciais ainda existem. Eles 
ficaram armazenados por várias gerações em bibliotecas de antigos 
mosteiros, e apenas alguns exemplares dentre centenas sobreviveram ao 
desgaste e às ondas de perseguição. As perseguições eram a maior ameaça 
a esses manuscritos. Qyando os muçulmanos invadiram o Egito, no sétimo 
século, incendiaram a biblioteca de Alexandria, que possuía um acervo 
de cem mil volumes, incluindo muitos tesouros bibliográficos da 
Antigüidade. Por volta da mesma época, atearam fogo à biblioteca de 
Eusébio, localizada em Cesaréia da Palestina, que guardava muitos 
documentos de valor inestimável do ínicio da era cristã. Entretanto, pela 
providência de Deus, muitas cópias escaparam às chamas. Afirma-se que 
existem cerca de três mil cópias integrais do Novo Testamento em grego 
ou de partes dele. Destas, uma dúzia ou mais superam mil e quinhentos 
anos de idade. 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA - O NOVO TESTAMENTO 
OS MANUSCRITOS ANTIGOS 
Qgais são os manuscritos mais antigos que temos? Como são eles? 
Nos últimos dois séculos, muitos manuscritos antigos foram encontra-
dos. Eles nos fornecem informações adicionais a respeito do texto bí-
blico original. 
O Texto Alexandrino 
Em 1859, Constantino Tischendorf encontrou um manuscrito de 
valor inestimável entre outros documentos antigos, no mosteiro de Santa 
Catarina, situado na encosta do monte Sinai. Esse manuscrito recebeu o 
nome de Códice Álef ou Códice Sinaítico e data do quarto século de nossa 
era. Códice significa "livro" e álef é a primeira letra do alfabeto hebraico. 
Em 1868, a biblioteca do Vaticano publicou outro manuscrito anti-
go, também do quarto século, chamado Códice B (conhecido também como 
Códice Vaticano, por ter sido encontrado na biblioteca do Vaticano). Esses 
dois manuscritos, o Códice Álef e o Códice B, têm um texto bastante 
semelhante. Parece claro que foram copiados da mesma fonte ou então de 
cópias semelhantes. Eles pertencem à mesma família de manuscritos desig-
nada como Texto Neutro, mais tarde chamado Texto Alexandrino. 
O Coinê 
Muitas cópias que datam da Idade Média formam outra família de 
manuscritos que se diferenciam apenas por alguns detalhes de estilo. A 
esse grupo chamamos Coinê, vocábulo grego que significa "comum". Essas 
cópias também receberam o nome de Textus Receptus. Essa família de ma-
nuscritos foi usada pelos tradutores da versão King James e por João Ferreira 
de Almeida. A versão Corrigida de Almeida está baseada no Textus Receptus. 
As demais versões bíblicas em português baseiam-se no Texto Alexandrino. 
Entre elas estão a versão Revista e Atualizada, a versão Revisada de Acor-
do com os Melhores Textos, a Bíblia na Linguagem de Hoje, a Nova Tra-
dução na Linguagem de Hoje, a Nova Versão Internacional e a versão Al-
meida Século 21. É fácil comparar esses dois grupos de manuscritos ao 
confrontar a versão Corrigida de Almeida com as outras versões mais re-
centes do Novo Testamento. 
Outros manuscritos 
Em épocas posteriores, encontraram-se cópias ainda mais antigas entre 
papiros no Egito. Os papiros Chester Beatty contêm grande parte do texto 
do Novo Testamento e datam de cerca do ano 200 d.C. 
. ......_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセセMMM
O papiro Rylands, de aproximadamente 125 d.C., é valioso, embora 
contenha apenas uma pequena parte do texto do Novo Testamento. Ele é 
praticamente idêntico ao Texto Alexandrino. 
Os papiros Bodmer de João, que mencionamos no quinto capítulo, 
confirmam o Texto Alexandrino. A maioria das traduções mais recentes 
baseia-se nesses manuscritos. 
Crítica textual 
Ao estudo dos manuscritos antigos chamamos crítica textual, ou baixa 
crítica, para distingui-lo da alta crítica, que é bastante destrutiva. A crítica 
textual é uma ciência antiga e bastante valiosa. Tem sido praticada por 
teólogos cristãos desde a época de Orígenes (250 d.C.). Entretanto, ela 
exige um conhecimento profundo das línguas originais. A base da crítica 
textual do Novo Testamento vem sendo reforçada desde que se publicaram 
as obras de Tischendorf, Westcott, Hort e outros. 
A crítica textual pode ser de grande allX11io para os cristãos por dois 
motivos. Em primeiro lugar, pode nos ajudar a recuperar as palavras originais 
escritas pelos apóstolos, em muitas passagens duvidosas. As cópias disponíveis 
atualmente foram feitas muitas gerações depois de os originais terem sido 
escritos. Ao compará-las às famílias antigas de manuscritos, o estudioso 
geralmente pode determinar que palavras constavam dos primeiros 
documentos. Em segundo lugar, em alguns trechos, é difícil identificar o 
texto original. O texto falava em "Simão" ou "Pedro", em "Jesus" ou ''Jesus 
Cristo"? Talvez não seja muito simples chegar a essa conclusão, mas quando 
famílias completas de manuscritos concordam entre si, qualquer que seja a 
leitura, não há grandes diferenças. 
Normalmente se defende, com base em provas substanciais, que o 
texto da família dos manuscritos alexandrinos é o mais próximo do original, 
embora tenhamos sempre de compará-lo com outros registros. E a família 
Coinê, que muitos pensam conter alguns poucos erros, ainda é tão confiável 
quanto os melhores documentos bíblicos. As diferenças restringem-se apenas 
a detalhes eventuais. As maiores discrepâncias entre as traduções modernas, 
realizadas por estudiosos cristãos que se esmeraram para traduzir o texto 
com precisão, não são diferenças provenientes dos manuscritos. O que há 
são divergências de interpretação e de estilo. Com relação a esse assunto vale 
a pena citarmos o comentário de Westcott e Hort, em 1881: 
Se deixarmos de lado superficialidades comparativas, em nossa 
opinião, as palavras nos manuscritos bíblicos que ainda levantam dúvidas 
chegam a menos de um milésimo de todo o texto do Novo Testamento. 
Descobertas mais recentes têm confirmado e reforçado a conclusão 
de Westcott e Hort. 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA- O NOVO TESTAMENTO 
O Novo Testamento que temos atualmente foi preservado por mon-
ges e estudiosos, por mártires e missionários, através de um trabalho de 
cópia laborioso, à mão livre, e também por meio de impressões cuidadosas. 
Em comentários críticos e em inúmeras traduções, a Palavra de Deus trans-
mitida pelos apóstolos tem sido preservada com fidelidade e distribuída 
diligentemente por todo o mundo. Os cristãos podem ler e estudar a Bíblia 
com confiança, sabendo ser ela a genuína Palavra de Deus. 
"Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" 
(Mt 24.35). 
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Autógrafos, manuscritos cursivos, crítica textual, 
manuscritos unciais, Coinê, Textus Receptus. 
1 PERGUNTAS DE recapセZセlaᅦᅢo@ 1 
l. Olial o lapso de tempo entre a época da confecção do manuscrito 
mais antigo do Novo Testamento ainda preservado e os dias em que 
viveu João, seu autor? 
2. Oliais são as três cópias de maior importância do Novo Testamento, 
feitas antes do ano 400 d.C., cuja maior parte ainda está preservada? 
3. Compare a narrativa da ressurreição (Jo 20) nas versões Almeida 
Corrigida e Almeida Século 21. 
4. Podemos confiar até no mais "precário" texto do Novo Testamento? 
Por quê? 
·-...... __b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMGMMM
1 ANOTAÇÕES 
Como a Bíblia 
foi preservada 
O Antigo Testamento 
O Antigo Testamento data de uma época muito anterior aos escritos do Novo Testamento. Malaquias, o último livro do Antigo Testa-mento, provavelmente foi escrito por volta de 400 a.e. Até recen-
temente, não tínhamos muita informação para o estudo dos textos 
hebraicos originais. Todavia, com a descoberta dos manuscritos do mar 
Morto, no ano de 1947, conseguiu-se um grande tesouro em novo material 
de estudo. 
A PRESERVAÇÃO NA ANTIGÜIDADE 
Moisés e os demais profetas escreveram o Antigo Testamento ao longo 
de mil anos - de 1400 a 400 a.e.Durante esse período, uma parte das 
cópias das Escrituras ficavam em poder dos sacerdotes do templo, outra 
parte de posse do rei e ainda outra sob o cuidado dos profetas, a quem Deus 
concedeu seu Espírito a fim de que revelassem sua vontade. Durante certos 
períodos, as profecias eram escassas em Israel, como aconteceu nos dias de 
Eli: "Naqueles dias, a palavra do SENHOR era mui rara; as visões não eram 
freqüentes" (1Sm 3.1). Era comum os povos envolverem-se intensamente 
com a idolatria, como no reinado de Acabe. Em todos esses períodos, Deus 
levantava profetas fiéis, inspirados pelo Espírito Santo. Esses homens amavam 
e valorizavam a Palavra de Deus, e a transmitiam com intrepidez. 
·--.._ _b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セNMMMMMMMMMMMM M MMMMGMMMMMMMMMM
Há poucas evidências da história desses períodos da Palestina 
provenientes de fontes outras que não o texto bíblico. Entretanto, a Bíblia 
contém evidências "internas" a respeito de seus processos de composição e 
preservação. Obviamente naquele período da história também havia a 
literatura secular, tanto sob a forma de documentos como de livros, mas 
esses registros se perderam. Um grande número de relatos, contos e poemas 
foi preservado em placas de argila, feitas pelos povos da Mesopotâmia. No 
Egito escrevia-se em papiros, que, embora frágeis, resistiram devido ao clima 
bastante seco da região. Mercadores vindos da Palestina compravam papiro 
egípcio em troca de madeira de cedro e azeite de oliva. O papiro era bastante 
conveniente, mas todos os manuscritos registrados nesse material se per-
deram, por causa das estações chuvosas da Palestina. Apenas na área seca e 
quente do mar Morto é que os papiros e os pergaminhos conseguiram 
resistir. Assim, a literatura secular da Palestina se perdeu e os manuscritos 
bíblicos ficaram muito desgastados. 
A medida que os pergaminhos antigos se estragavam ou eram 
destruídos, tinham de ser copiados novamente. O que aconteceu com as 
cópias dos textos bíblicos, depois que o ofício profético cessou, por volta de 
400 a.C.? Iniciando nesse ponto da história, iremos retroceder quase 2400 
anos, até a época antiga. 
Rolo com texto hebraico do liv ro de Ester. 
A Idade Média 
Durante a Idade Média, os judeus se incumbiram de preservar o 
Antigo Testamento hebraico. Naquele período, a ciência na Europa 
praticamente não se desenvolveu. A igreja latina usava a Vulgata de Jerônimo, 
pois nenhum dos estudiosos de seu corpo eclesiástico sabia o hebraico. A 
igreja ortodoxa grega, no leste do Mediterrâneo, usava a Septuaginta, escrita 
em grego, e nenhum dos teólogos daquele lugar parecia importar-se com o 
idioma original hebraico. Os judeus, por sua vez, apesar das perseguições 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA - O ANTIGO TESTAMENTO 
cruéis que sofriam, espalharam-se por toda parte, continuaram zelando pelas 
Escrituras e preservaram seus costumes e suas tradições. 
A tradição judaica ensina que os rabinos da época medieval copiavam 
as Escrituras com grande cuidado. Chegavam ao ponto de contar os ver-
sículos de cada livro e assinalar o versículo central. O resultado disso foi 
uma fidelidade incrível na transmissão do texto bíblico. 
Além do mais, quando comparamos a Bíblia hebraica com a tradução 
em latim (a Vulgata), feita por Jerônimo por volta de 400 d.C., fica evidente 
que Jerônimo trabalhou com uma cópia das Escrituras hebraicas muito 
semelhante à que temos hoje em dia. Na verdade, vários estudiosos judeus 
fizeram algumas traduções para o grego, por volta do ano 200 de nossa era. 
(Não devemos confundi-las com a Septuaginta, que é anterior a elas.) Isso 
prova que a Bíblia hebraica daquela época era quase igual à que temos 
atualmente. Essas traduções menos importantes para o idioma grego não 
foram preservadas em sua totalidade. No entanto, ainda assim nos ajudam 
a traçar a história da preservação do texto hebraico. 
Até pouco tempo, não se conhecia nenhuma cópia em hebraico que 
datasse de antes de 200 d.C. Além disso, nenhuma outra tradução importante 
foi feita antes da Septuaginta, em 200 a.C. Havia os targuns siríaco, sama-
ritano e aramaico, mas as datas desses documentos são incertas e eles não 
tinham muita importância. Portanto, havia poucas evidências sobre a meti-
culosa preservação do texto hebraico, ao menos no que se referisse a textos 
que pertencessem ao período anterior a 200 d.C. 
OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO 
No ano de 1947, um pastor árabe atirou uma pedra para dentro de 
uma caverna próxima ao mar Morto e ouviu o som de um vaso quebrando. 
Agora todo o mundo conhece a história do beduíno que retirou sete 
manuscritos daquela caverna, deixando centenas de fragmentos. Desde 
então, foram encontrados mais pergaminhos do Antigo Testamento e 
escritos judaicos em outras cavernas. Milhares de fragmentos ainda estão 
sendo pacientemente organizados e estudados. Os manuscritos do mar 
Morto, guardados por muitos séculos pelos escribas da comunidade de 
Qymran, trouxeram novas e valiosas provas da preservação do texto 
hebraico na Antigüidade. 
Os manuscritos não-bíblicos 
O tesouro encontrado abrange dois tipos de documentos, sendo o 
primeiro deles composto por manuscritos não-bíblicos. Esses escritos 
mostram que o grupo que habitava em Qymran considerava os livros do 
Antigo Testamento uma obra escrita pelo próprio Deus através de seu 
. ......_ ___b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセセMMセ@
Espírito, por intermédio dos profetas. Repetidas vezes, fazem referência à 
"Lei de Moisés e os Profetas" ou "o que Deus falou através de Moisés e 
todos os Profetas". Sua postura diante do Antigo Testamento e da termi-
nologia que empregavam são semelhantes à de Cristo e dos apóstolos. 
Os manuscritos bíblicos 
O segundo grupo de manuscritos encontrados na região do mar Morto 
é composto por manuscritos bíblicos. Essas cópias antigas foram comparadas 
diretamente com a Bíblia hebraica que temos hoje em dia. Elas demonstram 
o quanto os escribas da Antigüidade foram precisos em seu trabalho. 
Todos os livros do Antigo Testamento, com exceção de um, foram 
encontrados naquelas cavernas. O livro de Ester ainda não foi identificado. 
De alguns livros, tais como Salmos, Deuteronômio e Isaías, há várias cópias. 
Já de outros, como Crônicas, restaram apenas fragmentos. O pergaminho 
mais extenso é o de Isaías, preservado em sua totalidade e em boas condições. 
Aparentemente remonta ao ano 125 a.C. Alguns documentos são ainda 
mais antigos. Calcula-se que trechos de Jó, Jeremias, Samuel e Salmos são 
do ano 200 a.C. ou até de antes. Uma parte do livro de Salmos recebeu 
uma datação não-oficial de 300 a.C. Uma cópia de Edesiastes, que data do 
ano 150 a.C., desperta um interesse especial, porque alguns críticos mais 
extremados insistem que esse livro foi escrito numa data muito posterior. 
Cópias do livro de Daniel do segundo século a.C. são muito importantes, 
porque se aproximam bastante da data crucial de 165 a.C. A alta crítica 
afirma ter sido esse o ano em que o livro foi escrito. 
Conclusão 
Os manuscritos do mar Morto são extremamente semelhantes à Bíblia 
hebraica da atualidade. Eles provam que os indivíduos que copiaram os 
textos em hebraico, desde o segundo século antes de Cristo, realizaram um 
trabalho extremamente cuidadoso. É comprovado que a Bíblia hebraica 
que temos hoje é praticamente a mesma que os judeus usavam 200 anos 
antes de Cristo, uma vez que alguns dos manuscritos do mar Morto são 
mais antigos que o rolo de Isaías. Podemos afirmar com confiança que não 
se tem notícia de evento algum na história de Israel que tenha introduzido 
mudanças na técnica de cópia de manuscritos usada pelos judeus entre os 
dias de Esdras e o ano 200 a.C. Portanto, concluímos que o Antigo Testa-
mento atual é, tanto na sua essência quanto em seus pormenores, muito 
semelhante às Escrituras que Esdras ordenou que fossem lidas aos israelitas 
em Jerusalém, após o retorno do cativeiro babilônico. 
Tais provas são suficientes para fins de estudo. Todavia, os pes-
quisadores bíblicos hodiernosjá conseguem remeter a história do Antigo 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA - O ANTIGO TESTAMENTO 
Testamento a uma data ainda mais remota. Ainda existem várias cópias da 
Septuaginta, traduzida por volta de 200 a.C., feitas por escribas cristãos. 
Isso é de grande valia, mas levanta algumas questões. Há algumas citações 
no Novo Testamento retiradas da Septuaginta que divergem do texto 
hebraico. Nesses casos, será a Septuaginta melhor que o texto original? Será 
que essa tradução para o grego foi realizada de forma meticulosa? 
Hoje em dia, há provas concretas para solucionar essas questões. 
Alguns manuscritos do mar Morto datam de cerca de 200 a.C. Eles são tão 
semelhantes ao texto da Septuaginta, que certamente foram esses os textos 
nos quais os tradutores daquela versão se basearam. As diferenças entre a 
Septuaginta e o texto hebraico que temos hoje devem-se provavelmente ao 
fato de que já havia dois ou mais textos hebraicos sendo usados conco-
mitantemente, por volta do ano 200 a.C. Essa nova evidência ajudou a 
solucionar várias dúvidas sobre citações do Novo Testamento, pois demonstrou 
que, nesses casos especificamente, a Septuaginta realmente estava correta. É 
impressionante perceber que, mesmo após muitos séculos, dois textos foram 
preservados - o original hebraico e a Septuaginta em grego. 
Qiial a importância de conhecermos as diferentes "famílias" de textos 
do Antigo Testamento? Primeiramente, através de uma comparação cui-
dadosa entre eles, é possível determinar o texto original. Em segundo lugar, 
podemos perceber o evidente cuidado com que os copistas lidavam com os 
textos na Antigüidade. Terceiro, ao comparar as duas famílias como um 
todo, podemos chegar à conclusão de que nenhum dos textos diverge muito 
das primeiras cópias que geraram todas as demais. 
COMPARAÇÃO TEXTUAL 
Dois outros argumentos reforçam a crença de que o Antigo Testa-
mento foi copiado com grande exatidão desde épocas muito remotas. Pri-
meiro, as passagens de livros que trazem citações de outros livros bíblicos 
geralmente se aproximam bastante. Em segundo lugar, os nomes que 
aparecem no Antigo Testamento e em inscrições feitas por povos da Anti-
güidade são muito semelhantes. Alguns exemplos serão suficientes para 
esclarecer isso. 
A concordância entre passagens paralelas 
Há mais passagens paralelas no Antigo Testamento do que a maioria 
dos leitores percebe. O texto de Salmos 18 é idêntico ao de 2Samuel 22; 
Salmos 14 tem o mesmo texto de Salmos 53; Salmos 108 consiste de partes 
de Salmos 57 e 60. O texto de Isaías 36-39 é igual ao texto de 2Reis 
18.13-20.19. Longos trechos de 2Samuel e do livro de Reis aparecem 
também em Crônicas. 
......_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMMM
A Concordância entre Nomes 
Nomes de indivíduos importantes oferecem uma maneira interes-
sante de fazer comparações. A Bíblia traz muitos nomes estranhos como 
Sisaque, Q9edorlaomer, Azarias, Tiglate-Pileser e J eoaquim. Robert Dick 
Wilson afirma que, das 184 letras que aparecem em quarenta nomes cita-
dos nas cópias em hebraico, praticamente todas estão registradas 
corretamente. Placas de argila encontradas depois da época em que Wil-
son realizou suas pesquisas acrescentaram outros exemplos desse fato. 
Um exemplo notável é o texto de Jeremias 39.3. Por vários séculos, 
os indivíduos ali mencionados permaneceram desconhecidos para nós. 
Recentemente, encontraram-se registros arqueológicos dos nomes dos 
oficiais de Nabucodonosor. Assim, os estudiosos puderam compará-los 
com a grafia apresentada no versículo. Os tradutores confundiram os nomes 
dos indivíduos com seus títulos, mas cada letra foi minuciosamente 
preservada. A tradução correta é "Nergal-Sarezer de Sangar;1 Nebo-
Sarsequim, o Rabe-Saris; Nergal-Sarezer, o Rabe-Mague". Tal precisão 
nas cópias prova que o Antigo Testamento nos foi transmitido com incrível 
fidelidade. Para todos os fins, o estudante da Bíblia pode afirmar que os 
escritos proféticos foram preservados sem nenhum erro que possa afetar a 
mensagem da Palavra de Deus. O texto é confiável, e podemos usá-lo 
com a mesma convicção demonstrada por Cristo e os apóstolos. 
1 Ver o artigo "Nergal-Sarezer" de E. M. Yamauchi em Wyclijfe Bible Encyclopedia, ed. 
Charles F. Pfeiffer, H. F. Vos eJ. Rea (Chicago: Moody Press, 1975). 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA - O ANTIGO TESTAMENTO 
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Manuscritos do mar Morto, evidências bíblicas externas, 
evidências bíblicas internas, passagens paralelas,comparação 
textual, transmissão, Vulgata. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Como podemos saber se o Antigo Testamento que temos hoje em 
dia foi preservado, sem grandes mudanças, desde 400 d.C.? E desde 
200 d.C.? 
2. O que é a Septuaginta e quando foi composta? 
3. Qyais os dois tipos de manuscritos encontrados nas cavernas da região 
de Qymran? 
4. Qyantos livros do Antigo Testamento estão presentes entre os 
manuscritos do mar Morto? 
-.... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMセM
5. 
6. 
7. 
8. 
9. 
Qyais as datas aproximadas de alguns rolos do Antigo Testamento e 
de seus fragmentos? 
Como os manuscritos do mar Morto comprovam que o Antigo 
Testamento foi meticulosamente copiado nos séculos anteriores ao 
advento de Cristo? 
O que a crítica textual conclui a respeito do Antigo Testamento? 
Leia com atenção 2Samuel 22 e Salmos 18, procurando observar as 
diferenças entre os dois textos. Explique como pequenas alterações 
no texto hebraico produziram essas variações. 
Prepare uma apresentação com gravuras, artigos e livros que mostrem 
como o Antigo Testamento foi transmitido e preservado. Enciclopédias 
atualizadas, tanto seculares como religiosas, contêm artigos e fotografias 
sobre descobertas arqueológicas recentes. Coloque esse material à 
disposição de todas as classes da escola dominical e da igreja. 
COMO A BÍBLIA FOI PRESERVADA - O ANTIGO TESTAMENTO 
1 ANOTAÇÕES 
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セNMMMMMMMMセ@
1 ANOTAÇÕES 
Controvérsias em torno 
da Bíblia 
A Bíblia é o livro mais importante de todas as épocas. Ela é mais extensa do que a maioria dos leitores imagina. Se impressa em tipo de tama-nho comum, sem muitos comentários, ocupa aproximadamente 1300 
páginas. Não é de surpreender que céticos e descrentes encontrem problemas 
ao lidar com uma obra tão volumosa. 
A Bíblia é um livro estranho também - diferente de todos os outros 
que existem. Ela lida com assuntos de ordem espiritual, que não podemos 
compreender naturalmente. As coisas do espírito "se discernem espiri-
tualmente" (1Co 2.14-16). Críticos oposicionistas encontram problemas 
mesmo onde eles não existem. Nicodemos disse a Jesus: "Como pode suceder 
isto" (Jo 3.9)? Os que não estão dispostos a aceitar a mensagem espiritual 
da Bíblia não conseguem entendê-la. 
Ademais, a Bíblia é um livro antigo. Foi escrita por profetas, reis, 
coletores de impostos e estudiosos em hebraico, aramaico e grego. Seu con-
texto histórico abrange desde a idade do bronze até os tempos do império 
romano, passando pela idade do ferro. Os eventos nela relatados ocorreram 
em Canaã, no Egito, na Grécia e na Ásia Menor. Não é de admirar que 
tenha causado perplexidade em alguns leitores. 
Essas supostas dificuldades são resultado da ignorância com relação 
às regiões, aos costumes e aos idiomas mencionados na Bíblia. Se a estudamos 
de maneira aprofundada, com dedicação e apoiados pela oração, podemos 
. ......._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMM
solucionar a maioria desses problemas. O estudante cristão dedicado deve 
exercitar sua fé e seu discernimento espiritual. 
Se levarmos em conta o tamanho da Bíblia e os contextos em que foi 
escrita, que são pouco comuns, ela apresenta pouquíssimos problemas de 
interpretação. A maravilhosa harmonia que encontramos nesse livro é um 
fato já consolidado. Foi escrita ao longo de dezesseis séculos por cerca de 
trinta e cinco autores. As Escrituras contam uma única história e apresentam 
uma mensagem coerente. A própria harmoniaque nela encontramos já foi 
citada como prova de sua inspiração divina. 
Alguns assuntos mais problemáticos, no entanto, têm sido debatidos. 
Vários deles estão relacionados aos milagres, às profecias e a supostas 
contradições presentes nas Escrituras. Ao examiná-los, o estudante encontrará 
respostas para outras questões e dúvidas paralelas. 
OS MILAGRES 
A Bíblia relata muitos milagres. Alguns afetaram uma região mui-
to grande e envolveram um grande número de pessoas, como a travessia 
do mar Vermelho, por exemplo (Êx 14). Outros são mais simples e me-
nos "visíveis", como na ocasião em que Eliseu fez um machado flutuar 
(2Rs 6.1-7). Alguns tratam de curas, como na ocasião em que Jesus res-
tituiu a visão ao cego (Jo 9).Já outros envolvem coisas do mundo natural, 
como no milagre da multiplicação, quando Jesus alimentou cinco mil 
homens com alguns pães e peixes (Me 6.34-44). 
Como podemos definir a importância desses milagres? O que 
aprendemos com eles? É possível para nós, cristãos do século XXI, crer nesses 
acontecimentos? Como? Por que? Para responder a essas questões, precisamos 
definir o que são milagres bíblicos. 
Todos os milagres bíblicos têm um ponto em comum: estão relacionados 
ao mundo natural, ao mundo em que vivemos: um pedaço de ferro que 
flutua, água transformada em sangue, a cura de lepra ou de surdez, um 
coxo que volta a andar, uma tempestade acalmada. 
Os milagres bíblicos também foram fatos singulares, contrários à 
experiência comum. Foram feitos inacreditáveis, algo que nenhum ser 
humano poderia realizar. Pessoas não andam sobre a água. Ferro não flutua. 
Fogo não cai do céu e consome um sacrifício sobre o altar - água, pedras 
e tudo o mais. Os milagres são resultado de uma interferência direta de 
poderes sobrenaturais em nosso mundo natural. É um acontecimento fora 
do comum que se manifesta no mundo físico e vai além de nossa capa-
cidade humana. 
Hoje em dia, é comum ver pessoas negarem a possibilidade da 
existência de milagres. David Hume argumentou que nunca conseguiríamos 
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA BÍBLIA ..__ __.-· 
セMMMセセ@
provas suficientes para garantir que eles existem. Os cientistas insistem que 
o universo é governado por leis fixas e que não há exceções possíveis. Defendem 
que os indivíduos da Antigüidade eram ignorantes e ingênuos. Segundo eles, 
aquelas pessoas acreditavam que Deus controlava o universo por intervenção 
direta e, assim, podia facilmente mudar o que desejasse. Alguns cientistas 
afirmam: "Sabemos que Deus - se é que ele existe - age através das leis 
físicas deste mundo, que não podem ser violadas". 
Entretanto, a Bíblia mostra claramente que os povos antigos não 
eram ingênuos. É verdade que não tinham conhecimento de dados cien-
tíficos, mas sabiam não ser possível para um ser humano andar sobre a água 
(Mt 14.25; Me 6.49; Jo 6.19). Qyando viram Cristo fazendo isso, ficaram 
aterrorizados e pensaram quer ele era um fantasma. Qyando Paulo curou o 
homem coxo (At 14), os habitantes de Listra acharam que os deuses haviam 
assumido a forma humana. Portanto, eles sabiam que seres humanos não 
tinham poder para fazer aquilo. O cego curado por Jesus disse: "Desde que 
há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de 
nascença" (Jo 9.32). Ele tinha conhecimento de que Cristo havia realizado 
algo impossível ao homem. 
A ciência daquela época era bastante rudimentar, mas as pessoas 
acreditavam na regularidade das leis da natureza e na lei da causa e efeito. 
Criam em milagres não porque fossem ingênuas, mas porque as provas 
captadas por seus sentidos eram fatos inegáveis. Tinham certeza de que o 
Deus dos milagres visitara este mundo pecaminoso, manifestando seu poder. 
Alguns críticos esforçam-se bastante para desacreditar os milagres. 
Levantam hipóteses de que Jesus pode ter curado através da psicologia. 
Afirmam que os discípulos não o viram andando sobre as águas, mas de pé 
sobre os juncos, próximos à praia. Apresentam muitos detalhes para justificar 
a multiplicação dos pães para cinco mil pessoas. Supõem que o povo havia 
trazido alimento e que o exemplo de altruísmo do rapazinho é que os teria 
constrangido, levando-os a compartilhar sua refeição. Essas teorias tolas, 
que não se apóiam em fatos científicos, encontradas em muitos livros publi-
cados hoje em dia, não lidam com as evidências claras em cada caso. 
O maior milagre de todos, a ressurreição de Cristo, não pode ser expli-
cado através de meios naturais (Mt 28; Me 16; Lc 24; Jo 20). O argumento 
mais forte a favor da ressurreição de Jesus é a transformação que ele operou 
nos discípulos. Aqueles que o haviam abandonado e fugido (Me 14.50) 
tornaram-se testemunhas destemidas, dispostas a morrer por sua fé. 
Os que tentam explicar milagres nos mínimos detalhes, incluindo a 
ressurreição de Cristo, possuem nada mais do que uma religião vazia, sem 
poder, alegria ou salvação; cultivam uma filosofia vã, destituída da revelação 
abençoada de Deus. Esses indivíduos estão em densas trevas, sem a luz da 
vida. Cristãos genuínos não têm dificuldade para lidar com os milagres. 
Eles se encontram no cerne de nossa fé. Sua veracidade está relatada na 
......._ _b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMM
Palavra de Deus como a prova cabal e exclusiva da validade da nossa fé e de 
nossa confiança. 
Paulo teve uma resposta contundente contra todo ceticismo. セ。ョ、ッ@
compareceu diante de Festo e Agripa, o governador se recusou a acreditar nas 
doutrinas que o apóstolo apresentara. Ele declarou que Paulo estava louco 
(At 26.24). Sua resposta a Agripa foi muito sensata. Disse ele: "Por que se 
julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos" (At 26.8)? セ。ャアオ・イ@
um que acredite em Deus não terá dificuldade em aceitar milagres. Os sinais 
miraculosos, consistentes e sensatos, apresentados no Novo Testamento, são 
prova de que o Deus misericordioso realmente se pronunciou. Os milagres 
são um testemunho essencial de nossa fé e uma prova dela. 
AS PROFECIAS 
Os argumentos derivados das profecias são igualmente marcantes. 
As profecias bíblicas trazem previsões explícitas, precisas e geralmente de 
longo prazo. Ninguém poderia imaginar que fossem acontecer, não importa 
o quão sábia fosse essa pessoa. Obviamente, indivíduos sagazes e observadores 
conseguem prever determinados acontecimentos. Os meteorologistas arris-
cam-se a oferecer uma previsão de curto período para o clima de uma região. 
As pesquisas de opinião usadas durante campanhas políticas procuram 
descobrir o resultado da votação, com várias semanas de antecedência. Uma 
profecia genuína, porém, é algo sobrenatural. 
O cumprimento de profecias no Antigo Testamento 
As profecias bíblicas não são previsões que possam dar origem a 
dupla interpretação, como as fornecidas pelos oráculos gregos. Estes diziam 
que se determinado rei saísse para a batalha, ele arrasaria um poderoso 
império. Ele assim o fazia. No entanto, o império que ele destruía era o 
seu próprio. Em contraste com isso, os profetas hebreus revelavam fatos 
futuros oferecendo detalhes precisos, geralmente enunciando as datas e 
os nomes das pessoas envolvidas. Os profetas assim falavam porque Deus 
lhes dava uma visão sobrenatural e informações minuciosas sobre fatos 
futuros. Essa é uma das provas vitais da autenticidade da Bíblia como um 
todo. セ。ャアオ・イ@ cristão evangélico crê nessa verdade. 
Como os céticos tratam essas profecias? De maneira muito astuta. 
セ。ョ、ッ@ encontram uma previsão no capítulo de Isaías sobre o reinado de 
Ciro, por exemplo, dizem: "Esse capítulo foi escrito depois da coroação do 
monarca". Se uma previsão do livro de Reis cita o nome de Josias, eles 
afirmam que essa informação foi acrescentada ao versículo numa época 
posterior à ascensão de Josias ao trono. Se Daniel prevê os dias de Antíoco 
Epifânio, consideram isso uma prova positiva de que o livro foi escrito 
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA BÍBLIA セ@ __.-· 
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depois de 165 a.C. A postura dos teólogos liberais diante das profeciasque 
contêm previsões faz com que insistam que o Antigo Testamento foi escrito 
num período posterior, por autores diferentes daqueles reconhecidos nos 
próprios livros bíblicos. 
Qyal é a resposta para essas objeções? Primeiro, devemos destacar a 
tendência de muitos estudiosos em negar o fator sobrenatural. Em seguida, 
podemos demonstrar que há evidências bíblicas internas e externas que com-
provam que o Antigo Testamento foi redigido em um período bem antigo. 
Entre os manuscritos do mar Morto estão cópias de Daniel feitas por volta 
de 110 a.C. Isso comprova que esse livro não pode ter sido escrito por um 
falso Daniel, através de uma farsa, próximo ao ano de 165 a.C. Seria muito 
difícil produzir muitas cópias do texto e manter sua origem falsa em segredo, 
e ainda assim ter sua autoridade canônica reconhecida, tudo isso em um 
período de cinqüenta e cinco anos. Os documentos encontrados na região do 
mar Morto trazem fortes evidências em prol de uma data mais antiga para o 
livro de Daniel, o que o caracteriza como uma profecia com previsões. 
Em segundo lugar, muitas profecias bíblicas fazem referência à 
primeira vinda de Cristo ou a fatos ocorridos durante nossa época, que 
vieram a acontecer vários séculos depois. O lapso de tempo era tamanho 
que seria simplesmente impossível que os profetas acertassem as datas com 
precisão. Podemos dar muitos exemplos. A profecia do nascimento virginal 
de Cristo é um dos casos (Is 7.14). Os críticos afirmam que o vocábulo 
traduzido como "virgem" nessa passagem significa na verdade ''jovem mulher". 
O bebê seria o filho de Isaías, que nasceria em breve, ou um descendente de 
Acabe. No contexto, a criança, Emanuel, também é chamada "Maravilhoso'', 
e recebe a promessa de vir da linhagem davídica (Is 9.6, 7). Isaías já tinha 
um filho, Searjasube; portanto, a passagem não pode se referir a ele. 
Tampouco podemos aplicá-la ao herdeiro de Acabe, Ezequias, que nessa 
época já tinha mais de nove anos de idade. Ezequias tinha vinte e cinco 
anos quando sucedeu Acabe, que reinou por dezesseis anos. Como prova 
adicional, a palavra virgem, usada outras seis vezes no Antigo Testamento, 
nunca diz respeito a uma mulher casada. Em pelo menos três das ocorrências, 
significa claramente uma virgem. Além disso, esse versículo na Septuaginta 
traz um termo que claramente significa uma donzela virgem. Muito antes 
do nascimento de Cristo, os judeus já acreditavam nessa profecia clara da 
concepção virginal de Jesus. A atitude tendenciosa dos críticos os impede 
de aceitar essa maravilhosa previsão. 
Consideremos também a profecia de Daniel sobre as setenta semanas 
(Dn 9.24). Ela diz claramente que, a contar da época em que fosse dada a 
ordem para a reconstrução de Jerusalém até a vinda do Messias, o Príncipe, 
passariam-se sete semanas e sessenta e duas semanas. Depois da 62.ª semana, 
o Messias seria morto, e a cidade, destruída. Os estudiosos mais críticos já 
tentaram, sem sucesso, oferecer uma tradução diferente para essa passagem 
. ......_ _.b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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e diluíram seu significado ao afirmar que os períodos de tempo menciona-
dos na profecia são apenas simbólicos. 
Podemos destacar duas explicações. Primeiro, de acordo com o costume 
judaico, a palavra semanas diz respeito a um período de sete anos. Os hebreus 
contavam o tempo em grupos de sete e de cinqüenta - semanas e jubileus. 
Após sete anos, as dívidas deviam ser perdoadas, e a cada jubileu, que ocorria 
de cinqüenta em cinqüenta anos, todos recebiam de volta as terras que 
porventura tivessem perdido. Essa prática era tão antiga quanto as leis e preceitos 
levíticos. O Livro do jubileu, escrito no período intertestamentário, data eventos 
em Gênesis a partir de critérios como o jubileu, a semana, o ano, o mês e o dia 
de cada acontecimento. Obviamente, as "semanas" naquela cronologia repre-
sentam períodos de sete anos. Assim, sete semanas e sessenta e duas semanas 
são, portanto, sessenta e nove "semanas" de anos, ou seja, sessenta e nove mul-
tiplicado por sete, o que resulta em 483 anos. Uma semana adicional, men-
cionada no versículo 27, completa as setenta semanas. 
Em segundo lugar, houve várias ordens para restaurar e reconstruir 
Jerusalém. A primeira delas partiu de Ciro, por volta de 539 a.C. Essa foi 
posteriormente revogada e apenas o templo foi reedificado. Os próximos 
decretos desse tipo ocorreram no período de Esdras e Neemias, entre 456 e 
444 a.C. O texto de Esdras 9.9 dá a entender que o edito incluía também 
a reconstrução de Jerusalém. Assim, o profeta reergueu a cidade, e seu amigo 
Neemias terminou os muros. Por esse motivo alguns estudiosos contam a 
partir da data mencionada por Neemias, usando anos mais curtos do que o 
normal (porque Apocalipse 11.2, se comparado com 12.6, refere-se a anos 
de 360 dias). Parece mais lógico usar anos "normais", iguais aos que os 
judeus empregavam em seus cálculos, e contar a partir da data de Esdras. 
Portanto, 456 a.C. menos 483 anos é igual a 26 d.C. (Não existe "ano 
zero", portanto a resposta correta não é 27 d.C.). Esse é precisamente o ano 
em que Cristo foi anunciado por João Batista como o Messias de Israel. 
Pouco tempo depois, Jesus foi morto. Qyarenta anos mais tarde, a cidade 
foi destruída em um cerco cruel realizado pelos romanos. Em qualquer 
teoria sobre a data de Daniel, a profecia, desde que interpretada com rigor, 
refere-se a fatos que aconteceriam muito depois da época daquele profeta. 
Portanto, o argumento a favor da profecia é bastante forte. 
No entanto, as opiniões podem divergir com relação ao cumprimento 
da 70. ª semana. Os premilenistas (dentre os quais o autor se inclui) acreditam 
que ela ainda está para se cumprir, de acordo com indicações fornecidas por 
Cristo em Mateus 24.15. 
O cumprimento de profecias no Novo Testamento 
Muitas profecias registradas no Novo Testamento estão se cumprindo 
nos dias de hoje. Jesus fez uma profecia ousada, quando disse a alguns 
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA BÍBLIA セ@ __.-· 
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pescadores: "Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a to-
das as nações" (Me 13.10). Contudo, sabemos que a partir de uma origem 
humilde, a igreja cristã se expandiu a ponto de chegar a todas as principais 
regiões do mundo. Jesus também previu: "Em verdade vos digo que não 
passará esta geração sem que tudo isto aconteça" (Mt 24.34). Os judeus 
resistiram, mesmo depois de serem dispersados, perseguidos, expulsos e 
massacrados. O retorno dos judeus a Israel, que vem acontecendo em nossa 
época, é um cumprimento adicional muito importante das profecias da 
Antigüidade (Zc 12.1). 
Essas previsões não representam um problema nem causam cons-
trangimento algum à fé cristã. As muitas profecias que já se cumpriram são 
uma prova sobrenatural de que Deus se pronunciou. 
AS SUPOSTAS CONTRADIÇÕES 
Os críticos liberais dizem ter encontrado várias contradições na 
Bíblia. Estas, porém, não são tão graves como eles alegam. Neste estudo, 
infelizmente é impossível responder a todas essas questões. John Haley 
pesquisou as publicações dos críticos modernos e fez uma revisão de to-
das as dificuldades que eles afirmam ter descoberto. As respostas de Haley, 
cuidadosamente preparadas, têm sido aceitas por causa de sua fidelidade 
aos fatos. Elas são dignas de consideração. Outros estudiosos evangélicos 
contribuíram com mais sugestões. 
Uma dessas supostas contradições é o suicídio de Judas. Mateus 27.5 
relata que "Judas ( ... ) retirou-se e foi enforcar-se". Em Atos 1.18. lemos: 
"E, precipitando-se, rompeu-se pelo meio". A palavra no original de Mateus, 
traduzida como "enforcar'', não se refere necessariamente a enforcamento, 
mas ao ato de suicídio em geral ou ao estrangulamento. Ela é usada em 
2Samuel 17.23, para traduzir o vocábulo hebraico hanaq. Essa raiz, usada 
apenas em Naum 2.12 e emJó 7.15, significa não o enforcamento especifica-
mente, mas sim qualquer tipo de estrangulamento. A morte na forca não 
era comumno período veterotestamentário. É claro que, caso o corpo de 
Judas não fosse encontrado, iria inchar e romper. A suposta contradição 
pode se dever a uma tradução demasiadamente precisa. 
Marcos 14.30 e 72 relatam a tríplice negação de Pedro antes que o 
galo cantasse duas vezes. Os outros evangelhos mencionam apenas o cantar 
do galo. Alguns dos manuscritos mais antigos de Marcos não incluem a 
expressão duas vezes. Portanto, concordam com o texto de Mateus e de 
Lucas. Em alguns manuscritos lemos no texto de 2Crônicas 36.9 que Joa-
quim tinha oito anos quando foi levado cativo, mas 2Reis 24.8 menciona 
que ele tinha dezoito. Alguns dos textos em hebraico e a Septuaginta tra-
zem a segunda opção. Esse é, obviamente, o texto original em ambos os 
livros. Assim, a crítica textual soluciona esse problema. 
......_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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Outro exemplo é o do cego que foi curado, quando Jesus deixava 
Jericó (Me 10.46-52). Os relatos paralelos parecem discordar. Mateus 
20.30 traz: "E eis que dois cegos, assentados à beira do caminho ... ". Lucas 
18.35 menciona "um cego" que foi curado, quando Jesus se aproximava de 
Jericó, dando a entender que o homem teve sua vista restaurada nos arre-
dores daquele lugar. Naquela época, havia duas cidades com o nome de 
Jericó - uma antiga e outra, onde ficava o palácio de inverno de Herodes. 
Logo, o grupo de discípulos poderia estar saindo de uma das cidades e 
passando pelas imediações da outra. Esses relatos não são contraditórios; 
simplesmente um deles traz mais detalhes do que o outro. 
Muitas outras supostas contradições não são narrativas conflitantes, 
mas sim relatos que se complementam. A inscrição colocada no topo da cruz 
é um exemplo disso. Ela é apresentada com algumas variações nos quatro 
evangelhos. A placa trazia o título de Jesus em grego, latim e hebraico. 
Outras inscrições trilíngües daquela época não eram idênticas em todos os 
idiomas. A variação indica que um dos evangelhos traz parte do título e os 
demais acrescentam outras partes. 
A maioria dessas possíveis contradições não trata de questões sérias. 
Uma boa Bíblia de estudo geralmente traz algumas respostas. Normalmente, 
o problema decorre de nosso conhecimento limitado ou de interpretações 
errôneas de cada caso. 
Os céticos dão muita ênfase aos problemas encontrados na Bíblia. 
Apesar de seus ataques, o texto bíblico permanece e multidões de cristãos e 
estudiosos fiéis encontram nele a luz da vida e a verdade de Deus. Devemos 
lembrar a confissão de fé feita por Pedro: "Senhor, para quem iremos? Tu 
tens as palavras da vida eterna" (Jo 6.68). Muitos rejeitam a Palavra por 
causa de alguns discursos de Jesus, difíceis de entender, mas "nós temos 
crido e conhecido que tu és o Santo de Deus" (Jo 6.69). 
A BÍBLIA E A CIÊNCIA 
Tem-se divulgado amplamente a idéia de que os avanços da ciência 
tornam impossível acreditarmos na Bíblia. Isso não é verdade para o cristão 
que realmente estuda a Palavra de Deus. As Escrituras são inspiradas e 
verdadeiras não apenas em questões de ordem espiritual, mas também 
naquelas passagens em que dizem respeito à ciência e à história. No entanto, 
a Bíblia não é uma publicação científica e raramente faz menções de aspectos 
da física, química, matemática ou eletricidade. Os principais conflitos entre 
a Bíblia e a ciência estão nos primeiros capítulos de Gênesis, e geralmente 
nas questões relacionadas à evolução. Essa controvérsia se dá geralmente em 
torno de três assuntos: a idade da terra, a rígida delimitação das espécies e a 
origem do homem. 
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA BÍBLIA セ@ .--
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A idade da Terra 
A geologia afirma que nosso planeta tem de quatro a cinco bilhões 
de anos. Será que isso está de acordo com o relato bíblico? É possível apre-
sentarmos aqui apenas a resposta mais sucinta. Alguns estudiosos das Escri-
turas sugerem que os seis dias da criação são na verdade longos períodos de 
tempo, e não devem ser tomados literalmente como dias de vinte e quatro 
horas. Os primeiros três "dias" ocorreram antes que o Sol fosse criado e 
utilizado como referência para a contagem do tempo. 
Aqueles que defendem essa doutrina também sugerem que os dias 
da criação não tiveram necessariamente a mesma duração. O primeiro deles 
pode ter se estendido por muito mais tempo. A criação da vida vegetal, as 
fases finais da formação do Sol, da Lua e o início da vida animal podem ter 
ocorrido em épocas bastante próximas, seguidas de um longo período de 
crescimento com mais criações posteriores. 
Em contrapartida, outros teólogos, que defendem a ocorrência de 
dias com vinte e quatro horas de duração, argumentam que Deus pode ter 
criado o mundo dando-lhe, desde o início, o aspecto de algo mais velho do 
que realmente era. No entanto, devemos deixar claro que o relato bíblico é 
verdadeiro no que diz respeito à idade da terra. 
A rígida delimitação das espécies 
Esse problema depende muito do significado que se atribua à palavra 
espécie. Não há uma definição capaz de englobar todas as acepções da palavra. 
Na biologia, a palavra espécie é definida como plantas ou animais que 
apresentam características semelhantes. Segundo essa definição, a palavra 
espécie não recebe uma rígida delimitação. O repolho, a couve-flor e a couve-
de-bruxelas, por exemplo, embora tenham aparências bem distintas, podem 
sofrer cruzamentos entre si sem problema algum. Em contrapartida, se 
definirmos espécie como organismos que admitem cruzamentos entre si, mas 
não com outras espécies, então estaremos delimitando rigorosamente o 
significado da palavra, restando apenas raros exemplos que fogem à regra. 
A idade do homem 
Não há uma data precisa que indique há quanto tempo os seres 
humanos habitam o planeta. As teorias mais antigas sobre a evolução 
defendiam que o homem primitivo surgiu durante o período glacial, também 
chamado Pleistoceno, cerca de quinhentos mil anos atrás. Foi sucedido pelo 
Homem de Neanderthal, por volta de sessenta mil anos atrás e, em seguida, 
pelo Homem de Cro-Magnon, há vinte e cinco mil anos. Essas teorias 
foram alteradas devido a descobertas recentes. Descobriu-se que o Homem 
de Carmelo apresenta características do homem moderno, embora estime-se 
......._ __.b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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que tenha vivido há cento e vinte e cinco mil anos, a partir de comparações 
com o período glacial. Essa data foi alterada mais recentemente para trinta e 
cinco mil anos com o auxílio do método do carbono 14, que, em si mesmo, 
também apresenta variações consideráveis. Descobriu-se ainda que o Homem 
de Swanscombe e o Homem de Kanjera também tinham muitas características 
do ser humano moderno, embora calcula-se que tivessem vivido há trezentos 
mil anos. A datação, também baseada em fenômenos glaciais, é bastante 
questionável. Os cientistas agora concordam que os Neanderthais não eram 
tão primitivos como se acreditava. Todo esse processo de datação científica 
não é confiável e está sendo constantemente estudado e revisto. 
Novas descobertas nessas áreas têm acontecido rapidamente com os 
achados de Louis Leakey na garganta Olduvai, na África, e também nas 
escavações de seu filho, Richard Leakey, mais ao norte, além de Donald 
Johanson e outros. Embora as supostas épocas em que esses hominídeos 
viveram sejam muito antigas (dois ou três milhões de anos), os espécimes 
mais recentes encontrados por Richard Leakey apresentam estatura ereta, 
arcada dentária semelhante à do homem moderno e habilidade na fabricação 
de ferramentas. Isso pode significar a existência de variações dentro da raça 
humana, mas não a evolução desta. 
A própria Bíblia, embora seja clara a respeito dos fatos da criação, 
não fornece uma data específica. Não obstante, a maioria dos estudiosos da 
Bíblia acredita que o universo seja bem mais recente, com apenas dez ou 
quinze mil anos de idade. 
Uma crescente intimidade com as Escrituras e uma fé sincera em sua 
origem divina levarão o estudante da Bíblia a ter uma confiançaprofunda 
na noção de que, quando conhecermos todos os fatos, perceberemos que a 
verdadeira ciência estará em perfeita harmonia com uma interpretação bíblica 
precisa, sensata e minuciosa. 
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA BÍBLIA セ@ セM
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1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Supostas contradições, postura tendenciosa da crítica, 
teoria da evolução, milagre, ciência. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Localize os oito milagres relatados nos evangelhos que não estão 
relacionados com cura. 
2. Como é possível que o diabo e os demônios realizem milagres (cf. 
Êx 7.22; Ap 13.14)? 
. ....._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMセM
3. 
4. 
5. 
Leia os sermões de Pedro (At 2) e os de Paulo (At 13) e faça uma 
lista das profecias que se cumpriram em Cristo. 
À luz da ciência moderna, apresente as razões pelas quais os cristãos 
podem continuar acreditando na Bíblia. 
Apresente contradições bíblicas que não mencionamos neste capítulo, 
que o leitor tenha encontrado. Como podemos responder a essas 
questões? 
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA BÍBLIA セ@ .--· 
MMMMMMセ@
1 ANOTAÇÕES 
INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
1 ANOTAÇÕES 
T 
A alta crítica 
e a Bíblia 
odos os estudantes da Bíblia devem se inteirar dos ataques que têm 
sido lançados contra as Escrituras. Ao fazê-lo, estarão preparados 
para provar os espíritos. Assim se tornarão capazes de permanecer 
firmes no caminho e não receber influência de indivíduos instáveis que 
distorcem a Palavra de Deus, sofrendo eles mesmos a punição por seu erro 
(2Pe 3.16). O mesmo acontece com um estudante de medicina, que aprende 
sobre as doenças para saber como preservar a saúde de seus pacientes. 
Sempre houve pessoas que não acreditam na Bíblia. Em nossos dias, 
existe um tipo particular de descrença que é expressa sob a forma da alta 
crítica. Não iremos estudar todos os detalhes dessa linha de argumentação, 
mas é prudente que estejamos cientes da sua existência. 
DEFINIÇÃO 
A alta crítica examina, entre outros assuntos, a data de composição 
dos livros da Bíblia e sua autoria. Muitos dos adeptos da alta crítica defendem 
que alguns livros da Bíblia, senão todos, na realidade não foram escritos 
pelos homens mencionados nos próprios livros como seus autores. Afirmam 
também que esses livros não foram escritos na data estimada e que muitos 
deles não constituíam um volume único, mas compõem-se de vários docu-
mentos, que foram reunidos através dos séculos. 
--..... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMセ@
Hoje em dia, alguns teólogos ortodoxos empregam o termo alta 
crítica de uma maneira um pouco diferente. Admitem haver lugar para o 
tipo certo de alta crítica, algo totalmente distinto da atitude maldosa e 
descrente demonstrada pelos liberais. Os críticos ortodoxos estudam a 
autoria dos livros da Bíblia e o contexto histórico a eles relacionado. Usam 
as técnicas da alta crítica, porém de maneira reverente. A alta crítica orto-
doxa é simplesmente outra designação para aquilo a que chamamos 
"introdução à Bíblia". 
A expressão "alta crítica" geralmente refere-se à postura ideológica 
descrente mencionada acima. Sempre foi e ainda é nociva para a fé e fatal 
para o esforço cristão. Se a Bíblia é um grande apanhado de mentiras (como 
dizem os críticos liberais), por que devemos lê-la ou pregar sua mensagem 
pelo mundo? De que valeria ensinar nossos filhos a guardar os Dez Man-
damentos, se os próprios mandamentos transmitissem um testemunho falso 
da experiência de Moisés com Deus no monte Sinai? 
Para que possamos compreender essa teoria errônea, é necessário que 
recordemos alguns detalhes históricos. Em 1753, o médico francês Jean 
Astruc notou que o nome divino, no livro de Gênesis, às vezes aparece 
como "Deus" (Elohim em hebraico) e outras vezes como "Javé" ou YHWH 
(SENHOR, em algumas de nossas versões). Astruc sugeriu que essa variação 
devia-se ao fato de Moisés ter usado duas fontes diferentes quando compôs 
o livro de Gênesis, a "fonte E" e a "fonte J". Astruc não negou que Moisés 
fosse o autor de Gênesis, mas concluiu que a combinação dessas duas fontes 
resultou no primeiro livro da Bíblia. 
MMセMMMMMMMMMMMMMM =========== 
A CRÍTICA DO ANTIGO TESTAMENTO 
Escritores racionalistas franceses e alemães empenharam-se para 
ampliar a teoria de Astruc e disseram que o Pentateuco na verdade fora 
obra de alguém que viveu muito depois de Moisés. Eles alegam que a "fonte 
E" foi o documento mais antigo usado e que a "fonte J" teria sido consultada 
mais tarde. 
Em 1853, o alemão Hupfeld mudou completamente o rumo dessa 
pesquisa. Ele declarou que o próprio documento "E" era composto de duas 
partes, sendo que uma delas havia sido acrescentada posteriormente. Críticos 
alemães de um período posterior, principalmente Wellhausen (1878), foram 
além e afirmaram terem sido capazes de identificar quatro documentos na 
formação do Pentateuco. Seus nomes e datas são os seguintes: 
Documento J, de 850 a.C. (agora datado como um pouco ante-
rior - recebeu esse nome por causa do uso da palavra "Javé", 
traduzida por SENHOR) 
A ALTA CRÍTICA E A BÍBLIA セ@ .--· 
MMMMMMMMMMMMMセセ@
Documento E, de 750 a.C. (assim designado por causa do uso de 
"Elohim" para se referir a Deus) 
Documento D, 625 a.C. (composto em grande parte pelo texto 
de Deuteronômio) 
Documento P, 450 a.C. (com maior ênfase sacerdotal) 
Wellhausen afirmou que nenhum dos textos do Pentateuco foi 
escrito por Moisés e estimou que todo o registro relativo aos sistema sacer-
dotal ou às leis sacrificiais foi compilado por homens que viveram mil 
anos depois de Moisés. 
A autoria mosaica do Pentateuco 
A alta crítica não se limita a negar a autoria mosaica. Rejeita também 
a verdade e o valor doutrinário inerentes ao Pentateuco. Declara-se, por 
exemplo, que nunca houve tabernáculo no deserto. Defendem que esses 
relatos foram inventados por sacerdotes do período pós-exílico. 
Alguns dos críticos mais antigos chegaram a ponto de afirmar que 
Moisés não sabia escrever, isto é, aqueles que acreditam que Moisés realmente 
existiu. Chamaram os relatos sobre os patriarcas de "um punhado de lendas 
inventadas posteriormente". Eles duvidam totalmente do episódio do êxodo 
do Egito (Êx 12). Chamam de espúrias as leis transmitidas no Sinai (Êx 20). 
O milagre das dez pragas (Êx 7.9), da travessia do mar Vermelho (Êx 14.21), 
do maná (Êx 16.14) e outros foram todos descartados. Ainda mais grave é a 
afirmação dos adeptos da alta crítica de que Deus não se revelou ao povo da 
Antigüidade como o Deus único, santo e verdadeiro. Eles insistem que os 
patriarcas da época de Abraão eram animistas simplórios (adoradores de pedras 
e árvores). Já nos tempos de Moisés teriam sido politeístas (adoradores de 
muitos deuses). Afirmaram também que Davi foi henoteísta (alguém que crê 
que toda nação tinha seu deus particular). Segundo eles, o monoteísmo (crença 
em um único Deus) teria sido uma descoberta dos profetas do oitavo século 
antes de Cristo. Essa reconstrução diabólica da religião e da história primitiva 
do povo de Israel foi o "resultado plenamente comprovado" a que chegaram 
os críticos racionalistas alemães, no início do século XX. Qyem negava essa 
visão era considerado retrógrado e ignorante. Graças a Deus, muitos milhares 
de cristãos fiéis à Bíblia nunca se renderam aos ataques sutis dos liberais 
adeptos da alta crítica. 
Davi, Isaías e Daniel 
A alta crítica foi bem além do Pentateuco. Era praticamente inevitável 
que aqueles teólogos tentassem refutar toda a Palavra de Deus. Se Davi não 
. ......_ __. INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMセM
era monoteísta, não poderia ter escrito os salmos, porque esses textos falam 
de um único Deus, santo, vivo e verdadeiro. Por essas e outras razões, os 
críticos determinaram que o registro da maioria dos livros do Antigo 
Testamento deu-se num período muito posterior. Segundo eles, Isaías teria 
sido supostamente escrito por um, dois, três ou mais indivíduos. Eles dizem 
que o livro não previu a chegada de Ciro com 175 anos de antecedência. 
Isso teriasido registrado por Dêutero-lsaías, ou um segundo Isaías, que 
viveu durante o reinado daquele monarca. Afirmam ainda que Daniel não 
previu a sucessão dos poderosos impérios da Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia, 
até o reinado de Antíoco Epifânio, em 165 a.C. Presumem que o livro 
tenha sido escrito num período posterior, durante a guerra entre os exércitos 
de Antíoco e os macabeus. Logo, dizem que na verdade eram apenas 
registros da história antiga e não uma profecia. Portanto, os defensores da 
alta crítica não se limitaram a combater os detalhes ligados à estrutura do 
texto bíblico. Atacaram também as verdades fundamentais e o valor teológico 
de praticamente todos os livros do Antigo Testamento. 
Cristo aprovou o Antigo Testamento 
A alta crítica afeta nossa visão tanto do Antigo Testamento como do 
Novo. No segundo capítulo, mostramos de maneira clara que Cristo e os 
apóstolos criam plenamente no Antigo Testamento. Jesus ensinou que "é 
mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei" (Lc 16.17). 
Ele declarou ainda que o testemunho do Antigo Testamento era mais 
convincente do que o de alguém que ressuscitasse dos mortos (Lc 16.29-31). 
Jesus acreditava na existência real de Adão e Eva, de Jonas e o grande peixe, 
no maná que caiu do céu e em todos os demais fatos registrados no Antigo 
testamento. Cristo não era um adepto da alta crítica. Todavia, a alta crítica 
moderna retrata-o como um indivíduo semelhante a outros de sua época, 
sujeito aos ensinamentos ingênuos, errôneos e acríticos de seu tempo. Os 
críticos liberais ensinam que Jesus tomou consciência gradual de que era o 
Messias. Afirmam que se enganou a respeito de sua segunda vinda e que não 
morreu como um substituto divino em nosso lugar (lPe 2.24, 25), mas como 
um mártir humano. A alta crítica destitui o Antigo Testamento de seu valor 
e priva o Novo Testamento de seu Senhor. 
Infelizmente, temos que admitir que essa visão tem-se difundido e 
arraigado profundamente na teologia. Ela é a base do chamado "moder-
nismo". No início do século xx, jovens e promissores teólogos iam para a 
Europa estudar e geralmente retomavam infectados pelos ensinos moder-
nistas da escola alemã. A maioria das grandes e mais tradicionais escolas 
teológicas aceitou esse liberalismo como base de seu ensinamento teológico, 
e seus formandos pregaram tais conceitos por vários anos. Muitos líderes 
cristãos de igrejas locais nem sequer imaginam a extensão dessa influência. 
Ela tem sido combatida por muitas instituições e faculdades cristãs e por 
um contingente bem grande de universidades e seminários evangélicos or-
todoxos, principalmente aqueles fundados após 1920. Entretanto, a alta 
crítica afetou uma grande porcentagem dos pregadores protestantes de nossa 
geração. Todos os cristãos envolvidos no ministério, bem como os professo-
res de escola dominical devem procurar compreender plenamente os efeitos 
da alta crítica. 
A CRÍTICA ANTIGA 
Os ícones da alta crítica liberal antiga são as referências aos documentos 
J, E, D e P, a negação da unidade de Isaías, a defesa de uma data posterior 
(pós-exílica) para a maioria dos salmos, uma datação para o livro de Daniel no 
período dos macabeus (165 a.C.), a tese da evolução da religião de Israel (em 
vez de sua revelação divina), a descoberta do monoteísmo pelos profetas do 
oitavo século antes de Cristo e várias outras negações das verdades bíblicas. 
Através da lógica humana, um indivíduo que acredite em alguns dos pontos 
defendidos pela alta crítica acreditará nos outros também. Qyem crê na 
existência de "dois ou três Isaías", dificilmente concordará que Daniel foi 
escrito em 550 a.C. Aquele que acredita que Moisés não escreveu nenhum 
livro também se recusará a crer que Davi foi o autor dos salmos que lhe são 
atribuídos. A alta crítica é um sistema doutrinário e opõe-se ao cristianismo 
ortodoxo em todos os conceitos básicos. 
Felizmente, a própria alta crítica vem sofrendo ataques hoje em dia. 
Por providência de Deus, desde 1920, arqueólogos têm feito descobertas 
notáveis. Elas têm convencido estudiosos, até mesmo os não-ortodoxos, de 
que os relatos em Gênesis são verdadeiros. Moisés pode muito bem ter sido 
monoteísta, muitos dos salmos foram registrados em períodos tão antigos 
quanto a época de Davi, etc. De acordo com W. F. Albright, um estudioso 
bastante proeminente, a antiga teoria de Wellhausen sofreu um "colapso 
total". As posturas antigas têm sido intensamente modificadas. As novas 
descobertas arqueológicas realmente comprovam os conceitos ortodoxos. 
Todavia, não são muitos os que estão retornando à ortodoxia. Em vez disso, 
propõem novos tipos de crítica que não têm sido acolhidas por todos os 
teólogos. Na verdade, revelam-se tão erradas como as idéias anteriores. 
A NOVA CRÍTICA 
A nova crítica não é tão unificada como as posturas antigas do início 
do século xx, e não é possível acompanhá-la em detalhes. Há uma teoria 
sobre a tradição oral que defende que nenhum documento bíblico foi 
registrado até o período em que Israel seguiu para o exílio. Segundo essa 
. ......_ ___b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMセM
teoria, as tradições hebraicas foram passadas adiante de forma oral. Uma 
perspectiva mais comum defende a teoria das fontes J, E, D e P, mas tenta 
identificar a tradição oral subentendida nesses documentos. Outra linha 
estabelece subdivisões para essas fontes,J1,J2, PA, pB, etc. Outra teoria comum 
agora admite ser possível identificar sinais dos documentos J, E e P apenas 
em Gênesis, Êxodo, Levítico e Números (o chamado Tetrateuco) e que o 
autor, editor ou escola que compilou o livro de Deuteronômio foi o mesmo 
que escreveu Josué, Juízes, 1e2Samuel e 1 e 2Reis, em um período próximo 
ao exílio. Obviamente, de acordo com esses teólogos, o trabalho do 
"deuteronomista" não configura uma unidade. Ele supostamente se valeu de 
vários registros antigos, e muitas passagens foram inseridas no documento em 
épocas posteriores. 
Os argumentos para essas idéias são bastante subjetivos e por isso muito 
diversificados. Eles partem das afirmações antigas defendidas por Wellhausen, 
a respeito de passagens paralelas, afirmações contraditórias ou ainda sobre 
estilos e conceitos característicos, e a seguir dividem os textos segundo esses 
aspectos que lhes chamam a atenção. É interessante perceber que a extensão 
do documento P em Gênesis, por exemplo, como afirmou Driver quase um 
século atrás, é muito parecida com a posição defendida hoje em dia por Martin 
Noth1• A principal diferença entre ambos está no fato de que Noth não 
identifica a presença de trechos do documento P nos capítulos 14 e 24 de 
Gênesis. Os críticos mais antigos afirmavam que o texto de Gênesis 14 foi 
acrescentado bem depois, possivelmente no período dos macabeus (ou seja, 
aproximadamente em 165 a.C.). 
Estudos arqueológicos hodiernos demonstram que aqueles trechos 
enquadram-se perfeitamente na época dos patriarcas, e não em um período 
posterior. Surpreende-nos que a crença nos documentos J, E, D e P ainda 
esteja em voga, com bem poucas alterações, pois não há nenhuma descoberta 
arqueológica que comprove a existência de tais documentos. Ao contrário, 
muitos achados apóiam a veracidade histórica dos textos bíblicos em questões 
de maior e menor importância. Para um estudo mais aprofundado acerca 
dos detalhes complexos resultantes dessas análises críticas, aconselhamos 
que o leitor consulte a obra de Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento?, 
publicada por Edições Vida Nova. 
1 Martin Noth, A History of Pentateuchal Traditions, tr. B. W. Anderson (Chico, 
Calif.: Scholars Press, 1981), p. 17, 18. 
A ALTA CRÍTICA E A BÍBLIA セ@ .--
GMGMGMMMBMMMMMMMGMMMMMMMMMMMMMセセ@
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Animista, evangélico, henoteísta, alta crítica, 
liberalismo, monoteísta, ortodoxo, politeísta. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Mencione vários conceitos inter-relacionados, defendidos pela alta 
crítica, que dizem respeito aos livros do Antigo Testamento.2. Apresente várias razões por que a alta crítica é nociva à fé cristã. 
3. Explique o que a alta crítica diz sobre as profecias que contêm 
previsões e sobre a realidade dos milagres. 
4. Em nossa época, quais fatores têm contribuído para derrubar os 
antigos pensamentos defendidos pela alta crítica? 
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セセMMMMMMMMMセM
1 ANOTAÇÕES 
A arqueologia e o 
Antigo Testamento 
J á se publicaram muitos livros que tratam da relação entre a arqueologia e o Antigo Testamento. Neste capítulo, podemos apenas definir o conceito de arqueologia, mencionar a abrangência desse 
estudo e demonstrar a ligação entre a arqueologia e o Antigo Testamento. 
DEFINIÇÃO 
Arqueologia é o "estudo dos costumes e culturas dos povos antigos". 
Em termos práticos, limita-se a analisar fatos históricos da Antigüidade, 
trazidos à luz através da escavação de cidades, túmulos e da descoberta de 
relíquias. A arqueologia bíblica está voltada principalmente para os objetos 
encontrados na região da Palestina, do Egito e da Mesopotâmia. 
Os arqueólogos trabalham escavando cuidadosamente ruínas antigas. 
Em seguida, fotografam e registram tudo exatamente como encontraram, 
interpretando os resultados. Eles também traduzem e estudam os 
documentos encontrados. 
HISTÓRIA 
Na Idade Média, pensava-se que as pinturas e escritos presentes nos 
templos egípcios tivessem poderes mágicos. Por volta do ano 1700, alguns 
. ......_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMBMMMMM
arqueólogos descobriram a Pedra de Roseta, que trazia um texto em três 
línguas, dentre elas o grego. Esse achado forneceu aos estudiosos a chave 
para decifrar o idioma egípcio. 
Em meados de 1800, um arqueólogo decifrou a inscrição de Behis-
tune, de Dario, o Grande. Ela também era trilíngüe e possibilitou aos estu-
diosos desvendar o idioma assírio-babilônico. Pesquisadores agora chamam 
essa língua acadiano, em homenagem à cidade de Acade, mencionada em 
Gênesis 10.10. O acadiano era escrito com uma cunha, com o qual se faziam 
várias combinações de marcas em placas de argila ainda mole, que eram 
geralmente do tamanho e do formato de uma pedra de sabão. Essas placas 
eram colocadas para secar ao sol. Os objetos que chegaram aos nossos dias 
ainda estão muito bem preservados. Aquele tipo de escrita é chamado 
cuneiforme (em forma de cunha). 
A maioria dos escritos na Palestina e no Egito era feita em papiro, 
material semelhante ao papel, confeccionado a partir de uma planta que 
tinha o mesmo nome. O papiro apodrecia facilmente nas estações chuvosas 
e úmidas da Palestina durante o inverno. Portanto, apenas uns poucos docu-
mentos armazenados naquela região resistiram até nossos dias. Uma exceção 
foi a descoberta recente de muitos fragmentos e pergaminhos guardados 
em cavernas do deserto próximo ao mar Morto, um local quente e seco. 
Esses manuscritos datam desde 200 a.C. até 50 d.C. Com exceção desses, 
os documentos palestinos restringem-se a algumas poucas inscrições, selos 
e textos gravados em cerâmica. 
Os primeiros arqueólogos não contavam com técnicas muito precisas 
e adotavam métodos não-científicos para lidar com seus achados. Escavavam 
as ruínas antigas aleatoriamente, na esperança de encontrar algum material 
escrito, estátuas bem preservadas ou algum tesouro. Por fim, descobriram 
que as cidades antigas da Palestina e da Mesopotâmia eram dispostas em 
níveis de ocupação, uma sobre a outra. Os primeiros moradores abandonavam 
as cidades em períodos de guerra, fome ou pestilência. As casas feitas de 
tijolos de barro e seus muros ruíam. Mais tarde, novos grupos se mudavam 
para aquele lugar, nivelavam o terreno sobre as ruínas antigas e construíam 
um novo nível bem em cima do anterior. Descobriram-se até vinte e três 
cidades sobrepostas no mesmo local. Arqueólogos de épocas mais recentes 
encontraram esses estratos, através de suas escavações, um após o outro. Assim, 
puderam estudar a relação entre os grupos de habitantes de cada local. 
A arqueologia desenvolveu-se muito pouco até a Primeira Guerra 
Mundial. Naquela época, os arqueólogos chegaram à conclusão de que os 
estratos de cidades pertencentes a cada período eram caracterizados pelas 
peças de cerâmica produzidas por aqueles povos. Um estudo cuidadoso dos 
tipos de objetos, principalmente a cerâmica local, tomou possível comparar 
as ruínas de uma cidade com os vestígios de povoados antigos de locais 
diferentes. Outras comparações com eventuais inscrições permitiram a 
A ARQUEOLOGIA E O ANTIGO TESTAMENTO 
datação desses estratos, muitas vezes com bastante precisão. Por isso se afirma 
que a arqueologia tornou-se em ciência por volta de 1920. Trabalhos arqueo-
lógicos mais antigos podem ter revelado fatos valiosos, mas tiveram de ser 
reestudados com o uso de procedimentos e métodos mais precisos da 
arqueologia de períodos recentes. 
No entanto, os avanços da arqueologia nos últimos 65 anos foram 
tremendos. Pouco mais de cem anos atrás, não se conhecia bem a história 
do Egito, da Mesopotâmia ou da Palestina, em épocas anteriores a 800 a.C. 
Agora possuímos achados brilhantes que remontam a 3000 a.C. ou até 
antes disso. Os cientistas descobriram os nomes dos antigos reis da Babilônia, 
da Síria e do Egito. Esses reis também são mencionados na Bíblia, e 
encontraram-se até mesmo pinturas de alguns deles. Antigas batalhas, leis, 
línguas e culturas ressurgiram sob a investigação paciente desses estudiosos. 
Qyal a influência disso para a Bíblia em si? Obviamente, muito 
grande. As descobertas recentes revelam e confirmam fatos relacionados às 
Escrituras, e em vários casos oferecem resposta satisfatória para os ataques 
dos críticos. 
CONFIRMAÇÃO 
Muitos trechos do Antigo Testamento não podem ser confirmados. 
Nenhum arqueólogo pode provar que "o SENHOR é o meu pastor; nada me 
faltará". A arqueologia interessa-se pela história bíblica. Assim, podemos 
usá-la para confirmar fatos relatados nos livros históricos e proféticos. 
Contudo, ela não traz discernimento espiritual. 
Descobertas arqueológicas confirmam a batalha de Sisaque contra 
Roboão (1Rs 14.25, 26), o reinado de Onri e o poderio de Acabe (1Rs 
16.22), a revolta de Mesa de Moabe (2Rs 3.5), a queda de Samaria (2Rs 
18.10), a escavação do aqueduto de Ezequias (2Rs 20.20), a invasão liderada 
pelo faraó Neco (2Rs 23.29), a queda de Jerusalém e a deportação de Joaquim 
(2Rs 24.10-15). 
É impressionante quando algum detalhe, há muito esquecido por 
todos, exceto pelos autores bíblicos, é confirmado por descobertas arqueo-
lógicas. Tais comprovações corroboram que os livros da Bíblia foram escritos 
por testemunhas oculares dos fatos nela relatados, ou por outros indivíduos 
que os conheciam intimamente e que viveram nas épocas ali mencionadas. 
Dois exemplos são suficientes para ilustrar isso. 
O selo de Baruque 
Baruque, escriba de Jeremias, foi sem dúvida uma personagem de 
importância secundária. Ninguém, a não ser seus contemporâneos, saberia 
de sua existência. Há menção de seu nome apenas no livro de Jeremias. Ele 
........_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セNMMMMMMMMMMMMMMM
aparece 23 vezes nos capítulos 32, 36, 43 e 45. Todavia, descobriu-se em 
Jerusalém um selo com a seguinte inscrição: "Pertencente a Baruque, filho 
de Nerias, o escrivão". No mesmo grupo de objetos desenterrados, encon-
trou-se outro selo com os dizeres: "Pertencente a Jerameel, filho do rei" 
(cf. Jr 36.26, 32). A conclusão mais lógica é que Jeremias foi escrito por 
alguém da época ali retratada. 
Os ferreiros 
Um tipo diferente de ilustração encontra-se em lSamuel 13.19-21. 
Nessa passagem, lemos que os filisteus não permitiam que os israelitas 
tivessem ferreiros, para que não fossem capazes de forjar espadas para 
seus exércitos. Por muito tempo, os tradutores tiveram dificuldade ao 
interpretar esses versículos. Parecia estranho .não haver nenhum ferreiro 
entre os hebreus, pois o trabalho com metal já era conhecido havia séculos, 
em toda a região do Oriente Próximo. Informações recebidas posterior-mente provam que esses versículos retratam exatamente a situação do povo 
de Israel na época. Os filisteus introduziram a Idade do Ferro na Palestina 
e, a princípio, mantiveram o monopólio do trabalho com esse material. 
Não havia ferreiros em Israel porque os filisteus fizeram do manuseio do 
ferro um segredo militar. 
A frase "tinham, porém, limas adentadas para os seus sachos" 
(lSm 13.21, ARC) agora foi esclarecida através da descoberta de uma peça 
de metal que continha uma gravação de um termo hebraico derivado da 
palavra traduzida como "sacho". Obviamente esse termo não tinha o mes-
mo significado da palavra original, mas era uma referência ao preço cobrado 
dos israelitas para afiar ferramentas que, como o "sacho'', eram utilizadas na 
agricultura. O conhecimento de um detalhe como esse é uma prova clara de 
que o autor de lSamuel estava plenamente ciente da história de sua época. 
Copistas posteriores, que não sabiam de todos os detalhes, interpretaram 
mal o versículo. Agora percebemos o que o autor do livro quis dizer. Somente 
assim foi possível traduzir o vocábulo hebraico corretamente. 
ILUMINANDO O TEXTO 
Podemos fornecer outros exemplos sobre o uso da arqueologia para 
ilustrar e iluminar o Antigo Testamento. Eles confirmam o texto bíblico 
e revelam o contexto histórico subjacente ao texto. Essa capacidade de 
lançar luz sobre os textos é em si mesma importante, porque não podere-
mos valorizar devidamente a Bíblia se não a compreendermos. Um conhe-
cimento adequado das Escrituras poupará o estudante de cometer muitos 
erros graves de interpretação. Novamente iremos apresentar apenas al-
guns exemplos. 
A ARQUEOLOGIA E O ANTIGO TESTAMENTO セ@ __.. 
MMMMMMMMMMMMMMMセ@
Os horeus 
Em Gênesis, Números e Deuteronômio, encontramos menções do 
povo horeu. Aparentemente esse povo tinha ligação com Edom. Os horeus 
podem ter tido alguma relação com os jebuseus, que habitavam Jerusalém. 
A palavra hor, em hebraico, quer dizer "buraco". Por esse motivo, um dos 
léxicos mais antigos (isto é, um livro que contém as palavras de uma língua, 
dispostas em ordem alfabética e acompanhadas de sua definição em outra 
língua), tal como o que foi escrito por Brown, Driver e Briggs, traz que o 
termo horeu "provavelmente significa "escavadores de cavernas". Isso implica 
a existência de um grupo de indivíduos que habitavam em cavernas na 
Palestina, na época dos patriarcas. Mais recentemente, a arqueologia descobriu 
outros detalhes sobre os horeus. Eles não eram escavadores de cavernas, mas 
sim um povo tão avançado como qualquer outro da Antigüidade. Hoje já 
se sabe também que Abraão viveu numa cultura que já contava com mil 
anos de desenvolvimento. Os horeus agora são chamados hurritas. Escavações 
na cidade de Nuzi, na Mesopotâmia (1929), revelaram costumes relativos 
às leis e à vida em família desse povo. Atualmente, ensina-se a língua hurrita 
em algumas universidades. 
Salomão 
Salomão é famoso por sua sabedoria. No entanto, a história antiga 
fala tão pouco sobre ele que alguns estudiosos se perguntam se sua riqueza 
e sabedoria não foram na realidade exageradas nos relatos bíblicos. Todavia, 
várias descobertas revelaram e confirmaram o que a Bíblia diz sobre esse rei, 
apesar de os arqueólogos não terem descoberto nenhuma placa de argila ou 
outro tipo de inscrição sobre Salomão. Primeiramente, foram feitas escavações 
na cidade de Megido (1925-1939). Os edifícios do lugar comprovam o 
conhecimento arquitetônico de Salomão e seu interesse nessa arte. Os achados 
corroboram o costume do monarca de fundar várias cidades que se desti-
navam a abrigar carruagens militares (lRs 10.26). É interessante notar 
que havia uma estrela de seis pontas entalhada em um dos edifícios, 
construído pouco tempo depois. Esta é a estrela de Davi, também conhe-
cida como "escudo de Davi", símbolo que hoje figura na bandeira de 
Israel. Escavações posteriores em Hazor da Galiléia (1955-1959) mos-
tram indícios de uma riqueza semelhante no nível de ocupação da era 
salomônica. Estima-se que o portão principal de Hazor seja quase idên-
tico ao portão construído por Salomão em Megido. 
Pesquisas realizadas ao sul do mar Morto, por Nelson Glueck, acres-
centam provas à existência da era salomônica. Glueck descobriu várias 
minas de cobre com fornalhas rudimentares, usadas para derreter o metal, 
no vale ao sul do mar Morto. Peças de cerâmica demonstram que as minas 
foram escavadas no tempo de Salomão. Obviamente o cobre seguia para 
-..... _.b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMMMMMMMセM
Eziom-Geber (atual Elate), na margem oriental do mar Vermelho. Em 
1938, Glueck encontrou em suas escavações uma notável cidade claramente 
planejada e construída para funcionar como um centro destinado ao refino 
e fundição do cobre e também ao comércio. A Bíblia afirma que os barcos 
de Salomão partiam de Eziom-Geber em direção a portos distantes, e 
traziam de volta carregamentos valiosos (1Rs 9.26-28). As descobertas 
arqueológicas confirmam as verdades bíblicas. Os barcos de Salomão expor-
tavam cobre e garantiam uma grande renda a Israel. Esse rei foi um mag-
nata do cobre da Antigüidade. 
RESPONDENDO À ALTA CRÍTICA 
A alta crítica praticada pelos teólogos liberais têm sempre sido 
embuída de ceticismo. Embora seja essencialmente uma análise da autoria 
dos livros da Bíblia e da data em que foram escritos, essa linha de argu-
mentação tem trazido resultados lamentáveis para o ensino cristão. 
A alta crítica surgiu num período de grande ignorância a respeito do 
contexto histórico da Bíblia. Ensinava-se que a Palestina e a Mesopotâmia 
eram tão atrasadas como a Grécia em 1500 a.C., e que Moisés não sabia 
escrever. Os relatos sobre os patriarcas eram supostamente mitos folclóricos 
dos hebreus que viveram entre 900 e 700 a.C. Dizia-se serem apenas contos 
explicativos, à semelhança de lendas do folclore de um povo. Os críticos liberais 
afirmavam que os relatos de Gênesis apenas tentaram fornecer hipóteses para 
a formação das famílias, a razão por que mulheres detestam cobras, etc. 
Era difícil combater tais falácias numa época em que a história antiga 
do Oriente Próximo era praticamente desconhecida. Hoje em dia, tal ceti-
cismo é mera tolice. Já está provado que nos dias de Moisés um homem 
culto sabia escrever em três ou quatro idiomas. Os patriarcas habitavam um 
mundo repleto de indivíduos poderosos e culturas avançadas. 
As descobertas arqueológicas a respeito dos tempos dos patriarcas e 
da língua hebraica são de especial importância. Em 1929, encontrou-se a 
antiga cidade de Nuzi, ao norte da Mesopotâmia. Essa localidade revelou 
um grande tesouro em placas de argila, que em sua maioria datavam de 
cerca do ano 1500 a.C. Esses objetos esclarecem fatos sobre o cotidiano e 
sobre os as leis dos hurritas e demais povos que habitavam o trecho norte 
do Crescente Fértil. Arqueólogos notáveis como E. A. Speiser e W. F. 
Albright, entre outros, demonstraram como esses achados comprovam e 
explicam detalhadamente muitos costumes típicos dos patriarcas a res-
peito da vida em família. 
Os acordos nupciais do povo de Nuzi especificavam que, se a esposa 
fosse estéril, devia-se oferecer uma escrava ao marido, para que esta lhe 
desse um herdeiro. A criança nascida receberia o direito de primogenitura. 
A ARQUEOLOGIA E O ANTIGO TESTAMENTO 
Entretanto, se mais tarde a esposa desse à luz um filho, o primeiro herdeiro 
deveria ceder lugar ao segundo. Esses e muitos outros costumes estão per-
feitamente de acordo com os costumes dos patriarcas. Em contrapartida, 
não são similares aos costumes dos israelitas, no período de 900 a 700 a.C. 
A partir de evidências assim alguns estudiosos se convenceram da veracidade 
histórica das narrativas de Gênesis. 
É bastante animador perceber que muitos dos ícones do liberalismo 
estão sendo derrubados. Hoje em dia, até mesmo os novos liberais encon-
tram-se na defensiva. No entanto, nem todos os arqueólogos acreditam 
na inspiração verbal. Muitos fatos a respeito do Antigo Testamentonão 
podem ser comprovados através da arqueologia. Os cristãos os aceitam 
pela fé, confiando na aprovação dada por Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, 
não há nenhuma descoberta arqueológica que tenha obrigado os teólogos 
ortodoxos a rever profundamente suas doutrinas com relação à autenticidade 
da Bíblia. Pode-se pressupor que os estudos arqueológicos do futuro for-
necerão outros dados que confirmarão as verdades nas quais cremos. 
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Arqueologia, cuneiforme, hurritas, léxico, 
placas de argila, níveis de ocupação. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Faça um resumo da história da arqueologia bíblica. 
2. Dê dois exemplos de como a arqueologia confirma a Bíblia. 
. .__ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMMMBMMMMM
3. 
4. 
5. 
6. 
O que veio primeiro: a alta crítica ou a arqueologia científica? O que 
podemos aprender com a ordem em que esses estudos surgiram? 
Dê um exemplo da maneira como a arqueologia têm confundido a 
alta crítica. 
Usando uma concordância bíblica, liste as referências a respeito 
dos horeus. 
Descreva as descobertas arqueológicas relacionadas a Salomão. 
A ARQUEOLOGIA E O ANTIGO TESTAMENTO 
1 ANOTAÇÕES 
. ......_ ___b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMセM
1 ANOTAÇÕES 
Ferramentas para o 
estudo bíblico 
T 
odo cristão deve crescer "na graça e no conhecimento de nosso Senhor 
e Salvador Jesus Cristo" (2Pe 3.18). Qyando Pedro deu esse conselho, 
de acordo com o contexto, ele estava alertando seus irmãos a não se 
deixarem levar pelos "ignorantes e instáveis" que "deturpam" as Escri-
turas para a própria destruição deles e ainda arrastam outros para esse mau 
caminho (2Pe 3.14-17). 
Mas queremos chamar sua atenção para outra coisa importante que 
Pedro destacou. Ele disse que essa deturpação também ocorre porque nas 
Escrituras "há coisas difíceis de entender" (v. 16). Por não saberem lidar com 
essas "coisas difíceis", muitos cristãos relegam o estudo da Bíblia ao segundo 
plano, ou resolvem aplicar o "achódromo" como meio de interpretá-la. Outros, 
por sua vez, vivem na dependência de algum "assessor para assuntos bíblicos", 
sem ao menos abrir as Escrituras para se certificar de que aquilo que estão 
aprendendo corresponde realmente à "sã doutrina" (2Tm 4.3). 
Como cristãos, precisamos aprimorar diariamente nosso conhecimento 
das Escrituras. Devemos ser realmente estudiosos da Palavra de Deus. Os 
"livros" e os "pergaminhos" ainda são indispensáveis. E o mundo editorial 
evangélico está repleto de excelentes ferramentas para nos ajudar nesse pro-
cesso de crescimento bíblico e espiritual. Evidentemente, nenhuma dessas 
publicações substitui a Bíblia. Elas são apenas recursos adicionais para 
melhorar nossa compreensão do texto bíblico. A Bíblia é, e sempre será, a 
única regra de fé e prática do povo de Deus. 
...._ _b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セイMMMMMMMMMMMMセM
Apresentamos a seguir algumas das ferramentas que devem compor 
o arsenal literário de um cristão, que o ajudarão a se alimentar cada vez 
mais da Palavra viva de Deus. Por isso, é importante que cada um procure 
montar sua biblioteca. 
BIBLIOTECA PESSOAL 
"Biblioteca não é luxo; é uma das necessidades da vida." Essa frase é 
do escritor e editor americano Henry Ward Beecher (1813-1887). E ele 
estava certo. Concorda? 
Para montar nossa biblioteca, Deus nos presenteou de uma tacada 
com 66 livros, que foram chamados apropriadamente de "biblioteca divina" 
(expressão cunhada no quarto século por Jerônimo, tradutor da Vulgata - a 
primeira Bíblia traduzida das línguas originais para o latim). 
É bom lembrar que o apóstolo Paulo também tinha uma biblioteca 
pessoal. Qgando esteve encarcerado em Roma, ele pediu a Timóteo que lhe 
trouxesse seus "livros, especialmente os pergaminhos" (2Tm 4.13). Os livros 
eram feitos de papiro, em forma de rolos; os pergaminhos eram confeccio-
nados com pele de animal, principalmente de cabra ou de ovelha. A difi-
culdade se encontra em determinar o conteúdo desse material solicitado 
pelo apóstolo. É provável que Paulo estivesse se referindo ao Antigo Testa-
mento. Outra hipótese é que se tratasse de livros de outra espécie. Indepen-
dentemente do conteúdo, o que nos importa saber é que ele reconhecia a 
importância de ter uma biblioteca. E foi esse homem estudioso e desejoso 
de conhecer as coisas divinas que Deus usou para compor quase metade do 
Novo Testamento. 
Estabelecida a importância de uma biblioteca pessoal, surge agora 
uma pergunta: Qge livros escolher para compor nossa coleção? 
Escolhendo os livros para sua biblioteca 
O mundo nunca mais foi o mesmo desde Johann Gutemberg 
(c. 1400-1468), o inventor da imprensa. Devido a essa brilhante invenção, 
o mundo está saturado de literatura as mais diversas. Aqui cabem as palavras 
de um sábio: " ... não há limite para fazer livros" (Ec 12.12). E isso foi dito 
quase 2 500 anos antes de Gutemberg! 
O fato é que temos de tudo no mercado editorial, tanto do bom e 
do melhor, quanto do ruim ao pior. Precisamos, portanto, ser seletivos 
quanto ao que vamos escolher para compor nossa biblioteca. Isso diz 
respeito não só aos livros que nos servirão de auxílio em nossa pesquisa, 
mas também à escolha da versão bíblica que adotaremos. Comecemos 
então por este tópico. 
FERRAMENTAS PARA O ESTUDO BÍBLICO セ@ .--· 
セセGMMGMMMBMGMMGMセM]M]MM]]M]]M]MMMMMMMMMMセ@
QUE VERSÃO DA BÍBLIA ESCOLHER? 
É interessante observar que antes da invenção da imprensa não havia 
bíblias disponíveis para todo o povo de Deus. Aliás, durante um bom tempo 
o povo foi privado das Escrituras, que passou a ser monopolizada por uma 
elite que falava latim. Os que se opunham a isso e tentavam verter as Escrituras 
para o vernáculo eram severamente punidos, muitos até com a perda da 
própria vida. 
O cenário mudou. Com o advento da Reforma protestante, ocorrida 
em 31 de outubro de 1517, os esforços para tornar a Bíblia disponível no 
idioma nativo foram intensificados. Em conseqüência desses incansáveis 
esforços, hoje podemos ter quantas bíblias quisermos, em diversos idiomas, 
cores e tamanhos. Há bíblias muito práticas, como as que trazem dedeiras 
(recurso que permite abrir um livro da Bíblia à altura exata por meio de 
marcadores na lombada). Enfim, Bíblia é o que não falta. Não há como 
desacelerar o avanço da "biblioteca divina". 
Assim, já temos o primeiro item para a composição de nossa biblioteca. 
A questão é: entre as várias versões existentes em português, qual delas 
devemos adotar como texto-padrão? 
Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida. Na verdade, o 
ideal é que tenhamos todas as versões disponíveis em nosso idioma. Não 
se pode dizer que existe a versão definitiva das Escrituras, a fiel das fiéis, 
a versão das versões. Todas têm contribuições importantes no campo do 
estudo das Escrituras. 
Apresentamos a seguir as principais versões em português da comu-
nidade evangélica: 
João Ferreira de Almeida 
Esse é o nome mais conhecido das versões protestantes da Bíblia. Ao 
16 anos, o português João Ferreira de Almeida entraria para sempre na 
história das traduções das Escrituras. Com essa idade, ele empreendeu a 
árdua tarefa de traduzir a Bíblia diretamente das línguas originais, dedicando 
toda a vida a esse empreendimento. Infelizmente, morreu antes de concluir 
seu intento. Outros terminaram o que ele começou. 
Sob esse nome há diversas versões: 
1. Almeida Revista e Corrigida (ARC ou RC) - publicada pela 
Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), fundada em 1948. Foi publicada 
originariamente em 1898 pela Sociedade Bíblica Britânica e 
Estrangeira. Em 1995, a SBB elaborou uma revisão nesse texto, dando 
origem à Almeida Revista e Corrigida, 2. ª edição. 
. ....._ __b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMセ@
2. 
3. 
4. 
5. 
6. 
Almeida Revista e Atualizada (ARA ou RA) - texto que começou a 
ser produzido pela SBB em 1948 e publicado em 1956. Trata-se de 
uma atualização teológica e lingüística da ARC. O trabalho foi 
elaborado por uma equipe de tradutores brasileiros. Em 1993, a SBBfez uma revisão no texto, que ficou conhecido como Almeida Revista 
e Atualizada, 2.ª edição. 
Almeida Corrigida e Fiel (ACF) - publicada pela Sociedade Bíblica 
Trinitariana do Brasil, fundada em 1969. 
Versão Revisada de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego 
(VR) - publicada em 1967 pela Imprensa Bíblica Brasileira (IBB), 
órgão da Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), ligada 
à Convenção Batista Brasileira. 
Edição Contemporânea de Almeida (ECA) - tendo como ponto de 
partida a ARC, essa versão, publicada em 1990 pela Editora Vida, é 
uma revisão estilística da própria ARC. Traz as palavras de Cristo 
em vermelho. 
Almeida Século 21 - a mais nova versão das Escrituras baseada no 
texto de Almeida. Trata-se de um trabalho de tradução e revisão 
inspirado pela VR. Prima pela exatidão exegética e pela fluência do 
texto sagrado, aliados ao respeito à tradição histórica. Essa versão é 
fruto da parceria da Imprensa Bíblica Brasileira/ JUERP e Edições 
Vida Nova, em conjunto com Editora Hagnos e Editora Atos. 
Nova Versão Internacional (NVI) 
Traduzida diretamente das línguas originais por tradutores de diversas 
denominações evangélicas, a NVI é uma das mais novas versões das 
Escrituras. É publicada pela Editora Vida e pela Sociedade Bíblica 
Internacional desde 2001. 
Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) 
Lançada em 2000 pela SBB, trata-se de uma revisão da Bíblia na 
Linguagem de Hoje (BLH), publicada em 1988 pela mesma entidade. 
Bíblia Viva (BV) 
Publicada em 1981 pela Editorâ Mundo Cristão, é considerada mais 
uma paráfrase das Escrituras que uma tradução, embora empregue o método 
idéia por idéia, em vez de palavra por palavra. 
FERRAMENTAS PARA O ESTUDO BÍBLICO .....___ __.. 
GM]MMMMMMMGMMMMMMMMMMMMMMMMMセ@
Uma versão infiel 
Há uma versão que deve ser evitada, pois foi feita para se conformar às 
doutrinas da seita religiosa Testemunhas de Jeová. Trata-se da Tradução do 
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pela Sociedade Torre de Vigia 
de Bíblia e Tratados. Uma versão completa dessa versão (alguns a definem 
como "perversão") foi publicada em português em 1967. Os adeptos da seita 
defendem que essa versão é a única tradução confiável das Escrituras. Por 
meio dessa obra, as Escrituras foram adaptadas ao sistema doutrinário da 
seita, que nega a divindade absoluta de Cristo (em João 1.1 afirma-se que 
Jesus é "um deus"); sua morte na cruz (o termo "cruz" foi substituído pela 
expressão "estaca de tortura"); em Filipenses 2.6 afirma-se que Jesus 
consideraria ser igual a Deus uma usurpação, quando o texto bíblico diz 
justamente o contrário, ou seja, Jesus considerava-se Deus, mas nunca usou 
isso como meio de se autopromover; em Hebreus 1.6 afirma-se que os 
anjos "prestam homenagem'' a Jesus, em vez de adorá-lo etc. 
BÍBLIAS DE ESTUDO 
São bíblias com comentários do texto bíblico e notas sobre os mais 
diversos tópicos das Escrituras, além de outros recursos igualmente importantes 
para o estudo da Bíblia (o leitor só precisa tomar o cuidado de fazer distinção 
entre aquilo que a Bíblia diz e aquilo que consta das notas do comentário). O 
ideal é ter todas elas em nossa biblioteca. A comparação entre os comentários 
de cada uma conduz o estudante a diversos pontos de vista sobre temas bíbli-
cos. Algumas são bem focadas, destinando-se ao público jovem (Bíblia jovem, 
da Editora Vida; Bíblia Teen, da Editora Hagnos), às mulheres (Bíblia de 
Estudo da Mulher, da Editora Mundo Cristão; Bíblia Devocional da Mulher, 
da Editora Vida; Bíblia da Mulher, da Editora Atos), aos líderes (Bíblia do 
Executivo, da Editora Vida) etc. As principais são: 
1. Bíblia Shedd - Sob a coordenação do eminente teólogo Dr. Russell 
Shedd, uma equipe de comentadores produziu milhares de notas 
para essa bíblia de estudo altamente respeitada no meio evangélico. 
Essas notas foram escritas no Brasil, tendo em vista o leitor brasileiro. 
A Bíblia Shedd é publicada por Edições Vida Nova em parceria com 
a SBB. Ferramentas de estudo: notas de rodapé (que incluem mini-
esboços de sermão), concordância bíblica, cronologia bíblica, tabela 
de pesos, dinheiro e medidas, mapas coloridos e análise e introdução 
aos livros da Bíblia. O texto bíblico adotado é o da ARA, 2. ª edição. 
2. Bíblia de Estudo Esperança - publicada em 1998 em co-edição por 
Edições Vida Nova e SBB, destina-se a responder objetivamente às 
questões mais importantes da vida, apresentadas por meio de centenas 
........_ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMセM
de perguntas espalhadas por suas páginas. Ferramentas de estudo: 
notas exegéticas, textos paralelos dos evangelhos etc. O texto bíblico 
adotado é o da ARA, 2. ª edição. 
3. Bíblia de Estudo Almeida - Publicada em 1999 pela SBB. 
Ferramentas de estudo: concordância temática, dicionário, guia 
sinótico dos evangelhos, cronologia bíblica e tabela de pesos, moedas 
e medidas. O texto bíblico adotado é o da ARA, 2. ª edição. 
4. Bíblia Anotada - Publicada em 1991 pela Editora Mundo Cristão, 
com introdução, esboço, referências laterais e notas. Ferramentas de 
estudo: notas de rodapé, harmonia dos evangelhos, resumo da doutrina 
bíblica, estudos sobre a Bíblia, cronograma de leitura da Bíblia em 
um ano, concordância, mapas etc. O texto bíblico adotado é o da 
ARA, 1.ª edição. 
5. Bíblia de Estudo Vida - Publicada pela Editora Vida em 1999. 
Ferramentas de estudo: notas laterais, dicionário, mapas, tabelas, 
concordância e plano de leitura. O texto bíblico adotado é o da 
ARA, 2.ª edição. 
6. Bíblia de Estudo NVI - Publicada pela Editora Vida em 2003. 
Ferramentas de estudo: notas de rodapé (traduzidas da edição americana 
da New International Version), cronologia do Antigo e do Novo 
Testamento e concordância bíblica. O texto bíblico adotado é a NVI. 
7. Bíblia de Estudo de Genebra - Publicada pela Cultura Cristã (editora 
confessional da Igreja Presbiteriana do Brasil) e Sociedade Bíblica 
do Brasil em 1999. É uma Bíblia voltada para a teologia reformada 
(calvinista). Ferramentas de estudo: notas de rodapé, introdução a 
cada livro da Bíblia, diversos artigos, além de concordância e mapas. 
O texto bíblico adotado é o da ARA, 2. ª edição. 
8. Bíblia de Referência Thompson - Publicada pela Editora Vida em 
1990. Ferramentas de estudo: palavras de Cristo em vermelho, sistema 
Thompson de estudo bíblico original e exaustivo (sistema numérico 
de referências em cadeia, análise de livros, estudos esboçados e ilus-
trados, harmonias, mapas, descobertas arqueológicas e concordância). 
O texto bíblico adotado é o da ECA. 
Outras versões importantes 
O leitor também tem à disposição versões interlineares da Bíblia (traz 
o texto grego na primeira linha, uma tradução literal para por palavra na 
segunda e, opcionalmente, uma versão corrente em língua portuguesa), como 
o Novo Testamento interlinear grego-português, da Sociedade Bíblica do Brasil. 
Outro excelente recurso é o Antigo Testamento poliglota (Edições Vida 
Nova e SBB), que traz em colunas paralelas o texto hebraico (Texto 
Massorético), grego (Septuaginta, versão de Ralphs), português (ARA, 2.ª 
edição) e inglês (NVI). As duas editoras também lançaram em co-edição o 
Novo Testamento trilíngüe, contendo em colunas paralelas o texto em grego 
(Nestle-Aland 27.ª edição), português (ARA, 2.ª edição) e inglês (NVI). 
OBRAS DE CONSULTA 
Também conhecidas como obras de referência, são livros que não 
precisam ser lidos do começo ao fim, pois se destinam exclusivamente a 
consulta, como dicionários, enciclopédias, atlas, concordância (ferramenta 
para localizar versículos com mais rapidez por meio de palavras-chave) etc. 
São obras mais técnicas. Dentre essas obras podemos destacar: 
1. Dicionários: Novo dicionário da Bíblia, Dicionário bíblico Vida Nova, 
Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento, Dicionário 
internacional de teologia do Antigo Testamento, Dicionário ilustrado 
da Bíblia, Manual bíblico Vida Nova (todos publicados por Edições 
Vida Nova). 
2. Enciclopédias:Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã (Edições 
Vida Nova), Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia (Editora Hagnos), 
Enciclopédia de apologética (Editora Vida). 
3. Atlas: Atlas Vida Nova da Bíblia e da história do cristianismo (Edições 
Vida Nova). 
4. Concordância: Concordância bíblica (Sociedade Bíblica do Brasil). 
Contém mais de 340 mil referências. Baseada no texto da tradução 
de Almeida Revista e Atualizada. 
TEOLOGIA SISTEMÁTICA 
Nome dado à disposição das principais matérias que compõem o estudo 
da teologia em ordem lógica de temas: bibliologia (doutrina das Escrituras), 
teologia (doutrina de Deus), cristologia (doutrina de Cristo), pneumatologia 
(doutrina do Espírito Santo), antropologia (doutrina do homem), soteriologia 
(doutrina da salvação), eclesiologia (doutrina da igreja), escatologia (doutrina 
do futuro). As principais teologias sistemáticas do mercado evangélico são: 
. ......._ セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMMMMMMMMセMM
1. 
2. 
Teologia sistemática, de Wayne Grudem (Edições Vida Nova). Teólogo 
batista, Grudem é doutor em teologia. A obra é extremamente 
didática e de fácil compreensão. Acompanha CD-ROM. 
Teologia sistemática, de Louis Berkhof (Editora Luz Para o Caminho). 
Teólogo presbiteriano. É uma obra densa e de alto nível teológico. 
Para os que quiserem obras menos volumosas, Edições Vida Nova 
publicou a excelente Introdução à teologia sistemática, de Millard Erickson, 
escritor de renome internacional, de estilo claro e preciso. A Editora Cultura 
Cristã publicou a obra Teologia concisa, do conceituado teólogo J. 1. Packer. 
Trata-se de uma síntese dos fundamentos históricos da fé cristã numa 
linguagem bem acessível. 
COMENTÁRIOS BÍBLICOS 
Esses ajudam principalmente o estudante leigo a obter explicação 
sobre o sentido do texto bíblico, concentrando-se, sobretudo, nas passagens 
de maior dificuldade para o estudo das Escrituras. Ainda não foi escrito o 
comentário dos comentários. O ideal é ter todos os comentários bíblicos 
disponíveis. Analisar a diferença entre os diversos comentadores é um processo 
enriquecedor. Se não puder ter todos, tente adquirir pelo menos dois dos 
principais comentários gerais. Um aviso: dê preferência a obras de cristãos 
conservadores, evitando a teologia liberal. Uma excelente opção é a "Série 
Cultura Bíblica", de Edições Vida Nova, com cerca de 40 volumes. 
INTRODUÇÃO BÍBLICA 
Esse tipo de literatura destina-se a inteirar o estudante a respeito da 
autoria e dos dados históricos dos livros da Bíblia. Qyestões do tipo "Qyando 
se completou o cânon do Antigo Testamento?", "Qyal evangelho foi escrito 
primeiro?", "Podemos confiar na historicidade do Antigo e do Novo 
Testamento" são respondidas de forma mais abrangente e satisfatória em 
comparação com os dicionários e enciclopédias bíblicas, que oferecem 
informações parciais acerca desses assuntos. 
Há introduções ao estudo da Bíblia em geral, como Introdução bíblica, 
de Norman Geisler, da Editora Vida. Outras abrangem somente o Antigo 
ou o Novo Testamento. Obras mais específicas assim tendem a suprir o 
estudante com mais informações detalhadas. As seguintes publicações de 
Edições Vida Nova ilustram bem isso: Introdução ao Antigo Testamento, de 
LaSor, Hubbard e Bush, e Introdução ao Novo Testamento, de Carson, Moo 
e Morris. Algumas obras são mais especializadas ou limitadas. Outras são 
FERRAMENTAS PARA O ESTUDO BÍBLICO セ@ __.. 
セセセBM]GMM]M]M・N⦅⦅]M]MMMMMMMMMMセ@
bastante técnicas. Não importa aqui a natureza abrangente ou limitada da 
publicação, o importante é evitar livros doutrinariamente liberais, que tendem 
a defender que há erros de diversos tipos nas Escrituras inspiradas por Deus. 
Autores como Rodolf Bultmann, Paul Tilich e outros devem ser evitados 
ou lidos com muita cautela. Pesquise as credenciais do autor antes de comprar 
um livro sobre introdução bíblica. 
HISTÓRIA DA IGREJA E DA TEOLOGIA 
Estudar o percurso histórico da igreja e da teologia cristã é impor-
tante para entender o panorama religioso atual. Situar também cada 
acontecimento no seu contexto histórico (político, econômico, social, 
intelectual etc.) leva-nos a não tirar conclusões precipitadas sobre o que 
ocorreu no passado. Os heróis da fé de todos os tempos devem ser vistos em 
seu ambiente histórico. Livros como Uma história ilustrada do cristianismo 
(em dez volumes), de Justo Gonzales, e O cristianismo através dos séculos, 
de Earle Cairns, publicados por Edições Vida Nova, são exemplos de 
excelentes obras que versam sobre esses tópicos. 
LIVROS DE TEOLOGIA PRÁTICA 
Há livros teológicos de análise pouco aprofundada, menos técnicos, 
mas muito importantes para o estudante da Bíblia, pois tratam da aplicação 
de princípios bíblico-teológicos para a vida cristã. Entre esses podemos 
citar: Cristianismo básico, do conceituadíssimo comentador bíblico John Stott 
(Edições Vida Nova), e Cristianismo puro e simples, de C. S. Lewis (ABU 
Editora), entre outros. Outro autor muito importante é Francis Schaeffer. 
Seus livros O Deus que intervém, O Deus que se revela e a Morte da razão são 
exemplos nessa área. Livros sobre ética e aconselhamento também entram 
nessa área. Podemos citar Ética cristã, de Noman Geisler e Aconselhamento 
cristão, de Gary Collins, ambos publicados por Edições Vida Nova. 
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1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Introdução bíblica, comentários, teologia sistemática, 
concordância, bíblia de estudo. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Compare as traduções de Hebreus 1 nas versões Almeida Revista e 
Corrigida, Almeida Século 21 e Nova Versão Internacional. 
2. Faça o mesmo com o salmo 45. 
3. Avalie as qualidades e as deficiências das versões acima. Explique 
suas respostas. 
FERRAMENTAS PARA O ESTUDO BÍBLICO セ@ .--
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4. Use um dicionário bíblico ou uma enciclopédia para procurar as datas 
do reinado de Sargão da Assíria e conte algo sobre esse monarca. 
5. Tente encontrar cinco dos livros mencionados neste capítulo. Você 
possui algum desses exemplares em sua biblioteca particular? Caso 
não tenha, talvez seu pastor permita que você pesquise usando os 
livros dele. Sua igreja tem biblioteca? Se não, que tal incentivar a 
criação de uma? 
·-.... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セセMMMM
1 ANOTAÇÕES 
Métodos de 
estudo bíblico 
' ' e orno posso aprofundar meu conhecimento da Bíblia? Como 
posso estudar e compreender melhor a Palavra de Deus?" Essas 
duas perguntas são interligadas e muitos cristãos dedicados as 
tazem constantemente. Devemos avaliá-las com atenção, porque o conteúdo 
da Bíblia é bastante diversificado, e os aspectos históricos a ele relacionados são 
muito diferentes. Através dos séculos, indivíduos de grande capacidade 
intelectual têm-se dedicado a estudar a Palavra de Deus. Como podemos 
desfrutar desse tesouro? 
Para encontrar essa resposta, temos de considerar dois aspectos: como 
valorizar e compreender melhor a Bíblia e como extrair o máximo de suas 
bênçãos para nossa vida diária. O primeiro aspecto está relacionado com o 
estudo bíblico; o segundo diz respeito à prática devocional. Infelizmente é 
possível conseguir um independentemente do outro. Um cristão maduro e 
bem discipulado compreende a Palavra de Deus e a guarda no coração. 
LEITURA DEVOCIONAL 
Nada substitui a leitura diária da Bíblia. Deve ser uma leitura devocional 
- feita em espírito de oração e meditação, deixando o coração aberto para 
ouvir a voz de Deus. Há muitas obras devocionais hoje em dia. E com certeza 
todos os cristãos concordam que o Espírito Santo é o mestre supremo. 
--.... _b INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMセ@
Ao fazer leituras devocionais, não devemos ler muito de uma só vez. 
É preferível nos restringirmos a meio capítulo, sublinharmos os versículos 
mais importantes e tomarmos nota das lições que aprendemos com o trecho. 
Se lermos apressadamente três ou mais capítulos, não absorveremos quase 
nada. Embora exija tempo e disciplina, decorar versículos oucapítulos é 
um excelente hábito. Devemos revê-los freqüentemente e compartilhar 
nosso aprendizado com os outros. 
Algumas passagens da Bíblia combinam muito bem com a leitura 
devocional. Outras, como as genealogias e leis sobre impureza, não são tão 
adequadas para a prática devocional, embora sejam verdadeiras e importantes. 
Os recém-convertidos terão mais facilidade em começar seu estudo 
devocional pelos salmos ou pelos evangelhos, principalmente o de João. O 
livro de Atos e as epístolas mais curtas também são recomendados. Todavia, 
por onde quer que comecemos, devemos manter o coração aberto para receber 
as bênçãos de Deus. 
Desejamos, no entanto, transmitir um alerta: alguns indivíduos 
entendem que introspecção, emocionalismo ou edifícios religiosos constituem 
a essência da prática devocional. Se fosse verdade, Paulo teria tido uma vida 
devocional medíocre. Um folheto que traga um versículo bíblico fora do 
contexto, conte a história de um garoto que entregou toda sua mesada para 
o irmão e encerre com uma oração do tipo: "Ó Senhor, ajuda-nos a ajudar-
mos uns aos outros", não traz benefício devocional algum. 
Seu guia de leitura devocional exalta o Senhor Jesus Cristo como o 
Salvador qúe realizou milagres, levou sobre si nossos pecados e ressuscitou? 
Essa publicação o incentiva a se dedicar à oração e a esperar que Deus 
responda? Ela fornece a essência da Palavra, interpretada da maneira certa? 
Caso isso não aconteça, analise-o novamente. Há muitos livros excelentes 
dentre os quais o leitor pode escolher, como Pão Diário, No Cenáculo e 
Mananciais no Deserto. Programas de rádio e TV que transmitam doutrinas 
bíblicas corretas também são de grande valia. 
ESTUDO BÍBLICO 
Cristãos que participam de ministérios da igreja precisam mais do 
que uma simples leitura devocional da Bíblia. Professores e líderes 
principalmente precisam saber dos fatos, conhecer as doutrinas e colocar-se 
a par dos aspectos históricos das Escrituras. Sem um conhecimento vasto 
não serão capazes de responder aos questionamentos de outras pessoas ou 
extrair as riquezas contidas na Palavra de Deus. 
Como podemos estudar a Bíblia e conhecer a fundo seu conteúdo? 
Qyalquer resposta a essa pergunta implica uma disposição para estudar. 
Não é possível aprender matemática, francês ou química sem dedicação. O 
mesmo é verdade com respeito à Bíblia. 
MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO セ@ .--· 
MMMMMMMMMMMMMMセ@
Para o estudo bíblico utilizamos obras da autoria de teólogos. Por que? 
Os cristãos de épocas passadas não discutiam intensamente a respeito do 
significado das epístolas. Conheciam a linguagem e os aspectos culturais e 
sociais mencionados naqueles documentos. Hoje em dia, muitos cristãos 
envolvidos no ministério não sabem grego nem hebraico. Tampouco têm 
conhecimento amplo e profundo das épocas antigas. Por esse motivo dependem 
do auxílio de indivíduos que dominem essas informações. Assim é importante 
que se valham dessas publicações de maneira sábia. No seminário ou em uma 
escola bíblica, estudamos as Escrituras de vários "ângulos". A maioria dos 
professores, obreiros ou oficiais de uma igreja não tem formação em escolas 
teológicas, mas pode estudar a Bíblia de maneira diligente e coerente. 
Wilbur Smith, em seu excelente livro Pro.fitable Bible Study [Estudo 
bíblico proveitoso], defende vários métodos de abordagem - o estudo de 
um livro de cada vez (em geral, pesado demais para o iniciante), o estudo de 
capítulos, de parágrafos, de versículos e de palavras. Ele sugere também 
estudarmos a vida de personagens bíblicos e as orações contidas na Palavra 
de Deus. Todo esse material deve estar relacionado com Cristo e sua obra 
redentora. Ele cita ainda as dez perguntas elaboradas por Grace Saxe, que 
devemos nos fazer ao final de cada capítulo. São elas: 
Qyal o assunto principal? 
Qyal a lição principal? 
Qyal o melhor versículo? 
Qyem é o personagem principal? 
O que essa passagem ensina a respeito de Cristo? 
Essa passagem traz algum exemplo a seguir? 
Essa passagem menciona algum erro que devamos evitar? 
Ela apresenta algum dever que devamos cumprir? 
Há alguma promessa cujo cumprimento devamos esperar? 
Há alguma oração que devamos imitar? 
O dr. Smith cita seu colega, Howard A. Kelly, famoso cirurgião, 
que afirmou: "O principal segredo para o estudo bíblico é simplesmente 
realizá-lo!" 
O que um iniciante pensa ser um profundo conhecimento da Bíblia 
geralmente nada mais é do que o resultado natural de perseverar no método 
mais simples de todos: ler a Bíblia dia após dia, até que todo seu conteúdo 
se torne algo extremamente familiar para nós. 
O estudo dos livros da Bíblia 
O estudo de livros ou trechos chama-se exegese ou interpretação 
bíblica. Para obter sucesso nesse estudo, devemos obedecer a algumas etapas. 
·-.... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
セMMMMM
Primeira, ler o livro em questão várias vezes. Em seguida, fazer um resumo 
de modo que analisemos a mensagem do livro. É preciso colocar os assuntos 
gerais em primeiro plano, demonstrando a relação de cada parte com as 
demais. Ao longo desse estudo ajuda muito fazer as seguintes perguntas: 
O livro apresenta um tema principal? 
Como esse tema é trabalhado? 
Se o livro é histórico, qual o ponto de vista do autor? 
O que o autor enfatiza? 
Em alguns livros, como Salmos, não é tão fácil encontrar uma unidade 
temática. Nesses casos, é melhor estudá-los parte por parte. 
Divisão em parágrafos 
Talvez o leitor deseje estudar um versículo de cada vez ou analisar 
um trecho mais longo. Algumas Bíblias trazem os parágrafos bem destacados, 
geralmente em blocos de versículos, ou adotam a marcação dos parágrafos 
iniciando-os com o número do versículo em negrito. Ao estudar um livro, 
devemos prestar atenção nessas divisões. 
Introdução à Bíblia 
É importante conhecer os aspectos históricos por trás de cada livro, 
bem como o motivo de terem sido escritos. Uma boa introdução à Bíblia nos 
fornece essas informações. Ao estudar Colossenses, por exemplo, descobriremos 
que esse livro é uma das quatro "epístolas da prisão", de autoria de Paulo, 
escrito em Roma. Isso explica a harmonia entre Efésios e Colossenses, uma 
semelhança tão notável que uma carta serve para explicar a outra. Ambas 
foram escritas para combater a heresia do gnosticismo, que estava se espalhando 
entre os cristãos da época. Por esse motivo, nessas epístolas Paulo destaca a 
singularidade de Cristo. Tais informações enriquecem a interpretação. Um 
estudo detalhado de história e dos achados arqueológicos também ajuda a 
aprofundar nosso conhecimento bíblico. 
O estudo das doutrinas 
Esse estudo, mais conhecido como teologia sistemática, só é limitado 
pela nossa disponibilidade de tempo e capacidade. O estudo das doutrinas 
melhoram a interpretação de passagens bíblicas. Em contrapartida, uma 
interpretação correta das Escrituras é fundamental para o estudo doutrinário. 
Se fizermos uma análise de "Cristo" no primeiro capítulo de Hebreus, 
entenderemos o erro de alguns teólogos liberais, que afirmam que Colossenses 
1.15 ensina que Cristo é o primogênito em uma sucessão de indivíduos 
semelhantes a ele. Em vez disso, esse trecho declara que Jesus é o Filho 
unigênito de Deus, que existia antes de todas as coisas que ele mesmo criou. 
A comparação entre passagens das Escrituras é uma prática correta e útil, 
porque o Espírito Santo é o autor da Palavra de Deus. Ele nos dirige e nos 
instrui, à medida que delineamos cada doutrina através da Bíblia. 
O estudo minucioso de "Cristo nas epístolas da prisão" traz à tona 
muitas verdades, que às vezes passam despercebidas em um estudo geral. O 
estudo das doutrinas ajuda a amadurecer e fortalecer nossa fé. 
Pode ser difícil lembrar todos os textos relacionados com a "natureza 
do pecado", mas algumas informações doutrinárias sucintas de um credo, 
ou de uma obra de teologia sistemática, fornecerão um resumo dos ensinos 
bíblicos sobre o assunto. Isso vale tanto para nossa vida cristã como para 
fins de estudobíblico. 
O estudo histórico 
Outro excelente método é estudar a Bíblia a partir dos períodos 
históricos. Isso é importante no que tange aos escritos do Antigo Testamento, 
pois ali os livros não estão dispostos em ordem cronológica. Livros com 
assuntos inter-relacionados devem ser estudados em conjunto. A divisão 
abaixo poderá ser de grande benefício ao leitor. 
Antigo Testamento 
O Pentateuco ( Gênesis a Deuteronômio) é um conjunto de cinco 
livros que relatam os primeiros fatos da história bíblica. 
Os salmos de Davi acompanham 1 e 2Samuel. 
Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos devem ser estudados 
em conjunto com os capítulos iniciais de 1Reis. 
Isaías deve ser lido juntamente com os primeiros seis profetas 
menores - Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas e Miquéias. 
Jeremias, Ezequiel, Daniel e três profetas menores - Naum, 
Habacuque e Sofonias - são aproximadamente do mesmo período. 
Esdras, Neemias e os três profetas menores restantes - Ageu, 
Zacarias e Malaquias - são do período pós-exílico. 
As passagens em 2Samuel devem ser lidas e comparadas com o livro 
de !Crônicas para verificarmos se são paralelas ou complementares. 
De maneira semelhante, devemos ler 2Crônicas comparando-o com 
os livros de 1 e 2Reis. 
Novo Testamento 
O espaço de tempo registrado no Novo Testamento é mais curto, 
mas os detalhes históricos são igualmente importantes. É interessante estudar 
. ...._ __. INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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o livro de Atos fazendo uma pausa em cada uma das localidades que Paulo 
visitou, e nas quais escreveu uma epístola. Antes de seguir com a leitura, 
devemos estudar a epístola correspondente. Esse método une o livro de 
Atos e as epístolas paulinas, enriquecendo a interpretação do texto. 
O estudo de palavras 
O objetivo da exegese é simplesmente descobrir o que a Bíblia diz. 
Oliando lemos uma revista ou jornal, não temos que fazer um estudo exegético, 
porque estamos perfeitamente familiarizados com a linguagem. Vez por outra 
encontramos uma palavra estranha, e então consultamos o dicionário. No 
entanto, ao ler textos mais difíceis, temos de empregar mais a exegese. 
A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego. Essas são línguas 
estranhas para nós, e os costumes da Antigüidade também nos são pouco 
familiares ou talvez até desconhecidos. O texto bíblico contém verdades 
divinas profundas e maravilhosas. Portanto, devemos buscar com esmero o 
sentido de cada passagem. O estudo de palavras geralmente é muito útil 
nesse intento. A pesquisa sobre o uso de um vocábulo e de suas variações 
envolve a consulta de dicionários e outras obras de referência. 
Por exemplo, Jesus afumou: "Eu sou o pão da vida" (Jo 6.35). O que 
ele quis dizer com isso? Será que Jesus é um pedaço de pão? Olial a relação 
entre as palavras "pão" e "vida" nesse trecho? Essa é uma verdade muito pro-
funda, que poderemos entender apenas se meditarmos na passagem. Para o 
estudo de palavras, podemos procurar todas as referências que Jesus fez ao 
pão, principalmente o fato de ele próprio ser o Pão. Obviamente Cristo não 
estava se referindo à vida física ou ao alimento comum. Notemos que ele 
também afirmou oferecer a "luz da vida" (Jo 8.12) e a "água vivà' (Jo 7.38). 
Analise as outras metáforas que contêm a expressão "eu sou" - "eu sou a 
porta" (Jo 10.9) ; "eu sou o caminho, a verdade e a vidà' (Jo 14.6). O estudo 
de palavras revela as verdades mais profundas da Bíblia. 
Algumas palavras, porém, nos são um pouco estranhas. Um vocábulo 
bastante debatido é o verbo batizar. O estudo de palavras não fornece uma 
resposta definitiva. Se isso fosse possível, poria fim às discussões. Entretanto, 
devemos procurar todos os usos desse vocábulo. Olialquer que seja nosso 
ponto de vista, é bom que se analisem os dados bíblicos. Use dicionários de 
grego e descubra de quantas maneiras a palavra grega baptizo foi traduzida. 
Confira todas essas referências. A investigação das evidências lhe dará certeza 
de que sua opinião está baseada em fatos. O estudo de palavras é uma 
ferramenta valiosa na exegese. 
Combinação de métodos de estudo bíblico 
Todos os métodos de estudo bíblico são inter-relacionados. Não iremos 
aprender as doutrinas antes de realizar uma exegese. Tampouco devemos 
MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO セ@ .--· 
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estudar um livro inteiro e seus parágrafos antes de nos inteirarmos a 
respeito dos aspectos históricos e sociais que formam o contexto da narra-
tiva. O fato é que todos os métodos de estudo devem ser usados o tempo 
todo. Ninguém deve se valer do estudo de livros específicos ou do método 
de interpretação versículo por versículo sem usar também os demais méto-
dos. Estudantes diligentes, que consultam outras obras de pesquisa, irão 
aprimorar sua vida pessoal e seu ministério. Um dos principais objetivos 
do Curso Vida Nova de Teologia Básica é oferecer ao leitor um guia, bem 
como sugestões para aprofundar seu estudo da Bíblia e realizá-lo de maneira 
completa, pois isso é uma bênção. 
"Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as pala-
vras da profecia e guardam as coisas nela escritas, porque o tempo está 
próximo" (Ap 1.3). 
1 ENRIQUECENDO O VOCABULÁRIO 1 
Catecismo, cronologia, estudo das doutrinas, exegese, 
gnosticismo, estudo histórico, interpretação, 
teologia sistemática, estudo de palavras. 
1 PERGUNTAS DE RECAPITULAÇÃO 1 
1. Apresente duas razões por que a exegese do Novo Testamento é mais 
problemática hoje para nós do que para os cristãos da igreja primitiva. 
2. Por que os cristãos devem estudar a Bíblia tanto de forma devocional 
quanto técnica? 
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3. 
4. 
5. 
Se estudarmos a epístola de 2Timóteo, por exemplo, que informa-
ções poderemos obter sobre o período da vida de Paulo em que ela 
foi escrita e sob que circunstâncias? 
Consulte o Breve Catecismo de Westminster e procure a doutrina 
sobre a pessoa de Cristo. 
Descreva os métodos de estudo bíblico que você tem usado. 
MÉíODOS DE ESTUDO BÍBLICO ....___ -
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1 ANOTAÇÕES 
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1 ANOTAÇÕES 
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biblioteca 
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principais dúvidas, dificuldades e "contradições" da Bíblia. 2. ed. 
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·-...... セ@ INTRODUÇÃO À BÍBLIA 
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usando as fontes Acaslon e Swis721, 
capa em cartão 250 g/m2, 
miolo em off-set 63 g/m2, 
impressa pela Imprensa da Fé 
em junho de 2010. 
	Capa
	2ª Capa
	Folha de Rosto
	Conteúdo
	Apresentação
	1. Revelação e inspiração
	2. Por que os cristãos crêem na Bíblia? (O Antigo Testamento)
	3. Por que os cristãos crêem na Bíblia? (O Novo Testamento)
	4. Quem escreveu o Antigo Testamento?
	5. Quem escreveu o Novo Testamento?
	6. Como a Bíblia foi preservada (N.T.)
	7. Como a Bíblia foi preservada (A.T.)
	8. Controvérsias em torno da Bíblia
	9. A alta crítica e a Bíblia
	10. A arqueologia e o Antigo Testamento
	11. Ferramentas para o estudo bíblico
	12. Métodos de estudo bíblico
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