Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

ESA 
2024 
 
Prof.ª Celina Gil 
AULA 01 
Tema, Recorte temático e Tese 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
2 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Sumário 
Apresentação 4 
1 - Repertório de redação 4 
O que é negacionismo 4 
Negação da ciência 6 
Revisionismo Histórico 10 
Descrédito às vozes autorizadas 12 
Fake News 15 
2 - Recorte temático e tese 17 
Recorte temático 18 
Tese 19 
3 - Análise de textos de apoio 20 
4- Prática de redação 23 
4.1 - Identificação de recortes temáticos e criação de teses 23 
4.2 - Propostas de redação 28 
Considerações Finais 42 
 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
3 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 
Siga minhas redes sociais! 
 
 Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
4 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Apresentação 
Olá! 
Na aula de hoje, vamos nos dedicar a pensar as diferenças entre tema, recorte temático e tese. 
Lembre-se do que vimos na aula passada, sobre a importância de identificar qual o tema sobre o 
qual deve escrever e a importância de estabelecer um recorte temático. 
Vamos lá? 
1 - Repertório de redação 
No nosso capítulo de repertório de hoje, vamos falar de negacionismo. Os tópicos abordados serão: 
 
O que é negacionismo 
Essa palavra que nem o corretor do word conhece. 
 O negacionismo caracteriza-se pela rejeição de fatos bem estabelecidos. 
 Pode aparecer na forma da negação de um fato histórico facilmente comprovável ou na recusa em 
aceitar o consenso científico sobre algum assunto. 
 
 
Negacionismo e ceticismo não são sinônimos. 
Negacionismo 
• Não confiança na ciência e distorção sistemática de dados e fatos para corroborar uma informação. 
O que é 
negacionismo?
Negação da 
ciência
Revisionismo 
histórico
Descrédito às 
vozes 
autorizadas 
Fake News 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
5 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
• O resultado esperado já está decidido. Buscam-se dados para comprovar aquilo que se deseja. 
Ceticismo 
• Doutrina filosófica baseada em duvidar sempre, tendo em mente a ideia de que nunca podemos 
ter certeza absoluta da verdade. 
• Busca se questionar sempre, nunca tratando as informações como certezas perenes. 
• “E se?” é a chave do entendimento. 
 
Alguns fatores podem ser fundamentais para compreender a estratégia de negar sistematicamente 
os fatos: 
 Por vezes, um fato é conflitante com nossos valores ou convicções políticas, religiosas ou filosóficas. 
Algo que vai de encontro às nossas crenças ou à ideologia vigente. 
 Alguns fatos podem representar riscos para o interesse de empresas ou indivíduos em diversos 
círculos. O conflito de interesses, seja no nível mercadológico, seja no nível político e social, pode 
gerar a negação sistemática de algum fato. 
 Psicologia de grupo, ou seja, algumas vezes, precisamos da confirmação da massa de que estamos 
corretos ou pertencemos a um grupo especial. 
 
Para justificar a rejeição de algum fato, desenvolvem-se teorias complexas e cheias de detalhes. As 
teorias da conspiração partem de um discurso aparentemente técnico ou científico para criar aparência de 
verdade. 
 Elas criam organização de ideias e fatos em um mundo que, muitas vezes, não é tão simples de 
compreender. 
 São simples de entender, muitas vezes maniqueístas. 
 Se apresentam como um conhecimento “secreto” e “especial”, ao qual apenas os iniciados ou os 
não iludidos, os que não fazem parte da massa, são capazes de compreender. 
Uma das teorias mais conhecidas é a ideia de que o homem não foi à Lua. 
Como Chris French explicou à BBC News, as teorias conspiratórias “são transversais em termos de classe social, gênero e 
idade”, e pressupõem a falácia de que os dois lados de uma disputa científica, social ou política devem ter a mesma 
veracidade. Se somarmos a isso que uma teoria conspiratória tem, como norma, a capacidade narrativa de criar padrões 
regulares, podemos compreender que sejam objeto de sedução. Nosso presente parece ter acelerado o poder das 
conspirações: são cada vez mais frequentes as ideias tóxicas sobre elites que controlam o mundo ou planos delirantes 
para a introdução de migrantes de origem muçulmana com ajudas governamentais. Fonte: 
<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/21/opinion/1553190541_750395.html> Acesso em: ago.2019 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
6 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Negação da ciência 
Certos grupos ou pessoas não aceitam sequer a ciência como um método válido para atingir a 
verdade. A ciência e o conhecimento científico é constantemente atacado por esses grupos como sendo 
um empreendimento corrupto, que está atuando em função de algum interesse particular ou ideológico. 
Atinge tanto as pessoas no nível social quanto político. Em contrapartida, são geralmente defendidas as 
pseudociências. 
 
(Carl Sagan. Fonte: Nasa) 
Segundo Sagan, em O Mundo Assombrado pelos demônios (2006): 
Pretendem utilizar métodos e descobrimentos da ciência, enquanto que em realidade são desleais a sua natureza, 
frequentemente porque se apoiam em provas insuficientes ou porque ignoram chaves que apontam em outra direção. 
Estão infestados de credulidade. Com a cooperação desinformada (e frequentemente a conivência cínica) de periódicos, 
revistas, editores, rádio, televisão, produtores de cinema e similares, essas ideias se encontram facilmente em todas as 
partes. (p. 30) 
A pseudociência é mais fácil de inventar que a ciência, porque há uma maior disposição a evitar confrontações 
perturbadoras com a realidade que não permitem controlar o resultado da comparação. Os níveis de argumentação, o 
que passa por provas, são muito mais relaxados. Em parte pelas mesmas razões, é muito mais fácil apresentar ao público 
em geral a pseudociência que a ciência. (p. 31) 
 
Segundo Sagan, em O Mundo Assombrado pelos demônios (2006): 
A pseudociência é distinta da ciência errônea. A ciência avança com os enganos e vai eliminando um a um. chega-se 
continuamente a conclusões falsas, mas se formulam hipoteticamente. expõem-se hipótese de modo que possam refutar-
se. confronta-se uma sucessão de hipótese alternativas mediante experimento e observação. A ciência anda a provas e 
titubeando para uma maior compreensão. Certamente, quando se descarta uma hipótese científica se veem afetados os 
sentimentos de propriedade, mas se reconhece que este tipo de refutação é o elemento central da empresa científica. 
A pseudociência é justo o contrário. As hipótese revistam formular-se precisamente de modo que sejam invulneráveis a 
qualquer experimento que ofereça uma possibilidade de refutação, por isso em princípio não podem ser invalidadas. Os 
praticantes se mostram precavidos e à defensiva. opõem-se ao escrutínio cético. Quando a hipótese dos pseudocientíficos 
não consegue coalhar entre os cientistas se alegam conspirações para suprimi-la. (p.39) 
 Mas como surge a ciência? 
A crítica científica nasce a partir de um questionamento a uma realidade dada e, muitas vezes, 
estabelecida como senso comum. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
7 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Em muitos sentidos, essas Ciências da Natureza nasceram da tensão, na vida social, entre conservar 
o mundo tal como ele era ou revolucioná-lo. 
Assim, juntamente com as discussões no campo do pensamento (questionamento de dogmas e do 
senso comum), podemos afirmar que elementos contextuais (contexto histórico), próprios de uma época 
histórica, também contribuem para o surgimento das Ciências.Há uma relação entre as ideias em seu tempo histórico e os acontecimentos históricos que ajudam 
a formar e a reformular as próprias ideias. 
 
Método científico 
 
 
 
Quadro elaborado pela Profa. Bruna Klassa 
 
 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
8 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
As ciências: 
 
 
A necessidade de difusão da ciência 
O senhor “Buckley” —que sabia falar, era inteligente e curioso— não tinha ouvido virtualmente nada de ciência moderna. 
Tinha um interesse natural nas maravilhas do universo. Queria saber de ciência, mas toda a ciência tinha sido expurgada 
antes de chegar a ele. A este homem tinha falhado nossos recursos culturais, nosso sistema educativo, nossos meios de 
comunicação. O que a sociedade permitia que se filtrasse eram principalmente aparências e confusão. Nunca lhe tinham 
ensinado a distinguir a ciência real da áspera imitação. Não sabia nada do funcionamento da ciência. 
(SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. Companhia de Bolso: São Paulo, 2006, p. 18.) 
 
BMT: O senhor acredita que posicionamentos mais firmes da academia, da mídia e de demais formadores de opinião 
podem ajudar? 
Dr. Peter Hotez: Sim, é importante que acadêmicos exponham suas idéias e assumam um papel mais público. 
Simplesmente escrever artigos para periódicos acadêmicos não é mais suficiente para combater as guerras de informação 
ou as guerras de mídia. Eu acredito que o público precisa se identificar com os cientistas. 
(Fonte: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/) 
 
O Universo numa tartaruga 
Um conhecido homem de ciência (segundo as más línguas, Bertrand Russel) deu uma vez uma conferência sobre 
astronomia. Descreveu como a Terra orbita em volta do Sol e como o Sol, por sua vez, orbita em redor do centro de um 
vasto conjunto de Estrêlas que constitui a nossa galáxia. No fim da conferência, uma velhinha, no fundo da sala, levantou-
se e disse: "O que o senhor nos disse é um disparate. O mundo não passa de um prato achatado equilibrado nas costas de 
uma tartaruga gigante." O cientista sorriu com ar superior e retorquiu com outra pergunta: "E onde se apóia a tartaruga?" 
A velhinha então exclamou: "Você é um jovem muito inteligente, mas são tudo tartarugas por aí abaixo!“ 
A maior parte das pessoas acharia bastante ridícula a imagem do Universo como uma torre infinita de tartarugas. Mas o 
que nos leva a concluir que sabemos mais? Que sabemos ao certo sobre o Universo e como atingimos esse conhecimento? 
Ciências Biológicas
•Utilizam da experimentação 
tanto no micro quanto no 
macro, estudando os seres 
vivos e o meio ambiente. 
•Estudam o ser vivo como um 
todo, partes de seu corpo e 
suas funções. 
•Algumas áreas de atuação: 
biologia, educação física, 
farmácia, medicina, veterinária 
e zoologia. 
Ciências Exatas
•Utilizam da matemática e do 
raciocínio lógico para testar e 
formular hipóteses ou resolver 
problemas.
•Geralmente, estão bastante 
ligadas a cálculos e números.
•Algumas áreas de atuação: 
computação, engenharias, 
estatística, física, matemática e 
química.
Ciências Humanas
•Utilizam estudos estatísticos, 
relatos da sociedade e análise 
de experiências passadas para 
formular hipóteses e 
compreender os problemas 
sociais. 
•Têm o homem como principal 
objeto de estudo, tanto 
indivíduo quanto sociedade.
•Algumasáreas de atuação: 
administração, antropologia, 
direito, economia, filosofia, 
história, pedagogia e 
sociologia.
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
9 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
De onde veio e para onde vai? Teve um princípio e, nesse caso, que aconteceu antes dele? Qual é a natureza do tempo? 
Acabará alguma vez? Descobertas recentes em física, tornadas possíveis em parte pela fantástica tecnologia atual, 
sugerem respostas a algumas destas perguntas antigas. Um dia, essas respostas poderão parecer tão óbvias para nós 
como o fato de a Terra girar em volta do Sol; ou talvez tão ridículas como uma torre de tartarugas. Só o tempo (seja ele o 
que for) o dirá. 
(Stephen Hawking, Uma breve história do tempo, p.11) 
 
Movimento da Terra Plana 
Ideia de que o planeta Terra não seria redondo, mas plano. 
Isso leva ao questionamento, não só do formato da Terra, mas do próprio heliocentrismo, da 
geofísica, da astronomia etc. 
Segundo pesquisa recente, cerca de 7% da população brasileira crê que a terra é plana. 
“Isso mostra uma falha do sistema educacional brasileiro. Eu acho que algumas dessas pessoas que dizem que a Terra é 
plana na verdade não acham isso, e estão fazendo um movimento de ‘resistência’: eles acham que a ciência controla a 
vida deles, que a sociedade moderna é manipulada pelas empresas que controlam a tecnologia e se veem vitimados pela 
ciência. Então eles pegaram a coisa mais absurda possível, a ideia de a Terra ser plana, e usam isso para demonstrar 
insatisfação.” (Marcelo Gleiser para Folha de São Paulo) 
 
DICA DE FILME: 
 
Movimento Antivacina 
 Movimento que ganha força a partir do fim dos anos 1990, com a publicação de um estudo – 
posteriormente retratado pelo próprio pesquisador – de que as vacinas seriam responsáveis por 
“dar autismo” em crianças. 
 Os adeptos pregam que não se deve ministrar vacinas em crianças. 
 O Brasil saiu da lista dos países que haviam eliminado o sarampo, possivelmente por conta da 
diminuição da imunização. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou surtos de sarampo em 170 países desde 2017, 
mostrando que o avanço da doença é um fenômeno global. Este ano, houve um aumento de 300% no 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
10 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
número de casos, no mundo todo, em comparação com 2018. Além disso, em 2019 o movimento 
antivacina passou a figurar na lista das dez maiores ameaças à saúde global, de acordo com a OMS, junto 
com ebola, HIV, dengue e influenza e outras doenças. (Fonte: Fiocruz) 
 
SBMT: Por que os movimentos antivacina ganham força no mundo? 
Dr. Peter Hotez: Porque eles evoluíram de um grupo pequeno para se tornar seu próprio império de mídia com 500 
websites impulsionados pelas redes sociais, especialmente pelo Facebook, mas também estão dominando o comércio 
eletrônico em sites como Amazon – a Amazon hoje é o maior promotor de falsos livros antivacinas. O ponto é que a maior 
parte das informações na internet sobre vacinas é falsa. 
(Fonte: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/) 
 
Revisionismo Histórico 
Revisionismo histórico é a reinterpretação da História, baseada na ambiguidade dos fatos e na 
imparcialidade (ou não) com que esses fatos podem ter sido registrados. 
Ainda que seja um procedimento importante, pois pode fazer com que informações que tenham 
sido registradas de maneira pouco fiel aos acontecimentos possam ser revistas – ou mesmo que se possa 
jogar luz a temas pouco estudados – deve-se tomar o cuidado de não basear os questionamentos na 
deturpação dos fatos. 
 
 
1984 – George Orwell 
Em uma sociedade sempre em guerra, completamente vigilada por câmeras e telas, a personagem 
Winston Smith, um homem que trabalha alterando notícias de jornal, pensa secretamente em modos de 
burlar a tirania do Estado do Grande Irmão, entidade que observa a todos por telas. 
O trabalho de alteração das notícias faz com que a memória coletiva seja alterada, provocando uma 
mudança nas percepções dos fatos históricos e recentes. Um aliado político, por exemplo, pode passar a 
ser um inimigo de muitos anos a partir da mudança de notícias e imagens. 
A adulteração de imagens no governo de Stalin é uma possível inspiração para essa passagem, mas 
o livro é essencialmente uma crítica a todo tipo de autoritarismo de Estado, independentemente de qual 
seja ele. 
t.me/CursosDesignTelegramhub11 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 
Descrédito às ciências humanas 
As ciências humanas, principalmente a história, se encontram em um processo permanente de 
revisão, nada é tão definitivo que não possa ser questionado em algum outro momento. 
O revisionismo histórico, porém, nega os princípios básicos relativos a uma verdade histórica – 
documentos que a comprovem, testemunhas do fato, obras diferentes falando do mesmo assunto etc. 
Fortemente relacionado com a ideia de mercantilização e sociedade do consumo. 
"As Ciências Humanas, entretanto (a Filosofia, as Ciências Sociais, a História, as linguagens), fadadas a nunca gerarem 
resultados materiais diretos, parecem sofrer ainda mais nessa crise de legitimidade das Ciências. São confundidas com a 
simples opinião, acusadas de serem mero discurso ideológico e, principalmente, de serem “inúteis”, no sentido de que não 
produzem avanços visíveis nem produtos passíveis de compra e venda. Não geram mercadoria; se inserem apenas aos 
solavancos em qualquer lógica que as transforme em instrumento prático e, portanto, têm difícil entrada no mercado de 
trabalho. 
(Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/em-defesa-das-ciencias-humanas-5dzll7r6d1zwoud3mccil1io8/) 
 
Teoria da falácia do Holocausto 
 Teoria que ganha força por volta do fim da década de 1950 – pouco tempo depois do fim da 
Segunda Guerra Mundial. 
 A teoria afirma que o extermínio do povo judeu é uma mentira histórica baseada na manipulação 
de informação e propaganda, além de questionar as mortes nos campos de concentração como 
sendo verdadeiras ou não. 
 Dialoga com a ideia de que a experiência pessoal não é válida: não basta que alguém diga que viveu 
algo pessoalmente para que aquilo se torne verdadeiro. 
 Aqui, porém, não é apenas a experiência pessoal que está sendo levada em consideração: há uma 
série de documentos que comprovam a história pessoal. 
A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras 
que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. 
Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em 
relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas, 
sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e de inconsciência 
das pessoas. Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que 
Auschwitz não se repita. 
(Theodor Adorno, Educação após Auschwitz, 1995) 
 
 
Outros modos de descrença ao conhecimento científico 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
12 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 
 
Descrédito às vozes autorizadas 
Afinal, quem pode falar sobre qual tema? 
 Estamos enfrentando no mundo hoje uma “crise de legitimidade”. 
 Isso atinge não apenas as ciências, mas também a educação. 
 Questiona-se quem tem o direito de dizer o que é “verdade” ou não, quem pode recomendar 
comportamentos, e quem pode apontar notícias como sendo falsas ou não. 
 Professores, cientistas e especialistas enfrentam muita resistência por uma grande parcela da 
sociedade. 
 Não se sabe, muitas vezes, distinguir a opinião do discurso científico. 
 Ligada à ideia de Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman. 
 
Modernidade líquida 
 Um conceito muito popular hoje em dia é a ideia de Modernidade líquida, cunhado pelo sociólogo 
Zygmunt Bauman (1925 – 2017). Segundo Bauman, hoje em dia, as relações humanas – sejam elas 
individuais, interpessoais ou comunitárias – tendem a ser menos duradouras e/ou estáveis. Por não 
conseguir sentir certeza naquilo que está a seu redor, o homem contemporâneo seria inseguro e teria muita 
dificuldade de se ligar profundamente às outras pessoas. 
Atenção seletiva
Dar atenção excessiva a fatos de menor 
relevância ou peso desproporcional a eventos. 
Defesa de estudos de baixa qualidade ou que 
foram retratados/falseados posteriormente.
Seguir propagando argumentos que já foram 
refutados. 
Ataques pessoais a especialistas
Quando se ataca um pesquisador ou especialista 
em algum assunto de modo a desqualificar a 
informação que ele passa. 
Falsas controvérsias
Incitar a dúvida na população.
Pode envolver o financiamento de pessoas sem 
formação ou trabalho científico, mas que 
defendem conclusões opostas ao conhecimento 
vigente. 
Exigência de certeza absoluta
Utilizar da premissa de que toda descoberta 
pode ser eventualmente falseada para 
desconsiderar o pensamento científico. 
(Fonte: http://comcept.org/2015/11/25/recurso-comcept-negacionismo-quando-os-factos-sao-rejeitados/) 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
13 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
O homem contemporâneo busca acumular experiências mais do que estabelecer relações duráveis. 
A essa característica da instabilidade e da constante mudança dos comportamentos e relações, Bauman 
chama de modernidade líquida. Comparado com um sólido, um líquido é muito mais adaptável e mutável. 
Por isso, ele considera que atualmente a sociedade é muito menos sólida e muito mais líquida. 
Outro termo bastante comum na teoria de Bauman é a ideia de fluidez. A vida na modernidade é 
essencialmente fluida. Segundo ele: 
Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, 
“inundam”, “borrifam”, “pingam”; são “filtrados”, “destilados”; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos 
— contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho. (...) Essas são razões para 
considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase, nova 
de muitas maneiras, na história da modernidade. (BAUMAN, 2001, p. 09) 
 
Essa ideia não se aplica apenas aos relacionamentos, mas também à postura do homem em diversas 
outras áreas. De modo geral, o homem da modernidade líquida tem uma percepção de mundo ligada a: 
 
Segundo Bauman, hoje em dia, as relações humanas – sejam elas individuais, interpessoais ou 
comunitárias – tendem a ser menos duradouras e/ou estáveis. Por não conseguir sentir certeza naquilo 
que está a seu redor, o homem contemporâneo seria inseguro e teria muita dificuldade de se ligar 
profundamente às outras pessoas. Essa ideia não se aplica apenas aos relacionamentos, mas também à 
postura do homem em diversas outras áreas. Quando falamos de Negacionismo, isso pode aparecer nos 
seguinte tópicos: 
 
Outros exemplos de aplicação 
 
Incertezas em relação 
a tudo aquilo que 
parecia bem 
estabelecido. 
Falta de referenciais 
pessoais, ou seja, 
dificuldade em 
constituir sua própria 
individualidade.
Relativização da ideia 
de verdade.
Busca de 
experiências, não de 
instâncias duradouras.
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
14 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Temas Exemplo 
Relacionamentos 
pessoais 
O homem contemporâneo busca acumular experiências mais do que 
estabelecer relações duráveis. Nesse contexto, os relacionamentos pessoais 
encontram dificuldades de se manter. 
A criação de vínculos amorosos ou afetivos é dificultada em um contexto que 
os homens sentem que nada é permanente. 
A busca pela felicidade se liga mais à obtenção se experiências do que a 
relacionamentos mais sólidos. 
Internet 
A internet propicia a criação de relações menos profundas e duradouras, pois 
se mantém no virtual, não no real. 
A comunicação em rede propiciada pela internet faz com que o sujeito sinta 
que pode controlar alguma instância de sua vida, já que lá pode manter ou 
excluir quem desejar. Esse poder é algo que não existe na sociedade. 
Na internet,há uma maior disseminação de notícias falsas, as fake News, pois 
qualquer um pode escrever o que desejar lá. Como na sociedade 
contemporânea há uma relativização da ideia de verdade, o homem não 
consegue mais saber o que é real e o que não é. 
Individualismo 
Como o indivíduo no contemporâneo não consegue se compreender ou 
definir, ele tem necessidade de validação do outro, característica que se 
exacerba nas redes sociais, por exemplo. A internet é um ambiente propício 
para a comparação. 
O indivíduo da modernidade líquida não consegue se ver como inteiro. Ele 
sempre se entende como alguém incompleto, em busca de melhores 
oportunidades ou aprofundamentos da sua personalidade. 
Sentir-se incompleto, como se fosse possível chegar a um estado de 
perfeição, é típico da sociedade contemporânea. Um dos modos que o 
indivíduo contemporâneo encontra para se sentir completo é o consumo. 
Globalização 
A globalização cria uma aparente diminuição das distâncias, o que muda 
nosso modo de nos relacionarmos com o outro: a rapidez e facilidade de nos 
relacionarmos faz com que as relações fiquem menos aprofundadas. 
A instantaneidade da comunicação e da disseminação de informações faz 
com que fixemos muito menos os assuntos ou eventos, incorrendo muitas 
vezes numa banalização do cotidiano. 
As grandes empresas se beneficiam da globalização na medida em que 
podem realizar contratações em diferentes lugares, de acordo com a 
pertinência econômica. As relações de trabalho são fluidas num mundo 
globalizado. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
15 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Governo e 
instituições 
Na sociedade contemporânea há descrença em relação às instituições e 
valores dados como confiáveis. 
Estruturas como Governo e Justiça são postas em xeque, pois o sujeito não 
sente mais segurança nem mesmo daquilo que parecia bem estabelecido. 
As leis, os valores morais estabelecidos e a noção de autoridade se 
encontram em crise. Os líderes ou pessoas que estão no poder devem ser 
mais carismáticos do que autoritários. Isso pode, porém, propiciar o 
surgimento de regimes personalistas e autoritários. 
Trabalho 
As mudanças nas relações de trabalho, características da sociedade 
contemporânea, são fruto de um mundo que questiona as instituições e 
práticas já estabelecidas. 
Os riscos de precarização do trabalho convivem com novos modelos de 
contratação. 
Os profissionais já não encaram mais a construção da carreira como uma 
progressão continuada. 
 
Fake News 
O termo “fake news” (notícias falsas, em inglês) se tornou muito conhecido nos últimos tempos. 
A primeira vez que apareceu com força foi nas eleições americanas de 2016, entre Donald Trump e 
Hillary Clinton, em que os candidatos se acusaram mutuamente de produzir notícias falsas com o objetivo 
deliberado de prejudicar a campanha um do outro. 
Essencialmente, uma notícia falsa é redigida com o objetivo de legitimar uma ideia ou deslegitimar 
algo/alguém. 
As principais características sobre as Fake News são: 
- Seu alto poder de persuasão, independente do grau de escolaridade ou classe social do leitor; e 
- Seu grande poder viral, já que são fortemente ligadas à comunicação e difusão de informações na internet, 
sendo principalmente divulgadas em redes sociais. 
Essas são justamente as características que diferem as fake news das informações falsas criadas por 
escritores ao longo da história: por serem fortemente ligadas à internet, as fake news se espalham 
rapidamente e são de difícil apuração. A origem das informações fica difusa, o que torna mais difícil checar 
as fontes ou dados que poderiam corroborá-las. 
Por isso, é muito importante que você seja capaz de fazer uma leitura crítica daquilo que é veiculado 
nas mídias digitais. 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
16 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Imprensa 
Atire os primeiros bloquinho e caneta quem nunca ouviu a frase “jornalista tem que ouvir os dois lados”. Acontece que, 
em ciência, as coisas podem ser um pouco mais complicadas. Ora, não há razão para entrevistar um indivíduo que acredita 
que a Terra é plana em toda matéria sobre o nosso planeta redondo, muito menos dar voz a alguém que não acredita em 
vacinas nas reportagens sobre os imunizantes. Nosso guia precisa ser a evidência científica e o que ela nos assegura (ou 
não) sobre determinado assunto. 
Numa palestra inspiradora, a cientista Naomi Oreskes, coautora do livro Merchants of doubt (Mercadores da dúvida, em 
tradução livre), mostra como a própria indústria se aproveitou desse princípio jornalístico de isonomia para semear um 
ponto de interrogação na cabeça das pessoas. Isso ocorreu (e ocorre), por exemplo, em questões ligadas ao cigarro ou ao 
aquecimento global. Nas palavras da própria Naomi, precisamos rejeitar esse conceito de equidade cega e indiscriminada 
quando fazemos jornalismo de ciência. “Se continuarmos apostando nesse senso errôneo de justiça, cairemos numa falsa 
equivalência em que misturamos informações factuais com mentiras e desinformação”, afirma. 
Fonte: <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornalismo-cientifico/dez-inquietacoes-ideias-e-tendencias-que-pintaram-na-maior-conferencia-de-
jornalismo-cientifico-do-mundo/> Acesso em ago.2019. 
 
Impacto da tecnologia da desinformação 
De tempos em tempos, diversas pesquisas de opinião são realizadas pelo mundo para medir o quanto as pessoas 
acreditam no sucesso das missões Apollo. O nível de descrença varia de 6% a 57% - este último impressionante número é 
de levantamento divulgado ano passado pelo VTsIOM, o instituto nacional de pesquisas de opinião da Rússia, e deve 
refletir sobretudo os esforços de contrapropaganda da Guerra Fria, quando a então União Soviética era rival dos Estados 
Unidos na chamada corrida espacial. 
Levantamento semelhante realizado pelo instituto Gallup nos Estados Unidos apontou que 6% dos americanos não 
acreditam que o homem tenha pisado na Lua. Mas outras sondagens chegam a apontar que esse número pode ser bem 
maior: na casa dos 20%. 
De acordo com pesquisa recente realizada pela empresa YouGov, um em cada seis britânicos acredita que a conquista da 
Lua foi encenada. E, entre os jovens de até 35 anos, "informados" intensamente por canais de YouTube e fóruns de 
internet, esse número é ainda maior: 21%. 
Fonte: <https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/07/11/o-que-pensam-os-que-nao-acreditam-que-o-homem-
chegou-12-vezes-a-lua.ghtml> Acesso em: ago.2019 
 
Umberto Eco 
 Para o escritor e filólogo italiano Umberto Eco, as redes sociais concederam o direito à palavra a 
uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem 
prejudicar a coletividade”. 
 Normalmente, os imbecis eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à 
palavra de um Prêmio Nobel. 
 Desse modo, conclui Eco, o grande drama da internet é que ela promoveu o “idiota da aldeia” a 
portador da verdade. 
 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
17 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
2 - Recorte temático e tese 
A definição de palavras é fundamental para você. Nunca se esqueça delas. 
 
Pense nesse processo como um funil: você deve sair do mais amplo para o menos amplo, ou seja, 
do grande tema para sua análise sobre esse tema. Evidentemente, um mesmo tema possibilita diversos 
recortes temáticos. 
A tese é, como você sabe, seu posicionamento com relação a um determinado tema, podendo ser 
positiva ou negativa, em muitos casos. Contudo, sempre é a representação de sua opinião. Ainda assim, 
muitas vezes vocês ficam inseguros com relação a colocar sua tese em prática. 
É comum ouvirmos que vocês têm medo de se posicionar com relação a uma ideia, dado que muitas 
vezes foram orientados a não fazer isso, tornando o texto impessoal inclusive com relação ao conteúdo.Construir um texto formal não quer dizer não falar sua opinião sobre algum assunto. Sua tese precisa: 
 Deixar sua opinião clara; 
 Posicionar-se sem receio sobre o tema; 
 Indicar os argumentos que serão apresentados no texto; e 
 Ser sustentada por argumentos. 
 
ATENÇÃO 
 Por vezes, você pode escrever sua tese a partir de uma opinião que você não concorda 
necessariamente, mas que se apresenta mais fácil de ser argumentada. 
 Não estamos falando aqui em agradar a banca. Longe disso. O que ocorre é que em alguns temas, 
principalmente os ditos "polêmicos", é comum encontrarmos mais facilmente argumentos que comprovem 
opiniões que não necessariamente concordamos. 
 O único cuidado que você deve tomar nesses casos é de não defender ações ou assuntos que 
poderiam ser considerados crimes ou desrespeitosos a leis e direitos. Fora isso, o importante é fundamentar 
bem as ideias. 
 Seu objetivo é ser capaz de fazer uma boa argumentação sempre! O que importa para o corretor é 
que você seja capaz de defender sua ideia de maneira consistente. Ele não conhece você, lembre-se disso ;) 
 
Tema
Conceito amplo e aberto.
Recorte temático
Ângulo a partir do qual 
se discorrerá sobre o 
tema.
Tese
Sua opinião pessoal 
sobre os assunto.
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
18 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Recorte temático 
O recorte temático, como vimos na primeira aula, é uma forma de definição mais clara daquilo que 
falaremos em nossa redação. Muitos temas apresentam-se muito amplos e, por isso, devemos mais 
claramente como ocorrerá essa construção de pensamentos. 
Normalmente, temas que se aproximam de assuntos aberto necessitam de uma construção mais 
específica de recorte temático. Imaginemos a situação a seguir: 
 
 
Nesse exemplo, percebe-se a amplitude de possibilidades. Claro que a tese apresentada é somente 
um exemplo do que podemos ter com relação à temática abordada. Poderíamos fazer recortes e 
apresentar teses distintas. Por exemplo, poderíamos apresentar a ideia de que as redes sociais são mal 
utilizadas na sociedade e podem levar ao isolamento das pessoas com relação à sociedade, como 
usualmente se apregoa no senso comum. Não há nenhum problema em você caminhar pelo senso comum, 
desde que sua argumentação esteja sustentada. O que importa é isso: sustentação dos argumentos para 
que eles sejam válidos. 
Esse tipo de tema é diferente dos mais específicos. Por vezes o próprio tema já indicará alguns 
recortes para você. Imagine essa situação: 
 
 
Tema: A 
importância da 
inclusão das 
mulheres nas 
forçar armadas
Recorte temático: 
Ações que foram 
feitas para 
aumentar a 
inclusão
Tese: A maior 
inclusão das 
mulheres nas 
forças armadas 
depende de de 
inicitivas por parte 
das instituições
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
19 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 Perceba que o caminho já estava muito estabelecido pelo próprio tema. Não havia tantos caminhos 
possíveis a serem seguidos. Por isso, é importante que você, a partir do tema, consiga identificar suas 
possibilidades. 
Tese 
 A tese se encontra expressa no primeiro parágrafo da redação. Clareza é fundamental. Por isso, é 
importante que você deixa evidente no seu texto qual é a tese que você irá desenvolver. É preciso facilitar 
a leitura do corretor. Ele não pode ter dúvidas do que você está propondo. 
 Você não pode, porém, simplesmente “jogar sua tese” no parágrafo inicial e esperar que ela resolva 
sua introdução. Ela deve ser contextualizada. A introdução é composta por duas partes: contextualização e 
tese. Na aula de hoje, vamos pensar apenas na tese. Em nossa próxima aula, nos dedicaremos a falar mais 
profundamente sobre contextualizações. 
Um dos modos mais fáceis de elaborar uma tese é trabalhar com a ideia de causa e consequência. 
Algo ocorre no mundo e isso gera uma consequência – tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. 
FÓRMULA DA TESE 
 Se você tem dificuldade em criar uma tese, tente pensar de maneira matemática. Vou apresentar a 
você minha fórmula da tese. Use-a para praticar na hora de escrever sua redação. 
 Funciona assim: 
X, pois Y, logo Z 
 Você substituirá: 
- X por sua opinião pessoal, sua ideia sobre o assunto. 
- Y por uma informação que estabeleça relação de causa com sua ideia. 
- Z por uma informação que estabeleça relação de consequência com sua ideia. 
 
 Assim, você garante que sua tese será completa e bem compreensível. Veja um exemplo: 
Crianças devem ter contato com a arte desde cedo, pois ela amplia a percepção de mundo, logo, tornam-se 
pessoas mais criativas. 
 
Temas sociais 
 Os temas sociais são aqueles que se fundam em problemas diretamente ligados a questões da 
sociedade e a relação entre o homem e a sociedade que o cerca. Entram aqui temas ligados a mudanças 
na sociedade, impacto social das ações pessoais, política, meio ambiente, noções de comunidade, políticas 
públicas etc. 
 A identificação dos recortes temáticos e a criação de teses a partir de temas sociais costuma ser 
mais simples, pois ela é mais diretamente identificável. 
Temas subjetivos 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
20 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Os temas subjetivos são aqueles que discutem a relação das pessoas consigo mesmas. Entram aqui 
temas ligados ao comportamento humano, modo como reagimos às situações, psicologia, comportamento 
etc. Também entram aqui os temas que que discutem a relação do homem com outros homens: temas 
ligados a relações afetivas de todo modo, comportamento em grupo, convivência, família etc. 
Esses temas costumam apresentar algumas dificuldades na identificação de um recorte temático. 
A minha dica é que vocês sempre tentem trazer o temas para a materialidade, ou seja, pensar como aquele 
tema impacta diretamente na vida prática. 
Pense que você chegou no dia da sua prova e o tema era empatia. Pode ser que você tenha 
dificuldades de saber por onde começar essa redação. Dificilmente poderíamos desenvolver esse tema 
pensando apenas em falar de maneira abstrata sobre o assunto. É preciso pensar sobre como esse conceito 
aparece na vida socialmente, por exemplo: em que a falta de empatia impacta as relações sociais; como 
mais empatia poderia resolver problemas da sociedade; etc. 
Esse movimento pode ajudar você a desenvolver esse tipo de tema. 
 
3 - Análise de textos de apoio 
Cada tipo de texto pode ser analisado de maneiras diferentes. O importante é que você saiba 
procurar o que há de principal nos textos para ser capaz de retirar possíveis argumentos e elaborar sua 
tese. Vamos ver exemplos de análise de três tipos de texto: visual, verbal e visual e apenas verbal. 
Texto visual 
 
O que se pode depreender dessa imagem? 
 Trânsito, velocidade e mobilidade urbana 
 O que causa o problema de mobilidade urbana exposto na fotografia? 
 Quais as consequências desse problema? 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
21 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 Quais as alternativas possíveis para a diminuição do problema. 
Causas 
- Historicamente, há um 
reforço ao uso do carro. 
- Desde JK até o governo Collor 
e os dias atuais, o próprio 
governo tomou para si muitas 
vezes a responsabilidade de 
fomentar uma cultura que 
supervaloriza o transporte 
automobilístico. 
- Além disso, o carro é um 
símbolo de status: há uma 
ideia muito forte no Brasil de 
que uma melhoria da condição 
financeira estaria atrelada à 
posse de um carro. 
- O transporte público é 
frequentemente associado às 
classes mais baixas. 
Consequências 
- Aumento da poluição nos 
grandes centros urbanos, 
perda de tempo nos 
congestionamentos, stress no 
motorista, entre outros. 
 - Os congestionamentos 
produzem efeitos negativos 
nos motoristas, podendo 
mesmo ser um fator de 
incentivo à violênciano 
trânsito. 
 
Alternativas 
- Incentivo e oferta de outros 
meios de transporte. 
- Um transporte público de 
maior qualidade pode 
incentivar a diminuição do uso 
do carro. 
- Para mudar a mentalidade 
das pessoas em relação ao 
transporte público é preciso 
que a oferta de ônibus e 
metrôs seja maior e mais 
conveniente: novas linhas, 
estações e corredores de 
ônibus são exemplos de 
possíveis melhorias. 
- Além dos transportes 
públicos, outras alternativas 
como as ciclovias podem 
modificar a relação do cidadão 
com os transportes. 
 
Texto visual e verbal 
 
 
Fonte: Willtirando, 07/10/2017. Disponível em: < http://www.willtirando.com.br/a-arte-imita-a-vida/> Acesso em 18 Mar. 
2019. 
 
O que se pode depreender desse texto? 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
22 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
O tema da tirinha apresentada aqui é “A desvalorização do artista”. 
Ainda que se utilizem na tirinha exemplos de artistas de outras épocas, não é possível afirmar que 
este comportamento seja comum através do tempo. Só se pode dizer que hoje em dia há uma 
desvalorização da figura do artista. 
Há algumas ideias que se pode levantar a partir desse texto – ainda que elas não estejam 
necessariamente nele. Pense em maneiras de incluir seu conhecimento de mundo numa análise, pois isso 
pode trazer possíveis argumentos no futuro. 
 A desvalorização do artista se deve à desvalorização da arte na sociedade atual? 
 O artista não é reconhecido como alguém que trabalha? 
 A ideia de reprodutibilidade, ou seja, da possibilidade de reproduzir uma obra, a desqualifica 
enquanto obra de arte. 
 O artista é visto como alguém improdutivo. O produto de seu trabalho não é considerado passível 
de valor de troca. 
 A arte não é considerada útil e, por isso, não tem valor. 
 O utilitarismo e a reprodutibilidade técnica podem estar na raiz da desvalorização da ideia de artista. 
 
Texto Verbal 
A jovem que construiu a própria a casa e é a única brasileira a dar dicas de reforma no YouTube 
Paloma e sua mãe foram as responsáveis pela ampliação da casa onde moram há 25 anos, que tinha 
originalmente apenas dois cômodos. Hoje, são quatro quartos, dois banheiros, cozinha, sala, varanda e 
quintal – e, em todos estes ambientes, a youtuber já fez alguma obra. 
Ela aprendeu a fazer as reformas com os amigos da mãe, que ajudaram a ampliar o imóvel quando o dinheiro 
da família para as reformas acabou. Logo, descobriu que gostava de fazer isso e, mais, que tinha talento. 
Com o passar dos anos, Paloma e Ivone se tornaram as únicas “mestres de obras” da casa. Embora a mãe 
não se aventure tanto nisso quanto a filha, ela ajuda nos acabamentos. “A gente fala que sou a pedreira, e 
minha mãe, a servente.” 
A experiência levou a jovem a estudar engenharia civil em 2013, mas ela largou o curso no primeiro semestre 
para se dedicar ao YouTube, quando o projeto ainda era sobre outros temas. Hoje, é uma especialista no 
tema. 
Ela estima ter economizado quase R$ 25 mil fazendo a construção e a reforma da sua casa por conta própria. 
“Com certeza, não teria condições de pagar por todas as coisas que fiz.” 
Mayra Sartorato, da BBC News Brasil, 23 março 2019. Trecho disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-
47661993> Acesso em 10 set.2019. 
O que se pode depreender desse texto? 
 O texto fala sobre uma menina que construiu a própria casa e transmite esse conteúdo na internet. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
23 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 Para além das questões de gênero óbvias – o estereótipo que mulheres não se envolveriam com 
construção civil, por exemplo – há que se pensar sobre o papel da internet e das novas 
comunicações na busca de uma sociedade mais igual. 
 As pessoas se aproveitam da potencial democratização de produção de conteúdo para mostrar 
também outras realidades, muitas vezes questionando papeis sociais. 
 Qual a importância da internet para uma mudança social verdadeira? Como as novas mídias podem 
ser uma aliada na busca de uma maior igualdade de gênero? 
 A internet democratizou os meios de expressão, possibilitando que qualquer um possa expressar-
se nos meios digitais. Como as lutas pela igualdade se beneficiam desse movimento? 
 Parece haver maior espaço para vozes dissonantes na internet e, com isso, uma maior divulgação 
de experiências e vivências distintas. Como a luta pela igualdade se beneficia disso? 
 
4- Prática de redação 
4.1 - Identificação de recortes temáticos e criação de teses 
 Veja os temas abaixo e proponha diferentes recortes temáticos e teses. Os temas aqui partem de 
provas que se relacionam com os assuntos que discutimos no tópico de repertório. 
 
Tema I 
Textos de apoio: 
Texto 1 
A tentativa de cerceamento da circulação de obras literárias é um dos maiores problemas na área do 
livro nos últimos tempos. A ele se somam todas das dificuldades do setor, algumas de ordem 
basicamente econômica, como a crise editorial surgida há alguns anos e que, ao que tudo indica, está 
longe de se resolver, haja vista a declaração de falência e fechamento de grandes redes de livrarias. Os 
índices de leitura historicamente baixos, ao que parece, já deixam de impactar qualquer um, uma vez 
que são o retrato real da ausência de investimentos tanto de políticas públicas quanto nos bolsos dos 
cidadãos. Naturalmente, há uma relação natural entre ambas as lacunas, pois se as pessoas não são 
educadas para valorizar a leitura ao longo da vida, só por milagre isso aconteceria em escala. Não por 
acaso, as melhores iniciativas de incentivo à leitura no Brasil geralmente são de curta cobertura, às vezes 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
24 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
alcançando a casa dos milhares, mas nunca chegando aos milhões – que é realmente o volume dos que 
têm direito à educação e à cultura e não recebem como deveriam. 
(Disponível em < https://www.publishnews.com.br/materias/2020/02/10/mediacao-de-leitura-e-censura-uma-rima-em-
busca-de-solucao> Acesso em 08 out. 2021) 
 
Texto 2 
 
Tema: A censura de obras literárias é legítima em alguma situação? 
Recorte temático: 
Tese: 
Possíveis argumentos: 
 
Tema II 
Textos de apoio: 
Texto 1 
Quem usa redes sociais como principal fonte de informação tende a acreditar mais em fake news 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
25 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Os americanos que dependem das redes sociais como sua principal fonte de notícias são mais 
propensos a acreditar em informações falsas ou não comprovadas sobre assuntos importantes como 
política e a covid-19, revelou um estudo nesta segunda-feira (22). 
O estudo do Centro de Pesquisas Pew descobriu que as pessoas que usam as plataformas sociais 
para se informar sobre as notícias estão menos informadas sobre os principais temas da agenda pública 
e são mais suscetíveis a acreditar em rumores e notícias falsas. 
Na era digital, as plataformas de redes sociais se tornaram uma fonte crescente de notícias para 
muita gente em detrimento dos meios tradicionais. 
O estudo do Pew afirma que cerca de 18% dos entrevistados obteve a maioria da informação que 
consumiu sobre política e as eleições através das redes sociais. 
Essas pessoas, no entanto, eram menos propensas a responder corretamente a perguntas 
baseadas em fatos sobre política e eventos atuais do que aquelas que se informaram através de jornais 
impressos, notícias emitidas na televisão ou aplicativos informativos. 
Disponível em <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/afp/2021/02/22/usuarios-de-redes-sociais-sao-mais-propensos-a-
acreditar-em-informacoes-falsas-diz-estudo.htm> Acesso em 08 out. 2021 
 
Texto 2 
 
Disponível em < https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/fake-news-jornais-sao-mais-seguros-que-internet/>Acesso em 08 out. 2021 
Tema: As redes sociais no combate às fake news 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
26 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Recorte temático: 
Tese: 
Possíveis argumentos: 
 
Tema III 
Texto de apoio: 
Texto 1 
Obrigatoriedade de vacinas é alvo de debate nos três poderes da República 
STF deve decidir em breve se os pais podem deixar de vacinar os filhos por motivos religiosos, 
filosóficos, morais ou existenciais 
A vacinação contra doenças deve ser obrigatória? Essa pergunta paira no ar dos poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário e, na maioria das vezes, a resposta tem sido: “depende”. Para o 
coordenador da Frente Parlamentar do Programa Nacional de Imunizações, deputado Pedro Westphalen 
(PP-RS), a vacinação de crianças deve ser obrigatória, com responsabilização dos pais que não a 
promoverem. 
“Acho que a obrigatoriedade tem que ser feita em alguns casos, sim: de maneira didática e 
principalmente em crianças que não podem decidir por si. O adulto tem a prerrogativa de não querer 
fazer, e não faz. Mas, no caso de uma criança que tem a disposição uma vacina contra a poliomielite, que 
vai lhe impedir de ter sequelas irreversíveis no futuro, o pai, o tutor ou responsável que tem consciência 
disso e não faz a vacina, tem que ser responsabilizado, sim”, acredita. 
Fonte: Agência Câmara de Notícias 
 
Tema: A obrigatoriedade de vacinação no Brasil 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
27 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Recorte temático: 
Tese: 
Possíveis argumentos: 
 
Tema IV 
Texto de apoio: 
Texto 1 
Acordar cedo, sair correndo para trabalhar, engolir o almoço em 10 minutos, trabalhar de novo, 
chegar em casa depois das 7 da noite super cansado, jantar, assistir TV e dormir. Hoje, a vida de milhares 
de pessoas é assim. Aliás, isso pode ser chamado de vida? Ninguém mais sabe o que é um momento de 
paz, de harmonia com aqueles que ama, de real tranquilidade. O pensamento está sempre voltado para 
o que temos que fazer no dia seguinte. 
Parece que entramos em um processo de aceleração e não conseguimos mais revertê-lo, pois 
não temos sequer tempo para pensar em uma "desaceleração". Então, entram as velhas desculpas, afinal 
de contas não se pode parar uma rotina assim de uma hora para outra. 
Mas o segredo não está em ser radical. Algumas raras pessoas podem servir como exemplo de 
como modificar essa vida maluca que se leva atualmente. "Todo essa coisa acelerada gira em torno de 
uma questão: a nossa energia nervosa", diz o publicitário e coordenador da Academia de 
Autoconhecimento Humi, André Lang. 
"O efeito deste desequilíbrio que está havendo pode ser visto claramente. É o estresse e a 
depressão. Por isso mais do que nunca é preciso que as pessoas comecem a se autoconhecer para 
descobrirem quais são seus verdadeiros problemas e como podem solucioná-los", completa. 
"Não significa que se deve parar de correr completamente, mas sim conseguir se identificar de 
uma maneira positiva no meio da correria", reflete ele. Para ficar menos confuso, nada melhor do que 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
28 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
um exemplo. "Você pode estar no meio de um ambiente agitado, mas sentir-se tranquilo e harmonioso 
consigo mesmo", explica. 
E para alcançar este ponto de equilíbrio, ele dá um conselho. "A grande força vital que alimenta 
o ser humano está na natureza. É muito bom e eficiente de vez em quando escapar para um lugar mais 
calmo, como a Chapada dos Guimarães ou ir para um rio pescar", diz. 
(Disponível em <https://www.gazetadigital.com.br/suplementos/viva-bem/vida-moderna-impoe-ritmo-acelerado/87755> 
Acesso em 08 out. 2021) 
Tema: A aceleração da vida na modernidade 
Recorte temático: 
Tese: 
Possíveis argumentos: 
 
4.2 - Propostas de redação 
(ESA - 2015) 
“Seja como for, enquanto estiver latente, o Selfie ou qualquer outro modismo, merece uma acurada 
reflexão. Pois, nem tudo na rede social deve ser encarado como brincadeira. Há coisas, que, mesmo 
divertidas, escondem práticas perversas. Também não se devem criar pânicos desnecessários sobre tal 
fenômeno.” 
(http://serfelizeserlivre.blogspot.com.br/2014/04/selfie-e-o-narcisismo-moderno.html.Acesso em 7/04/2015 às 10:55) 
 
Elabore um texto dissertativo-argumentativo, com no mínimo 20 (vinte) e no máximo 30 (trinta) linhas, 
refletindo sobre o tema acima abordando as práticas perversas e o uso consciente dessa prática. 
(Celina Gil - 2020) 
TEXTO I 
Liberdade de expressão 
por Ian McEwan / 27 de janeiro de 2015 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
29 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Cidades globais como Paris, Londres ou Nova York, e seus entornos, possuem 10 milhões de pessoas ou 
mais em uma área menor que uma fazenda de criação de gado de tamanho médio nos EUA. Se os cidadãos 
fossem todos de uma só religião, uma só raça e uma só visão de mundo, a questão da liberdade de 
expressão nunca teria surgido. 
Uma área reduzida de uma cidade pode conter todas as raças da Terra e todas as visões religiosas, políticas 
e existenciais imagináveis. 
Diariamente, a partir de seus templos, as religiões blasfemam umas às outras. Jesus é filho de Deus? Não, 
se você é muçulmano. Maomé foi o último mensageiro de Deus na Terra? Não, se você é cristão. O universo 
pode ser explicado ou explorado a partir de uma cosmologia sem deuses, baseada na física? Não, se você 
é muçulmano ou cristão. 
A história europeia nos recorda que quando o cristianismo vivia sua pompa totalitária, anterior ao 
iluminismo, a intolerância das pequenas diferenças levou à barbárie e a massacres em escala chocante, 
como a Guerra dos Trinta Anos. 
O islã – do Paquistão à Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico, da Indonésia e da Turquia ao Egito 
– vive sua versão própria de um momento totalitário. Diariamente lemos sobre casos de tortura, prisão e 
execução de muçulmanos que desejam deixar o islã ou discuti-lo. 
No Paquistão, políticos usam as leis de blasfêmia como armas letais. Uma professora está presa no Egito 
há três anos por ter falado a seus alunos sobre outras religiões. Em todo o Oriente Médio, o cristianismo e 
o zoroastrismo estão sendo expulsos dos lugares onde nasceram. Na Turquia, a liberdade de imprensa está 
sob ataque cerrado por parte de conservadores religiosos. 
Regimes árabes autoritários utilizam a sharia, a lei islâmica, como meio de reprimir a oposição política. Os 
grupos radicais Boko Haram e Estado Islâmico representam uma intensificação do que é praticado em 
certos Estados. 
Na Arábia Saudita, que abriga os santuários mais reverenciados do islã, o abandono da fé é punido com a 
pena de morte. A mais recente repressão à liberdade de expressão cometida naquele país – mil chicotadas 
e dez anos de prisão – mostra que o governo saudita denigre o islã como religião da paz. A sentença 
provocou reações de repulsa em todo o mundo, algumas delas manifestadas por muçulmanos. 
O único fiador da liberdade de religião e da tolerância é o Estado laico. Ele respeita todas as religiões e 
acredita em todas – ou em nenhuma. 
A liberdade que permite aos jornalistas do semanário Charlie Hebdo* criarem sua sátira é exatamente a 
mesma liberdade que permite aos muçulmanos na França seguirem sua religião e expressarem seus pontos 
de vista abertamente. 
Os devotos não podem ter as duas coisas. A livre expressão é dura, é barulhenta e, às vezes, fere, mas, 
quando tantas visões de mundo precisam conviver lado a lado, a única alternativa à livre expressão é a 
intimidação, a violência e o conflito acirrado entre comunidades. 
É impossível exagerar a importância da liberdade de expressão. Ela não é um simples luxo de jornalistas e 
escritores. Também não é um valor absoluto. Quando é reduzida (por exemplo, para limitar o alcanceonline 
de pedófilos), precisa ser por meio de leis, em conformidade com as instituições democráticas. Mas sem 
liberdade de expressão, a democracia é uma farsa. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
30 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Todas as liberdades que gozamos ou desejamos gozar tiveram que ser pensadas e discutidas livremente e 
instituídas por escrito. 
A liberdade de expressão – de dar e receber informações, de formular perguntas incômodas, de realizar 
pesquisas acadêmicas, de praticar a crítica, a fantasia, a sátira –, o intercâmbio de ideias em toda a gama 
de nossas capacidades intelectuais, é a liberdade que dá origem às outras. 
A livre expressão não é inimiga da religião, é sua protetora. 
 
* Referência ao atentado sofrido pelo jornal Charlie Hebdo em 07 de janeiro de 2015, em Paris. O 
jornal foi atacado por terroristas após a publicação de uma charge que satirizava de maneira dura Maomé. 
Doze pessoas foram mortas na sede do jornal. 
Ian McEwan, escritor britânico, é autor de Sábado, Reparação e Na Praia (todos pela Companhia 
das Letras), entre outros livros. 
(Adaptado de Liberdade de Expressão, Observatório da Imprensa, Edição 835. Disponível em: 
<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed835_liberdade_de_expressao/> Acessado em 30 abr. 
2020) 
TEXTO II 
Artigo 18: Liberdade de religião e crença 
O Artigo 18 protege teístas, não teístas e ateus, assim como aqueles que não professam qualquer 
religião ou credo. Menos conhecido é o papel que organizações religiosas desempenharam na realização e 
no apoio ao movimento por direitos humanos. 
No sul da Ásia, o hinduísmo inspirou a longa marcha de Mahatma Gandhi pela libertação da Índia. 
Cristãos protestantes lideraram a luta para abolir escravidão no Reino Unido e nos Estados Unidos no século 
19. Católicos romanos na Polônia e luteranos na Alemanha Oriental estavam na vanguarda do combate ao 
autoritarismo no final do século 20. Católicos romanos na América Latina pressionaram por justiça social 
com a “teologia da libertação”. (...) 
No entanto, religiões e direitos humanos são frequentemente vistos como conflitantes, com 
debates na Europa Ocidental sobre se mulheres deveriam poder usar véus e leis de blasfêmia 
supostamente usadas de forma irregular em partes da Ásia para resolver rancores pessoais. 
Alguns argumentam que é preciso não só liberdade religiosa, mas liberdade da própria religião, 
especialmente quando ela é citada como justificativa para práticas discriminatórias e prejudiciais. 
Fonte: Adaptado de https://nacoesunidas.org/artigo-18-liberdade-de-religiao-e-crenca/. Acesso em 30/04/20. 
 
TEXTO III 
Decisão do governo sobre data de reinício das Missas públicas desagrada episcopado francês 
Em comunicado diante da Assembleia Nacional, o primeiro-ministro Édouard Philippe anunciou na tarde 
de terça-feira, 28, que as celebrações religiosas públicas não poderão ser retomadas antes de 2 de junho. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
31 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Em um comunicado de imprensa publicado no início da noite, o Conselho Permanente da Conferência 
Episcopal da França, "em nome de todos os bispos, soube com pesar desta data que é imposta aos católicos 
e a todas as religiões de nosso país". 
O episcopado francês expressa suas reservas, como aconteceu com o episcopado italiano em relação à 
decisão semelhante tomada pelo governo Giuseppe Conte alguns dias antes, não obstante compartilhe a 
preocupação do governo de limitar ao máximo a circulação da epidemia. 
Causa estranheza aos bispos a proibição da celebração de Missas públicas, pois poderiam promover a 
disseminação do coronavírus, enquanto que por outro lado são retomadas as atividades econômicas e 
comerciais e há a reabertura gradual das escolas. 
"A dimensão espiritual e religiosa do ser humano contribui, estamos convencidos disso, para a paz dos 
corações, para o fortalecimento nas provações, para a fraternidade entre as pessoas e para toda a vida 
social”, insistem os prelados. 
“A liberdade de culto é um alicerce da vida democrática. É por isso que os bispos desejam se reunir com as 
autoridades públicas, nacionais ou locais, para preparar a retomada efetiva do culto. Os católicos 
respeitaram e respeitarão as instruções do governo”, diz a nota. 
Fonte: Adaptado de https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-04/franca-bispos-missas-2-junho-governo-
coronavirus.html. Acesso em 30/04/20. 
 
TEXTO IV 
A quem interessa a onda de intolerância religiosa que sacode o Brasil? 
O Brasil está destruindo um dos seus maiores valores, sua proverbial tolerância religiosa e a coexistência 
pacífica entre as diferentes confissões. A quem interessa essa onda iconoclasta que cresceu 4.960% em 
apenas cinco anos, que registra uma denúncia de hostilidade ou profanação de locais de culto e pessoas 
que os dirigem a cada 15 horas? 
Os mais perseguidos são os locais de culto das religiões de matriz africana, mas também atinge templos 
católicos e protestantes, igrejas evangélicas, centros espíritas e sinagogas judaicas. Imagens de orixás são 
queimadas, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida é destruída a golpes de martelo, os sacrários das 
igrejas católicas são violados e as hóstias consagradas são jogadas no chão e nem os cemitérios são 
respeitados. 
Que estamos diante de um fato novo e é urgente descobrir o que se esconde por trás dessa nova guerra 
contra o sagrado. Que a um Brasil atravessado por uma perigosa corrente de ódio político e social se queira 
acrescentar a intolerância e a agressão física aos símbolos e pessoas religiosas poderia ser a última etapa 
da barbárie. A tolerância e a riqueza de entidades religiosas convivendo em paz neste país foi resultado da 
feliz conjunção histórica do encontro de três crenças trazidas pelos três povos que engendraram o Brasil: 
a indígena, a cristã - contribuição dos europeus -, e a africana, dos quatro milhões de escravos. 
Fonte: Adaptado de https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/14/opinion/1510697413_063183.html. Acesso em 30/04/20. 
 
TEXTO V 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
32 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
O que é intolerância religiosa? 
A história da intolerância religiosa é uma história de séculos. No Império Romano os católicos foram 
perseguidos. Na Idade Média, católicos perseguiram judeus e pagãos. No Brasil, os portugueses não 
aceitavam as crenças religiosas dos índios e os catequizaram e no período da escravidão, proibiam os 
negros de cultuar seus deuses. Esses são apenas alguns exemplos. 
Segundo o professor Antonio Ozaí da Silva, a raiz da intolerância está na transição das religiões politeístas 
para as religiões monoteístas. Isso porque, ao reconhecer a existência de um Deus único, as religiões 
deixam de aceitar a existência de outros deuses. É daí que surge a ideia de guerra santa, isto é, a realização 
de conflitos para afirmar a concepção de um Deus. 
Para o professor, a intolerância é resultado do medo e insegurança e da necessidade do ser humano em 
possuir certezas, e conclui que ela é alimentada por grupos de poder e interesses. Por isso, para entender 
a intolerância a determinadas crenças, é necessário uma interpretação completa do contexto social, 
político e econômico. 
Fonte: Adaptado de https://www.politize.com.br/intolerancia-religiosa/. Acesso em 30/04/20. 
 
Com base nos textos de apoio e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-
argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema: 
A garantia de liberdade religiosa no Brasil 
 
(Celina Gil - 2021) 
Texto I 
A LITERATURA COMO DIREITO DO SER HUMANO 
Em seu texto Direitos humanos e Literatura, Antonio Candido defende que a literatura é, ou ao 
menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter ena formação 
dos sujeitos. 
Primeiramente, ele destaca o que são os direitos humanos, aqueles ligados a alimentação, moradia, 
vestuário, instrução, saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência a opressão, 
bem como o direito à crença, à opinião, ao lazer. Este são bens que asseguram a sobrevivência física e 
também a integridade espiritual. Neste gancho, Candido indaga: e por que não o direito à arte e à literatura 
também? 
Segundo o crítico, a literatura se manifesta universalmente através do ser humano, e em todos os 
tempos, tem função e papel humanizador. Mas como essa humanização se dá? 
De início, A. Candido destaca que chama de literatura, nesse texto, tudo aquilo que tem toque 
poético, ficcional ou dramático nos mais distintos níveis de uma sociedade, em todas as culturas, desde o 
folclore, a lenda, as anedotas e até as formas complexas de produção escritas das grandes civilizações. E 
defende a ideia de que não há um ser humano sequer que viva sem alguma espécie de fabulação/ficção, 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
33 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
pois ninguém é capaz de ficar as vinte quatro horas de um dia sem momentos de entrega ao “universo 
fabulado”. 
Se ninguém passa o dia todo sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura (no 
sentido amplo dado nesse texto) “parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser 
satisfeita e cuja satisfação constitui um direito” (CANDIDO, 1989, p. 112). A literatura é, para ele, “o sonho 
acordado da civilização” (p. 112), e assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem sonho durante 
o sono, “talvez não haja equilíbrio social sem a literatura” (p. 112). É por esta razão que a literatura é fator 
indispensável de humanização e confirma o ser humano na sua humanidade, por atuar tanto no consciente 
quanto no inconsciente. 
(Disponível em <https://www.casadasrosas.org.br/centro-de-apoio-ao-escritor/manual-a-literatura-como-direito-do-ser-
humano> Acesso em 14 jan. 2021) 
 
Texto II 
A Constituição de 1988 determina que livros são produtos isentos de tributação. Desde 2004, a lei 
10.865 também libera os livros do pagamento do Cofins e do PIS. Mas se a reforma proposta por Guedes 
for aprovada como está, os livros ficarão sujeitos a uma taxação de 12%, alíquota geral da CBS. 
A possibilidade de taxação atinge o mercado editorial brasileiro em um contexto de crise 
prolongada, com anos seguidos de retração e grandes redes de livrarias beirando a falência. 
Essa crise se intensificou com a recessão econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, 
que obrigou livrarias a permanecerem fechadas e reduziu o consumo de muitos brasileiros. Em abril de 
2020, o levantamento Painel do Varejo de Livros no Brasil, feito pela Nielsen Bookscan, já mostrava uma 
perda de 47% no faturamento do mercado livreiro em relação ao mesmo mês de 2019. 
O debate sobre a tributação dos livros opõe, de modo geral, duas visões: a de que, sendo o livro um 
produto consumido por uma população de maior renda no país, ele deve ser taxado; e a de que, como um 
veículo de promoção da educação e da cultura, o livro deve permanecer livre de tributos. 
(Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/08/14/O-plano-de-taxar-livros-num-mercado-editorial-em-
crise> Acesso em 15 jan. 2021) 
 
Texto III 
Bebida é água! 
Comida é pasto! 
Você tem sede de que? 
Você tem fome de que?... 
 
A gente não quer só comida 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
34 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
A gente quer comida 
Diversão e arte 
A gente não quer só comida 
A gente quer saída 
Para qualquer parte... 
 
A gente não quer só comida 
A gente quer bebida 
Diversão, balé 
A gente não quer só comida 
A gente quer a vida 
Como a vida quer... 
(Comida, Titãs) 
 
Texto IV 
Mãos 
(Bráulio Bessa) 
Um poeta agarra um lápis 
e escreve uma poesia, 
um palhaço pinta o rosto 
pra espalhar alegria, 
o pintor pinta uma tela 
de uma paisagem tão bela, 
e a Ana faz um fuxico 
usando o poder das mãos 
e o amor do coração 
faz-se até luxo no lixo. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
35 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 
um tronco velho de pau 
se transforma em escultura. 
A arte brota na vida, 
a vida brota cultura, 
a cultura brota o novo 
esculpindo o próprio povo 
que se enxerga em toda parte. 
Cada calo em sua mão, 
fortalece o artesão, 
mantém viva sua arte. 
 
A mão que faz um carinho, 
que aperta firme e forte, 
a mão que abençoa um filho, 
a mão que nos dá suporte, 
a mão que diz “venha cá”, 
a mão que diz “volto já”, 
a mão que faz oração. 
Hoje eu falei pra você, 
da magia e do poder 
de tudo o que é feito à mão. 
(Bráulio Bessa, Poesia com rapadura. Disponível em <https://www.tudoepoema.com.br/braulio-bessa-maos/> Acesso em 15 
jan. 2021) 
 
Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo, 
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte tema: 
A importância da garantia do acesso à cultura para a construção de uma sociedade mais justa 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
36 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Orientações 
• Considere os textos da prova de Língua Portuguesa como motivadores e fonte de dados. Não os copie, 
sob pena de ter a redação zerada. 
• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas 
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa. 
• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa 
alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce. 
• Utilize caneta de tinta preta ou azul. 
• Dê um título a sua redação. 
 
(Celina Gil - 2021) 
Texto I 
A pós-mentira 
Em 2016, o Dicionário Oxford elegeu “pós-verdade” como a palavra do ano. Nunca se mentiu 
tanto, sobre tudo. As fake news infestaram o mundo por um motivo simples: elas funcionam. “As pessoas 
se identificam com aquela informação, mesmo sem fundamento. É quase uma torcida”, diz Diogo Rais, 
professor da Universidade Mackenzie e fundador do Instituto Liberdade Digital. A pandemia vem tendo 
seu quinhão de notícias falsas, mas há sinais de que a onda está começando a virar. As redes sociais deram 
o primeiro passo. Em março, Twitter, Facebook e Instagram excluíram posts que continham mentiras 
sobre o coronavírus – incluindo mensagens publicadas por chefes de Estado, como os presidentes Jair 
Bolsonaro e Nicolás Maduro, e o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. Essa censura das redes sociais, 
mesmo com intenção protetiva, abre um precedente arriscado. “Como sociedade, aceitamos esse 
controle, dada a gravidade da situação. Mas pode ser um caminho sem volta”, diz Pablo Ortellado, 
professor de gestão pública da USP. Também há outro fator envolvido: uma certa “pressão evolutiva”. Os 
indivíduos que acreditarem em mentiras, e não se protegerem contra o SARS-CoV-2, correrão maior risco 
de ter Covid-19 – e os sintomas pesados da doença poderão forçá-los a aceitar, na própria pele, as 
verdades científicas. 
A primazia da ciência, por sinal, deverá ser outro eixo do mundo pós-coronavírus. Em condições 
normais, uma decisão ou política equivocada pode levar décadas até mostrar seu efeito negativo. Agora, 
não é assim: a conta chega rápido, e pode ser altíssima. “A crise pode representar uma derrota a quem 
se coloca como antagonista da ciência e das universidades”, diz Ortellado. 
Essa mudança poderá reduzir outro elemento central da última década: a polarização ideológica. 
É o que acredita o psicólogo Peter Coleman, professor da Universidade Columbia e especialista em 
resolução de conflitos. Ele se baseia em duas premissas.A primeira é histórica: pela primeira vez em cem 
anos, desde a gripe espanhola, a humanidade tem um inimigo comum – o coronavírus, contra o qual todos 
são iguais. A outra é estatística: números mostram que eventos graves tendem a unir os povos. Uma 
análise feita pela Universidade de Michigan, que analisou 850 conflitos políticos ocorridos entre 1816 e 
1992, constatou que 75% acabaram após o surgimento de um grande choque. Coleman cita como exemplo 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
37 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
a política americana após a Primeira Guerra Mundial (1918), que estabeleceu uma convivência mais 
pacífica entre democratas e republicanos até 1980. 
As eleições vão mudar, até na forma: a médio prazo, têm grande chance de acontecer online. 
Eleições pela internet exigiriam um período maior de votação, de uma semana ou até um mês: é a única 
forma de evitar que falta de energia elétrica, congestionamentos na rede (eleições online não são como 
votação do Big Brother, demandam sistemas parrudos de segurança) ou outros problemas técnicos 
impeçam as pessoas de participar. Votar sem sair de casa poderia banalizar as eleições e gerar polêmica, 
já que não há como recontar os votos. A solução pode estar em tecnologias como o Blockchain, um banco 
de dados praticamente impossível de fraudar. Ele já foi usado para que militares americanos que estavam 
fora dos EUA votassem nas eleições de 2018. A Estônia, um pequeno país do Leste Europeu, adota o voto 
online desde 2007. No Brasil, o primeiro passo nessa direção veio do Congresso Nacional, que tem votado 
remotamente durante a pandemia. Nossos deputados e senadores estão em home office. 
Eles mais seis em cada dez brasileiros. Essa é a massa que estava trabalhando de casa em março, 
de acordo com a empresa de monitoramento Hibou. E muitos continuarão assim. Em 2019, 45% das 
empresas já permitiam alguma espécie de home office, segundo a Sociedade Brasileira de Teletrabalho. 
Mas isso era visto como um privilégio. “Agora, passará a ser considerado um modelo de trabalho”, diz 
Leonardo Berto, da consultoria de RH Robert Half. As empresas irão repensar a necessidade de manter 
escritórios grandes e caros – o que deve diminuir o trânsito, a poluição e o consumo de energia. Mas o 
trabalho não será totalmente remoto. Encontros e feiras de negócios terão ainda mais força. “Serão 
oportunidades para a criação das redes de relacionamento, algo que o mundo virtual não oferece da 
mesma maneira”, afirma Berto. 
Vamos sair da pandemia machucados, mas também evoluídos. E o período de isolamento extremo, 
paradoxalmente, pode acabar tendo o efeito contrário: reforçar a comunhão social. Foi o que aconteceu 
na China, primeiro país a conter a crise. Em 4 de abril, primeiro dia sem quarentena, multidões lotaram 
os parques, pontos turísticos e espaços públicos das cidades. As pessoas estavam desesperadas para sair 
de casa. Mas também celebrar, numa apoteose coletiva, o único desfecho aceitável: a vitória da 
humanidade sobre o vírus. 
Vários autores. Revista Superinteressante - Maio 2020 (p. 26 - 28). Edição do Kindle. 
Texto II 
Mãos Dadas 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
38 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, 
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, 
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, 
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente. 
(Carlos Drummond de Andrade) 
Texto III 
 
(Disponível em <https://mundodeoz.wordpress.com/2015/01/05/erro-mafalda> Acesso em 04 jan. 2021) 
 
Texto IV 
Solidariedade 
Sou ligado pela herança do espírito e do sangue 
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista, 
Sou ligado 
Aos casais na terra e no ar, 
Ao vendeiro da esquina, 
 
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida, 
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado, 
Ao santo e ao demônio, 
Construídos à minha imagem e semelhança. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
39 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
 MENDES, Murilo. Solidariedade. In:______. O menino Experimental: Antologia. 1. ed. São Paulo, Summus, 1979. p. 62. 
 
Com base nos textos de apoio, nos texto da prova e em seus conhecimentos gerais, construa um texto 
dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema: 
“Pode a solidariedade mudar os rumos do país?” 
 
(Celina Gil - 2021) 
Texto I 
Por que a crença de que vivemos em bolhas talvez seja um mito 
David Robson - BBC Future / 22 julho 2018 
No início dos anos 2000, quando muitos comentaristas estavam maravilhados com a liberdade da 
internet e seu potencial democrático, o jurista Cass Sunstein fez um sério alerta. 
Esse Velho Oeste virtual, disse ele, nos permite superar algumas barreiras sociais e geográficas e 
estabelecer uma visão mais balanceada do mundo. Mas é igualmente possível simplesmente construir 
novas barreiras, à medida que pessoas que pensam parecido se reunem em grupos homogêneos, 
compartilhando os mesmos pontos de vista e fontes de informação. 
"Embora milhões de pessoas estejam usando a internet para expandir seus horizontes, muitas estão 
fazendo o oposto, criando um Jornal Eu (uma espécie de noticiário personalizado) sob medida para seus 
interesses e preconceitos", escreveu Sunstein. Com isso, eles viveriam em "câmaras de eco", provocando 
grande polarização na política de um país. 
Outros comentaristas depois abraçaram a ideia, ressaltando que as próprias plataformas de 
tecnologia podem criar barreiras entre os diferentes grupos. 
Facebook e Twitter, por exemplo, podem entender que você costuma clicar mais em notícias 
compartilhadas pelo jornal americano The New York Times do que pelo tabloide britânico Daily Mail e, por 
isso, promoverem especificamente essas histórias para você. 
"Isso é feito porque existe informação demais, e uma pessoa não conseguiria consumir tudo", diz 
Elizabeth Dubois, da Universidade de Ottawa, no Canadá. "Essa é uma ferramenta muito útil, mas isso 
significa que você vai acabar em uma bolha com base no que a plataforma ou companhia decidiu que se 
encaixa em seus objetivos." 
Hoje, os riscos de "câmaras de eco" e "bolhas" são uma verdade incontestável e ajudam a explicar 
as divisões na opinião pública que muitas vezes parecem seguir rígidas linhas partidárias. 
Quase 78% dos eleitores da democrata Hillary Clinton apoiavam o movimento "Black Lives Matter" 
(Vidas Negras Importam, em inglês), por exemplo, comparados a apenas 31% dos eleitores do republicano 
Donald Trump. 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
40 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Mas será que isso realmente surge de um comportamento online cego? Ou ocorrem por dinâmicas 
mais sutis? 
Embora haja pouca dúvida de que nossos hábitos de leitura moldam nossas opiniões políticas - ainda 
que não esteja claro até que ponto a propaganda direcionada pode influenciar o comportamento dos 
eleitores -, alguns estudos relevantes sugerem que a influência das câmaras de eco e bolhas tem sido 
superestimada. 
Considere o artigo de Seth Flaxman e seus colegas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que 
examinaram o histórico online de 50 mil usuários nos Estados Unidos. 
Em linha com o senso comum, usuários de mídias sociais e mecanismos de busca acabaram 
encontrando fontes de notícias maispolarizadas, o que pode se traduzir numa visão de mundo mais 
extrema. 
Fundamentalmente, no entanto - e contrário ao conceito de câmara de eco e bolhas online -, os 
usuários também eram propensos a visitar sites com visões opostas. De forma geral, seu consumo de mídia 
era mais variado. 
"Parece contra-intuitivo, mas a navegação direta geralmente consiste em apenas um ou dois sites 
que você lê regularmente - tais como BBC e CNN - enquanto que, por sua natureza, as redes sociais vão 
expor um número maior de fontes, aumentando a diversidade", diz Flaxman, que agora integra a equipe 
do Imperial College London. 
Flaxman enfatiza que o estudo tem base em dados de 2013 e que a situação pode ter mudado desde 
então. Mas uma pesquisa sobre as eleições presidenciais de 2016 vai totalmente de encontro com esses 
achados, com a maioria das pessoas relatando uma gama de opiniões em seus feeds de mídia social. 
(Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-44829514> Acesso em 11 jan. 2021) 
 
Texto II 
RECLAME 
se o mundo não vai bem 
a seus olhos, use lentes 
... ou transforme o mundo. 
ótica olho vivo 
agradece a preferência 
(Chacal) 
Disponível em: <https://www.escritas.org/pt/t/5315/reclame> Acesso em 14 jan. 2021 
Texto III 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
41 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
As empresas de internet se esforçam para entregar exatamente aquilo que seus usuários desejam, 
mas há poucos detalhes sobre como fazem isso. Entre os critérios divulgados estão a localização do usuário, 
os assuntos de interesse, o idioma, a popularidade do conteúdo e o grau de interação com a pessoa que 
fez a postagem. "Não podemos divulgar exatamente como os algoritmos funcionam, porque os sites 
poderiam utilizar essas informações para burlar os resultados, subir no ranking e, desta forma, reduzir a 
relevância para os usuários", explica Bruno Possas, engenheiro-chefe de buscas do Google. 
Já o Facebook afirma que seus 1,3 bilhão de usuários podem receber 1.500 novas histórias por dia, 
considerando status, links, fotos e vídeos. Mas o sistema faz uma filtragem, priorizando 300 delas. O Twitter 
deve adotar uma linha parecida. A empresa cogita destacar posts que o internauta deveria ver e também 
disponibilizar uma linha do tempo personalizada para novos usuários - eles receberiam conteúdo de seu 
interesse, mesmo sem escolher quem seguir. 
Quando a meta de entregar o conteúdo certo é cumprida, as empresas têm um benefício direto. 
"Mais de 80% do que os usuários assistem na Netflix vêm das listas de recomendações. Quanto mais 
acertadas essas indicações, maior o engajamento dos clientes e menor o número de cancelamentos", 
explica Carlos Gomez-Uribe, vice-presidente de algoritmos da empresa. 
(Disponível em <https://tab.uol.com.br/nova-bolha> Acesso em 14 jan. 2021) 
Texto IV 
 
(Disponível em <https://www.facebook.com/branco.arnaldo/photos> Acesso em 14 jan. 2021) 
 
Considere os textos da prova de Língua Portuguesa e seu conhecimento de mundo como 
motivações para redigir um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, conforme o tema apresentado. 
“O ser humano é consumidor ou mercadoria no século XXI?” 
 
t.me/CursosDesignTelegramhub
 
 
 
 
42 
Prof.ª Celina Gil 
 
 
 
AULA 01 – TEMA, RECORTE TEMÁTICO E TESE 
 
Considerações Finais 
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não 
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir. 
Na próxima aula, vamos nos aprofundar no estudo da introdução, pensando principalmente 
contextualizações. 
 Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais. 
Prof.ª Celina Gil 
Siga minhas redes sociais! 
 
 Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil 
t.me/CursosDesignTelegramhub

Mais conteúdos dessa disciplina