Prévia do material em texto
F R E N T E 1 9 Na figura 12, com a origem em O: • A posição de A é +1 m: A está a 1 m de O (origem dos espaços) e na região positiva. • A posição de B é −2 m: B está a 2 m de O (origem dos espaços) e na região negativa. Atenção Função horária do espaço Se um corpo está em movimento em relação a um refe- rencial, à medida que varia o tempo, também varia o valor do espaço do corpo. A função horária do espaço é a função que relaciona os espaços s de um móvel com os correspondentes instantes t. Se conhecemos a função horária, podemos determinar o espaço do móvel para cada instante de tempo. Tomemos as seguintes funções horárias, com t em se- gundos e s em metros. I. s = 4 + 2t t = 0: s = 4 + 2 · 0 ⇒ s = 4 m t = 1 s: s = 4 + 2 · 1 ⇒ s = 6 m t = 2 s: s = 4 + 2 · 2 ⇒ s = 8 m t = 3 s: s = 4 + 2 · 3 ⇒ s = 10 m 0 2 4 6 8 10 t = 0 t = 1 s t = 2 s t = 3 s Fig. 13 Espaços para a função s = 4 + 2t. II. s = 5 − 4t + t 2 t = 0: s = 5 − 4 · 0 + 0 2 ⇒ s = 5 m t = 1 s: s = 5 − 4 · 1 + 1 2 ⇒ s = 2 m t = 2 s: s = 5 − 4 · 2 + 2 2 ⇒ s = 1 m t = 3 s: s = 5 − 4 · 3 + 3 2 ⇒ s = 2 m t = 4 s: s = 5 − 4 · 4 + 4 2 ⇒ s = 5 m 0 1 2 3 4 5 t = 2 s t = 3 s t = 1 s t = 4 s t = 0 Fig. 14 Espaços para a função s = 5 – 4t + t 2 . O instante t = 0 é chamado de origem dos tempos, representando o instante do disparo do cronômetro do ob- servador. O espaço do móvel no instante t = 0 é chamado de espaço inicial (s0). No exemplo I, s0 = 4 m e, no exemplo II, s0 = 5 m. Por outro lado, se conhecemos o espaço do móvel para cada instante de tempo, podemos determinar a função horária do espaço. Tomemos os seguintes pares de espaço-tempo: III. t = 0: s = 5 m t = 1 s: s = 4 m t = 2 s: s = 3 m t = 3 s: s = 2 m Dos dados fornecidos, podemos deduzir que: s = 5 − t Com base na função horária, podemos também calcular em que instante o espaço assume certo valor. No exemplo III, se quisermos saber em que instante s = 1 m, basta tomarmos: 5 − t = 1 ⇒ t = 4 s Variação de espaço Se um corpo, em um instante t1, possui espaço s1 e, em um instante t2, possui espaço s2, temos: ∆t = t2 − t1 é a variação de tempo e ∆s = s2 − s1 é a variação de espaço. Observação: A letra grega maiúscula delta (∆), quando acompanhada de uma grandeza, indica a variação desta, ou seja, a diferença de valores dessa grandeza entre um instante inicial e um instante final. Por exemplo, se a posição inicial de um corpo é 5 m e a sua posição final é 8 m, então: ∆s = sfinal – sinicial = 8 m – 5 m ⇒ ∆s = 3 m Da definição de variação de espaço, podemos concluir: • Se s2 > s1, então ∆s > 0 e o corpo se move aumentando seu espaço, portanto no sentido positivo da trajetória. 0 s 1 s 2 Fig. 15 s2 > s1. 0 1 m 2 m 3 m 4 m 5 m 6 m s 1 s 2 Fig. 16 s1 = 2 m e s2 = 4 m, com ∆s = 2 m. • Se s2 < s1, então ∆s < 0 e o corpo se move diminuindo seu espaço, portanto no sentido negativo da trajetória. 0 s 2 s 1 Fig. 17 s2 < s1. 0 1 m 2 m 3 m 4 m 5 m 6 m s 2 s 1 Fig. 18 s1 = 4 m e s2 = 2 m, com ∆s = –2 m. • Se s2 = s1, então ∆s = 0, e não houve deslocamento ao longo da trajetória. s 1 s 2 0 Fig. 19 s2 = s1, com ∆s = 0. FÍSICA Capítulo 1 Introdução à Cinemática10 Distância percorrida Se um corpo vai de s1 = 10 km até s2 = 70 km e depois retorna a s3 = 30 km, temos: t 1 t 3 t 2 0 30 7010 Fig. 20 Movimento de s1 = 10 km a s3 = 30 km. • de t1 a t2: ∆s12 = 70 km − 10 km = 60 km • de t2 a t3: ∆s23 = 30 km − 70 km = −40 km • de t1 a t3: ∆s13 = 30 km − 10 km = 20 km ou: ∆s13 = ∆s12 + ∆s23 = (60 km) + (−40 km) = 20 km Temos acima os cálculos das variações de espaço para os três casos. Porém, se desejarmos saber a distância efetivamente percorrida pelo corpo entre t1 e t3, temos: d = |∆s12| + |∆s23| = 60 km + 40 km ⇒ d = 100 km Dessa forma, a distância efetivamente percorrida é a soma dos módulos das variações de espaço em cada sen- tido do movimento. A distância d coincide com o módulo da variação de espaço ∆s quando o corpo se move em um único sentido entre os intervalos de tempo considerados: t 1 t 2 70 1000 Fig. 21 Movimento de s1 = 70 km a s2 = 100 km. Temos ∆s = 30 km e d = 30 km. t 2 t 1 0 50 90 Fig. 22 Movimento de s1 = 90 km a s2 = 50 km. Temos ∆s = −40 km ⇒ |∆s| = 40 km e d = 40 km. Atenção Velocidade Velocidade escalar média Vamos começar analisando um exemplo. Se um automóvel, em uma viagem, percorrer 200 km em 2 horas, podemos dizer que o carro percorreu, em média, 100 km a cada hora. Daí afirmamos que a velocidade escalar média do au- tomóvel foi de 100 km/h. É importante observar que o automóvel não percorreu necessariamente 100 km a cada hora. Ele pode ter percorrido 120 km na 1a hora e 80 km na 2a hora, ou ainda, 50 km na 1a hora e 150 km na 2a hora. De um modo geral, se um corpo está em s1 no instante t1 e em s2 no instante t2, a velocidade média (vm) é definida como sendo a razão entre a variação de espaço (∆s) e a variação de tempo (∆t): = ∆ ∆ v s t m onde ∆s = s2 s1 e ∆t = t2 t1. Daí vem que a unidade de medida de velocidade é a razão entre a unidade de medida de espaço e a unidade de medida de tempo: u(v) u(s) u(t) = No Sistema Internacional de Unidades (SI): u(v) = m/s Atenção Velocidade escalar instantânea No caso do automóvel que percorreu 200 km em 2 h, a velocidade média foi de 100 km/h. Porém, isso não significa que em todo instante a velocidade foi de 100 km/h. O automóvel pode ter até parado no caminho para fazer um abastecimento. Para sabermos a velocidade do móvel em todo instante, a velocidade escalar média não nos serve; precisamos co- nhecer a velocidade escalar instantânea. Ela é a velocidade indicada pelo velocímetro do carro. km/h Fig. 23 Velocímetro a 80 km/h. A velocidade escalar instantânea pode ser definida como a velocidade escalar média quando o intervalo de tempo se torna extremamente pequeno, ou seja, tendendo a zero (∆t→ 0). Nesse caso, ∆s também tende a zero, porém o quo- ciente s t ∆ ∆ tende a um valor limite, que é a velocidade escalar ins tantânea: = ∆ → v lim v t 0 m Logo: = ∆ ∆∆ → v lim s tt 0 F R E N T E 1 11 Movimento progressivo e movimento retrógrado O movimento é chamado progressivo quando o móvel se desloca no mesmo sentido da orientação positiva da trajetória. Nesse caso, o espaço cresce com o decorrer do tempo, o que implica em variação positiva de espaço (∆s > 0) e consequente velocidade escalar positiva (v > 0). 60 km 90 km 120 km Fig. 24 Movimento progressivo: ∆s > 0 e v > 0. O movimento é chamado retrógrado quando o móvel se desloca no sentido contrário ao da orientação positiva da trajetória. Nesse caso, o espaço decresce com o decorrer do tem- po, o que implica em variação negativa de espaço (∆s < 0) e consequente velocidade escalar negativa (v < 0). 120 km 90 km 60 km Fig. 25 Movimento retrógrado: ∆s < 0 e v < 0. Atenção Exercícios resolvidos 1 A velocidade de um avião é de 360 km/h. Qual é o valor dessa velocidade em m/s? Resolução: v 360 km/h 360 3,6 m/s v 100 m/s= = =⇒ 2 Um automóvel passa pelo marco quilométrico 218 de uma estrada às dez horas e quinze minutos e pelo marco 236 às dez horas e meia. Determine a veloci- dade média do automóvel em km/h. Resolução: t1 = 10h15 para s1 = 218 km t2 = 10h30 para s2 = 236 km ∆s = s2 – s1 = 236 km – 218 km = 18 km ∆t = t2 – t1 = 10h30 – 10h15 = 15min = 1 4 h v m m s t 18 km 1 4 h v 72 km/h= ∆ ∆ = =⇒ 3 A distância entre duas cidades, A e B, de 546 km, é percorrida por um ônibus em 8 horas. O primeiro trecho, de 120 km, é percorrido com velocidade cons- tante de 50 km/h e o segundo trecho, de 156 km, com velocidade constante de 60 km/h. Calcule a velocida- de, suposta constante, no trecho que resta. Resolução: A C D B 50 km/h 156 km 60 km/h 120 km Se AB = 546 km, AC = 120 km e CD = 156 km, então: DB = 546 km – 120 km – 156 km ⇒ DB = 270 km t s v 120 km 50 km/h 2,4 h AC AC m, AC ∆ = ∆ = = t s v 156 km 60 km/h 2,6h CD CD m, CD ∆ =∆ = = Se ∆t AB = 8 h, então: ∆t DB = 8 h – 2,4 h – 2,6 h = 3 h Logo: v s t 270 km 3 h v 90 km/h m,DB DB DB m,DB = ∆ ∆ = ⇒ = 4 Uma partícula percorre uma trajetória retilínea AB, em que M é o ponto médio, sempre no mesmo sentido e com movimento uniforme em cada um dos trechos AM e MB. A velocidade da partícula no trecho AM é de 3 m/s e no trecho MB é de 6 m/s. Determine a veloci- dade média entre os pontos A e B. Resolução: A M B 3 m/s 6 m/s d d Vamos tomar AM = MB = d = ∆ ∆ v s tm, AB AB AB Mas: ∆ = ∆ + ∆ = + ⇒ ∆ = d d 2d AB AM MB AB ∆ = ∆ + ∆ AB AM MB ∆ = ∆ =t s v d 3 m/s AM AM m, AM s v d 6 m/s MB MB m, MB ∆ = ∆ = = + = ⇒ =v 2d d 3 m/s d 6 m/s 2d d 2 m/s v 4 m/s m, AB m, AB FÍSICA Capítulo 1 Introdução à Cinemática12 1 UFRJ Heloísa, sentada na poltrona de um ônibus, afirma que o passageiro sentado à sua frente não se move, ou seja, está em repouso. Ao mesmo tempo, Abelardo, sentado à margem da rodovia, vê o ônibus passar e afirma que o referido passageiro está em movimento. De acordo com os conceitos de movimento e repouso usados em Mecânica, explique de que maneira deve- mos interpretar as armações de Heloísa e Abelardo para dizer que ambas estão corretas. 2 Um avião de ajuda humanitária, voando sempre a uma velocidade constante, solta uma carga de alimentos sobre uma região isolada. Represente a trajetória da carga de alimentos: a) em relação ao piloto do avião. b) em relação a uma pessoa em repouso na Terra, não situada no plano de movimento da carga. 3 Um carro vai da cidade A para a cidade B e, depois, para a cidade C, todas situadas ao longo de uma mesma rodo- via. Sabendo que as cidades A, B e C situam-se, respectivamente, nas posições 50 km, 90 km e 60 km, determine a variação de espaço e a distância percorrida: a) entre A e B. b) entre B e C. c) entre A e C. 4 UFRJ Um maratonista percorre a distância de 42 km em duas horas e quinze minutos. Determine a velocidade escalar média, em km/h, do atleta ao longo do percurso. 5 UFRJ Um estudante a caminho da UFRJ trafega 8,0 km na Linha Vermelha a 80 km/h (10 km/h a menos que o limite permitido nessa via). Se ele fosse insensato e trafegasse a 100 km/h, calcule quantos minutos economizaria nesse mesmo percurso. Revisando