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F R E N T E 2 229 Quando o NaCl é dissolvido em água, aparecem muitos íons livres positivos (Na+) e muitos íons livres ne- gativos (Cl–). A pilha estabelece um campo elétrico no interior da solução, fazendo os íons positivos se deslo- carem no sentido do campo, e os negativos, em sentido contrário. Durante um intervalo de tempo Dt, passa por uma seção transversal do cano certo número de íons positi- vos (totalizando uma carga positiva Qp) e certo número de íons negativos (totalizando uma carga negativa Qn). Assim, temos: A intensidade média de corrente elétrica através da seção continua definida por: Observa-se que o sentido convencionado para a corrente elétrica continua sendo o sentido do campo elétrico ou dos potenciais decrescentes. Assim, o sentido convencionado para a corrente elétrica coincide com o sentido do movimento das cargas positivas, mas opõe-se ao sentido do movimento das cargas negativas. Nessa solução, nota-se que apenas os íons são porta- dores de carga elétrica. No fio metálico, os elétrons é que são os portadores de carga. Forma de onda da corrente elétrica A forma de onda da corrente elétrica é a represen- tação algébrica dos valores assumidos pela corrente em função do tempo. Na figura 13, tem-se a representação de uma forma de onda de corrente. i t0 Fig. 13 Forma de onda de uma corrente elétrica qualquer. As correntes classificam-se em contínua e alterna- da, cada uma dessas formas de onda com sua aplicação prática. Uma característica importante da forma de onda, que deriva da definição da corrente elétrica, é que a área compreendida em um intervalo de tempo, no gráfico da corrente elétrica em função do tempo, é igual ao módu- lo da carga elétrica que atravessou uma seção reta do condutor naquele intervalo de tempo. Essa afirmação é apresentada na figura 14. i tt1 t20 Fig. 14 Determinação da carga que atravessa uma seção através da área no gráfico i × t. Exercício resolvido 1 A intensidade da corrente elétrica que passa por um condutor metálico varia com o tempo, de acordo com o diagrama a seguir. 0 2 4 6 10 i (A) t (s)8 Determine: a) o módulo da carga elétrica total que passa por uma seção transversal desse condutor, nos 8 segundos. b) a intensidade média de corrente elétrica nesse intervalo de tempo. Resolução: a) Observe que a quantidade de carga que atra- vessa a área da seção transversal do condutor é igual, em módulo, à área sob a curva i × t, tal que: | | · ( )Q área C área de um trapézio N= = + =8 4 2 10 60 b) A corrente média nesse intervalo de tempo é calculada utilizando-se a definição de corrente elétrica, ou seja: im Q t A= = = ∆ ∆ 60 8 7 5, Corrente contínua Uma corrente é dita contínua quando os portadores de carga elétrica movimentam-se sempre no mesmo sentido. A corrente contínua é utilizada em dispositivos eletrônicos e em situações nas quais se deseja acumular cargas elétricas para posterior utilização, como em pilhas recarregáveis, por exemplo. As correntes contínuas podem ser classificadas em constantes ou alternantes. O tipo de movimentação dos portadores de carga na corrente contínua pode ser visto na figura 15. i – – –– Fig. 15 Movimento dos elétrons em um fio percorrido por corrente contínua. FÍSICA Capítulo 4 Corrente elétrica230 Corrente contínua constante Uma corrente elétrica é dita contínua constante quando mantém intensidade e sentido constantes, no decorrer do tempo. Sua forma de onda é um segmento de reta paralelo ao eixo dos tempos: 0 i t Fig. 16 Forma de onda da corrente contínua. Nesse caso, a intensidade média da corrente coincide com a intensidade instantânea. Um exemplo de corrente contínua é a corrente gerada por pilhas na lâmpada de uma lanterna ligada. Fig. 17 A lanterna caseira utiliza-se de corrente contínua. Uma lanterna a pilha, após ser ligada, tem em seu circui- to corrente elétrica de intensidade constante com o tempo (evidentemente, não por muito tempo). Corrente contínua pulsante Chama-se corrente contínua pulsante aquela cuja in- tensidade passa, em geral periodicamente, por máximos e mínimos, embora tenha sentido constante. Devido ao fato de essa corrente não mudar de sentido, sua forma de onda não inverte o sinal em nenhum instante. 0 i máx i mín i t Fig. 18 Exemplo de forma de onda de corrente pulsante (também chamada de alternada retificada). 0 i máx i mín i t Fig. 19 Exemplo de forma de onda de corrente pulsante retificada. Corrente alternada A corrente alternada é aquela na qual o sentido da corrente é invertido periodicamente. Pode-se dizer que, na corrente alternada, o sentido de movimento dos por- tadores de carga se altera periodicamente. A corrente alternada senoidal, com frequência de 60 Hz, é aquela encontrada nas residências brasileiras, nos sistemas públi- cos de iluminação e na alimentação de motores de grande porte; é o tipo de forma de onda gerada nas hidrelétricas e usualmente utilizada na distribuição de energia elétrica. Fig. 20 Representação da forma de onda da corrente alternada senoidal. Fig. 21 Representação da forma de onda da corrente alternada quadrada. Fig. 22 Representação da forma de onda da corrente alternada triangular. Em nossas casas, apesar de termos corrente alternada, muitos equi- pamentos eletrônicos utilizam-se de corrente contínua. Assim, é muito comum o uso de retificadores, que transformam a corrente alternada em contínua. Saiba mais A movimentação dos portadores de carga no interior de um condutor, para a corrente alternada, pode ser observada na figura 23. –––– Fig. 23 Movimento dos elétrons em um fio percorrido por corrente alternada. É importante ressaltar que neste capítulo será abordada a corrente contínua. O processo de geração da corrente alternada será abordado mais adiante, ao estudarmos in- dução magnética. F R E N T E 2 231 Princípio da continuidade da corrente elétrica Em um condutor, a intensidade de corrente elétrica é a mesma em qualquer seção, ainda que ele tenha seção transversal variável. Seção 1 i1 = i2 Seção 2 i1 i2 Fig. 24 Continuidade da corrente elétrica em um fio com diferentes áreas de seção. Como consequência, se no “caminho” da corrente elétrica ocorrer uma bifurcação, a soma das correntes nas derivações será igual à corrente total, isto é, àquela anterior à bifurcação. i i = i 1 + i 2 i 1 i 2 Fig. 25 Continuidade da corrente elétrica em um fio com bifurcação. Bipolo elétrico Denomina-se bipolo elétrico qualquer dispositivo que apresente dois terminais elétricos que podem ser ligados a um circuito elétrico. Quando o bipolo está presente nos circuitos usuais, a corrente elétrica sempre “entra” por uma dado terminal e “sai” pelo outro terminal. Um bipolo elétrico, quando presente em um dado circuito, ou está consumindo energia, ou está cedendo energia a esse circuito. Exemplos de bipolo são resistores, lâmpadas, gerado- res em geral, ferro de engomar, entre outros. Terminal Terminal Fig. 26 Bipolo elétrico. Potência elétrica e energia elétrica desenvolvida por um bipolo elétrico ligado a um gerador Consideremos um bipolo qualquer, de terminais A e B. Sejam U o módulo da diferença de potencial en- tre seus terminais e i a intensidade de corrente elétrica através dele: U A i B qq Fig. 27 Bipolo elétrico submetido a uma diferença de potencial. Quando uma carga elétrica q atravessa o bipolo, des- locando-se de A para B, as forças elétricas realizam sobre ela uma trabalho dado, como vimos na Eletrostática, por: τ = q(VA – VB) Esse trabalho mede a quantidade de energia elétrica que o bipolo troca (cede ou recebe) com o resto do circuito, e seu módulo é: |τ| = |q| U, em que U = |VA – VB| Dividindo o módulo desse trabalho pelo intervalo de tempo Dt durante o qual ele foi realizado, obtemos a po- tência elétrica média trocada pelo bipolo. Assim: P t q U t em quem = = | | | | , τ D D Então, Em um instante qualquer, temos: A potência elétrica que um bipolo desenvolve entre seus terminais, fisicamente, informaa rapidez com que o referido bipolo fornece ou consome energia elétrica do sistema. Veja: A unidade de potência, no SI, é o watt (W). Potência Energia Tempo W J s J s= ⇒ = =1 1 1 1 Do exposto anteriormente, tem-se que a potência elétri- ca P fornecida ou consumida por um dipolo elétrico é igual ao produto da ddp nos seus terminais U pela corrente i que o atravessa, ou seja: P = Ui Para determinar a energia E consumida ou fornecida pelo bipolo, devemos multiplicar a potência pelo tempo de funcionamento t do dipolo, tal que: Atenção FÍSICA Capítulo 4 Corrente elétrica232 Fig. 28 Exemplo de conta de energia elétrica. O valor em destaque é o consumo de energia do mês, em kWh. Para se encontrar o consumo de energia de um bi- polo elétrico: a. Deve-se observar a unidade de energia que se dese- ja obter (J ou kWh) e então transformar as potências desenvolvidas pelos bipolos em W ou kW, respecti- vamente. A tabela 1 mostra as relações de potência, energia e tempo. Energia Potência Tempo J W s kWh kW h Tab. 1 Unidades usuais de energia, potência e tempo. b. Em seguida, deve-se multiplicar a potência de consu mo pelo tempo que o bipolo elétrico ficou funcionando. Novamente, deve-se frisar que, para a determinação do consumo em kWh, a unidade de tempo utilizada é a hora e, para a determinação do consumo em joules, a unidade de tempo utilizada é o segundo. Exercícios resolvidos 2 Uma casa tem os seguintes equipamentos, com as suas respectivas potências e tempos diários de utili- zação. I. Chuveiro elétrico de 4 400 W, utilizado 1 hora por dia. II. TV de 150 W, utilizada 4 horas por dia. III. Computador de 250 W, utilizado 4 horas por dia. IV. 8 lâmpadas incandescentes de 100 W, utilizadas 6 horas por dia. V. Geladeira de consumo de 120 kWh por mês. Supondo que os únicos equipamentos existentes na casa sejam esses e que a concessionária de energia elétrica cobra R$ 0,30 pelo kWh, como fazer para esti- mar o valor da conta de energia elétrica da casa? Resolução: Das denições de potência e energia, tem-se o con- sumo diário dos aparelhos citados acima, em kWh. I. E P t E kW h kWh d chuveiro chuveiro uso chuveiro = = =( , ) · ( ) ,4 4 1 4 4 iia II. E P t E kW h kWh dia TV TV uso TV = = =( , ) · ( ) ,0 15 4 0 6 III. E P t E kW h computador computador uso computador = = =( , ) · ( )0 25 4 1 kWh dia IV. E P t E kW h lâm lâmpadas lâmpadas uso lâmpadas = = ( , ) · ( ) · (0 1 6 8 ppadas kWh dia) ,= 4 8 O consumo mensal desses aparelhos juntos é obtido multiplicando-se o consumo diário pelo número de dias do mês, considerado 30. Echuveiro+TV+computador+lâmpadas = kWh chuveiro TV computador lâmpadas+ + + = + + +30 4 4 0 6 1 4 8· ( , , , ) == 324 kWh mês A esse valor ainda deve ser somada a energia con- sumida mensalmente pela geladeira (V). Assim, o consumo total da casa é dado por: Etotal = (324 + 120) = 444 kWh/mês Finalmente, o custo mensal é obtido multiplicando-se o consumo total de energia pelo preço do kWh, ou seja: custo consumo preço kWh mês R kWh R mês = = = = · · $ , $ , 444 0 30 133 20 3 Quando ligado a uma tensão de 100 V, um aquece- dor elétrico recebe uma potência elétrica de 1 800 W. Calcule: a) a intensidade da corrente elétrica que circula no aquecedor. b) a energia elétrica recebida pelo aquecedor, em 1 h de funcionamento, em joules. Resolução: a) A intensidade de corrente elétrica que circula no aquecedor é determinada pela equação P = Ui, tal que: P Ui i P U A = = = = 1 800 100 18 b) A energia elétrica recebida é dada por: E Pt E J s s J= ⇒ = =( ) · ( ) , ·1 800 3 600 6 48 10 6
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