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10 CAPÍTULO Instrumentos ópticos Os grandes telescópios para pesquisa astronômica (baseados no espaço e na Terra) utilizam-se de alta tecnologia para a obtenção de imagens e de dados de objetos nas regiões mais remotas do universo. Os quatro telescópios reetores que constituem o VLT (Very Large Telescope), no Chile, possuem espelhos de 8,2 m de diâmetro que permitem a observação de objetos que são 4 bilhões de vezes mais fracos que os observados a olho nu. FRENTE 3 E S O FÍSICA Capítulo 10 Instrumentos ópticos230 © M c a e ln u s s | D re a m s ti m e .c o m Instrumentos ópticos Os instrumentos ópticos podem ser classificados como instrumentos de observação e projeção. Os instrumentos de observação geram imagens virtuais, que só podem ser observadas através deles. Os instrumen- tos de projeção permitem a visualização da imagem, nesse caso, real, a todos que observam a tela de projeção. Lupa ou lente de aumento A lupa, ou lente de aumento, é um dos mais simples instrumentos ópticos. É composta de apenas uma lente convergente, em que o objeto O é colocado entre o foco F e o centro óptico C da lente. Fig. 1 Lupa, lente de aumento. A imagem visualizada pelo observador é sempre uma imagem virtual, direita e maior (aumentada). Lupa I O CFO FI ep Fig. 2 Esquema representativo, lupa. Atenção Associação de lentes justapostas Para darmos prosseguimento em nosso estudo sobre instrumentos ópticos, é muito importante estudarmos o conceito de justaposição de lentes. Duas lentes estão associadas à justaposição quando possuem o mesmo eixo óptico principal (lentes coaxiais) e a distância entre elas é nula. Duas lentes biconvexas Uma lente biconvexa e uma bicôncava Uma lente plano- -convexa e uma bicôncava Fig. 3 Justaposição de lentes delgadas. Se as lentes associadas possuem vergências V1 e V2, podemos demonstrar que a vergência equivalente, Veq, da associação é: Veq = V1 + V2 Entretanto, para uma associação de n lentes à justapo- sição, a vergência equivalente é dada por: V V eq i i 1 n ∑= = Sendo F1 e F2 as distâncias focais das lentes associadas e Feq a distância focal resultante da associação, temos, com base na expressão anterior, para uma associação de n lentes, que: 1 F 1 F eq ii 1 n ∑= = V 1 F = V 1 = 1 F 1 V 2 = 1 F 2 Atenção Exercício resolvido 1 Duas lentes delgadas, uma convergente e outra diver gente, com distâncias focais respectivamente iguais a 1 m e –2 m, encontram-se justapostas. Um objeto é colocado a 3 m das lentes. Qual a distância entre a imagem e o sistema de lentes (considerado de espes- sura desprezível)? F R E N T E 3 231 © E le n a S c h w e it z e r D re a m s ti m e .c o m Resolução: Fconv = 1 m Fdiv = 2 m P = 3 m Como se trata de uma justaposição de lentes delga- das, Feq é dado por: 1 F 1 F 1 F eq conv div = + ⇒ 1 F 1 1 1 2 1 2 F 2 m eq eq = = ⇒ = Como o foco é positivo, a associação possui um efeito convergente. Aplicando a equação de Gauss, temos: 1 2 1 3 1 P' 1 P' 1 2 1 3 = + ⇒ = - ⇒ 1 P' 1 6 P' 6 m= ⇒ = Portanto, a distância será de 6 m. Microscópio composto O microscópio é utilizado para a observação de objetos próximos e de pequenas dimensões. É constituído por duas lentes convergentes associadas coaxilmente ao longo de um tubo cujo interior é negro Uma lente é denominada objetiva e a outra ocular. A lente que fica próxima do olho é a ocular, enquanto a lente que fica próxima do objeto é a objetiva. Vale observar que apesar de nos referirmos às lentes ocular e objetiva como sendo lentes únicas, na verdade, elas podem ser um conjunto de até 4 ou 5 lentes associadas de forma justaposta. Atenção Ocular Canhão Revólver Espelho Pinças Objetivas Braço Base Parafuso macrométrico Fig. 4 Microscópio composto. A lente objetiva, de pequena distância focal, conjuga, do objeto O, uma imagem I1, real, invertida e aumentada. I2 I1 O Objetiva Ocular Fob Fob Foc Foc Fig. 5 Esquema representativo de um microscópio composto. A imagem I1 é o objeto para a lente ocular que, fun- cionando como lupa, conjuga uma imagem final I2, virtual, ampliada e invertida em relação ao objeto O. O aumento linear transversal da objetiva Aob é dado por: A I O ob 1= O aumento linear transversal da ocular Aoc é dado por: A I I oc 2 1 = Assim, o aumento linear transversal do microscópio A é: A = Aob · Aoc De fato: A I O I I I O 1 2 1 2= ⋅ = Luneta astronômica Tem por finalidade a observação de objetos distantes, como os corpos celestes. Semelhante à construção do microscópio, é também constituída por duas lentes convergentes coaxiais em um tubo de interior negro. As lentes também são denominadas objetiva e ocular. Fig. 6 Luneta astronômica. A lente objetiva, de grande distância focal, recebe a luz do objeto distante (PO∞) e conjuga a imagem I1 no seu plano focal. I2 I1 Objetiva Ocular Fob Foc PO ∞ Fig. 7 Esquema representativo de uma luneta astronômica. A le x a n d e r K o lo m ie tz /1 2 3 rf .c o m FÍSICA Capítulo 10 Instrumentos ópticos232 Observe que: y Fob: foco da lente objetiva y Foc: foco da lente ocular A imagem I1 torna se o objeto para a lente ocular, que funciona como uma lupa, produzindo uma imagem final I2, virtual e invertida em relação ao objeto distante A luneta oferece ao observador um aumento no ângulo visual. O aumento angular nominal A é dado por: A F Fn objetiva ocular = onde Fobjetiva é a distância focal da objetiva e Focular é a distância focal da ocular. Telescópios refletores Atualmente, os grandes observatórios utilizam telescópios refletores em vez de lunetas. Nesses telescópios, a objetiva, ao contrário da luneta que possui uma lente, é constituída por um espelho parabólico côncavo. A imagem fornecida pelo espelho é observada através de uma ocular, agora sim, igual a uma luneta A vantagem de se usarem espelhos no lugar de lentes para compor a objetiva é que os efeitos de aberração cromática são menores; além de uma associação de espelhos possibilitar a construção de instrumentos mais compactos. Lunetas terrestres As lunetas astronômicas, quando usadas na observação de objetos na superfície da Terra, apresentam alguns inconvenientes: são aparelhos muito volumosos e fornecem uma imagem final invertida. As lunetas terrestres são instrumentos mais simples, que so- frem algumas modificações básicas para que a imagem final seja direita. A luneta de Galileu, por exemplo, fornece uma imagem final direita por utilizar uma ocular divergente, em vez de convergente. Na luneta com veículo de lentes, entre a objetiva e a ocular é colocada uma lente, ou uma associação de lentes, que produz a inversão da imagem intermediária Saiba mais Máquina fotográfica Uma máquina ou câmera fotográfica é constituída basicamente de uma câmara escura na qual, na entra- da da luz, não existe simplesmente um pequeno furo, mas sim uma lente, denominada objetiva, e, no fundo da câmara, um filme fotossensível, que irá registrar as imagens. A lente objetiva de uma máquina fotográfica é uma lente convergente que conjuga, de um objeto, uma imagem real e invertida. Observação: Lembre-se de que a imagem deve ser projetável, consequen temente, deve ser real e invertida. Fig. 8 Máquina fotográfica. A imagem formada deverá recair sobre o filme para que possamos obter uma fotografia nítida. I FF Objetiva Filme fotográfico O Fig. 9 Esquema representativo de uma máquina fotográfica. A máquina fotográfica possui um dispositivo que altera a distância da lente ao filme para que, a cada po sição do objeto, a imagem possa se projetar sobre o filme. Quando o objeto se aproxima da lente, a imagem se afasta e fica “atrás” do filme. Para que a imagem vol- te a se formar nitidamente sobre o filme, a lente deve ser afastada dele. Lembre-se da equação de Gauss dos pontos conjugados: 1 F 1 P 1 P' = + Observação: Em uma máquina fotográfica, a lente objetiva, em geral, é a lente resultante de uma associaçãode lentes. Esse tipo de instrumento óptico possui um dispositivo que regula a quan- tidade de luz incidente, o diafragma. Retroprojetor O projetor de transparências, retroprojetor, ou o pro- jetor de filme ou slide, possui uma lente que conjuga, do objeto (transparência, filme ou slide), uma imagem real, in vertida e ampliada. Essa imagem, para ser nítida, deverá recair sobre a tela de projeção. Fig. 10 Retroprojetor. © W o o B in g S ie w | D re a m s ti m e .c o m Z h a n g Z h iw e i/ 12 3 rf .c o m
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