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Página 1 de 6 Lista de Exercícios extras Nome: __________________________________________________ RM: ______________ Matéria FILOSOFIA – Século XIX 1. (Unesp 2017) Quase sem exceção, os filósofos colocaram a essência da mente no pensamento e na consciência; o homem era o animal consciente, o “animal racional”. Porém, segundo Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, sob o intelecto consciente está a “vontade inconsciente”, uma força vital persistente, uma vontade de desejo imperioso. Às vezes, pode parecer que o intelecto dirija a vontade, mas só como um guia conduz o seu mestre. Nós não queremos uma coisa porque encontramos motivos para ela, encontramos motivos para ela porque a queremos; chegamos até a elaborar filosofias e teologias para disfarçar nossos desejos. Will Durant. A história da filosofia, 1996. Adaptado. Explique a importância da concepção do homem como “animal racional” para a filosofia. Como o conceito de “vontade inconsciente”, proposto por Schopenhauer, compromete a confiança filosófica na razão? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2. (Unesp 2017) Nossa felicidade depende daquilo que somos, de nossa individualidade; enquanto, na maior parte das vezes, levamos em conta apenas a nossa sorte, apenas aquilo que temos ou representamos. Pois, o que alguém é para si mesmo, o que o acompanha na solidão e ninguém lhe pode dar ou retirar, é manifestamente mais essencial para ele do que tudo quanto puder possuir ou ser aos olhos dos outros. Um homem espiritualmente rico, na mais absoluta solidão, consegue se divertir primorosamente com seus próprios pensamentos e fantasias, enquanto um obtuso, por mais que mude continuamente de sociedades, espetáculos, passeios e festas, não consegue afugentar o tédio que o martiriza. (Schopenhauer. Aforismos sobre a sabedoria de vida, 2015. Adaptado.) Com base no texto, é correto afirmar que a ética de Schopenhauer a) corrobora os padrões hegemônicos de comportamento da sociedade de consumo atual. b) valoriza o aprimoramento formativo do espírito como campo mais relevante da vida humana. c) valoriza preferencialmente a simplicidade e a humildade, em vez do cultivo de qualidades intelectuais. d) prioriza a condição social e a riqueza material como as determinações mais relevantes da vida humana. e) realiza um elogio à fé religiosa e à espiritualidade em detrimento da atração pelos bens materiais. 3. (Enem 2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações. SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005. O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à a) a consagração de relacionamentos afetivos. b) administração da independência interior. c) fugacidade do conhecimento empírico. d) liberdade de expressão religiosa. e) busca de prazeres efêmeros. 4. (Uem 2017) “Sören Kierkegaard (1813-1885), pensador dinamarquês, é um dos precursores do existencialismo contemporâneo. […] Para Kierkegaard, a existência é permeada de contradições que a razão é incapaz de solucionar. Critica o sistema hegeliano por explicar o dinamismo da dialética por meio do conceito. Ao contrário, deveria fazê-lo pela paixão, sem a qual o espírito não receberia o impulso para o salto qualitativo, entendido como decisão, ou seja, como ato de liberdade. Por isso é importante na filosofia de Kierkegaard a reflexão sobre a angústia que precede o ato livre.” ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 461 e 462. A partir do excerto acima, assinale o que for correto. Página 2 de 6 01) A compreensão filosófica sobre o sentido da vida não pode ser apenas racional, mas também existencial. 02) O pensamento de Kierkegaard sobre a liberdade é determinista, pois nossas decisões são inconscientes. 04) Entre os sentimentos humanos destaca-se a angústia, pois ela possui uma dimensão prática e, ao mesmo tempo, filosófica. 08) As paixões representam as ilusões dos sentidos, razão pela qual Kierkegaard critica o sistema de Hegel. 16) As determinações da existência, longe de serem claras, são enigmáticas e acarretam incertezas. 5. (Unesp 2021) Pode acontecer que, para a educação do verdadeiro filósofo, seja preciso que ele percorra todas as gradações nas quais os “trabalhadores da filosofia” estão instalados e devem permanecer firmes: ele deve ter sido crítico, cético, dogmático e histórico e, ademais, poeta, viajante, moralista e vidente e “espírito livre”, tudo enfim para poder percorrer o círculo dos valores humanos, dos sentimentos de valor, e poder lançar um olhar de múltiplos olhos e múltiplas consciências, da mais sublime altitude aos abismos, dos baixios para o alto. Mas tudo isso é apenas uma condição preliminar da sua incumbência. Seu destino exige outra coisa: a criação de valores. (Friedrich Nietzsche. Além do bem e do mal, 2001. Adaptado.) No texto, Nietzsche propõe que a formação do filósofo deve a) assegurar e manter os poderes políticos do governante. b) conhecer e extrapolar as práticas de vida, os sentimentos e os valores presentes na sociedade. c) privilegiar e fortalecer o papel da religião nas atitudes críticas perante a vida e os humanos. d) restringir-se ao terreno da reflexão na busca por uma verdade absoluta. e) retomar a origem una e indivisível dos humanos, na busca de sua liberdade de natureza. 6. (Ufu 2020) Leia a descrição dos dois conjuntos de valores morais do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). Uma moral é caracterizada por valorizar a saúde, a vida e não acreditar em qualquer valoração no além da vida ou ideal ascético. A outra moral tem como principal característica a valoração da bondade e da virtude. Assinale a alternativa que apresenta os conceitos que são definidos por esses dois conjuntos de valores morais. a) Moral dos padres e moral protestante. b) Moral do senhor e moral dos nobres. c) Moral dos escravos e moral religiosa. d) Moral dos nobres e moral do escravo. 7. (Uece 2020) Leia com atenção a passagem a seguir que expõe parte da crítica feita por Friedrich Nietzsche ao edifício moral construído no ocidente: "Mas que quer ainda você com ideais mais nobres! Sujeitemo-nos aos fatos: o povo venceu – ou 'os escravos', ou 'a plebe', ou 'o rebanho', ou como quiser chamá-lo se isto aconteceu graças aos judeus, muito bem! Jamais um povo teve missão maior na história universal. 'Os senhores' foram abolidos; a moral do homem comum venceu. A 'redenção' do gênero humano (do jugo dos 'senhores') está bem encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza visivelmente (que importam as palavras!)”. Nietzsche, Friedrich. Para a genealogia da moral - Prólogo. Primeira dissertação §9. Considerando a compreensão de Nietzsche acerca do fundamento moral do ocidente,assinale a afirmação verdadeira. a) Segundo Nietzsche, a verdade e a moral propostas pelos gregos e pelo cristianismo são instrumentos que os fracos inventaram para submeter e controlar os fortes e instaurar uma moral do rebanho. b) Em Nietzsche, encontra-se uma defesa ferrenha dos princípios morais elaborados pela filosofia grega clássica platônica e aristotélica que tem a razão como elemento condutor da ação moral. c) Para Nietzsche, a moralidade instaurada pelo cristianismo foi fundamental na instituição de uma cultura forte, moralmente ancorada na figura poderosa e altiva de Cristo, modelo para o líder. d) Na perspectiva Nietzschiana, a moral dos senhores e da aristocracia que sempre prevaleceu entre os povos da antiguidade, reforçada pela religião cristã, enfraqueceu o homem tornando-o submisso. 8. (Uece 2020) A refilmagem, deste ano, do clássico personagem “Coringa” provocou discussões sobre seus significados no plano sociopolítico. Analisando as várias versões inspiradas no HQ da DC Comics, Fabrício Moraes descreve o Coringa como o id, o impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e artístico. Batman seria o superego, o juiz punitivo e ordenador da cidade, o arquétipo do guardião que afronta e interpõe limites a um território. O Coringa seria a face da comédia, Batman não se livra da face da tragédia. Neste sentido, o filme Coringa nos mostraria que o aspecto lúdico só tem pleno sentido se coexiste com a vida da sobriedade. Coringa e Batman são indissociáveis. Ver: MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se ver no espelho. In Revista Amálgama. Disponível em: https://www.revistaamalgama.com.br/10/2019/resenha- coringa/. 2019. Página 3 de 6 Considerando a análise acima, é correto dizer que está amparada teoricamente a) na noção estético-moral de Nietzsche em O nascimento da tragédia, onde ordem e caos se equilibram e fazem nascer o humano: Coringa e Batman são indissociáveis como Dionísio (loucura) e Apolo (razão). b) na teoria política marxista, que concebe as relações sociais mascaradas pela ideologia de classe, o que necessariamente provoca o conflito social: Coringa e Batman são representações da luta de classes. c) na definição de arte dos filósofos gregos como Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de mímesis, ou seja, de imitação ou representação da realidade: Coringa e Batman são representações do ser e do não ser. d) na concepção moral agostiniana, na qual o bem e o mal, o pecado e a graça, a cidade dos homens e a cidade de Deus coabitam no interior de cada indivíduo: Coringa e Batman são representações dessa contradição. 9. (Uem 2019) O filósofo alemão Nietzsche realizou em sua obra uma crítica das posições metafísicas dos filósofos anteriores. Ele afirma: “Contraponhamos a isso, afinal, de que modo diferente nós (- digo nós por cortesia...) captamos no olho o problema do erro e da aparência. Outrora se tomava a alteração, a mudança, o vir-a-ser em geral como prova de aparência, como signo de que tem de haver algo que nos induz em erro. Hoje, inversamente, na exata medida em que o preconceito da razão nos coage a pôr unidade, identidade, duração, substância, causa, coisidade, ser, vemo- nos, de certo modo, enredados no erro, necessitados ao erro; tão seguros estamos, com fundamento em um cômputo rigoroso dentro de nós, de que aqui está o erro.” (NIETZSCHE, F. O crepúsculo dos ídolos. In: FIGUEIREDO, V. (org.) Seis filósofos na sala de aula, v. 2. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, p. 175). Acerca das teses de Nietzsche sobre o ser, a aparência, a verdade e o erro, assinale o que for correto. 01) Nietzsche propõe que é ilusório conceber a verdade como algo único e permanente. 02) A arte é um processo de falsificação pelo qual construímos um mundo verdadeiro. 04) O homem está “enredado no erro” porque precisa contar com a previsibilidade e a racionalidade para sobreviver. 08) A crítica de Nietzsche se dirige à maneira como a filosofia moderna se desviou das teses dos pensadores pré- socráticos Parmênides e Heráclito. 16) Segundo Nietzsche, a ciência moderna investiga as transformações dos fenômenos naturais, por isso compreende que o mundo é fundamentalmente um processo de vir-a-ser. 10. (Ufu 2019) [...] a palavra “bom”, de antemão, não se prende necessariamente a ações “não-egoístas”; como é a superstição daqueles genealogistas da moral. Em vez disso, somente com um declínio de juízos de valor aristocráticos acontece que essa oposição “egoísta” – “não-egoísta” se imponha mais e mais à consciência humana – é, para me servir de minha linguagem, o instinto de rebanho que, com ela, afinal, toma a palavra (e também as palavras). NIETZSCHE, Friedrich. Para a genealogia da moral. Os Pensadores. Trad. LEBRUN, G. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 342. De acordo com o conteúdo da citação, assinale a alternativa que nomeia um dos conceitos mais importantes da filosofia nietzschiana. a) Impulso apolíneo. b) Impulso dionisíaco. c) Vontade de potência. d) Transvaloração dos valores. 11. (Enem PPL 2019) Eis o ensinamento de minha doutrina: “Viva de forma a ter de desejar reviver – é o dever –, pois, em todo caso, você reviverá! Aquele que ama antes de tudo se submeter, obedecer e seguir, que obedeça! Mas que saiba para o que dirige sua preferência, e não recue diante de nenhum meio! É a eternidade que está em jogo!”. NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado). O trecho contém uma formulação da doutrina nietzscheana do eterno retorno, que apresenta critérios radicais de avaliação da a) qualidade de nossa existência pessoal e coletiva. b) conveniência do cuidado da saúde física e espiritual. c) legitimidade da doutrina pagã da transmigração da alma. d) veracidade do postulado cosmológico da perenidade do mundo. e) validade de padrões habituais de ação humana ao longo da história. 12. (Ueg 2018) Friedrich Nietzsche (1844-1900) é um importante e polêmico pensador contemporâneo, particularmente por sua famosa frase “Deus está morto”. Em que sentido podemos interpretar a proclamação dessa morte? a) O Deus que morre é o Deus cristão, mas ainda vive o deus- natureza, no qual o homem encontrará uma justificativa e um consolo para sua existência sem sentido. b) Não fomos nós que matamos Deus, ele nos abandonou na medida em que não aceitamos o fato de que essa vida só poderá ser justificada no além, uma vez que o devir não tem finalidade. c) O Deus que morre é o deus-mercado, que tudo nivela à condição de mercadoria, entretanto o Deus cristão poderá ainda nos salvar, desde que nos abandonemos à experiência de fé. d) A morte de Deus não se refere apenas ao Deus cristão, mas remete à falta de fundamento no conhecimento, na ética, na política e na religião, cabendo ao homem inventar novos valores. e) A morte de Deus serve de alerta ao homem de que nada é infinito e eterno, e que o homem e sua existência são momentos fugazes que devem ser vividos intensamente. Página 4 de 6 13. (Enem PPL 2018) Jamais deixou de haver sangue, martírio e sacrifício, quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória; os mais horrendos sacrifícios e penhores, as mais repugnantes mutilações (as castrações, por exemplo), os mais cruéis rituais, tudo isto tem origem naquele instinto que divisou na dor o mais poderoso auxiliar da memória. NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. O fragmento evoca uma reflexão sobre a condição humana e a elaboração de um mecanismo distintivo entre homens e animais, marcado pelo(a) a) racionalidade científica. b) determinismo biológico. c) degradação da natureza. d) domínio da contingência.e) consciência da existência. 14. (Unesp 2018) Convicção é a crença de estar na posse da verdade absoluta. Essa crença pressupõe que há verdades absolutas, que foram encontrados métodos perfeitos para chegar a elas e que todo aquele que tem convicções se serve desses métodos perfeitos. Esses três pressupostos demonstram que o homem das convicções está na idade da inocência, e é uma criança, por adulto que seja quanto ao mais. Mas milênios viveram nesses pressupostos infantis, e deles jorraram as mais poderosas fontes de força da humanidade. Se, entretanto, todos aqueles que faziam uma ideia tão alta de sua convicção houvessem dedicado apenas metade de sua força para investigar por que caminho haviam chegado a ela: que aspecto pacífico teria a história da humanidade! (Nietzsche. Obras incompletas, 1991. Adaptado.) Nesse excerto, Nietzsche a) defende o inatismo metafísico contra as teses empiristas sobre o conhecimento. b) valoriza a posse da verdade absoluta como meio para a realização da paz. c) defende a fé religiosa como alicerce para o pensamento crítico. d) identifica a maturidade intelectual com a capacidade de conhecer a verdade absoluta. e) valoriza uma postura crítica de autorreflexão, em oposição ao dogmatismo. 15. (Unioeste 2018) Considere os seguintes excertos: “Dionísio já havia sido afugentado do palco trágico e o fora através do poder demoníaco que falava pela boca de Eurípedes. Também Eurípedes foi, em certo sentido, apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio de recentíssimo nascimento, chamado Sócrates”. Nietzsche, F. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. “O Nascimento da tragédia tem dois objetivos principais: a crítica da racionalidade conceitual instaurada na filosofia por Sócrates e Platão; a apresentação da arte trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e apolínea, como alternativa à racionalidade”. Machado, R. “Arte e filosofia no Zaratustra de Nietzsche” In: Novaes, A. (org.) Artepensamento. São Paulo. Companhia das Letras, 1994. Os trechos acima aludem diretamente à crítica nietzschiana referente à atitude estética que a) subordina a beleza à racionalidade. b) cultua os antigos em detrimento do contemporâneo. c) privilegia o cômico ao trágico. d) concebe o gosto como processo social. e) glorifica o gênio em detrimento da composição calculada. Página 5 de 6 Gabarito: Resposta da questão 1: O pensamento filosófico iluminista aponta a racionalidade como uma característica que atribui a essência humana aos indivíduos. Essa concepção parte do princípio de que os instintos e os desejos aproximariam os indivíduos dos outros animais, uma vez que seriam fruto da irracionalidade, afastando o homem de sua natureza humana, inferiorizando- o. A racionalidade seria, partindo da perspectiva iluminista, aquilo que possibilita ao homem existir e ter consciência de que existe, não limitando sua existência aos seus aspectos biológicos. Assim, a razão seria o que permite ao homem a elevação espiritual e o domínio sobre a natureza. No entanto, o conceito de “vontade inconsciente” formulado por Schopenhaurer levanta um questionamento acerca do otimismo iluminista em relação à razão, na medida em que concebe a natureza humana como sendo marcada pelos conflitos entre as pulsões inconscientes e o uso da razão. Isso se daria porque a “vontade inconsciente” não seria conduzida pela razão, mas por desejos incontroláveis, ideia que rompe com o pensamento tradicional de que todas as ações humanas são fundamentadas no uso da razão. Resposta da questão 2: [B] A ética proposta pelo autor determina o aprimoramento espiritual e individual como a dimensão da vida humana mais relevante para atingir a felicidade plena. Resposta da questão 3: [B] Ao criticar a satisfação de nossos desejos, Schopenhauer retoma uma concepção filosófica de tradição estoica, segundo a qual a felicidade se dá através do controle das paixões. Resposta da questão 4: 01 + 04 + 16 = 21. O pensamento filosófico existencialista tem como fundamento central que a compreensão da vida humana se dá a partir da condição da existência humana, de modo que apenas a perspectiva racional não é suficiente para esse entendimento, como afirma corretamente o item [01]. Kierkegaard, ao colocar o existencialismo como foco principal para a análise filosófica da vida humana, defende que a essência humana se constrói a partir das escolhas que, dentro da sua liberdade, o indivíduo realiza. Com efeito, o homem viveria em uma angústia existencial diante da responsabilidade de escolher, de modo que a angústia tem uma dimensão prática, para além da filosófica, haja vista que as escolhas refletem naquilo que o indivíduo é, como indicado pelo item [04]. Ademais, ao reconhecer as contradições que permeiam as condições de existência, Kierkegaard defende que as mesmas são incertas e enigmáticas, tal como apontado pelo item [16]. Resposta da questão 5: [B] A partir do texto, o aluno deve identificar os elementos que, para Nietzsche, são necessários para a formação do filósofo, que são citados e refletidos pelo autor. A leitura atenta do excerto apresentado pela questão, dessa forma, permite identificar que, para Nietzsche, o filósofo deve conhecer as mais diversas experiências humanas, compreendendo os valores, as práticas e os sentimentos que compõe as experiências da vida em sociedade, chegando a extrapolar esses valores e criar novos valores. A única alternativa que reflete essa visão é a letra [B]. Resposta da questão 6: [D] Na Genealogia da moral, Nietzsche se refere a dois tipos de moral, a moral dos nobres, dos senhores e a moral do escravo, também chamada de moral do rebanho. A moral dos nobres se baseia nos instintos vitais, no que Nietzsche chama de vontade de potência, seus valores são baseados na força vital, no bem-viver, nas paixões, desejos e vontades. Em oposição, a moral do escravo é ressentida, teme a vida, o corpo o desejo e tenta limitá-la pela razão. Nietzsche chega a afirmar que a moral dos escravos é a moral dos fracos, com a finalidade de dominar os fortes, os que possuem vontade de potência. Resposta da questão 7: [A] O trecho deixa claro que o pensamento de Nietzsche não defende os princípios morais da elaborados pela filosofia grega, não elogia a moralidade cristã, nem afirma que prevaleceu a moral dos senhores e da aristocracia. Na verdade, ele afirma que a moral do homem comum venceu. Para o filósofo, a perspectiva clássica privilegiando o racionalismo puro e a perspectiva cristã, ambas afastam da vida, enfraquecem a ideia de “homem” e devem ser superadas. Resposta da questão 8: [A] Na mitologia clássica, Apolo representa a temperança, a razão e a beleza, enquanto Dionísio representa as pulsões opostas, as emoções, a loucura, as forças da natureza. Para Nietzsche, a combinação entre as duas estéticas, representadas por Apolo e Dionísio, se combinam na tragédia, enquanto nas demais artes elas costumam ser separadas. A representação da tragédia é, para esse pensador, a arte ideal, uma vez que apresenta a vida a partir da sua afirmação. Isso porque o real, segundo Nietzsche, é composto pelo conflito entre as duas forças representadas por Apolo e Dionísio: a ordem e a desordem, a temperança e a desmedida, a razão e as emoções. Desse modo, essas duas estéticas representam dimensões da realidade que são complementares e, por isso, necessárias. Resposta da questão 9: 01 + 04 = 05. Para o pensador alemão, Nietzsche, a verdade é um somatório de relações humanas que foram instituídas por meio de linguagem e definida historicamente. Sendo assim, o que é entendido como verdadeiro pode mudar uma vez que as relações sociais,humanas também mudam com o passar do tempo e com o conflito de forças, o que faz o item [01] ser Página 6 de 6 correto. Sobre a arte, Nietzsche a entendia como “grande possibilitadora da vida”. A arte não define verdades ou mentiras, a arte seria impulso e ordenação da vida, o que define o item [02] como falso. O medo e a busca pela estabilidade, de acordo com o pensador, é o que leva o ser humano a definir verdades racionais que, pela mutabilidade das coisas e das relações, levariam ao erro, garantindo o item [04] como verdadeiro. Nietzsche também criticou a filosofia moderna por dar continuidade à valorização da razão. O pensador alemão valorizava o saber prático dos pré- socráticos, que não valorizava a razão, fazendo o item [08] ser falso. O item [16] é incorreto pois Nietzsche compreende o mundo como sendo resultado da guerra (pólemos) ou da luta (éris) e é essa tensão que efetiva a mudança a criação e o perecimento. Resposta da questão 10: [D] O trecho se refere ao projeto de transvaloração de todos os valores, ou seja, a tentativa de produzir uma refundação da cultura, afastada de todo ideal metafísico ou transcendental. O projeto de transvaloração se volta contra os valores criados pelo platonismo e pelo cristianismo que, para Nietzsche, disseminam um desprezo da vida, do mundo sensível e do corpo. Resposta da questão 11: [A] O Eterno Retorno é uma formulação com repercussões éticas para as condutas humanas e que se distancia de doutrinas gerais sobre o ser e sobre a vida. Resposta da questão 12: [D] A fala de Nietzsche, pensador representante da filosofia niilista, expressa a ideia de que a influência dos valores religiosos nos diferentes aspectos da vida humana é cada vez menor. Assim, o autor se refere à morte da moralidade cristã, que teria perdido o valor de fundamento da verdade e do sentido da existência humana, o que implica a necessidade da criação de novos valores que cumpram esse papel. Resposta da questão 13: [E] Para Nietzsche, como se observa a partir do texto, o processo de formação da memória se constituiu a partir da violência e da crueldade, “jamais deixou de haver sangue, martírio e sacrifício, quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória”. A memória, então, seria o contrário do esquecimento, permitindo ao indivíduo o não-esquecimento de experiência passadas. Nietzsche entende, ainda, que a memorização se relaciona à capacidade humana de seguir normas que reprimem seus instintos, e que a repressão do esquecimento e dos instintos teria como finalidade a convivência social. A consciência, nessa perspectiva, seria, segundo Nietzsche, o “último estágio” do processo de evolução do sistema orgânico humano, como resultado da necessidade que os indivíduos, ao conviver socialmente, teriam de levar à consciência suas ações, sentimentos e comunicações. Resposta da questão 14: [E] Nietzsche propõe uma perspectiva epistemológica em que a existência de uma verdade absoluta é avaliada a partir de uma postura crítica e autorreflexiva, o que leva ao questionamento acerca da possibilidade de se atingir quaisquer convicções, perspectiva esta que representa uma oposição radical ao dogmatismo. Resposta da questão 15: [A] A estética socrática relaciona a arte à lógica, uma vez que, para Sócrates, a produção artística deve ter como essência uma postura crítica racional, subordinando a ideia de beleza à de racionalidade. Já para Nietzsche, a estética não se limita à verificação do que é lógico, mas se relaciona ao subjetivo, ou seja, à essência do indivíduo. Assim, Nietzsche faz uma crítica à atitude estética proposta por Sócrates, defendendo a estética como expressão de pulsões artísticas que não estariam subordinadas à racionalidade conceitual.