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04 23 (Filosofia - Caderno 2) [Tetra e Medicina]

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Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
Página 1 de 32 
Filosofia – Caderno 2 
 
SEMANA 6 – Platão e o Dualismo 
PLATÃO 
 
Discípulo de Sócrates e fundador da Academia. Viveu entre 
os anos de 427 e 347 a.C. Escreveu importantes obras 
(entre elas Fédon, A República, O Banquete, Mênon, 
Apologia de Sócrates), estruturadas na forma de diálogos. 
Platão produz uma teoria para explicar o mundo e as 
nossas possibilidades de conhecê-lo, que ficou conhecida 
como Dualismo. Nesta teoria, o filósofo busca sintetizar os 
pensamentos de Heráclito e Parmênides, mostrando que 
ambos propunham teses com sentido, mas olhavam para 
aspectos diferentes da realidade. Para Platão, há um fluxo 
interminável de coisas que sempre mudam, mas que são 
apenas o reflexo de um mundo verdadeiramente real em 
que nada muda. 
Plano Sensível Plano Inteligível 
Domínio do corpo (paixões) 
e da matéria, é perecível e 
imperfeito, está em constante 
mudança. 
Corresponde à natureza 
(mundo físico); é percebido 
por meio de nossos sentidos, 
crenças e opiniões 
superficiais 
Domínio da alma e das 
essências imutáveis e eternas 
(ideias). 
É captado mediante o 
exercício da razão, que 
transcende os aspectos 
sensíveis da realidade. 
Representa a essência do 
Bem, assim como tudo o que é 
belo e verdadeiro 
 
Para explicar a dinâmica entre esses planos, Platão 
desenvolve uma teoria sobre a reminiscência, na qual 
apresenta as bases do Inatismo: apesar de sermos seres 
da natureza, corpos perecíveis no mundo sensível, nós, 
seres humanos, nascemos com a razão e ela nos conecta 
ao conhecimento essencial, às ideias verdadeiras, e a 
filosofia nada mais faz do que relembrar essas ideias. Por 
isso, o papel do filósofo é explorar sua racionalidade e 
buscar a verdade intrínseca, inteligível, conectada com 
nossa capacidade racional. 
“Conhecer, diz Platão, é recordar a verdade que já existe 
em nós; é despertar a razão para que ela se exerça por si 
mesma. Por isso Sócrates fazia perguntas, pois, por meio 
delas, as pessoas podiam lembrar-se da verdade e do uso 
da razão. Se não nascêssemos com a razão e com a 
verdade, indaga Platão, como saberíamos que temos uma 
ideia verdadeira ao encontrá-la? Como poderíamos 
distinguir o verdadeiro do falso?” - Marilena Chauí, Convite 
à Filosofia. 
Assim, o pressuposto da teoria do conhecimento de Platão 
é o de que a verdade se encontra no mundo ideal, ou 
inteligível, acessível somente pelo exercício da razão 
humana. Nesse muno, há uma ideia referencial imutável e 
perfeita de tudo o que percebemos no mundo sensível. 
Para conhecer a verdade, portanto, devemos nos 
desprender dos aspectos sensíveis e elevar o nosso 
raciocínio aos níveis inteligíveis, em busca da essência das 
coisas. 
O filósofo despreza, portanto, o conhecimento material e 
imediato, assim como tudo o que remete ao corpo e às 
nossas crenças e opiniões. O mundo sensível não passa de 
uma ilusão da matéria e deve ser superado, tal como figura 
em sua célebre alegoria, presente na obra A República, que 
ficou conhecida como Mito da Caverna. Nesta alegoria, 
Platão busca ressaltar o modo como vivemos, em estado 
de ignorância, assumindo o ilusório como real. Isso 
acontece porque o conhecimento sensível alcança apenas 
a mera aparência das coisas. 
Segundo o filósofo, existem quatro graus de 
conhecimento pelos quais podemos passar em busca da 
verdade. Os dois primeiros remetem ao plano sensível, que 
deve ser superado, e o terceiro marca a transição ao 
conhecimento inteligível, própria a quem se dedica ao 
exercício filosófico ou à matemática. O último grau implica 
em uma aproximação mais concreta com a verdade, um 
estado semelhante à iluminação. 
imagem/ crença - opinião - raciocínio - 
intuição intelectual 
O método de conhecimento próprio da Filosofia seria a 
dialética, entendida como o contraste racional às bases 
superficiais do conhecimento. Por meio desse contraste 
chegar-se-ia à síntese, elevando o conhecimento a um nível 
superior. Sócrates, mestre de Platão, exercitava a dialética 
em sua vida pública, conversando com as pessoas, fazendo 
perguntas e incentivando o uso da razão. Platão, em seus 
textos que remetem aos diálogos socráticos, parte da 
opinião ou crença do interlocutor. A contradição inerente a 
tal postura revela-se com a antítese. A síntese, por sua vez, 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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tem o papel de apresentar a distinção entre a aparência e a 
essência, abrindo caminho para a construção do 
conhecimento verdadeiro. 
A República 
Em sua grande obra sobre a justiça, Platão constrói 
dialeticamente, ao longo de dez livros (equivalentes a 
capítulos), uma cidade justa que corresponderia ao 
indivíduo justo. O autor repudia a democracia, que dá poder 
aos ignorantes, e propõe um modelo aristocrático no qual 
os governantes devem ser os filósofos. Dotados de uma 
racionalidade aprimorada e de aptidão para buscar a 
verdade, somente esses sábios poderiam conduzir a cidade 
às melhores decisões. Para justificar esse modelo, Platão 
parte do pressuposto de que os homens são naturalmente 
desiguais e que apresentam diferentes propensões, 
portanto, deveriam exercer funções distintas na cidade. 
Esta tese está demonstrada em outra alegoria apresentada 
por Platão na obra A República, o mito de Er, em que o 
filósofo descreve os três tipos de alma e suas 
correspondentes funções em uma cidade ideal. 
tipo de alma característica 
quem a 
possui 
função 
na 
cidade 
Alma 
concupiscente 
Busca satisfazer 
as necessidades 
corporais 
Artesãos, 
comerciantes 
produção 
e 
sustento 
Alma 
irascível 
Senso de justiça; 
defende o corpo 
das agressões 
Guerreiros, 
soldados 
Proteção 
da cidade 
Alma racional 
Senso crítico; 
aptidão para 
buscar a 
verdade 
Filósofos 
Organizar 
e aplicar 
a lei; 
governar 
a cidade 
A arte na visão de Platão 
Além de apresentar sua teoria sobre o conhecimento 
(dualismo) e mostrar como ela pode ser aplicada na vida da 
cidade, é também na obra A República que Platão 
desenvolve uma de suas teses mais famosas sobre a arte. 
Tomada como “inimiga da filosofia”, por incentivar 
experiências sensoriais que conduzem às emoções, a arte, 
segundo o filósofo, ilude e distancia o sujeito da busca pela 
verdade, devendo, portanto, “ser expulsa da cidade”. Sendo 
a imitação das coisas sensíveis (mímesis), a arte estaria 
dois graus apartada da verdade, por isso é tão desprezada 
por Platão. 
“A mímesis é representação da aparência. Tal 
representação fundamenta-se em uma semelhança com 
aspectos secundários e superficiais da coisa representada. 
Desse ponto de vista a mímesis teria, como que inscrita em 
sua própria natureza, a impossibilidade de mostrar as 
coisas como realmente são, limitando-se a mostrar apenas 
como aparecem. Como representam a aparência das 
coisas, as artes miméticas mantém com o original uma 
relação tênue, forjada por uma semelhança superficial. (...) 
É isto que define o imitador: produtor de imagens, mas 
imagens afastadas a dois graus da realidade. (...) A arte 
potencializa a experiência sensível, intensifica as emoções 
a ponto de impedir a descoberta da natureza do sensível 
como imagem imperfeita da Forma, ou seja, impedir que a 
sua deficiência seja exposta. A arte oculta a deficiência do 
sensível.” 
Os Filósofos e a Arte; Rafael Haddock-Lobo (org.). 
Platão contra a arte, Fernando Muniz. 
 
TEXTO COMPLEMENTAR: A TEORIA DO 
CONHECIMENTO NA REPÚBLICA, DE PLATÃO. 
No livro VI da República, a exposição da teoria do 
conhecimento é, ao mesmo tempo, a exposição da 
separação e diferença entre o sensível e o inteligível, cada 
qual com os seus modos de conhecer hierarquicamente 
distribuídos. 
Platão apresenta os modos ou graus de conhecimento 
distribuídos em um diagrama dividido em duas partes 
desiguais, isto é, uma delas é maior do que a outra. A parte 
inferior é chamada de “o visível” (corresponde ao mundo 
sensível)e é menor do que a parte superior, chamada de 
“invisível” (corresponde ao mundo inteligível). A primeira 
parte é o mundo físico e ético percebido por intermédio da 
aparência sensível das coisas; a segunda parte é o mundo 
das ideias puras, aprendido exclusivamente pelo 
pensamento. 
Platão estabelece, então, distribuídos nesses dois planos, 
quatro modos de conhecimento: imagem; opinião; 
raciocínio e intuição intelectual. 
Platão designa o conhecimento por imagens com o termo 
eikasía; e por opinião, pístis e dóxa, ambos pertencentes ao 
plano sensível. Designa o conhecimento por raciocínios 
dedutivos ou demonstrativos, isto é, o pensamento 
discursivo, com o termo diaánoia; e a intuição intelectual, 
nóesis. 
(...) 
Para explicar o movimento de passagem de um grau de 
conhecimento para o outro, no livro VII da República, Platão 
narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do 
conhecimento platônica. Uma analogia entre conhecer e 
ver é o tema dessa alegoria, narrada por Sócrates a Glauco 
para fazê-lo compreender o sentido da paidéia filosófica, 
isto é, da dialética do verdadeiro conhecimento. 
Imaginemos, diz Sócrates, uma caverna subterrânea 
separada do mundo externo por um alto muro. Entre este e 
o chão da caverna há uma fresta por onde passa alguma 
luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase 
completa. Desde seu nascimento, geração após geração, 
seres humanos ali estão acorrentados. Os prisioneiros 
julgam que as sombras de coisas e pessoas (tudo o que 
percebem do interior da caverna, mas que remete ao 
mundo exterior) são as próprias coisas externas. Nesse 
 
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Filosofia & Sociologia 
 
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ponto Glauco diz a Sócrates que o quadro descrito por ele 
lhe parece algo estranho, incomum. Sócrates, porém, lhe 
diz que os prisioneiros são “semelhantes a nós”. E 
prossegue. Os prisioneiros se comunicam, dando nome às 
coisas que julgam ver e imaginam que o que escutam – e 
que não sabem que são sons vindos de fora – são as vozes 
das próprias sombras. Qual é, pois, a situação dessas 
pessoas aprisionadas? Tomam as sombras por 
realidade, tanto as sombras dos homens exteriores como 
as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa 
confusão, porém, não tem como causa a natureza dos 
prisioneiros, mas as condições adversas em que se 
encontram. Por isso Sócrates indaga: que aconteceria se 
fossem libertados dessa condição de miséria e, “retornando 
à sua natureza, pudessem ver as coisas que de fato existem 
e ser curados de sua ignorância?”. 
Essa é a pergunta grave. De fato, para os prisioneiros o 
único mundo real é a caverna. A obscuridade é, portanto, 
experimentada como realidade verdadeira. E a caverna é 
para eles todo o mundo real, pois não sabem que o que 
veem na parede do fundo são as sombras de um outro 
mundo, exterior à caverna. 
Um dos prisioneiros escapa e, com muita dificuldade, sai da 
caverna. No primeiro instante, enche-se de dor por conta 
dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e 
pelo ofuscamento de seus olhos sob a ação da luz externa. 
Sente-se dividido entre a incredulidade e o 
deslumbramento. Seu primeiro impulso é retornar à caverna 
para livrar-se da dor e do espanto, pois lá tudo é familiar e 
conhecido. 
A descrição platônica é dramática: o caminho em direção 
ao mundo exterior é íngreme e rude; o prisioneiro liberto 
sofre; a luz do sol o cega; ele se sente arrancado, puxado 
para fora por uma força incompreensível. Platão narra um 
parto: o parto da alma que nasce para a verdade e é dada 
à luz. 
Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por 
conta da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no 
exterior. Aos poucos, habitua-se à luz do e começa a ver o 
mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as 
próprias coisas, descobrindo que via apenas sombras. 
Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e 
lutará com todas as suas forças para jamais regressas a 
ela. No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros 
prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar 
ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e 
convencê-los a se libertarem também. De volta à caverna, 
o prisioneiro fica cego novamente, mas agora pela ausência 
de luz. Ali dentro é desajeitado, inábil, não sabe mover-se 
entre as sombras e é desajeitado para falar com os outros, 
não sendo acreditado por eles. Torna-se objeto de 
zombaria e riso, e correrá o risco de ser morto pelos que 
jamais se disporão a abandonar a caverna. Impossível para 
o leitor não identificar a figura de Sócrates na do prisioneiro 
que se liberta, retorna e é morto pelos homens das 
sombras. 
A caverna, explica Sócrates a Glauco, é o mundo sensível 
onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é 
um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das ideias) sobre o 
mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as 
coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras. Os 
grilhões são os nossos preconceitos, nossa confiança em 
nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento 
que quebra grilhões e permite a escalada do muro é a 
dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz 
que ele vê é a luz plena do ser, o Bem, que ilumina o mundo 
inteligível como o sol ilumina o mundo sensível. O retorno à 
caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo 
filosófico. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de 
iluminação. A educação filosófica é uma conversão da 
alma, voltando-se do sensível para o inteligível. Essa 
educação não nos ensina as coisas nem nos dá a visão, 
mas orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui 
em si mesma a capacidade para ver. 
O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento 
ascendente de libertação do olhar intelectual que nos livra 
da cegueira para vermos a luz das ideias. Mas descreve 
também o retorno do prisioneiro para tentar libertar seus 
companheiros. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão 
que vai da imagem à crença ou opinião, destas para a 
matemática e destas para a intuição intelectual e a ciência; 
e o do descenso, que consiste em praticar com os outros o 
trabalho para subir até as ideias. 
Os olhos foram feitos para ver, a alma foi feita para 
conhecer. O relato da subida e da descida expõe a Paidéia 
como dupla violência necessária para a liberdade e para a 
realização da verdadeira natureza da alma: a ascensão é 
difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, 
uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a 
abandonar a luz da felicidade. A dialética, como toda a 
técnica, é uma atividade exercida contra a passividade, 
forçando um ser a realizar sua própria natureza. No Mito, a 
dialética leva a alma a ver sua própria essência para 
descobrir seu parentesco com elas, pois a alma é parte da 
ideia como os olhos são parte da luz. 
Fonte: Marilena Chauí. Introdução à História da Filosofia (vol. 1) – 
adaptado. 
EXERCÍCIOS 
1. (ENEM 2014) 
 
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado 
apontando para o alto. Esse gesto significa que o 
http://2.bp.blogspot.com/-RJF1ZdvsykU/VF-8CgMUJvI/AAAAAAAAA0c/OCgKRLBCsto/s1600/QO.jpg
 
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conhecimento se encontra em uma instância na qual o 
homem descobre a: 
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. 
b) realidade inteligível por meio do método dialético. 
c) Salvação da condição mortal pelo poder de Deus. 
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino. 
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 
2. (ENEM 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em 
Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto 
de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma 
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material 
que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. 
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
se em sua mente. 
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio dafilosofia. 
São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). 
 
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um 
aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 
a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa 
diante dessa relação? 
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. 
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o 
conhecimento a eles. 
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e 
sensação são inseparáveis. 
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, 
mas a sensação não. 
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação 
é superior à razão. 
 
3. (Uff 2011) Segundo Platão, as opiniões dos seres 
humanos sobre a realidade são quase sempre 
equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que 
eles mudam de opinião de acordo com as circunstâncias. 
Como agem baseados em opiniões, sua conduta resulta 
quase sempre em injustiça, desordem e insatisfação, ou 
seja, na imperfeição da sociedade. 
Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma 
sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu 
governo coubesse exclusivamente 
a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força para 
obrigar todos a agirem corretamente. 
b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a sociedade 
sob a mesma vontade. 
c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar 
bem os recursos da sociedade. 
d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam a 
maioria a agir de modo organizado. 
e) aos filósofos, porque somente eles disporiam de 
conhecimento verdadeiro e imutável. 
 
 
 
4. (UEL 2017) Leia a tirinha e o texto II a seguir e responda: 
 
(Disponível em: <http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/ 
files/2014/02/AngeliIdeologia.gif>. Acesso em: 20 abr. 2016.) 
 
Texto II 
Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é preciso 
conhecer para te iniciares na política; antes, não. Então, 
primeiro precisarás adquirir virtude, tu ou quem quer que se 
disponha a governar ou a administrar não só a sua pessoa 
e seus interesses particulares, como a cidade e as coisas a 
ela pertinentes. Assim, o que precisas alcançar não é o 
poder absoluto para fazeres o que bem entenderes contigo 
ou com a cidade, porém justiça e sabedoria. 
(PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes. 
Belém: EDUFPA, 2004. p.281-285.) 
 
Com base na tirinha, no texto II e nos conhecimentos sobre 
a ética e a política em Platão, assinale a alternativa correta. 
a) A virtude individual terá fraca influência sobre o governo 
da cidade, já que a administração da cidade independe da 
qualidade de seus cidadãos. 
b) Justiça, sabedoria e virtude resultam da opinião do 
legislador sobre o que seria melhor para a cidade e para o 
indivíduo. 
c) O indivíduo deve possuir a virtude antes de dirigir a 
cidade, pois assim saberá bem governar e ser justo, já que 
se autogoverna. 
d) Para se iniciar em política, primeiro é necessário o poder 
absoluto para fazer o bem para a cidade e a si próprio. 
e) Todo conflito desaparece em uma cidade se a virtude 
fizer parte da administração, mesmo que o dirigente não a 
possua. 
5. (IFSP 2011) “– Mas escuta, a ver se eu digo bem. O 
princípio que de entrada estabelecemos que devia 
 
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observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos 
a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou 
uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, 
segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te 
lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na 
cidade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada.” 
(PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. 
Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 2001, p. 185.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a 
concepção platônica de justiça, na cidade ideal, assinale a 
alternativa correta. 
a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a 
que respeita o princípio de igualdade natural entre todos os 
seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os 
mesmos direitos perante a lei. 
b) Platão defende que a democracia é fundamento 
essencial para a justiça, uma vez que permite a todos os 
cidadãos o exercício direto do poder. 
c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural 
das ações de cada indivíduo na perseguição de seus 
interesses pessoais, desde que esses interesses também 
contribuam para o bem comum. 
d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é 
possível se cada cidadão executar, da melhor maneira 
possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer 
bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões. 
e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro 
do organismo social tiver condições de perseguir seus 
ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão 
econômica e social. 
 
6. (UFU 2011) No pórtico da Academia de Platão, havia a 
seguinte frase: “não entre quem não souber geometria”. 
Essa frase reflete sua concepção de conhecimento: quanto 
menos dependemos da realidade empírica, mais puro e 
verdadeiro é o conhecimento tal como vemos descrito em 
sua Alegoria da Caverna. 
“A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a 
realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula 
recoberta de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que 
guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede 
que essa ideia também esteja presente no círculo imperfeito 
que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a forma.” 
(JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1995. 170 p.). 
 
Com base nas informações acima, assinale a alternativa 
que interpreta corretamente o pensamento de Platão. 
a) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o 
verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo inteligível”, 
mas do “mundo sensível”. 
b) Todo conhecimento verdadeiro começa pela percepção, 
pois somente pelos sentidos podemos conhecer as coisas 
tais quais são. 
c) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto demonstra 
que as ideias do “mundo inteligível” não são perfeitas, tal 
qual o “mundo sensível”. 
d) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de 
identificação dos seres; o “mundo inteligível” é onde se 
obtêm os conhecimentos verdadeiros. 
 
7. (UEL 2009) Leia o texto a seguir e responda à 
questão. 
- Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles 
fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a 
ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam 
deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o 
forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a 
andar e a olhar para a luz, a fazer tudo isso, sentiria dor, e 
o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas 
sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém 
lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo 
que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, 
voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe 
cada um desses objetos que passavam, o forçassem com 
perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria 
em dificuldade e suporia que os objetos vistos outrora eram 
mais reais do que os que agora lhe mostravam? 
(PLATÃO. A República 7. ed. Lisboa: Caiouste &Ibenkian, 
 I993. p. 3I8-3I9.) 
 
O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão 
desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da 
Caverna, é correto afirmar. 
I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro 
dela, corresponde ao mundo inteligível, o do conhecimento 
do verdadeiro ser. 
II. Explicita como Platão concebe e estrutura o 
conhecimento. 
III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na 
medida em que, ao voltar à caverna, aquele que 
contemplou o bem quer libertar da contemplação das 
sombras os antigos companheiros. 
IV. Apresenta uma concepção de conhecimento 
estruturada unicamente em fatores circunstanciais e 
relativistas. 
 
Assinalea alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. 
 
8. (UEL 2007) Considere a citação abaixo: 
“Sócrates: Tomemos como princípio que todos os poetas, 
a começar por Homero, são simples imitadores das 
aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, 
mas que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao 
pintor de que falávamos há instantes, que desenhará uma 
aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, 
 
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para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam 
as coisas segundo a aparência?” 
 Glauco – “Sim”. 
Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. 
São Paulo: Nova Cultural, 1997. p.328. 
 
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a 
mímesis em Platão, assinale a alternativa correta. 
a) Platão critica a pintura e a poesia porque ambas são 
apenas imitações diretas da realidade. 
b) Para Platão, os poetas e pintores têm um conhecimento 
válido dos objetos que representam. 
c) Tanto os poetas quanto os pintores estão, segundo a 
teoria de Platão, afastados dois graus da verdade. 
d) Platão critica os poetas e pintores porque estes, à medida 
que conhecem apenas as aparências, não têm nenhum 
conhecimento válido do que imitam ou representam. 
e) A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são 
cópias imperfeitas do mundo das ideias. 
 
9. (UEL 2007) Em A República, Platão analisa cinco formas 
de governo a fim de determinar qual delas é a melhor e mais 
justa, isto é, qual delas corresponde ao modelo de 
constituição idealizado por ele. Segundo Platão, o Estado é 
a imagem amplificada do homem justo. Considere o 
seguinte diálogo entre Sócrates e Adimanto, apresentado 
em A República, Livro VIII. 
Sócrates – Sendo assim, diz: não é o desejo insaciável 
daquilo que a democracia considera o seu bem supremo 
que a perde? 
Adimanto – E que bem é esse? 
Sócrates – A liberdade. [...] 
Adimanto – Sim, é isso o que se ouve muitas vezes. 
Sócrates – O que eu ia dizer há pouco é: não é o desejo 
insaciável desse bem, e a indiferença por todo o resto, que 
muda este governo e o obriga a recorrer à tirania? 
Adimanto – Como? 
Sócrates – Quando um Estado democrático, sedento de 
liberdade, passa a ser dominado por maus chefes, que 
fazem com que ele se embriague com esse vinho puro para 
além de toda a decência, então, se os seus magistrados 
não se mostram inteiramente dóceis e não lhe concedem 
um alto grau de liberdade, ele castiga-os, acusando-os de 
serem criminosos e oligarcas. [...] E ridiculariza os que 
obedecem aos magistrados e trata-os de homens servis e 
sem valor. Por outro lado, louva e honra, em particular e em 
público, os governantes que parecem ser governados e os 
governados que parecem ser governantes. Não é inevitável 
que, num Estado assim, o espírito de liberdade se estenda 
a tudo? 
Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. 
São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 280-281. 
 
 
Com base no diálogo anterior e nos conhecimentos sobre 
as formas de governo analisadas por Platão, considere as 
seguintes afirmativas: 
I. A democracia é a negação da justiça, pois ela rejeita o 
princípio da escolha de governantes pelo critério da 
capacidade específica. 
II. A democracia é uma forma de governo que, ao dar livre 
curso aos desejos supérfluos e perniciosos dos indivíduos, 
se degenera em tirania. 
III. A democracia é a mais bela forma de governo, pois 
privilegia a liberdade que é o mais belo de todos os bens. 
IV. Na democracia, cada indivíduo assume a sua função 
própria dentro da polis. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV. 
 
10. (UEL 2006) “Quando é, pois, que a alma atinge a 
verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja 
investigar com a ajuda do corpo qualquer questão que seja, 
o corpo, é claro, a engana radicalmente. 
- Dizes uma verdade. 
- Não é, por conseguinte, no ato de raciocinar, e não de 
outro modo, que a alma apreende, em parte, a realidade de 
um ser? 
- Sim. 
[...] - E é este então o pensamento que nos guia: durante 
todo o tempo em que tivermos o corpo, e nossa alma estiver 
misturada com essa coisa má, jamais possuiremos 
completamente o objeto de nossos desejos! Ora, esse 
objeto é, como dizíamos, a verdade.” 
 
(PLATÃO. Fédon. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 66-67.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a 
concepção de verdade em Platão, é correto afirmar: 
a) O conhecimento inteligível, compreendido como 
verdade, está contido nas ideias que a alma possui. 
b) A verdade reside na contemplação das sombras, 
refletidas pela luz exterior e projetadas no mundo sensível. 
c) A verdade consiste na fidelidade, e como Deus é o único 
verdadeiramente fiel, então a verdade reside em Deus. 
d) A principal tarefa da filosofia está em aproximar o máximo 
possível a alma do corpo para, dessa forma, obter a 
verdade. 
e) A verdade encontra-se na correspondência entre um 
enunciado e os fatos que ele aponta no mundo sensível. 
 
11. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre 
poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da 
hipótese das ideias, as quais designam a unidade na 
pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como 
exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, 
tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, 
o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta 
 
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pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera 
aparência. 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das 
ideias de Platão, é correto afirmar: 
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto 
co-participante da criação divina, alcança a verdadeira 
causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro 
que produz. 
b) A participação das coisas às ideias permite admitir as 
realidades sensíveis como as causas verdadeiras 
acessíveis à razão. 
c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio 
da imitação não alcançam o conhecimento das ideias como 
verdadeiras causas de todas as coisas. 
d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, 
como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram 
sua verdade: a beleza em si e por si. 
e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas 
sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-las 
como tais na percepção de sua aparência. 
 
12. (UFPR 2011) Platão inicia o capítulo 5 do Livro X de A 
República afirmando que a imitação está “a dois graus de 
afastamento da verdade”. Que razões ele alega para 
sustentar essa afirmação? 
13. (UNESP 2013) 
Do lado oposto da caverna, Platão situa uma fogueira fonte 
da luz de onde se projetam as sombras – e alguns homens 
que carregam objetos por cima de um muro, como num 
teatro de fantoches, e são desses objetos as sombras que 
se projetam no fundo da caverna e as vozes desses 
homens que os prisioneiros atribuem às sombras. Temos 
um efeito como num cinema em que olhamos para a tela e 
não prestamos atenção ao projetor nem às caixas de som, 
mas percebemos o som como proveniente das figuras na 
tela. 
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001.) 
 
Explique o significado filosófico da Alegoria da 
Caverna de Platão, comentando sua importância para a 
distinção entre aparência e essência. 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
1. B 2. D 3. E 4. C 5. D 6. D 
7. B 8. C 9. A 10. A 11. C 
SEMANA 7 – Marx, Engels e o Materialismo Histórico 
Dialético 
Karl Marx (1818 – 1883) 
 
Pensador alemão, consideradoum dos autores clássicos 
da Sociologia. Não se definia propriamente como sociólogo 
e nem se alinha aos modelos teóricos e metodológicos do 
Positivismo. Marx desenvolve uma profunda crítica à 
sociedade moderna (século XIX), o que permite a 
construção de uma reflexão sobre as relações de produção 
e sua consequência na organização das sociedades. Dessa 
crítica deriva o lugar de destaque que ocupa entre os 
pensadores que fundamentam a Sociologia enquanto 
disciplina. Boa parte de sua obra se deu em parceria com 
Friedrich Engels, filósofo alemão. 
Principais obras: 
- Manuscritos Econômico-filosóficos (1844); 
- A Ideologia Alemã (1845-46), em parceria com Engels; 
- Manifesto Comunista (1848), em parceria com Engels; 
- O Capital (1867-1883); 
 
Possui uma concepção dialética da realidade, em que a luta 
de classes é apresentada como motor da história. Por meio 
das tensões entre clássicas antagônicas, a história se 
transforma, alternando-se os distintos modos de produção. 
Apesar de perceber essa lógica em outros momentos da 
história, Marx dedica-se particularmente ao estudo do 
capitalismo, atendo-se às possibilidades desse sistema ser 
superado. 
Para Marx e Engels, a burguesia é a classe revolucionária 
que transforma as bases de produção feudal e implementa 
o capitalismo. Contudo, no capitalismo agravam-se as 
discrepâncias sociais, agora protegidas pela ideia 
amplamente difundida de que se trata de uma sociedade 
mais livre e igualitária. A análise das características e 
contradições do capitalismo está no cerne das críticas 
marxistas. 
Capitalismo: 
- separação entre trabalhadores e meios de produção 
(acumulação primitiva); 
 
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- aumento da riqueza e diminuição da distribuição da 
riqueza 
- sustenta-se na desigualdade entre as classes sociais. Os 
meios de produção encontram-se nas mãos de uma única 
classe social, a burguesia. 
- o trabalho humano transforma-se em uma mercadoria. O 
trabalho e alienado. Há uma “fetichização” da mercadoria, 
ao mesmo tempo em que acontece uma desumanização 
das relações pessoais. 
 
Principais conceitos presentes na obra de Marx: 
O TRABALHO é entendido como plataforma da história: 
atividade produtiva e criativa que simultaneamente 
proporciona os meios de subsistência e atribui sentido para 
a existência do indivíduo. 
O modo como as pessoas trabalham, ou seja, produzem 
economicamente a sua subsistência (MODO DE 
PRODUÇÃO MATERIAL) molda a sociedade e as relações 
sociais. 
↓ 
 
- conjunto de técnicas, saberes e objetos empregados pelo 
homem na produção; 
- divisão do trabalho e dos meios de produção; 
- Exemplos: asiático, escravista, servil e capitalista. 
 
MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO 
O modo de produção material condiciona a vida dos 
indivíduos, ou seja, a produção é a base de toda ordem 
social. 
Nosso pensamento é fruto das condições materiais de 
nosso período histórico. A consciência, portanto, não é 
autônoma diante da existência, mas formada a partir da 
história. 
 
 → 
 
“[...] na produção social da sua existência, os homens 
estabelecem relações determinadas, necessárias, 
independentes da sua vontade, relações de produção... O 
conjunto destas relações de produção constitui a estrutura 
econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se 
eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual 
correspondem determinadas formas de consciência social”. 
 (MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Tradução de 
Florestan Fernandes. São Paulo, Ed. Mandacaru, 1989, p. 28.) 
IDEOLOGIA: falsa consciência histórica que emana das 
relações de produção, impondo a visão da classe 
dominante. Opacidade da história. 
Para Karl Marx, a história não se revela de modo 
transparente. Há uma falsa consciência que emana das 
próprias relações de produção. Tal consciência, que tem 
como papel justamente disseminar certas ideias que 
garantam a manutenção de valores fundamentais à classe 
dominante, é chamada ideologia. 
O papel da ideologia é mascarar o que ocorre de fato na 
sociedade, representando uma forma de dominação social 
e política. 
O modo de produção material condiciona a vida dos 
indivíduos, ou seja, a produção é a base de toda ordem 
social. Nosso pensamento é fruto das condições materiais 
de nosso período histórico. A consciência, portanto, não é 
autônoma diante da existência, mas formada a partir da 
história. Um exemplo de ideologia burguesa, na visão de 
Marx, seria a ideia de que as diferenças entre os indivíduos 
são resultados da concorrência natural: se trabalharmos, 
todos obteremos sucesso! 
Assim como Platão, que apresenta uma hipótese para 
explicar a nossa condição de alienação em relação à 
verdade, Marx a também não crê que a verdade seja 
assimilada pelo homem. Contudo, na visão do filósofo 
moderno, o processo de criação e manutenção da ideologia 
está vinculado ao processo de produção e ao papel das 
classes dominantes. 
“Se, na concepção do decurso da história, separarmos as 
ideais da classe dominante da própria classe dominante e 
se as concebermos como autônomas, sem nos 
preocuparmos com as condições de produção e com os 
produtores dessas ideias, então podemos afirmar que, por 
exemplo, na época em que a aristocracia dominou, os 
conceitos de honra, fidelidade etc. dominaram, ao passo 
que na época da dominação da burguesia dominaram os 
conceitos de liberdade, igualdade etc. É o que, em média, 
imagina a própria classe dominante. Tal concepção da 
história, comum a todos historiadores, especificamente 
desde o século XIII, defrontar-se-á necessariamente com o 
fenômeno de que as ideias cada vez mais abstratas 
dominam, isto é, ideias que tomam cada vez mais a forma 
de universalidade. Com efeito, a cada nova classe que toma 
o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para 
alcançar os fins a que se propões, a apresentar seus 
interesses como sendo o interesse comum de todos os 
membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo 
em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas ideias a 
forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as 
únicas racionais, as únicas universalmente válidas”. 
(MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. 
 São Paulo: Hucitec, 1984.) 
ALIENAÇÃO: o objeto do trabalho não pertence mais ao 
trabalhador; o processo de trabalho perde o sentido (crítica 
à especialização) e a vida social, aos poucos, torna-se 
também desprovida de sentido, uma vez que o trabalho 
atribui sentido à vida do indivíduo. Esses seriam os três 
níveis da alienação descritos por Marx na obra O Capital. 
INFRAESTRUTURA: 
relações de produção; 
modos de produção 
SUPERESTRUTURA: 
instituições políticas e 
culturais; valores e 
pensamentos 
 
 
 
 
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MAIS-VALIA: diferença entre o valor produzido pelo 
trabalho e o salário pago ao trabalhador. 
Estratégias para a obtenção de mais-valia: trabalho pago 
por hora ou turno; jornada de trabalho estendida; inserção 
de novas tecnologias; aceleração do ritmo de produção. 
 
TEXTOS COMPLEMENTARES 
A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a 
história das lutas de classes. 
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, 
mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o 
opressor e o oprimido permaneceram em constante 
oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra 
ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou, cada 
vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda a 
sociedade ou pela destruição das classes em conflito. 
Desde épocas mais remotas da história, encontramos, em 
praticamente toda parte, uma complexa divisão da 
sociedade em classes diferentes, uma gradação múltipla 
das condições sociais. Na Roma Antiga, temos os patrícios, 
os guerreiros, os plebeus, os escravos; Na Idade Média, os 
senhores, os vassalos, os mestres, os companheiros,os 
aprendizes, os servos; e, em quase todas as classes, outras 
camadas subordinadas. 
A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da 
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. 
Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de 
opressão, novas formas de luta em lugar das velhas. 
No entanto, a nossa época, a época da burguesia, possui 
uma característica: simplificou os antagonismos de classes. 
A sociedade global divide-se cada vez mais em dois 
campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam 
– a burguesia e o proletariado. (...) 
Na mesma proporção em que a burguesia, ou seja, o 
capital, se desenvolve, desenvolve-se também o 
proletariado, a classe dos trabalhadores modernos, que só 
podem viver se encontrarem trabalho, e só encontram 
trabalho na medida em que este aumenta o capital. Esses 
trabalhadores que são obrigados a vender-se diariamente, 
são uma mercadoria, são um artigo de comércio, sujeitos, 
portanto, às vicissitudes da concorrência, às flutuações do 
mercado. (...) 
Qual a posição dos comunistas em relação aos proletários 
em geral? 
Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos 
outros partidos operários. Não tem interesses diferentes 
daqueles do proletariado em geral. Não formulam quaisquer 
princípios particulares a fim de modelar o movimento 
proletário. 
O fim imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos 
os outros partidos proletários: constituição dos proletários 
em classe, derrubada da supremacia burguesa. 
Marx e Engels – O Manifesto Comunista 
 
Que faz a ideologia? Oferece a uma sociedade dividida em 
classes sociais antagônicas, e que vive na forma de luta de 
classes, uma imagem que permite a unificação e a 
identificação social – uma língua, uma religião, uma raça, 
uma nação, uma pátria, um estado, uma humanidade, 
mesmos costumes. Assim, a função primordial da ideologia 
é ocultar a origem da sociedade(relações de forças 
produtivas sob a divisão do trabalho social), dissimular a 
presença da luta de classes, negar as desigualdades 
sociais (como se fossem consequência de talentos 
diferentes, da preguiça ou da disciplina laboriosa) e 
oferecer a imagem da comunidade (o Estado) originada 
como contrato social entre homens livres e iguais. A 
ideologia é a lógica da dominação social e política. 
 Marilena Chauí – Convite à Filosofia
 
Texto 3: 
CHINESES, ROBÔS E A ‘UBERIZAÇÃO’ DAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO 
Alexandre Andrada - 9 de Abril de 2019, 0h02 
UMA DAS GRANDES maravilhas do capitalismo é a 
inovação. Inovar significa, de maneira simples, criar 
 
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algo novo ou fazer algo velho de uma nova maneira. E 
nisso o capitalismo é craque. 
Talvez dois mais importantes economistas políticos que 
analisaram o fenômeno da inovação foram o alemão Karl 
Marx (escudado por vezes por seu amigo Friedrich Engels) 
e o austríaco Joseph Schumpeter. 
No Manifesto de 1848, numa das passagens mais famosas 
do texto, Marx e Engels afirmam: 
“A burguesia não pode existir sem revolucionar 
permanentemente os instrumentos de produção, portanto 
as relações de produção, portanto as relações sociais 
todas”. 
Enquanto as sociedades baseadas em outros modos de 
produção se caracterizavam pela estabilidade das relações 
econômicas e sociais, o capitalismo é marcado pela 
revolução permanente. E é essa instabilidade que permitiu 
que a burguesia realizasse em poucos séculos de domínio 
maravilhas maiores que “as pirâmides egípcias, dos 
aquedutos romanos e das catedrais góticas”. 
N’O Capital de 1867, Marx volta a mostrar seu 
alumbramento com as inovações, no capítulo 13, intitulado 
“Maquinaria e Grande Indústria”. Mas o tema perpassa todo 
seu sistema. No modelo de Marx, o capitalista busca 
aumentar a massa de mais-valor que extrai de seus 
trabalhadores. Se estamos em um mundo de produtos 
idênticos – camisas brancas, por exemplo –, o capitalista 
pode aumentar seus lucros fazendo seus operários 
trabalharem por mais horas que a concorrência (mais-valor 
absoluto), ou fazer com que seus trabalhadores produzam 
mais mercadorias em menos tempo (mais-valor relativo). 
Para Marx, a dificuldade estava no mais-valor relativo. Para 
produzir mais em menos tempo, são necessárias novas 
máquinas e equipamentos, novas formas de comunicação, 
de transporte, de organização da produção, novos sistemas 
de logística etc. O capitalista que conseguir criar ou fazer 
uso dessas inovações terá uma maior taxa e uma maior 
massa de lucro, conquistando cada vez mais participação 
no mercado. Caminhará para se tornar um dos gigantes do 
setor. 
Quem não for capaz – ou não tiver recursos para inovar – 
será engolido. Aliás, mesmo a empresa líder do mercado – 
como contam as histórias da Kodak e da Nokia – mostra 
que a bancarrota está sempre na esquina. 
Em 1911, na sua obra Teoria do Desenvolvimento 
Econômico, Schumpeter fez bom uso das teorias de Marx, 
a partir de uma ótica liberal. Para Schumpeter, a mudança 
não nasce a partir de modificações nos gostos dos 
consumidores. Na verdade, são os empresários inovadores 
que criam novos produtos e “educam” (esse é o termo 
usado pelo autor) os consumidores sobre sua necessidade. 
Toda criação está carregada de destruição. 
Um exemplo pessoal. Nos meus tempos de faculdade, a 
viagem de ônibus era embalada por música ouvida através 
de um CD player e, principalmente, um walkman. Eu 
andava com três ou quatro fitas na mochila, e o mundo 
parecia bom. 
Jamais imaginei que um dia, poucos anos mais tarde, 
haveria uma coisa chamada Ipod – ou o MP3 da feira, seu 
primo pobre ao qual tive acesso –, no qual cabiam as 
músicas de todos os CD’s que eu tinha na minha casa 
(sobrando espaço, aliás). Nós jamais demandamos um 
telefone celular que fosse também um computador, uma 
televisão e um Ipod (aliás, o smartphone matou o Ipod de 
modo lento e cruel). 
Mas como fica evidente nesses dois exemplos, toda criação 
está carregada de destruição. O Ipod destruiu o discman, o 
smartphone destruiu o Ipod. Isso é parte do fenômeno que 
Schumpeter chamou de “destruição criativa”. O novo 
produto ou o novo processo destrói o que era velho. 
Mês passado foi divulgado que, com o fechamento de uma 
loja na Austrália, há hoje apenas uma única Blockbuster no 
mundo. Há uma década, eram 9 mil lojas, com pés nos 
quatro cantos do mundo, no Brasil inclusive. Uma rede 
literalmente global foi morta por uma inovação: Netflix. 
Outro exemplo: há poucos anos atrás ter frota de táxis era 
um ótimo investimento. Para obter uma licença de taxista, 
o sujeito precisava desembolsar uma pequena fortuna. Hoje 
qualquer um pode se cadastrar no Uber e operar como táxi. 
Mas nem tudo são rosas. Muitos são os trabalhadores ao 
longo da história que sofreram (e sofrerão) com o 
desemprego derivado de alguma inovação poupadora de 
mão de obra. No início do século 19, os chamados ludistas 
destruíram as máquinas que lhes roubavam os empregos. 
O drama dos trabalhadores instigou os economistas: seria 
a inovação boa também para os trabalhadores? 
As condições médias de trabalho no mundo todo têm 
piorado. 
Para os marxistas, a resposta seria negativa. Essas 
inovações, num sistema capitalista, forçariam os salários 
para baixo, reduzindo o poder de barganha dos 
trabalhadores, jogando alguns na miséria, outros no 
subemprego e muitos em empregos precários. 
Os liberais, via de regra, respondem essa pergunta 
afirmativamente. Ainda que a inovação destrua alguns 
empregos, ela cria fundos que permitem investimentos e 
aumento da produção que farão com que a região 
inovadora seja capaz de criar mais vagas de trabalho, que 
pagam salários maiores. 
Depois de um começo vacilante, as evidências pareciam 
corroborar a visão liberal. Os países mais inovadores são 
os que oferecem mais e melhores empregos. Enquanto 
países atrasados tecnologicamente têm menos vagas e 
piores salários. 
Mas há algumas décadas, desde o início da 
hiperglobalização apóso fim da Guerra Fria, um movimento 
contraditório vem acontecendo. Com a entrada de mais de 
 
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1 bilhão de chineses no mercado de trabalho capitalista – 
sem contar os de outros lugares –, multidões de 
trabalhadores de países subdesenvolvidos têm escapado 
da miséria. Porém, as condições médias de trabalho no 
mundo todo têm piorado. Nos países centrais, por exemplo, 
os ganhos de produtividade não parecem se materializar 
em aumentos de salários (ainda que esse dado seja 
controverso). 
Além disso, tem crescido, desde os anos 1970, o número 
de horas trabalhadas pelos americanos, bem como a 
proporção daqueles que trabalham mais de 40 horas 
semanais. Quarenta horas semanais foram uma conquista 
de trabalhadores ingleses (uma pequena porção, é 
verdade) ainda em 1889. 
Um cenário melancólico, se pensarmos no otimismo de um 
J. M. Keynes que, em 1930, acreditava que os netos de 
seus contemporâneos poderiam viver em abundância 
trabalhando três horas por dia. Hoje o fantasma dos robôs 
e da chamada “uberização” das relações trabalhistas é um 
espectro que ronda todo o mundo. 
Um número crescente de profissões pode facilmente ser 
substituída por algoritmos, robôs e outras tecnologias 
digitais (como a minha, de professor universitário). O Uber, 
que tem sido a tábua de salvação de milhões de pessoas 
em países como o Brasil, tem um modelo de negócio em 
que seu funcionário sequer é seu funcionário. Há a 
liberdade aparente de trabalhar quando e quanto quiser, 
que se materializa em jornadas intermináveis – há casos de 
motoristas que vivem literalmente em seus carros nos EUA 
– e em uma virtual ausência absoluta de direitos 
trabalhistas em caso de acidentes, doenças, incapacidades 
etc. 
Estamos caminhando para o mundo do “freela”, das 
relações pautadas pela uberização. A reforma trabalhista 
de Temer e a carteira de trabalho verde-amarela de 
Bolsonaro são passos nessa direção. 
Enquanto gerações passadas podiam sonhar em construir 
uma carreira de 30 anos numa mesma empresa, é provável 
que as novas tenham que se acostumar com a instabilidade 
do desenho “uber” de trabalho. 
Como já se disse uma vez: tudo o que era sólido se 
desmancha no ar. 
FONTE: theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-
trabalho/ 
EXERCÍCIOS 
1. (ENEM 2013) “Na produção social que os homens 
realizam, eles entram em determinadas relações 
indispensáveis e independentes de sua vontade; tais 
relações de produção correspondem a um estágio definido 
de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. 
A totalidade dessas relações constitui a estrutura 
econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual 
se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual 
correspondem determinadas formas de consciência social.” 
MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; 
ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). 
 Para o autor, a relação entre economia e política 
estabelecida no sistema capitalista faz com que 
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-
valia. 
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da 
produção material. 
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível 
com o progresso humano. 
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao 
desenvolvimento econômico. 
 e) a burguesia revolucione o processo social de formação 
da consciência de classe. 
 
2. (UEL 2008) “No capitalismo, os trabalhadores produzem 
todos os objetos existentes no mercado, isto é, todas as 
mercadorias; após havê-las produzido, entregam-nas aos 
proprietários dos meios de produção, mediante um salário; 
os proprietários dos meios de produção vendem as 
mercadorias aos comerciantes, que as colocam no 
mercado de consumo; e os trabalhadores ou produtores 
dessas mercadorias, quando vão ao mercado de consumo, 
não conseguem comprá-las. [...] Embora os diferentes 
trabalhadores saibam que produziram as diferentes 
mercadorias, não percebem que, como classe social, 
produziram todas elas, isto é, que os produtores de tecidos, 
roupas, alimentos [...] são membros da mesma classe 
social. Os trabalhadores se veem como indivíduos isolados 
[...], não se reconhecem como produtores da riqueza e das 
coisas.“ 
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 13 ed. 
São Paulo: Ática, 2004. p. 387.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre alienação e 
ideologia, considere as afirmativas a seguir: 
a) A consciência de classe para os trabalhadores resulta da 
vontade de cada trabalhador em superar a situação de 
exploração em que se encontra sob o capitalismo. 
b) É no mercado que a exploração do trabalhador torna-se 
explícita, favorecendo a formação da ideologia de classe. 
c) A ideologia da produção capitalista constitui-se de 
imagens e ideias que levam os indivíduos a 
compreenderem a essência das relações sociais de 
produção. 
d) As mercadorias apresentam-se de forma a explicitar as 
relações de classe e o vínculo entre o trabalhador e o 
produto realizado. 
e) O processo de não identificação do trabalhador com o 
produto de seu trabalho é o que se chama alienação. A 
ideologia liga-se a este processo, ocultando as relações 
sociais que estruturam a sociedade. 
3. (UEM – Inverno 2008) Em termos sociológicos, assinale 
o que for correto sobre o conceito de classes sociais: 
01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as 
desigualdades se estruturam e se reproduzem nas 
sociedades. 
https://theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/
https://theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/
 
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02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes 
sociais transformam-se ao longo da história conforme a 
dinâmica dos modos de produção. 
04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, 
pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os 
diversos grupos envolvidos no sistema produtivo. 
08) A formação de uma classe social, como os proletários, 
só se realiza na sua relação com a classe opositora, no 
caso do exemplo, a burguesia. 
16) A afirmação “a história da humanidade é a história das 
lutas de classes” expressa a ideia de que as 
transformações sociais estão profundamente associadas 
às contradições existentes entre as classes. 
 
4. (FGV) Leia com atenção as proposições abaixo: 
I. "A história de qualquer sociedade até aos 
nossos dias foi apenas a história da luta de 
classes. Homem livre e escravo, patrício e 
plebeu, barão e servo, mestre e companheiro, 
numa palavra opressores e oprimidos em 
oposição constante, desenvolveram uma 
guerra que acabava sempre ou por uma 
transformação revolucionária da sociedade 
inteira, ou pela destruição das duas classes em 
luta." 
II. II. "Se me pedissem para responder à pergunta 
- 'O que é a escravidão?' e eu respondesse 
numa só palavra: 'Assassinato!', todos 
entenderiam imediatamente o significado da 
minha resposta. Não seria necessário utilizar 
nenhum outro argumento para demonstrar que 
o poder de roubar um homem de suas idéias, 
de sua vontade e sua personalidade é um 
poder de vida ou morte e que escravizar um 
homem é o mesmo que matá-lo. Por que, 
então, não posso responder da mesma forma 
a essa outra pergunta: 'O que é a 
propriedade?' com uma palavra só: 'Roubo'." 
 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) A primeira proposição reproduz um trecho de uma das 
mais importantes obras do filósofo alemão Karl Marx, que 
serviu de base para a ideologia liberal desenvolvida no 
século XIX. 
b) A segunda proposição refere-se ao manifesto cristão 
proposto por bispos da Igreja, indignados com a miséria que 
assolava as classes trabalhadoras européias no século XIX. 
c) A "luta de classes" é um dos principais aspectos da 
doutrina marxista e a definição da "propriedade como um 
roubo" tornou-se um dos principais lemas do anarquismo 
desde o século XIX. 
d) A segundaproposição é de Joseph Proudhon, teórico 
liberal francês, indignado com a escravidão ainda praticada 
em determinados continentes no século XIX. 
e) A segunda proposição refere-se à região da Palestina na 
perspectiva sionista, desenvolvida na Europa ao final do 
século XIX. 
 
5. (Mackenzie) No século XIX, o mundo do trabalho fez 
surgir novas perspectivas para a compreensão da 
sociedade contemporânea. O Manifesto Comunista (1848), 
de Marx e Engels, indica a mudança de concepções 
abstratas e utópicas sobre a sociedade, para outras mais 
concretas e combativas. (Carlos Guilherme Mota) 
Sobre Karl Marx e Friedrich Engels é INCORRETO afirmar: 
a) A obra que sintetizou as suas teorias econômicas, 
sociais, políticas e culturais foi O Capital, que retomava a 
tradição do pensamento dialético, aprofundando-o na linha 
do Materialismo Histórico. 
b) A sociedade capitalista é contraditória, uma vez que 
produz um trabalho excedente que jamais retorna ao 
trabalhador, isto é, a mais valia. 
c) Formularam um socialismo de um novo tipo, baseado na 
concepção de que o capitalismo deve progressiva e 
pacificamente evoluir para o socialismo. 
d) Criticavam os socialistas Saint-Simon, Charles Fourier e 
Robert Owen, que não se baseavam, como eles, num 
estudo científico da história para aprender as leis da 
sociedade e da economia. 
e) As lutas de classes entre proprietários e trabalhadores 
eram percebidas por eles como uma contradição 
fundamental do sistema capitalista e que levariam à 
abolição da ordem burguesa e do Estado que sobre ela se 
sustentava. 
 
6. (UFRRJ) "A criação de um proletariado despossuído, (...) 
cultivadores vítimas de expropriações violentas repetidas, 
foi necessariamente mais rápida que sua absorção pela 
nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa de 
mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o final do século 
XV e durante todo o século XVI na Europa Ocidental foi 
criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da 
atual classe operária foram castigados por terem sido 
reduzidos à situação de vagabundos e pobres. A legislação 
os tratava como criminosos voluntários; ela pressupunha 
que dependia de seu livre arbítrio continuar a trabalhar 
como antes." 
(MARX, Karl. "O Capital". Paris, Garnier-Flamarion, 1969.) 
As transformações econômicas e sociais costumam gerar 
profundas alterações no chamado "mundo do trabalho". A 
situação apontada por Marx refere-se ao processo histórico 
a) das revoluções anti-capitalistas, ocorridas na Europa, 
contra as quais a burguesia determinou severa repressão. 
 b) das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas à 
destruição das máquinas e à exploração por elas causada. 
c) da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores foram 
transformados em massa de manobra dos interesses 
burgueses. 
d) de cercamentos dos campos, com o deslocamento de um 
grande contingente de despossuídos da sua área rural de 
origem. 
e) da Revolução Industrial, quando os criminosos eram 
expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em outra 
ocupação, pela legislação vigente. 
 
 
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7. (UEL 2011) Observe a charge. 
 
Com base na charge e nos conhecimentos sobre a teoria 
de Marx, é correto afirmar: 
a) A produção mercantil e a apropriação privada são justas, 
tendo em vista que os patrões detêm mais capital do que os 
trabalhadores assalariados. 
b) Um dos elementos constitutivos da acumulação 
capitalista é a mais-valia, que consiste em pagar ao 
trabalhador menos do que ele produziu em uma jornada de 
trabalho. 
c) A mercadoria, para poder existir, depende da existência 
do capitalismo e da substituição dos valores de troca pelos 
valores de uso. 
d) As relações sociais de exploração surgiram com o 
nascimento do capitalismo, cuja faceta negativa está em 
pagar salários baixos aos trabalhadores. 
e) Sob o capitalismo, os trabalhadores se transformaram 
em escravos, fato acentuado por ter se tornado impossível, 
com a individualização do trabalho e dos salários, a 
consciência de classe entre eles. 
 
8. (UEL 2010) Ao separar completamente o patrão e o 
empregado, a grande indústria modificou as relações de 
trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os 
interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo 
equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a 
anomia e o perigo da desintegração ameaça todo o corpo 
social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se 
isola em sua atividade especial, já não percebe os 
colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra, 
nem sequer tem ideia dessa obra comum. 
(DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; 
BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clássicos. Vol 1. 
Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91.) 
 
De acordo com K. Marx, uma situação semelhante à 
descrita no texto, em que trabalhadores isolados em suas 
tarefas no processo produtivo “não percebem seus 
colaboradores na mesma obra, nem tem ideia dessa obra 
comum”, é explicada pelo conceito de: 
 
a) Alienação. 
b) Ideologia. 
c) Estratificação. 
d) Anomia social. 
e) Identidade social. 
 
9. (UEM 2008) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena 
Chauí afirma que “(...) a coerência ideológica não é obtida 
malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas. 
Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é 
aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a 
suposta veracidade daquilo que está explicitamente 
afirmado”. 
(O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04). 
Considerando o texto acima e o conceito de ideologia para 
Karl Marx, assinale o que for correto. 
01) Na maioria das sociedades capitalistas, as 
desigualdades são ocultadas pelos princípios ideológicos 
que afirmam a importância dos seguintes elementos: o 
progresso, o “vencer na vida”, o individualismo, a mínima 
presença do Estado na economia e a soberania popular por 
meio da representação. 
02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em 
uma determinada sociedade, portanto expressa a realidade 
tal qual ela é na sua objetividade. 
04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir 
uma “questão” individual sem interferências anteriores e 
influências comunitárias para a sua sustentação. Assim, 
com base em sua própria ideologia, ela poderá refletir e agir 
em sua sociedade. 
08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia 
racial afirma que índios, negros e brancos vivem em 
harmonia, com igualdade de condições. Essa formulação 
omite as desigualdades étnicas existentes no país. 
16) Ideologia consiste em ideias que predominam na 
sociedade e que, por isso, são internalizadas por todos os 
indivíduos. Portanto não existem possibilidades de se 
romper com seus pressupostos. 
 
10. (UEL 2008) Sobre a exploração do trabalho no 
capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é 
correto afirmar: 
 
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a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos 
meios de produção se apropriam das horas não pagas ao 
trabalhador, obtendo maior excedente no processo de 
produção das mercadorias. 
b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas 
após o horário contratado, que não são pagas ao 
trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. 
c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios 
de produção extrai e se apropria do excedente produzido 
pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das 
horas trabalhadas. 
d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador 
receberá o valor real do que produziu durante a jornada de 
trabalho. 
e) As horas extras trabalhadas após o expediente 
constituem-se na essência do processo de produção de 
excedentes e da apropriação das mercadorias pelo 
proprietário dos meios de produção. 
 
11. (UEL 2007) Karl Marx exerceu grande influênciana 
teoria sociológica. Segundo o autor: “[...] na produção social 
da sua existência, os homens estabelecem relações 
determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, 
relações de produção... O conjunto destas relações de 
produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a 
base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura 
jurídica e política e à qual correspondem determinadas 
formas de consciência social”. 
 (MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Tradução de 
Florestan Fernandes. São Paulo, Ed. Mandacaru, 1989, p. 28). 
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre o autor, 
é correto afirmar que: 
a) A superestrutura jurídica e política é o resultado do modo 
como as pessoas se organizam para produzir a 
subsistência material em determinada sociedade. 
b) A superestrutura jurídica e política é o resultado da 
consciência social dos líderes políticos e independe do 
modo de produção em dada sociedade. 
c) A superestrutura política é o resultado do modo como as 
pessoas se organizam para produzir a subsistência material 
em determinada sociedade, mas a esfera jurídica depende 
da consciência social. 
d) A superestrutura jurídica é o resultado do modo como as 
pessoas se organizam para produzir a subsistência material 
em determinada sociedade, mas a esfera política depende 
da razão humana, uma vez que a ideia de justiça é inata. 
e) A superestrutura jurídica e política é o resultado da 
consciência social dos homens. 
 
12. (UEL 2006) “[...] uma grande marca enaltece - 
acrescenta um maior sentido de propósito à experiência, 
seja o desafio de dar o melhor de si nos esportes e nos 
exercícios físicos ou a afirmação de que a xícara de café 
que você bebe realmente importa [...] Segundo o velho 
paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. 
De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre 
é secundário ao verdadeiro produto, a marca, e a venda de 
uma marca adquire um componente adicional que só pode 
ser descrito como espiritual”. O efeito desse processo pode 
ser observado na fala de um empresário da Internet 
comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em seu 
umbigo: “Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho 
para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me 
lembrar a cada dia como tenho de agir, isto é, ‘just do it’.” 
(KLEIN, Naomi. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. 
Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 45-76.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, é 
correto afirmar: 
a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir 
marcas que estimulam a conscientização em detrimento 
dos processos de alienação. 
b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano 
desideologizado, aproximou-se dos ideais marxistas quanto 
ao ideal humano. 
c) Graças às marcas e à influência da mídia, em sua 
atuação educativa, as pessoas tornaram-se menos sujeitas 
ao consumo. 
d) O trabalho ideológico em torno das marcas solucionou as 
crises vividas desde a década de 1970 pelo capital 
oligopólico. 
e) Por meio da ideologia associada à mundialização do 
capital, ampliou-se o fetichismo das mercadorias, o qual se 
reflete na resposta social às marcas. 
13. (UFU 2000) De acordo com a teoria de Marx, a 
desigualdade social se explica 
a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de 
cada um no desempenho de seu trabalho. 
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente 
da separação entre proprietários e não proprietários dos 
meios de produção. 
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos 
indivíduos, determinadas biologicamente. 
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos 
homens mais capazes em contextos históricos, marcados 
pela igualdade de oportunidades. 
14. (UFU 1998) A ideia de alienação, segundo Marx, 
refere-se 
I. à identidade entre os produtores e seus produtos. 
II. à separação entre o trabalhador e o produto de seu 
trabalho, devido à divisão social do trabalho e à 
propriedade privada dos meios de produção. 
III. à separação do Estado como um poder autônomo, 
imparcial, acima da coletividade e que a domina. 
IV. ao fato de o trabalhador não se reconhecer no produto 
da sua atividade. 
 
a) I, III e IV estão corretas. 
b) I, II e III estão corretas. 
c) II, III e IV estão corretas. 
d) II e IV estão corretas. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
15. (UNESP 2012) Leia os textos. 
 
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Texto 1 
Ora, a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, 
é a última e mais perfeita expressão do modo de produção 
e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na 
exploração de uns pelos outros. Neste sentido, os 
comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: 
a abolição da propriedade privada. (…) 
A ação comum do proletariado, pelo menos nos países 
civilizados, é uma das primeiras condições para sua 
emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo homem 
e tereis suprimido a exploração de uma nação por outra. 
Quando os antagonismos de classes, no interior das 
nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade 
entre as próprias nações. 
(Marx e Engels. Manifesto comunista, 1848.) 
Texto 2 
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para 
nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é 
inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, 
mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a 
natureza. (…) Se a propriedade privada fosse abolida, 
possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a 
partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade 
desapareceriam entre os homens. (…) Mas sou capaz de 
reconhecer que as premissas psicológicas em que o 
sistema se baseia são uma ilusão insustentável. (…) A 
agressividade não foi criada pela propriedade. (…) 
Certamente (…) existirá uma objeção muito óbvia a ser 
feita: a de que a natureza, por dotar os indivíduos com 
atributos físicos e capacidades mentais extremamente 
desiguais, introduziu injustiças contra as quais não há 
remédio. 
(Sigmund Freud. Mal-estar na civilização, 1930. Adaptado.) 
Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre 
a relação entre a propriedade privada e as tendências 
de hostilidade e agressividade entre os homens e as 
nações? Explicite, também, a diferença entre os 
métodos ou pontos de vista empregados pelos autores 
dos textos para analisar a realidade. 
 
16. (UEL 2016) Leia o texto a seguir. 
O homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a 
religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do 
homem, que ou não se encontrou ou voltou a se perder. 
Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado fora do 
mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, a 
sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a 
religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles 
são um mundo invertido. 
(MARX, K. Crítica à Filosofia do Direito de Hegel. 
 São Paulo: Boitempo, 2005. p.145.) 
 
Na teoria do pensador Karl Marx, há um conceito que 
explica essa inversão da realidade (por conseguinte, da 
consciência) e, em razão dela, da relação do sujeito (seres 
humanos) com aquilo que, objetiva e subjetivamente, ele 
produz. 
Com referência às ideias de Marx, responda aos itens a 
seguir. 
a) Qual é esse conceito? 
b) O que significa inverter a relação sujeito-objeto? Explique 
como isso se manifesta na religião. 
 
 
 
Gabarito: 
 
 1. B 2. E 3. (27) 4. C 
5. C 6. D 7. B 8. A 
9. (25) 10. C 11. A 12. E 
13. B 14. D 
 
 
SEMANA 8 – Aristóteles e a teleologia 
ARISTÓTELES (384 – 322 a.C.) 
 
Nasce em Estagira, na Macedônia, e aos dezoito anos 
muda-se para Atenas para estudar na Academia fundada 
por Platão. Torna-se tutor de Alexandre, o Grande, e funda 
sua própria instituição de ensino, chamada de Liceu. 
Assim como Platão, Aristóteles valoriza a razão como 
atributo fundamental do homem, mas sua filosofia 
distingue-seem muitos aspectos da de seu professor. O 
principal ponto contraditório entre ambos diz respeito ao 
fato de Aristóteles não apresentar uma concepção dualista 
sobre a realidade. Para Aristóteles, o mundo das coisas 
sensíveis, ou a natureza, não é um mundo aparente ou 
 
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ilusório. Por isso propõe uma nova metafísica, na qual 
rejeita o plano inteligível. Ou seja, as essências estão nas 
próprias coisas, nos homens, nas ações e é tarefa da 
filosofia conhecê-las. 
Aristóteles desenvolve, então, um pensamento sistemático 
sobre a realidade, abrangendo os mais diversos campos de 
estudo: Metafísica, Ética, Política, Arte, Física, Astronomia 
e Lógica. 
METAFÍSICA ARISTOTÉLICA 
Como conhecer a verdade, interpretar de modo seguro a 
realidade? 
Uma vez que as essências – conhecimentos verdadeiros 
sobre o Ser – não se encontram em uma dimensão superior 
tal qual o plano inteligível de Platão, Aristóteles empreende 
uma tarefa filosófica de tentar conhecer as essências no 
mundo físico, considerando que este mundo está em 
constante mudanças. Conciliar as essências (sentido pleno 
do ser) com o movimento (transformações do mundo 
sensível) é grande missão filosófica de Aristóteles. Ao fazê-
la, o filósofo abre precedentes para uma compreensão mais 
empírica do mundo e deixará um imenso legado na história 
do pensamento ocidental. 
Seu raciocínio para compreender o mundo de modo mais 
pleno estrutura-se a partir de alguns pilares importantes: 
1. Deve-se partir da sensação até alcançar a intelecção, 
buscando captar as propriedades essenciais dos seres, 
sem as quais eles não seriam o que são. 
Graus de conhecimento: 
sensação – memória – experiência – 
arte/técnica – teoria 
Mesmo o conhecimento sensorial sendo básico e 
superficial, ele é a base para que possamos conhecer o 
mundo de modo mais complexo. 
2. É importante podermos distinguir os atributos essenciais 
dos atributos acidentais: 
Essência é o que faz uma substância ser o que é; sua 
matéria (aquilo de que o ser é constituído) e sua forma 
(aquilo que o define). A essência revela-se, segundo o 
filósofo, por meio do conhecimento das causas 
fundamentais de uma substância; por isso, além da forma 
e da matéria, conecta-se também à origem e ao propósito 
daquele ser. 
Já os acidentes seriam as propriedades da substância que 
poderiam ser diferentes sem alterar quem ou o que ela é; 
particularidades de cada ser, tais como quantidade, 
qualidade, relação, tempo, posição, lugar, estado, paixão e 
hábito. 
Uma das formas de se distinguir os atributos essenciais dos 
acidentais se dá por meio do Silogismo, base do raciocínio 
que fundamenta a lógica aristotélica: 
Todo homem é mortal. 
Sócrates é homem. 
Logo, Sócrates é mortal. 
A conclusão é verdadeira se a lógica for mantida e se as 
premissas iniciais forem confirmadas. Para isso, não se 
pode partir de atributos acidentais. 
3. Distinguir ato de potência: 
Aristóteles não exclui o movimento da essência do ser. Os 
seres da natureza são seres em devir. Todos os seres que 
existem em ato (instante, forma atual) carregam uma 
virtualidade contida neles mesmos, um conjunto de 
mudanças previstas em sua própria natureza substancial. 
Aristóteles chama essa forma necessária, mas ainda não 
manifesta, de potência, mostrando que as mudanças 
acontecem dentro de um processo ordenado, que não 
descaracteriza a essência do ser. 
Devir é o movimento de atualização da matéria, a 
realização de sua potência: a matéria recebe a forma e 
muda de forma. Esse movimento é sempre impulsionado 
por uma força anterior, que Aristóteles chama de causa. 
Existem, segundo o filósofo, quatro causas fundamentais 
que explicam as substâncias em seus aspectos essenciais: 
Causa formal – o que é? 
Causa material – do que é feito? 
Causa eficiente – quem o criou? 
Causa final – qual é seu propósito? 
Para concluir suas reflexões metafísicas, Aristóteles busca 
entender e explicar o porquê das coisas se movimentarem 
incessantemente, ou seja, o sentido mais profundo do devir. 
A partir disso conclui que o devir, sendo uma condição 
essencial de tudo o que existe na natureza, também tem 
uma origem e uma causa. Para Aristóteles, a hipótese mais 
provável é a de que exista um ser pleno e imóvel, que 
impulsiona o movimento de toda a realidade. Este ser, o 
primeiro motor, seria a causa final (ou o propósito) de tudo 
o que existe. Assim, os seres vivos estariam em devir 
justamente porque desejam encontrar sua essência total e 
perfeita. Mas como as coisas naturais nunca poderão 
alcançar a perfeição imutável, uma vez que são de matéria 
perecível, tudo constantemente se renova, num fluxo sem 
fim. 
As mudanças do mundo, portanto, remetem à concepção 
teleológica que o filósofo assume para interpretá-lo. Tudo 
tende à realização de seu propósito (telos), por isso o devir 
se encaminha. Para Aristóteles, é como se tudo na natureza 
buscasse à sua realização mais plena. 
ÉTICA E POLÍTICA 
Para Aristóteles há uma relação direta entre ética e política. 
O ser humano necessariamente experimenta a vida 
coletivamente, o que leva o filósofo a definir o homem como 
 
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“um animal político”. Política é a arte de governar a Polis, 
ou seja, organizar a vida pública, coletiva. A política é a 
busca pelo bem comum, por isso seria o propósito maior da 
vida prática dos seres humanos. Assim como é a forma de 
poder que modera e organiza todos os outros poderes, 
próprios da esfera privada. 
 A ética, por sua vez, é a conduta consciente do indivíduo, 
apto a controlar seus impulsos e desejos e agir de forma 
orientada para o bem. Segundo o filósofo, a tarefa da ética 
é educar nosso desejo para que este não se torne vício e 
colabore com o desenvolvimento da virtude. 
A felicidade (eudaimonia), finalidade única da existência 
humana, só pode ser alcançada por meio da conduta 
virtuosa. Todos os homens orientam sua vida para alcançar 
um estado de menos sofrimento e perturbação. Para 
Aristóteles, porém, esse estado não é consequência de um 
acúmulo de sensações de prazer, mas do desenvolvimento 
de uma vida virtuosa. As virtudes não são inatas, mas 
aprendidas ao longo da vida, dependem, portanto, do 
fortalecimento da consciência ética, o que é uma habilidade 
racional. 
“O sujeito ético ou moral não se submete aos acasos da 
sorte, nem à vontade e aos desejos de um outro, nem à 
tirania das paixões (ou sentimentos e desejos 
incontroláveis), mas obedece apenas à sua consciência – 
que conhece o bem e as virtudes – e à sua vontade racional 
– que conhece os meios adequados para chegar aos fins 
morais. A busca do bem e da felicidade são a essência da 
vida ética.” 
(Marilena Chauí. Convite à Filosofia). 
As virtudes não estão nos excessos, mas no equilíbrio entre 
as qualidades. Elas requerem uma conduta racional, 
orientada por premissas éticas e caracterizadas pela 
moderação. 
Além disso, as virtudes humanas podem ser morais (éticas) 
ou intelectuais (dianoéticas). As primeiras, que o filósofo 
denomina de areté, possuem um caráter mais prático e 
determinam aptidão para a convivência e para o 
reconhecimento do bem comum. As segundas voltam-se 
para a vida contemplativa e para o exercício da filosofia. 
A liderança política, para Aristóteles, não requer 
necessariamente as virtudes dianoéticas, pois prescinde 
das habilidades morais, vinculadas à convivência na Polis. 
Com isso, Aristóteles confronta a perspectiva de Platão de 
que o filósofo deve administrar a cidade por ser dotado de 
uma alma racional. 
 
 
 
 
 
Aristóteles: formas de governo 
 
 
Em sua Política, Aristóteles defende que o governo, 
independente da forma, é bom se puder alcançar seu 
propósito, que é o bem comum, por isso o filósofo apresenta 
as formas de governo organizadas em relação à sua 
finalidade. As formas puras são justas e as corrompidas

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