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04 23 (Filosofia - Caderno 2) [Tetra e Medicina]

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Questões resolvidas

Qual é a teoria de Platão para explicar o mundo e as nossas possibilidades de conhecê-lo?

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

Platão inicia o capítulo 5 do Livro X de A República afirmando que a imitação está “a dois graus de afastamento da verdade”. Que razões ele alega para sustentar essa afirmação?

Qual a posição dos comunistas em relação aos proletários em geral?

Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos outros partidos operários. Não tem interesses diferentes daqueles do proletariado em geral. Não formulam quaisquer princípios particulares a fim de modelar o movimento proletário. O fim imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os outros partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa.

Sobre a exploração do trabalho no capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afirmar:
a) A superestrutura jurídica e política é o resultado do modo como as pessoas se organizam para produzir a subsistência material em determinada sociedade.
b) A superestrutura jurídica e política é o resultado da consciência social dos líderes políticos e independe do modo de produção em dada sociedade.
c) A superestrutura política é o resultado do modo como as pessoas se organizam para produzir a subsistência material em determinada sociedade, mas a esfera jurídica depende da consciência social.
d) A superestrutura jurídica é o resultado do modo como as pessoas se organizam para produzir a subsistência material em determinada sociedade, mas a esfera política depende da razão humana, uma vez que a ideia de justiça é inata.
e) A superestrutura jurídica e política é o resultado da consciência social dos homens.

"[...] uma grande marca enaltece - acrescenta um maior sentido de propósito à experiência, seja o desafio de dar o melhor de si nos esportes e nos exercícios físicos ou a afirmação de que a xícara de café que você bebe realmente importa [...] Segundo o velho paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre é secundário ao verdadeiro produto, a marca, e a venda de uma marca adquire um componente adicional que só pode ser descrito como espiritual". O efeito desse processo pode ser observado na fala de um empresário da Internet comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em seu umbigo: "Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me lembrar a cada dia como tenho de agir, isto é, ‘just do it’." Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, é correto afirmar:
a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir marcas que estimulam a conscientização em detrimento dos processos de alienação.
b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano desideologizado, aproximou-se dos ideais marxistas quanto ao ideal humano.
c) Graças às marcas e à influência da mídia, em sua atuação educativa, as pessoas tornaram-se menos sujeitas ao consumo.
d) O trabalho ideológico em torno das marcas solucionou as crises vividas desde a década de 1970 pelo capital oligopólico.
e) Por meio da ideologia associada à mundialização do capital, ampliou-se o fetichismo das mercadorias, o qual se reflete na resposta social às marcas.

De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica
a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho.
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção.
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente.
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades.

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Questões resolvidas

Qual é a teoria de Platão para explicar o mundo e as nossas possibilidades de conhecê-lo?

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

Platão inicia o capítulo 5 do Livro X de A República afirmando que a imitação está “a dois graus de afastamento da verdade”. Que razões ele alega para sustentar essa afirmação?

Qual a posição dos comunistas em relação aos proletários em geral?

Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos outros partidos operários. Não tem interesses diferentes daqueles do proletariado em geral. Não formulam quaisquer princípios particulares a fim de modelar o movimento proletário. O fim imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os outros partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa.

Sobre a exploração do trabalho no capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afirmar:
a) A superestrutura jurídica e política é o resultado do modo como as pessoas se organizam para produzir a subsistência material em determinada sociedade.
b) A superestrutura jurídica e política é o resultado da consciência social dos líderes políticos e independe do modo de produção em dada sociedade.
c) A superestrutura política é o resultado do modo como as pessoas se organizam para produzir a subsistência material em determinada sociedade, mas a esfera jurídica depende da consciência social.
d) A superestrutura jurídica é o resultado do modo como as pessoas se organizam para produzir a subsistência material em determinada sociedade, mas a esfera política depende da razão humana, uma vez que a ideia de justiça é inata.
e) A superestrutura jurídica e política é o resultado da consciência social dos homens.

"[...] uma grande marca enaltece - acrescenta um maior sentido de propósito à experiência, seja o desafio de dar o melhor de si nos esportes e nos exercícios físicos ou a afirmação de que a xícara de café que você bebe realmente importa [...] Segundo o velho paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre é secundário ao verdadeiro produto, a marca, e a venda de uma marca adquire um componente adicional que só pode ser descrito como espiritual". O efeito desse processo pode ser observado na fala de um empresário da Internet comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em seu umbigo: "Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me lembrar a cada dia como tenho de agir, isto é, ‘just do it’." Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, é correto afirmar:
a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir marcas que estimulam a conscientização em detrimento dos processos de alienação.
b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano desideologizado, aproximou-se dos ideais marxistas quanto ao ideal humano.
c) Graças às marcas e à influência da mídia, em sua atuação educativa, as pessoas tornaram-se menos sujeitas ao consumo.
d) O trabalho ideológico em torno das marcas solucionou as crises vividas desde a década de 1970 pelo capital oligopólico.
e) Por meio da ideologia associada à mundialização do capital, ampliou-se o fetichismo das mercadorias, o qual se reflete na resposta social às marcas.

De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica
a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho.
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção.
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente.
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades.

Prévia do material em texto

Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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Filosofia – Caderno 2 
 
SEMANA 6 – Platão e o Dualismo 
PLATÃO 
 
Discípulo de Sócrates e fundador da Academia. Viveu entre 
os anos de 427 e 347 a.C. Escreveu importantes obras 
(entre elas Fédon, A República, O Banquete, Mênon, 
Apologia de Sócrates), estruturadas na forma de diálogos. 
Platão produz uma teoria para explicar o mundo e as 
nossas possibilidades de conhecê-lo, que ficou conhecida 
como Dualismo. Nesta teoria, o filósofo busca sintetizar os 
pensamentos de Heráclito e Parmênides, mostrando que 
ambos propunham teses com sentido, mas olhavam para 
aspectos diferentes da realidade. Para Platão, há um fluxo 
interminável de coisas que sempre mudam, mas que são 
apenas o reflexo de um mundo verdadeiramente real em 
que nada muda. 
Plano Sensível Plano Inteligível 
Domínio do corpo (paixões) 
e da matéria, é perecível e 
imperfeito, está em constante 
mudança. 
Corresponde à natureza 
(mundo físico); é percebido 
por meio de nossos sentidos, 
crenças e opiniões 
superficiais 
Domínio da alma e das 
essências imutáveis e eternas 
(ideias). 
É captado mediante o 
exercício da razão, que 
transcende os aspectos 
sensíveis da realidade. 
Representa a essência do 
Bem, assim como tudo o que é 
belo e verdadeiro 
 
Para explicar a dinâmica entre esses planos, Platão 
desenvolve uma teoria sobre a reminiscência, na qual 
apresenta as bases do Inatismo: apesar de sermos seres 
da natureza, corpos perecíveis no mundo sensível, nós, 
seres humanos, nascemos com a razão e ela nos conecta 
ao conhecimento essencial, às ideias verdadeiras, e a 
filosofia nada mais faz do que relembrar essas ideias. Por 
isso, o papel do filósofo é explorar sua racionalidade e 
buscar a verdade intrínseca, inteligível, conectada com 
nossa capacidade racional. 
“Conhecer, diz Platão, é recordar a verdade que já existe 
em nós; é despertar a razão para que ela se exerça por si 
mesma. Por isso Sócrates fazia perguntas, pois, por meio 
delas, as pessoas podiam lembrar-se da verdade e do uso 
da razão. Se não nascêssemos com a razão e com a 
verdade, indaga Platão, como saberíamos que temos uma 
ideia verdadeira ao encontrá-la? Como poderíamos 
distinguir o verdadeiro do falso?” - Marilena Chauí, Convite 
à Filosofia. 
Assim, o pressuposto da teoria do conhecimento de Platão 
é o de que a verdade se encontra no mundo ideal, ou 
inteligível, acessível somente pelo exercício da razão 
humana. Nesse muno, há uma ideia referencial imutável e 
perfeita de tudo o que percebemos no mundo sensível. 
Para conhecer a verdade, portanto, devemos nos 
desprender dos aspectos sensíveis e elevar o nosso 
raciocínio aos níveis inteligíveis, em busca da essência das 
coisas. 
O filósofo despreza, portanto, o conhecimento material e 
imediato, assim como tudo o que remete ao corpo e às 
nossas crenças e opiniões. O mundo sensível não passa de 
uma ilusão da matéria e deve ser superado, tal como figura 
em sua célebre alegoria, presente na obra A República, que 
ficou conhecida como Mito da Caverna. Nesta alegoria, 
Platão busca ressaltar o modo como vivemos, em estado 
de ignorância, assumindo o ilusório como real. Isso 
acontece porque o conhecimento sensível alcança apenas 
a mera aparência das coisas. 
Segundo o filósofo, existem quatro graus de 
conhecimento pelos quais podemos passar em busca da 
verdade. Os dois primeiros remetem ao plano sensível, que 
deve ser superado, e o terceiro marca a transição ao 
conhecimento inteligível, própria a quem se dedica ao 
exercício filosófico ou à matemática. O último grau implica 
em uma aproximação mais concreta com a verdade, um 
estado semelhante à iluminação. 
imagem/ crença - opinião - raciocínio - 
intuição intelectual 
O método de conhecimento próprio da Filosofia seria a 
dialética, entendida como o contraste racional às bases 
superficiais do conhecimento. Por meio desse contraste 
chegar-se-ia à síntese, elevando o conhecimento a um nível 
superior. Sócrates, mestre de Platão, exercitava a dialética 
em sua vida pública, conversando com as pessoas, fazendo 
perguntas e incentivando o uso da razão. Platão, em seus 
textos que remetem aos diálogos socráticos, parte da 
opinião ou crença do interlocutor. A contradição inerente a 
tal postura revela-se com a antítese. A síntese, por sua vez, 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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tem o papel de apresentar a distinção entre a aparência e a 
essência, abrindo caminho para a construção do 
conhecimento verdadeiro. 
A República 
Em sua grande obra sobre a justiça, Platão constrói 
dialeticamente, ao longo de dez livros (equivalentes a 
capítulos), uma cidade justa que corresponderia ao 
indivíduo justo. O autor repudia a democracia, que dá poder 
aos ignorantes, e propõe um modelo aristocrático no qual 
os governantes devem ser os filósofos. Dotados de uma 
racionalidade aprimorada e de aptidão para buscar a 
verdade, somente esses sábios poderiam conduzir a cidade 
às melhores decisões. Para justificar esse modelo, Platão 
parte do pressuposto de que os homens são naturalmente 
desiguais e que apresentam diferentes propensões, 
portanto, deveriam exercer funções distintas na cidade. 
Esta tese está demonstrada em outra alegoria apresentada 
por Platão na obra A República, o mito de Er, em que o 
filósofo descreve os três tipos de alma e suas 
correspondentes funções em uma cidade ideal. 
tipo de alma característica 
quem a 
possui 
função 
na 
cidade 
Alma 
concupiscente 
Busca satisfazer 
as necessidades 
corporais 
Artesãos, 
comerciantes 
produção 
e 
sustento 
Alma 
irascível 
Senso de justiça; 
defende o corpo 
das agressões 
Guerreiros, 
soldados 
Proteção 
da cidade 
Alma racional 
Senso crítico; 
aptidão para 
buscar a 
verdade 
Filósofos 
Organizar 
e aplicar 
a lei; 
governar 
a cidade 
A arte na visão de Platão 
Além de apresentar sua teoria sobre o conhecimento 
(dualismo) e mostrar como ela pode ser aplicada na vida da 
cidade, é também na obra A República que Platão 
desenvolve uma de suas teses mais famosas sobre a arte. 
Tomada como “inimiga da filosofia”, por incentivar 
experiências sensoriais que conduzem às emoções, a arte, 
segundo o filósofo, ilude e distancia o sujeito da busca pela 
verdade, devendo, portanto, “ser expulsa da cidade”. Sendo 
a imitação das coisas sensíveis (mímesis), a arte estaria 
dois graus apartada da verdade, por isso é tão desprezada 
por Platão. 
“A mímesis é representação da aparência. Tal 
representação fundamenta-se em uma semelhança com 
aspectos secundários e superficiais da coisa representada. 
Desse ponto de vista a mímesis teria, como que inscrita em 
sua própria natureza, a impossibilidade de mostrar as 
coisas como realmente são, limitando-se a mostrar apenas 
como aparecem. Como representam a aparência das 
coisas, as artes miméticas mantém com o original uma 
relação tênue, forjada por uma semelhança superficial. (...) 
É isto que define o imitador: produtor de imagens, mas 
imagens afastadas a dois graus da realidade. (...) A arte 
potencializa a experiência sensível, intensifica as emoções 
a ponto de impedir a descoberta da natureza do sensível 
como imagem imperfeita da Forma, ou seja, impedir que a 
sua deficiência seja exposta. A arte oculta a deficiência do 
sensível.” 
Os Filósofos e a Arte; Rafael Haddock-Lobo (org.). 
Platão contra a arte, Fernando Muniz. 
 
TEXTO COMPLEMENTAR: A TEORIA DO 
CONHECIMENTO NA REPÚBLICA, DE PLATÃO. 
No livro VI da República, a exposição da teoria do 
conhecimento é, ao mesmo tempo, a exposição da 
separação e diferença entre o sensível e o inteligível, cada 
qual com os seus modos de conhecer hierarquicamente 
distribuídos. 
Platão apresenta os modos ou graus de conhecimento 
distribuídos em um diagrama dividido em duas partes 
desiguais, isto é, uma delas é maior do que a outra. A parte 
inferior é chamada de “o visível” (corresponde ao mundo 
sensível)e é menor do que a parte superior, chamada de 
“invisível” (corresponde ao mundo inteligível). A primeira 
parte é o mundo físico e ético percebido por intermédio da 
aparência sensível das coisas; a segunda parte é o mundo 
das ideias puras, aprendido exclusivamente pelo 
pensamento. 
Platão estabelece, então, distribuídos nesses dois planos, 
quatro modos de conhecimento: imagem; opinião; 
raciocínio e intuição intelectual. 
Platão designa o conhecimento por imagens com o termo 
eikasía; e por opinião, pístis e dóxa, ambos pertencentes ao 
plano sensível. Designa o conhecimento por raciocínios 
dedutivos ou demonstrativos, isto é, o pensamento 
discursivo, com o termo diaánoia; e a intuição intelectual, 
nóesis. 
(...) 
Para explicar o movimento de passagem de um grau de 
conhecimento para o outro, no livro VII da República, Platão 
narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do 
conhecimento platônica. Uma analogia entre conhecer e 
ver é o tema dessa alegoria, narrada por Sócrates a Glauco 
para fazê-lo compreender o sentido da paidéia filosófica, 
isto é, da dialética do verdadeiro conhecimento. 
Imaginemos, diz Sócrates, uma caverna subterrânea 
separada do mundo externo por um alto muro. Entre este e 
o chão da caverna há uma fresta por onde passa alguma 
luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase 
completa. Desde seu nascimento, geração após geração, 
seres humanos ali estão acorrentados. Os prisioneiros 
julgam que as sombras de coisas e pessoas (tudo o que 
percebem do interior da caverna, mas que remete ao 
mundo exterior) são as próprias coisas externas. Nesse 
 
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Filosofia & Sociologia 
 
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ponto Glauco diz a Sócrates que o quadro descrito por ele 
lhe parece algo estranho, incomum. Sócrates, porém, lhe 
diz que os prisioneiros são “semelhantes a nós”. E 
prossegue. Os prisioneiros se comunicam, dando nome às 
coisas que julgam ver e imaginam que o que escutam – e 
que não sabem que são sons vindos de fora – são as vozes 
das próprias sombras. Qual é, pois, a situação dessas 
pessoas aprisionadas? Tomam as sombras por 
realidade, tanto as sombras dos homens exteriores como 
as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa 
confusão, porém, não tem como causa a natureza dos 
prisioneiros, mas as condições adversas em que se 
encontram. Por isso Sócrates indaga: que aconteceria se 
fossem libertados dessa condição de miséria e, “retornando 
à sua natureza, pudessem ver as coisas que de fato existem 
e ser curados de sua ignorância?”. 
Essa é a pergunta grave. De fato, para os prisioneiros o 
único mundo real é a caverna. A obscuridade é, portanto, 
experimentada como realidade verdadeira. E a caverna é 
para eles todo o mundo real, pois não sabem que o que 
veem na parede do fundo são as sombras de um outro 
mundo, exterior à caverna. 
Um dos prisioneiros escapa e, com muita dificuldade, sai da 
caverna. No primeiro instante, enche-se de dor por conta 
dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e 
pelo ofuscamento de seus olhos sob a ação da luz externa. 
Sente-se dividido entre a incredulidade e o 
deslumbramento. Seu primeiro impulso é retornar à caverna 
para livrar-se da dor e do espanto, pois lá tudo é familiar e 
conhecido. 
A descrição platônica é dramática: o caminho em direção 
ao mundo exterior é íngreme e rude; o prisioneiro liberto 
sofre; a luz do sol o cega; ele se sente arrancado, puxado 
para fora por uma força incompreensível. Platão narra um 
parto: o parto da alma que nasce para a verdade e é dada 
à luz. 
Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por 
conta da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no 
exterior. Aos poucos, habitua-se à luz do e começa a ver o 
mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as 
próprias coisas, descobrindo que via apenas sombras. 
Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e 
lutará com todas as suas forças para jamais regressas a 
ela. No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros 
prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar 
ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e 
convencê-los a se libertarem também. De volta à caverna, 
o prisioneiro fica cego novamente, mas agora pela ausência 
de luz. Ali dentro é desajeitado, inábil, não sabe mover-se 
entre as sombras e é desajeitado para falar com os outros, 
não sendo acreditado por eles. Torna-se objeto de 
zombaria e riso, e correrá o risco de ser morto pelos que 
jamais se disporão a abandonar a caverna. Impossível para 
o leitor não identificar a figura de Sócrates na do prisioneiro 
que se liberta, retorna e é morto pelos homens das 
sombras. 
A caverna, explica Sócrates a Glauco, é o mundo sensível 
onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é 
um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das ideias) sobre o 
mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as 
coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras. Os 
grilhões são os nossos preconceitos, nossa confiança em 
nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento 
que quebra grilhões e permite a escalada do muro é a 
dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz 
que ele vê é a luz plena do ser, o Bem, que ilumina o mundo 
inteligível como o sol ilumina o mundo sensível. O retorno à 
caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo 
filosófico. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de 
iluminação. A educação filosófica é uma conversão da 
alma, voltando-se do sensível para o inteligível. Essa 
educação não nos ensina as coisas nem nos dá a visão, 
mas orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui 
em si mesma a capacidade para ver. 
O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento 
ascendente de libertação do olhar intelectual que nos livra 
da cegueira para vermos a luz das ideias. Mas descreve 
também o retorno do prisioneiro para tentar libertar seus 
companheiros. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão 
que vai da imagem à crença ou opinião, destas para a 
matemática e destas para a intuição intelectual e a ciência; 
e o do descenso, que consiste em praticar com os outros o 
trabalho para subir até as ideias. 
Os olhos foram feitos para ver, a alma foi feita para 
conhecer. O relato da subida e da descida expõe a Paidéia 
como dupla violência necessária para a liberdade e para a 
realização da verdadeira natureza da alma: a ascensão é 
difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, 
uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a 
abandonar a luz da felicidade. A dialética, como toda a 
técnica, é uma atividade exercida contra a passividade, 
forçando um ser a realizar sua própria natureza. No Mito, a 
dialética leva a alma a ver sua própria essência para 
descobrir seu parentesco com elas, pois a alma é parte da 
ideia como os olhos são parte da luz. 
Fonte: Marilena Chauí. Introdução à História da Filosofia (vol. 1) – 
adaptado. 
EXERCÍCIOS 
1. (ENEM 2014) 
 
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado 
apontando para o alto. Esse gesto significa que o 
http://2.bp.blogspot.com/-RJF1ZdvsykU/VF-8CgMUJvI/AAAAAAAAA0c/OCgKRLBCsto/s1600/QO.jpg
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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conhecimento se encontra em uma instância na qual o 
homem descobre a: 
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. 
b) realidade inteligível por meio do método dialético. 
c) Salvação da condição mortal pelo poder de Deus. 
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino. 
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 
2. (ENEM 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em 
Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto 
de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma 
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material 
que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. 
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
se em sua mente. 
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio dafilosofia. 
São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). 
 
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um 
aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 
a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa 
diante dessa relação? 
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. 
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o 
conhecimento a eles. 
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e 
sensação são inseparáveis. 
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, 
mas a sensação não. 
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação 
é superior à razão. 
 
3. (Uff 2011) Segundo Platão, as opiniões dos seres 
humanos sobre a realidade são quase sempre 
equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que 
eles mudam de opinião de acordo com as circunstâncias. 
Como agem baseados em opiniões, sua conduta resulta 
quase sempre em injustiça, desordem e insatisfação, ou 
seja, na imperfeição da sociedade. 
Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma 
sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu 
governo coubesse exclusivamente 
a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força para 
obrigar todos a agirem corretamente. 
b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a sociedade 
sob a mesma vontade. 
c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar 
bem os recursos da sociedade. 
d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam a 
maioria a agir de modo organizado. 
e) aos filósofos, porque somente eles disporiam de 
conhecimento verdadeiro e imutável. 
 
 
 
4. (UEL 2017) Leia a tirinha e o texto II a seguir e responda: 
 
(Disponível em: <http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/ 
files/2014/02/AngeliIdeologia.gif>. Acesso em: 20 abr. 2016.) 
 
Texto II 
Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é preciso 
conhecer para te iniciares na política; antes, não. Então, 
primeiro precisarás adquirir virtude, tu ou quem quer que se 
disponha a governar ou a administrar não só a sua pessoa 
e seus interesses particulares, como a cidade e as coisas a 
ela pertinentes. Assim, o que precisas alcançar não é o 
poder absoluto para fazeres o que bem entenderes contigo 
ou com a cidade, porém justiça e sabedoria. 
(PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes. 
Belém: EDUFPA, 2004. p.281-285.) 
 
Com base na tirinha, no texto II e nos conhecimentos sobre 
a ética e a política em Platão, assinale a alternativa correta. 
a) A virtude individual terá fraca influência sobre o governo 
da cidade, já que a administração da cidade independe da 
qualidade de seus cidadãos. 
b) Justiça, sabedoria e virtude resultam da opinião do 
legislador sobre o que seria melhor para a cidade e para o 
indivíduo. 
c) O indivíduo deve possuir a virtude antes de dirigir a 
cidade, pois assim saberá bem governar e ser justo, já que 
se autogoverna. 
d) Para se iniciar em política, primeiro é necessário o poder 
absoluto para fazer o bem para a cidade e a si próprio. 
e) Todo conflito desaparece em uma cidade se a virtude 
fizer parte da administração, mesmo que o dirigente não a 
possua. 
5. (IFSP 2011) “– Mas escuta, a ver se eu digo bem. O 
princípio que de entrada estabelecemos que devia 
 
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observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos 
a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou 
uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, 
segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te 
lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na 
cidade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada.” 
(PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. 
Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 2001, p. 185.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a 
concepção platônica de justiça, na cidade ideal, assinale a 
alternativa correta. 
a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a 
que respeita o princípio de igualdade natural entre todos os 
seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os 
mesmos direitos perante a lei. 
b) Platão defende que a democracia é fundamento 
essencial para a justiça, uma vez que permite a todos os 
cidadãos o exercício direto do poder. 
c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural 
das ações de cada indivíduo na perseguição de seus 
interesses pessoais, desde que esses interesses também 
contribuam para o bem comum. 
d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é 
possível se cada cidadão executar, da melhor maneira 
possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer 
bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões. 
e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro 
do organismo social tiver condições de perseguir seus 
ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão 
econômica e social. 
 
6. (UFU 2011) No pórtico da Academia de Platão, havia a 
seguinte frase: “não entre quem não souber geometria”. 
Essa frase reflete sua concepção de conhecimento: quanto 
menos dependemos da realidade empírica, mais puro e 
verdadeiro é o conhecimento tal como vemos descrito em 
sua Alegoria da Caverna. 
“A ideia de círculo, por exemplo, preexiste a toda a 
realização imperfeita do círculo na areia ou na tábula 
recoberta de cera. Se traço um círculo na areia, a ideia que 
guia a minha mão é a do círculo perfeito. Isso não impede 
que essa ideia também esteja presente no círculo imperfeito 
que eu tracei. É assim que aparece a ideia ou a forma.” 
(JEANNIÈRE, Abel. Platão. Tradução de Lucy Magalhães. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1995. 170 p.). 
 
Com base nas informações acima, assinale a alternativa 
que interpreta corretamente o pensamento de Platão. 
a) A Alegoria da Caverna demonstra, claramente, que o 
verdadeiro conhecimento não deriva do “mundo inteligível”, 
mas do “mundo sensível”. 
b) Todo conhecimento verdadeiro começa pela percepção, 
pois somente pelos sentidos podemos conhecer as coisas 
tais quais são. 
c) Quando traçamos um círculo imperfeito, isto demonstra 
que as ideias do “mundo inteligível” não são perfeitas, tal 
qual o “mundo sensível”. 
d) As ideias são as verdadeiras causas e princípio de 
identificação dos seres; o “mundo inteligível” é onde se 
obtêm os conhecimentos verdadeiros. 
 
7. (UEL 2009) Leia o texto a seguir e responda à 
questão. 
- Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles 
fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a 
ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam 
deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o 
forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a 
andar e a olhar para a luz, a fazer tudo isso, sentiria dor, e 
o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas 
sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém 
lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo 
que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, 
voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe 
cada um desses objetos que passavam, o forçassem com 
perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria 
em dificuldade e suporia que os objetos vistos outrora eram 
mais reais do que os que agora lhe mostravam? 
(PLATÃO. A República 7. ed. Lisboa: Caiouste &Ibenkian, 
 I993. p. 3I8-3I9.) 
 
O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão 
desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da 
Caverna, é correto afirmar. 
I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro 
dela, corresponde ao mundo inteligível, o do conhecimento 
do verdadeiro ser. 
II. Explicita como Platão concebe e estrutura o 
conhecimento. 
III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na 
medida em que, ao voltar à caverna, aquele que 
contemplou o bem quer libertar da contemplação das 
sombras os antigos companheiros. 
IV. Apresenta uma concepção de conhecimento 
estruturada unicamente em fatores circunstanciais e 
relativistas. 
 
Assinalea alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. 
 
8. (UEL 2007) Considere a citação abaixo: 
“Sócrates: Tomemos como princípio que todos os poetas, 
a começar por Homero, são simples imitadores das 
aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, 
mas que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao 
pintor de que falávamos há instantes, que desenhará uma 
aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, 
 
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para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam 
as coisas segundo a aparência?” 
 Glauco – “Sim”. 
Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. 
São Paulo: Nova Cultural, 1997. p.328. 
 
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a 
mímesis em Platão, assinale a alternativa correta. 
a) Platão critica a pintura e a poesia porque ambas são 
apenas imitações diretas da realidade. 
b) Para Platão, os poetas e pintores têm um conhecimento 
válido dos objetos que representam. 
c) Tanto os poetas quanto os pintores estão, segundo a 
teoria de Platão, afastados dois graus da verdade. 
d) Platão critica os poetas e pintores porque estes, à medida 
que conhecem apenas as aparências, não têm nenhum 
conhecimento válido do que imitam ou representam. 
e) A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são 
cópias imperfeitas do mundo das ideias. 
 
9. (UEL 2007) Em A República, Platão analisa cinco formas 
de governo a fim de determinar qual delas é a melhor e mais 
justa, isto é, qual delas corresponde ao modelo de 
constituição idealizado por ele. Segundo Platão, o Estado é 
a imagem amplificada do homem justo. Considere o 
seguinte diálogo entre Sócrates e Adimanto, apresentado 
em A República, Livro VIII. 
Sócrates – Sendo assim, diz: não é o desejo insaciável 
daquilo que a democracia considera o seu bem supremo 
que a perde? 
Adimanto – E que bem é esse? 
Sócrates – A liberdade. [...] 
Adimanto – Sim, é isso o que se ouve muitas vezes. 
Sócrates – O que eu ia dizer há pouco é: não é o desejo 
insaciável desse bem, e a indiferença por todo o resto, que 
muda este governo e o obriga a recorrer à tirania? 
Adimanto – Como? 
Sócrates – Quando um Estado democrático, sedento de 
liberdade, passa a ser dominado por maus chefes, que 
fazem com que ele se embriague com esse vinho puro para 
além de toda a decência, então, se os seus magistrados 
não se mostram inteiramente dóceis e não lhe concedem 
um alto grau de liberdade, ele castiga-os, acusando-os de 
serem criminosos e oligarcas. [...] E ridiculariza os que 
obedecem aos magistrados e trata-os de homens servis e 
sem valor. Por outro lado, louva e honra, em particular e em 
público, os governantes que parecem ser governados e os 
governados que parecem ser governantes. Não é inevitável 
que, num Estado assim, o espírito de liberdade se estenda 
a tudo? 
Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. 
São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 280-281. 
 
 
Com base no diálogo anterior e nos conhecimentos sobre 
as formas de governo analisadas por Platão, considere as 
seguintes afirmativas: 
I. A democracia é a negação da justiça, pois ela rejeita o 
princípio da escolha de governantes pelo critério da 
capacidade específica. 
II. A democracia é uma forma de governo que, ao dar livre 
curso aos desejos supérfluos e perniciosos dos indivíduos, 
se degenera em tirania. 
III. A democracia é a mais bela forma de governo, pois 
privilegia a liberdade que é o mais belo de todos os bens. 
IV. Na democracia, cada indivíduo assume a sua função 
própria dentro da polis. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV. 
 
10. (UEL 2006) “Quando é, pois, que a alma atinge a 
verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja 
investigar com a ajuda do corpo qualquer questão que seja, 
o corpo, é claro, a engana radicalmente. 
- Dizes uma verdade. 
- Não é, por conseguinte, no ato de raciocinar, e não de 
outro modo, que a alma apreende, em parte, a realidade de 
um ser? 
- Sim. 
[...] - E é este então o pensamento que nos guia: durante 
todo o tempo em que tivermos o corpo, e nossa alma estiver 
misturada com essa coisa má, jamais possuiremos 
completamente o objeto de nossos desejos! Ora, esse 
objeto é, como dizíamos, a verdade.” 
 
(PLATÃO. Fédon. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 66-67.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a 
concepção de verdade em Platão, é correto afirmar: 
a) O conhecimento inteligível, compreendido como 
verdade, está contido nas ideias que a alma possui. 
b) A verdade reside na contemplação das sombras, 
refletidas pela luz exterior e projetadas no mundo sensível. 
c) A verdade consiste na fidelidade, e como Deus é o único 
verdadeiramente fiel, então a verdade reside em Deus. 
d) A principal tarefa da filosofia está em aproximar o máximo 
possível a alma do corpo para, dessa forma, obter a 
verdade. 
e) A verdade encontra-se na correspondência entre um 
enunciado e os fatos que ele aponta no mundo sensível. 
 
11. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre 
poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da 
hipótese das ideias, as quais designam a unidade na 
pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como 
exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, 
tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, 
o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta 
 
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pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera 
aparência. 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das 
ideias de Platão, é correto afirmar: 
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto 
co-participante da criação divina, alcança a verdadeira 
causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro 
que produz. 
b) A participação das coisas às ideias permite admitir as 
realidades sensíveis como as causas verdadeiras 
acessíveis à razão. 
c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio 
da imitação não alcançam o conhecimento das ideias como 
verdadeiras causas de todas as coisas. 
d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, 
como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram 
sua verdade: a beleza em si e por si. 
e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas 
sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-las 
como tais na percepção de sua aparência. 
 
12. (UFPR 2011) Platão inicia o capítulo 5 do Livro X de A 
República afirmando que a imitação está “a dois graus de 
afastamento da verdade”. Que razões ele alega para 
sustentar essa afirmação? 
13. (UNESP 2013) 
Do lado oposto da caverna, Platão situa uma fogueira fonte 
da luz de onde se projetam as sombras – e alguns homens 
que carregam objetos por cima de um muro, como num 
teatro de fantoches, e são desses objetos as sombras que 
se projetam no fundo da caverna e as vozes desses 
homens que os prisioneiros atribuem às sombras. Temos 
um efeito como num cinema em que olhamos para a tela e 
não prestamos atenção ao projetor nem às caixas de som, 
mas percebemos o som como proveniente das figuras na 
tela. 
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001.) 
 
Explique o significado filosófico da Alegoria da 
Caverna de Platão, comentando sua importância para a 
distinção entre aparência e essência. 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
1. B 2. D 3. E 4. C 5. D 6. D 
7. B 8. C 9. A 10. A 11. C 
SEMANA 7 – Marx, Engels e o Materialismo Histórico 
Dialético 
Karl Marx (1818 – 1883) 
 
Pensador alemão, consideradoum dos autores clássicos 
da Sociologia. Não se definia propriamente como sociólogo 
e nem se alinha aos modelos teóricos e metodológicos do 
Positivismo. Marx desenvolve uma profunda crítica à 
sociedade moderna (século XIX), o que permite a 
construção de uma reflexão sobre as relações de produção 
e sua consequência na organização das sociedades. Dessa 
crítica deriva o lugar de destaque que ocupa entre os 
pensadores que fundamentam a Sociologia enquanto 
disciplina. Boa parte de sua obra se deu em parceria com 
Friedrich Engels, filósofo alemão. 
Principais obras: 
- Manuscritos Econômico-filosóficos (1844); 
- A Ideologia Alemã (1845-46), em parceria com Engels; 
- Manifesto Comunista (1848), em parceria com Engels; 
- O Capital (1867-1883); 
 
Possui uma concepção dialética da realidade, em que a luta 
de classes é apresentada como motor da história. Por meio 
das tensões entre clássicas antagônicas, a história se 
transforma, alternando-se os distintos modos de produção. 
Apesar de perceber essa lógica em outros momentos da 
história, Marx dedica-se particularmente ao estudo do 
capitalismo, atendo-se às possibilidades desse sistema ser 
superado. 
Para Marx e Engels, a burguesia é a classe revolucionária 
que transforma as bases de produção feudal e implementa 
o capitalismo. Contudo, no capitalismo agravam-se as 
discrepâncias sociais, agora protegidas pela ideia 
amplamente difundida de que se trata de uma sociedade 
mais livre e igualitária. A análise das características e 
contradições do capitalismo está no cerne das críticas 
marxistas. 
Capitalismo: 
- separação entre trabalhadores e meios de produção 
(acumulação primitiva); 
 
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- aumento da riqueza e diminuição da distribuição da 
riqueza 
- sustenta-se na desigualdade entre as classes sociais. Os 
meios de produção encontram-se nas mãos de uma única 
classe social, a burguesia. 
- o trabalho humano transforma-se em uma mercadoria. O 
trabalho e alienado. Há uma “fetichização” da mercadoria, 
ao mesmo tempo em que acontece uma desumanização 
das relações pessoais. 
 
Principais conceitos presentes na obra de Marx: 
O TRABALHO é entendido como plataforma da história: 
atividade produtiva e criativa que simultaneamente 
proporciona os meios de subsistência e atribui sentido para 
a existência do indivíduo. 
O modo como as pessoas trabalham, ou seja, produzem 
economicamente a sua subsistência (MODO DE 
PRODUÇÃO MATERIAL) molda a sociedade e as relações 
sociais. 
↓ 
 
- conjunto de técnicas, saberes e objetos empregados pelo 
homem na produção; 
- divisão do trabalho e dos meios de produção; 
- Exemplos: asiático, escravista, servil e capitalista. 
 
MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO 
O modo de produção material condiciona a vida dos 
indivíduos, ou seja, a produção é a base de toda ordem 
social. 
Nosso pensamento é fruto das condições materiais de 
nosso período histórico. A consciência, portanto, não é 
autônoma diante da existência, mas formada a partir da 
história. 
 
 → 
 
“[...] na produção social da sua existência, os homens 
estabelecem relações determinadas, necessárias, 
independentes da sua vontade, relações de produção... O 
conjunto destas relações de produção constitui a estrutura 
econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se 
eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual 
correspondem determinadas formas de consciência social”. 
 (MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Tradução de 
Florestan Fernandes. São Paulo, Ed. Mandacaru, 1989, p. 28.) 
IDEOLOGIA: falsa consciência histórica que emana das 
relações de produção, impondo a visão da classe 
dominante. Opacidade da história. 
Para Karl Marx, a história não se revela de modo 
transparente. Há uma falsa consciência que emana das 
próprias relações de produção. Tal consciência, que tem 
como papel justamente disseminar certas ideias que 
garantam a manutenção de valores fundamentais à classe 
dominante, é chamada ideologia. 
O papel da ideologia é mascarar o que ocorre de fato na 
sociedade, representando uma forma de dominação social 
e política. 
O modo de produção material condiciona a vida dos 
indivíduos, ou seja, a produção é a base de toda ordem 
social. Nosso pensamento é fruto das condições materiais 
de nosso período histórico. A consciência, portanto, não é 
autônoma diante da existência, mas formada a partir da 
história. Um exemplo de ideologia burguesa, na visão de 
Marx, seria a ideia de que as diferenças entre os indivíduos 
são resultados da concorrência natural: se trabalharmos, 
todos obteremos sucesso! 
Assim como Platão, que apresenta uma hipótese para 
explicar a nossa condição de alienação em relação à 
verdade, Marx a também não crê que a verdade seja 
assimilada pelo homem. Contudo, na visão do filósofo 
moderno, o processo de criação e manutenção da ideologia 
está vinculado ao processo de produção e ao papel das 
classes dominantes. 
“Se, na concepção do decurso da história, separarmos as 
ideais da classe dominante da própria classe dominante e 
se as concebermos como autônomas, sem nos 
preocuparmos com as condições de produção e com os 
produtores dessas ideias, então podemos afirmar que, por 
exemplo, na época em que a aristocracia dominou, os 
conceitos de honra, fidelidade etc. dominaram, ao passo 
que na época da dominação da burguesia dominaram os 
conceitos de liberdade, igualdade etc. É o que, em média, 
imagina a própria classe dominante. Tal concepção da 
história, comum a todos historiadores, especificamente 
desde o século XIII, defrontar-se-á necessariamente com o 
fenômeno de que as ideias cada vez mais abstratas 
dominam, isto é, ideias que tomam cada vez mais a forma 
de universalidade. Com efeito, a cada nova classe que toma 
o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para 
alcançar os fins a que se propões, a apresentar seus 
interesses como sendo o interesse comum de todos os 
membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo 
em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas ideias a 
forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as 
únicas racionais, as únicas universalmente válidas”. 
(MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. 
 São Paulo: Hucitec, 1984.) 
ALIENAÇÃO: o objeto do trabalho não pertence mais ao 
trabalhador; o processo de trabalho perde o sentido (crítica 
à especialização) e a vida social, aos poucos, torna-se 
também desprovida de sentido, uma vez que o trabalho 
atribui sentido à vida do indivíduo. Esses seriam os três 
níveis da alienação descritos por Marx na obra O Capital. 
INFRAESTRUTURA: 
relações de produção; 
modos de produção 
SUPERESTRUTURA: 
instituições políticas e 
culturais; valores e 
pensamentos 
 
 
 
 
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MAIS-VALIA: diferença entre o valor produzido pelo 
trabalho e o salário pago ao trabalhador. 
Estratégias para a obtenção de mais-valia: trabalho pago 
por hora ou turno; jornada de trabalho estendida; inserção 
de novas tecnologias; aceleração do ritmo de produção. 
 
TEXTOS COMPLEMENTARES 
A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a 
história das lutas de classes. 
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, 
mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o 
opressor e o oprimido permaneceram em constante 
oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra 
ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou, cada 
vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda a 
sociedade ou pela destruição das classes em conflito. 
Desde épocas mais remotas da história, encontramos, em 
praticamente toda parte, uma complexa divisão da 
sociedade em classes diferentes, uma gradação múltipla 
das condições sociais. Na Roma Antiga, temos os patrícios, 
os guerreiros, os plebeus, os escravos; Na Idade Média, os 
senhores, os vassalos, os mestres, os companheiros,os 
aprendizes, os servos; e, em quase todas as classes, outras 
camadas subordinadas. 
A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da 
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. 
Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de 
opressão, novas formas de luta em lugar das velhas. 
No entanto, a nossa época, a época da burguesia, possui 
uma característica: simplificou os antagonismos de classes. 
A sociedade global divide-se cada vez mais em dois 
campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam 
– a burguesia e o proletariado. (...) 
Na mesma proporção em que a burguesia, ou seja, o 
capital, se desenvolve, desenvolve-se também o 
proletariado, a classe dos trabalhadores modernos, que só 
podem viver se encontrarem trabalho, e só encontram 
trabalho na medida em que este aumenta o capital. Esses 
trabalhadores que são obrigados a vender-se diariamente, 
são uma mercadoria, são um artigo de comércio, sujeitos, 
portanto, às vicissitudes da concorrência, às flutuações do 
mercado. (...) 
Qual a posição dos comunistas em relação aos proletários 
em geral? 
Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos 
outros partidos operários. Não tem interesses diferentes 
daqueles do proletariado em geral. Não formulam quaisquer 
princípios particulares a fim de modelar o movimento 
proletário. 
O fim imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos 
os outros partidos proletários: constituição dos proletários 
em classe, derrubada da supremacia burguesa. 
Marx e Engels – O Manifesto Comunista 
 
Que faz a ideologia? Oferece a uma sociedade dividida em 
classes sociais antagônicas, e que vive na forma de luta de 
classes, uma imagem que permite a unificação e a 
identificação social – uma língua, uma religião, uma raça, 
uma nação, uma pátria, um estado, uma humanidade, 
mesmos costumes. Assim, a função primordial da ideologia 
é ocultar a origem da sociedade(relações de forças 
produtivas sob a divisão do trabalho social), dissimular a 
presença da luta de classes, negar as desigualdades 
sociais (como se fossem consequência de talentos 
diferentes, da preguiça ou da disciplina laboriosa) e 
oferecer a imagem da comunidade (o Estado) originada 
como contrato social entre homens livres e iguais. A 
ideologia é a lógica da dominação social e política. 
 Marilena Chauí – Convite à Filosofia
 
Texto 3: 
CHINESES, ROBÔS E A ‘UBERIZAÇÃO’ DAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO 
Alexandre Andrada - 9 de Abril de 2019, 0h02 
UMA DAS GRANDES maravilhas do capitalismo é a 
inovação. Inovar significa, de maneira simples, criar 
 
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algo novo ou fazer algo velho de uma nova maneira. E 
nisso o capitalismo é craque. 
Talvez dois mais importantes economistas políticos que 
analisaram o fenômeno da inovação foram o alemão Karl 
Marx (escudado por vezes por seu amigo Friedrich Engels) 
e o austríaco Joseph Schumpeter. 
No Manifesto de 1848, numa das passagens mais famosas 
do texto, Marx e Engels afirmam: 
“A burguesia não pode existir sem revolucionar 
permanentemente os instrumentos de produção, portanto 
as relações de produção, portanto as relações sociais 
todas”. 
Enquanto as sociedades baseadas em outros modos de 
produção se caracterizavam pela estabilidade das relações 
econômicas e sociais, o capitalismo é marcado pela 
revolução permanente. E é essa instabilidade que permitiu 
que a burguesia realizasse em poucos séculos de domínio 
maravilhas maiores que “as pirâmides egípcias, dos 
aquedutos romanos e das catedrais góticas”. 
N’O Capital de 1867, Marx volta a mostrar seu 
alumbramento com as inovações, no capítulo 13, intitulado 
“Maquinaria e Grande Indústria”. Mas o tema perpassa todo 
seu sistema. No modelo de Marx, o capitalista busca 
aumentar a massa de mais-valor que extrai de seus 
trabalhadores. Se estamos em um mundo de produtos 
idênticos – camisas brancas, por exemplo –, o capitalista 
pode aumentar seus lucros fazendo seus operários 
trabalharem por mais horas que a concorrência (mais-valor 
absoluto), ou fazer com que seus trabalhadores produzam 
mais mercadorias em menos tempo (mais-valor relativo). 
Para Marx, a dificuldade estava no mais-valor relativo. Para 
produzir mais em menos tempo, são necessárias novas 
máquinas e equipamentos, novas formas de comunicação, 
de transporte, de organização da produção, novos sistemas 
de logística etc. O capitalista que conseguir criar ou fazer 
uso dessas inovações terá uma maior taxa e uma maior 
massa de lucro, conquistando cada vez mais participação 
no mercado. Caminhará para se tornar um dos gigantes do 
setor. 
Quem não for capaz – ou não tiver recursos para inovar – 
será engolido. Aliás, mesmo a empresa líder do mercado – 
como contam as histórias da Kodak e da Nokia – mostra 
que a bancarrota está sempre na esquina. 
Em 1911, na sua obra Teoria do Desenvolvimento 
Econômico, Schumpeter fez bom uso das teorias de Marx, 
a partir de uma ótica liberal. Para Schumpeter, a mudança 
não nasce a partir de modificações nos gostos dos 
consumidores. Na verdade, são os empresários inovadores 
que criam novos produtos e “educam” (esse é o termo 
usado pelo autor) os consumidores sobre sua necessidade. 
Toda criação está carregada de destruição. 
Um exemplo pessoal. Nos meus tempos de faculdade, a 
viagem de ônibus era embalada por música ouvida através 
de um CD player e, principalmente, um walkman. Eu 
andava com três ou quatro fitas na mochila, e o mundo 
parecia bom. 
Jamais imaginei que um dia, poucos anos mais tarde, 
haveria uma coisa chamada Ipod – ou o MP3 da feira, seu 
primo pobre ao qual tive acesso –, no qual cabiam as 
músicas de todos os CD’s que eu tinha na minha casa 
(sobrando espaço, aliás). Nós jamais demandamos um 
telefone celular que fosse também um computador, uma 
televisão e um Ipod (aliás, o smartphone matou o Ipod de 
modo lento e cruel). 
Mas como fica evidente nesses dois exemplos, toda criação 
está carregada de destruição. O Ipod destruiu o discman, o 
smartphone destruiu o Ipod. Isso é parte do fenômeno que 
Schumpeter chamou de “destruição criativa”. O novo 
produto ou o novo processo destrói o que era velho. 
Mês passado foi divulgado que, com o fechamento de uma 
loja na Austrália, há hoje apenas uma única Blockbuster no 
mundo. Há uma década, eram 9 mil lojas, com pés nos 
quatro cantos do mundo, no Brasil inclusive. Uma rede 
literalmente global foi morta por uma inovação: Netflix. 
Outro exemplo: há poucos anos atrás ter frota de táxis era 
um ótimo investimento. Para obter uma licença de taxista, 
o sujeito precisava desembolsar uma pequena fortuna. Hoje 
qualquer um pode se cadastrar no Uber e operar como táxi. 
Mas nem tudo são rosas. Muitos são os trabalhadores ao 
longo da história que sofreram (e sofrerão) com o 
desemprego derivado de alguma inovação poupadora de 
mão de obra. No início do século 19, os chamados ludistas 
destruíram as máquinas que lhes roubavam os empregos. 
O drama dos trabalhadores instigou os economistas: seria 
a inovação boa também para os trabalhadores? 
As condições médias de trabalho no mundo todo têm 
piorado. 
Para os marxistas, a resposta seria negativa. Essas 
inovações, num sistema capitalista, forçariam os salários 
para baixo, reduzindo o poder de barganha dos 
trabalhadores, jogando alguns na miséria, outros no 
subemprego e muitos em empregos precários. 
Os liberais, via de regra, respondem essa pergunta 
afirmativamente. Ainda que a inovação destrua alguns 
empregos, ela cria fundos que permitem investimentos e 
aumento da produção que farão com que a região 
inovadora seja capaz de criar mais vagas de trabalho, que 
pagam salários maiores. 
Depois de um começo vacilante, as evidências pareciam 
corroborar a visão liberal. Os países mais inovadores são 
os que oferecem mais e melhores empregos. Enquanto 
países atrasados tecnologicamente têm menos vagas e 
piores salários. 
Mas há algumas décadas, desde o início da 
hiperglobalização apóso fim da Guerra Fria, um movimento 
contraditório vem acontecendo. Com a entrada de mais de 
 
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1 bilhão de chineses no mercado de trabalho capitalista – 
sem contar os de outros lugares –, multidões de 
trabalhadores de países subdesenvolvidos têm escapado 
da miséria. Porém, as condições médias de trabalho no 
mundo todo têm piorado. Nos países centrais, por exemplo, 
os ganhos de produtividade não parecem se materializar 
em aumentos de salários (ainda que esse dado seja 
controverso). 
Além disso, tem crescido, desde os anos 1970, o número 
de horas trabalhadas pelos americanos, bem como a 
proporção daqueles que trabalham mais de 40 horas 
semanais. Quarenta horas semanais foram uma conquista 
de trabalhadores ingleses (uma pequena porção, é 
verdade) ainda em 1889. 
Um cenário melancólico, se pensarmos no otimismo de um 
J. M. Keynes que, em 1930, acreditava que os netos de 
seus contemporâneos poderiam viver em abundância 
trabalhando três horas por dia. Hoje o fantasma dos robôs 
e da chamada “uberização” das relações trabalhistas é um 
espectro que ronda todo o mundo. 
Um número crescente de profissões pode facilmente ser 
substituída por algoritmos, robôs e outras tecnologias 
digitais (como a minha, de professor universitário). O Uber, 
que tem sido a tábua de salvação de milhões de pessoas 
em países como o Brasil, tem um modelo de negócio em 
que seu funcionário sequer é seu funcionário. Há a 
liberdade aparente de trabalhar quando e quanto quiser, 
que se materializa em jornadas intermináveis – há casos de 
motoristas que vivem literalmente em seus carros nos EUA 
– e em uma virtual ausência absoluta de direitos 
trabalhistas em caso de acidentes, doenças, incapacidades 
etc. 
Estamos caminhando para o mundo do “freela”, das 
relações pautadas pela uberização. A reforma trabalhista 
de Temer e a carteira de trabalho verde-amarela de 
Bolsonaro são passos nessa direção. 
Enquanto gerações passadas podiam sonhar em construir 
uma carreira de 30 anos numa mesma empresa, é provável 
que as novas tenham que se acostumar com a instabilidade 
do desenho “uber” de trabalho. 
Como já se disse uma vez: tudo o que era sólido se 
desmancha no ar. 
FONTE: theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-
trabalho/ 
EXERCÍCIOS 
1. (ENEM 2013) “Na produção social que os homens 
realizam, eles entram em determinadas relações 
indispensáveis e independentes de sua vontade; tais 
relações de produção correspondem a um estágio definido 
de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. 
A totalidade dessas relações constitui a estrutura 
econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual 
se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual 
correspondem determinadas formas de consciência social.” 
MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; 
ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). 
 Para o autor, a relação entre economia e política 
estabelecida no sistema capitalista faz com que 
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-
valia. 
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da 
produção material. 
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível 
com o progresso humano. 
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao 
desenvolvimento econômico. 
 e) a burguesia revolucione o processo social de formação 
da consciência de classe. 
 
2. (UEL 2008) “No capitalismo, os trabalhadores produzem 
todos os objetos existentes no mercado, isto é, todas as 
mercadorias; após havê-las produzido, entregam-nas aos 
proprietários dos meios de produção, mediante um salário; 
os proprietários dos meios de produção vendem as 
mercadorias aos comerciantes, que as colocam no 
mercado de consumo; e os trabalhadores ou produtores 
dessas mercadorias, quando vão ao mercado de consumo, 
não conseguem comprá-las. [...] Embora os diferentes 
trabalhadores saibam que produziram as diferentes 
mercadorias, não percebem que, como classe social, 
produziram todas elas, isto é, que os produtores de tecidos, 
roupas, alimentos [...] são membros da mesma classe 
social. Os trabalhadores se veem como indivíduos isolados 
[...], não se reconhecem como produtores da riqueza e das 
coisas.“ 
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 13 ed. 
São Paulo: Ática, 2004. p. 387.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre alienação e 
ideologia, considere as afirmativas a seguir: 
a) A consciência de classe para os trabalhadores resulta da 
vontade de cada trabalhador em superar a situação de 
exploração em que se encontra sob o capitalismo. 
b) É no mercado que a exploração do trabalhador torna-se 
explícita, favorecendo a formação da ideologia de classe. 
c) A ideologia da produção capitalista constitui-se de 
imagens e ideias que levam os indivíduos a 
compreenderem a essência das relações sociais de 
produção. 
d) As mercadorias apresentam-se de forma a explicitar as 
relações de classe e o vínculo entre o trabalhador e o 
produto realizado. 
e) O processo de não identificação do trabalhador com o 
produto de seu trabalho é o que se chama alienação. A 
ideologia liga-se a este processo, ocultando as relações 
sociais que estruturam a sociedade. 
3. (UEM – Inverno 2008) Em termos sociológicos, assinale 
o que for correto sobre o conceito de classes sociais: 
01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as 
desigualdades se estruturam e se reproduzem nas 
sociedades. 
https://theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/
https://theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/
 
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02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes 
sociais transformam-se ao longo da história conforme a 
dinâmica dos modos de produção. 
04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, 
pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os 
diversos grupos envolvidos no sistema produtivo. 
08) A formação de uma classe social, como os proletários, 
só se realiza na sua relação com a classe opositora, no 
caso do exemplo, a burguesia. 
16) A afirmação “a história da humanidade é a história das 
lutas de classes” expressa a ideia de que as 
transformações sociais estão profundamente associadas 
às contradições existentes entre as classes. 
 
4. (FGV) Leia com atenção as proposições abaixo: 
I. "A história de qualquer sociedade até aos 
nossos dias foi apenas a história da luta de 
classes. Homem livre e escravo, patrício e 
plebeu, barão e servo, mestre e companheiro, 
numa palavra opressores e oprimidos em 
oposição constante, desenvolveram uma 
guerra que acabava sempre ou por uma 
transformação revolucionária da sociedade 
inteira, ou pela destruição das duas classes em 
luta." 
II. II. "Se me pedissem para responder à pergunta 
- 'O que é a escravidão?' e eu respondesse 
numa só palavra: 'Assassinato!', todos 
entenderiam imediatamente o significado da 
minha resposta. Não seria necessário utilizar 
nenhum outro argumento para demonstrar que 
o poder de roubar um homem de suas idéias, 
de sua vontade e sua personalidade é um 
poder de vida ou morte e que escravizar um 
homem é o mesmo que matá-lo. Por que, 
então, não posso responder da mesma forma 
a essa outra pergunta: 'O que é a 
propriedade?' com uma palavra só: 'Roubo'." 
 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) A primeira proposição reproduz um trecho de uma das 
mais importantes obras do filósofo alemão Karl Marx, que 
serviu de base para a ideologia liberal desenvolvida no 
século XIX. 
b) A segunda proposição refere-se ao manifesto cristão 
proposto por bispos da Igreja, indignados com a miséria que 
assolava as classes trabalhadoras européias no século XIX. 
c) A "luta de classes" é um dos principais aspectos da 
doutrina marxista e a definição da "propriedade como um 
roubo" tornou-se um dos principais lemas do anarquismo 
desde o século XIX. 
d) A segundaproposição é de Joseph Proudhon, teórico 
liberal francês, indignado com a escravidão ainda praticada 
em determinados continentes no século XIX. 
e) A segunda proposição refere-se à região da Palestina na 
perspectiva sionista, desenvolvida na Europa ao final do 
século XIX. 
 
5. (Mackenzie) No século XIX, o mundo do trabalho fez 
surgir novas perspectivas para a compreensão da 
sociedade contemporânea. O Manifesto Comunista (1848), 
de Marx e Engels, indica a mudança de concepções 
abstratas e utópicas sobre a sociedade, para outras mais 
concretas e combativas. (Carlos Guilherme Mota) 
Sobre Karl Marx e Friedrich Engels é INCORRETO afirmar: 
a) A obra que sintetizou as suas teorias econômicas, 
sociais, políticas e culturais foi O Capital, que retomava a 
tradição do pensamento dialético, aprofundando-o na linha 
do Materialismo Histórico. 
b) A sociedade capitalista é contraditória, uma vez que 
produz um trabalho excedente que jamais retorna ao 
trabalhador, isto é, a mais valia. 
c) Formularam um socialismo de um novo tipo, baseado na 
concepção de que o capitalismo deve progressiva e 
pacificamente evoluir para o socialismo. 
d) Criticavam os socialistas Saint-Simon, Charles Fourier e 
Robert Owen, que não se baseavam, como eles, num 
estudo científico da história para aprender as leis da 
sociedade e da economia. 
e) As lutas de classes entre proprietários e trabalhadores 
eram percebidas por eles como uma contradição 
fundamental do sistema capitalista e que levariam à 
abolição da ordem burguesa e do Estado que sobre ela se 
sustentava. 
 
6. (UFRRJ) "A criação de um proletariado despossuído, (...) 
cultivadores vítimas de expropriações violentas repetidas, 
foi necessariamente mais rápida que sua absorção pela 
nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa de 
mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o final do século 
XV e durante todo o século XVI na Europa Ocidental foi 
criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da 
atual classe operária foram castigados por terem sido 
reduzidos à situação de vagabundos e pobres. A legislação 
os tratava como criminosos voluntários; ela pressupunha 
que dependia de seu livre arbítrio continuar a trabalhar 
como antes." 
(MARX, Karl. "O Capital". Paris, Garnier-Flamarion, 1969.) 
As transformações econômicas e sociais costumam gerar 
profundas alterações no chamado "mundo do trabalho". A 
situação apontada por Marx refere-se ao processo histórico 
a) das revoluções anti-capitalistas, ocorridas na Europa, 
contra as quais a burguesia determinou severa repressão. 
 b) das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas à 
destruição das máquinas e à exploração por elas causada. 
c) da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores foram 
transformados em massa de manobra dos interesses 
burgueses. 
d) de cercamentos dos campos, com o deslocamento de um 
grande contingente de despossuídos da sua área rural de 
origem. 
e) da Revolução Industrial, quando os criminosos eram 
expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em outra 
ocupação, pela legislação vigente. 
 
 
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7. (UEL 2011) Observe a charge. 
 
Com base na charge e nos conhecimentos sobre a teoria 
de Marx, é correto afirmar: 
a) A produção mercantil e a apropriação privada são justas, 
tendo em vista que os patrões detêm mais capital do que os 
trabalhadores assalariados. 
b) Um dos elementos constitutivos da acumulação 
capitalista é a mais-valia, que consiste em pagar ao 
trabalhador menos do que ele produziu em uma jornada de 
trabalho. 
c) A mercadoria, para poder existir, depende da existência 
do capitalismo e da substituição dos valores de troca pelos 
valores de uso. 
d) As relações sociais de exploração surgiram com o 
nascimento do capitalismo, cuja faceta negativa está em 
pagar salários baixos aos trabalhadores. 
e) Sob o capitalismo, os trabalhadores se transformaram 
em escravos, fato acentuado por ter se tornado impossível, 
com a individualização do trabalho e dos salários, a 
consciência de classe entre eles. 
 
8. (UEL 2010) Ao separar completamente o patrão e o 
empregado, a grande indústria modificou as relações de 
trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os 
interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo 
equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a 
anomia e o perigo da desintegração ameaça todo o corpo 
social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se 
isola em sua atividade especial, já não percebe os 
colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra, 
nem sequer tem ideia dessa obra comum. 
(DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; 
BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clássicos. Vol 1. 
Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91.) 
 
De acordo com K. Marx, uma situação semelhante à 
descrita no texto, em que trabalhadores isolados em suas 
tarefas no processo produtivo “não percebem seus 
colaboradores na mesma obra, nem tem ideia dessa obra 
comum”, é explicada pelo conceito de: 
 
a) Alienação. 
b) Ideologia. 
c) Estratificação. 
d) Anomia social. 
e) Identidade social. 
 
9. (UEM 2008) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena 
Chauí afirma que “(...) a coerência ideológica não é obtida 
malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas. 
Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é 
aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a 
suposta veracidade daquilo que está explicitamente 
afirmado”. 
(O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04). 
Considerando o texto acima e o conceito de ideologia para 
Karl Marx, assinale o que for correto. 
01) Na maioria das sociedades capitalistas, as 
desigualdades são ocultadas pelos princípios ideológicos 
que afirmam a importância dos seguintes elementos: o 
progresso, o “vencer na vida”, o individualismo, a mínima 
presença do Estado na economia e a soberania popular por 
meio da representação. 
02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em 
uma determinada sociedade, portanto expressa a realidade 
tal qual ela é na sua objetividade. 
04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir 
uma “questão” individual sem interferências anteriores e 
influências comunitárias para a sua sustentação. Assim, 
com base em sua própria ideologia, ela poderá refletir e agir 
em sua sociedade. 
08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia 
racial afirma que índios, negros e brancos vivem em 
harmonia, com igualdade de condições. Essa formulação 
omite as desigualdades étnicas existentes no país. 
16) Ideologia consiste em ideias que predominam na 
sociedade e que, por isso, são internalizadas por todos os 
indivíduos. Portanto não existem possibilidades de se 
romper com seus pressupostos. 
 
10. (UEL 2008) Sobre a exploração do trabalho no 
capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é 
correto afirmar: 
 
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a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos 
meios de produção se apropriam das horas não pagas ao 
trabalhador, obtendo maior excedente no processo de 
produção das mercadorias. 
b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas 
após o horário contratado, que não são pagas ao 
trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. 
c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios 
de produção extrai e se apropria do excedente produzido 
pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das 
horas trabalhadas. 
d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador 
receberá o valor real do que produziu durante a jornada de 
trabalho. 
e) As horas extras trabalhadas após o expediente 
constituem-se na essência do processo de produção de 
excedentes e da apropriação das mercadorias pelo 
proprietário dos meios de produção. 
 
11. (UEL 2007) Karl Marx exerceu grande influênciana 
teoria sociológica. Segundo o autor: “[...] na produção social 
da sua existência, os homens estabelecem relações 
determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, 
relações de produção... O conjunto destas relações de 
produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a 
base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura 
jurídica e política e à qual correspondem determinadas 
formas de consciência social”. 
 (MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Tradução de 
Florestan Fernandes. São Paulo, Ed. Mandacaru, 1989, p. 28). 
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre o autor, 
é correto afirmar que: 
a) A superestrutura jurídica e política é o resultado do modo 
como as pessoas se organizam para produzir a 
subsistência material em determinada sociedade. 
b) A superestrutura jurídica e política é o resultado da 
consciência social dos líderes políticos e independe do 
modo de produção em dada sociedade. 
c) A superestrutura política é o resultado do modo como as 
pessoas se organizam para produzir a subsistência material 
em determinada sociedade, mas a esfera jurídica depende 
da consciência social. 
d) A superestrutura jurídica é o resultado do modo como as 
pessoas se organizam para produzir a subsistência material 
em determinada sociedade, mas a esfera política depende 
da razão humana, uma vez que a ideia de justiça é inata. 
e) A superestrutura jurídica e política é o resultado da 
consciência social dos homens. 
 
12. (UEL 2006) “[...] uma grande marca enaltece - 
acrescenta um maior sentido de propósito à experiência, 
seja o desafio de dar o melhor de si nos esportes e nos 
exercícios físicos ou a afirmação de que a xícara de café 
que você bebe realmente importa [...] Segundo o velho 
paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. 
De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre 
é secundário ao verdadeiro produto, a marca, e a venda de 
uma marca adquire um componente adicional que só pode 
ser descrito como espiritual”. O efeito desse processo pode 
ser observado na fala de um empresário da Internet 
comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em seu 
umbigo: “Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho 
para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me 
lembrar a cada dia como tenho de agir, isto é, ‘just do it’.” 
(KLEIN, Naomi. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. 
Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 45-76.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, é 
correto afirmar: 
a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir 
marcas que estimulam a conscientização em detrimento 
dos processos de alienação. 
b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano 
desideologizado, aproximou-se dos ideais marxistas quanto 
ao ideal humano. 
c) Graças às marcas e à influência da mídia, em sua 
atuação educativa, as pessoas tornaram-se menos sujeitas 
ao consumo. 
d) O trabalho ideológico em torno das marcas solucionou as 
crises vividas desde a década de 1970 pelo capital 
oligopólico. 
e) Por meio da ideologia associada à mundialização do 
capital, ampliou-se o fetichismo das mercadorias, o qual se 
reflete na resposta social às marcas. 
13. (UFU 2000) De acordo com a teoria de Marx, a 
desigualdade social se explica 
a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de 
cada um no desempenho de seu trabalho. 
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente 
da separação entre proprietários e não proprietários dos 
meios de produção. 
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos 
indivíduos, determinadas biologicamente. 
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos 
homens mais capazes em contextos históricos, marcados 
pela igualdade de oportunidades. 
14. (UFU 1998) A ideia de alienação, segundo Marx, 
refere-se 
I. à identidade entre os produtores e seus produtos. 
II. à separação entre o trabalhador e o produto de seu 
trabalho, devido à divisão social do trabalho e à 
propriedade privada dos meios de produção. 
III. à separação do Estado como um poder autônomo, 
imparcial, acima da coletividade e que a domina. 
IV. ao fato de o trabalhador não se reconhecer no produto 
da sua atividade. 
 
a) I, III e IV estão corretas. 
b) I, II e III estão corretas. 
c) II, III e IV estão corretas. 
d) II e IV estão corretas. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
15. (UNESP 2012) Leia os textos. 
 
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Texto 1 
Ora, a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, 
é a última e mais perfeita expressão do modo de produção 
e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na 
exploração de uns pelos outros. Neste sentido, os 
comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: 
a abolição da propriedade privada. (…) 
A ação comum do proletariado, pelo menos nos países 
civilizados, é uma das primeiras condições para sua 
emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo homem 
e tereis suprimido a exploração de uma nação por outra. 
Quando os antagonismos de classes, no interior das 
nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade 
entre as próprias nações. 
(Marx e Engels. Manifesto comunista, 1848.) 
Texto 2 
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para 
nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é 
inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, 
mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a 
natureza. (…) Se a propriedade privada fosse abolida, 
possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a 
partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade 
desapareceriam entre os homens. (…) Mas sou capaz de 
reconhecer que as premissas psicológicas em que o 
sistema se baseia são uma ilusão insustentável. (…) A 
agressividade não foi criada pela propriedade. (…) 
Certamente (…) existirá uma objeção muito óbvia a ser 
feita: a de que a natureza, por dotar os indivíduos com 
atributos físicos e capacidades mentais extremamente 
desiguais, introduziu injustiças contra as quais não há 
remédio. 
(Sigmund Freud. Mal-estar na civilização, 1930. Adaptado.) 
Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre 
a relação entre a propriedade privada e as tendências 
de hostilidade e agressividade entre os homens e as 
nações? Explicite, também, a diferença entre os 
métodos ou pontos de vista empregados pelos autores 
dos textos para analisar a realidade. 
 
16. (UEL 2016) Leia o texto a seguir. 
O homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a 
religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do 
homem, que ou não se encontrou ou voltou a se perder. 
Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado fora do 
mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, a 
sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a 
religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles 
são um mundo invertido. 
(MARX, K. Crítica à Filosofia do Direito de Hegel. 
 São Paulo: Boitempo, 2005. p.145.) 
 
Na teoria do pensador Karl Marx, há um conceito que 
explica essa inversão da realidade (por conseguinte, da 
consciência) e, em razão dela, da relação do sujeito (seres 
humanos) com aquilo que, objetiva e subjetivamente, ele 
produz. 
Com referência às ideias de Marx, responda aos itens a 
seguir. 
a) Qual é esse conceito? 
b) O que significa inverter a relação sujeito-objeto? Explique 
como isso se manifesta na religião. 
 
 
 
Gabarito: 
 
 1. B 2. E 3. (27) 4. C 
5. C 6. D 7. B 8. A 
9. (25) 10. C 11. A 12. E 
13. B 14. D 
 
 
SEMANA 8 – Aristóteles e a teleologia 
ARISTÓTELES (384 – 322 a.C.) 
 
Nasce em Estagira, na Macedônia, e aos dezoito anos 
muda-se para Atenas para estudar na Academia fundada 
por Platão. Torna-se tutor de Alexandre, o Grande, e funda 
sua própria instituição de ensino, chamada de Liceu. 
Assim como Platão, Aristóteles valoriza a razão como 
atributo fundamental do homem, mas sua filosofia 
distingue-seem muitos aspectos da de seu professor. O 
principal ponto contraditório entre ambos diz respeito ao 
fato de Aristóteles não apresentar uma concepção dualista 
sobre a realidade. Para Aristóteles, o mundo das coisas 
sensíveis, ou a natureza, não é um mundo aparente ou 
 
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ilusório. Por isso propõe uma nova metafísica, na qual 
rejeita o plano inteligível. Ou seja, as essências estão nas 
próprias coisas, nos homens, nas ações e é tarefa da 
filosofia conhecê-las. 
Aristóteles desenvolve, então, um pensamento sistemático 
sobre a realidade, abrangendo os mais diversos campos de 
estudo: Metafísica, Ética, Política, Arte, Física, Astronomia 
e Lógica. 
METAFÍSICA ARISTOTÉLICA 
Como conhecer a verdade, interpretar de modo seguro a 
realidade? 
Uma vez que as essências – conhecimentos verdadeiros 
sobre o Ser – não se encontram em uma dimensão superior 
tal qual o plano inteligível de Platão, Aristóteles empreende 
uma tarefa filosófica de tentar conhecer as essências no 
mundo físico, considerando que este mundo está em 
constante mudanças. Conciliar as essências (sentido pleno 
do ser) com o movimento (transformações do mundo 
sensível) é grande missão filosófica de Aristóteles. Ao fazê-
la, o filósofo abre precedentes para uma compreensão mais 
empírica do mundo e deixará um imenso legado na história 
do pensamento ocidental. 
Seu raciocínio para compreender o mundo de modo mais 
pleno estrutura-se a partir de alguns pilares importantes: 
1. Deve-se partir da sensação até alcançar a intelecção, 
buscando captar as propriedades essenciais dos seres, 
sem as quais eles não seriam o que são. 
Graus de conhecimento: 
sensação – memória – experiência – 
arte/técnica – teoria 
Mesmo o conhecimento sensorial sendo básico e 
superficial, ele é a base para que possamos conhecer o 
mundo de modo mais complexo. 
2. É importante podermos distinguir os atributos essenciais 
dos atributos acidentais: 
Essência é o que faz uma substância ser o que é; sua 
matéria (aquilo de que o ser é constituído) e sua forma 
(aquilo que o define). A essência revela-se, segundo o 
filósofo, por meio do conhecimento das causas 
fundamentais de uma substância; por isso, além da forma 
e da matéria, conecta-se também à origem e ao propósito 
daquele ser. 
Já os acidentes seriam as propriedades da substância que 
poderiam ser diferentes sem alterar quem ou o que ela é; 
particularidades de cada ser, tais como quantidade, 
qualidade, relação, tempo, posição, lugar, estado, paixão e 
hábito. 
Uma das formas de se distinguir os atributos essenciais dos 
acidentais se dá por meio do Silogismo, base do raciocínio 
que fundamenta a lógica aristotélica: 
Todo homem é mortal. 
Sócrates é homem. 
Logo, Sócrates é mortal. 
A conclusão é verdadeira se a lógica for mantida e se as 
premissas iniciais forem confirmadas. Para isso, não se 
pode partir de atributos acidentais. 
3. Distinguir ato de potência: 
Aristóteles não exclui o movimento da essência do ser. Os 
seres da natureza são seres em devir. Todos os seres que 
existem em ato (instante, forma atual) carregam uma 
virtualidade contida neles mesmos, um conjunto de 
mudanças previstas em sua própria natureza substancial. 
Aristóteles chama essa forma necessária, mas ainda não 
manifesta, de potência, mostrando que as mudanças 
acontecem dentro de um processo ordenado, que não 
descaracteriza a essência do ser. 
Devir é o movimento de atualização da matéria, a 
realização de sua potência: a matéria recebe a forma e 
muda de forma. Esse movimento é sempre impulsionado 
por uma força anterior, que Aristóteles chama de causa. 
Existem, segundo o filósofo, quatro causas fundamentais 
que explicam as substâncias em seus aspectos essenciais: 
Causa formal – o que é? 
Causa material – do que é feito? 
Causa eficiente – quem o criou? 
Causa final – qual é seu propósito? 
Para concluir suas reflexões metafísicas, Aristóteles busca 
entender e explicar o porquê das coisas se movimentarem 
incessantemente, ou seja, o sentido mais profundo do devir. 
A partir disso conclui que o devir, sendo uma condição 
essencial de tudo o que existe na natureza, também tem 
uma origem e uma causa. Para Aristóteles, a hipótese mais 
provável é a de que exista um ser pleno e imóvel, que 
impulsiona o movimento de toda a realidade. Este ser, o 
primeiro motor, seria a causa final (ou o propósito) de tudo 
o que existe. Assim, os seres vivos estariam em devir 
justamente porque desejam encontrar sua essência total e 
perfeita. Mas como as coisas naturais nunca poderão 
alcançar a perfeição imutável, uma vez que são de matéria 
perecível, tudo constantemente se renova, num fluxo sem 
fim. 
As mudanças do mundo, portanto, remetem à concepção 
teleológica que o filósofo assume para interpretá-lo. Tudo 
tende à realização de seu propósito (telos), por isso o devir 
se encaminha. Para Aristóteles, é como se tudo na natureza 
buscasse à sua realização mais plena. 
ÉTICA E POLÍTICA 
Para Aristóteles há uma relação direta entre ética e política. 
O ser humano necessariamente experimenta a vida 
coletivamente, o que leva o filósofo a definir o homem como 
 
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“um animal político”. Política é a arte de governar a Polis, 
ou seja, organizar a vida pública, coletiva. A política é a 
busca pelo bem comum, por isso seria o propósito maior da 
vida prática dos seres humanos. Assim como é a forma de 
poder que modera e organiza todos os outros poderes, 
próprios da esfera privada. 
 A ética, por sua vez, é a conduta consciente do indivíduo, 
apto a controlar seus impulsos e desejos e agir de forma 
orientada para o bem. Segundo o filósofo, a tarefa da ética 
é educar nosso desejo para que este não se torne vício e 
colabore com o desenvolvimento da virtude. 
A felicidade (eudaimonia), finalidade única da existência 
humana, só pode ser alcançada por meio da conduta 
virtuosa. Todos os homens orientam sua vida para alcançar 
um estado de menos sofrimento e perturbação. Para 
Aristóteles, porém, esse estado não é consequência de um 
acúmulo de sensações de prazer, mas do desenvolvimento 
de uma vida virtuosa. As virtudes não são inatas, mas 
aprendidas ao longo da vida, dependem, portanto, do 
fortalecimento da consciência ética, o que é uma habilidade 
racional. 
“O sujeito ético ou moral não se submete aos acasos da 
sorte, nem à vontade e aos desejos de um outro, nem à 
tirania das paixões (ou sentimentos e desejos 
incontroláveis), mas obedece apenas à sua consciência – 
que conhece o bem e as virtudes – e à sua vontade racional 
– que conhece os meios adequados para chegar aos fins 
morais. A busca do bem e da felicidade são a essência da 
vida ética.” 
(Marilena Chauí. Convite à Filosofia). 
As virtudes não estão nos excessos, mas no equilíbrio entre 
as qualidades. Elas requerem uma conduta racional, 
orientada por premissas éticas e caracterizadas pela 
moderação. 
Além disso, as virtudes humanas podem ser morais (éticas) 
ou intelectuais (dianoéticas). As primeiras, que o filósofo 
denomina de areté, possuem um caráter mais prático e 
determinam aptidão para a convivência e para o 
reconhecimento do bem comum. As segundas voltam-se 
para a vida contemplativa e para o exercício da filosofia. 
A liderança política, para Aristóteles, não requer 
necessariamente as virtudes dianoéticas, pois prescinde 
das habilidades morais, vinculadas à convivência na Polis. 
Com isso, Aristóteles confronta a perspectiva de Platão de 
que o filósofo deve administrar a cidade por ser dotado de 
uma alma racional. 
 
 
 
 
 
Aristóteles: formas de governo 
 
 
Em sua Política, Aristóteles defende que o governo, 
independente da forma, é bom se puder alcançar seu 
propósito, que é o bem comum, por isso o filósofo apresenta 
as formas de governo organizadas em relação à sua 
finalidade. As formas puras são justas e as corrompidasdevem ser evitadas. A democracia, para Aristóteles, seria 
uma forma corrompida da Politeia, o governo constituído de 
modo justo entre as diferentes parcelas que ocupam a 
sociedade. 
ESTÉTICA 
Aristóteles não condena a arte, tal como Platão, mas busca 
resgatar o valor arcaico tradicional das artes literárias, o que 
as atrela à sabedoria e verdade. A mímesis para ele não é 
falsidade, mas representação. A catarse, emoções ou 
comoções suscitadas pelas ações representadas, possui 
uma função educativa: motivação para ações mais 
elevadas (tragédia); vergonha e autorreflexão (comédia). 
Ambas trabalham com aspectos morais da formação do 
caráter (virtude). Além disso, as representações poéticas 
tendem a captar o universal, revelando elementos 
essenciais da realidade. 
EXERCÍCIO 
1. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada 
com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania 
relativa a nós, a qual é determinada por um princípio 
racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. 
 
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(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd 
Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ética em 
Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética 
a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada 
entre o excesso e a falta. 
b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e 
do que é prazeroso na falta. 
c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais 
adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. 
d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão 
de preferências pragmáticas. 
e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o 
fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos. 
 
2. (UFU 2009) Leia atentamente o texto a seguir. 
“Logo, o que é primeiramente, isto é, não em sentido 
determinado, mas sem determinações, deve ser a 
substância. 
Ora, em vários sentidos se diz que uma coisa é primeira, e 
em todos eles o é a substância: na definição, na ordem de 
conhecimento, no tempo.” 
ARISTÓTELES. Metafísica. (1028a 30-35). Tradução de Leonel 
Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p.147-148. 
De acordo com o pensamento de Aristóteles, marque a 
alternativa incorreta. 
a) Para Aristóteles, o conhecimento somente é possível 
tendo por objeto as substâncias, pois dos acidentes não é 
possível se fazer ciência. 
b) A substância, ao contrário do acidente, é a categoria por 
meio da qual sabemos o que uma coisa é, pois é a partir da 
substância que definimos uma coisa. 
c) Pode-se dizer que, para a metafísica aristotélica, a 
substância é a característica necessária de uma coisa, uma 
vez que nos indica em que sentido uma coisa é. 
d) Segundo a metafísica aristotélica, a definição de cada ser 
é apreendida pela ordenação e classificação de suas 
características acidentais. 
3. (UEL 2009) Para Aristóteles, 
Só julgamos que temos conhecimento de uma coisa 
quando conhecemos sua causa. E há quatro tipos de 
causa: a essência, as condições determinantes, a causa 
eficiente desencadeadora do processo e a causa final. 
(ARISTÓTELES. Analíticos Posteriores. Livro II. 
Bauru: Edipro. 2005. p. 327.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a metafísica 
aristotélica, é correto afirmar. 
 
a) A existência de um plano superior constituído das ideias 
e atingido apenas pelo intelecto permite a Aristóteles a 
compreensão objetiva dos fenômenos que ocorrem no 
mundo físico. 
b) A realidade, para Aristóteles, sendo constituída por seres 
singulares, concretos e mutáveis, pode ser conhecida 
indutivamente pela observação. 
c) Para a compreensão das transformações e da 
mutabilidade dos seres, Aristóteles recorre ao princípio da 
criação divina. 
d) Na metafísica aristotélica, a compreensão do devir de 
todas as coisas está vinculada à determinação da causa 
material e da causa formal sobre a causa final. 
e) Para Aristóteles, todas as coisas tendem naturalmente 
para um fim (telos), sendo esta concepção teleológica da 
realidade a que explica a natureza de todos os seres. 
 
4. (UFF 2009) 
 
Na célebre pintura A escola de Atenas, o artista 
renascentista italiano Rafael reuniu os principais nomes da 
filosofia grega, tendo ao centro do quadro as figuras de 
Platão e de Aristóteles. Na figura, Platão aponta com sua 
mão para o alto e Aristóteles aponta para baixo. Deste 
modo, com estes gestos, Rafael estava ilustrando a 
distinção entre a filosofia de Platão e a filosofia de 
Aristóteles. 
Indique e discorre sobre a principal diferença entre a 
filosofia de Platão e a de Aristóteles. 
5. (UEM 2018) “Por natureza, todos os homens desejam o 
conhecimento. [...] a ciência que investiga causas é mais 
instrutiva do que uma que não o faz, pois é aquela que nos 
diz as causas de qualquer coisa particular que nos instrui. 
Ademais, o conhecimento e o entendimento desejáveis por 
si mesmos são mais alcançáveis no conhecimento daquilo 
que é mais cognoscível. Pois o homem que deseja o 
conhecimento por si mesmo vai desejar sobretudo o 
conhecimento mais perfeito, que é o conhecimento do mais 
cognoscível, e as coisas mais cognoscíveis são os 
princípios e causas primeiros; porque é através e a partir 
destas que outras coisas vêm a ser compreendidas.” 
(ARISTÓTELES, Metafísica - livro I. In: MARCONDES, D. Textos básicos 
de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 46-51). 
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
 
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01) As coisas cognoscíveis não podem ser conhecidas pelo 
ser humano. 
02) O homem deseja o conhecimento mais perfeito, e isso 
só é possível pela ciência que investiga as causas. 
04) A ciência que investiga a causa das coisas e a ciência 
dos princípios das coisas são contraditórias. 
08) O conhecimento não é natural nos seres humanos, mas 
um desejo que alguns têm, e outros, não. 
16) O conhecimento científico fundamenta-se no 
conhecimento das causas e dos princípios das coisas. 
 
6. (Unesp 2017) Sendo, pois, de duas espécies a virtude, 
intelectual e moral, a primeira gera-se e cresce graças ao 
ensino – por isso requer experiência e tempo –, enquanto a 
virtude moral é adquirida em resultado do hábito. Não é, 
pois, por natureza, que as virtudes se geram em nós. 
Adquirimo-las pelo exercício, como também sucede com as 
artes. As coisas que temos de aprender antes de poder 
fazê-las, aprendemo-las fazendo; por exemplo, os homens 
tornam-se arquitetos construindo e tocadores de lira 
tocando esse instrumento. Da mesma forma, tornamo-nos 
justos praticando atos justos, e assim com a temperança, a 
bravura etc. 
(Aristóteles. Ética a Nicômaco, 1991. Adaptado). 
Responda como a concepção de Aristóteles sobre a origem 
das virtudes se diferencia de uma concepção inatista, para 
a qual as virtudes seriam anteriores à experiência pessoal. 
Explique a importância dessa concepção aristotélica no 
campo da educação. 
7. (ENEM 2017) Se, pois, para as coisas que fazemos 
existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais 
é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim 
será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o 
conhecimento, porventura, grande influência sobre essa 
vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que 
em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das 
ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará 
de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que 
mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, 
a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que 
determina quais as ciências que devem ser estudadas num 
Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e 
até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em 
maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, 
estão sujeitas a ela. Ora, como a políticautiliza as demais 
ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o 
que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve 
abranger as das outras, de modo que essa finalidade será 
o bem humano. 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova 
Gunman 1991 (adaptado). 
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a 
organização da pólis pressupõe que 
a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir 
seus interesses. 
b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os 
portadores da verdade. 
c) a política é a ciência que precede todas as demais na 
organização da cidade. 
d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa 
para agir corretamente. 
e) a democracia protege as atividades políticas necessárias 
para o bem comum. 
 
8. (UEM 2017) “Portanto, quem possua a noção sem a 
experiência, e conheça o universal ignorando o particular 
nele contido, enganar-se-á muitas vezes no tratamento, 
porque o objeto da cura é, de preferência, o singular. No 
entanto, nós julgamos que há mais saber e conhecimento 
na arte do que na experiência, e consideramos os homens 
de arte mais sábios que os empíricos, visto a sabedoria 
acompanhar em todos, de preferência, o saber. Isto porque 
uns conhecem a causa, e os outros não. Com efeito, os 
empíricos sabem o ‘quê’, mas não o ‘porquê’; ao passo que 
os outros sabem o ‘porquê’ e a causa. 
(ARISTÓTELES. Metafísica, livro I, cap. 1. Col. Os Pensadores. 
São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 12.) 
 
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) Segundo Aristóteles, o conhecimento do singular, 
adquirido pela experiência, não pode ser tomado como um 
conhecimento universal sobre algo determinado. 
02) Segundo Aristóteles, o conhecimento do universal 
independe dos entes particulares ou singulares. 
04) Segundo Aristóteles, conhecer algo é conhecer as suas 
causas e não apenas constatar “que” algo existe. 
08) Segundo Aristóteles, os empíricos, ou pessoas que 
possuem um conhecimento calcado na experiência, 
conhecem o porquê e a causa das coisas. 
16) Segundo Aristóteles, o conhecimento do sábio é 
superior ao do empírico porque engloba este, sem que isso 
signifique desprezo do conhecimento empírico ou das 
coisas particulares. 
 
9. (ENEM 2ª aplicação 2016) Ninguém delibera sobre 
coisas que não podem ser de outro modo, nem sobre as 
que lhe é impossível fazer. Por conseguinte, como o 
conhecimento científico envolve demonstração, mas não há 
demonstração de coisas cujos primeiros princípios são 
variáveis (pois todas elas poderiam ser diferentemente), e 
como é impossível deliberar sobre coisas que são por 
necessidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, nem 
arte: nem ciência, porque aquilo que se pode fazer é capaz 
de ser diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir 
são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a 
alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e 
raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas ou 
más para o homem. 
(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980.) 
Aristóteles considera a ética como pertencente ao campo 
do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se dos outros 
saberes porque é caracterizada como 
a) conduta definida pela capacidade racional de escolha. 
b) capacidade de escolher de acordo com padrões 
científicos. 
 
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c) conhecimento das coisas importantes para a vida do 
homem. 
d) técnica que tem como resultado a produção de boas 
ações. 
e) política estabelecida de acordo com padrões 
democráticos de deliberação. 
 
10. (ENEM PPL 2016) Enquanto o pensamento de Santo 
Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia 
cristã inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás 
reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob 
suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver 
uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. 
O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo 
da obra aristotélica e para a legitimação do interesse pelas 
ciências naturais, um dos principais motivos do interesse 
por Aristóteles nesse período. 
(MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. 
Rio de Janeiro: Zahar, 2005). 
 
A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da 
obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica 
a) valorizar a investigação científica, contrariando certos 
dogmas religiosos. 
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida 
toda a moral religiosa. 
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras 
instituições religiosas. 
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a 
expansão do cristianismo. 
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos 
antirreligiosos, seguindo sua teoria política. 
 
11. (UEL 2015) Leia os textos a seguir. 
A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa 
tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma 
pequena porção de cada coisa, que não passa de uma 
aparição. 
(Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria Helena da 
Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p.457).. 
O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem 
no imitado. 
(Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. 
São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203. Coleção “Os Pensadores”). 
Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e 
a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a 
alternativa correta. 
a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas 
fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo 
inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos 
representados quanto às ideias universais que os 
pressupõem. 
b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores 
e escultores representam perfeitamente a verdade e a 
essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista 
um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da 
pólis e da filosofia. 
c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à 
reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do 
artista de invenção do real e impossibilita a função 
caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os 
modelos de maneira distorcida. 
d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma 
atividade que reproduz passivamente a aparência das 
coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriação 
das coisas segundo uma nova dimensão. 
e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação 
e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes 
de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. 
 
12. (ENEM PPL 2014) Ao falar do caráter de um homem 
não dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, 
mas que é calmo ou temperante. No entanto, louvamos 
também o sábio, referindo-se ao hábito; e aos hábitos 
dignos de louvor chamamos virtude. 
 (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 
São Paulo: Nova CuIturaI, 1973). 
 
Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a 
a) excelência de atividades praticadas em consonância com 
o bem comum. 
b) concretização utilitária de ações que revelam a 
manifestação de propósitos privados. 
c) concordância das ações humanas aos preceitos 
emanados da divindade. 
d) realização de ações que permitem a configuração da paz 
interior. 
e) manifestação de ações estéticas, coroadas de adorno e 
beleza. 
 
13. (ENEM 2013) A felicidade é portanto, a melhor, a mais 
nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos 
não devem estar separados como na inscrição existente em 
Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor 
é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos 
estes atributos estão presentes nas mais excelentes 
atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos 
como felicidade. 
(ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010). 
Ao reconhecer na felicidade a reuniãodos mais excelentes 
atributos, Aristóteles a identifica como 
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. 
b) plenitude espiritual a ascese pessoal. 
c) finalidade das ações e condutas humanas. 
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. 
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento 
público. 
 
14. (ENEM PPL 2012) Pode-se viver sem ciência, pode-se 
adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, 
pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, 
depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto 
pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi 
experimentada, a de adotar crenças com base em razões e 
 
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evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu 
sentido último. 
(ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. 
São Paulo: Odysseus, 2002). 
 
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação 
do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante 
aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas 
gerais, refere-se à 
a) adoção da experiência do senso comum como critério de 
verdade. 
b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento 
resultante de evidências empíricas. 
c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a 
verdade. 
d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade 
de se pensar a verdade. 
e) compreensão de que a verdade deve ser justificada 
racionalmente. 
 
15. (UFU 2012) Em primeiro lugar, é claro que, com a 
expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois 
modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. 
Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de 
não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o 
ser-em-potência é não-ser-em-ato. 
(REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique 
Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349). 
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com 
a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a 
alternativa correta. 
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade 
de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por 
exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua 
(ser-em-potência). 
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o 
movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que 
possui matéria possui potencialidade (capacidade de 
assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a 
se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma). 
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-
em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no 
mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre 
imutável e imóvel. 
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível 
(das coisas materiais) e a potência se encontra tão-
somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o 
intelecto. 
 
 
 
Gabarito: 
 
1.A 2. D 3. E 4. * 5. (18) 
6. * 7. C 8. (21) 9. A 10. A 
11. A 12. A 13. C 14. E 15. B 
 
 
** questões 4 e 6 serão corrigidas em sala. 
SEMANA 9 – Max Weber e a Sociologia Compreensiva 
Max Weber (1864 - 1920) 
 
Max Weber foi um importante intelectual alemão, 
considerado um dos fundadores da Sociologia. Sua 
abordagem ficou conhecida como Sociologia 
Compreensiva, uma análise de base histórica e que busca 
explicar a complexidade do fenômeno social, que, em sua 
visão, pode ter inúmeras causas e motivações. O 
capitalismo, por exemplo, não pode ser compreendido por 
causas estritamente econômicas, mas também como parte 
de uma conjuntura cultural, sendo influenciado por fatores 
religiosos, tal como é mostrado na obra “A Ética Protestante 
e o Espírito do Capitalismo”. 
Para Weber, a sociedade pode ser considerada como 
um aglomerado de indivíduos que realizam suas ações 
de acordo com motivações próprias, mas tendo sempre 
a cultura como referência. 
Considerando que o entendimento da sociedade será 
sempre fragmentado – uma vez que a noção de todo só 
poderia ser obtida por meio da soma de todas as 
perspectivas individuais, o que é impossível de se alcançar 
– Weber propõe que a sociologia deva compreender um 
determinado aspecto da sociedade por meio de um recorte. 
Desse modo, Weber afirma, discordando de Durkheim, que 
é impossível se alcançar uma objetividade plena nas 
ciências sociais, pois a experiência humana não tem como 
abranger todos os aspectos de uma realidade. É 
impossível, assim, alcançar a verdade. O sujeito, inclusive 
o sociólogo, percebe a realidade de acordo com seus 
valores. Por isso, a realidade é sempre mais complexa do 
que entendemos que ela seja. 
Para facilitar o processo de análise, Weber desenvolve um 
recurso metodológico conhecido como tipo ideal. 
 
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Tipo ideal: modelo teórico / construção racional com base 
em elementos fornecidos pela realidade. 
Weber analisa o fenômeno como se ele tivesse o grau 
máximo de racionalidade, tornando-o assim compreensível. 
Ao sociólogo cabe buscar compreender as formas de 
interação entre os indivíduos, as ações sociais. 
AÇÃO SOCIAL: é condicionada pela conduta alheia (leva 
em consideração a expectativa de outra ação por parte dos 
demais indivíduos) e dotada de significado para o agente. 
RELAÇÃO SOCIAL: interação entre um agente e seu 
interlocutor. Ela estrutura-se numa espécie de pacto 
recíproco. 
Para Weber, toda dimensão da vida social tem como base 
a simples interação entre dois indivíduos, que configura 
uma relação social. No momento que esta relação é 
significa e inserida num plano cultural que manifesta 
padrões e valores, ela adquire o estatuto de uma ação 
social, que é o objeto de análise da sociologia 
compreensiva. Ou seja, diferente de Durkheim, que analisa 
o fato em sua dimensão coercitiva e normativa, aplicada de 
modo geral a todos os indivíduos, Weber acredita que a 
ação social só tem sentido à medida que é significada pelo 
indivíduo, que lhe atribui um valor, o que implica que, 
diferente de Durkheim, para Weber o fato social não teria 
um valor em si mesmo. 
 
Os 4 tipos de ação social: 
Tradicional: ancora-se na tradição cultural. Na maioria das 
vezes existe sem ser contestada. 
Afetiva: motivadas pela emoção. 
Racional com relação a valores: o indivíduo segue 
racionalmente suas convicções (dever, dignidade, honra, 
sabedoria, ética). 
Racional com relação a fins: cálculo racional, planejado 
de acordo com objetivos previamente definidos. 
 
Weber também estuda as relações de poder dentro de uma 
esfera social. Todas as relações humanas são marcadas 
por hierarquias e disputas de poder. Quando não há 
legitimidade, os poderes se realizam de forma abusiva, 
normalmente recorrendo-se ao uso da força. O consenso 
normalmente é o que garante legitimidade a uma relação 
de poder. Um dos conceitos fundamentais de Weber, 
empregado até os dias atuais, é o conceito de Estado, 
entendido como o “monopólio da força legítima”. 
Ele também analisa os mecanismos mais comuns de 
legitimação das relações de dominação configuradas em 
nível estatal. 
OS TRÊS TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA 
 
DOMINAÇÃO LEGAL – segue regras segundo uma lei, um 
estatuto, que é aceito por todos os integrantes. O grupo 
dominante é eleito e o quadro administrativo é nomeado 
pelo mesmo. O tipo de funcionário é aquele de formação 
profissional, que é contratado, com pagamento fixo, com 
direito a promoção conforme regras fixas. O funcionário 
inferior é subordinado ao funcionário superior. O tipo de 
quem ordena é o “superior”, cujo direito de mando está 
fixado no estatuto. 
 
DOMINAÇÃO TRADICIONAL – predomina a dominação 
patriarcal. Quem ordena é o “senhor” e os que obedecem 
são “súditos”. O quadro administrativo é composto por 
servidores, os quais normalmente fazem parte da família do 
senhor. Obedece-se ao senhor por fidelidade, hábito.O 
costume já está enraizado na sociedade. O quadro 
administrativo é inteiramente dependente do senhor e não 
existe nenhuma garantia contra o seu arbítrio. 
Os servidores estão em seus cargos por privilégio ou 
concessão do senhor. A hierarquia é frequentemente 
abalada pelo privilégio. 
 
DOMINAÇÃO CARISMÁTICA - neste tipo de dominação a 
relação se sustenta pela crença dos subordinados, nas 
qualidades excepcionais do “líder”, essas podem ser dons 
sobrenaturais, a coragem, a inteligência, faculdades 
mágicas, heroísmo, poder de oratória. O tipo que manda é 
o “líder”, quem obedece é o “apóstolo”. Obedece-se ao líder 
somente enquanto suas qualidades excepcionais lhe são 
conferidas. Não existem regras na administração, é 
característica deste tipo de dominação a criação 
momentânea. O líder tem que se fazer acreditar por meio 
de milagres, êxitos e prosperidade dos seus apóstolos. Se 
o êxito lhe falta, seu domínio oscila. 
 
Desencantamento do Mundo 
Max Weber critica a sociedade capitalista moderna. Para 
ele, ao longo de século XIX e sobretudo nos primórdios do 
século XX, a sociedade torna-se extremamente 
racionalizada e burocratizada. O indivíduo moderno (apesar 
dos avanços da ciência e da tecnologia) tem um 
conhecimento menor sobre o seu próprio cotidiano e 
também não exerce controle sobre os meios que utiliza. Há 
um processo que o autor nomeia de “desencantamento do 
mundo”, caracterizado por um acúmulo de explicações 
racionais para os fenômenos, fruto da especialização dos 
saberes, e que diminui o espaço das religiões e da magia 
na vida cotidiana das pessoas. Esse processo, contudo, 
não torna o indivíduo menos alienado na visão de Weber, 
uma vez que o submete a uma outra forma de dominação: 
a racionalidade técnica. 
 
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo 
Nesta obra, Weber analisa a figura do protestante como o 
“tipo ideal” do capitalista. No momento em que o lucro deixa 
de ser pecado e se converte em uma máxima para uma vida 
austera e centrada no trabalho disciplinado, passam a 
existir as condições culturais necessárias para o 
florescimento do capitalismo. Há, no século XIX, uma moral 
que relaciona a acumulação a um valor religioso dentro da 
cultura protestante. No século XX, contudo, o capitalismo 
perde esse revestimento ético e a acumulação torna-se 
uma valor em si mesma. 
 
 
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ESTUDO COMPLEMENTAR 
Georg Simmel (1858 – 1918) 
Nascido em Berlim, numa família judaica, Georg Simmel é 
um dos menos conhecidos fundadores da Sociologia. 
Estudou Filosofia e História na Universidade de Berlim, 
onde terminou seu doutorado em 1881. 
 
 
 
Contemporâneo a Weber e Durkheim, Simmel foi um dos 
protagonistas do processo de institucionalização da 
Sociologia na Alemanha, tendo participado, em 1909, da 
criação da Associação Alemã de Sociologia. Publicou 
importantes livros e ensaios, dentre os quais podemos 
destacar Sociologia (1908), Questões de Sociologia (1917), 
A metrópole e a vida mental (1903) e A filosofia do dinheiro 
(1900). 
Ele desenvolveu uma área que hoje é conhecida como 
Sociologia Formal, que busca analisar as estruturas 
(formas) subjacentes ao comportamento humano. Para 
Simmel, “a unidade básica das ciências sociais não é o 
indivíduo em abstrato, isolado, mas os indivíduos em 
interação, em tempos e lugares específicos. Nessa visão, a 
sociedade não é uma “coisa” fixa nem acabada, mas um 
processo, o resultado das interações sociais. A interação 
pode ser de vários tipos e assumir várias formas, como 
conflito, cooperação, competição, submissão etc. As formas 
sociais são configurações momentâneas de um complexo 
de movimentos. Daí Simmel preferir falar em sociação do 
que em sociedade.” 
(Celso Castro – Textos básicos de Sociologia) 
 
A METRÓPOLE E A VIDA MENTAL 
Em seu texto, “A metrópole e a vida mental”, Georg Simmel 
afirma que os problemas mais graves da vida moderna 
nascem na tentativa do indivíduo de preservar sua 
autonomia e individualidade em face das esmagadoras 
forças sociais. Esta seria a mais recente transformação da 
luta do homem com a natureza para sua existência física. 
Segundo o autor, o século XVIII exigiu a especialização do 
homem e de seu trabalho, e conclamou que se libertasse 
de suas dependências históricas quanto ao Estado e à 
religião, à moral e a economia. Dentre todas essas 
posições, o homem resistiria a ser nivelado e uniformizado 
por mecanismos sócio-tecnológicos. O autor pergunta 
então, como a personalidade se acomoda no ajustamento 
às forças externas. 
Segundo Simmel, há um profundo contraste entre a vida na 
cidade e a vida no campo. O autor afirma que a metrópole 
extrai do homem uma quantidade diferente de consciência, 
sendo que a vida da pequena cidade descansa mais sobre 
relacionamentos profundamente sentidos e emocionais, ou 
seja, o homem metropolitano reagiria com a cabeça em 
lugar do coração: “A reação aos fenômenos metropolitanos 
é transferida àquele órgão que é menos sensível e bastante 
afastado da zona mais profunda da personalidade. A 
intelectualidade, assim se destina a preservar a vida 
subjetiva contra o poder avassalador da vida 
metropolitana”. 
Entende-se, dessa forma, que a pessoa intelectualmente 
sofisticada é indiferente a toda a individualidade genuína 
que resulta em relacionamentos e reações que não podem 
ser exauridos com operações lógicas. Essa razão que dá 
lugar às emoções é expressa no exercício de 
transformação de indivíduos em números, reduzindo assim 
toda qualidade e individualidade à questão: quanto? Este 
aspecto contrasta profundamente com a natureza da 
pequena cidade, em que o inevitável conhecimento da 
individualidade produz diferentes tons de comportamento 
que vão além do mero balanceamento objetivo de serviços 
e retribuição. A metrópole, em contraste, é provida quase 
que inteiramente pela produção para o mercado, ou seja, 
para compradores desconhecidos que nunca entram 
pessoalmente em contato com o produtor. Simmel ainda 
afirma que “através dessa anonimidade, os interesses de 
cada parte adquirem um caráter impiedosamente prosaico; 
e os egoísmos econômicos intelectualmente calculistas de 
ambas as partes não precisam temer qualquer falha devida 
aos imponderáveis das relações pessoais”. Esse caráter 
assumido pelas relações metropolitanas estaria 
intrinsecamente ligado à economia do dinheiro. Como 
exemplo dessa conjuntura Simmel cita um historiador 
inglês: “ao longo de todo o curso da história inglesa, 
Londres nunca funcionou como o coração da Inglaterra, 
mas frequentemente como seu intelecto e sempre como 
sua bolsa de dinheiro!”. 
“A mente do homem moderno se tornou mais e mais 
calculista”, afirma o autor. A economia do dinheiro criou 
uma exatidão na vida prática – através da matematização 
da natureza – que nunca tanto se pesou, calculou, ou se 
reduziu tanto os valores qualitativos a valores quantitativos. 
Através da difusão dos relógios de bolso, desenvolveu-se 
um tamanho controle do tempo sobre os indivíduos, que 
seria impossível realizar os afazeres típicos dos homens 
metropolitanos sem essa mais estreita pontualidade. 
 
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“Assim, a técnica da vida metropolitana é inimaginável sem 
a mais pontual integração de todas as atividades e relações 
mútuas em um calendário estável e impessoal”. 
Todo esse controle, expresso pela pontualidade, 
calculabilidade e exatidão são introduzidos à força na vida 
pela complexidade e extensão da existência metropolitana. 
São instrumentos que favorecem a exclusão de traços e 
impulsos irracionais e instintivos que visam determinar o 
modo de vida de dentro, em lugar de receber a forma de 
vida geral vinda de fora. Dessa forma, Simmel torna 
possível entender o ódio de homens como Ruskin e 
Nietzsche pela metrópole, pois descobriram o valor da vida 
fora de esquemas, passando então, a odiar também a 
economiado dinheiro e o intelectualismo da existência 
moderna. 
Dessa forma entende-se a atitude blasé de determinados 
indivíduos e em especial das crianças metropolitanas – 
quando apresentam comportamento indiferente em relação 
às novidades do mundo sempre que comparadas às 
crianças de meios mais tranquilos. Essa atitude, segundo 
Simmel, é um dos dois extremos do comportamento 
humano influenciado pela vida moderna, no qual a pessoa, 
em meio à economia do dinheiro e controle rígido do tempo, 
mergulha em sua própria subjetividade sem se envolver 
com o ambiente externo. Além disso, há que se ressaltar o 
distanciamento cada vez maior dos concidadãos, muitas 
vezes através de uma espécie de desconfiança excessiva 
e de uma atitude de reserva em face às superficialidades 
da vida metropolitana. Essa reserva seria o fator que, aos 
olhos de pessoas de cidades pequenas, nos faz parecer 
frios e até mesmo um pouco antipáticos. 
Simmel ainda apresenta a idéia de metrópole como 
ilustração do princípio da união em grupos sociais (partidos 
políticos, governos etc.). Esses grupos, inicialmente 
pequenos e coesos, por natureza, necessitam de regras 
para se manterem, diminuindo assim as liberdades 
individuais. Com o crescimento do grupo, a tendência 
observada em todos os casos é das regras ficarem menos 
rígidas, dando uma maior liberdade aos indivíduos que 
compõem o grupo. A antiga polis é um exemplo que parece 
ter o próprio caráter de uma cidade pequena. Eram 
constantes as ameaças externas, fazendo com que se 
desenvolvesse uma estrita coerência quanto aos aspectos 
políticos e militares, uma supervisão de cidadão pelo 
cidadão, um ciúme do todo contra o individual, tendo, por 
fim, a vida individual suprimida. Segundo o autor “isto 
produziu uma atmosfera tensa, em que os indivíduos mais 
fracos eram suprimidos e aqueles de naturezas mais fortes 
eram incitados a pôr-se à prova de maneira mais 
apaixonada”. 
Simmel ainda faz uma comparação interessante entre 
cultura objetiva, que seria a cultura ligada a objetos, coisas, 
conhecimento, instituições; e a cultura subjetiva, que estaria 
ligada ao indivíduo. Para o autor há uma diferença grande 
no ritmo de crescimento das duas culturas. Enquanto a 
objetiva cresceu grandemente, motivada pela divisão do 
trabalho e sua crescente especialização – como em “O 
trabalho alienado” de Karl Marx – a cultura subjetiva 
cresceu lentamente ou pode até mesmo ter regredido em 
certos pontos como ética, idealismo, etc. “Não é preciso 
mais do que apontar que a metrópole é o genuíno cenário 
dessa cultura que extravasa de toda vida pessoal”. 
Referência: SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, 
Otávio G. (Org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Guanabara, 4a. 
ed., 1987. 
Fonte: faceaovento.com/2008/07/31/a-metropole-e-a-vida-mental/ 
TEXTO COMPLEMENTAR 
A contribuição humanista de Georg Simmel para o 
pensamento social 
Estado da Arte – 21 de Março de 2017 
Por Heloisa Pait 
 
Quem sou eu sem a cidade? E que é a cidade sem mim? 
Se eu fosse resumir o pensamento do berlinense Georg 
Simmel num tweet, parafrasearia Hillel com estas duas 
perguntas. 
Simmel escreveu inúmeros ensaios, além de alguns 
tratados, ao final do século XIX e começo do XX; temos 
apenas o suficiente traduzido para o português. O belo “As 
Aventuras de Georg Simmel”, de Leopoldo Waizbort, traz o 
detalhado contexto social em que Simmel cresceu e 
trabalhou, além de interessantes depoimentos de seus 
estudantes, trazendo à vida um autor cuja escrita é, ela 
mesma, pulsante. Seus ensaios sobre figuras urbanas 
como o aventureiro, a prostituta e o estrangeiro, assim 
como suas reflexões sobre o dinheiro, os grupos e a cultura 
feminina, parecem ter apenas alguns anos – o ensaio sobre 
a sociologia do segredo é especialmente atual, quando nos 
achamos nadando num mar profundo de informação. Os 
elementos que Simmel destaca em sua cidade amada são 
semelhantes àqueles que nós destacaríamos nas nossas, 
cem anos depois. Quando indico seus textos em aula, os 
alunos se surpreendem com ele ser anterior ao “pesadão” 
Max Weber, seu seguidor nos conceitos centrais. 
Nestes dias de opiniões acaloradas e verdades relativas, é 
uma bênção ler Simmel, com seu espanto estudado diante 
da vida dos homens e das mulheres. Sua mirada não reduz 
o outro a objeto de pesquisa, não o cala, não o subsume a 
conceitos abstratos e metafísicos. E também não o 
endeusa, não coloca sobre ele ou seu grupo expectativas 
espetaculares e redentoras. O homem é o que é. E a mulher 
é o que é, com suas estratégias próprias de se tornar 
indivíduo numa sociedade que abre frestas para que o faça. 
O interesse de Simmel nos homens e suas relações não é 
externo, isto é, não é utilitário. O grupo não é portador de 
um destino heróico nem precisa de conserto; ele merece 
ser estudado enquanto tal, por seu próprio valor. 
Seus esquemas teóricos são como miniaturas da vida 
social, maquetes habilidosas que representam o mundo de 
maneira estilizada e compreensível. Seus tipos sociais não 
são modelos sobre como as gentes devem ou não devem 
ser, mas representações esquemáticas que nunca chegam 
a abarcar o todo humano. Lembram as silhuetas 
encontradas por G.H., no romance de Clarice Lispector, que 
os críticos já analisaram em profundidade, delineando o 
sujeito ausente sem compreendê-lo, apenas demandando 
https://faceaovento.com/2008/07/31/a-metropole-e-a-vida-mental/
 
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um esforço para que o façamos. São, finalmente, convites 
a nós, observadores do universo urbano, para que 
desenhemos nossos próprios tipos sociais, como nosso 
Sérgio Buarque fez por algum tempo. 
Simmel faz parte do grupo de intelectuais judeus de língua 
alemã da virada do século passado que deslocaram o 
espanto diante do incognoscível – awe em inglês – da 
esfera religiosa para a esfera científica. 
Os nomes mais conhecidos são Freud e Einstein; ainda cito 
o escritor Arthur Schnitzler, e meus colegas mais eruditos 
lembrarão de outros mais. Outros autores, em outros 
tempos e lugares, como Walter Benjamin e nossa Clarice 
Lispector, também fizeram esse estranho trajeto de olhar o 
mundo humano com o maravilhamento antes devotado a 
Deus. 
Simmel analisa os tamanhos dos grupos, as intensidades 
de suas conexões internas, seus conflitos e modos de 
pertencimento como quem estuda um ser amado, em 
detalhes, como se tudo, absolutamente tudo, importasse 
nessa grande dança da vida humana. E não é assim? E não 
são nossas relações que imprimem graça e terror à vida? E 
não merece a forma como nos articulamos entre nós todo 
esse espanto e interesse? Pois merece sim, e há cem anos 
já temos o instrumental específico para olhar de modo 
minucioso para esse objeto de estudo onipresente, nós 
mesmos. 
Ao menos nas traduções americanas, que são meu meio de 
chegar a ele, Simmel não aparece como grande fã dos 
jargões. Só conheço o “Vergesellschaftung”, em português 
“constituição do social” ou “sociação”, como aparece nas 
traduções: uma estrutura que é constituída, não é nem dada 
a priori nem inexistente. Simmel foi visto em sua época 
como um narrador impressionista, mas uma leitura mais 
sistemática o revelaria plantando a semente para uma 
ciência das relações humanas. Outro dia um economista 
inglês me questionou se sociologia era ciência ou não. Eu 
lhe respondi que a sociologia poderia ter se tornado uma 
ciência, e tinha em mente a proposta de Simmel de exame 
dessa constituição, que a teoria dos jogos e a análise de 
redes sociais abraçaram, ainda que sem sua riqueza 
interpretativa. 
O projeto de Simmel era construir uma filosofia da vida. Ao 
final, ofereceu-nos uma sociologia que compete, às vezes 
em desvantagem, com engenharias sociais, pregações 
apocalípticas e agitprop. Em desvantagem pois a 
linguagem de Simmel é de uma poesia discreta que não 
chama a atenção para si. Simmel não é Žižek. Sua sutileza 
não serve a movimentos políticosalém de um humanismo 
moderno que não anda em voga. O personagem mais 
grandioso da trama de Simmel é a cidade moderna, que 
para ele é Berlim, e para cada um de nós, uma outra cidade 
onde buscamos nos afirmar como indivíduos ao lado da 
multidão. Onde os conflitos, como ele diz, são laços fortes 
que nos unem e sem os quais a vida perde o sabor. 
Esta cidade não paira acima de nós, não nos constrói ou 
produz. Simmel insiste que não há sociedade além das 
interações sociais. A cidade, a sociedade, a teia de relações 
humanas, para usar um termo de Arendt, é apenas isso: 
uma superposição complexa de milhares, milhões, talvez 
bilhões de encontros e desencontros que temos uns com os 
outros e, através das estórias, com os que nos precederam. 
O que faz Berlim são os berlinenses, e o que faz os 
berlinenses são os não-berlinenses, pois, sem eles, Berlim 
não seria Berlim. Numa visita a uma pequena cidade 
mineira pela qual me apaixonei, depois de conhecer o 
quitandeiro uruguaio e o restaurateur de Osasco, me dei 
conta de que são aqueles dois que fazem da pequena 
Alagoa uma cidade, e que a cada novo habitante – incluindo 
eu mesma –, Alagoa se refaz como cidade e, em vez de se 
dissolver na mesmice da globalização, se encontra consigo 
mesma, se recontando e revelando ao forasteiro. 
É esse tipo de ideia que Simmel inspira. Nos Estados 
Unidos, seu pensamento frutificou na Escola de Chicago e 
nas detalhadas descrições da sociabilidade urbana 
etnicamente diversa. Perdeu algo da poesia, mas ganhou a 
sistematização; com Ervin Goffman, ganhou humor. No 
Brasil, há uma análise muito boa sobre a influência de 
Simmel na obra de Sérgio Buarque de Holanda, feita pelo 
mesmo Leopoldo Waizbort – um tema fascinante que 
pretendo explorar em um futuro artigo. Mas Sérgio não 
penetrou na sociologia brasileira e, mais ainda, foi muito 
pouco traduzido no exterior. Por que não? Por que não, se 
sua proposta sutil e compreensiva dos humores humanos 
se encaixa tão bem em nossa cultura? O que ficou, e isso 
será tema do artigo, foram propostas de pensar a sociedade 
que reforçam nossa estrutura desigual, enaltecendo-a ou 
desprezando-a, mas de qualquer modo a colocando num 
pedestal explicatório que o individualismo de Simmel não 
poderia fazer. 
 
Berlim do século XIX, onde viveu Georg Simmel 
Pois em seu individualismo, e aprendi isso num livro muito 
belo do escritor israelense Amós Oz, o centro do mundo não 
é o ser humano abstrato, igual aos demais, apreensível em 
teorias acachapantes, mas o ser humano particular, dono 
de um mundo inteiro ele mesmo. Esse individualismo 
apoiado na particularidade de cada ser humano coloca na 
coletividade destes homens únicos um peso considerável: 
ela é responsável por cada uma destas almas. A mim me 
emociona pensar em Berlim, em São Paulo, como este 
aglomerado enorme de gentes distintas e mesmo assim tão 
dependentes umas das outras, até quando se batem, se 
 
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dividem entre o partido de cima e o partido de baixo, como 
em Alagoa. 
Simmel faleceu em 1918. No ano que vem, relembraremos 
o centenário de seu falecimento. O que aconteceu neste 
século sem Simmel? O que aconteceu com o pensamento 
social nesse século depois de Simmel? Mantivemos, nas 
leis e nas ideias, o amor ao ser humano único, induplicável, 
cuja mirada e ação sobre o mundo temos o privilégio de 
testemunhar? Entendido amor aqui como respeito e desejo 
de que se desenvolva, e não pena por ele ser quem ele é 
ou vontade que fosse algo distinto. Cuidamos das cidades 
enquanto morada fenomenal do indivíduo moderno, em sua 
pluralidade e convivência? Enxergamos de modo claro 
como a cidade precisa do indivíduo e este da cidade? 
Em linhas gerais, penso que sim. A Berlim de Simmel foi 
destruída como símbolo da modernidade e convivência 
– ainda que nos dias que correm parece ter se reconvertido 
em reduto de racionalidade e compreensão. Mas outras 
cidades surgiram, talvez a sua que me lê agora. Mais gente 
é estrangeiro hoje do que jamais o foi. E portanto mais 
lugares são cidades do que jamais foram. Mas a cidade está 
hoje novamente em perigo, depois de cem anos. Seus 
valores e sua vida enfrentam adversários de peso, e é 
sempre bom lembrar que cidades maravilhosas, como 
Bagdá ou Roma, sucumbiram à imbecilidade autóctone ou 
às armas de fora. Seus adversários, precisamos enfrentar 
com nossas próprias armas, o diálogo que nos une e a lei 
que nos protege. Em cada ato, cada voto, precisamos nos 
perguntar: apoio o projeto de Nero para Roma ou ando de 
braços dados com Churchill? Votei em Péricles ou no 
trêbado Jânio Quadros? Vejo cada eleição como um 
“espetáculo da democracia” ou como uma roleta russa com 
o futuro de minha urbe? 
Sair em desabrida cruzada contra a cor dos muros, como 
nosso alcaide, não vai resgatar a consideração que 
devemos, cidadãos, ter uns pelos outros e que mantém 
nossa cidade habitável. Defender com a mesma 
intensidade a todas as práticas possíveis e imagináveis não 
vai dar guarida aos habitantes da cidade, que merecem 
nossa proteção até as últimas consequências. Não será 
fácil encontrar o equilíbrio entre direitos individuais e 
coletivos, dos quais depende o futuro do projeto moderno. 
Como saber quando estamos convidando o fascismo a se 
instalar, ou exercendo moderação que compensará mais 
adiante? Como saber quando estamos preservando a 
cidade para todos ou apenas calando vozes incômodas? 
Como distinguir a defesa do direito individual – da qual vive 
a cidade – da licença para oprimir e violar? 
Para quem quer lutar, Simmel oferece muito pouco: poucas 
bandeiras, poucos slogans e nenhuma missão. Na minha 
lembrança, seu argumento mais acalorado defendia o valor 
do trabalho de um químico que, criando tintas, valoriza a 
produção de uma infinidade de trabalhadores têxteis. Que 
movimento político virá desta defesa, que possa incendiar 
as massas ou alunos de graduação? Não há dois minutos 
de ódio, há apenas um olhar valorizador para uma atividade 
humana específica, numa releitura singela do tratado de 
Adam Smith sobre a Riqueza das Nações. Já para quem 
quer agir de modo inteligente, a partir de reflexões lúcidas 
sobre os dilemas sociais contemporâneos, eu não conheço 
melhor ponto de partida que a obra deste pequeno judeu 
berlinense, esse sábio discreto e perspicaz que nos deixou 
como legado uma maneira de olhar o mundo social sem 
prazo de validade. 
Heloisa Pait é socióloga e professora da UNESP. 
Sugestão de bibliografia complementar: 
• WAIZBORT, Leopold. As aventuras de Georg Simmel. 
São Paulo: Edusp, 2004. 
 
EXERCÍCIOS 
1. (UFU 2018) Weber conduziu uma investigação sobre o 
“desenvolvimento do capitalismo no ocidente e a 
racionalização da conduta promovida por um sistema ético, 
tendo como resultado sua obra mais conhecida.” - A ética 
protestante e o “espírito” do capitalismo. 
 
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, 
Márcia Gardênia. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 
Belo Horizonte: EdUFMG, 1999. p. 129. 
 
Com base nessa informação, faça o que se pede. 
a) Estabeleça, sinteticamente, uma relação possível entre a 
ética protestante e o “espírito” do capitalismo que Weber 
apresentou nessa sua obra. 
b) A partir dessa relação, estabeleça, ao menos, três traços 
da análise weberiana. 
 
2. (UEL 2014) Leia o texto a seguir. 
“Antigamente nem em sonho existia tantas pontes sobre os 
rios, nem asfalto nas estradas. Mas hoje em dia tudo é 
muito diferente com o progresso nossa gente nem sequer 
faz uma ideia. Tenho saudade de rever nas currutelas as 
mocinhas nas janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu 
lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha 
grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada 
transportando uma boiada me aperta o coração. E quando 
olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não 
chorar de paixão.” 
 (Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de Boiadeiro.)O texto aproxima-se sociologicamente da leitura teórica de 
a) Comte, que defende a necessidade de formas 
tradicionais de vida em detrimento da desilusão do 
progresso. 
b) Durkheim, que analisa o progresso como elemento 
desagregador da vida social ao provocar o enfraquecimento 
das instituições. 
c) Marx, que condena o desenvolvimento das forças 
produtivas por seus efeitos alienantes sobre o homem. 
d) Spencer, que tem uma leitura romântica da sociedade e 
vê o passado como mais rico culturalmente. 
e) Weber, para quem a modernização e a racionalização é 
acompanhada pelo desencantamento do mundo. 
 
3. (UFU 2013) Em artigo intitulado “Clientelismo ainda 
domina política no interior do Brasil”, da BBC, de 27 de 
outubro de 2002, o jornalista Paulo Cabral desenha o painel 
 
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de parte da política nacional. Ele destaca que, em comício 
de uma certa deputada, um grande churrasco foi oferecido 
para os eleitores de uma vila: "Sob um sol escaldante, um 
caminhão de som tocava o jingle – forró da candidata a todo 
o volume, a população sentia o cheiro da carne sendo 
assada trancada dentro de uma casa. Comida, só quando 
chegasse a candidata”. 
(BBC. Disponível em: Acesso: 11 mar. 2013). 
A relação descrita entre os eleitores e a candidata 
aproxima-se, na matriz teórica weberiana, de um tipo puro 
de relação de dominação, uma vez que 
a) inscreve-se como relação de poder em que a candidata 
aproveita-se de uma probabilidade de impor sua vontade, 
ainda que sem legitimidade. 
b) estabelece-se, retirando das relações os elementos não 
racionais, isto é, em evidente processo de 
desencantamento do mundo. 
c) sua natureza remonta uma tradição inimaginavelmente 
antiga e conduz ou orienta a ação habitual do eleitor para o 
conformismo. 
d) expõe características típicas das formas carismáticas de 
dominação, demonstrada pelo dom da graça extraordinário 
e pessoal manifesto nas práticas clientelistas. 
 
4. (UEL 2013) Em Economia e sociedade: fundamentos da 
sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber 
expõe conceitos como carisma, estamento burocrático, 
tipos de dominação legítima etc. Já Os donos do poder: 
formação do patronato político brasileiro, de Raymundo 
Faoro, fundamenta-se, em boa parte, em Weber, e realiza 
amplo estudo sobre a formação dos grupos dominantes no 
Estado brasileiro, vendo-os como frutos do Estado 
português. Faoro procura demonstrar como isso se mantém 
arraigado na cultura política do País e como os traços 
patrimonialistas de nossa formação sobrevivem ao tempo. 
Essa obra abrange desde a época dos reis de Portugal, no 
século XIV, até a presidência de Getúlio Vargas, nos anos 
1950. 
a) Aponte os fatores que caracterizam o patrimonialismo 
como ocorrência mais comum dentro do tipo de dominação 
legítima tradicional. 
b) Apresente a definição weberiana para os três tipos de 
dominação legítima. 
 
5. (UEL 2013) Os documentos de identificação individual 
podem ser analisados sob a perspectiva dos estudos 
weberianos a respeito da sociedade moderna. Sobre essa 
análise, assinale a alternativa correta. 
a) A ação racional com relação a valores é o tipo conceitual 
que explica o uso do CPF, uma vez que se refere às 
riquezas do indivíduo. 
b) A adoção de documentos de identificação pessoal 
corresponde aos interesses dos indivíduos pelo prestígio 
social. 
c) A identificação pelo CPF é um exemplo de imitação e de 
ação condicionada pelas massas, fenômenos comuns na 
sociedade moderna. 
d) CPF e documentos pessoais fortalecem o processo de 
desburocratização das estruturas racionais de dominação. 
e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto é, 
compreensível pelos demais indivíduos envolvidos na 
situação. 
 
6. (Unioeste 2013) A Sociologia de Max Weber é 
considerada uma ciência compreensiva e explicativa. Na 
sua concepção, compete ao sociólogo compreender e 
interpretar a ação dos indivíduos, assim como os valores 
pelos quais os indivíduos compreendem suas próprias 
intenções pela introspecção ou pela interpretação da 
conduta de outros indivíduos. 
 Sobre a sociologia compreensiva de Max Weber, é correto 
afirmar que 
a) segundo o método da sociologia compreensiva de Max 
Weber, há uma ênfase metodológica sobre a sociedade 
como a unidade inicial da explicação para se chegar a 
significados objetivos de ação social. 
b) na sociologia compreensiva de Max Weber, a primeira 
tarefa da sociologia é reformar a sociedade ou gerar algum 
tipo de teoria revolucionária. Weber herda efetivamente um 
ponto de vista sociológico compreensivo imputado à escola 
marxista. 
c) para Max Weber, a sociologia está voltada unicamente 
para a compreensão dos fenômenos sociais. Na sociologia 
compreensiva, o homem não consegue compreender as 
intenções dos outros em termos de suas intenções 
professadas. 
d) no método compreensivo de Weber, os fenômenos 
sociais são considerados como a simples expressão de 
causas exteriores que se impõem aos indivíduos. Weber 
define a sociologia compreensiva em termos de fatos 
sociais e não em termos de atividade ou ação. 
e) Max Weber entende por sociologia compreensiva uma 
ciência que se propõe a compreender a atividade social e, 
deste modo, explicar causalmente seu desenrolar e seus 
efeitos. Para explicar o mundo social, importa compreender 
também a ação dos seres humanos do ponto de vista do 
sentido e dos valores. 
 
7. (UEMA 2012) No conjunto da sua Sociologia 
compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação 
social como ação 
a) racional em que o agente associa um sentido objetivo 
aos fatos sociais. 
b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional. 
c) humana associada a um sentido objetivo. 
d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à 
conduta de outros, orientando-se por ela. 
e) não orientada significativamente pela conduta do outro 
em prol de um bem comum. 
 
8. (UEM 2012) Sobre a sociologia compreensiva de Max 
Weber, assinale o que for correto. 
01) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social 
impõe-se aos indivíduos como força exterior e coercitiva, 
submetendo, assim, as vontades desses indivíduos aos 
padrões sociais estabelecidos. 
 
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02) A ação social é entendida como um comportamento 
dotado de sentido subjetivamente visado e orientado para 
o comportamento de outros atores. 
04) O sociólogo tem como tarefa fundamental a 
identificação e a compreensão causal dos sentidos e das 
motivações que orientam os indivíduos em suas ações 
sociais. 
08) O que garante a cientificidade da análise sociológica é 
o recurso à objetividade pura dos fatos. 
16) As instituições sociais são definidas como resultados de 
relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de serem 
alteradas a partir de transformações nos sentidos atribuídos 
pelos indivíduos às suas ações. 
 
9. (UEL 2007) Max Weber afirma que a burocracia ocorre 
tanto em instituições políticas, quanto em instituições 
privadas e religiosas. De acordo com os conhecimentos 
sobre o tema, é correto afirmar que a burocracia: 
 
a) É um tipo de dominação racional, resultado da ação 
exercida pelo quadro administrativo de uma determinada 
instituição. 
b) É o resultado do desinteresse dos grupos políticos pela 
administração pública e corresponde ao tipo de dominação 
partidária. 
c) É o resultado da falta de iniciativa dos funcionários na 
gestão das instituições e corresponde ao tipo de dominação 
não racional. 
d) Não é um tipo de dominação, mas o resultado da 
acomodação dos funcionários de carreira do Estado, das 
empresas ou das igrejas. 
e) É um tipo de dominação carismática, caracterizada pela 
ausência de hierarquia e funções de poder. 
 
10. (UEL 2005) Leia o texto a seguir, escrito por Max Weber 
(1864-1920), que reflete sobre a relação entre ciência social 
e verdade: 
“[...] nos é também impossível abraçarinteiramente a 
sequência de todos os eventos físicos e mentais no espaço 
e no tempo, assim como esgotar integralmente o mínimo 
elemento do real. De um lado, nosso conhecimento não é 
uma reprodução do real, porque ele pode somente transpô-
lo, reconstruí-lo com a ajuda de conceitos, de outra parte, 
nenhum conceito e nem também a totalidade dos conceitos 
são perfeitamente adequados ao objeto ou ao mundo que 
eles se esforçam em explicar e compreender. Entre 
conceito e realidade existe um hiato intransponível. Disso 
resulta que todo conhecimento, inclusive a ciência, implica 
uma seleção, seguindo a orientação de nossa curiosidade 
e a significação que damos a isto que tentamos apreender”. 
(Traduzido de: FREUND, Julien. Max Weber. Paris: PUF, 1969. p. 33.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é 
correto afirmar que, para Weber: 
a) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas são 
infinitas, ao invés de buscar compreendê-lo, deve limitar-se 
a descrever sua aparência. 
b) A ciência social revela que a infinitude das variáveis 
envolvidas na geração dos fatos sociais permite a 
elaboração teórica totalizante a seu respeito. 
c) O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer 
parcialmente as conexões internas de um objeto, portanto, 
é limitado para abordá-lo em sua plenitude. 
d) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados 
cientificamente na sua totalidade porque são menos 
complexos do que outros nas conexões internas de suas 
causas. 
e) O obstáculo para a ciência social estabelecer um 
conhecimento totalizante do objeto é o fato de 
desconsiderar. 
11. (UEG 2018) O sociólogo Max Weber desenvolveu 
estudos sobre a ética protestante e o espírito do 
capitalismo. A esse respeito tem-se o seguinte: 
 
a) a tentativa de constituir uma ciência da sociedade 
promoveria um processo de pesquisa multidisciplinar e não 
especializado e por isso Weber concebia a economia como 
determinante da cultura e o capitalismo determinante do 
protestantismo. 
b) o processo de racionalização era o fio condutor da 
análise do capitalismo ocidental por parte de Weber e por 
isso ele analisou o papel da ética protestante, que apontaria 
um primeiro momento de racionalização na esfera religiosa. 
c) Weber considerava que as ideias dominantes eram as 
ideias da classe dominante, que, na modernidade, era a 
classe capitalista, e por isso a ética protestante 
desenvolvida pelos comerciantes gerou o espírito do 
capitalismo. 
d) a inspiração na dialética idealista hegeliana fez com que 
Weber focalizasse a questão cultural e desenvolvesse um 
determinismo cultural segundo o qual o modo de produção 
capitalista seria produto do protestantismo. 
e) a concepção weberiana surgiu a partir de uma síntese da 
filosofia kantiana e marxista e por isso ele focaliza o 
processo de formação do capitalismo ao lado do 
desenvolvimento do protestantismo e do apriorismo. 
 
12. (UEM 2018) Dentre os conceitos sociológicos 
construídos por Max Weber para compreender a vida 
social, figura o de tipo ideal. Sobre o conceito de tipo ideal 
em Max Weber, é correto afirmar que 
01) representa uma construção metodológica, portanto é 
um modelo sobre o qual se constrói a análise sociológica. 
02) inexiste na realidade empírica tal qual como é retratado 
no modelo. 
04) é um recurso de análise que permite conceituar 
fenômenos e formações sociais e localizar suas 
manifestações na realidade observada. 
08) é uma ferramenta de busca de leis sociais. 
16) é denominado “ideal” por representar um objetivo que 
deve ser buscado pelas sociedades estudadas. 
 
13. (UFU 2018) Para Weber, um tipo de dominação é 
estabelecido, pois “obedece-se não à pessoa em virtude de 
seu direito próprio, mas à regra estatuída, que estabelece 
ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve 
obedecer.” 
(COHN, Gabriel (Org.). Weber: Sociologia. 5.ed. São Paulo: Ática, 1991. 
p. 129. Coleção Grandes Cientistas Sociais). 
 
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Com base na análise weberiana, assinale a alternativa que 
indica o tipo de dominação a que essa descrição está 
relacionada. 
a) Dominação Legal. 
b) Dominação Carismática. 
c) Dominação Tradicional. 
d) Dominação Altruísta. 
 
14. (UEM 2017) Max Weber é um dos autores centrais para 
a constituição da Sociologia. Um de seus principais temas 
de investigação foi o da dominação. Para ele, os sistemas 
de dominação se vinculariam a processos de legitimação. 
No intuito de compreender tal situação, o autor desenvolveu 
um modelo de análise com base naquilo que denominou de 
três tipos ideais de dominação: o racional, o tradicional e o 
carismático. 
Assinale o que for correto a respeito desses três tipos 
weberianos de dominação. 
01) Os tipos de dominação propostos por Max Weber não 
são encontrados de forma pura na realidade. 
02) Para que exista dominação, é necessário que os 
dominados obedeçam à autoridade dos que detêm o poder. 
04) Para Max Weber, a dominação carismática é baseada 
na veneração do poder heroico, na santidade e no caráter 
exemplar de uma pessoa. 
08) A dominação tradicional, segundo Max Weber, consiste 
no desenvolvimento do aparato burocrático. 
16) Max Weber define a dominação racional como aquela 
que não necessita dos aparatos legislativo e burocrático. 
 
15. (UEL 2016) Leia o texto a seguir. 
O Estado moderno é uma associação de dominação 
institucional que, dentro de determinado território, 
pretendeu com êxito dominar os meios de coação física 
legítima como meio de dominação e reuniu para este fim, 
nas mãos de seus dirigentes, os meios materiais de 
organização, depois de desapropriar todos os funcionários 
estamentais autônomos que antes dispunham, por direito 
próprio, destes meios e de colocar-se, ele próprio, em seu 
lugar, representado por seus dirigentes supremos. 
(Adaptado de: WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da 
sociologia compreensiva. v.2. Brasília: Editora da UnB, 1999. p.529.) 
No texto, o sociólogo Max Weber explica que um dos 
principais traços distintivos do Estado moderno em relação 
às instituições políticas que o antecederam é o do 
monopólio da violência física legítima que este deve deter. 
Com base nisso, responda aos itens a seguir. 
a) O que significa monopólio da violência física legítima e 
quem o exerce? 
b) Cite e explique duas atribuições legais de quem exerce 
o monopólio da violência física. 
 
16. (UEM 2016) “Obedece-se não à pessoa em virtude de 
seu próprio direito, mas à regra estatuída, que estabelece 
ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve 
obedecer. Também quem ordena obedece, ao emitir uma 
ordem, a uma regra: à ‘lei’ ou ‘regulamento’ de uma norma 
formalmente abstrata”. 
(WEBER, M. Os três tipos puros de dominação legítima. In: CASTRO, C. 
(org). Textos básicos de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2014, p. 59). 
Considerando o texto citado e conhecimentos sobre a 
perspectiva teórica de Max Weber, assinale o que for 
correto. 
01) O trecho acima destacado apresenta a descrição de um 
tipo de dominação política que se dá em virtude das 
qualidades carismáticas, afetivas e intelectuais de líderes 
comunitários. 
02) A obediência às regras e aos estatutos legais encontra 
na burocracia sua principal expressão histórica. 
04) A dominação exercida pelo sistema jurídico legal é 
constituída por dois processos distintos. Do lado de quem 
exerce o poder, vigora a dominação constituída pela força, 
pela vontade e pela virtude. Do lado de quem se submete à 
lei, vigora o medo, o dever e a fidelidade. 
08) A profissionalização, a valorização de competências 
técnicas e o direito de ascensão e negociação no trabalho 
são características que compõem o tipo ideal de dominação 
descrita no trecho citado. 
16) Os Estados modernos, por princípio, organizam-se por 
meio de processos racionais de controle da violência, como 
os aparatos policiaise jurídicos. 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1.* 2. E 3. C 4. * 
5. E 6. E 7. D 8. (22) 
9. A 10. C 11. B 12. (07) 
13. A 14. (07) 15. * 16. * 
 
** questões 1, 4, 15 e 16 são dissertativas. 
 
SEMANA 10 – A filosofia helênica 
HELENISMO 
As filosofias que seguiram Aristóteles, a partir do século IV 
a.C., relacionam-se ao contexto histórico de conquista das 
cidades-Estado gregas pela Macedônia, sob o império 
comandado por Alexandre. Dois séculos depois, há a 
conquista romana sobre toda a região. Esse período marca, 
por um lado, o declínio da autonomia de cidades que 
estavam habituadas a se autogerir, mas, por outro lado, a 
expansão dos valores da cultura helênica, dispersa agora 
pelo Oriente próximo e por uma vasta área do Mar 
Mediterrâneo. A arte e a filosofia gregas tornam-se 
referência nos impérios desse período, tanto o Macedônio 
quanto o Romano. 
As escolas filosóficas no contexto helenista buscam se 
afastar de problemas metafísicos mais clássicos e se 
debruçam sobre questões relacionas à virtude, à ética e à 
 
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felicidade. As principais escolas que se destacam são: 
Cinismo, Ceticismo, Epicurismo e Estoicismo. Apesar das 
diferenças entre as quatro vertentes, podemos afirmar que 
há uma preocupação comum com a ATARAXIA, palavra 
grega que significa serenidade, quietude ou paz de 
espírito. 
CINISMO 
Corrente fundada por Antísitines, discípulo de Sócrates, e 
que teve Diógenes de Sínope (404 – 323 a.C.) como seu 
principal representante. A escola cínica busca acima de 
tudo a simplicidade como caminho à ataraxia. Para isso, 
deve-se afastar das convenções sociais e dos confortos 
materiais. Uma vida serena e feliz é aquela em que os 
desejos são controlados e as necessidades reduzidas. 
 
Diógenes. Jean-Léon Gérôme (1824-1904) 
Em sua busca por uma vida virtuosa, Diógenes acreditava 
ser preciso afastar-se das restrições externas causadas 
pela sociedade e do descontentamento interno causado 
pelo desejo e pelo medo. Por isso, optou por uma vida de 
pobreza e passou a se abrigar dentro de um barril. Para ele, 
a pessoa mais virtuosa e feliz é aquela que vive em 
consonância com o mundo natural, assim como um cão que 
precisa apenas de alimento, água e descanso para sentir-
se bem, daí a origem do nome Cinismo, que remete ao 
grego kynikos (como um cão). 
CETICISMO 
Corrente relacionada ao pensamento de Pirro de Élia (360 
– 270 a.C.), também conhecida como Pirronismo, e que 
teve várias vertentes e vários expoentes no universo da 
Filosofia. Para Pirro, a atitude coerente do sábio, diante 
da impossibilidade de se conhecer a verdade em termos 
absolutos, é a suspensão do juízo. Assim, assume-se a 
imperturbabilidade como o principal caminho à busca 
pela felicidade. 
Esses pensamentos foram disseminados pelo filósofo 
Sexto Empírico, que viveu no século II depois de Cristo. Ele 
propagou o Pirronismo no contexto do Império Romano. O 
ceticismo pirrônico afirma que é impossível decidir sobre a 
verdade ou falsidade de uma proposição qualquer. Sexto 
Empírico definiu rigorosamente essa doutrina: “a toda razão 
opõe-se uma razão de igual valor”. 
Trataremos aqui, resumidamente, da doutrina cética, não 
sem antes declarar que, daquilo que será apresentado, 
nada afirmamos que será exatamente da maneira como; 
cada coisa será exposta em nossa crônica segundo se 
manifesta agora (...). Diferentemente do dogmático, que 
tem por existente aquilo sobre o qual dogmatiza, o cético 
anuncia suas próprias fórmulas de modo tal que elas 
mesmas se anulam. O cético, que prescinde de valorar 
essas situações (frio, sede, inquietação) como más por 
natureza, passa por elas com temperança. 
(Sexto Empírico – Hipotiposes Pirrônicas I) 
EPICURISMO 
O sentido do hedonismo (o bem encontra-se no prazer) 
grego surgiu com Epicuro de Samos (341 – 270 a. C.). 
Porém, para Epicuro, os prazeres do corpo são as causas 
de todo o sofrimento. Para que se possa alcançar a 
ataraxia, é preciso gozar o prazer com moderação. 
Para Epicuro, em sua filosofia, a paz de espírito figura como 
o objetivo fundamental da vida: “é impossível viver de 
maneira agradável sem viver de maneira sábia, honrada e 
justa, e é impossível viver de maneira sábia, honrada e justa 
sem viver uma vida agradável”. 
Na linguagem comum, o epicurismo é sinônimo de uma vida 
exageradamente ligada ao desfrute incontrolável dos 
prazeres carnais. Contudo, isso não está de acordo com a 
escola de Epicuro, visto que o exagero não proporciona 
prazer à alma e ao corpo, sendo, portanto, pelo Epicurismo, 
considerado um vício e não uma virtude. A ética epicurista 
prega moderação nos prazeres, mas não sua supressão. 
Sentir esse prazer é uma expressão de nossa natureza e 
devemos respeitá-la. A virtude é a prudência na busca do 
prazer, pois “só o desfrute prudente das sensações 
proporciona paz de espírito”. 
Para Epicuro, o maior prazer só é alcançado por meio do 
conhecimento (reflexão filosófica), da independência (que 
proporciona tempo livre), da amizade (boa companhia) e de 
uma vida moderada, livre do medo e da dor. 
“O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, 
nós o identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser 
humano, em razão dele praticamos toda a escolha e toda a 
recusa, e a ele chegamos escolhendo todo o bem de acordo 
com a distinção entre prazer e dor. (...) Embora o prazer 
seja o nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos 
qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos 
prazeres, enquanto deles nos advém efeitos o mais das 
vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos 
sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior 
advier de suportarmos essas dores por muito tempo” 
(Epicuro – Carta sobre a felicidade). 
Epicuro também escreveu sobre a morte, afirmando que o 
sábio não deve temê-la: 
 
 
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A Morte Não É Nada Para Nós 
Habitua-te a pensar que a morte não é nada para nós, pois 
que o bem e o mal só existem na sensação. Donde se 
segue que um conhecimento exato do fato de a morte não 
ser nada para nós permite-nos usufruir esta vida mortal, 
evitando que lhe atribuamos uma idéia de duração eterna e 
poupando-nos o pesar da imortalidade. Pois nada há de 
temível na vida para quem compreendeu nada haver de 
temível no fato de não viver. É pois, tolo quem afirma temer 
a morte, não porque sua vinda seja temível, mas porque é 
temível esperá-la. 
Tolice afligir-se com a espera da morte, pois trata-se de algo 
que, uma vez vindo, não causa mal. Assim, o mais 
espantoso de todos os males, a morte, não é nada para nós, 
pois enquanto vivemos, ela não existe, e quando chega, 
não existimos mais. 
Não há morte, então, nem para os vivos nem para os 
mortos, porquanto para uns não existe, e os outros não 
existem mais. Mas o vulgo, ou a teme como o pior dos 
males, ou a deseja como termo para os males da vida. O 
sábio não teme a morte, a vida não lhe é nenhum fardo, 
nem ele crê que seja um mal não mais existir. Assim como 
não é a abundância dos manjares, mas a sua qualidade, 
que nos delicia, assim também não é a longa duração da 
vida, mas seu encanto, que nos apraz. Quanto aos que 
aconselham os jovens a viverem bem, e os velhos a bem 
morrerem, são uns ingênuos, não apenas porque a vida tem 
encanto mesmo para os velhos, como porque o cuidado de 
viver bem e o de bem morrer constituem um único e mesmo 
cuidado. 
 
(Epicuro, in "A Conduta na Vida") 
ESTOICISMO 
O Estocismo é a principal escola filosófica do período 
helenístico, que adentrou o Império Romano e que teve 
grande influência sobre o Crisitanismo. O principal 
representante do Estoicismo foi Zenão de Cítio (332 – 265 
a. C.). 
Duas escolas importantes de pensamento filosófico 
surgiram depois da morte de Aristóteles: a ética hedonista 
e agnóstica de Epicuro, e o mais popular e duradouro 
Estoicismo de Zenão de Cítio. Zenão estudou comum 
discípulo de Diógenes e compartilhou do Cinismo sua 
abordagem singela. Ele tinha pouca paciência com 
especulações metafísicas e chegou a acreditar que o 
cosmos era governado por leis naturais estabelecidas por 
um legislador supremo (LOGOS ou razão universal). O 
homem é completamente impotente para mudar essa 
realidade. Além de desfrutar seus inúmeros benefícios, tem 
de aceitar sua crueldade e injustiça. 
 (O Livro da Filosofia – Ed. Globo). 
O Estoicismo considerava o prazer a fonte de todos os 
males e valorizava atributos como disciplina e resistência 
ao sofrimento. A virtude do sábio seria eliminar as paixões 
e viver de acordo com a natureza e com a razão universal. 
A razão, uma espécie de força divina, estaria impregnada 
em todos os elementos da natureza. Não se deve, portanto, 
lutar contra alguns eventos naturais, como morte e 
envelhecimento, pois são inevitáveis. A melhor maneira de 
se encontrar a paz de espírito se dá, para os estóicos, por 
meio da aceitação serena do destino. 
Para os estoicos, assim, a única coisa que está sob nosso 
controle somos nós mesmos: nossos pensamentos, nossas 
paixões e ações. Desse modo, podemos moldá-los para 
vivermos da maneira mais virtuosa e feliz. A virtude seria 
justamente compreender como o universo funciona e agir 
em consonância com suas leis. A ferramenta que 
proporciona a virtude, portanto, é a razão, que nos permite 
desenvolver habilidades como inteligência, disciplina e 
resignação. Assim, a condição essencial para se ter uma 
vida feliz é agir com virtude, o que depende de um estado 
de harmonia com o Logos, a razão universal ou divina, da 
qual não temos controle. 
A aproximação do Estoicismo com o Cristianismo se dá 
justamente pelo cultivo de atitudes como autocontrole, 
austeridade (negação dos prazeres e desejos) e submissão 
perante a razão divina. 
 
EXERCÍCIOS 
1. (ENEM) Alguns dos desejos são naturais e necessários; 
outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais 
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos 
que não nos trazem dor se não satisfeitos não são 
necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente 
desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou 
parecerem geradores de dano. 
(EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos 
de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974). 
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem 
como fim 
a) alcançar o prazer moderado e a felicidade. 
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais. 
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com 
resignação. 
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela 
divindade. 
e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir 
o saber. 
 
2. (Enem 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem 
vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, 
nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens 
agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais 
isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta 
doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que 
quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, 
precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos. 
 
(LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. 
Brasília: Editora UnB, 1988). 
 
 
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O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se 
por: 
a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da 
sociedade. 
b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da 
vida feliz. 
c) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter 
alguma certeza. 
d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança 
transcendente. 
e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o 
homem bom e belo. 
 
3. (UEM 2008) O Período Helenístico inicia-se com a 
conquista macedônica das cidades-Estado gregas. As 
correntes filosóficas desse período surgem como tentativas 
de remediar os sofrimentos da condição humana individual: 
o epicurismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; o 
estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza de 
caráter os acontecimentos bons ou maus; o ceticismo de 
Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os 
fenômenos. Sobre essas correntes filosóficas, assinale o 
que for correto. 
 
01) Os estoicos, acreditando na ideia de um cosmo 
harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram 
que virtuoso e feliz é o homem que vive de acordo com a 
natureza e a razão. 
02) Conforme a moral estoica, nossos juízos e paixões 
dependem de nós, e a importância das coisas provém da 
opinião que delas temos. 
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o 
verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de 
sofrimentos do corpo e de perturbações da alma. 
08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada 
é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, 
somos nós que deixamos de ser. 
16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as 
opiniões são igualmente válidas e nossas sensações não 
são verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com 
certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém a paz e a 
tranquilidade da alma. 
 
4. (UFF 2010) Filosofia 
 
O mundo me condena, e ninguém tem pena 
Falando sempre mal do meu nome 
Deixando de saber se eu vou morrer de sede 
Ou se vou morrer de fome 
Mas a filosofia hoje me auxilia 
A viver indiferente assim 
Nesta prontidão sem fim 
Vou fingindo que sou rico 
Pra ninguém zombar de mim 
Não me incomodo que você me diga 
Que a sociedade é minha inimiga 
Pois cantando neste mundo 
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo 
Quanto a você da aristocracia 
Que tem dinheiro, mas não compra alegria 
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente 
Que cultiva hipocrisia. 
Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo 
significado é o mais próximo da letra da canção “Filosofia”, 
composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com André 
Filho. 
a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como 
aquilo que apreendemos pela intuição mental. 
b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em 
nosso interior, pois é deste que nós somos donos. 
c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve 
recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre de 
todo encargo, em sua completa felicidade. 
d) As leis existem para os sábios, não para impedir que 
cometam injustiças, mas para impedir que as sofram. 
e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela 
não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim suas 
ações e intenções. 
 
5. (UFSJ 2012) Sobre a ética na Antiguidade, 
é CORRETO afirmar que 
a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um estado 
de plena serenidade para lidar com os sobressaltos da 
existência. 
b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades 
universalmente válidas. 
c) Platão, na direção socrática, defendeu a necessidade de 
purificação da alma para se alcançar a ideia de bem. 
d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista voltada 
para o bem individual, que, ao ser exercida, se espargiria 
por todos os homens. 
 
6. (ENEM 2018) 
 
A quem não basta pouco, nada basta. 
(EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural,1985). 
Remanescente do período helenístico, a máxima 
apresentada valoriza a seguinte virtude: 
a) Esperança, tida como confiança no porvir. 
b) Justiça, interpretada como retidão de caráter. 
c) Temperança, marcada pelo domínio da vontade. 
d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade. 
e) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão. 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1.A 2. C 3. (31) 
4. B 5. A 6. C

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