Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profª Fernanda Morais História Profª Fernanda Morais História Página 1 de 6 Lista de história - FGV 1. (FGV 2018) A agromanufatura da cana resultaria em outro produto tão importante quanto o açúcar: a cachaça. Alambiques proliferaram ao longo dos séculos coloniais. A comercialização da bebida afetava profundamente a importação de vinhos de Portugal. Esse comércio era obrigatório, pois por meio dos tributos pagos pelas cotas do vinho importado é que a Coroa pagava as suas tropas na Colônia. A cachaça produzida aqui passou a concorrer com os vinhos, com vantagens econômicas e culturais. Essa concorrência comercial entre colônia e metrópole se estendeu para as praças negreiras e rotas de comercialização de escravos na África portuguesa. A cachaça brasileira, por ser a bebida preferida para os negócios de compra e venda de escravos africanos, colocou em grande desvantagem a comercialização dos vinhos portugueses remetidos à África. A longa queda de braço mercantil acabou favorecendo afinal a cachaça, porque sem ela, nada de escravos, nada de produção na Colônia, com consequências graves para a arrecadação do reino. (Ana Maria da Silva Moura. Doce, amargo açúcar. Nossa História, ano 3, nº 29, 2006. Adaptado) A partir dessa breve história da cachaça no Brasil, é correto afirmar que a) essa produção prejudicou os negócios relacionados ao açúcar, porque desviava parte considerável da mão de obra e dos capitais, além de incentivar o tráfico negreiro em detrimento do uso do trabalho compulsório indígena, que mais interessava ao Estado português. b) esse item motivou recorrentes conflitos entre as elites colonial e metropolitana, condição em parte solucionada quando as regiões africanas fornecedoras de escravos tornaram-se também produtoras de cachaça, o que desestimulou a sua produção na América portuguesa. c) essa bebida tem uma trajetória que comprova a ausência de domínio da metrópole sobre a América portuguesa, porque as restrições ao comércio e à produção de mercadorias no espaço colonial não surtiam efeitos práticos e coube aos senhores de engenho impor a ordem na Colônia. d) esse produto desrespeitava um princípio central nas relações que algumas metrópoles europeias impunham aos seus espaços coloniais, nesse caso, a quebra do monopólio de grupos mercantis do reino e a concorrência a produtos da metrópole. e) essa mercadoria recebeu um impulso importante, mesmo contrariando as determinações metropolitanas, mas, gradativamente, perdeu a sua importância, em especial quando o tabaco e os tecidos de algodão assumiram a função de moeda de troca por escravos na África. 2. (FGV 2018) Como a sociedade do reino e as dos núcleos mais antigos de povoamento – a de Pernambuco, Bahia ou São Paulo – seguiam, em Minas, os princípios estamentais de estratificação, ou seja, pautavam-se pela honra, pela estima, pela preeminência social, pelo privilégio, pelo nascimento. A grande diferença é que, em Minas, o dinheiro podia comprar tanto quanto o nascimento, ou “corrigi-lo”, bem como a outros “defeitos” (...) Como rezava um ditado na época, “quem dinheiro tiver, fará o que quiser”. (Laura de Mello e Souza. Canalha indômita. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 1, nº 2, ago. 2005. Adaptado) No Brasil colonial, tais “defeitos” referem-se a) aos que fossem acusados pelo Tribunal da Santa Inquisição e aos que estivessem na Colônia sem a permissão do soberano português. b) ao exercício de qualquer prática comercial desvinculada da exportação e à condição de não ser proprietário de terras e escravos. c) aos que explorassem ilegalmente o trabalho compulsório dos indígenas e aos colonos que não fizessem parte de alguma irmandade religiosa. d) aos colonos que se casavam com pessoas vindas da Metrópole e aos que afrontassem, por qualquer meio, os chamados “homens bons”. e) aos de sangue impuro, representados pela ascendência moura, africana ou judaica, e aos praticantes de atividades artesanais ou relacionadas ao pequeno comércio. 3. (FGV 2018) A partir da década de 1970, ganhou espaço a interpretação de que o imperialismo inglês foi a causa da Guerra do Paraguai, deflagrada em dezembro de 1864. Segundo essa vertente, o trono britânico teria utilizado o Império do Brasil, a Argentina e o Uruguai para destruir um suposto modelo de desenvolvimento paraguaio, industrializante, autônomo, que não se submetia aos mandos e desmandos da potência de então. Estudos desenvolvidos a partir da década de 1980, porém, revelam um panorama bastante distinto. (Francisco Doratioto. Paraguai: guerra maldita. Em: Luciano Figueiredo, História do Brasil para ocupados, 2013. Adaptado) Os novos estudos sobre a Guerra do Paraguai a) questionam a superioridade militar da aliança entre Argentina, Brasil e Uruguai e consideram que a vitória dessas nações derivou mais de algumas circunstâncias favoráveis do que da competência bélica. b) apontam para o expansionismo territorial do Império do Brasil como o principal causador dessa guerra, como pode ser verificado por meio das pretensões brasileiras por territórios divisos com o Paraguai e a Argentina. c) atribuem a responsabilidade do conflito aos quatro países envolvidos, que estavam em um momento particular de suas histórias, porque se encontravam em meio aos processos de construção e consolidação dos Estados Nacionais. d) demonstram como a inabilidade diplomática das nações envolvidas provocou uma guerra prolongada e muito cara, que, em última instância, gerou forte dependência econômica da região durante o resto do século XIX. e) realçam a importância do Uruguai e da Argentina como provocadores desse conflito regional porque defendiam que a navegação do estuário do Prata fosse exclusividade dessas nações, trazendo imediato prejuízo à Inglaterra. Profª Fernanda Morais História Profª Fernanda Morais História Página 2 de 6 4. (FGV 2018) Encontro, teoricamente inexplicável, de dois fenômenos que deveriam em princípio repelir-se um ao outro: o Mercantilismo e a Ilustração. Entretanto, ali estavam eles juntos, articulados, durante todo o período pombalino. FALCON, F. J. C., A época pombalina. São Paulo: Ática, 1982, p. 483. Entre as medidas implementadas durante o período em que o Marquês de Pombal foi o principal ministro do rei português D. José I, é correto apontar: a) A anistia aos mineradores da colônia que possuíam débitos tributários com a metrópole portuguesa. b) A implementação de medidas liberalizantes e a extinção das companhias de comércio monopolistas. c) O estabelecimento do Diretório dos Índios, que significou uma tentativa de enfraquecer o poder dos jesuítas. d) A intensificação das perseguições aos judeus e cristãos-novos bem como o fortalecimento do Tribunal do Santo Ofício. e) O fortalecimento da nobreza e do clero em detrimento dos setores financeiros e mercantis da sociedade portuguesa. 5. (FGV 2018) Era a manhã ensolarada do dia 1o de maio de 1980, e as pessoas que haviam chegado ao centro de São Bernardo para a comemoração da data se depararam com a cidade ocupada por 8.000 policiais armados, com ordens de impedir qualquer concentração. É que aquele Dia do Trabalhador ocorria quando uma greve dos metalúrgicos da região alcançava já um mês de duração e levara o chefe do Serviço Nacional de Informação a prometer que dobraria a república de São Bernardo. O que poderia ter permanecido em dissídio salarial tornara-se um enfrentamento político que polarizava a sociedade. Movidos pela solidariedade à greve, formaram-se comitês de apoio em fábricas e bairros da Grande São Paulo. Pastorais da Igreja, parlamentares da oposição, Ordem dos Advogados, sindicatos, artistas, estudantes, jornalistas, professores assumiram a greve do ABC como expressão da luta democrática em curso.(Eder Sader. Quando novos personagens entraram em cena, 1988. Adaptado) Em relação ao evento apresentado, é correto afirmar que a) a ação dos sindicatos dos trabalhadores industriais da Grande São Paulo, especialmente na região do ABC, sob a hegemonia do ilegal Partido Comunista Brasileiro, garantiu uma excepcional articulação entre os movimentos sociais, como o de moradia, e o denominado sindicalismo classista. b) o ponto central de articulação e unidade das organizações sindicais, políticas e do movimento popular do estado de São Paulo foi à luta contra as modificações na CLT, pretendidas pelo Ministério do Trabalho, com a anuência da FIESP e de outras confederações e federações patronais. c) o sindicalismo brasileiro sofreu um decisivo impulso a partir das greves de boias-frias, em 1978, ocorridas no interior do estado São Paulo, fazendo com que a organização dos sindicatos de trabalhadores da indústria se voltassem para a luta pela recuperação das perdas salariais ocorridas desde 1964. d) as movimentações operárias da região do ABC paulista foram organizadas por dirigentes do chamado novo sindicalismo, que buscava a autonomia sindical frente ao Estado e criticava o sindicalismo dos dirigentes pelegos, cuja ação se baseava em práticas assistencialistas. e) a reorganização dos movimentos de trabalhadores no Brasil, depois de uma década sem greves e manifestações de ruas, decorreu da ação dos trabalhadores da administração pública, especialmente da saúde e da educação, que perderam o direito à sindicalização durante a Ditadura Militar. 6. (FGV 2018) A vida privada dos escravos romanos à época do Império é um espetáculo pueril que se olha com desdém. No entanto, esses homens tinham vida própria; por exemplo, participavam da religião, e não apenas da religião do lar que, afinal, era o seu: fora de casa, um escravo podia perfeitamente ser aceito como sacerdote pelos fiéis de alguma devoção coletiva; podia também se tornar padre dessa Igreja cristã que nem por um momento pensou em abolir a escravidão. Paganismo ou cristianismo, é possível que as coisas religiosas os tenham atraído muito, pois bem poucos outros setores estavam abertos para eles. Os escravos também se apaixonavam pelos espetáculos públicos do teatro, do circo e da arena, pois, nos dias de festa, tinham folga, assim como os tribunais, as crianças das escolas e... os burros de carga. (Paul Veyne, O Império Romano. Em: Paul Veyne (org.). História da vida privada v. 1: do Império Romano ao ano mil, 2009. Adaptado) A partir da discussão presente no trecho, é correto afirmar: a) a característica fundante do escravismo romano era a origem étnica, o que fazia com que a escravização dos povos conquistados e o tráfico nas fronteiras do Império proporcionassem a grande maioria da mão de obra servil, ao mesmo tempo em que a escravidão entre os próprios romanos havia caído em desuso desde a crise da República. b) os escravos na sociedade romana não eram uma coisa, mas seres humanos, na medida em que até os senhores que os tratavam desumanamente impunham- lhes o dever moral de ser bons escravos, de servir com dedicação e fidelidade, características necessariamente humanas; no entanto, esses seres humanos eram igualmente um bem cuja propriedade seu amo detinha. c) a escravidão caracterizava as relações de produção em Roma e os escravos, em sua inferioridade jurídica, desempenhavam uma função produtiva, marcados por um lugar social de pobreza, privação e precariedade, estando associados às formas braçais de trabalho e à produção de bens materiais em uma sociedade altamente hierarquizada. d) a justificativa moral da escravidão sofreu uma intensa transformação ao longo dos séculos, de tal forma que a própria sociedade romana passou a questioná-la, tornando mais brandas as relações escravistas em meio à transformação do cristianismo em religião oficial do Império, o que contribuiu para o aprofundamento da crise do escravismo. Profª Fernanda Morais História Profª Fernanda Morais História Página 3 de 6 e) as relações escravistas caracterizaram os tempos da República romana, muito associadas ao poder dos patrícios, pertencentes à aristocracia de grandes proprietários, mas entraram em decadência na passagem para o Império, pois os generais que centralizaram o poder reconheciam na escravidão um mecanismo de enfraquecimento do exército. 7. (FGV 2018) Na sua faceta mais radical, a Revolução Francesa promoveu uma certa redistribuição de terra, por meio de medidas como a venda dos bens nacionais. Entretanto, nesse processo de construção de uma ordem jurídica burguesa, o fim da escravidão não seria, no final das contas, incluído. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 trazia, no seu artigo 1º, o princípio segundo o qual “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”. Mas a história revolucionária mostrou que essa fórmula clássica do liberalismo político foi capaz de gerar, de imediato, posturas contraditórias entre os diferentes atores históricos do período, que interpretavam os termos liberdade e igualdade à luz de suas próprias aspirações e interesses. (Laurent Azevedo Marques de Saes. A Societé des Amis des Noirs e o movimento antiescravista sob a Revolução Francesa (1788-1802). Tese (Doutorado em História Social) – FFLCH, USP. 2013. Adaptado) Nesse contexto, é correto afirmar que a) a Revolução Francesa, embora conduzida em nome de princípios universais de liberdade e igualdade, acabou incorporando a escravidão colonial na nova ordem jurídica, sem que essa instituição tivesse sido posta em discussão nem sequer no período mais radical do processo revolucionário, no momento no qual os jacobinos tentaram dirigir os rumos da revolução. b) os princípios de liberdade e igualdade, para a maioria dos homens nas assembleias revolucionárias, não encontravam fronteiras ou limites ditados pela condição da França de potência colonial, mas representavam valores universais a serem difundidos inclusive para a América a partir de Paris, ainda que a ascensão de Napoleão tenha freado a propagação das ideias revolucionárias. c) o império colonial francês à época girava em torno da “pérola das Antilhas”, São Domingos (futuro Haiti), colônia que havia projetado a França para o topo do mercado internacional de produtos tropicais e que transformou o sucesso da produção caribenha na base da riqueza burguesa dos portos franceses, o que não impediu que jacobinos e sans culottes defendessem a abolição e a independência colonial desde julho de 1789. d) a questão colonial evidenciava, sob certos aspectos, os limites da Revolução Francesa, liberal e burguesa, pois dentro da ótica mercantilista que orientou a economia francesa desde o século XVII, a prosperidade da Nação dependia da balança comercial favorável e, nesse sentido, o papel do comércio com as colônias e da reexportação dos produtos proporcionados por esse comércio era visto como capital. e) a restauração da escravidão nas colônias, ocorrida em 1799 por ordem de Bonaparte depois da abolição em 1789, por exigência dos revolucionários, teve como desdobramento o levante negro no Haiti, em que se lutava simultaneamente pela abolição da escravidão e pelo rompimento dos laços coloniais com a França, resultando na independência do Haiti, primeiro a libertar os escravos no continente americano. 8. (FGV 2018) A proclamação da República Popular da China em 1º de outubro de 1949 e a eleição do governo presidido por Mao Tsetung foram resultados da luta contra a ocupação da China por potências estrangeiras e contra o regionalismo que fortalecia os senhores de terra. O movimento camponês, liderado por Mao Tsetung, sagrou-se vitorioso em outubro de 1949. Entretanto, as raízes desse movimento estão no século 19 e nas condições que se foram criandoa partir da intervenção das potências estrangeiras, no início do século 20. (Carlos Guilherme Mota. História moderna e contemporânea, 1986) No que diz respeito às interferências estrangeiras nesse país, é correto afirmar que a) a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) terminou com a vitória do Império Russo e sua decorrente ação do imperialismo russo no processo de partilha de grande parte do território da China Imperial. b) as Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860) garantiram à Inglaterra a abertura comercial da China e permitiram também que outras potências europeias e asiáticas revelassem seus interesses no Império Chinês. c) a guerra entre o Império Chinês e o Japão (1894-1895) resultou no enfraquecimento da China e no início da hegemonia alemã em grande parte desse país, principalmente por meio das amplas inversões de capitais. d) a Revolta dos Boxers (1898-1901) representou a luta das classes médias urbanas e da classe operária pela ampliação da cidadania político-eleitoral, contra os grandes senhores de terra e a República chinesa recém-proclamada. e) a Longa Marcha (1923-1927), organizada pelo Partido Comunista Chinês em aliança com o Partido Nacional do Povo, lutou contra as presenças estrangeiras na China, e foi derrotada pelos japoneses no momento da invasão da Manchúria. 9. (FGV 2018) Em 1864, o conselho geral da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) incumbiu Karl Marx de redigir uma carta endereçada a Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos, por ocasião de sua reeleição. Nessa carta, Marx felicitava o estadunidense e relacionava a luta contra a escravidão na América aos interesses e demandas das classes trabalhadoras. A respeito do contexto histórico dessa carta, é correto afirmar: a) Nos Estados Unidos da América, desenrolava-se a Guerra de Secessão, provocada pela separação das unidades federativas que desejavam a manutenção da escravidão. Profª Fernanda Morais História Profª Fernanda Morais História Página 4 de 6 b) A AIT foi fundada em 1864 como uma organização internacional que se propunha representar tanto a classe operária quanto setores da pequena burguesia democrática. c) A Guerra Civil Americana foi provocada pelas ligações do então presidente Abraham Lincoln com a esquerda comunista internacional liderada pelo filósofo alemão Karl Marx. d) Na Europa, a fundação da AIT representava uma tentativa de canalizar as lutas operárias para o interior das instituições políticas da sociedade burguesa, através da participação eleitoral. e) A reeleição de Abraham Lincoln só foi possível devido à extensão do direito universal de voto a todos os estadunidenses, independentemente de sua condição racial ou social. 10. (FGV 2017) O que queremos destacar com isso é que o tráfico atlântico tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade colonial: apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as fortunas senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente. Ao mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas. Na Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro, desde pelo menos o início do século XVIII, o tráfico atlântico de escravos passou a ser controlado pelas comunidades mercantis locais (...). João Fragoso et alii. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), 1998. O texto permite inferir que a) o tráfico atlântico de escravos prejudicou a economia colonial brasileira porque uma enorme quantidade de capitais, oriunda da produção agroindustrial, era remetida para a África e para Portugal. b) as transações comercias envolvendo a África e a América portuguesa deveriam, necessariamente, passar pelas instâncias governamentais da Metrópole, condição típica do sistema colonial. c) a monopolização do tráfico negreiro nas mãos de comerciantes encareceu essa mão de obra e atrasou o desenvolvimento das atividades manufatureiras nas regiões mais ricas da América portuguesa. d) as rivalidades econômicas e políticas entre fidalgos e burgueses, no espaço colonial, impediram o crescimento mais acelerado da produção de outras mercadorias além do açúcar e do tabaco. e) nem todos os fluxos econômicos, durante o processo de colonização portuguesa na América, eram controlados pela Coroa portuguesa, revelando uma certa autonomia das elites coloniais em relação à burguesia metropolitana. 11. (FGV 2017) Ao final do século XVIII, ocorreram duas grandes revoltas na América portuguesa: a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798). A respeito dessas duas revoltas, explique: a) a composição social dos seus dirigentes; b) as influências político-culturais de cada uma delas; c) os objetivos político-sociais de cada uma delas. 12. (FGV 2017) Analise atentamente a imagem abaixo. a) Identifique os personagens representados no cartaz e explique o significado de cada um, no contexto da política brasileira da época. b) O cartaz foi produzido em meio a um conflito político no Brasil. Explique as características desse conflito. c) Aponte dois desdobramentos desse conflito. 13. (FGV 2017) [Em novembro de 1937], (...) ao falar em organizar a juventude com a finalidade “de promover-lhe a disciplina moral e o adestramento físico, de maneira a prepará-la ao cumprimento dos seus deveres para com a economia e a Nação, [o ministro da Justiça Francisco] Campos estava pensando em instituições voltadas para a mobilização e a militarização dos jovens. (...) Consciente de que não poderia contar com o apoio de Gustavo Capanema para a efetivação de seu projeto de mobilização política da juventude através do sistema de ensino e tendo fracassado na sua tentativa de afastá-lo do Ministério da Educação e Saúde, Campos planejava reunir os jovens em um sistema e criar para isto uma grande organização nacional, sob a dependência direta do Ministério da Justiça, isto é, dele mesmo. José Silvério Baía Horta. O hino, o sermão e a ordem do dia: a educação no Brasil (1930-1945), 1994. Considerando o fragmento e o contexto do Estado Novo, é correto afirmar que a) o prestígio do ministro Francisco Campos podia ser dimensionado pela importância que Getúlio Vargas deu ao projeto da juventude brasileira, com recursos financeiros, apoio político e aval da Câmara dos Deputados, e foi implantado durante a Segunda Guerra, encaminhando o Brasil em direção aos interesses dos Estados Unidos e dos Aliados. b) a efetivação da Juventude Brasileira, que tinha como patrono Duque de Caxias, funcionando apenas no Rio de Janeiro e em algumas outras capitais brasileiras, desencadeou um sério conflito entre vários líderes do Estado Novo, o que enfraqueceu o regime autoritário, que perdia as suas bases de sustentação por conta da forte oposição liberal nascida nos estados nordestinos. c) o ministro Francisco Campos, um notável articulador político, soube convencer o ministro Capanema das vantagens em organizar militarmente os estudantes brasileiros, assim o projeto inicial foi ampliado e, durante boa parte do Estado Novo, os jovens brasileiros receberam instruções sobre o uso de armas, civismo e condicionamento físico. Profª Fernanda Morais História Profª Fernanda Morais História Página 5 de 6 d) o ministro da Justiça do Estado Novo, apesar da sua função relevante de autor da Constituição de 1937, ocupava poucos espaços políticos na ordem derivada do golpe de Estado, e a proposta de uma organização militar para a juventude dificilmente contaria com o apoio do presidente Vargas, avesso às práticas físicas e esportivas, que desviavam a população do trabalho. e) o ministro Francisco Campos, um dos mais importantes ideólogos do autoritarismo, defendia uma organizaçãoda juventude brasileira em formato parecido com as experiências das nações nazifascistas, e, ao mesmo tempo, a oposição do ministro Capanema a esse projeto mostra o governo ditatorial de Vargas marcado por divergências políticas entre os seus ministros. 14. (FGV 2017) Viva Vaia é um poema concreto publicado em 1972 e dedicado ao compositor Caetano Veloso, que havia sido vaiado por grande parte do público presente ao Teatro Tuca, no Festival Internacional da Canção de 1968. Desde então, em diversos momentos, o poema é utilizado com intuito de dar significação a episódios da cena política e cultural brasileira. Sobre o contexto de sua elaboração, podemos afirmar que se trata a) de um período de contestações à Ditadura Militar, de ampliação das liberdades democráticas no país e de intensa efervescência cultural. b) do momento da deposição do presidente João Goulart e da intensificação da repressão cultural. c) da radicalização política do movimento estudantil contra a Ditadura Militar e de utilização da cultura como expressão política. d) do descontentamento dos jovens com o conservadorismo da música popular brasileira durante a Ditadura Militar. e) do momento de aceitação das ações repressivas da Ditadura Militar por meio da música e da poesia. 15. (FGV 2017) Os chamados Atos de Navegação, instituídos na Inglaterra em 1651, a) eram recomendações teóricas que buscavam estimular o livre comércio internacional. b) constituíram-se como um instrumento jurídico que proibia o tráfico de escravos para a América inglesa. c) foram uma forma de articulação entre a Inglaterra e o poderio naval holandês frente ao poderio ibérico. d) estabeleceram regras para a navegação marítima visando combater as práticas de pirataria. e) eram um conjunto de leis que ampliavam o controle metropolitano inglês sobre as suas colônias. 16. (FGV 2017) Desde o início do século XIV], no reino do Congo (...) moravam povos agricultores que, quando convocados pelo mani Congo, partiam em sua defesa contra inimigos de fora ou para controlar rebeliões de aldeias que queriam se desligar do reino. Aldeias (lubatas) e cidades (banzas) pagavam tributos ao mani Congo, geralmente com o que produziam: alimentos, tecidos de ráfia vindos do nordeste, sal vindo da costa, cobre vindo do sudeste e zimbos (pequenos búzios afunilados colhidos na região de Luanda que serviam de moeda). (...) o mani Congo, cercado de seus conselheiros, controlava o comércio, o trânsito de pessoas, recebia os impostos, exercia a justiça, buscava garantir a harmonia da vida do reino e das pessoas que viviam nele. Os limites do reino eram traçados pelo conjunto de aldeias que pagavam tributos ao poder central, devendo fidelidade a ele e recebendo proteção, tanto para os assuntos deste mundo como para os assuntos do além, pois o mani Congo também era responsável pelas boas relações com os espíritos e os ancestrais. (...) O mani Congo vivia em construções que se destacavam das outras pelo tamanho, pelos muros que a cercavam, pelo labirinto de passagens que levavam de um edifício a outro e pelos aposentos reais que ficavam no centro desse conjunto e eram decorados de tapetes e tecidos de ráfia. Ali o mani vivia com suas mulheres, filhos, parentes, conselheiros, escravos, e só recebia os que tivessem nobreza suficiente para gozar desse privilégio. , Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2006. A partir da descrição do reino do Congo, é correto afirmar que, nesse reino, a) toda a organização administrativa estava voltada para a acumulação de riquezas nas mãos do soberano, que as redistribuía entre as aldeias mais leais e com maior potencialidade econômica. b) o político e o sobrenatural estavam intimamente relacionados, além das semelhanças entre uma corte europeia e uma de um reino na África, porque ambas eram caracterizadas por hierarquias rígidas. c) a ordem política derivava de uma economia voltada para a produção baseada no uso da mão de obra compulsória, por isso o soberano era o maior beneficiado com a captura de homens para serem escravizados. d) a fragmentação do poder entre os chefes das aldeias e os conselheiros do soberano permitiu a consolidação de uma prática política pouco usual na África, na qual as decisões eram tomadas pelos moradores do reino. e) a prevalência da condição tribal favoreceu sua dominação por outros povos africanos, mas especialmente pelos comerciantes europeus, interessados na exploração de metais amoedáveis. 17. (FGV 2016) I “Em Canudos representa de elemento passivo o jagunço que corrigindo a loucura mística de Antônio Conselheiro e dando-lhe umas tinturas das questões políticas e sociais do momento, criou, tornou plausível e deu objeto ao conteúdo do delírio, tornando-o capaz de fazer vibrar a nota étnica dos instintos guerreiros, atávicos, mal extintos ou apenas sofreados no meio social híbrido dos nossos sertões, de que o louco como os contagiados são fiéis e legítimas criações. Ali se achavam de fato, admiravelmente realizadas, todas as condições para uma constituição epidêmica de loucura.” (Nina Rodrigues, As coletividades anormais. 2006) Profª Fernanda Morais História Profª Fernanda Morais História Página 6 de 6 II. Ergueu-se contra a República O bandido mais cruel Iludindo um grande povo Com a doutrina infiel Seu nome era Antônio Vicente Mendes Maciel [...] Os homens mais perversos De instinto desordeiro Desertor, ladrão de cavalo Criminoso e feiticeiro Vieram engrossar as tropas Do fanático Conselheiro (João Melchíades Ferreira da Silva apud Mark Curran, História do Brasil em cordel. 1998) Acerca das leituras que os textos fazem de Canudos, é correto afirmar que a) I pondera sobre a necessidade de se compreender a Guerra de Canudos no contexto das rebeliões contra o avanço do capitalismo no sertão brasileiro; II refere-se aos rebeldes do sertão baiano como principais responsáveis pela instabilidade político-institucional dos primeiros anos da República brasileira. b) I analisa o evento ocorrido no sertão baiano a partir de referências médicas e antropológicas, tratando-o como o embate entre a barbárie, em função da condição primitiva e enlouquecida do sertanejo, e a civilização; II identifica a prática dos combatentes do Arraial de Canudos à dos cangaceiros. c) I reconhece legitimidade na rebelião dos sertanejos baianos, em razão do abandono institucional de que essas pessoas foram vítimas ao longo do tempo; II mostra o líder Antônio Conselheiro como um importante articulador político, vinculado aos mais importantes oligarcas baianos, os chamados coronéis. d) I condena as principais lideranças da rebelião baiana pela postura de defesa das práticas religiosas primitivas e rústicas, que se contrapunham aos princípios cristãos; II acusa o líder Antônio Conselheiro de provocar tensões étnicas e de classe, ao propor uma sociedade igualitária social e economicamente. e) I denuncia a ausência de uma compreensão científica, por parte do poder público, sobre as motivações dos rebeldes de Canudos; II critica os moradores do arraial de Canudos pela violência gratuita contra as forças legais, que estavam preocupadas em oferecer aos sertanejos a entrada no mundo da civilização. Gabarito: 1: [D] 2: [E] 3: [C] 4: [C] 5: [D] 6: [B] 7: [D] 8: [B] 9: [A] 10: [E] 13: [E] 14:[C] 15: [E] 16: [B] 17: [B]
Compartilhar