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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Secretaria de Educação à Distância – SEDIS Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde - LAIS Programa de Educação Permanente em Saúde da Família – PEPSUS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA PROMOVER A SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DOS JOVENS E DESMISTIFICAR O CANCER DE PROSTATA NA UNIDADE DE SAÚDE MARIA GOMES DE ARAUJO PS III NO MUNICIPIO DE GRAVATÁ - PE ADEMIR NUNES PERGHER NATAL/RN 2021 PROMOVER A SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DOS JOVENS E DESMISTIFICAR O CANCER DE PROSTATA NA UNIDADE DE SAÚDE MARIA GOMES DE ARAUJO PS III NO MUNICIPIO DE GRAVATÁ - PE ADEMIR NUNES PERGHER Trabalho de Conclusão apresentado ao Programa de Educação Permanente em Saúde da Família, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Saúde da Família. Orientador: MARCOS JONATHAN LINO DOS SANTOS NATAL/RN 2021 Agradeço a equipe do posto 3 em Gravatá e a toda equipe da Secretaria municipal de Saúde e a equipe de facilitadores e coordenador que esteve sempre pronta quando precisei. Dedico à Deus e minha família. Saúde e discernimento para seguir o caminho do conhecimento. RESUMO RESUMO Ampliar a assistência de saúde aos homens e jovens são desafios em nossa unidade, um nó critico no desenvolvimento das ações, pois são um público que dificilmente procuram atendimento e/ou frequentam a unidade de saúde. Então foram desenvolvidas duas microintervenções, que abordaram a saúde sexual com objetivo de prevenção e controle das doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência, além de medidas para promoção da saúde do homem, desmistificando e levando informações sobre o câncer de próstata. A interação multidisciplinar tornou possível a realização das atividades, pois além de capacitar a equipe da unidade, houve apoio da direção da escola do bairro na divulgação do material produzido aos jovens. A capacitação da equipe proporcionou uma nova postura, como agentes educadores e multiplicadores, e a noite destinada à saúde do homem trouxe positiva repercussão e procura para nova realização, porém a piora da pandemia ainda não permite novo encontro. Foi possível identificar que com as portas abertas e acolhimento adequado, os jovens e homens, é possível estabelecer vínculo e fornecer um cuidado integral e longitudinal, que são princípios de nosso trabalho enquanto agentes da Atenção Primária à Saúde. Palavras chaves: Atenção Primária à Saúde; Câncer de Próstata; Saúde sexual e reprodutiva na adolescência. SUMÁRIO 1. I N T R O D U Ç Ã O 6 2. RELATO DE MICROINTERVENÇÃO 1- Promovendo a saúde sexual e a saúde reprodutiva de adolescentes e jovens na atençao primária 7 3. . RELATO DE MICROINTERVENÇÃO 2 Abordagem do Câncer na Atenção na Atenção Primária- CANCER DE PROSTATA 11 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 16 5. R E F E R Ê N C I A S 17 1. INTRODUÇÃO É evidente a desproporcionalidade entre homens e mulheres nos serviços de saúde, assim como os adolescentes que também não procuram atendimento preventivo e precoce. A menor adesão aos tratamentos e busca por atendimento não representa sinônimo de saúde, pois guiados pelo preconceito e crenças quando atendidos já trazem desfechos evitáveis, como a gravidez na adolescência, por exemplo. Este trabalho é resultado de duas microintervenções, realizadas durante o programa de pós-graduação em Saúde da Família da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Desenvolvidas na Unidade de Saúde PSF Maria Gomes de Araújo PS III, no bairro novo, da cidade de Gravatá, conhecida como a suíça pernambucana e fica localizada a 50 km de Caruaru, no interior do Estado de Pernambuco, um município que apesar de pobre, com grande investimentos no turismo, principalmente pelas temperaturas mais amenas durante a noite. A unidade está localizada no bairro mais populoso do município, a dez minutos, caminhando, do centro da cidade, também é conhecido como morro do cruzeiro. A maioria dos moradores sobrevivem da prestação de serviços gerais nos canaviais, alguns aposentados, e grande parcela analfabeta, porém com vasto conhecimento de fitoterapias. Por mais que o rio Ipojuca passe no meio da cidade, um dos grandes problemas é a falta de água, deixando os moradores por vários dias desabastecidos, pois a água do rio é imprópria para uso, devido poluição. Ampliar a assistência de saúde aos homens e jovens é um desafio para Atenção Primária à Saúde (APS) e também na UBS Maria Gomes de Araújo, um dos nós crítico identificados durante o desenvolvimento das atividades do programa de pós-graduação. Além de se tratar de um público que dificilmente procura atendimento e/ou frequenta a unidade de saúde os homens são a maioria em nosso território (do total de 4235 pessoas cadastradas, mais da metade – 2.744, são homens) e os jovens uma preocupação constante, principalmente pelo aumento do número de gestantes adolescentes. Então foram desenvolvidas duas microintervenções, que ao longo deste trabalho serão apresentadas, as quais abordaram a saúde sexual com objetivo de prevenção e controle das doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência, além de medidas para promoção da saúde do homem, desmistificando e levando informações sobre o câncer de próstata. 7 2. RELATO DE MICROINTERVENÇÃO 1 PROMOVENDO A SAÚDE SEXUAL E A SAÚDE REPRODUTIVA DE ADOLESCENTES E JOVENS NA ATENÇÃO BÁSICA Dentre os problemas de saúde, a gravidez se destaca, nos indivíduos entre 10 e 20 anos incompletos, como um problema de saúde de todos os países, em especial dos em desenvolvimento, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2019). O assunto está cada vez obtendo maior relevância nas ações de promoção de saúde, fato que levou em 2019 a promulgação da Lei 13.798, que incluiu no Estatuto da Criança e do Adolescente o artigo 8º-A, a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente a partir de 1º de fevereiro. A gestação na adolescência entre 10 e 20 anos é considerada de alto risco decorrente das preocupações que traz à mãe e ao recém-nascido, a gravidez nesta faixa etária pode acarretar sérios problemas sociais e biológicos, durante a gestação e depois do nascimento (OMS, 2019). O Brasil tem uma taxa de 65 gestações para cada mil meninas, o que representa a sétima maior taxa de gravidez de adolescentes da América do Sul, segundo dados referentes ao período de 2006 a 2015. Entre estas, de cada cinco, três não trabalham nem estudam, sete em cada dez são afrodescendentes e aproximadamente a metade mora na Região Nordeste do país (ONU, 2016). Entretanto, o Ministério da Saúde informa que o número absoluto de gestações entre adolescentes brasileiras de 10 a 19 anos teve queda, após análise de relatório preliminar de dados do DATASUS-SINASC 2017. A redução foi de 661.290 em 2004 para 546.529 em 2015 (BRASIL, 2017). Este número representa 18% dos 3 milhões de nascidos vivos em 2015. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, em 2015, 18% dos brasileiros nascidos vivos eram filhos de mães adolescentes. Quanto à distribuição demográfica, a região com maior número de mães adolescentes é a região Nordeste, concentrando 180 mil nascidos ou 32% do total. Segue-se a região Sudeste, com 179,2 mil (32%), a região Norte com 81,4 mil (14%), a região Sul (62.475 – 11%) e a Centro Oeste (43.342 – 8%). Nossa comunidade, atualmente com 20 gestantes em acompanhamento, apresenta uma prevalência de 25% de gestantes adolescentes, acima da nacional. A areaque fica localizada a UBS - Maria Gomes de Araújo, o perfil socioeconômico segundo o IBGE em 2018, o salário médio mensal de 1.6 salários mínimos com 44,6% da população do município com os rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa. Fato que pode ter relação com a proporção de gravidez nas adolescentes de nossa adscrição. Não apenas o fator econômico que influencia no exposto, mas em especial precariedade na informação sobre saúde sexual e reprodutiva e menor acesso a serviços contraceptivos, por desconhecimento e condições culturais. Além da influência direta às meninas, acometidas pela maternidade precoce, tanto física, emocionalmente e financeiramente, a situação acaba por 8 perpetuar ciclos intergeracionais de pobreza. Com objetivo de aproximar os adolescentes dos profissionais de saúde, melhorar o acesso aos métodos contraceptivos e prevenção de IST´s, aprimorar as informações e traze-los para um acolhimento adequado, abrir as portas da Unidade, para falar sobre sexo e com isso conseguir ajudar as adolescentes a evitarem a gravidez antes de estarem prontas. Não podemos ser um obstáculo ao acesso à contracepção, pois quanto mais difícil o acesso e a informação adequada, maiores deverão ser as taxas de gravidez e IST´s. Com ética e respeito à sua autonomia, toda equipe da Estratégia de Saúde da Família deve pautar suas ações na privacidade, confidencialidade e sigilo em todas suas ações, inclusive na abordagem da sexualidade e saúde reprodutiva. Devemos garantir atendimento aos adolescentes e jovens, antes mesmo do início de sua atividade sexual e reprodutiva, para ajudá-los a lidarem com a sua sexualidade de forma positiva e responsável, incentivando comportamentos de prevenção e autocuidado. Desta forma planejei as ações inicialmente com treinamento da equipe de saúde (Enfermeira, Técnica de Enfermagem, Recepcionista, AC´s) no dia 19/10/2020, com objetivo de apresentação do projeto e qualificação da equipe para escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo com os adolescentes. O treinamento para qualificação do acolhimento adequado objetivou melhor acesso dos jovens aos preservativos e ao teste de gravidez, de forma mais abrangente e simples possível, favorecendo as ações de anticoncepção, de prevenção das DST/HIV/Aids e o acesso precoce ao pré-natal, com garantia de privacidade, segredo e confidencialidade. O objetivo também foi preparar os profissionais para que nas visitas aos domicílios aconteça a promoção de saúde ao abordar o adolescente como um membro da família para assim, estabelecer vínculos. Além da prevenção o treinamento abordou aspectos especiais da atenção à adolescente gestante, e a importância dos agentes de saúde no aspecto biopsicossocial dos pais adolescentes, além das recomendações especiais durante o puerpério da adolescente. O material utilizado foi computador para apresentação em Power point e manuais impressos do Ministério da Saúde. 9 Imagem1: Treinamento com Equipe (acervo proprio) O objetivo era trazer os jovens para Unidade de Saúde, e tendo em vista a pandemia, não poderíamos agendar ações com aglomerações, ou mesmo ir às salas de aula para levar as informações, por isso, no dia posterior ao treinamento da equipe, com vídeo que confeccionei para os jovens (sobre gravidez na adolescência, infecções sexualmente transmissíveis e ressaltando que as portas da Unidade estão abertas à eles), realizei visita à escola Conego Eugenio Vila Nova, na quadra formada pelas avenidas Quatorze e Rua Dois, foi bem recebido pela vice-diretora, a qual assistiu o vídeo e autorizou que fosse passado para todas as professoras para que com isso elas pudessem replicar aos alunos da escola. 10 Imagem 2: capa do vídeo enviado para Escola Na semana posterior à divulgação do vídeo, recebo na unidade uma aluna da Escola, acompanhada de sua mãe, solicitando apoio e orientação para método contraceptivo, para início da atividade sexual com namorado. Na ocasião a mãe relatou ter passado por experiência de gravidez na adolescência, e que acompanhava a filha naquele momento para que a história de sofrimento não se repetisse. As estratégias educativas, estão programadas da seguinte maneira: Ação: Promoção da SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DE ADOLESCENTES E JOVENS NA ATENÇÃO BÁSICA Detalhamento da ação: Apoiar/ orientar aos jovens e adolescentes a lidarem com a sua sexualidade de forma positiva e responsável, incentivando comportamentos de prevenção e autocuidado, para prevenção de IST´s e gravidez na adolescência. Abordar o assunto nas reuniões de equipe através de diálogo e incentivo ao estabelecimento de vínculos com jovens através das visitas domiciliares, bem como programar ações na escola assim que retomadas as aulas. Responsável: Médico Equipe de Apoio: Médico, Enfermeira, Técnica de enfermagem, Agentes comunitários de saúde Prazo: 6 meses Recursos: Materiais disponíveis na Unidade e de pessoal. A participação e interação da equipe da unidade e da escola de forma ativa, foi um dos grandes motivadores e potencial sucesso para a ação. Por outro lado, a principal dificuldade enfrentada foi a situação de isolamento social ocasionada pela pandemia (covid-19), fato que impossibilitou maiores ações junto aos jovens. Acredito que em maior prazo, haverá maior procura dos jovens à Unidade, aos poucos vamos quebrando ”tabus e preconceitos” quanto ao assunto, pois através de acolhimento adequado conseguiremos fortalecer vínculos e com isso levar informações de qualidade e fácil acesso aos métodos de contracepção e prevenção. 11 3. RELATO DE MICROINTERVENÇÃO 2 Abordagem do Câncer na Atenção na Atenção Primária- CANCER DE PROSTATA De acordo com a, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA,2020), o número de casos novos de câncer cresce a cada ano e para 2020/2022 a ocorrência de cerca de 625 mil casos novos de câncer no Brasil para cada um dos anos. Estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022, no país. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens. Seguido do câncer de pele não melanoma e mama, o câncer de próstata deverá ser o terceiro mais prevalente (INCA,2020). No país, ocorreram, em 2017, 15.391 óbitos de câncer de próstata, o equivalente ao risco de 15,25/100 mil homens (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2014 e 2019). O problema está aumentando e enquanto profissionais da atenção primária podemos contribuir para mudança do cenário, através de ações de promoção primária, secundária e terciária. Como podemos identificar nos dados do INCA (Inca, 2020) podemos observar os casos novos por localização primária do tumor e sexo, conforme figura a seguir, os tipos de câncer mais incidentes (exceto pele não melanoma), por localização primária e gênero, esperados para 2020, 2021 e 2022, por ano, no Brasil, são: Homens: Câncer de próstata (29,2%), Câncer de cólon e reto (intestino) (9,1%), Câncer de pulmão (7,9%), Câncer de estômago (5,9%) e Câncer da cavidade oral (boca) (5,0%). Mulheres: Câncer de mama (29,7%), Câncer de cólon e reto (intestino) (9,2%), Câncer do colo do útero 7,4%), Câncer de pulmão (5,6%) e câncer de tireoide (5,4%). Figura 1. Taxa de incidência por localizações primárias de câncer, exceto pele não melanoma, por sexo, estimados para 2020, no Brasil (taxas brutas) 12 Fonte: Instituto Nacional de Câncer Jose Alencar Gomes da Silva, 2019 A decisão pelo tema, se justifica, porque do total de 4.235 pessoas cadastradas em nosso território, mais da metade são homens (2.744), e nossa comunidade conta muitos idosos e aposentados, além do fato de nosso Estado apresentar uma elevada taxa e incidência estimadas para o câncer de próstata (Figura 2). O aumento nas taxas de incidência no Brasil, e a falta de cuidado dos homens com sua saúde, nos deixam em alerta, por isso a importância da promoção em saúde, e estamicrointervenção tem o objetivo de melhorar e ampliar a assistência da saúde do homem e aproveitarmos os momentos de atendimento para acompanhamento, e diagnóstico precoce da população com fatores de risco para o câncer de próstata, considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela disseminação da prática de rastreamento, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos, podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida, acabam sendo descobertos ao acaso, na terceira idade (INCA,2020). Figura 2. Taxas brutas de incidência estimadas para 2020 por sexo, segundo Estado e capital - Pernambuco Fonte: INCA (https://www.inca.gov.br/estimativa/estado-capital/pernambuco-recife ) É de extrema importância a participação dos profissionais de saúde nos programas de educação comunitária para adoção de hábitos saudáveis de vida (parar de fumar, ter 13 https://www.inca.gov.br/estimativa/estado-capital/pernambuco-recife alimentação adequada e saudável, limitar a ingestão de bebidas alcoólicas, praticar atividade física e controlar o peso). E a participação de membros da comunidade em atividades educativas pode ser uma das estratégias para a informação e a divulgação das medidas de controle do câncer. A proximidade com a população e aproveitar as oportunidades para orientações de melhoria nos hábitos alimentares, e demais quanto ao estilo de vida saudável, fomentam a saúde e diminui a exposição aos diversos fatores de risco. Ao desenvolvermos o projeto de saúde do homem, também realizamos o treinamento da equipe para adequado rastreamento oportunístico do câncer de próstata, para que assim possamos aproveitar o momento que os homens procurem o serviço por algum outro motivo, para oferecer os exames comprovadamente efetivos para detectar o câncer de próstata, ou risco, de forma precoce, não posso rastrear, mas posso fazer o diagnóstico precoce e prevenir complicações. Após diversas tentativas de agendamento de reunião com a equipe, e não comparecimento, por parte das agentes comunitárias, realizei a reunião apenas com a enfermeira e técnica em enfermagem no dia 23 de novembro, após o horário do expediente, na ocasião apresentei a proposta de realizarmos o treinamento da equipe para que pudéssemos entender os sinais e sintomas do câncer de próstata e estabelecermos rotina adequada para investigação e encaminhamentos dos pacientes, além do treinamento foi proposto um encontro do homem, a ser repetido mensalmente. Houve boa receptividade da proposta e ficou decidido neste momento, que a palestra deveria ser realizada na mesma semana, pois estávamos com ações voltadas para o novembro Azul, com isso aproveitando o momento, e quanto ao treinamento foi programado para quinze dias, posterior ao primeiro encontro. O primeiro encontro SAÚDE DO HOMEM, realizamos no dia vinte e sete de novembro de 2020, na sala de atividades coletivas da unidade de saúde Maria Gomes de Araújo, Posto 03, na cidade de Gravatá – Pernambuco. Participaram sete (7) homens com idades entre 44 e 66 (media de idades de 58 anos), a maioria agricultores e analfabetos. Devido a pandemia, já que o espaço é limitado, foram convidados apenas 10 pessoas. Na ocasião foi explicado de forma simples de medidas gerais de cuidados com a saúde, como alimentação, atividade física, riscos da obesidade e hipertensão, consumo de álcool e tabaco e concluímos abordando os assuntos voltados para próstata, tanto explicando a forma benigna quanto a maligna. Foi ressaltado a importância da realização de exercícios para prevenção e tratamento. Houve grande interação de todos: O Sr H.A.S., 61 anos, disse que estava com problemas no abdômen, dores e mal estar, demorando para urinar, foi no médico fez exames e tomou os remédios que o médico indicou. Contudo não voltou ao médico, e agora viu a oportunidade, para saber como ele está, pois está voltando os sintomas que tinha. Dois participantes (SVO, 47 anos e SDS, 44 anos) disseram que nunca fizeram nenhum 14 exame, ainda completaram que para a mulher é mais fácil esse exames pois está acostumada a ir no médico (ginecologista). Outro paciente, RO, 60 anos, interagiu com o grupo e descreveu dificuldades para ir ao banheiro no trabalho, por questões sociais com os colegas, situação que tem dificultado cada vez mais o correto funcionamento intestinal. Já o paciente I.A.S. de 66 anos, referiu nicturia (pelo menos 4 vezes depois que deita para dormir). O Sr. QJS, 64 anos, já havia comparecido em outro evento que realizamos e por isso voltou a participar, refere aumento da frequência urinaria noturna. E J.F.A., 63 anos, queixou-se de Hernia irredutível. Para todos foram realizadas orientações individuais, porém o mais importante da noite foi a interação entre os participantes e compreensão de que nós, da unidade de saúde, estávamos ali para fazer parte da vida deles de maneira integral e que todos possuem problemas, desta forma nos aproximar e conquistarmos o cuidado integral. Realizamos a programação do treinamento da equipe, para o dia 15 de dezembro de 2020, conforme plano de ação abaixo, porém por motivos de saúde não consegui realizar naquela semana (fiquei hospitalizado e fui submetido a procedimento de cateterismo no dia 17/12 e outro em 21/12), por isso reagendamos para início de janeiro, quando retorno das atividades posterior recesso de final de ano, e meu retorno ao trabalho, o qual ocorreu em 15/01/2021 e estiveram presentes a enfermeira e três agentes comunitárias. Tabela 1. Plano de Ação do Treinamento da Equipe Fonte: O autor A população em geral e os profissionais de saúde precisam saber reconhecer os sinais de alerta dos cânceres passíveis de melhor prognóstico se descobertos no início. Os principais sinais e sintomas do câncer de próstata são: demora em iniciar e finalizar a micção, frequente ato de urinar durante a noite (nictúria) (BRASIL, 2010). Após realização do encontro com os usuários da unidade e o treinamento com a equipe, percebemos maior interação tanto interna da equipe, quanto dos homens durante as consultas, acredito que ainda é cedo para mensurarmos os resultados porém o fato de estabelecermos rotina adequada para investigação e encaminhamentos dos pacientes, de acordo com o Manual 15 do Ministério da Saúde, deverá trazer grandes benefícios, principalmente com a educação da comunidade no assunto, e diagnóstico precoce e auto cuidado, bem como participação da família no tratamento e acompanhamento dos diagnosticados. A discussão com toda equipe sobre a importância e papel que cada um possui na abordagem do câncer na atenção primária, alimentou o compromisso de todos no assunto, e deverá ser fomentado nos próximos encontros a serem programados, tão logo seja possível, pois com o aumento de números de casos de pacientes com SARS2-COVID-19, voltou a restringir as ações em grupo, porém o objetivo é que os encontros aconteçam mensalmente. 16 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A interação multidisciplinar tornou possível a realização das atividades, pois além de capacitar a equipe da unidade, houve apoio da direção da escola do bairro na divulgação do material produzido aos jovens. A capacitação da equipe proporcionou uma nova postura, como agentes educadores e multiplicadores, e a noite destinada à saúde do homem trouxe positiva repercussão e procura para participação em novos encontros, porém a piora da pandemia ainda não permite continuidade desta atividade. Com o desenvolvimento do trabalho, foi possível identificar que com conscientização, dismistificação, as portas abertas e acolhimento adequado, os jovens e homens, gradativamente estãoestreitando o vínculo com o serviço. As restrições sanitárias, situação de isolamento social ocasionada pela pandemia (covid- 19), limitaram diversas ações e continuidade nos encontros da saúde do homem, além de não permitir outras atividades com os jovens junto à escola, se espera que em breve seja possível retomar. Enviar vídeo educativo, abordando gravidez na adolescência e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s), para os professores encaminharem aos adolescentes foi a maneira encontrada, de chegar de forma remota a eles e transmitir a mensagem de que a unidade de saúde sempre estará de portas abertas, não apenas para atendimentos em casos de doenças, mas também para prevenção e promoção de saúde. A interação com escola e moradores, potencializou as ações educativas realizadas pela equipe, desta forma fazendo parte integral da comunidade o serviço de atenção primária não representou apenas assistência curativa, mas sim promotora de saúde. A trabalho interdisciplinar do binômio saúde-escola foi um dos grandes motivadores e potencializadores do sucesso das ações. Existem problemas sociais e biológicos tanto na gravidez na adolescência quanto no câncer de próstata e, em ambos, os riscos existem para os que são acometidos, para seus familiares e para sociedade. O acolhimento adequado e no tempo oportuno, fortalece vínculos e promove a saúde. Comportamentos de prevenção e autocuidado são adquiridos através do processo de educação contínua. A equipe, desenvolvendo estratégias no cuidado de saúde da famíia, tem pautado suas ações na privacidade, ética, confidencialidade, respeito à autonomia dos usuários. Tem garantido atendimento humanizado e incentivado comportamentos de prevenção e autocuidado. Ainda impossibilitados de avaliar quantitativamente os resultados, é notório a melhoria dos cuidados oferecido além do aumento da procura de atendimentos por adolescentes e homens. 17 5. REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed. rev. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. Disponivel em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf Acesso realizado em 05/10/2020. Brasil. Ministério da Saúde. Campanha Nacional – IST – Infecções Sexualmente Transmissiveis, disponível em https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/ist/#video Acesso realizado em 05/10/2020. Brasil. Ministério da Saúde. Campanha 2019 – IST, sem camisinha você assume esse risco. 2019 Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/campanha/2019-campanha-de-ist-sem- camisinha-voce-assume-esse-risco Acesso realizado em 05/10/2020 VALADARES, Carolina: Ministério da Saúde 2017 - Gravidez na adolescência tem queda de 17% no Brasil. Disponivel em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/gravidez-na- adolescencia-tem-queda-de-17-no-brasil Acesso realizado em 05/10/2020. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Saúde integral de adolescentes e jovens : orientações para a organização de serviços de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007. Diponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescentes_jovens.pdf Acesso realizado em 10/10/2020. OMS. Directrices para las consideraciones éticas en la planicación y evaluación de estudios de investigación sobre salud sexual y reproductiva en adolescentes - Organización Mundial de la Salud 2019. Disponivel em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/311863/9789243508412-spa.pdf?ua=1 Acesso realizado em 12/10/2020. Brasil, IBGE 2020, Dados disponíveis em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/gravata/panorama Acesso realizado em 03/11/2020 Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - INCA. ABC do câncer : abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – 6. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro : INCA, 2020. Disponível em https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//livro-abc-6-edicao- 2020.pdf Acesso realizado em 30/11/2020. INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. 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