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Presidencialismo de Coalizão O presidencialismo de coalizão é de fato um aspecto fundamental do sistema político brasileiro. No Brasil, o Presidente é eleito de forma independente; no entanto, para governar eficazmente, precisam de formar alianças com outros partidos políticos devido à fragmentação partidária e à distribuição de poder no Congresso. Estas coligações são formadas através da distribuição de cargos governamentais, incluindo ministérios, secretarias e outras funções-chave, aos partidos que compõem a base aliada. Além disso, a liberação de palavras e recursos para projetos e emendas parlamentares também é uma prática comum para garantir o apoio legislativo às propostas governamentais. A dinâmica de negociação e troca de favores no presidencialismo de coalizão brasileiro é uma característica que tem sido criticada por seu potencial clientelismo político, corrupção e oportunismo. No entanto, alguns veem-na como uma forma pragmática de governar num contexto político intrincado e fragmentado, onde nenhum partido normalmente detém o domínio absoluto sobre o Congresso. Destaca-se que a coalizão presidencial tem um impacto direto na habilidade do presidente em levar adiante sua agenda política e administrar o país. Consequentemente, pode resultar num governo de coalizão mais eficaz ou instável, dependendo da variação do presidente para negociar e manter a fidelidade dos aliados políticos. Eventos significativos relacionados ao presidencialismo de coalizão no Brasil desde a redemocratização em 1985: De 1985 a 1989, houve um período de transição democrática após o regime militar. Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral em 1985, mas faleceu antes de assumir o cargo e foi sucedido por José Sarney. Durante seu mandato, Sarney enfrentou hiperinflação e desafios políticos enquanto trabalhava para a consolidação da democracia. De 1989 a 1992, Fernando Collor de Mello tornou-se o primeiro presidente eleito por voto direto após a redemocratização. No entanto, a sua administração foi contaminada por escândalos de corrupção e políticas económicas controversas. Ele passou por um processo de impeachment em 1992 que levou à sua destituição do cargo de Presidente do Brasil. De 1992 a 1995, Itamar Franco assumiu a presidência após o impeachment de Collor. Sua administração foi marcada por uma política de estabilização econômica e por negociações políticas voltadas à formação de coalizões no Congresso. De 1995 a 2002, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente e implementou políticas de estabilização económica, como o Plano Real. Ao longo dos seus dois mandatos, FHC confiou em coligações de partidos políticos para aprovar reformas económicas e sociais que incluíram a privatização de empresas estatais e a reforma das pensões. De 2003 a 2010, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito presidente e inaugurou uma era de governos petistas. Ele formou coalizões com diversos partidos políticos, incluindo o PMDB, para implementar políticas sociais como o Bolsa Família e, ao mesmo tempo, promover o crescimento econômico. De 2011 a 2016, Dilma Rousseff, do PT, sucedeu a Lula como presidente. A sua administração enfrentou desafios económicos, protestos massivos e crescente polarização política. Dilma continuou dependente de coligações para aprovar legislação, mas enfrentou uma resistência crescente no Congresso. De 2016 a 2018, Michel Temer, do PMDB, assumiu a presidência após o impeachment de Dilma Rousseff. A sua administração é caracterizada por reformas económicas e políticas impopulares, como a reforma laboral, e é frequentemente criticada por escândalos de corrupção. De 2019 a 2022, Jair Bolsonaro do PSL foi eleito presidente. Seu mandato é marcado por sua abordagem conservadora em relação às políticas sociais e econômicas. No entanto, devido à sua retórica contenciosa e estilo de governo, construir coalizões sólidas no Congresso tem sido um desafio para Bolsonaro. O presidencialismo de coalizão no sistema político brasileiro é fortemente influenciado pelo regime eleitoral proporcional e pelo multipartidarismo. No Brasil, as eleições para o Poder Legislativo (Câmara dos Deputados, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais) são realizadas através de um sistema proporcional. Isto significa que a contagem de votos de cada partido ou coligação é convertida em assentos proporcionalmente ao número de votos recebidos. Este sistema promove a representação de diversos grupos e ideologias na política, resultando num Congresso Nacional fragmentado com múltiplos partidos representados. O Brasil é conhecido por ter um sistema político multipartidário, o que significa que existem diversos partidos ativos na arena política. Essa situação resulta de vários fatores, como a diversidade étnica, cultural e socioeconômica do país e também das leis eleitorais tornam relativamente fácil a criação de novos partidos. O fato de ser multipartidário contribui para fragmentar o sistema político brasileiro dificultando qualquer partido na conquista de uma maioria absoluta no Congresso Nacional. Essas características do sistema político brasileiro estão entrelaçadas com o presidencialismo de coalizão. Dada a fragmentação partidária e a necessidade de formar maiorias no Congresso para aprovar legislação e implementar políticas, os presidentes eleitos dependem frequentemente da formação de coligações com múltiplos partidos para governar eficazmente. Isto implica negociações políticas, distribuição de responsabilidades dentro do governo e concessões políticas para garantir o apoio parlamentar necessário. As emendas parlamentares são uma das principais moedas de troca utilizadas no presidencialismo de coalizão brasileiro para garantir alianças políticas e apoio no Congresso Nacional. Essas disposições constitucionais permitem que os legisladores aloquem uma parcela do orçamento federal para projetos específicos dentro de suas bases eleitorais, como municípios ou estados onde foram eleitos. Os parlamentares recebem emendas direcionadas pelo presidente ou membros do governo, como uma estratégia para negociar e obter apoio às suas propostas legislativas. Ao destinar recursos para projetos locais, o objetivo é conquistar o suporte dos políticos para permitir que apresentem resultados positivos à população de onde foram eleitos. Essa abordagem pode ser eficiente na obtenção de aliados comprometidos com as necessidades das comunidades envolvidas. Assim, as emendas parlamentares têm um papel significativo no processo de negociação política do presidencialismo de coalizão, permitindo ao presidente construir e manter uma base de apoio na legislatura enquanto alcança seus objetivos legislativos. Contudo, é importante ressaltar que o uso dessas emendas com esse propósito pode ser criticado por sua possibilidade potencialmente problemática para práticas como clientelismo ou favorecimento político não transparente durante a alocação de recursos públicos. A prática comum no presidencialismo de coalizão brasileiro é a distribuição dos cargos mais prestigiosos do governo, como os ministros. Essas propostas são frequentemente utilizadas como uma ferramenta para negociações políticas para garantir o apoio dos partidos e parlamentares à agenda do presidente. A fim de estabelecer alianças e coligações que permitam uma governação mais eficaz, o presidente está a oferecer cargos ministeriais a representantes de vários partidos políticos dentro da sua base de apoio. Os ministérios normalmente têm visibilidade e influência significativas sobre as políticas públicas em áreas específicas como saúde, educação, economia e infraestruturas. Dessa forma, a distribuição de cargas ministeriais é configurada como uma tática significativa para garantir o controlegovernamental e manter a estabilidade do poder, ao mesmo tempo em que fornece inclusão de variados interesses e partidos políticos na gestão pública. Contudo, é relevante ressaltar que a prática de distribuição de cargas ministeriais tem o potencial para ser criticada caso os critérios utilizados não sejam baseados em habilidade técnica e mérito próprio. Se tais nomeações forem decididas por meio de acordos políticos ou interesses partidários, podem haver consequências negativas na eficiência e na qualidade da administração pública. Além disso, isso levanta questões sobre nepotismo e transparência nas escolhas das autoridades feitas pelo governo. Fontes: Presidencialismo de coalizão abre espaço para crises políticas e institucionais https://jornal.usp.br/radio-usp/presidencialismo-de-coalizao-abre-espaco-para-crises- politicas-e-institucionais/ O presidencialismo de coalizão é democrático https://www.cartacapital.com.br/opiniao/frente-ampla/o-presidencialismo-de-coalizao-e- democratico/ Do presidencialismo de coalizão ao parlamentarismo de coação https://jornal.usp.br/radio-usp/presidencialismo-de-coalizao-abre-espaco-para-crises-politicas-e-institucionais/ https://jornal.usp.br/radio-usp/presidencialismo-de-coalizao-abre-espaco-para-crises-politicas-e-institucionais/ https://www.cartacapital.com.br/opiniao/frente-ampla/o-presidencialismo-de-coalizao-e-democratico/ https://www.cartacapital.com.br/opiniao/frente-ampla/o-presidencialismo-de-coalizao-e-democratico/ https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/do-presidencialismo-de-coalizao-ao- parlamentarismo-de-coacao/ https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/do-presidencialismo-de-coalizao-ao-parlamentarismo-de-coacao/ https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/do-presidencialismo-de-coalizao-ao-parlamentarismo-de-coacao/
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