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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ LICENCIATURA EM QUÍMICA JULIA ELOISA DE SOUZA GOUVEIA ANÁLISE DA CAPACIDADE ADSORTIVA DO PERICARPO DE MILHO NA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO JACAREZINHO 2023 JULIA ELOISA DE SOUZA GOUVEIA ANÁLISE DA CAPACIDADE ADSORTIVA DO PERICARPO DE MILHO NA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Química, do Instituto Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Licenciada em Química. Orientador: Prof. Dr. Pedro Renato Anizelli. JACAREZINHO 2023 FOLHA DE APROVAÇÃO Julia Eloisa de Souza Gouveia ANÁLISE DA CAPACIDADE ADSORTIVA DO PERICARPO DE MILHO NA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO O presente trabalho em nível de graduação foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros: Prof. Dra. Flavia Torres Presti Instituto Federal do Paraná Prof. Me. João Leonardo Violin Instituto Federal do Paraná Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para a obtenção do título de licenciado em Química obtido pelo curso de graduação em Licenciatura em Química. Coordenação do Curso de Licenciatura em Química Prof. Dr. Pedro Renato Anizelli Orientador Jacarezinho, 29 de junho de 2023. Dedico este trabalho à minha mãe, meu maior exemplo de perseverança. AGRADECIMENTOS À minha família, por todo suporte nesse trajeto. Ao Dan, por ser a pessoa que mais acreditou em mim. Ao professor Pedro, pela orientação, ensinamentos e acolhimento. Aos meus amigos Rafael, Aline, Dariele e Luis Miguel pelo companheirismo incessante. À Marcela, por todo apoio no laboratório e pelas dicas valiosas. Aos meus colegas Débora, Gabriel, Lais, Patrícia e Fernanda pelas boas conversas e desabafos após as aulas. Ao Gabriel Pagani e à Isabelle, pelos bons momentos no laboratório. Ao Instituto Federal do Paraná e aos professores, por todos os ensinamentos. “Vale a pena viver se pudermos contribuir de alguma forma para esta cadeia interminável de progresso.” Paul Dirac RESUMO Os efluentes coloridos representam sério problema quando lançados ao ambiente sem o tratamento adequado, devido às propriedades físicas, químicas, toxicológicas e ecológicas dos corantes sintéticos. Esses compostos, entretanto, são resistentes aos tratamentos convencionais, que, além disso, não abarcam a composição diversificada dos efluentes industriais. Ademais, o tratamento de adsorção com carvão ativado é uma medida eficiente, porém de alto custo. Uma alternativa economicamente viável para o tratamento de efluentes é a adsorção em resíduos agroindustriais, os quais são largamente descartados por não terem destinação específica na indústria. Estima-se que o descarte anual global de biomassa residual é de 140 gigatoneladas, o que também representa um impacto ambiental negativo. Este trabalho verifica a viabilidade do processo de adsorção do corante azul de metileno utilizando como adsorvente o pericarpo do grão de milho, um resíduo da agroindústria. Estudaram-se as características do material e as condições favoráveis ao processo de adsorção, além de sua operação cinética e de equilíbrio. As melhores condições para o processo de adsorção foram determinadas através de um planejamento fatorial 2 4 , sendo os fatores variáveis: a massa de material adsorvente, o pH, a temperatura e a concentração de cloreto de sódio em solução. Apresentaram-se como fatores mais favoráveis: massa de 0,05 g de adsorvente, temperatura de 50 °C e pH 10,00, sem adição de cloreto de sódio à solução. O mecanismo cinético ajustou-se ao modelo de pseudoprimeira ordem e os dados de equilíbrio ajustaram-se ao modelo de isoterma de Langmuir. A remoção de corante da solução associada às condições mais favoráveis nos ensaios foi de 100%. O pericarpo de grão de milho, além de ter baixo custo, demonstrou eficiência na remoção do corante azul de metileno. Palavras-chave: tratamento de efluentes; corantes sintéticos; resíduos agroindustriais; biossorção. ABSTRACT The colored effluents represent a serious problem when discharged into the environment without adequate treatment, due to the physical, chemical, toxicological and ecological properties of synthetic dyes. These compounds, however, are resistent to conventional treatments, which, in addition, do not cover the diverse composition of industrial effluents. Furthermore, adsorption treatment with activated carbon is an efficient but costly measure. An economically viable alternative for the treatment of effluents is the adsorption in agroindustrial residues, which are largely discarded because they have no specific destination in the industry. It is estimated that the annual global disposal of waste biomass is 140 gigatons, which also represents a negative environmental impact. This paper verifies the feasibility of the adsorption process of methylene blue dye using as adsorbent the corn kernel pericarp, an agroindustry waste. The characteristics of the material and the favorable conditions for the adsorption process were studied, as well as its kinetic and equilibrium operation. The best conditions for the adsorption process were determined through a 2 4 factorial design, with variable factors: mass of adsorbent material, pH, temperature and sodium chloride concentration in solution. The following were the most favorable factors: mass of 0,05 g of adsorbent, temperature of 50 °C and pH 10,00, without adding sodium chloride to the solution. The kinetic mechanism fitted the pseudo-first order model and the equilibrium data fitted the Langmuir isotherm model. The dye removal from the solution associated with the most favorable conditions in the tests was 100%. The corn kernel pericarp, in addition to being low cost, has shown efficiency in the removal of methylene blue dye. Keywords: wastewater treatment; synthetic dyes; agroindustrial residues; biosorption. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Estrutura do azul de metileno .................................................................. 19 Figura 2 – Síntese do azul de metileno ..................................................................... 19 Figura 3 – Formatos típicos de isotermas ................................................................. 27 Figura 4 – Tipos de adsorventes ............................................................................... 30 Figura 5 – Cadeia de impactos provenientes da geração de resíduos agrícolas ..... 31 Figura 6 – Componentes básicos do grão de milho .................................................. 32 Figura 7 – Produtos derivados da moagem do milho ................................................ 33 Figura 8 – Modelo de superfície de resposta com interação de variáveis ................ 36 Figura 9 – Procedimentos para determinação do Ponto de Carga Zero ................... 38 Figura 10 – Procedimentos dos ensaios do planejamento fatorial 2 4 ....................... 39 Figura 11 – Micrografia da superfície do pericarpo de grão de milho gerada por Microscopia Eletrônica de Varredura ........................................................................ 41 Figura 12 – Análise de FTIR do pericarpo do grão de milho ..................................... 42 Figura 13 – Diagrama de Pareto ............................................................................... 44 Figura 14 – Superfície de resposta para temperatura 50 °Cfixa sem adição de NaCl .................................................................................................................................. 45 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Curva do Ponto de Carga Zero do biossorvente .................................... 43 Gráfico 2 – Capacidade adsortiva (mg g -1 ) em função do tempo (min) .................... 47 Gráfico 3 – Ajuste dos dados experimentais ao modelo de pseudoprimeira ordem . 48 Gráfico 4 – Isoterma de adsorção ............................................................................. 49 Gráfico 5 – Isoterma de Langmuir ............................................................................. 50 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação de corantes pelo uso ......................................................... 17 Tabela 2 – Composição química do pericarpo de milho doce .................................. 33 Tabela 3 – Modelo de planejamento fatorial com 4 fatores em 2 níveis ................... 35 Tabela 4 – Planejamento fatorial 2 4 .......................................................................... 39 Tabela 5 – Capacidades adsortivas obtidas no planejamento fatorial 2 4 .................. 44 Tabela 6 – Capacidade adsortiva no tempo t ............................................................ 46 Tabela 7 – Ajuste de dados aos modelos cinéticos .................................................. 47 Tabela 8 – Dados cinéticos experimentais e dados cinéticos calculados ................. 48 Tabela 9 – Ajuste dos dados às isotermas de Langmuir e Freundlich ...................... 49 LISTA DE SIGLAS 1/n Constante relacionada à heterogeneidade da superfície na equação de Freundlich CAQI Central de Análises Químicas Instrumentais Ce Concentração de soluto no equilíbrio Conab Companhia Nacional de Abastecimento CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente FTIR Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IQSC Instituto de Química de São Carlos k1 Constante da taxa de adsorção de pseudoprimeira ordem k2 Constante da velocidade de equilíbrio de adsorção de pseudossegunda ordem KF Constante de capacidade de adsorção de Freundlich KL Constante de interação adsorvato/adsorvente LD50 Dose Letal Mediana MEV Microscopia Eletrônica de Varredura mol L -1 Mol por litro nm Nanômetro pH Potencial hidrogeniônico pHPCZ Potencial hidrogeniônico do Ponto de Carga Zero qe Capacidade adsortiva qmax Capacidade máxima de adsorção qt Capacidade adsortiva em um tempo t RAFA Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente rpm Rotações por minuto t Tempo UV-Vis Ultravioleta-Visível wt% Porcentagem em peso μ Força iônica SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15 1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16 1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 16 1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 17 2.1 CORANTES SINTÉTICOS ............................................................................... 17 2.1.1 Azul de Metileno ............................................................................................... 19 2.2 TRATAMENTO DE EFLUENTES .................................................................... 20 2.3 ADSORÇÃO ..................................................................................................... 21 2.3.1 Adsorção química e adsorção física ................................................................ 22 2.3.2 Propriedades do adsorvente ............................................................................ 23 2.3.3 Propriedades do adsorvato .............................................................................. 23 2.3.4 Influência da temperatura ................................................................................ 23 2.3.5 Influência do pH ............................................................................................... 24 2.3.6 Efeito da força iônica ........................................................................................ 24 2.3.7 Cinética de adsorção ....................................................................................... 25 2.3.8 Equilíbrio de adsorção ..................................................................................... 26 2.4 BIOSSORVENTES .......................................................................................... 29 2.4.1 Biomassa de resíduos agrícolas ...................................................................... 30 2.4.2 Pericarpo de grão de milho .............................................................................. 32 2.4.3 Celulose ........................................................................................................... 34 2.5 PLANEJAMENTO FATORIAL .......................................................................... 34 3 METODOLOGIA .............................................................................................. 37 3.1 PREPARO DO BIOSSORVENTE .................................................................... 37 3.2 DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (pHPCZ) ............................ 37 3.3 CURVA DE CALIBRAÇÃO .............................................................................. 38 3.4 MELHORES CONDIÇÕES DE ADSORÇÃO ................................................... 38 3.5 CINÉTICA DE ADSORÇÃO ............................................................................. 40 3.6 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO ......................................................................... 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 41 4.1 PREPARO DO BIOSSORVENTE .................................................................... 41 4.2 DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (pHPCZ) ............................ 42 4.3 MELHORES CONDIÇÕES DE ADSORÇÃO ................................................... 43 4.4 CINÉTICA DE ADSORÇÃO ............................................................................. 46 4.5 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO ......................................................................... 49 5 CONSIDERAÇÕES ......................................................................................... 51 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 52 15 1 INTRODUÇÃO A expansão das atividades industriais, decorrente do crescimento populacional, tem como consequência a produção de grande volume de resíduos, sejam eles sólidos ou na forma de efluentes. Esses resíduos, quando lançados ao ambiente de forma inadequada, a considerar as dimensões e a degradabilidade do descarte, contaminam o solo, a água e/ou o ar, comprometendo recursos, afetando a saúde humana, da fauna e da flora, além de causar danos à atmosfera pela emissão de gases. O clima brasileiro é excepcionalmente favorável à agricultura, colaborando para que o setor agropecuário seja o mais marcante na economia do país, que é um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Em contrapartida, a agroindústria é responsável pela geração de resíduos, subprodutos da fabricação de alimentos e produtos químicos, que não possuem destinação específica e são comumente descartados de forma inadequada. Os resíduos sólidos, entretanto, não são a única preocupação. Presenciam-se diversos eventos de impacto envolvendo a contaminação de recursos hídricos pelo lançamentode efluentes industriais e domésticos, como a produção anormal de espuma causada por detergente doméstico no Rio Iguaçu no Paraná (2020), a presença de metal traço na Bacia Hidrográfica do Córrego São Mateus em Minas Gerais (2014) e a presença de corantes no Rio Santa Maria de Vitória no Espírito Santo (2020). Os efluentes coloridos, em especial, são gerados em maior volume pela indústria têxtil, devido às etapas de lavagem dos processos de tintura, e representam grave risco ao ecossistema se lançados sem o tratamento adequado. Em razão da resistência dos corantes aos tratamentos convencionais e do alto custo do tratamento com carvão ativado, diversos estudos têm verificado a eficiência de resíduos agroindustriais como materiais adsorventes no tratamento de efluentes coloridos. O presente trabalho analisa a eficiência da aplicação do pericarpo de grão de milho, um resíduo agroindustrial, como material adsorvente na adsorção do corante azul de metileno, como alternativa de reaproveitamento de resíduos agroindustriais em paralelo ao tratamento efetivo e econômico de águas residuais. 16 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Analisar a eficiência do pericarpo de grão de milho como material adsorvente na adsorção do corante azul de metileno. 1.1.2 Objetivos específicos - Preparar o pericarpo de grão de milho para o uso como biossorvente; - Analisar o material adsorvente por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR); - Determinar o pH do Ponto de Carga Zero (pHPCZ) do adsorvente; - Determinar as melhores condições para eficiência do processo de adsorção; - Ajustar os dados cinéticos de adsorção aos modelos de pseudoprimeira ordem e pseudossegunda ordem; - Ajustar os dados de equilíbrio de adsorção às isotermas de Langmuir e Freundlich. 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CORANTES SINTÉTICOS Os corantes sintéticos são produzidos mundialmente em milhões de toneladas, tendo substituído os corantes naturais desde 1856. Eles são aplicados em diversas indústrias, incluindo a têxtil, oferecendo menor custo de produção, diversidade de cores e maior fixação comparada aos corantes naturais. Corantes são substâncias orgânicas ou inorgânicas, naturais ou sintéticas, aplicadas na coloração de substratos com que tenham afinidade, por solubilidade em meio líquido (ZANONI e YAMANAKA, 2016). Os corantes podem ser classificados por sua estrutura química ou pelo seu uso ou método de aplicação (Tabela 1). Tabela 1 – Classificação de corantes pelo uso. Classe Principais substratos Tipos químicos Aniônicos Nylon, lã, seda, papel, tintas e couro. Azo (incluindo pré-metalizado), antraquinona, trifenilmetano, azina, xanteno, nitro e nitroso. Componentes azóicos Algodão, rayon, acetato de ce- lulose e poliéster. Azo. Catiônicos Papel, poliacrilonitrila, nylon modificado, poliéster e tintas. Cianina, hemicianina, diazahe- micianina, difenilmetano, triaril- metano, azo, azina, xanteno, acridina, oxazina e antraquinona. Diretos Algodão, rayon, papel, couro e náilon. Azo, ftalocianina, estilbeno e oxazina. Dispersos Poliéster, poliamida, acetato, acrílico e plásticos. Azo, antraquinona, estiril, nitro, e benzodifuranona. Branqueadores fluorescentes Sabões e detergentes, todas as fibras, óleos, tintas, e plásticos. Estilbeno, pirazol, cumarina e naftalimidas. Bases oxidantes Cabelo, pele e algodão. Anilina preta e indeterminada estruturas. Reativos Algodão, lã, seda e nylon. Azo, antraquinona, ftalocianina, formazan, oxazina e básico. Sulfurosos Algodão e rayon. Indeterminadas estruturas. Cuba Algodão, rayon e lã. Antraquinona (incluindo quino- nas policíclicas) e indigoides. Mordente Lã, couro e alumínio anodiza- do. Azo e antraquinona. Fonte: Adaptado de Hunger (2003). O consumo de têxteis está aumentando constantemente em todo o mundo, acompanhando o crescimento da população mundial. Apesar da importância econômica da indústria têxtil para a geração de empregos e para a economia, os efluentes coloridos 18 são uma grande preocupação ambiental quando lançados no ambiente sem o devido tra- tamento. Da quantidade total de corante utilizado na tintura têxtil, cerca de 20% a 50% são lançados ao ambiente por má fixação, sendo parte da meia tonelada diária descarta- da pela indústria em geral (HUNGER, 2003; ZANONI e YAMANAKA, 2016). Há diversos critérios para a aceitabilidade de corantes sintéticos, no que diz res- peito às disposições legais. Estima-se seu potencial de perigo ao meio ambiente pelas suas propriedades físicas, químicas, toxicológicas e ecológicas. Dentre as considerações que avaliam a viabilidade do uso de corantes, considera-se a qualidade das águas resi- duais. Fatores toxicológicos a serem observados são: Toxicidade aguda; Irritação da pele e olhos; Sensibilização; Mutageneicidade; e Cancerigenicidade. Quanto aos fatores eco- lógicos, considera-se sua biodegradabilidade e a toxicidade para organismos aquáticos (HUNGER, 2003). Além das considerações legais, outros problemas causados pelo lançamento de efluentes contaminados com corantes ao meio ambiente são a interferência na absorção da luz aos habitantes aquáticos e a contaminação da água distribuída à população, apresentando diversos efeitos indesejáveis ao meio-ambiente e riscos aos seus usuários (GUARATINI e ZANONI, 2000). As diferentes cores dos corantes ocorrem devido à presença de grupos cromóforos e auxocromos vinculados a um sistema de ressonância. Auxocromos são substituintes doadores de elétrons, antiauxocromos são receptores de elétrons e cromóforos podem ser sistemas cíclicos ou lineares de duplas ligações conjugadas. A combinação dessas três estruturas é chamada cromogênio. O cromóforo é o grupo principal, responsável pela cor do corante, que tem absorção na região visível do espectro (CHRISTIE, 1999; ZOL- LINGER, 2003). A quantificação de corantes é feita por métodos espectrofotômetros, que não são destrutivos à amostra, dentre eles as técnicas de espectroscopia de UV/Vis, Infravermelho e Raman. A fim de avaliar o grau de contaminação, compara-se a absorbância da amostra do efluente com o padrão de qualidade requerido para coloração em águas residuais (GUARATINI e ZANONI, 2000; ZANONI e YAMANAKA, 2016). É importante ressaltar que qualquer método de tratamento é muito mais efetivo se realizado antes de atingir os mananciais, visto que a diluição requer métodos mais sensíveis de remoção. A caracterização e quantificação do poluente são facilitadas na porta de saída da indústria (GUARATINI e ZANONI, 2000). 19 2.1.1 Azul de Metileno O azul de metileno (Figura 1) ou Basic Blue 9 é um corante catiônico do tipo tiazina. Os corantes catiônicos são solúveis em água e produzem cátions coloridos em solução. Seus ânions formadores geralmente são incolores e de baixa massa molecular (SHORE, 2002). Figura 1 – Estrutura do azul de metileno. Fonte: Shore (2002). Considerado a mais importante tiazina, o azul de metileno também é utilizado como corante biológico e indicador redox. Sua síntese envolve a tiossulfonação oxidativa de p- amino-N,N-dimetilanilina. A condensação do produto com N,N-dimetilanilina dá então uma indamina intermediária que posteriormente sofre o fechamento do anel oxidativo (SHORE, 2002). Figura 2 – Síntese do azul de metileno. Fonte: Shore (2002). 20 A ingestão de azul de metileno pode causar náusea, vômito, diarreia e gastrites. Em altas doses, pode causar dor abdominal e no tórax, dor de cabeça, suor intenso, confusão mental e metamoglonobinemia. Sua dose letal mediana (LD50) testada oralmente em ratos é de 1180 mg/kg (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2003). 2.2 TRATAMENTO DE EFLUENTES Grandes volumes de resíduos são gerados em função da expansãodas atividades industriais, do crescimento populacional, do aumento da produção agrícola e de outras fontes antrópicas, causando alterações ambientais em dimensões catastróficas, observadas na qualidade do ar, do solo e da água (DURIGAN et al., 2012; KUNZ, et al., 2002). A contaminação da água tem sido um dos maiores problemas da sociedade moderna, no qual o setor têxtil apresenta especial destaque por gerar grandes volumes de efluentes, visto que todo processo de tintura envolve a lavagem em banhos correntes como etapa final e conta com substâncias diversas para fixação (corante, umectante, antiespumante, eletrólitos, dispersantes, etc.) (GUARATINI e ZANONI, 2000; KUNZ et al., 2002). Os efluentes industriais têm composição variada e geralmente não são devidamente tratados pelos métodos de tratamento convencionais, sendo necessário o desenvolvimento de métodos alternativos. Os métodos de remoção de poluentes da água podem ser classificados como biológicos, químicos, físico-químicos, eletroquímicos e processos de oxidação avançada (TOMAZ et al., 2022). As principais etapas de remoção de contaminantes nas estações de tratamento de esgoto convencionais são: A eliminação de sólidos grosseiros; a adsorção em sólidos suspensos, sedimentação ou coagulação; biodegradação aeróbica, por meio de lodo ativado ou filtro biológico, e/ou biodegradação anaeróbica, por meio de reator anaeróbio de fluxo ascendente, RAFA (ou UASB, do inglês Upflow Anaerobic Sludge Blanket); degradação química por processos de hidrólise ou nitrificação e, por fim, a desinfecção (MONTAGNER et al., 2017, p. 1097). Esses tratamentos têm eficiência na remoção de materiais particulados, mas são deficientes na remoção de cor, de compostos orgânicos dissolvidos e outras substâncias, devido às suas propriedades físico-químicas (KUNZ et al., 2002). 21 Os tratamentos biológicos destacam-se pela facilidade em operarem em grande escala e por serem mais sustentáveis comparados aos métodos físico-químicos. Os processos biológicos mais utilizados são os sistemas de lodo ativado e biodegradação por microrganismos. Entretanto, não apresentam bom desempenho na indústria têxtil, visto que alguns corantes podem ser resistentes à degradação biológica, além de produzir um grande acúmulo de lodo. Por isso, podem ser associados ou substituídos por métodos eletroquímicos (KUNZ et al., 2002; TOMAZ et al., 2022). Dentre os métodos eletroquímicos mais comuns estão a eletrocoagulação e a fotocatálise. Na eletrocoagulação, gera-se eletroquimicamente um coagulante, por meio da oxidação de um material anódico (geralmente ferro ou alumínio). No cátodo, desprende-se hidrogênio e forma-se hidróxido, que aumenta o pH da solução. Os íons formados na oxidação do ânodo agregam-se aos coloides de contaminante, aumentando o tamanho das partículas e sedimentando como hidróxido. Na fotocatálise, irradia-se o fotocatalisador – um semicondutor, excitando os elétrons de valência para banda de condução. As lacunas geradas na banda de valência permitem a degradação de compostos orgânicos (TOMAZ et al., 2022). Os processos oxidativos avançados permitem a degradação de diversos substratos resistentes. No tratamento de efluentes têxteis, o ozônio pode romper as ligações duplas dos cromóforos das moléculas de corante, descolorindo o efluente. Entretanto, deve-se acompanhar o processo a fim de averiguar a eventual formação de intermediários mais tóxicos (DURIGAN et al., 2012; KUNZ et al., 2002). Dentre os processos físicos mais utilizados nos efluentes industriais, estão a adsorção em carvão ativado e a utilização de tecnologias de membranas, como osmose reversa, microfiltração, nanofiltração e ultrafiltração. Tendo em vista que a utilização de carvão ativado como adsorvente é uma medida cara, tem se motivado o desenvolvimento de adsorventes alternativos, como os preparados a partir de biomassa (KUNZ et al., 2002). 2.3 ADSORÇÃO A adsorção é a ligação de partículas a uma superfície, em que as partículas retidas são chamadas adsorvato e o material que retêm as partículas na superfície é chamado adsorvente (ATKINS, 2014). Os adsorventes usualmente utilizados são sólidos porosos, porque fornecem alta área superficial. 22 O processo de adsorção é baseado em três mecanismos distintos: estérico, de equilíbrio, e mecanismos cinéticos. No mecanismo de separação estérica, as dimensões dos poros do adsorvente permitem a entrada de pequenas moléculas e excluem grandes moléculas. O mecanismo de equilíbrio é baseado no adsorvente tendo diferentes habilidades para acomodar diferentes espécies, ou seja, as espécies adsorvidas mais fortemente são as preferencialmente separadas do fluído pelo sólido. O mecanismo cinético é baseado nas diferentes taxas de difusão de diferentes espécies no poro. Assim, controlando o tempo de exposição, a espécie de difusão mais rápida é preferencialmente retida pelo sólido (DO, 1998). 2.3.1 Adsorção química e adsorção física Há dois tipos de adsorção, referentes à forma como as partículas se ligam à superfície: adsorção física e adsorção química. Na adsorção física, as partículas de adsorvato têm interação de Van der Waals com o adsorvente. Na adsorção química, os átomos ou moléculas de adsorvato são retidos à superfície por ligações químicas, geralmente covalentes e com o maior número de coordenação possível com o adsorvente (ATKINS, 2014). A adsorção química é muito específica e apenas moléculas capazes de se ligar aos sítios ativos são adsorvidas, sendo uma adsorção dita localizada; enquanto adsorção física ocorre em toda superfície do adsorvente, dita não localizada (NASCIMENTO, 2014). Embora as distinções entre adsorção química e adsorção física sejam conceitualmente comuns, há muitos casos intermediários e nem sempre é possível definir inequivocamente um sistema em particular (RUTHVEN, 1984). Segundo Ruthven (1984, p. 30), “o calor da adsorção promove uma medida direta da força da ligação entre o adsorvato e a superfície”. O calor da adsorção física está situado abaixo da ordem de um calor de vaporização, enquanto o calor da adsorção química é da ordem do calor de reação (NASCIMENTO, 2014). De acordo com Nascimento: Os fenômenos de adsorção são resultados de uma combinação entre os tipos de forças envolvidas na adsorção física e química. Desta forma, são vários os fatores que influenciam o processo de adsorção como a área superficial, as propriedades do adsorvente e do adsorvato, a temperatura do sistema, natureza do solvente e o pH do meio (NASCIMENTO, 2014, p. 16). 23 2.3.2 Propriedades do adsorvente Muitos sólidos possuem certa capacidade de adsorção de gás e/ou líquido, mas poucos podem qualificar-se como adsorventes para uso prático. Os mais utilizados são: carvão ativado, alumina ativada, sílica ativada, zeólitas e adsorventes poliméricos (TIEN, 2019), além dos biossorventes (seção 2.4). Superfícies “defeituosas” de sólidos possuem irregularidades no preenchimento de átomos ou íons, formando arestas que podem aprisionar átomos pelo seu potencial intermolecular. O átomo adsorvido, em vez de interagir com apenas um átomo superficial do sólido, ao fazer contato com uma aresta de irregularidade da superfície do sólido adsorvente, passa a interagir com os vários átomos circundantes e é aprisionado pela força de interação (ATKINS, 2014). O sucesso ou falha do processo de adsorção depende de como o sólido poroso desempenha-se tanto em equilíbrio quanto em cinética. Um sólido com boa capacidade, mas cinética lenta, tem baixo rendimento porque o efluente precisa de muito tempo de residência para que as moléculas atinjam o interior da partícula. Por outro lado, um sólido com cinética rápida, mas baixa capacidade, também apresenta baixo rendimento por requerer altas quantidades de material. Logo, para ter bom rendimento,o sólido deve ter área superficial razoável e uma combinação de duas faixas de poro: microporos (< 2 nm) e macroporos (> 50 nm), para satisfazer as duas condições (DO, 1998). 2.3.3 Propriedades do adsorvato Quanto às propriedades do adsorvato, deve-se considerar o tamanho da molécula no transporte intrapartícula, sua polaridade em comparação à polaridade do adsorvente e do solvente (com qual terá mais afinidade), e sua solubilidade, pois quanto mais insolúvel, melhor é adsorvido (DOMINGUES, 2005). 2.3.4 Influência da temperatura O aumento da temperatura, por sua vez, diminui a viscosidade da solução, aumentando a taxa de difusão das partículas de adsorvato da superfície para os poros internos do adsorvente, além de alterar a capacidade de equilíbrio do adsorvente para um adsorvato em particular (DOGAN, 2006). 24 2.3.5 Influência do pH A influência do pH do meio é relacionado com a carga superficial do adsorvente. As partículas do sólido, em soluções aquosas, desenvolvem uma carga superficial através de reações superficiais ácido-base. O número de prótons H + e grupos hidroxila OH - na superfície do adsorvente são importantes e determinantes para as propriedades superficiais. A superfície se torna positivamente carregada pela reação com prótons da solução em condições ácidas e negativamente carregada pela perda de prótons à solução em condições alcalinas (CEROVIC, 2007). Segundo Nascimento (2014, p. 18), “um índice conveniente da tendência de uma superfície se tornar positiva ou negativamente carregada em função do pH, é o valor do mesmo requerido para que a carga líquida do adsorvente seja nula”. O pH do meio em que o sólido apresenta carga superficial nula é denominado ponto de carga zero (PZC – point of zero charge), pHPZC. Se o pH está acima do ponto de carga zero, a superfície do sólido tem carga negativa e adsorve predominantemente cátions, enquanto abaixo do ponto de carga zero, a superfície tem carga positiva e retém predominantemente ânions (APPEL, 2003). Adsorvato e adsorvente com cargas iguais prejudicam a adsorção pela repulsão eletrostática. 2.3.6 Efeito da força iônica A fim de satisfazer o requerimento de eletroneutralidade do sistema, a carga superficial do sólido é satisfeita pela adsorção de íons de carga oposta e pela exclusão de íons de mesma carga. Logo, nos estudos de adsorção, deve-se considerar a complexidade da composição de cargas do efluente a ser tratado, tendo em vista que tal fator é uma fonte de importância na variância da distribuição de cargas na superfície do sólido (ZELAZNY; HE; VANWORMHOUDT, 1996). Segundo Skoog (2009, p. 252), “a posição da maioria dos equilíbrios químicos depende da concentração do eletrólito no meio, mesmo quando o eletrólito adicionado não contém um íon comum em relação àqueles envolvidos no equilíbrio”. Tal efeito se deve às atrações eletrostáticas entre os íons de eletrólito e os participantes iônicos da reação (SKOOG, 2009). A força iônica é definida como: ! = 12 (['])! " + [+])#" + [,])$" +⋯) 25 Em que [A], [B], [C], ... são as concentrações molares de espécie de íons A, B, C... e ZA, ZB, ZC, ... são suas cargas. Para íons de eletrólito forte de carga simples, a força iônica é idêntica à concentração molar. O efeito do eletrólito é independente dos tipos de íons em soluções com força iônica menor ou igual a 0,1 mol L -1 . Na solução, os íons envolvidos no equilíbrio atraem os íons de carga oposta do eletrólito, criando uma região de carga oposta em torno de cada íon em particular. Forma-se, então, uma atmosfera iônica positiva em torno dos ânions e uma atmosfera iônica negativa em torno dos cátions. A atmosfera iônica faz com que os cátions pareçam menos positivos e os ânions pareçam menos negativos, diminuindo a atração entre os íons e aumentando a solubilidade (SKOOG, 2009; HARRIS, 2007). Assim, espera-se que a adsorção seja afetada negativamente em valores maiores de força iônica, devido à diminuição da atração entre as cargas dos íons do adsorvato de interesse e as cargas superficiais do adsorvente, além da competição entre os íons da espécie de interesse e os íons componentes do sal nos sítios de adsorção da superfície do sólido (PIERANGELI et al., 2001). 2.3.7 Cinética de Adsorção A cinética de adsorção se baseia na taxa de transferência de componentes do líquido para o interior das partículas sólidas, em relação ao tempo. Os processos pelos quais a cinética pode ocorrer envolvem algumas etapas como: 1) transferência de moléculas do líquido para a superfície externa por intermédio do fluído que envolve a partícula; 2) difusão de moléculas para o interior dos poros (etapa determinante); e 3) difusão de moléculas pela superfície do interior dos poros. A transferência das moléculas para superfície externa pode ser afetada pela concentração do soluto e pela agitação, e a difusão intrapartícula depende da relação entre o tamanho da molécula de adsorvato e o tamanho dos poros do adsorvente, podendo ser nos macroporos e nos microporos (NASCIMENTO, 2014). A seletividade cinética da adsorção pode ser medida pela razão das difusividades intrapartícula dos componentes em questão. As diferenças nas taxas de difusão entre moléculas de massa molecular comparável fornecem uma separação útil quando a difusão é dificultada por efeitos estéricos. Isso requer que o diâmetro do microporo seja comparável com as dimensões das moléculas difusas. A separação em microporo 26 molecular, que depende da completa exclusão da molécula maior dos microporos, pode ser considerada como o extremo limite da separação cinética (RUTHVEN, 1984). Os modelos cinéticos mais utilizados para examinar os mecanismos de adsorção são os de pseudoprimeira ordem e pseudossegunda ordem, podendo também ser empregado o modelo de difusão intrapartícula (ROCHA et al., 2012). O modelo de pseudoprimeira ordem é dado pela equação de Lagergren: ln(1% − 1&) = ln 1% − 3'4 em que k1 é a constante da taxa de adsorção de pseudoprimeira ordem (min-1), e qe e qt são as quantidades adsorvidas por grama de adsorvente no equilíbrio e no tempo t, respectivamente (mg g -1 ). O valor de k1 pode ser determinado pelo gráfico ln(1% − 1&) versus t (ROCHA et al., 2012). O modelo de pseudossegunda ordem, em sua forma linear, é expresso por: 4 1& = 13"1%" + 11% 4 em que qe é a quantidade adsorvida no equilíbrio (mg g-1) e k2 é a constante da velocidade de equilíbrio de adsorção de pseudossegunda ordem (g mg -1 min -1 ) (HO e MCKAY, 1999). O valor de k2 pode ser determinado pelo gráfico (t/qt) versus t. O parâmetro da taxa de difusão intrapartícula de Weber e Morris pode ser definido por: 1 = 3(4),+ em que ki é a constante da taxa de difusão intrapartícula (mg g-1/min0,5) (HO e MCKAY, 1999). O valor de ki pode ser obtido da inclinação da curva do gráfico qt versus t0,5. Se o coeficiente linear da reta for igual a zero, a adsorção é controlada por difusão intraporo e, se for diferente de zero, a adsorção é controlada por difusão intrafilme, e sua espessura é igual o coeficiente linear em mg g -1 (NASCIMENTO, 2014). 2.3.8 Equilíbrio de Adsorção Em aspectos de equilíbrio de adsorção, parâmetros termodinâmicos podem ser avaliados a partir de isotermas de adsorção, que são fundamentais para compreensão dos mecanismos do processo. Os estudos termodinâmicos de adsorção permitem julgar a viabilidade do processo, enquanto os estudos de cinética encontram a forma mais eficiente de operar o processo (SOHN e KIM, 2004). A informação do equilíbrio de adsorção dos componentes do sistema é a parte 27 mais importante para entender o quanto esses componentes podem ser acomodados no sólido adsorvente (DO, 1998). O estado de equilíbrio da adsorção se refere ao estado em que a concentração de soluto na fase líquida permanece constante. Nesse estado, determina-sea capacidade de adsorção do adsorvente, que pode ser calculada aplicando equações de isotermas aos dados experimentais (NASCIMENTO, 2014). A isoterma de adsorção é a relação de equilíbrio entre a concentração na fase fluída e a concentração nas partículas de adsorvente, em uma dada temperatura. Alguns formatos típicos de isotermas são mostrados na Figura 3. Figura 3 – Formatos típicos de isotermas. Fonte: Adaptado de McCabe et al. (2005). O eixo das abscissas representa a concentração de soluto no equilíbrio (mg L -1 ) e o eixo das ordenadas representa a quantidade adsorvida por grama de adsorvente (mg g - 1 ). Na isoterma linear, a quantidade adsorvida é proporcional à concentração no fluído. Isotermas convexas para cima são favoráveis porque a concentração de adsorvato no sólido é relativamente alta comparada à baixa concentração no fluído. Na adsorção irreversível, a quantidade adsorvida é independente da concentração até valores muito 28 baixos. Uma isoterma côncava para cima é desfavorável porque a concentração de adsorvato na fase sólida é baixa e requer grandes quantidades de massa de material adsorvente na coluna. Quando uma isoterma é favorável, a transferência de adsorvato do sólido de volta à fase fluída tem características semelhantes às da adsorção de uma isoterma desfavorável (MCCABE, 2005). As equações de isotermas mais utilizadas são a de Langmuir e a de Freundlich. O mais simples modelo teórico para uma adsorção de monocamada é atribuído a Langmuir (RUTHVEN, 1984). As suposições básicas desse modelo são: 1. As moléculas são adsorvidas em números fixos de sítios localizados bem definidos. 2. Cada sítio pode adsorver uma única molécula. 3. Todos os sítios são energeticamente equivalentes. 4. Não há interação entre as moléculas adsorvidas nos sítios vizinhos. A isoterma de Langmuir é expressa pela equação: 1% = 1,-.9/,% 1 + 9/,% Que pode ser rearranjada para forma linear: 1 1% = 11,-. + 19/1,-.,% Em que qe é a quantidade de soluto adsorvido por grama de adsorvente no equilíbrio (mg g -1 ); qmax é a capacidade máxima de adsorção (mg g-1); KL é a constante de interação adsorvato/adsorvente (L mg -1 ); e Ce é a concentração do adsorvato no equilíbrio (mg L -1 ) (NASCIMENTO, 2014). De acordo com a teoria de Langmuir, se as forças superficiais forem intensas, a taxa de dessorção é desprezível, de modo que a superfície fica completamente coberta por uma monocamada de moléculas. A camada é única, pois, assim que a superfície é coberta por uma camada de moléculas, suas forças superficiais saturam quimicamente. Por outro lado, nos sólidos em que as forças superficiais são fracas, apenas uma pequena fração da superfície fica coberta pela monocamada de moléculas adsorvidas, considerando que a permanência dessas moléculas na superfície é curta (LANGMUIR, 1918). A isoterma de Freundlich é uma equação empírica e uma das mais utilizadas para descrever o equilíbrio de adsorção, principalmente por descrever a adsorção em uma ampla variedade de adsorventes, incluindo biossorvente (FEBRIANTO et al., 2009). A 29 equação de Freundlich assume a seguinte forma: 1% = 90,%'/2 E pode ser expressa pela forma logarítmica linearizada: log 1% = log90 + 1 < log ,% Em que qe é a quantidade de soluto adsorvido (mg g-1); Ce é a concentração de equilíbrio em solução (mg L -1 ); 1/n é a constante relacionada à heterogeneidade da superfície; e KF é a constante de capacidade de adsorção de Freundlich (mg1-(1/n) (g-1) L1/n) (NASCIMENTO, 2014). A isoterma de Freundlich se ajusta aos dados experimentais da maioria dos adsorventes estudados, incluindo os biossorventes mais heterogêneos (FEBRIANTO et al., 2009). 2.4 BIOSSORVENTES O maior obstáculo para aplicação industrial de adsorventes convencionais é o alto preço. A biossorção, isto é, a adsorção na superfície de materiais de origem biológica, surgiu como alternativa econômica e eficiente para o tratamento de efluentes. Um biossorvente é considerado de baixo custo se tem alta disponibilidade, exige pouco ou nenhum tratamento prévio e seja um resíduo ou subproduto de outras indústrias (EL- SAYED, 2014; LESMANA, 2009). Os biossorventes podem ser subdivididos em biomassa morta ou viva, resíduos agrícolas e resíduos sólidos industriais (figura 4). O uso de adsorventes de base agrícola remedia outra preocupação ambiental, uma vez que o grande volume de resíduos gerado pela agroindústria deve ter um meio de descarte adequado (EL-SAYED, 2014; LESMANA, 2009). 30 Figura 4 – Tipos de adsorventes. Fonte: El-Sayed (2014). 2.4.1 Biomassa de resíduos agrícolas Biomassa é o material produzido pelo crescimento de microrganismos, plantas ou animais (NAGEL et al., 1992). A biomassa de resíduos agrícolas é geralmente descartada de forma inadequada, principalmente em países em desenvolvimento, onde a maior parte da biomassa residual é deixada no campo para se decompor naturalmente ou para ser queimada a céu aberto. Estima-se que a produção global anual de biomassa residual esteja na ordem de 140 gigatoneladas, o que representa um problema, visto que o descarte de biomassa pode causar impactos ambientais negativos (TRIPATHI et al., 2019). Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em sua resolução Nº 001/86, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. 31 Os impactos ambientais associados à geração de resíduos agrícolas provêm de termos quantitativos e da lenta degradação, além da geração de subprodutos tóxicos e cumulativos. Tem-se, assim, a adição excessiva de compostos orgânicos persistentes no solo, que podem gerar gases, saturar o solo e causar a eutrofização dos recursos hídricos. Ademais, os metais dos agroquímicos podem permanecer agregados nos resíduos, contribuindo com a contaminação (IPEA, 2012). Figura 5 – Cadeia de impactos provenientes da geração de resíduos agrícolas. Fonte: IPEA (2012). Esses problemas podem ser evitados, em virtude da complexidade química da biomassa vegetal, que pode ser utilizada como matéria-prima de diversos produtos, como energia, alimentos, produtos químicos e materiais. Os resíduos agrícolas são compostos principalmente por lignina e celulose, bem como hemicelulose, lipídios, proteínas, açúcares simples, amidos, água, hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, carboxilatos, fenóis e éteres (LESMANA, 2009; SUD, 2008; VAZ, 2020). Dentre os resíduos utilizados em estudos de adsorção, estão: farelo e casca de arroz, farelo e casca de trigo, serragem, casca de árvores, casca de amendoim, casca de coco, casca de avelã, casca de noz, casca de semente de algodão, resíduos de folhas de chá, folhas de Cassia fistula, sabugo de milho, bagaço de cana, casca de laranja, casca de soja, talos de uva, jacinto d'água, polpa de beterraba sacarina, talos de girassol, grãos de café, noz arjuna, talos de algodão, e muitas outras diferentes cascas e folhas (LESMANA, 2009; SUD, 2008). 32 2.4.2 Pericarpo de grão de milho O milho (Zea mays) é cultivado em todas as microrregiões do Brasil. O grão é empregado como alimento – como fubás, farinhas, canjicas e óleos, ração animal e para uso industrial e energético, sendo uma das culturas mais importantes mundialmente, do ponto de vista econômico e social (BARROS e ALVES, 2015; SOLOGUREN, 2015). O grão se destaca por ser o mais produzido e o mais consumido do mundo. Sendo uma planta de origem tropical, o milhoprecisa de alta disponibilidade de água e calor para se desenvolver de forma satisfatória. Sua maior produção se dá na primeira safra, ou safra de verão. Assim, a tecnologia de cultivo consiste na planta ocupar o solo no verão e no restante do período anual, ocupa-lo com sementes de ciclo curto ou antecipar o cultivo da soja (BARROS e ALVES, 2015; FANCELLI, 2015). De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu 4° Levantamento de Safra de 2022/23, a grande safra anual (safra de verão) se deu em uma área de plantio de 22.316,3 mil hectares, com produtividade de 5.624 kg por hectare, com produção total de 125.062,4 mil toneladas, com 90,1% semeado – o restante é semeado na safrinha, ou segunda safra (CONAB, 2023). Figura 6 – Componentes básicos do grão de milho. Fonte: Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho). A composição do milho é aproximadamente 72% de amido, 9,5% proteínas, 9% fibras e 4% de óleo, sendo dividido em endosperma, gérmen e pericarpo. Após a colheita, o milho passa por pré-limpeza, secagem e limpeza, para então ser transportado à indústria. Na indústria, conforme mostra a Figura 7, os grãos passam por processos de moagem: a moagem seca, em que se separam os três componentes principais do grão, e 33 a moagem úmida, em que o grão também é macerado após a separação dos componentes (REGITANO-D’ARCE; SPOTO; CASTELLUCCI, 2015). Figura 7 – Produtos derivados da moagem do milho. Fonte: REGITANO-D’ARCE et al. (2015). O pericarpo de milho é um resíduo industrial da produção de amido de milho. No processo de moagem úmida, 10% de todo peso do milho acaba no pericarpo como um subproduto (OSBORN e CHEN, 1984). A composição do pericarpo de milho está apresentada na tabela 2, com os valores expressos em média ± desvio padrão, para < = 2. Tabela 2 – Composição química do pericarpo de milho doce. Componentes wt% (em relação ao resíduo seco) Proteínas 5,0 ± 0,4 Lipídios 4,9 ± 0,3 Cinzas 1,1 ± 0,1 Celulose 13,5 ± 0,9 Hemicelulose 73,6 ± 0,4 Ácido Urônico 7,7 ± 0,1 ?-Glucan 3,2 ± 0,1 Pectina 8,7 ± 1,5 Amido 3,5 ± 0,1 Composição relativa de monossacarídeos Xilose 40,0 ± 0,3 Glicose 28,6 ± 0,8 Galactose 5,4 ± 0,7 Arabinose 26,1 ± 0,2 Fonte: YOSHIDA et al. (2012). O pericarpo é formado por diferentes camadas heterogêneas e células. O epicarpo é a camada mais externa de células, as quais possuem paredes celulares relativamente 34 espessas, são alongadas, contêm várias depressões e são caracterizadas por seu arranjo interligado. A parede celular consiste em uma rede de microfibrilas de celulose incluída em uma matriz de polissacarídeos, proteínas e outros polímeros produzidos pela célula. A matriz de polissacarídeos e as microfibrilas de celulose unem-se em uma forte rede de uma mistura de ligações covalentes e não covalentes. A parede atua como uma barreira de difusão, limitando o tamanho e os tipos de molécula que podem alcançar a membrana plasmática, tanto por efeitos de peneiramento como por interações iônicas e hidrofóbicas. Externamente, o epicarpo é coberto pela cutícula, uma camada hidrofóbica complexa integrada às paredes celulares mais externas (KHALIL e KRAMER, 1971; TAIZ et al., 2017). 2.4.3 Celulose A celulose é um carboidrato polimérico gerado pela repetição da β-D- glucopyranose, que é covalentemente ligada por funções acetal entre a hidroxila equatorial do carbono 4 e o carbono 1, na forma em que é biogeneticamente formada. Tem-se a celulose como um polímero extenso de cadeia linear com um vasto número de grupos hidroxila: três por unidade de anidroglucose (SILVA et al.; POLETTO, 2015). A reatividade da celulose é devida aos grupos hidroxila, principalmente à do carbono 6 e, depois, às do carbono 2 e 3, respectivamente. As hidroxilas livres na superfície dos sólidos celulósicos permitem a modificação dessas superfícies, conferindo novas propriedades ou intensificando as existentes (SILVA et al.; POLETTO, 2015). As ligações de hidrogênio da celulose podem ser modificadas por algumas transformações físicas e/ou químicas para várias aplicações. O tratamento em NaOH, por exemplo, em concentração específica (aproximadamente 2,5 mol L -1 ), causa a transformação da celulose I em celulose II. Além disso, no estudo do pesquisador Oudiani (2011) sobre a transição da celulose I para celulose II das fibras da Agave americana, o tratamento com NaOH, principalmente na concentração de 10%, removeu materiais amorfos da superfície da fibra (OUDIANI, 2011). 2.5 PLANEJAMENTO FATORIAL A princípio, um sistema atua como uma função desconhecida que opera sobre fatores e produz as respostas observáveis. A experimentação pretende obter uma boa 35 aproximação dessa função para que, a partir de seu conhecimento, o sistema seja operado da forma mais satisfatória possível. Primeiramente, devem-se selecionar os fatores – ou seja, as variáveis que se deseja controlar, e respostas de interesse. As respostas podem ou não ser afetadas pela manipulação dos fatores. Os fatores podem ser quantitativos, como valores de temperatura e pressão, ou podem ser qualitativos, como duas máquinas diferentes (BARROS NETO et al., 2001). Para estudar o efeito de um fator sobre uma resposta experimental, é preciso variar seu nível para que a variação da resposta seja observável, sendo a forma mais simples de executar essa ideia o estudo dos fatores em dois níveis. Assim, para x fatores, são feitos 2 x ensaios. Logo, especificam-se os níveis em que os fatores serão estudados e, então, para um planejamento fatorial completo, efetuam-se todas as combinações possíveis entre os níveis dos fatores, sendo cada combinação um ensaio experimental (BARROS NETO et al., 2001). Por exemplo, para um planejamento fatorial com 4 fatores, estudados em 2 níveis, são feitos 16 ensaios – um planejamento fatorial 2 4 . Tabela 3 – Modelo de planejamento fatorial com 4 fatores em 2 níveis. Fatores Níveis 1 - + 2 - + 3 - + 4 - + Ensaio 1 2 3 4 1 - - - - 2 + - - - 3 - + - - 4 + + - - 5 - - + - 6 + - + - 7 - + + - 8 + + + - 9 - - - + 10 + - - + 11 - + - + 12 + + - + 13 - - + + 14 + - + + 15 - + + + 16 + + + + Frequentemente, ajusta-se um modelo de superfície de resposta ao planejamento fatorial 2 x para gerar as estimativas de efeito dos fatores. A aplicação mais extensiva da metodologia de superfície de resposta é em situações onde diversas variáveis de entrada 36 influenciam potencialmente medidas de desempenho do processo. Essas medidas de desempenho são chamadas de respostas. Graficamente, para cada valor de variável, há um valor de resposta correspondente, e essas respostas são observáveis como uma superfície disposta acima do plano das variáveis – a perspectiva gráfica que levou ao termo superfície de resposta (MYERS; MONTGOMERY; ANDERSON-COOK, 2016). Figura 8 – Modelo de superfície de resposta com interação de variáveis. Fonte: Myers; Montgomery; Anderson-Cook, 2016. Enquanto uma superfície de resposta é útil para observar o efeito das variáveis nas respostas, um diagrama de Pareto é útil para elencar as variáveis de acordo com suas ordens de importância. O diagrama de Pareto é um gráfico de barras que indica os parâmetros de importância em um processo e, portanto, que merecem atenção. É um instrumento para saber em quais fatores devem-se focar esforços para a melhoria do processo. Os parâmetros são ordenados em ordem decrescente de frequência de ocorrência, de forma que se é possível priorizar os de maior importância. O diagrama de Pareto foi desenvolvido por Joseph Juran a partir dos estudos do economista Vilfredo Pareto. Os estudos estabeleciam que a maior quantidade dos defeitos de um processo se refere a poucas causas, e os problemas de qualidade podem ser divididos em vitais e triviais. Assim, o gráfico permiteidentificar os problemas de maior relevância e dedicar mais esforços para corrigi-los, a fim de melhorar a qualidade do processo (ISHIKAWA, 1976; SELEME e STADLER, 2012). 37 3 METODOLOGIA 3.1 PREPARO DO BIOSSORVENTE O biossorvente utilizado foi o pericarpo de grão de milho, um resíduo agroindustrial, fornecido pela Integrada de Andirá. A fim de remover as espécies hidrofóbicas da fibra, a película de milho foi aquecida submersa em solução de 500 mL de NaOH 0,1 mol L -1 , a 100 °C, durante 1 hora, em uma panela esmaltada. Após aquecimento, o material foi filtrado e lavado com água destilada até que o pH de lavagem ficasse próximo a 7. Em seguida, o biossorvente foi seco em mufla. Imagens do material in natura e após o tratamento foram obtidas em um Microscópio Eletrônico de Varredura, marca LEO, modelo 440, equipado com energia dispersiva raio-X (EDX), modelo INCA 200 a 30 keV, na Central de Análises Químicas Instrumentais do Instituto de Química de São Carlos. As amostras foram fixadas em “stubs” com fita adesiva de carbono e, em seguida, revestidas com uma camada de ouro com espessura de 30 nm. Foram realizadas micrografias das amostras, juntamente com a análise elementar por espectroscopia de energia dispersiva. Uma amostra do material tratado foi analisada por Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR). Os espectros gerados foram obtidos pelo espectrômetro da marca Bruker, modelo Vertex 70, com a resolução espectral de 4 cm -1 e 16 varreduras para a obtenção dos espectros contemplados nas faixas de 400 a 4000 cm - 1 de comprimento. O estudo de FTIR foi realizado na Central de Análises Químicas Instrumentais do Instituto de Química de São Carlos e os resultados foram plotados em gráficos pelo software OriginPro da versão 8.0 e ano de 2007. 3.2 DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO (pHPCZ) Para determinação do Ponto de Carga Zero do biossorvente, utilizou-se do método dos onze pontos (PARK e REGALBUTO, 1995). Prepararam-se amostras contendo 0,050 g do material e 100 mL de água destilada, ajustadas em pH 2,00, 3,00, 4,00, 5,00, 6,00, 7,00, 8,00, 9,00, 10,00, 11,00 e 12,00, com soluções de ácido clorídrico e hidróxido de sódio. As medições de pH foram feitas com pHmetro, calibrado com soluções-tampão de pH 4,00 e 7,00. As amostras foram agitadas a 180 rpm, na temperatura de 25 ºC, durante 24 horas em uma incubadora. Posteriormente, fez-se medição do pH final de cada amos- 38 tra para gerar um gráfico de pH inicial versus pH final, a fim de identificar o ponto em que o pH final foi constante – o pHPCZ. Figura 9 – Procedimentos para determinação do Ponto de Carga Zero. 3.3 CURVA DE CALIBRAÇÃO A relação da leitura de absorbância com a concentração de corante em solução nos ensaios de adsorção foi determinada através de calibração externa no espectrofotômetro UV-Vis. Prepararam-se cinco soluções de azul de metileno nas concentrações 1,098.10 -5 mol L -1 , 5,49.10 -6 mol L -1 , 3,66.10 -6 mol L -1 , 2,745.10 -6 mol L -1 e 2,196.10 -6 mol L -1 . As absorbâncias das soluções foram lidas no comprimento de onda de 665 nm. Relacionando as concentrações com seus respectivos valores de absorbância, a partir da equação da reta, calcularam-se as concentrações finais de corante em solução nos ensaios após o processo de adsorção. 3.4 MELHORES CONDIÇÕES DE ADSORÇÃO Os ensaios para determinar as melhores condições ao processo de adsorção fo- ram realizados seguindo um planejamento fatorial 2 4 cujos fatores eram a massa do mate- rial adsorvente, o pH, a temperatura e a concentração de cloreto de sódio na solução. Os valores utilizados para cada fator estão descritos na tabela 4. 39 Tabela 4 – Planejamento Fatorial 2 4 Fatores - + 1 Massa (g) 0,050 0,100 2 pH 3,00 10,00 3 Temperatura (°C) 25 50 4 [NaCl] 0,0 0,1 Ensaio 1 2 3 4 1 - - - - 2 + - - - 3 - + - - 4 + + - - 5 - - + - 6 + - + - 7 - + + - 8 + + + - 9 - - - + 10 + - - + 11 - + - + 12 + + - + 13 - - + + 14 + - + + 15 - + + + 16 + + + + As amostras foram preparadas em Erlenmeyers de 250 mL, em duplicata, onde se pipetaram 50 mL de solução de corante azul de metileno 1,098.10 -5 mol L -1 e ajustaram-se as condições de cada ensaio de acordo com o planejamento, da tabela 3. Por exemplo, no ensaio 1 as condições de adsorção foram 0,050 g do material, pH 3,00, temperatura de 25 ºC e 0,0 M de NaCl. Após a agitação de 180 rpm por 2 horas, retirou-se uma alíquota de cada amostra para leitura da absorbância. Os procedimentos dos ensaios são exemplificados na figura 10. Figura 10 – Procedimentos dos ensaios do planejamento fatorial 2 4 . A partir da equação da reta da curva de calibração, obteve-se a concentração final de corante em cada amostra e calculou-se a capacidade adsortiva – mg de corante 40 adsorvido por grama de adsorvente, obtida em cada ensaio. 3.5 CINÉTICA DE ADSORÇÃO Os dados cinéticos de adsorção foram obtidos em ensaios em que cada amostra continha 0,05 g de material adsorvente, 50 mL de solução de corante azul de metileno 1,098.10 -5 mol L -1 e pH ajustado em 10,00. As amostras foram agitadas durante 0,5, 1, 2, 4, 8, 16 e 30 minutos, em duplicatas. Após cada tempo, fazia-se leitura da absorbância das soluções no espectrofotômetro UV/Vis, no comprimento de onda de 665 nm. Os dados do experimento foram ajustados ao modelo de pseudoprimeira ordem e pseudossegunda ordem. 3.6 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO Para os estudos termodinâmicos de adsorção, prepararam-se amostras com 0,025 g de biossorvente e 50 mL de solução de azul de metileno nas concentrações 1,098.10 -5 mol L -1 , 2,5.10 -5 mol L -1 , 5,0.10 -5 mol L -1 , 7,5.10 -5 mol L -1 e 1,0.10 -4 mol L -1 . As amostras foram ajustadas em pH 10,00 e agitadas a 180 rpm durante 2 horas. Posteriormente, fez- se leitura da absorbância das soluções e a partir dos cálculos de concentração inicial e final, os dados foram ajustados aos modelos de isotermas de Langmuir e Freundlich. 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 PREPARO DO BIOSSORVENTE As células da camada mais externa que compõe o pericarpo possuem parede celular espessa com arranjo interligado, constituída por microfibrilas de celulose. Essa camada é externamente coberta pela cutícula, uma camada hidrofóbica complexa. O aquecimento do pericarpo de milho submerso em solução de hidróxido de sódio 0,1 mol L - 1 removeu efetivamente a camada de componentes hidrofóbicos do material. A remoção desses componentes desobstruiu a película, permitindo a formação de poros, como expõe as análises obtidas com microscopia eletrônica de varredura (Figura 11). Figura 11 – Micrografia da superfície do pericarpo de grão de milho gerada por Microscopia Eletrônica de Varredura: (a) Antes do tratamento com NaOH, (b) Após o tratamento com NaOH. A porosidade do material é favorável ao processo de adsorção, dado que se aumenta a interação das partículas de adsorvato com a superfície do material. Nas irregularidades da superfície porosa, há maior contato do adsorvato com os vários átomos circundantes em comparação ao que se teria em uma superfície uniforme. Assim, a capacidade de aprisionamento das partículas se torna maior devido às forças de interação, além da capacidade de acomodar mais partículas, considerando efeitos estéricos. Através da análise de Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), foi possível identificar os grupos funcionais presentes no material (a) (b) 42 biossorvente após seu tratamento (Figura 12). Figura 12 – Análise de FTIR do pericarpo de grão de milho. A banda larga a 3338,66 cm -1 é atribuída ao estiramento dos grupos hidroxila (O– H). A banda a 2925,9 cm -1 corresponde aoestiramento do grupo C–H. O sinal a 1018,38 cm -1 deve-se à vibração do esqueleto do anel de piranose C–O–C. As bandas a 1365,55 e 1315,4 cm -1 são atribuídas à deformação de CH no plano e de CH2 fora do plano, respectivamente. A frequência observada a 1155,32 cm -1 pode ser relacionada ao estiramento assimétrico das ligações C–O–C (VAZ, 2016; POLETTO, 2011). As bandas identificadas relacionam-se à estrutura da celulose e da hemicelulose, componentes presentes em maior peso na estrutura do pericarpo de milho (tabela 2). A ausência de um pico de carboxila a aproximadamente 1735 cm -1 indica a remoção das proteínas e dos lipídios através do tratamento em solução básica. 4.2 DETERMINAÇÃO DO PONTO DE CARGA ZERO A partir do gráfico de pH inicial versus pH final é possível observar a região de resposta de pH que apresentou constância – isto é, o pH do ponto de carga zero do biossorvente, sendo aproximadamente 7,00. 43 Gráfico 1 – Curva do Ponto de Carga Zero do biossorvente. Logo, em valores de pH acima de 7,00, o biossorvente apresenta carga superficial negativa e adsorve predominantemente cátions. Analogamente, em valores de pH abaixo de 7,00, o biossorvente apresenta carga superficial positiva e adsorve predominantemente ânions. Espera-se, então, que a adsorção efetiva do Azul de Metileno ocorra em pH acima de 7,00. 4.3 MELHORES CONDIÇÕES DE ADSORÇÃO A partir da curva de calibração, relacionaram-se os valores de absorbância com as concentrações finais das amostras após os ensaios de adsorção e foi possível calcular a capacidade adsortiva – miligrama de corante adsorvido por grama de adsorvente, obtida em cada ensaio, para determinar as condições mais favoráveis ao processo de adsorção (tabela 5). 0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14 pH F in al pH Inicial 44 Tabela 5 – Capacidades adsortivas obtidas no planejamento fatorial 2 4 . Como exposto na tabela 5, a melhor capacidade adsortiva foi obtida nas condições: 0,05 g de biossorvente, pH 10,00, temperatura de 50 °C e sem adição de cloreto de sódio na solução. O diagrama de Pareto (Figura 13), em um intervalo de confiança de 95%, mostra que todas as variáveis utilizadas no planejamento são significativas para o processo de adsorção, exceto a concentração de cloreto de sódio em solução. Figura 13 – Diagrama de Pareto. Pareto Chart of Standardized Ef f ects; Variable: qe 4 f actors at two lev els; MS Residual=,053312 DV: qe ,5440242 -,827277 -1,41428 2,28877 2,303785 -2,40192 2,712776 -2,86522 3,189671 -3,23548 -3,61514 7,676159 9,537011 -10,1651 p=,05 Standardized Ef f ect Estimate (Absolute Value) [NaCl] pHxT ºC Massa (g)xpH pHx[NaCl] Massa (g)xT ºCx[NaCl] pHxTºCx[NaCl] Massa (g) x TºC T ºC Massa (g)xpHx[NaCl] Massa (g)xpHxTºC TºCx[NaCl] Massa (g)x[NaCl] pH Massa (g) ,5440242 -,827277 -1,41428 2,28877 2,303785 -2,40192 2,712776 -2,86522 3,189671 -3,23548 -3,61514 7,676159 Fatores - + 1 Massa (g) 0,050 0,100 2 pH 3,00 10,00 3 Temperatura (°C) 25 50 4 [NaCl] 0,0 0,1 Ensaio 1 2 3 4 qe Média 1 - - - - 2,798 2,729 2,764 2 + - - - 1,460 1,550 1,505 3 - + - - 3,484 3,500 3,492 4 + + - - 1,716 1,718 1,717 5 - - + - 2,534 2,540 2,537 6 + - + - 1,588 1,602 1,595 7 - + + - 3,772 3,783 3,778 8 + + + - 1,892 1,901 1,896 9 - - - + 2,703 2,660 2,682 10 + - - + 1,496 1,501 1,498 11 - + - + 3,417 3,327 3,372 12 + + - + 3,301 3,320 3,310 13 - - + + 1,576 1,587 1,582 14 + - + + 1,910 2,206 2,058 15 - + + + 2,619 2,551 2,585 16 + + + + 2,653 3,040 2,846 45 O diagrama expõe os parâmetros de maior relevância para o processo de adsorção. Logo, quanto menor a massa de biossorvente e maior o pH, mais efetivo o processo de adsorção, sendo esses os fatores mais importantes no processo. A interação entre massa e concentração de cloreto de sódio afeta o processo desde que os íons do sal e os íons do corante competem os sítios de adsorção da superfície do biossorvente. Dentre as interações entre os fatores, as que não se apresentaram como de importância ao processo foram as interações entre massa e pH e entre pH e temperatura. A dependência entre os fatores na capacidade adsortiva também está expressa na superfície de resposta (Figura 14). Figura 14 – Superfície de resposta para temperatura 50 °C fixa e sem adição de NaCl. A menor massa de biossorvente utilizada, associada às melhores condições, já possibilitou a remoção de 100% do corante da solução, não sendo necessária massa maior – sendo essa a explicação ao fato de a capacidade adsortiva ser menor para 0,1 g de material, ressaltando que seu cálculo se dá pela quantidade em miligramas de corante adsorvido por gramas de adsorvente. O pH, por sua vez, relaciona-se com a carga superficial do biossorvente. Acima do ponto de carga zero, que neste caso é 7,00, o material adquire carga superficial negativa e, analogamente, abaixo do ponto de carga zero, o material adquire carga superficial positiva. O corante azul de metileno é catiônico, ou seja, se apresenta na forma de cátion 46 em solução. Logo, a adsorção do azul de metileno é priorizada em pH acima de 7,00, tendo em vista que uma superfície negativa adsorve preferencialmente partículas positivas. A constante de velocidade da maioria das reações aumenta com a temperatura. Aumentando-se a energia cinética, aumenta-se também a fração de moléculas com energia suficiente para provocar a reação. Ainda, o aumento da temperatura diminui a viscosidade da solução, em razão da superação das forças intermoleculares com o aumento da energia cinética. Assim, facilita-se a difusão das partículas de adsorvato do líquido para os poros internos do adsorvente. A presença de cloreto de sódio em solução diminui a adsorção de partículas de corante tendo em vista que a presença de outros íons em solução compete os sítios de adsorção do biossorvente. Além disso, o efeito da força iônica é responsável pela diminuição da carga efetiva dos cátions de azul de metileno, devido à região de carga oposta formada em seu entorno pelos íons do sal. Consequentemente, diminui-se a atração entre os cátions do azul do metileno e a superfície do sólido adsorvente. 4.4 CINÉTICA DE ADSORÇÃO Nos ensaios cinéticos de adsorção, os valores de capacidade adsortiva obtidos em cada tempo estão descritos na Tabela 6. Tabela 6 – Capacidade adsortiva no tempo t. Tempo (t – min) Capacidade Adsortiva (qe – mg g-1) 0,5 0,1395 1 0,8090 2 1,621 4 2,726 8 3,353 16 3,658 30 3,644 Expressando graficamente a capacidade adsortiva (mg g -1 ) em função do tempo (min), é possível identificar o tempo de equilíbrio de adsorção (Gráfico 2). 47 Gráfico 2 – Capacidade adsortiva (mg g -1 ) em função do tempo (min). Observa-se que, a partir de 8 minutos, a curva deixa de ter crescimento abrupto e passa a apresentar constância e, após 16 minutos, removeu-se 100% do corante da solução. Portanto, o biossorvente demonstrou cinética rápida e o efluente não precisa de muito tempo de residência. A fim de analisar os mecanismos cinéticos, os dados foram ajustados aos modelos cinéticos de pseudoprimeira ordem e pseudossegunda ordem, dos quais o modelo de pseudoprimeira ordem apresentou maior linearidade (Tabela 7), indicando que o processo é determinado por adsorção física (Gráfico 3). Tabela 7 – Ajuste de dados aos modelos cinéticos. Pseudoprimeira Ordem Pseudossegunda Ordem =2 = 0,9948 =2 = 0,8352 ln(14 − 15) = −0,33224 + 1,3653 415 = 0,21354 + 1,3408 -5,000E-01 0,000E+00 5,000E-01 1,000E+00 1,500E+00 2,000E+00 2,500E+00 3,000E+00 3,500E+00 4,000E+00 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 C a p a c id a d e A d s o r ti v a / ( m g g -1 ) Tempo / min 48 Gráfico 3 – Ajuste dos dados experimentais ao modelo depseudoprimeira ordem. A constante da taxa de adsorção de pseudoprimeira ordem (3' = −0,3322) apresentou concordância com os valores experimentais, de acordo com os dados comparados na Tabela 8. Tabela 8 – Dados cinéticos experimentais e dados cinéticos calculados. Tempo (t – min) ln(14 − 15) – Experimental ln(14 − 15) – Calculado 0,5 1,2539 1,1992 1 1,0419 1,0331 2 0,7044 0,7009 4 -0,08629 0,0365 8 -1,2359 -1,2923 4.5 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO A partir da leitura de absorbância das amostras, calculou-se a concentração de corante adsorvido por grama de biossorvente (mg g -1 ) e a concentração de corante na fase líquida (mg L -1 ), e gerou-se um gráfico da relação de concentração entre as duas fases (Gráfico 4). 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 ln ( q e - q t) Tempo / min 49 Gráfico 4 – Isoterma de adsorção. Segundo McCabe et al. (2005), a isoterma convexa para cima é favorável à adsorção, porque a concentração no adsorvente é relativamente alta e a concentração na fase líquida é baixa. Os dados também foram aplicados nas isotermas lineares de Langmuir e Freundlich, das quais a mais ajustada aos dados experimentais foi a isoterma de Langmuir (Tabela 9). Tabela 9 – Ajuste dos dados às isotermas de Langmuir e Freundlich. Isoterma de Langmuir Isoterma de Freundlich =2 = 0,998 =2 = 0,9755 G4 14 = 0,0012G4 + 0,0017 ln 14 = 0,6639 ln G4 + 3,4307 - 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 q e / m g g -1 Ce / mg L-1 50 Gráfico 5 – Isoterma de Langmuir. O ajuste ao modelo de Langmuir sugere que as moléculas são adsorvidas em sítios localizados, que só podem adsorver uma única molécula, e não há interação entre as moléculas de sítios vizinhos. Dessa forma, forma-se uma monocamada de moléculas e as forças superficiais do biossorvente saturam quimicamente (LANGMUIR, 1918). 0 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 C e /q e Ce / mg L-1 51 5 CONSIDERAÇÕES O tratamento prévio do pericarpo de milho removeu os componentes que obstruíam a superfície do material, possibilitando o aumento de porosidade e, consequentemente, sua eficiência como adsorvente. As melhores condições para a adsorção do corante azul de metileno foram a menor massa de biossorvente, o maior pH, temperatura de 50 °C e sem adição de cloreto de sódio à solução. A menor massa de biossorvente foi suficiente para remoção de 100% do corante da solução, associada às melhores condições. O pH básico é mais eficiente para a adsorção do azul de metileno devido à carga negativa que a superfície do biossorvente adquire acima de seu ponto de carga zero (pH 7,00, neste caso), atraindo predominantemente cátions, como o azul de metileno. A difusão das moléculas de adsorvato foi intensificada pelo aumento da temperatura e seu efeito na diminuição da viscosidade da solução. A adição de cloreto de sódio à solução, por sua vez, foi desvantajosa ao processo em razão da competição entre íons pelos sítios de adsorção e da formação de regiões de carga oposta em torno dos cátions de azul de metileno, diminuindo sua atração com a superfície do biossorvente. O biossorvente apresentou cinética rápida, removendo 100% do corante em 16 minutos. Os dados cinéticos ajustaram-se ao modelo de pseudoprimeira ordem, com um coeficiente de determinação igual a 0,9948 e concordância entre os valores calculados e os valores experimentais. O equilíbrio entre o corante na fase líquida e o corante adsorvido nos ensaios dos estudos de equilíbrio mostrou-se favorável ao processo de adsorção. A isoterma indicou uma concentração relativamente alta de adsorvato e uma concentração baixa na fase líquida, com uma capacidade adsortiva máxima de 57,5875 mg g -1 . Os dados de equilíbrio ajustaram-se à isoterma de Langmuir, com um coeficiente de determinação igual a 0,998, sugerindo a formação de uma monocamada de moléculas adsorvidas na superfície do biossorvente, em que cada molécula ocupa um sítio localizado. O pericarpo de grão de milho, além de ter baixo custo, demonstrou eficiência na remoção do corante azul de metileno. 52 REFERÊNCIAS APPEL, Chip; MA, Lena; RHUE, R. Dean; KENNELLEY, Elizabeth. Point of zero charge determination in soils and minerals via traditional methods and detection of electroacoustic mobility. Geoderma, v. 113, p. 77-93, 2003. ATKINS, Peter. Físico-química: Fundamentos. 5. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014. BARROS, Geraldo; ALVES, Lucilio. Maior eficiência econômica e técnica depende do suporte das políticas públicas. Visão Agrícola, v. 9, p. 4-7, 2015. BARROS NETO, Benício; SCARMINIO, Ieda; BRUNS, Roy. Como fazer experimentos: Pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. 2. Ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2001. CEROVIC, L.; MILONJIC, S.; TODOROVIC, M.; TRTANJ, M.; POGOZHEV, Y.; BLAGOVESCHENSKII, Y.; LEVASHOV, E. Point of zero charge of different carbides. Colloids and Surfaces, v. 27, p. 1-6, 2007. CHRISTIE, Robert. Colour Chemistry. 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