Buscar

Concurso formal perfeito e imperfeito

Prévia do material em texto

Concurso formal perfeito e imperfeito 
 
O instituto do concurso formal, com aplicação de uma só pena exasperada, poderia 
servir de estímulo a marginais inescrupulosos, que, visando benefícios na 
aplicação da pena, poderiam se utilizar de subterfúgios na execução do delito. 
Assim, se um desses bandidos quisesse cometer três homicídios poderia colocar 
fogo na casa onde estivessem as três vítimas ou prendê-las dentro de um carro e 
jogá-lo de um precipício. Teria, com isso, cometido três homicídios com uma só 
ação e poderia receber uma só pena com exasperação. Atento a essa possibilidade, 
o legislador criou, na 2ª parte do art. 70, caput, do Código Penal, o concurso formal 
imperfeito (ou impróprio), no qual as penas são somadas, como no concurso 
material, sempre que o agente, com uma só ação ou omissão dolosa, praticar dois 
ou mais crimes, cujos resultados ele efetivamente visava (autonomia de desígnios 
quanto aos resultados). No exemplo acima, portanto, o criminoso teria somadas as 
penas dos três homicídios cometidos com a ação única, já que os delitos são 
dolosos e o agente efetivamente queria matar as três vítimas. Assim, pode-se dizer 
que o concurso formal traz duas hipóteses de aplicação de pena: 
 
a) concurso formal próprio (ou perfeito), no qual o agente não tem autonomia de 
desígnios em relação aos resultados e cuja consequência é a aplicação de uma só 
pena aumentada de 1/6 até 1/2; 
b) concurso formal impróprio (ou imperfeito), no qual o agente atua com dolo direto 
em relação aos dois crimes, querendo provocar ambos os resultados, hipótese em 
que as penas são somadas. 
 
Saliente-se que o concurso formal perfeito não é instituto exclusivo dos crimes 
culposos. Ao contrário, é o concurso formal imperfeito que pressupõe a existência 
de dolo direto, ou seja, a intenção específica de cometer ambos os delitos. Por 
exclusão, portanto, aplica-se a regra do concurso formal perfeito, em todas as 
outras hipóteses em que, com uma só ação ou omissão, o agente tenha cometido 
dois ou mais crimes. Existe, pois, concurso formal próprio: a) se os dois (ou mais) 
delitos forem culposos; b) se um crime for culposo, e o outro, doloso (como nas 
hipóteses de aberratio ictus e aberratio criminis com duplo resultado); c) se ambos 
os delitos forem fruto de dolo eventual; d) se um dos crimes for resultado de dolo 
direto, e o outro, decorrente de dolo eventual.

Continue navegando