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Houve um ministro da Fazenda com este nome. Alguns repórteres pronunciavam corretamente, mas a maioria dizia “güido”. Normal… mandado e mandato Por incrível que pareça, ainda existem repórteres que trocam uma pela outra. Normal… Mas mandado sempre será aquilo que provém principalmente de magistrados; daí por que existem os mandados judiciais, os mandados de busca e apreensão, etc. Mandato é coisa relacionada principalmente a políticos; daí por que existem os mandatos de quatro anos de deputados e os mandatos de oito anos de senadores. Seria tão difícil assim distinguir uma de outra, a ponto de jornalistas, mormente repórteres, estabelecerem confusão? a distância: com acento grave ou não? Em todas as edições anteriores, ensinei com quase todas as grandes autoridades da língua de todos os tempos: só use o acento grave em tal locução quando a distância for determinada; do contrário, pode dispensá- lo. Assim, construímos: Ensino a distância (sem acento), mas Ensino à distância de mil quilômetros (com acento, porque a distância está especificada). Agora, nos dias que correm, surge uma corrente que se opõe à omissão do acento no primeiro caso, querendo o acento ali também. Não, não me vejo acorrentado… “Juiz” pode dar três minutos de “acréscimos” num jogo de futebol? Há narradores esportivos por aí que tratam os árbitros de “juízes” e – muito mais – nos informam que o homem do apito dará três minutos de “acréscimos”, quando a locução é francamente invariável, assim como todas as locuções existentes em português. Eles mal sabem o que é locução, como vamos exigir deles, então, o uso correto delas? Pretensão tola. A verdade é que, quando assistimos a um jogo de futebol, estamos fadados a ver caneladas e a ouvir batatadas durante o tempo todo. E saber que, para falar tantas asnices, prestando verdadeiro desserviço à educação, essa gente ganha muitos milhares de vezes o que percebe um professor universitário em final de carreira! Eita, Brasil! presidenta: está correto? Está correto. Em nossa língua há somente seis nomes que, terminados em –e, admitem também o feminino com a terminação –a. São eles: comandante, comediante, governante, hóspede, parente e presidente. Todos podem também ser usados como comuns de dois: o/a governante, o/a presidente, etc. Tivemos uma mulher na presidência da República, que fazia questão de ser chamada presidenta, direito seu. Mas fizeram tantas piadinhas com tal feminino, que beiraram o ridículo. Passaram a dizer ou a escrever, por exemplo, que a referida presidenta era “incompetenta”, além de mais uma aluvião de asneiras, sempre usando a terminação –a com outros nomes terminados em –e. Todos estamos cansados de saber que a presidenta foi muito competente, e que disso ninguém tenha dúvida!… ó e oh! Não se confundem: a primeira se usa em vocativos, para chamamentos (Ó Paloma, onde estás?), mas no Brasil se costuma empregar ô; a segunda se usa para expressar admiração (Oh, como és bela, Paloma!). Como se vê, o ponto de exclamação pode vir apenas no final da frase. Em Santa Catarina, porém, o SBT leva ao ar um programa dominical que tem este título: “Oh” de casa. E eu digo como os nordestinos: Ó xen! abreviatura de hora É h (minúsculo e sem ponto: 1h, 10h). Como se vê, serve também para o plural. Note ainda que a abreviatura deve seguir imediatamente o algarismo, não devendo haver espaço entre eles. Faz tempo, muito tempo, que é assim. Agora, ligue o seu televisor. E veja como as emissoras usam a abreviatura. Com maiúscula (“H”). Quer um exemplo? GLOBONEWS EDIÇÃO DAS “10H”. Em outro telejornal da mesma emissora se vê “10:00”. Na BANDNEWS é diferente? Faça o teste: sintonize e veja você mesmo como eles são ótimos! 8:00 (é correto?) No Brasil, não; nos países de língua inglesa é que se representam as horas assim. Por aqui é muito mais simples e econômico: 8h. E, se houver minutos: 8h15min (note: não há ponto nem s). Outros exemplos: 0h20min, 20h04min, 5h01min. Já vimos, porém, representação das horas de inúmeras maneiras, todas erradas: “20:00”, “20:00h”, “20hs” e até “20:00hs.” (com ponto), quando não se vê com H. E saber que tudo é muito simples! “à” partir de Quem usa acento no a antes de verbo mostra que não entende bulhufas de crase, não tem a mínima ideia do que seja crase. Por quê? Porque não tem cabimento indicar que está havendo crase quando ela não existe, por absoluta impossibilidade de o fenômeno existir. Crase é o nome da fusão de dois aa, um da palavra anterior e outro da palavra posterior. Assim, quando escrevemos Vou à cidade, o acento tem razão de ser, porque aí houve crase, ou seja, houve fusão de um a (preposição pedida pelo verbo ir; você sabe: quem vai, vai a algum lugar) com o artigo a da palavra cidade (sim, porque esta palavra se usa sempre com o artigo: a cidade está cheia de turistas). Espero ter trazido luz sobre o assunto. Muito bem. No caso dos verbos, onde encontramos os aa para que haja crase, se nenhum verbo vem antecedido do artigo a? Por isso, a partir de agora, você já está sabendo que, quando aparecer a expressão a partir de com acento, estará aquilo a indicar algo bem desprezível: ignorância. Sendo assim, quando alguém coloca acento no a, o fato não indica necessariamente que houve crase; e, quando alguém não coloca acento no a antes de cidade, no exemplo visto, não significa que não houve crase; a crase ocorreu, só não foi indicada, por desconhecimento e às vezes até por distração do autor da frase. E, para encerrar, um conselho: se não tiver pleno conhecimento do assunto (crase), deixe o a sem acento, porque é preferível deixar o leitor em dúvida (que você pode ter se esquecido, por exemplo) do que levá-lo à certeza de outra coisa, bem mais comprometedora… “hendecampeão” Aquele que se tornou campeão por onze vezes, consecutivas ou não, é hendecacampeão, já que o elemento grego que significa onze é hendeca- , e não “hende-”. A Mitsubishi, no entanto, saiu-se com esta na mídia e até estampou na traseira e no estepe de um modelo de seus veículos: “Hendecampeão”. Mitsubishi – Onze vezes campeão do rally Dakar. Campeão com mérito? Ele disse que ia dar um jeito “nesse” país O pronome demonstrativo correto para indicar tudo aquilo que nos abrange fisicamente é este, e não “esse”. Repare nestes exemplos: Este país passa pelo momento mais crítico de toda a sua história. *** Ele disse que ia dar um jeito neste país. *** Este planeta é azul. Um certo presidente brasileiro afirmou recentemente: O Brasil estava quebrado e alguém vai ter de salvar “esse” país. Nossa responsabilidade é infinitamente maior que a de qualquer outro presidente na história “desse país”. A responsabilidade era mesmo enorme! E deu no que deu.