Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

“nenhum”.
Pouco	tempo	depois,	faliu.	Se	tivesse	vendido	todo	o	seu	estoque	sem
nenhuns	juros,	talvez	tivesse	melhor	sorte…
pedir	vista	de	um	processo
Frase	perfeita.	Vista,	 aqui,	 significa	ato	pelo	qual	o	 interessado	num
processo	recebe	os	autos	para	 tomar	conhecimento	de	 tudo	o	que	nele
contém	e	se	pronunciar	como	lhe	aprouver.	Não	há	nenhuma	necessidade
do	uso	de	“vistas”	neste	caso.
cair	“de”	sábado
Nada	 cai	 “de”	 algum	 dia	 da	 semana,	 mas	 em	 um	 dia	 da	 semana.
Portanto:	Neste	ano,	meu	aniversário	vai	cair	num	sábado.	***	O	Natal,
este	ano,	vai	cair	num	domingo.
destro	(como	se	pronuncia	corretamente?)
A	 pronúncia	 rigorosa	 é	 com	 e	 fechado,	 sempre	 foi	 com	 e	 fechado:
dêstro.	A	5.ª	 edição	do	VOLP,	no	entanto,	 registra	 as	duas	pronúncias:
dêstro	e	déstro.	De	 tanto	os	narradores	 e	 repórteres	 esportivos	dizerem
“déstro”,	 os	 luminares	 da	 Academia	 acabaram	 cedendo,	 no	 que
considero	mais	um	de	seus	inúmeros	equívocos.
Ainda	com	relação	a	esta	palavra,	os	jornalistas	esportivos	também	a
empregam	erroneamente.	Destro	designa	aquele	que	tem	mais	habilidade
ou	facilidade	de	emprego	da	mão	direita.	Repare:	da	mão,	e	não	do	pé.
Os	jornalistas	esportivos	acham	o	contrário.	Ponto	para	eles?…
apêndice	supurado
O	apêndice,	às	vezes,	causa	sérios	problemas	de	saúde	e	exige	cirurgia
imediata.
Já	 o	 popular	 apêndice	 “estuporado”	 que	 muito	 se	 ouve,
principalmente	no	interior	do	país,	causa	problemas	na	língua…
Certa	vez	nos	perguntaram:	O	senhor	já	foi	operado	da	“pênis”	ou	da
“prosta”?
Que	resposta	poderíamos	ter	dado?
passar	de	ano
Em	 português	 legítimo	 não	 se	 usa	 a	 preposição	 de	 nesta	 expressão,
nem	 em	 repetir	 de	 ano.	 Esse	 “de”	 é	 italiano.	 Mas	 que	 estudante
brasileiro	não	passa	de	ano	ou	não	repete	de	ano?
Não	 temos	 nada	 contra	 os	 estrangeirismos.	 Quem	 tiver,	 que,	 então,
nunca	 mais	 use	 bar	 (use	 botequim);	 que	 nunca	 mais	 use	 bidê	 (use
semicúpio);	 que	 nunca	 mais	 use	 detalhe	 (use	 pormenor,	 minúcia,	 ou,
então,	minudência);	 que	 nunca	 mais	 use	 vitrina	 (use	 escaparate);	 que
nunca	mais	 use	 rocha	 (que	 é	 galicismo);	 que	 nunca	mais	 use	 soldado
(que	é	italianismo),	que	nunca	mais	tenha	saldo	bancário	(porque	saldo	é
um	italianismo),	etc.	Não	resta	dúvida	de	que,	assim,	a	vida	ficará	bem
mais	difícil…
Jogos	“Panamericanos”
Não	existem	tais	 jogos.	O	prefixo	pan-	exige	hífen	antes	de	palavras
iniciadas	por	h	(pan-helênico)	ou	vogal	(pan-americano).
Antigamente,	 havia	 uma	 rádio	 em	 São	 Paulo	 chamada
“Panamericana”.	 Como	 a	 audiência	 andava	 baixa,	 talvez	 por	 causa	 da
gafe,	mudaram	o	nome	da	emissora	para	Jovem	Pan.	(E	deu	certo!…)
Recentemente,	 num	 jornal	 se	 leu:	 O	 pacto	 de	 defesa	 “panárabe”
obriga	 todos	 os	 estados	 árabes	 a	 ajudar	 qualquer	 outro	 membro	 do
grupo	que	seja	vítima	de	uma	agressão.
cheque	pré-datado	e	cheque	pós-datado
Há	grande	diferença	entre	um	e	outro.	O	cheque	pré-datado	é	aquele
que	se	preenche	antes	do	dia	em	que	se	quer	vê-lo	descontado;	o	cheque
pós-datado	é	o	que	 se	 preenche	depois	 do	dia	 em	que	deveria	 ter	 sido
descontado.
preenchimento	de	formulário	pessoal
Quando	se	preenche	formulário	de	dados	pessoais,	no	item	
nacionalidade,	 use	 (se	 for	 homem)	 brasileiro,	 ou	 brasileira	 (se	 for
mulher).
Muitos	 homens	preenchem	com	“brasileira”,	 atendo-se	 ao	gênero	da
palavra	 nacionalidade.	 Não.	 Se	 assim	 fosse,	 no	 item	 estado	 civil,	 as
mulheres	teriam,	então,	de	escrever	“casado”.
Se	 no	 formulário,	 porém,	 além	 da	 nacionalidade	 e	 do	 estado	 civil,
exigissem	 que	 se	 indicasse	 o	 estado	 de	 saúde	 ou	 o	 estado	 mental,	 o
homem	deveria	preencher	com	bom	(ou	com	precário);	se	fosse	mulher,
a	 mesma	 coisa.	 Nesse	 caso,	 a	 concordância	 tem	 de	 ser	 feita	 com	 a
palavra	 constante	 do	 item,	 porque,	 ao	 perguntarmos	 a	 qualquer	 pessoa
(homem,	mulher,	velho	ou	criança)	Como	vai	o	seu	estado	de	saúde?,	a
resposta	será	sempre:	Bom	(ou	Precário).
Por	 outro	 lado,	 quando	 perguntamos	 a	 uma	 senhorita:	Qual	 é	 o	 seu
estado	civil?,	ouvimos	a	resposta	sempre	desta	forma:	solteira.
Se	a	resposta	vier	“solteiro”,	olhe	bem	fixo	para	ela!…
os	não	fumantes
Perfeito.	 Já	 não	 se	 emprega	 o	 hífen	 quando	 a	 palavra	 não	 exercer	 a
função	 de	 prefixo,	 mesmo	 que	 se	 trate	 de	 expressão	 substantiva.
Portanto,	 grafamos	 hoje,	 segundo	 o	 Acordo	 Ortográfico:	 produto	 não
perecível,	o	não	pagamento	da	dívida;	amor	não	correspondido,	a	não
variação	de	uma	palavra.
Há	gigantes	que	adormecem	e	“que”	não	acordam
Esse	que	 (pronome	 relativo)	 é	maroto.	 Por	 que	maroto?	Porque	 não
exerce	nenhuma	função	na	frase.	Se	o	retirarmos,	a	frase	ficará	perfeita.
O	que	coordenado	só	é	correto	quando	exerce	a	função	de	conjunção
integrante.	 Assim,	 por	 exemplo:	Eu	 disse	 que	 ela	 era	 francesa	 e	 que
gostava	de	namorar.	***	Ela	afirmou	que	não	gosta	do	rapaz	e	que	não
quer	mais	 vê-lo.	 ***	Você	 acha	 que	 é	 esperto	 e	 que	 sempre	 vai	 levar
vantagem	em	tudo?
Mas	não	assim:	Há	coisas	que	a	gente	vê	e	“que”	já	não	aceita.	***
Existem	rios	que	são	poluídos	e	“que”	por	isso	não	têm	peixes.
Retirado	o	“que”	maroto	e	intruso,	faz-se	a	luz.
ídolo
É	sempre	nome	masculino,	 ainda	que	 se	 refira	 a	mulher:	Meu	 ídolo
era	Carolina	Ferraz.	***	Paula	era	o	ídolo	de	boa	parte	dos	aficionados
ao	basquete.
Há	quem,	por	mera	brincadeira,	use	“ídola”.	Mas	é	só	por	brincadeira.
gênio
É	outro	nome	sempre	masculino:	Onde	está	aquele	gênio	de	sua	irmã,
que	 deixou	 a	 televisão	 ligada	 a	 noite	 inteira?	 ***	Essa	 cientista,	 um
gênio,	 recebeu	 o	Prêmio	Nobel	 de	Física.	 ***	Susana	 era	 o	 gênio	 da
classe.
Muito	bem.	Está	claro	que	não	existe	“gênia”,	forma	que	só	se	admite
mesmo	 em	 programas	 humorísticos	 de	 mau	 gosto	 da	 televisão	 e	 em
brincadeirinhas	do	recesso	do	lar.	Fora	daí,	jamais.
Eis,	porém,	que	surge	uma	apresentadora	de	televisão	que,	do	alto	do
seu	1,85m,	declara,	até	que	meio	aborrecida:	Estão	dizendo	que	faço	dos
meus	 erros	 de	 português	 um	marketing.	Que	 tipo	 de	 “gênia”	 sou	 eu,
para	falar	errado	e	achar	que	é	marketing?
De	fato,	de	nenhum	tipo…
indivíduo

Mais conteúdos dessa disciplina