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PEIXES RECIFAIS DA COSTA BRASILEIRA Eric Joelico Comin “ Os peixes apresentam enorme diversidade na sua morfologia, comportamento, habitats e biologia e, diferentemente de outros vertebrados, compreendem um grupo extremamente heterogêneo. A vastidão de informações existentes é tão ampla que seu estudo inclui todas as facetas da Biologia. Por outro lado, são muito atraentes para o pesquisador pelo tanto de informações ainda a ser descoberto. O campo da Ictiologia, o estudo da sistemática dos peixes, é enormemente ativo e excitante. Muitas controvérsias existem e os Ictiologistas estão divididos sobre questões fundamentais de princípios de zoogeografia e de sistemática.” Joseph S. Nelson Textos e Coordenação Eric Joelico Comin Biologo Marinho Projeto Mantas do Brasil ----------------------------------------------- Patrocínio: Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental ----------------------------------------------- Realização Instituto Laje Viva www.lajeviva.org.br eric@lajeviva.org.br 13 81244214 O que é um peixe? Os Peixes são vertebrados que, na maior parte do tempo, vivem em meio líquido, dele geralmente retirando oxigênio através de brânquias; têm temperatura variável mas comumente semelhante à da água; usualmente têm nadadeiras e poros sensoriais em contato com meio externo. Peixes ósseos Os peixes ósseos pertencem ao filo dos cordados e formam a classe OSTEICHTYES. O nome soa estranho, mas tem tradução: o radical oste no início do nome significa osso e ichtyes em grego quer dizer peixes, logo, peixes ósseos. E ictiologia é justamente o estudo relativo a eles, os peixes. Já a palavra peixe vem do latim pisces. Bem, para descomplicar, voltemos ao português. Os peixes ósseos, como o próprio nome sugere, têm um esqueleto formado por ossos verdadeiros, ao contrário dos tubarões, das raias e das quimeras, que possuem esqueleto cartilaginoso, como vimos anteriormente. Os ancestrais dos atuais peixes ósseos – assim como dos cartilaginosos – surgiram nos mares do planeta há cerca de 350 milhões de anos. Estes deram origem a anfíbios, que, por sua vez, originaram os répteis, as aves e os mamíferos. Ou seja, nós mesmos, os seres humanos, também temos os peixes como ancestrais. Agora, complicado mesmo, é o estudo dos peixes ósseos. Afinal, são tantas as variações de formas e características entre as mais de 30.000 espécies conhecidas, que os ictiólogos têm grande trabalho para investigá- las. A maioria dos peixes tem características em comum, mas para cada uma delas existem exceções. Vamos a elas. Onde vivem os peixes Os peixes ósseos marinhos estão distribuídos desde a linha do Equador até os mares polares e desde rasos charcos de maré até as profundidades abissais ou hadais. Várias espécies vivem em águas abertas. Outras tantas habitam fundos rochosos, coralinos, arenosos e lamacentos. Existe uma infinidade de espécies não só no mar, como também em água doce ou nas águas salobras dos estuários. Escamas para proteger e muco para deslizar A grande maioria dos peixes é coberta por escamas que protegem a pele de ferimentos e da instalação de parasitas. As escamas são lâminas ósseas de formas variadas que crescem durante toda a vida, acompanhando o aumento gradativo do tamanho do peixe. O estudo das linhas de crescimento que ficam registradas nas escamas, de acordo com as estações climáticas, permite definir a idade de várias espécies de peixes – bem parecido com o que acontece com os anéis dos troncos das árvores. As escamas podem medir apenas alguns milímetros, como as das garoupas e dos badejos, ou passar de 5 cm, como as dos bodiões e dos camurupins ou tarpões. O baiacu-de-espinho não tem escamas, mas espinhos delgados e pontiagudos no lugar delas e o corpo do peixe-cofre é protegido por duras placas ósseas. Mas as exceções não param por aí. Existem também os chamados “peixes nus”, que não têm escamas. Um bom exemplo é o bagre. Da esquerda para a direita, escamas de peixe-frade (foto: Alcides Falanghe), espinhos de baiacu (foto: Ricardo “Lalo”Meurer) e peixe-cofre (foto: João Paulo Scola). Abaixo: bagre, um peixe nu. Quem já pegou um peixe na mão, sabe disso: praticamente todos têm o corpo revestido de uma fina película de muco, o que os torna extremamente escorregadios. A função principal desse muco é reduzir o atrito com a água durante a natação, aumentando assim a hidrodinâmica do animal. Como os peixes nadam Salvo algumas exceções – como o linguado, que ondula parte do corpo e a nadadeira caudal paralelos ao fundo –, a maioria dos peixes nada por meio de ondulações laterais da cauda e da nadadeira caudal. As outras nadadeiras – apesar de em certos casos também serem usadas para a natação – funcionam principalmente como estabilizadores e para ajudar os peixes a mudar de direção. Para manterem-se parados à meia água, os peixes ósseos se utilizam da bexiga natatória ou vesícula aérea. Trata-se de um saco comprido situado na cavidade do corpo, acima das outras vísceras. Enchendo e esvaziando esta bexiga de gases, o peixe consegue manter sua flutuabilidade neutra a qualquer profundidade, podendo permanecer parado à meia água – entre a superfície e o fundo – com mínimo esforço e quase sem mover as nadadeiras. O colete equilibrador usado pelos mergulhadores tem como principal função justamente imitar a bexiga natatória dos peixes. Posição da bexiga natatória ou vesícula aérea (à esquerda) e movimento de natação comum à maioria dos peixes. Um banho de cores Alguns peixes – como o frade-real (Holacanthus ciliaris) – são muito coloridos, um verdadeiro espetáculo de tons da natureza. A coloração dos peixes ósseos varia muito graças à existência de células de pigmento chamadas cromatóforos. Os cromatóforos estão “embutidos” na pele dos peixes, tanto por baixo quanto por fora das escamas e contém – a depender da espécie – pigmentos de poucas ou de diversas cores. Frade-real ou peixe-anjo-real Os camaleões do mar O peixe-escorpião e o linguado, entre outros, usam suas células de pigmento para mudar rapidamente de cor, de acordo com as tonalidades predominantes do fundo. O objetivo é o mimetismo. Quer dizer, eles se camuflam para que sua presença não seja notada nem por suas presas nem por seus predadores. http://www.biology-resources.com/drawing-fish-pitch-roll-yaw.html Mimetismo de linguados (à esquerda) e peixe-escorpião. Abaixo, como funcionam os cromatóforos. Brilhando no azul Já no caso dos peixes prateados – como as sardinhas – ou brancos, entra em cena a presença de outras células, os iridócitos. Nelas, o brilho e o tom de giz são produzidos por cristais de uma substância chamada guanina. O brilho prateado dos tarpões se deve aos iridócitos Peixes cartilaginosos Os tubarões, as raias ou arraias e as quimeras pertencem à classe CHONDRICHTYES (do grego chondros, cartilagem + ichtyes, peixes) – e são os chamados peixes cartilaginosos. Isto significa que seu esqueleto não é formado por ossos verdadeiros – como é o caso dos peixes ósseos –, mas sim por cartilagens que, a depender da espécie, podem ser mais ou menos enriquecidas por carbonato de cálcio. Da esquerda para a direita, tubarão-martelo, raias-manta (fotos: Alcides Falanghe) e quimera Os tubarões e as raias Os tubarões e as raias constituem a subclasse dos seláquios ou elasmobrânquios e têm sempre de 5 a 7 pares de aberturas branquiais – ao contrário dos peixes ósseos, que em geral possuem apenas uma abertura branquial de cadalado da cabeça. Os tubarões têm geralmente o corpo alongado, enquanto as raias têm o corpo – ou boa parte dele – bem achatado de cima para baixo (dorsoventralmente), com as nadadeiras peitorais grandes, unidas à cabeça e ao tronco. Mas a principal diferença entre os tubarões e as raias não está exatamente no formato do corpo. Só para complicar um pouco, existem tubarões com a cabeça achatada e raias que têm a parte posterior do corpo com forma mais alongada e até com nadadeiras dorsais e caudal bem definidas. O que impera na diferença entre eles é a posição das fendas branquiais. Nos tubarões elas estão posicionadas lateralmente, atrás da cabeça. E nas raias, encontram-se situadas na parte ventral – no lado de baixo do corpo – sendo que a água que carrega o oxigênio para a respiração, ao contrário dos tubarões, não passa pela boca e sim por dois espiráculos, que são pequenos orifícios situados do lado de cima do corpo, logo atrás dos olhos. Tubarões (à esq.) apresentam fendas branquiais laterais e raias apresentam fendas branquiais ventrais Lista das Principais Espécies de Peixes Recifais da Costa Brasileira ACANTHURIDAE: Acanthurus coeruleus Acanthurus chirurgus Acanthurus bahianus HAEMULIDAE: Anisotremus virginicus “ Anisotremus moricandi Haemulon aurolineatum Anisotremus surinamensis Haemulon parra Haemulon plumieri POMACANTHIDAE: Holacanthus ciliaris Holacanthus tricolor Pomacanthus paru Pomacanthus arcuatus CHAETODONTIDAE: Chaetodon striatus Chaetodon ocellatus Chaetodon sedentarius SERRANIDAE: Epinephelus itajara Epinephelus striatus Epinephelus marginatus Epinephelus morio Epinephelus niveatus Serranus flaviventris Serranus balwini Mycteroperca tigris Mycteroperca Mycteroperca bonaci Mycteroperca venenosa Rypticus saponaceus Cephalopholis fulva LUTJANIDAE: Ocyurus chrysurus Lutjanus jocu Lutjanus apodus Lutjanus cyanopterus Lutjanus griseus Lutjanus analis Lutjanus synagris HOLOCENTRIDAE: Holocentrus adscensionis Myripristis jacobus PRIACANTHIDAE: Heteropriacanthus cruentatus Priacanthus arenatus SCORPAENIDAE: Scorpaena sp SPARIDAE: Calamus pennatula Calamus calamus Archosargus rhomboidalis Diplodus argentus Pagrus pagrus SYNGNATHIDAE: Hippocampus sp Micrognathus crinitus EPHIPPIDAE: Chatodipterus faber CARAGIDAE: Pseudocaranx dentex Caranx latus Caranx lugubris Carangoides ruber Carangoides bartholomaei Seriola dumerelli Seriola lalandi Trachinotus goodei Selene Vomer Trachinotus falcatus Trachinotus carolinus Alectis ciliaris Seriola riviliana MURAENIDAE: Gymnothorax funebris Gymnothorax miliaris Gymnothorax moringa OPHICHTHIDAE: Myrichthys ocellatus Myrichthys breviceps CONGRIDAE: Ophichthus ophis Heteroconger longissimus OGCOCEPHALIDAE: Ogcocephalus vespertilius SINODONTIDAE: Synodus intermedius MULLIDAE: Pseudupeneus maculatus MONACANTHIDAE: Cantherines pullus Aluterus scriptus Aluterus monoceros BALISTIDAE: Balistes vetula Baliste capriscus Melichthys Níger DIODONTIDAE e TETRAODONTIDAE: Diodon hystrix Sphoeroides spengleri PEMPHERIDAE: Pempheris schomburgki SCARIDAE: Sparisoma amplum (fase inicial e terminal) Sparisoma frondosum (fase inicial e terminal) Sparisoma axillare (faze inicial e terminal) Scarus zelindae (fase inicial e terminal) Scarus trispinosus (fase inicial e terminal) LABRIDAE: Bodianus rufus Bodianus pulchellus Halichoeres brasiliensis Halichoeres poeyi Thalassoma noronhanum POMACENTRIDAE: Abudefduf saxatilis Chromis marginata Chromis jubauna Stegastes pictus Microspathodon chrysurus Stegastes fuscus Stegastes variabilis CIRRHITIDAE: Amblycirrhitus pinos BLENNIIDAE: Ophioblennius atlanticus Scartella cristata Parablennius sp. LABRISOMIDAE: Labrisomus nuchipinnis (fêmea e macho) Malacoctenus sp CHAENOPSIDAE: Emblemariopsis sp GOBIIDAE: Elacatinus figaro Coryphopterus sp Ptereleotris randalli GRAMMATIDAE: Gramma Brasiliensis DACTYLOPTERIDAE, TRIGLIDAE: Dactylopterus volitan Prionotus sp SPHYRAENIDAE: Sphyraena barracuda Sphyraena guachancho KYPHOSIDAE: Kyphosus sectatrix
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