Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Patolino “Resumo” de Patologia Geral Semestre 2022/1 Kellen Crizel da Rocha ATM 261 #vertigemcampeãdoIIIinteratms Referências: aulas, Robbins e Bogliolo. Imagens frequentemente retiradas desses livros ou do site Anatpat da UNICAMP. Esse material foi feito para o meu estudo individual e resolvi disponibilizá-lo para outros alunos a fim de facilitar o estudo da Patologia Geral, portanto, não me responsabilizo por informações equivocadas e/ou erradas nos resumos. Obrigada pela compreensão e boa sorte! Link dos flashcards. https://anatpat.unicamp.br/ https://www.brainscape.com/p/4S627-LH-CJKLK 1 Patolino 0 Degenerações (deposições celulares) - aula do dia 03.08.2022 6 Depósitos celulares 6 Depósitos de lipídios 6 Depósitos de glicogênio 8 Depósitos de proteínas 9 Lesão celular - aula do dia 04.08.2022 10 Causas de lesão celular 10 Lesão reversível 11 Necrose 11 Padrões de necrose tecidual 12 Princípios básicos da lesão 12 Apoptose 13 Morfologia da apoptose 13 Vias de ativação da apoptose 13 Necroptose 14 Pigmentos - aula do dia 10.08.2022 14 Bilirrubina 14 Hematoidina 15 Hemossiderina 15 Hematina 15 Hemozoína 16 Melanina 16 Ácido homogentísico 17 Lipofuscina 17 Pigmentos exógenos 17 Calcificações 18 Hemorragia e choque - aula do dia 17.08.2022 18 Hemorragia 18 Classificação 19 Consequências das hemorragias 19 Diáteses hemorrágicas 19 Choque 19 Fases do choque 20 Infarto 20 Hemodinâmica - aula do dia 18.08.2022 22 Edema 22 Hiperemia e congestão 23 Adaptações celulares - aula do dia 24.08.2022 23 Conceitos em adaptações do crescimento e diferenciação celulares 24 Atrofia (hipotrofia) 24 Hipertrofia 25 2 Hiperplasia 25 Metaplasia 25 Displasia 25 Trombose e embolia - aula do dia 25. 08.2022 26 Trombose 26 Embolia 27 Inflamação crônica - aula do dia 31.08.2022 28 Padrões morfológicos de inflamações agudas e crônicas 29 Inflamação aguda - aula do dia 01.09.2022 30 Mediadores químicos da inflamação 32 Funções dos mediadores 32 Cursos de inflamação aguda 32 Tuberculose - aula do dia 14.09.2022 33 Hipersensibilidade retardada ao bacilo 33 Teste de Mantoux ou PPD 33 Fisiopatogenia 34 Localização da tuberculose 36 Manifestações sistêmicas 36 Diagnóstico 36 Tuberculose em órgão isolado 36 Reparo - aula do dia 15.09.2022 36 Regeneração 37 Células-tronco 37 Células tronco na homeostasia tecidual 38 Cicatrização 39 Angiogênese 39 Proliferação de fibroblastos e deposição de tecido conjuntivo 40 Deposição de matriz extra-celular 40 Remodelação 40 Cicatrização de feridas cutâneas 40 Fatores condicionantes da cicatrização 41 Aspectos patológicos no reparo 41 Sífilis - aula do dia 21.09.2022 42 Estágios 42 Sífilis congênita 44 Diagnóstico 45 Tratamento 45 Morfologia 45 Sarcoidose - mesmo dia 45 Epidemiologia 46 Fatores imunes 46 Fatores genéticos 46 Fatores ambientais 46 3 Morfologia 46 Manifestações sistêmicas 46 Diagnóstico 47 Evolução 47 Estadiamento clínico 47 Neoplasias - aula do dia 22/09/2022 47 Nomenclatura das neoplasias 48 Tumores benignos 48 Tumores malignos 49 Tumor misto 49 Teratoma 49 Coristoma 49 Hamartoma 49 Exceções 49 Diferenciação e anaplasia 50 Anaplasia 50 Displasia 50 Taxa de crescimento 50 Invasão local 51 Metástase 51 Comportamento geral 51 Vias de metástases 51 Micoses - aula do dia 28.09.2022 52 Paracoccidioidomicose 52 Actinomicose 55 Aspergilose 55 Histoplasmose 56 Micoses profundas - mesmo dia 57 Esporotricose 57 Cromomicose 57 Biologia do crescimento neoplásico - aula do dia 29.09.2022 57 Aspectos epidemiológicos 57 Gradação e estadiamento 58 Neoplasias mesenquimais benignas - aula do dia 05.10.2022 59 Lipoma 59 Leiomioma 59 Mixoma 59 Condroma 60 Osteoma 60 Fibroma 60 Neoplasias mesenquimais malignas ou sarcomas - mesmo dia 60 Fibrossarcoma 60 Lipossarcoma 61 4 Leiomiossarcoma 61 Rabdomiossarcoma 61 Condrossarcomas 61 Osteossarcoma convencional 61 Neoplasias epiteliais I - aula do dia 06.10.2022 61 Epitélio de revestimento 62 Epitélio glandular 62 Carcinoma 62 Lesões malignas epiteliais 63 Carcinoma epidermóide 63 Classificação de Brothers 63 Ceratoacantoma 63 Carcinoma basocelular 63 Síndrome do carcinoma basocelular nevóide 64 Neoplasias epiteliais II - Aula do dia 13.10.2022 64 Lentigo 64 Nevos melanocíticos 64 Características macroscópicas dos nevos 64 Nevos displásicos 65 Características macroscópicas 65 Melanoma 65 Subtipos de melanoma 65 Lesões benignas de Mama - aula do dia 03.11.2022 66 Citologia - on-line 68 JEC: junção escamo-colunar 69 Estratificação das atipias 69 Critérios avaliados 70 Testes adjuvantes 71 Periodicidade 71 Patologia da SIDA - aula do dia 16.11.2022 73 Fatores de risco 73 Transmissão 73 Componentes básicos do vírion 73 Ciclo de vida 74 Patogênese 75 Lesão do sistema nervoso pelo HIV 75 Quadro clínico da SIDA 75 Lesões malignas de mama - aula do dia 17.11.2022 76 Neoplasias de mama 76 Carcinoma de mama 77 Progressão do câncer de mama 77 Classificação de Nottingham 77 Carcinoma in situ 78 5 Doença de Paget mamária 78 Carcinoma lobular in situ 78 Carcinoma ductal in situ com microinvasão 78 Carcinoma ductal infiltrante 78 Carcinoma inflamatório 78 Carcinoma tubular invasor 79 Carcinoma mucinoso 79 Carcinoma medular 79 Carcinoma lobular infiltrante 79 Fatores prognósticos 79 Mama masculina 79 Marcadores tumorais - on-line 79 Imuno-histoquímica 79 Classes de anticorpos 80 Neoplasias vasculares e trofoblásticas - on-line 81 Neoplasias vasculares 81 Benignas 81 Neoplasias vasculares intermediárias 82 Neoplasias vasculares malignas 83 Neoplasias trofoblásticas 83 Neoplasias dos anexos uterinos - on-line 84 Tumores de ovário 84 Tumores de epitélios de revestimento 85 Tumores de células germinativas 86 Tumores dos cordões sexuais 87 Tumores metastáticos 87 Estadiamento dos tumores ovarianos 87 6 Degenerações (deposições celulares) - aula do dia 03.08.2022 Depósitos celulares São alterações metabólicas que acontecem na célula e geram acúmulo anormal de substâncias, que pode ser água, lipídios, proteínas, etc, ou seja, substâncias normais a ela; mas também podem ser substâncias exógenas, como minerais, agentes infecciosos e os pigmentos. O depósito pode ser temporal, ou seja, só por um período, ou permanente; um caso clássico é a tatuagem, que é um depósito permanente. Pode haver depósito sem dano significativo a ponto de originar sinais clínicos. As doenças de depósito acontecem por problemas no metabolismo (ingestão de álcool e acúmulo de lipídeos), déficit de transporte, carência de enzimas e endocitose de substâncias (macrófagos que viram células estreladas). As anormalidades podem ser de quatro tipos diferentes: 1. Substância endógena produzida numa taxa normal ou aumentada, porém o metabolismo não é capaz de removê-la adequadamente; 2. Substâncias endógenas produzidas de forma anormal devido, principalmente, a uma mutação genética, e incapacidade do organismo de removê-la; 3. Ausência de enzimas metabólicas, o que prejudica o processo de metabolização e excreção; 4. Substâncias exógenas anormais que o organismo não está adaptado para metabolizar. Depósitos de lipídios Lipídios são moléculas complexas que servem de fonte de energia para o nosso organismo, são classicamente depositadas nos adipócitos, e possuem três tipos: triglicerídeos (pequenos), colesterol e esfingolipídios (lipídios de superfície). Os lipídios são retirados de dentro das células com a técnica de coloração HE; vê-se só a membranacelular dos adipócitos. Usa-se Sudan III e IV (vermelho e preto, respectivamente) ou Red oil (perícia de embolia gordurosa). Esteatose é a deposição anormal de triglicerídeos na célula, comumente no fígado, mas também pode ocorrer no coração, rins, suprarrenais, músculos, etc, por diferentes causas. O acúmulo excessivo de triglicerídeos dentro do fígado pode resultar de entrada excessiva ou de defeitos de metabolismo e exportação dos lipídios, como na formação de lipoproteínas (lipídios + apoproteínas). A esteatose pode ser um problema por si só, por uma geração de inflamação, ou pode ser subclínica. As causas principais: ● Sobrepeso ● Alcoolismo: alteração das funções mitocondriais, levando a um aumento da síntese de lipídios e redução da degradação destes; ● Consumo de medicamentos 7 ● Toxinas (CCl4): reduz a síntese de apoproteínas; ● Desnutrição protéica e/ou anorexia: reduz a síntese de apoproteínas e aumenta a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo; ● Diabetes melito: ativação da lipase hormônio sensível e mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo; ● Hipóxia: inibe a oxidação dos ácidos graxos; Morfologia da esteatose No fígado, há o desenvolvimento de lipossomas (inclusões pequenas revestidas por membranas) no RE, depois há a formação de vacúolos no citoplasma ao redor do núcleo, e, à medida que a esteatose avança, os vacúolos se fundem e vão para a periferia da célula. Quando as células vizinhas se rompem, os vacúolos coalescem, formando os cistos gordurosos. Já no coração, há dois padrões de esteatose: um de aspecto tigróide, causado por hipóxia moderada e prolongada (anemias) e outro mais uniforme causado por hipóxias mais profundas e algumas formas de miocardite. Lipidose é o acúmulo de colesterol e éster de colesterol no interior de macrófagos, pois a molécula não “fica solta”. O nome é dado conforme o local (aterosclerose nas artérias, xantomas na pele e colesterolose na lâmina própria da vesícula biliar. Essa última não se reflete em doença clínica, é um achado). Placa de aterosclerose. Acúmulo de macrófagos nas camadas do vaso; isso acidifica o meio e atrai cristais de cálcio, daí ocorre o processo de calcificação. Xantelasmas, tipo mais comum de xantoma. Por si só não apresentam riscos à saúde, mas são marcadores importantes dos níveis elevados de colesterol. Vesícula biliar em aspecto de morango (colesterolose). Doença de Niemann-Pick tipo C. Esta doença de depósito lisossômico é causada por mutações que afetam uma enzima envolvida no transporte do colesterol, resultando em acúmulo de colesterol em múltiplos órgãos. Os esfingolipídeos, apesar de estarem na membrana plasmática, são produzidos no interior da célula e depois são transportados até lá. Problemas nesse transporte fazem com que essas substâncias se acumulem no meio 8 intracelular, causando as chamadas esfingolipidoses - existem várias, a depender da enzima que está em falta. *Tay-Sachs: doença comum em pessoas de origem judia; casos de homozigose tem prognóstico muito pior. A ausência de hexosaminidase A tem como consequência a destruição das células nervosas do cérebro e da medula espinhal. Depósitos de glicogênio Não é comum, mas pode acontecer. O glicogênio assim como a gordura não se cora com a técnica universal HE, então usam-se corantes especiais tais como o PAS, carmim de best e vermelho congo (+). São comuns na diabetes por um desequilíbrio metabólico causado por deficiência enzimática. Nessa doença, o glicogênio é encontrado nas células epiteliais dos túbulos renais, bem como dentro das células hepáticas, células β das ilhotas de Langerhans e células miocárdicas. Esse depósito é um achado, não são importantes do ponto de vista epidemiológico, porque são doenças raras - porém, são graves. O glicogênio se acumula dentro de células em um grupo de distúrbios genéticos relacionados, coletivamente conhecidos como doenças de depósito de glicogênio ou glicogenoses. Nessas doenças, defeitos enzimáticos na síntese ou degradação do glicogênio resultam em acúmulo maciço, causando lesão e morte celular. 9 Depósitos de proteínas Aparecem como gotículas eosinofílicas arredondadas, vacúolos, ou agregados no citoplasma. À microscopia eletrônica, podem ter aparência amorfa, fibrilar ou cristalina. Podem ter diversas causas: ● Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais são observadas em doenças renais associadas à proteinúria; ● Produção de proteínas normais em quantidades excessivas; ● Defeitos no transporte intracelular ou na secreção de proteínas; ● Acúmulo de proteínas do citoesqueleto; ● Agregação de proteínas anormais. Amiloidose: acúmulo de um complexo de proteínas chamado amiloide (“lixo extracelular”) fora da célula. É um excesso de proteína complexado com substância P; na maioria dos indivíduos, a integridade do sistema anti-proteolítico evita esse processo. Essas substâncias não são fáceis de serem vistas no HE; usa-se PAS e vermelho congo, e na luz polarizada apresenta-se como um verde metálico. A amiloidose pode ser sistêmica…: ● Primária: mieloma que produz proteínas anômalas que se combinam com a substância P e formam o amilóide; ● Secundária: processos inflamatórios graves; proteínas produzidas pelo fígado. Se curar a doença, cura a amiloidose; ● Hemodiálise crônica: não filtra algumas proteínas; ● Familiar: de caráter genético, principalmente em descendentes de portugueses. … ou localizada: ● Endócrina: diabetes (especialmente no pâncreas); câncer de tireoide; ● Senil: mal de Alzheimer; ● Tumoral Consequências clínicas das amiloidoses: afeta os vasos dos grandes sistemas, levando à insuficiência. Hialinização: acúmulo de proteínas dentro e fora da célula com aspecto vitrificado. Exemplos: ● Hialinose arteriolar renal na Diabetes Mellitus ● Corpúsculos de Russel, anticorpo acumulado dentro do plasmócito (hepatites); ● Alteração hialina de Mallory (alcoolismo); ● Deficiência de ⲁ1-antitripsina (é uma proteína que evita a proteólise no pulmão, e nessa deficiência a proteína se acumula nos hepatócitos, local onde é produzida). Mucinoses: acúmulo de muco. Muco e mucina é a mesma coisa; mas é diferente de mucóide. Muco é de origem epitelial; mucóide é produzido por célula mesenquimal. Quando os epitélios acumulam excessos de muco, tem-se as mucinoses; as células ficam com aspecto de anel de sinete. 10 Tem várias causas, geralmente inflamatórias. Pode ser em qualquer lugar que tenha epitélios ou mucosas, às vezes em cânceres. Queratinoses: acúmulo de queratina produzida pelos queratinócitos; tem como finalidade a impermeabilização da pele. Ocorre quando há produções anormais de queratina, que pode ser fisiológica ou patológica. ● Hiperceratose: alteração na palma das mãos por conta da musculação; ● Paraceratose: queratinização imperfeita; restos de núcleos de queratinócitos no meio da camada de queratina. Psoríase; causa desconhecida. ● Disceratose: produção excessiva de queratina que permanece no meio intracelular. As células imitam as camadas normais da epiderme, porém de forma anômala e desorganizada. Há clara diferenciação para células escamosas queratinizadas, que freqüentemente tomam arranjo concêntrico no interior dos blocos celulares, formando as pérolas córneas. Lesão celular - aula do dia 04.08.2022 Saúde é um estado adaptado (homeostasia); a doença, portanto, é conceituada como a falta de adaptação. A lesão se desenvolve na falta de adaptação à exposição de agentes naturalmente nocivos ou à ocorrência de anormalidades intrínsecas. Qualquer estímulo da natureza pode produzir lesão - isso depende do tipo de estímulo,da intensidade, da capacidade do tecido de se adaptar e do tempo de duração do estímulo lesivo. A lesão reversível regride quando o estímulo nocivo é eliminado. Seus principais marcos são a redução da fosforilação oxidativa, depleção do armazenamento de ATP, tumefação celular secundária à edema e alterações em organelas, tais como a mitocôndria e o citoesqueleto. Não se tem um momento exato em que uma lesão reversível se torna irreversível. A consequência da lesão irreversível é a morte celular que pode se dar por necrose ou apoptose. Causas de lesão celular ● Privação de oxigênio: pode ser causada por isquemia ou anóxia; a isquemia é mais grave que a anóxia, pois há a perda de outros elementos que podem ajudar no suprimento celular. ● Agentes físicos: trauma mecânico, extremos de temperatura, alterações 11 bruscas de pressão, radiação e choque elétrico. ● Agentes químicos e drogas: podem ser substâncias químicas em excesso, venenos como o cianeto e substâncias que fazem parte da rotina, como poluentes atmosféricos e pesticidas. ● Agentes infecciosos: vírus, bactérias e parasitos. ● Reações imunológicas: tanto reações imunológicas contra agentes externos como as contra auto-antígenos endógenos podem causar lesão celular. ● Defeitos genéticos: produção de proteínas não funcionais. ● Desequilíbrios nutricionais: deficiências proteico-calóricas, hipovitaminoses e excesso de alguns componentes nutricionais (como a hipercolesterolemia). Lesão reversível A lesão reversível apresenta duas características visíveis à microscopia óptica: a) Tumefação celular, consequência da incapacidade de manter o equilíbrio eletrolítico devido à falência das bombas de íons da membrana plasmática dependentes de ATP. b) Degeneração gordurosa, caracterizada pelo surgimento de vacúolos lipídicos no citoplasma e acúmulos anormais de triglicerídeos - também chamada de esteatose. Necrose A necrose possui uma aparência característica resultado da desnaturação de proteínas intracelulares e consequente digestão enzimática da célula, pelas enzimas dos próprios lisossomos ou dos leucócitos recrutados na resposta inflamatória. A célula na necrose é incapaz de manter a integridade da membrana, ou seja, o conteúdo intracelular é vazado para o meio extracelular. Morfologia da necrose 12 ● Eosinofilia: perda do RNA citoplasmático (que se liga normalmente à hematoxilina) e desnaturação de proteínas citoplasmáticas (que têm afinidade pela eosina); ● Figuras de mielina: são precipitados fosfolipídicos espiralados, originados de membranas celulares lesadas. ● Alterações nucleares: podem aparecer em três padrões diferentes, todas devido à destruição inespecífica do DNA. Padrões de necrose tecidual Orientam a etiologia da morte. ● Necrose coagulativa ou necrose isquêmica: a arquitetura básica do tecido é preservada por alguns dias, pois esse processo de necrose desnatura até as enzimas. Dessa forma, células eosinófilas anucleadas persistem por dias. ● Necrose liquefativa: digestão enzimática das células mortas, resultando em uma massa viscosa líquida também chamada de pus. É comum em infecções bacterianas, infecções fúngicas e necrose do SNC. ● Necrose gangrenosa: é um termo usado na prática clínica para definir a necrose em extremidades, que tenha perdido seu suprimento sanguíneo e tenha sofrido necrose em seus diversos planos teciduais. A gangrena úmida é quando ocorre a infecção bacteriana no tecido necrosado, havendo formação de pus e bolhas. ● Necrose caseosa: equilíbrio entre a desnaturação proteica e digestão enzimática das proteínas. “Aspecto de queijo”; amarelado, seco, fosco, também chamado de granuloma. Frequente em focos de tuberculose. ● Esteatonecrose: Ocorre em pancreatites pela invasão das lipases no tecido adiposo; lesão em “pingo de vela”. Deposição de sais de cálcio na periferia dos adipócitos por conta da saponificação da gordura. ● Necrose fibrinóide: reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos; há a deposição de complexos antígenos- anticorpos nas paredes dos vasos, combinados com fibrina. Ocorre nas vasculites imunologicamente mediadas. Princípios básicos da lesão 1. Tipos de estímulo, duração e agressividade. 2. Tipo de célula, estado e adaptabilidade: o estado nutricional e hormonal da célula, bem como suas necessidades metabólicas, podem ditar seu estado de vulnerabilidade. 3. Sistemas bioquímicos que são afetados e as alterações secundárias à essa alteração. Na imagem acima tem-se o sítio principal de lesão, primeiro alvo da isquemia, que é a função 13 mitocondrial. A diminuição da produção de ATP produz muitos efeitos secundários, que, por consequência, acarreta em um cromatina grumosa, célula edemaciada com morfologia alterada, perda de microvilos, formação de bolhas, edema do RE, destacamento dos ribossomos, diminuição da síntese proteica e deposição de lipídeos. Os efeito principal relacionado à lesão da membrana citoplasmática é o influxo de cálcio que leva à ativação de enzimas lisossomais que, por sua vez, promovem a digestão enzimática da célula e a partir daí se desenvolve a irreversibilidade da lesão. A alteração da membrana citoplasmática também leva à perda de enzimas para o meio extracelular e isso pode ser observado pela dosagem do soro, por exemplo, na suspeita de infarto. Outras alterações incluem estresse oxidativo e danos ao DNA. Apoptose Morte celular programada, na qual as células ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e suas proteínas nucleares e citoplasmáticas. Esse processo é considerado uma autólise. Ocorre a fragmentação da células… … em corpos apoptóticos que são digeridos pelos macrófagos sem que haja a liberação de seus componentes intracelulares; portanto, não há reação inflamatória. A apoptose pode ocorrer por causas fisiológicas para eliminar células que não são mais necessárias ou manter um número constante das populações celulares nos tecidos (ex.: involução de tecidos hormônio- dependentes e maturação de linfócitos) e por causas patológicas para eliminar células lesadas irreversivelmente (ex.: dano ao DNA). Morfologia da apoptose ● Retração celular: citoplasma denso e organelas compactadas; ● Condensação da cromatina: agregação periférica da cromatina sob a membrana nuclear; ● Formação de bolhas e corpos apoptóticos; ● Fagocitose das células apoptóticas. O fosfatidilserina é enviado ao folheto externo da membrana plasmática e há a ação das glicoproteínas adesivas que favorecem o reconhecimento pelos macrófagos. Vias de ativação da apoptose 14 Necroptose É um processo morfológica e bioquimicamente semelhante à necrose, mas é ativado por transcrição de sinal (TNFR1, principalmente). Também há a piroptose, chamada assim por ser acompanhada da IL-1, que ativa febre. Pigmentos - aula do dia 10.08.2022 Pigmento é tudo aquilo que refrata algum tipo de cor e é visível ao nosso olho; a pigmentação é a deposição de pigmento em algum lugar, biologicamente falando, nos tecidos. Pode ser fisiológica ou causar danos ao organismo, sendo então patológica. A maior parte das pigmentações patológicas são acúmulos de pigmentos produzidos pelo nosso próprio corpo, ou seja, endógenos. ● Hemoglobínicos: oriundos da degradação da hemoglobina. Ex.: bilirrubina, hemossiderina e pigmento malárico. ● Melaninas: disfunções associadas à produção e acúmulo, ou ainda, à ausência delas; ● Ácido homogentísico: muito raro; ● Lipofucsina: envelhecimento e atrofia dos tecidos, às vezes gera dano. Bilirrubina Derivada da cisão da hemoglobina a partir dos segmentos heme, geralmente no baço. Esse processo é fisiológico, mas pode sofrer alterações.Hiperbilirrubinemias: excessos de bilirrubina. Kernicterus: “célula amarela”. Hiperbilirrubinemia indireta em recém nascidos que pode causar dano neurológico e morte. Bilirrubina indireta: produto direto da lise das hemácias; é lipossolúvel. Tem ação antioxidante e moduladora do sistema imune. Bilirrubina direta: conjugada com o ácido glicurônico. Icterícia não é patológica por si só, mas pode ser um sinal de uma patologia; exceto o prurido, principalmente palmar. É um sinal clínico causado pela elevação de bilirrubina acima de 35 µM/L. Colelitíase por cálculos escurecidos de bilirrubinato de cálcio podem indicar um passado de hemólise (malária, anemia falciforme, doenças de hiperesplenismo em geral). As conjuntivas oculares são o principal local onde a icterícia pode ser observada, na luz natural. Microscopicamente, a bilirrubina é vista como grânulos amorfos castanho-esverdeados a negros, evidentes principalmente no citoplasma de hepatócitos e de células de Kupffer e nos canalículos biliares, onde formam os chamados cilindros biliares. Metabolismo das bilirrubinas ● Baço: hemocaterese. As hemácias passam pelos sinusóides esplênicos e há a lise das hemácias velhas; libera-se a molécula de hemoglobina. Ela é clivada em heme, que é clivada de novo e é produzida a biliverdina (tem ferro) e por fim uma última clivagem origina a bilirrubina, que não tem ferro. Essa bilirrubina é chamada de indireta ou não- 15 conjugada; circula ligada à albumina até o fígado. ● Fígado: complexada com o ácido glicurônico, processo chamado de conjugação, que faz com que a bilirrubina seja hidrossolúvel - pronta para ser excretada pela bile. ● Intestino: jogada no ID com a bile, processada por bactérias e coloração por fezes (estercobilina). ● Rim: parte é reabsorvida, volta pro fígado mas parte é excretada na urina e dá coloração para ela na forma de urobilinogênio. Produtos de hemólise em grande quantidade não são metabolizados pelo fígado, pois ele não tem capacidade para tanto. Produções normais desses produtos também podem acarretar em hiperbilirrubinemia por deficiências enzimáticas no fígado. Por fim, obstruções do sistema biliar também podem ser causas - cálculos, tumores, etc. Nesta última situação as duas frações da bilirrubina, direta e indireta, aumentam. Hematoidina ● Lipídeos + pigmento semelhante à bilirrubina, desprovido de ferro; ● Focos hemorrágicos após a degradação; ● Frequentemente associada à hemossiderina; ● Não tem repercussões para o organismo. Hemossiderina Parte do ferro que absorvemos é armazenado no fígado com a ferritina; quando “entra mais do que sai”, o ferro pode ser acumulado nos tecidos na forma de hemossiderina. Em outras palavras, é uma forma de armazenamento do ferro formada pela ferritina quando a oferta do mesmo é excessiva; dessa forma, evita-se os efeitos oxidativos desse elemento. A hemossiderina é o que fica nos tecidos depois da ação de macrófagos onde houve hemólise; ela é absorvida e metabolizada. Quando é sistêmica e em grandes quantidades, tem-se a hemossiderose, que tem repercussões ruins para o organismo. As principais causas de hemossiderose são: (1) absorção aumentada de ferro alimentar; (2) anemias hemolíticas, nas quais quantidades anormais de ferro são liberadas dos eritrócitos; e (3) transfusões repetidas porque os eritrócitos transfundidos constituem uma carga exógena de ferro. Também pode ser um processo localizado causado por hemorragias. O acúmulo desse pigmento nos tecidos não causa, na maioria dos pacientes, lesão suficiente para haver disfunção funcional dos órgãos. Existe uma categoria de doença genética, incomum, autossômica recessiva, na qual se tem uma absorção muito grande de ferro - a hemocromatose sistêmica. Acredita-se que foi uma adaptação evolutiva; ocorre principalmente em escandinavos. Ocorre principalmente por mutações do gene HFE, que determinam a perda do mecanismo regulatório da absorção de ferro. As consequências se dão ao longo dos anos. Afeta principalmente: ● Fígado ● Conjuntivos das articulações ● Pele (bronzeado) ● Tecido cerebral ● Gônadas Ocorre hipotrofia e fibrose desses parênquimas, e consequente cirrose hepática, demência, vertigem, IC, arritmia, alopécia, atrofia do pâncreas (diabetes bronzeado), hipotrofia das gônadas, artrites e artroses. O tratamento se dá com medicamentos quelantes do ferro e sangrias. Amarronzado no HE. Para se ter certeza que é hemossiderina, usa-se corantes especiais, como o Azul da Prússia de Perls. Hematina ● Artefato de fixação por ação de formol ácido; ● Áreas hemorrágicas; 16 ● Grânulos de coloração negra ou negro- azulada no interstício ou dentro de macrófagos. Hemozoína Associada à malária - lise de células do sangue por conta de um tropismo do parasita. Os macrófagos dos tecidos, especialmente do fígado (células de Kupffer), fagocitam a hemoglobina e formam a hemozoína. Ocorre também na medula óssea e nos linfonodos. A quantidade de pigmento formado aumenta com a duração da infecção. O pigmento malárico é inerte e não tóxico, mas sua retenção em monócitos e macrófagos circulantes pode ter repercussões. Acredita-se que a hemozoína produz quimiotaxia das células de defesa, especialmente monocíticas, e tem atividade pró-inflamatória. São liberados muitos agentes flogísticos no processo, pirógenos, que elevam a temperatura e seriam responsáveis pelos picos febris da malária. Alguns autores defendem que em pequenas quantidades esse pigmento seria pró- inflamatório e, em grandes quantidades, supressor da resposta imune. Melanina É uma proteína produzida pelo melanócito, que capta a fenilalanina e a transforma em tirosina através da tirosinase, que também transforma a tirosina em melanina. Essa molécula faz a proteção da pele contra a luz; nos ceratinócitos, os grânulos de melanina são transportados para a região acima do núcleo, onde absorvem os raios UV e protegem o núcleo e o DNA. Existem dois tipos de melanina, a eumelanina e a feomelanina - ambas têm a mesma função, mas a eumelanina é mais eficaz na proteção. Cada melanócito tem capacidade de sintetizar os dois tipos de melanina, e a produção final contém uma mistura dos dois pigmentos. Isso depende: (1) da disponibilidade da cisteína e glutationa, que participam da produção de feomelanina e (2) dos níveis de tirosinase. Quando (1) está elevado, há maior produção de feomelanina; quando (2) está em falta, há maior produção de eumelanina. Pode ocorrer por aumento de melanócitos num determinado local, como ocorre em gravidez ou em mulheres que usam contraceptivos orais (cloasma). Também pode ocorrer aumento de melanogênese, que é a atividade dos melanócitos aumentada, como ocorre na doença de Addison. O córtex deficiente da glândula suprarrenal faz com que a hipófise aumente a produção dos hormônios estimulantes, como o ACTH e MSH - ou seja, é um efeito secundário que estimula também os melanócitos. Por fim, a hiperpigmentação melânica também pode ser consequência da formação de melanossomos gigantes (vesículas membranosas fusionadas com proteínas estruturais derivadas do RER) ou defeitos na eliminação de melanina através da epiderme. A migração errática de melanócitos ocorre comumente nas cicatrizes pela acumulação de conjuntivo, causando uma hipopigmentação da área. Hipopigmentações também ocorrem por deficiência de tirosinase acarretando no albinismo, diminuição de transferência para os queratinócitos, estrutura anormal dos melanossomos ou diminuição da melanização destes, ou até destruição dos melanócitos (como no Parkinson e vitiligo). O melanoma é o tumor mais agressivo que existe na nossa espécie. Melanismo é uma hiper produção de melanina,rara na nossa espécie. A acantose nigricans é um espessamento da pele associada à hiperpigmentação, principalmente em áreas de formação de sulcos, 17 associada à estimulação hormonal (como resistência à insulina, alterações da tireóide e tumores). Pode ser reversível. Heterocromia de íris são alterações oriundas de deformações embriológicas, naturais ou patológicas. Podem ser parciais ou totais. A fenilcetonúria acarreta em hipopigmentação, não universal. O vitiligo é uma destruição autoimune dos melanócitos. Poliose é um erro embriológico no qual os melanócitos não migram para alguma região do corpo. Poliose. Ácido homogentísico Produzido no metabolismo normal das tirosinas, é um pigmento vermelho-enegrecido - mas na pele é cinzento-azulado. A tirosina de alguma forma se converte a esse ácido, e o homogentisato converte o ácido em succinil acetona. A deficiência desse elemento enzimático leva ao acúmulo do ácido homogentísico, que é inerte e se acumula em pele e articulações (deformidade articular). Alcaptonúria ou ocronose - excreção desses elementos na urina; o ácido basifica com os produtos do sanitário e forma um sal preto. Indivíduos com essa doença desenvolvem artropatia degenerativa e lesão de valvas cardíacas. Lipofuscina Também chamada de lipocromo ou ceróide. É caracterizada pela incapacidade de digerir constituintes celulares quando a célula atrofia. A lipofuscina não é nociva à célula ou às suas funções. Sua importância reside no fato de ser o sinal de alarme de lesão por radicais livres e peroxidação lipídica, formando corpos residuais. A presença e o acúmulo de lipofucsina dependem de: ● Aumento da autofagia ou de captação celular de material não degradável; ● Redução da síntese ou da eficiência de enzimas lisossômicas; ● Diminuição da eliminação de resíduos não degradáveis. Em secções teciduais, aparece como um pigmento citoplasmático, frequentemente perinuclear, finamente granular e castanho- amarelado. O envelhecimento, o sedentarismo e a falta de vitamina E (excelente antioxidante). PAS e Sudan coram melhor; Azul do Nilo também. Neurônios, miocárdio, fibras musculares, fígado e retina - esses são os principais tecidos que acumulam lipofuscina. É um pigmento autofluorescente. Com o avançar da idade, a lipofucsina se deposita principalmente em células pós- mitóticas, como neurônios, células musculares cardíacas e esqueléticas e epitélio pigmentar da retina, e células com atividade proliferativa baixa. Os órgãos afetados sofrem perda ponderal e volumétrica e adquirem coloração parda, a chamada hipotrofia parda. Grânulos de lipofuscina nos miócitos. Pigmentos exógenos ● Carvão: antracose pulmonar (alcatrão, acumula-se nos tecidos linfáticos); observada em fumantes. Ele por si só pode causar dano, mas é principalmente 18 um marcador de substâncias carcinogênicas; ● Prata: argiria (medicamentos); ● Ouro: crisíase (medicamentos, tto. de artrite reumatóide); ● Chumbo: saturnismo (linhas de Burton, característica patognomônica); comum nos soldadores; ● Diversos: tatuagem, Doença de Wilson (acúmulo de cobre por deficiência de ceruloplasmina; pessoas com essa doença podem apresentar cirrose hepática e anel de Kayser-Fleischer). Calcificações São o processo de saturação tecidual com sais de carbonato de cálcio e hidroxiapatita em tecidos que não são o ósseo, sendo patológico e enrijecendo os tecidos. Isso ocorre principalmente em lesões, pois o cálcio vai tamponar os locais onde o pH está ácido; isso ocorre em áreas de lesão celular porque com a autólise saem enzimas das células. 1-2 kg de cálcio no nosso corpo, principalmente nos ossos. O cálcio é absorvido no duodeno com o auxílio da vitamina D, sintetizada com a exposição solar. Tipos ● Calcificação idiopática: depósitos geralmente cutâneos e múltiplos; ● Calcificação distrófica: o nível de cálcio no corpo está normal, mas tem uma lesão então ocorre calcificação. O tecido conjuntivo hialinizado é mais propenso, como as valvas cardíacas, artérias com aterosclerose, cartilagens, etc. ○ Parasitas e tumores também podem causar calcificação, assim como fetos mortos retidos (litopédio); ○ Em tecidos necróticos, esse processo ocorre de forma gradativa, iniciando por pequenos grânulos basofílicos chamados de calcosferitas, resultantes da deposição concêntrica de cristais de hidroxiapatita. Esses grânulos coalescem e formam faixas que se estendem gradativamente ao longo da lesão. ● Calcificação metastática: os níveis séricos de cálcio estão elevados, acima de 60 ou 70, causando calcinose, que é a calcificação sistêmica. A hipercalcemia também acentua a calcificação distrófica. Causas: ○ Hipervitaminose D; ○ Mobilização elevada de cálcio a partir dos ossos (imobilização); ○ Osteólise (tumores destrutivos dos ossos); ○ Doença de Paget; ○ Hiperparatireoidismo primário ou secundário (IRC, o rim não elimina direito o fosfato). É a principal causa. Calcificação da valva aórtica. Hemorragia e choque - aula do dia 17.08.2022 Hemorragia É a saída de sangue do espaço vascular, ou dos vasos ou do coração, para o compartimento extracelular (espaço intersticial ou cavidades) 19 ou para fora do organismo. Não confundir com hiperemia! Classificação ● Rexes: consecutiva à ruptura da parede celular por trauma mecânico ou ruptura do vaso, por processo inflamatório por exemplo. ● Hemorragia por diapedese: o sangue passa pelas cavidades dos vasos, sem que haja ruptura macroscópicamente visível. Acontece geralmente no nível dos capilares. Essa última pode ser causada, por exemplo, por hipóxia (vasodilatação), embolias gordurosas (congestão), septicemias, etc. Hemorragia interna Pode ser classificada em: Hematoma é quando o sangue extravasa e forma uma neocavidade. Equimose é uma hemorragia interna intersticial que não é volumosa o suficiente para formar uma neocavidade; os vasos rompidos são muito pequenos, são cavidades. Existem as petéquias, que são equimoses puntiformes (1-3 mm) ou púrpuras. Hemorragia em cavidades formadas: hemotórax, hemopericárdio, hemoperitônio ou hemartrose, por exemplo. Consequências das hemorragias ● Choque hipovolêmico ● Anemia ferropriva ● Asfixia (quando o sangue invade o sistema respiratório) ● Síndrome compartimental (sangue entrando num compartimento estreito e fazendo volume, como no tamponamento cardíaco) Diáteses hemorrágicas São causas de hemorragias não identificáveis onde está havendo solução de continuidade. Diapedesis, erros de coagulação, pequenos trombos, etc. ● Alterações vasculares: alterações na parede do vaso. Doença de Osler (formação telangiectásica de pequenos vasos, ou seja, pequenos vasos anormalmente dilatados no corpo inteiro que logicamente são rompidos com mais facilidade) e escorbuto (deficiência de vitamina C provocando má formação da membrana basal de pequenos vasos, constituída normalmente por tecido conjuntivo). ● Alterações plaquetárias: incapacidade de formar os pequenos trombos que cessam hemorragias no organismo. Aplasia medular (pode ser até farmacológica) e choque (costumam consumir os fatores de coagulação e plaquetas). ● Alterações da coagulação: hemofilia A (não produz fator VIII), doença de Von Willebrand (não produz fator de VW) e hipovitaminose K. Choque Definido como uma hipoperfusão no qual não chega sangue o suficiente nos tecidos para suprir a demanda dos mesmos. Pode ser secundária a um volume sanguíneo baixo ou débito cardíaco diminuído. 20 Fases do choque Via de regra, tem-se a primeira fase, que é o choque compensado - o corpo ativa o estímulo simpático para fazer vasoconstrição periférica e efeito crono e inotrópico,e, assim, tentar reverter o quadro. O paciente tem a “síndrome do mergulhador”. Na fase descompensada, o indivíduo tem classicamente uma síncope, e é nesse momento que a intervenção médica é imprescindível. Por fim, tem-se a irreversível. Os órgãos mais atingidos são o cérebro, o coração, os rins, os intestinos, as suprarrenais, o fígado, etc. No intestino, a flexura cólica esquerda (ou esplênica) é a mais suscetível, pois é o encontro de dois sistemas vasculares. No coração, podem haver hemorragias subendocárdicas, pois no choque os vasos ficam mais frágeis. *Síndrome de Sheehan: durante a gravidez a hipófise hipertrofia; durante o parto, geralmente tem-se uma hemorragia, e a hipófise sofre choque porque estava com uma alta demanda de oxigênio. Infarto Um infarto é uma área de necrose isquêmica causada pela oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa. Isquemia é a disfunção da célula devido a falta de oxigênio, causado, por sua vez, por déficit circulatório. Tem um mecanismo parecido com o choque, mas pode ser localizado. A célula não funciona bem sem oxigênio porque precisa manter funções celulares mínimas, e isso demanda energia contínua. Se o oxigênio não chega à célula, não há glicólise aeróbia, e recorre a uma compensação que é a glicose anaeróbia. Nesse processo, temos mais produção de energia - porém, é um processo autolimitado, que produz muitos catabólitos que levam a lesão celular. Causas: oclusão arterial ou venosa. ● Tromboses ● Embolias (que podem ser trombos ou não) ● Garrotes Tipos de infarto ● Branco ou anêmico: oclusão arterial necessariamente. Os tecidos precisam ser densos; se for frouxo, o sangue, por anastomose, desvia da área ocluída. ● Hemorrágico: obstrução arterial ou venosa (a venosa é um pouco mais lenta) em tecidos pouco densos ou com dupla circulação, como o fígado. O infarto venoso acontece pela congestão interna ao vaso e o edema secundário a essa 21 congestão, que causa compressão externa ao vaso. Exemplo: torção do pedículo de ovários ou rins. Úlceras de estase de membros inferiores por insuficiência venosa; os tecidos que mais são afetados são os mais distantes dos vasos, ou seja, a pele; o membro esquerdo é 3x mais afetado que o esquerdo porque a veia ilíaca comum esquerda passa por baixo da artéria ilíaca comum direita. Isso favorece o desenvolvimento da Síndrome de May- Thurner/Cockett. ● Asséptico ● Séptico: às vezes o microrganismo já está no lugar, e às vezes não. ● Sólido ● Liquefeitos: necroses sépticas. Os infartos geralmente têm forma cuneiforme devido à dicotomização dos vasos nos tecidos. O ápice é voltado para a zona de oclusão vascular. Necrose de coagulação: a área clara é a área infartada, as proteínas desnaturam e a célula perde a sua coloração que em vida possuía. Ainda que mortas, ela mantém a sua morfologia, pelo menos por um tempo, devido a sua desnaturalização gradativa. Depois essa área vai sofrer o processo de cicatrização. No coração, as áreas de infarto são irregulares por causa das anastomoses das carótidas. Observa-se uma área vermelha mais escura em volta da área infartada que corresponde ao tecido de granulação; em outras palavras, seria uma migração de angio e fibroblastos que tentaram restabelecer a área morta. Área infartada liquefeita do encéfalo, que é absorvida e limitada posteriormente por astrócitos; vira uma cavidade dentro do encéfalo. Fatores condicionantes do grau da lesão vascular: 22 ● Estado do sangue e sistema cardiovascular: anemia, hipóxia, choque, etc; ● Padrão anatômico do suprimento arterial: circulação única, dupla ou múltipla; ● Velocidade de desenvolvimento da oclusão: quanto mais lento, melhor, pois o organismo tem tempo de desenvolver anastomoses acessórias; ● Vulnerabilidade do tecido a isquemia: cérebro e rim, por exemplo, são mais afetados. Hemodinâmica - aula do dia 18.08.2022 Edema É o acúmulo de líquido no espaço intersticial, fora das células. Dependendo do local que ocorre, pode receber nomes específicos, tais como: hidrotórax, hidropericárdio, hidroperitônio (ascite) e anasarca. Pode ser classificado também em exsudato (alto teor de células e proteínas) ou transudato. O exsudato ocorre geralmente em consequência de processos inflamatórios, nos quais a permeabilidade vascular se encontra aumentada; já em casos de aumento da pressão hidrostática ou redução da pressão oncótica, como ocorre nas insuficiências cardíaca, hepática e renal, e em casos de desnutrição, tem-se o transudato. Morfologia ● Microscopicamente: clareamento, separação da matriz extracelular e aumento da célula; ● Edema subcutâneo: difuso ou em regiões de alta pressão hidrostática; comum ser maior em regiões afetadas pela gravidade, causando o edema dependente. Há também a formação de uma depressão mediante a pressão digital chamada de sinal do cacifo. ● Edema pulmonar: aumento de peso e tamanho do pulmão; ao seccionamento, há a apresentação de um líquido espumoso tingido de sangue; ● Edema renal: se revela principalmente em tecidos com matriz de tecido conjuntivo frouxo, como as pálpebras; ● Edema cerebral: pode ser localizado ou generalizado. O cérebro aumenta em peso e tamanho, e é evidenciado o achatamento dos giros devido à compressão do órgão contra os ossos cranianos, inflexíveis. Consequências clínicas São variadas, podem representar apenas desconforto ou risco de morte. Geralmente, é um sinal de alguma doença de base. Outras consequências: ● Prejuízo na cicatrização de feridas ou na eliminação de infecções; 23 ● Difusão de oxigênio comprometida nos vasos pulmonares; ● Lesão de centros bulbares. Hiperemia e congestão Ambos os conceitos estão relacionados a um aumento local do volume sanguíneo; a diferença consiste no fato de que a hiperemia é um processo ativo, consequente à dilatação arteriolar, e a congestão é passiva, resultante da diminuição do fluxo sanguíneo. A congestão pode ser sistêmica ou localizada. A hiperemia leva ao eritema e a congestão à cianose. A congestão de longa duração leva à hipóxia dos tecidos, causando lesão por isquemia e cicatrização. Esse processo também pode levar ao rompimento de pequenos vasos e a pequenos focos de hemorragia - nesses locais, o catabolismo da hemoglobina faz com que pequenos grupos de macrófagos carregados com hemossiderina se acumulem (dermatite ocre). Adaptações celulares - aula do dia 24.08.2022 Quando uma célula está se desenvolvendo elas são ditas totipotenciais - tem possibilidade de se desenvolver em qualquer tecido do organismo. Conforme acontece o desenvolvimento, ocorre a diferenciação e especialização. As células do nosso corpo podem ser divididas de acordo com a capacidade de regeneração em lábeis, estáveis e permanentes. O primeiro grupo diz respeito àquelas que se multiplicam durante toda a vida, como as do tecido epitelial. As estáveis normalmente não se dividem, mas têm essa capacidade e o fazem de acordo com certos estímulos. Já as permanentes são aquelas que perderam totalmente a capacidade de se proliferar, como as do SNC. Para uma célula se multiplicar, ela precisa passar por diferentes fases do ciclo celular. G1 -> S -> G2 -> M (origem de G0) Esses mecanismos que demandam crescimento celular envolvem várias rotas metabólicas diferentes e envolvem vários estímulos, hormonais, neurais, etc. Esses estímulos chegam à membrana plasmática e fazem a sinalização para que ocorra a divisão. Agenesias: não desenvolver; ou seja, uma estrutura que não apareceu no desenvolvimento. Atresia é um nome alternativo para órgãos tubulares, total ou parcial. Normalmente ocorre em áreas do sistema digestivo, formando um cordãofibroso. 24 Conceitos em adaptações do crescimento e diferenciação celulares Processo Definição Causa Hipertrofia É o aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Aumento da síntese de proteínas celulares. Hiperplasia É o aumento do número de células em um órgão ou tecido, resultando geralmente em aumento da massa de um órgão ou tecido. Proliferação de células maduras induzida por fatores de crescimento e, em alguns casos, pelo surgimento elevado de novas células a partir de células-tronco teciduais. Atrofia É a redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. Diminuição da síntese proteica e do aumento da degradação das proteínas nas células. Metaplasia É uma alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular. Resultado de uma reprogramação de células-tronco que sabidamente existem em tecidos normais ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Distrofia: crescimento desordenado. Funcionalidade comprometida. Ectopia, heterotopia ou coristia: tecido normal que se desenvolve em algum lugar anormal. Coristoma é um tumor formado a partir da coristia. Hamartias: são conjuntos de tecidos de uma víscera que se formam de maneira desorganizada, com células anormais. Diagnóstico errôneo de tumor; hamartomas. Atrofia (hipotrofia) Redução de volume de um órgão ou tecido, adquirida, às custas da redução do volume celular. O volume já esteve normal e houve diminuição. Atrofia cerebral no Alzheimer com proeminência dos sulcos. Causas 25 ● Diminuição de carga de trabalho; órgãos musculares; (ex.: membros engessados) ● Comprometimento da inervação e vascularização; (ex.: poliomielite, neuropatia e vasculopatia diabética, isquemias, nutrição inadequada) ● Comprometimento da estimulação endócrina; (ex.: comprometimento da hipófise, menopausa) ● Envelhecimento; (ex.: atrofia parda, endocitose da lipídios que não conseguem ser metabolizados) ● Compressão. (ex.: hidrocefalia pós traumática) Tentativa de evitar a morte por isquemia. Hipertrofia ● Fisiológicas e patológicas ● Braço de ferreiro ● Hipertrofia muscular em atletas ● Hipertrofia cardíaca ventricular esquerda (HAS) Hipertrofia vicariante: com a perda de um órgão, o outro hipertrofia-se. Também chamada de compensadora. Ex.: pulmões, rins. Hipertrofias excêntricas: estimulação não uniforme no coração. Hiperplasia Crescimento do tecido em função do número de células. Pode ocorrer junto com a hipertrofia. Hipoplasia é, portanto, a diminuição do número de células. Exemplos: ● Útero e mamas na gravidez; ● Pólipos uterinos (endometriose); ● Hiperplasia da próstata (multiplicação de glândulas e estroma); ● Gânglios linfáticos aumentados em zonas de drenagem das inflamações. Metaplasia Transformação de um espécime celular (tecido maduro) em outro espécime maduro e de mesma linhagem. São relativamente comuns na nossa espécie por agressão ao tecido; o problema é que o tecido está ali porque há uma agressão. Exemplos: ● Epitélio pseudoestratificado ciliado brônquico transforma-se em escamoso por adaptação ao tabagismo. Chamada de metaplasia escamosa; ● Epitélio colunar do colo do útero em epitélio escamoso por conta de inflamações crônicas. ● Epitélio escamoso do esôfago em tecido glandular - epitélio de Barrett no refluxo gastroesofágico, confere mais probabilidade de desenvolver adenocarcinomas. Agressões mecânicas, irritações térmicas e químicas, inflamações crônicas. Leucoplasia: transformação esbranquiçada das mucosas, principalmente em cavidade oral. Relacionada com metaplasia, mas pode ser displasia ou um tumor. Displasia É um crescimento desordenado. Relacionado com os tumores. 26 Transformações celulares: 1. Perda da uniformidade celular individual: uma célula é sempre igual a outra, se forem do mesmo tipo; se isso for perdido, aponta para as displasia; 2. Perda da orientação arquitetural: perda da estratificação; 3. Pleomorfismo: alterações nucleares (hipercromáticos, hipertrofiados e mitoses mais frequentes e anormais por conta da replicação aumentada). A displasia tem caráter progressivo, classificada em graus, contudo, são potencialmente reversíveis (não é o comum). Costumam preceder certas neoplasias malignas. Displasia x carcinoma: no carcinoma, têm-se invasão. Características da célula displásica ● Aumento conspícuo (evidente) da razão núcleo-citoplasmática; ● Anisocariose (núcleos de tamanhos desiguais); ● Hipercromasia nuclear (muito material genético); ● Acúmulo de material genético na carioteca; ● Concentração de cromatina em grumos; ● Presença eventual de binucleação e nucléolos visíveis. Trombose e embolia - aula do dia 25. 08.2022 Trombose É caracterizado por uma solidificação estruturada do sangue dentro dos vasos ou do coração, dentro do indivíduo vivo. Coágulo Massa de sangue post mortem. Tem aspecto brilhante, gelatinoso, não aderido à parede celular. Tríade de Virchow Lesão endotelial: não precisa ser necessariamente uma necrose, qualquer disfunção das células endoteliais podem desencadear trombose. ● Placa ateromatose ● HAS ● Hipercolesterolemia ● Diabetes Melito ● Tabagismo ● Infecções agudas ● Inflamações generalizadas ● Reperfusão ● Pré-eclâmpsia ● Inibidores da síntese de óxido nítrico Alteração do fluxo: alteração do fluxo laminar, levando a uma condição que favorece o desenvolvimento do trombo. ● Congestão, estase, diminuição do retorno venoso. ● Cursa com algum grau de isquemia, que também ocasiona a disfunção do endotélio. ● Placas ateromatosas, estresse hemodinâmico (compressão extrínseca do vaso), crise de HAS e etc causam fluxo turbulento, principalmente em bifurcações. ● Choque continuado dos elementos configurados do sangue na parede endotelial, inclusive fatores coagulantes. ● Exposição de elementos das camadas abaixo do endotélio que ativam fatores de coagulação. 27 Hipercoagulabilidade Condição alterada do sangue que favorece a coagulação; isso pode se dar por genética ou ser uma condição adquirida (primária ou secundária, respectivamente). Genética: mutação no gene do fator V, gene da protrombina ou deficiências hereditárias de anticoagulantes. São exames caros, feitos em centros de referência. Adquirida: patologia multifatorial e complexa. Pacientes com neoplasias malignas avançadas; sobretudo carcinoma de pâncreas - trombose em veias superficiais. Morfologia do trombo Mural ou oclusivo: aderido à parede vascular ou ocluir todo o vaso, respectivamente. O primeiro ocorre em cavidades cardíacas e aorta, o outro em artérias menores e veias. Vermelho (venoso) IC, insuficiência venosa. Grande aprisionamento de hemácias que confere ao trombo uma coloração avermelhada. Branco (arterial). Fluxo mais rápido. Mistos (mais comuns, são meio vermelhos e meio brancos) Hialinos (arteríolas e vênulas). Ocorrem na microcirculação, geralmente constituídos apenas de fibrina. Cabeça, corpo e cauda: o trombo é sempre aderido à parede. Propagação do trombo: represamento do fluxo faz com que ele cresça retrogradamente pela falta de diluição dos fatores de coagulação, avançados pelo fluxo comprometido. O corpo é a parte aderida. Secos, opacos, friáveis Linhas de Zahn: visíveis macro e microscopicamente; concêntricas, lamelares, em casca de cebola, elemento estrutural característico dos trombos, mais visíveis no fluxo arterial. Representam depósitos pálidos de fibrina e plaquetas alternando-se com camadas escuras cheias de glóbulos vermelhos. Evolução dos trombos● Crescimento ● Lise: fatores de anticoagulação. Processos de intervenção precoces favorecem a lise, por exemplo, drogas fibrinolíticas. ● Organização: significa que esse trombo vai ser transformado em tecido conjuntivo vascularizado. Leucócitos ativados que recrutam fibroblastos e outras células inflamatórias que fazem essa transformação. Exsudatos inflamatórios também sofrem esse processo. São permanentes. ● Calcificação ● Processos infecciosos: meio que favorece a contaminação bacteriana. ● Embolização: desprendimento desse trombo que ganha a circulação sanguínea. Pode sofrer recanalização e parte do fluxo sanguíneo pode ser restabelecido. Embolia Consiste na existência de um corpo sólido líquido ou gasoso transportado pelo sangue capaz de obstruir o vaso e impactar algum tecido longe de sua origem. Tromboembolia Venoso: vasos venosos profundos de membros inferiores, impactando os pulmões. Geralmente silenciosas, não são as que originam as varizes. Arterial: surge nas câmaras cardíacas principalmente, em grandes artérias, e o destino final geralmente são os membros inferiores, cérebro, intestino, rins e baço - causando infarto relacionado. Tromboembolismo pulmonar: principal causa de morte em pacientes internados.A morte súbita ocorre quando há uma obstrução de mais de 60% da luz do vaso. Múltiplos êmbolos que se depositam na periferia dos vasos do pulmão, e se organizam, tem uma repercussão no fluxo 28 pulmonar causando a hipertensão pulmonar com uma insuficiência cardíaca direita crônica. Evolução: lise, organização e recanalização. Tromboembolismo sistêmico: 80% surge dentro do coração (intracardíacos). Aneurismas aórticos (alteração do fluxo sanguíneo laminar). Placas ateroscleróticas. Vegetações valvulares (exsudatos inflamatórios). Embolia paradoxal (defeitos cardíacos que permitem com que trombos venosos adentram o sistema arterial). Por fim, há os de origem desconhecida. Embolia gordurosa: embolia líquida. O paciente tende a desenvolver quando tem lesão extensa de tecido adiposo; grandes queimados, politraumatismo, exposição de medula óssea amarela, após procedimentos cirúrgicos. Provocam obstrução mecânica e lesão bioquímica endotelial com ativação da cascata de coagulação (coagulopatia de consumo, anemia e trombocitopenia). Caracterizada por insuficiência pulmonar, sintomas neurológicos, anemia, trombocitopenia, 1-3 dias após a lesão. Causada por fratura de ossos longos, traumatismo extenso ou queimadura do tecido adiposo e lipoaspiração. Embolia gasosa: procedimentos obstétricos, lesão da parede torácica e doença de descompressão (rara atualmente, acontece com mergulhadores). A massa de ar ativa a cascata de coagulação como um elemento estranho à circulação normal. Embolia amniótica: complicações obstétricas que ocorrem em 1 a cada 40.000 pela contração uterina que ocorre para estancar o sangramento. O líquido amniótico é extremamente trombogênico. 10% da mortalidade materna. Inflamação crônica - aula do dia 31.08.2022 A inflamação crônica se notabiliza por ter uma evolução ao longo do tempo (6 meses, contínua). Mais reparativo que destrutivo. ● Inespecífica: comum a vários tipos de agentes. Exsudato celular de mononucleados (linfócitos, mais abundantes; plasmócitos, bem característicos e frequentes; macrófagos, os que mais representam) e áreas de alteração ao lado de áreas de regeneração ou reparação. Multiplicação de fibroblastos (colágeno para cicatrização) e angioblastos. Algum grau de destruição tecidual. Dependendo da causa, linfócitos T podem adquirir aspectos de linfoblastos e linfócitos B diferenciam-se em plasmócitos. ● Específicas: formam granulomas; um pequeno número de patologias levam a esse resultado. Os granulomas têm cerca de 1 mm e estão presentes em superfícies serosas ou no interior de órgãos. Os componentes mais importantes são os macrófagos, que formam uma barreira isolante do agressor e mudam de aspecto, emitindo interdigitações - chamadas de células epitelióides. Ou ainda podem se unir numa única célula, formando as células gigantes (Langhans, núcleo na periferia, quando o indutor do processo for imunológico, ou corpo estranho, quando o indutor for um corpo inerte). Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos (GM-CSF) e IL-6 são importantes nesse processo. Apresenta-se um colar de linfócitos na volta de tudo isso. Fibroblastos, vistos pelo produto deles (tec. conjuntivo). Além disso, tem os elementos alternativos (que podem ou não aparecem): necrose, neutrófilos, plasmócitos. A necrose caseosa em inflamações granulomatosas deve-se, em parte, à apoptose de macrófagos epitelióides, além da ação de linfotoxinas e de produtos excretados por macrófagos; dessa forma, há presença de componente apoptótico e necrótico. Isso leva à lise de células e à liquefação do material caseificado. Os granulomas epitelióides evoluem para cura por fibrose; as células produzem citocinas que induzem a síntese de componentes da matriz extracelular. 29 Se liquefaz; pode ser reabsorvido ou calcificado. Granulomas bem formados representam uma boa resposta imune. Existem dois tipos de granulomas, de acordo com a diferenciação de linfócitos - Th1 e Th2. No Th1, as citocinas IFN-ܓ e IL-12 e as quimiocinas CXC comandam o processo; no Th2, esse papel é das IL-4, IL-10, IL-13 e as quimiocinas do grupo CC. A gênese de granulomas portanto depende da imunidade celular e variam seu padrão morfológico de acordo com essa resposta. Tudo acontece ao mesmo tempo no processo inflamatório. As alarminas lançam sinais para que os fatores flogísticos sejam lançados na circulação, resultando em fenômenos vasculares, exsudativos, resolutivos e reparativos. Nem tudo é mediado imunologicamente, alguns são formados por respostas fracas a corpos inertes. Há uma dispersão de núcleos, poucas células epitelióides, gigantócitos irregulares - isso tudo aponta para um corpo estranho. Padrões morfológicos de inflamações agudas e crônicas ● Seroso: predomínio de exsudato aquoso, muito plasma e poucos elementos figurados. Ex.: bolhas herpéticas, queimaduras de segundo grau, laringites edematosas; ● Fibrinoso: predomínio de placas de fibrina brancas ou acinzentadas; não é tão bom, diminui a chance do deslizamento normal dos órgãos entre si. Ex.: placas de amigdalite, peritonites fibrosas e pericardites (uremias, baixa taxa de filtração renal), bridas e sinéquias cirúrgicas; ● Purulento: presença de pus, constituído de piócitos (células de defesa em processo de necrose). Pode ser um abscesso, que é uma coleção de pus em cavidade neoformada (aguda ou crônica, espinhas, concentração linfocitária), ou um empiema (coleção de pus em uma cavidade prévia). Tem um terceiro: quando a purulência se infiltra entre tecidos mas não é suficiente para formar uma nova cavidade, o fleimão. 30 ● Úlceras: podem causar soluções de continuidade, destruindo o tecido. As úlceras são escavações profundas em superfícies epiteliais (definição anatômica e topográfica). Inflamação aguda - aula do dia 01.09.2022 É uma resposta dos tecidos vascularizados à lesão; os tecidos sem vascularização podem ter respostas secundárias à inflamação, mas geralmente não originam ela. A reação inflamatória depende que os elementos constituintes do sangue, intravasculares, ganhem o espaço extravascular - que é onde o processo ocorre. ● Leucócitos ● Plaquetas ● Agentes provocadores da reação inflamatória: células tumorais, antígenos, tecidos necróticos, bactérias e vírus. ● Dor, calor, rubor e tumor (qualquer aumento de volume localizado): sinais cardinais da inflamação, observados por Cornelius Celsus. Virchow adicionou posteriormente“perda de função” à lista de características do processo inflamatório, e Lewis descreveu a presença de mediadores químicos da inflamação. O processo inflamatório, isto é, a sequência de eventos da inflamação, tem o objetivo de identificar o agente agressor, eliminá-lo e restaurar a integridade tecidual. O reparo tecidual está intimamente ligado ao processo inflamatório, e começa já na fase ativa da inflamação. A inflamação aguda tem curta duração (24- 48h), caracterizada por alterações vasculares e exsudativas. Essas alterações vasculares propiciam edema com um alto teor de proteínas e acúmulo de neutrófilos. As fases iniciais da inflamação, independente da causa, são sempre muito semelhantes. A inflamação crônica tem padrões diferentes: longa duração (1 semana, 1 mês, 1 ano, 10 anos…), acúmulo de monomorfonucleados (linfócitos e macrófagos), proliferação de vasos e de tecido conjuntivo (caracterizam o reparo, e amadurecem num tecido cicatricial típico). Descrição didática da inflamação aguda (no organismo, ocorre tudo simultaneamente): Alterações vasculares: 1. Vasoconstrição transitória das arteríolas (poucos segundos) seguida de vasodilatação. Quando os vasos se dilatam, há um aumento de sangue no local e uma transudação rápida; 2. Empilhamento dos elementos celulares e redução do trânsito sanguíneo, ocasionando estase; 31 3. Perda do fluxo laminar e contato dos elementos do sangue com o endotélio, principalmente os leucócitos (marginalização leucocitária); 4. Aumento da permeabilidade vascular e consequente exsudação: contração da célula endotelial (alterações no citoesqueleto, observado principalmente nas vênulas, induzida por histamina de vida curta), lesão endotelial direta (vida longa, ocorre em arteríolas, capilares e vênulas), lesão endotelial mediada por leucócitos (ocorre em vênulas, associados com estágios tardios da inflamação e tem longa duração) e transcitose (ocorre nas vênulas, processo transcelular mediado pela formação de vacúolos e induzido por VEGF). Respostas dos vasos linfáticos: 1. Fluxo aumentado; 2. Proliferação dos vasos; 3. Linfangite (reações inflamatórias por toxinas, que comprometem a parede dos vasos; caracterizadas por estrias avermelhadas; drenagem agentes flogísticos); 4. Linfadenites (quando esses agentes ganham os linfonodos). Eventos celulares ● Marginação ● Aderência ● Migração As células endoteliais e os leucócitos sofrem bioativação e passam a expressar moléculas de adesão e receptores de superfície que ligam esses dois elementos. Existem classes de moléculas que promovem essa adesão e rolamento de leucócitos à superfície endotelial ● Quimiotaxia: se refere a locomoção orientada em direção a um fator de atração. Isso é promovido por fatores exógenos, como produtos bacterianos, ou endógenos, como C5a, leucotrieno B4 e citocinas. ● Fagocitose: reconhecimento e adesão, englobamento e, por fim, degradação. Às vezes o reconhecimento se dá por forma indireta através das opsoninas, que tem receptores para os leucócitos - são constituídas por imunoglobulinas (principalmente IgG), fatores do complemento (C3b), produtos bacterianos, receptores acoplados à proteína G e receptores para citocinas. Elas envolvem as partículas a serem englobadas. Ocasionalmente as enzimas lisossomais são lançadas num fagolisossomo não completamente fechado, e isso origina a lesão tecidual induzida por leucócitos. Em outras palavras, produtos leucocitários agem não somente no fagolisossomo mas também no espaço extracelular. 32 A ativação leucocitária é determinada por: ● Metabólitos do ácido aracdônico; ● Degranulação e secreção de enzimas lisossomais; ● Secreção de citocinas (macrófagos ativados); ● Moléculas de adesão leucocitária. Mediadores químicos da inflamação Podem ser provenientes de células, sequestrados em grânulos intracelulares (histamina e serotonina) ou sintetizados (prostaglandinas); podem ser proteínas circulantes no plasma, sintetizadas no fígado ou presentes na circulação como precursores inativos (sistema de complemento ou cininas). Aminas vasoativas: são substâncias vasodilatadoras armazenadas em grânulos que sob determinados estímulos são liberados e causam reação inflamatória. Ex.: histamina e serotonina. Proteases plasmáticas: circulam no sangue sob a forma inativa e através de uma sequência em cascata liberam substâncias inflamatórias. Ex.: sistema do complemento, sistema de cininas e sistema de coagulação. Metabólitos do ácido aracdônico: estão dentro do grupo das substâncias produzidas intracelularmente. Sob determinados estímulos tem-se o metabolismo de fosfolipídeos da membrana plasmática liberando substâncias importantes na sequência da inflamação. Estímulos químicos, físicos ou mecânicos ou através de outros mediadores (fosfolipase A2). Duas vias de ativação: - Via de ação de duas cicloxigenases (COX1 e COX2) - formando prostaglandinas. - Via lipoxigenase - formando leucotrienos. Fatores de ativação plaquetária Espécies reativas de oxigênio Óxido nítrico Citocinas e quimiocinas: são originadas de células tipo linfócitos ativados e macrófagos, e também células endoteliais, epiteliais e do tecido conjuntivo - portanto, células envolvidas na resposta inflamatória. Funções dos mediadores - Vasodilatação: prostaglandinas, NO e histamina; - Permeabilidade vascular: histamina, C3a e C5a, bradicinina, leucotrienos C, D e E e FAP; - Febre: prostaglandinas, IL1 e FNT; - Quimiotaxia: C5A, leucotrieno B4, TNF e IL1; - Dor: prostaglandina e bradicinina; - Dano tecidual: enzimas lisossômicas, espécies reativas de oxigênio e NO; Cursos de inflamação aguda - Resolução: integridade do tecido é completamente alcançada; - Fibrose: lesões extensas que comprometem o arcabouço de sustentação do tecido, e nesse lugar ocorre deposição de tecido conjuntivo vascularizado; - Abscesso: grande destruição tecidual com coleção importante de neutrófilos e piócitos de forma localizada; - Inflamação crônica: o processo sofre uma cronificação. 33 Tuberculose - aula do dia 14.09.2022 A tuberculose é uma infecção causada pelo bacilo gram +, sendo aeróbica e inflamatória crônica granulomatosa. É uma doença conhecida desde a antiguidade que, em 1950, se tornou uma doença de países subdesenvolvidos pelo advento do esquema tríplice de tratamento, porém, voltou a surgir depois da epidemia do HIV. A transmissão se dá principalmente por inalação, mas também ocorre por deglutição - por exemplo, na ingestão de leite direto da ordenha (leite não pasteurizado) ou auto- infecção por deglutição do escarro. Teoricamente, o contato com um bacilo é suficiente. Bacilífero é chamado o indivíduo que tem a capacidade de infectar outras pessoas, ou seja, potencial de eliminar o bacilo. Reação do hospedeiro O Mycobacterium tuberculosis possui componentes básicos que interagem com o sistema imune do hospedeiro: ● Lipídeos (ativação de monócitos e macrófagos bem como sua transformação em células epitelióides e gigantes multinucleadas); ● Tuberculoproteína (confere sensibilização ao bacilo e contribui para a formação de células epitelióides e células gigantes); ● Carboidratos (reação neutrofílica). Coloração de Ziehl-Neelsen Hipersensibilidade retardada ao bacilo Indivíduos que não tiveram contato prévio com o bacilo, e são infectados, desenvolvem a tuberculose primária, mais comum em crianças. Esses indivíduos levam 3 semanas para que o sistema imune inicie a eliminação da infecção. No período entre 0 e três semanas ocorre a interação do bacilo com o macrófago e a replicação deste dentro da célula de defesa; alguns bacilos saem do macrófago para contaminar outros. Isso ocorreporque a primeira resposta é inespecífica, e os neutrófilos e macrófagos não conseguem destruir os bacilos, já que esses bloqueiam a fusão dos fagossomos com os lisossomos (reação exsudativa). Depois de 3 semanas, em média, ocorre a ativação do linfócito T (Th1) por um macrófago contaminado, através de receptores de apresentação de antígeno e liberação de IL- 12. O linfócito T absorve essa informação, ativa outros macrófagos não contaminados através da liberação de IFN-ܓ e, assim, se dá o início da resposta imune e da chamada reação produtiva. Essa resposta é o que forma a pápula do exame de Mantoux. Os macrófagos a partir daí já têm condições para matar os bacilos no meio extracelular pela formação de espécies reativas de oxigênio ou isolando o patógeno pela formação de granulomas. A reação produtivo-caseosa é o surgimento de necrose caseosa no centro do granuloma com a morte dos bacilos - quanto maior o grau de sensibilidade do indivíduo e a carga de bacilos, maior é a necrose. Por fim, há a reação de cicatrização, caracterizado pelo curso natural de reparação da reação inflamatória, que é sua colagenização induzida pelo fator de crescimento de fibroblastos secretado por macrófagos. Teste de Mantoux ou PPD Injeta-se bacilo inativado no subcutâneo (tuberculina) do paciente e observa-se a formação de uma pápula; o tamanho da pápula é uma ferramenta para o médico pensar em tuberculose. Falsos negativos (fatores que deprimem o sistema imune): - sarcoidose 34 - má nutrição - doença de Hodgkin - imunossupressão - tuberculose muito grave Falsos positivos: outras micobacterioses. Interpretação: ● ≤ 5mm = não reagente ● 5 - 9mm = reator fraco, pouco resultado clínico ● ≥ 10mm = reator forte Vacinados: para se considerar positivo: ● < 2 anos: ≥15mm ● >2 anos: ≥10mm *Presença vacinal e idade são fatores que devem ser levados em conta. Fisiopatogenia A história natural da doença começa, majoritariamente, pela inalação do bacilo através dos aerossóis, e o patógeno faz uma micro-pneumonia no terço médio do pulmão (região inferior do lobo superior ou região superior do lobo inferior). Há a formação de alguns granulomas (o conjunto de granulomas recebe o nome de nódulo de Ghon), necrose, e possível migração de bacilos via linfática (linfadenite granulomatosa) - isso é complexo primário da tuberculose ou complexo de Ghon. O nódulo de Ghon curado chama-se nódulo de Ranke. A partir daí a imunidade do indivíduo pode ter resposta imune suficiente para eliminar a infecção - na área da caseificação vai ser formada uma cicatriz, bem como o linfonodo contaminado. A maioria dos casos se encerra assim. Quando não há cura, os bacilos persistem nos tecidos, multiplicam-se e podem disseminar-se para os próprios pulmões ou para outros órgãos; tudo isso constitui a tuberculose progressiva (da infância); que apresenta formas de pneumonia caseosa (disseminação dos 35 bacilos pelos poros de Kohn) ou tuberculose miliar. O sistema imune pode ser parcialmente suficiente, e consiga apenas isolar o bacilo - assim, o paciente se torna portador da tuberculose, assintomático. Ainda há um terceiro destino, o mais nefasto de todos, que é a disseminação da tuberculose em indivíduos que não tiveram resposta imune o suficiente para eliminar ou controlar o quadro. Do ponto de vista de saúde pública a lesão latente é a mais importante, pois a grande maioria dos indivíduos doentes por tuberculose hoje partiram desta situação: tuberculose que se tornou latente, e, por um episódio qualquer que comprometa o sistema imune (HIV, câncer, desnutrição, etc), ocorre a expansão do bacilo antes isolado. Ocorrem muitas áreas de fibrose e caseificação, típicas da tuberculose secundária; a reinfecção com um bacilo mais agressivo também leva à TB secundária. A evolução geralmente se dá para o ápice, pois o bacilo procura a área mais oxigenada. A tuberculose miliar é uma tuberculose sem controle que ocorre quando a infecção ganha a circulação sanguínea e se dissemina para vários órgãos, que ficam com aspecto de “milho moído”. Tem alta letalidade. A tuberculose secundária (necrose caseosa, fibrose e cavitações) pode ser resultado da lesão latente ou de uma reinfecção, ou seja, pode ser endógena ou exógena. As lesões apresentam-se em quatro formas diferentes: ● Apical: lesões fibrocaseosas nos ápices; ● Cavernosa: liquefação de extensa área de necrose e drenagem desse material por um brônquio, formando cavidades macroscópicas. A comunicação direta com a via aérea e liberação mais acentuada de bacilos - aumenta a chance da pessoa ser bacilífera; ● Ácino-nodosa: “lesões em trevo”; ● Miliar 36 Localização da tuberculose Nível pulmonar (órgão mais acometido), segmentos lobares médios e apicais inferiores - esse é o lugar clássico da tuberculose primária. Na secundária, há a migração para os segmentos lobares apicais dos lobos superiores. Manifestações sistêmicas Ocorrem pela liberação de fatores inflamatórios, principalmente FNT e IL-1. - Indisposição - Anorexia - Febre - febrícula, baixo grau, renitente (“ao entardecer”, pelo baixo nível de cortisol) - Escarro (primeiro é de característica mucóide e com a evolução da doença torna-se purulento) - Hemoptise (destruição de vasos e hemorragia em vias aéreas; ocorre em 50%) - Dor pleurítica (quando atinge a pleura) Diagnóstico - Clínico: tosse persistente por mais de 3 semanas, especialmente produtiva; - Radiologia: processo de consolidação no ápice com cavidades; - Mantoux - Pesquisa de BAAR (padrão ouro); - PCR (alta sensibilidade). Abreugrafia. Tuberculose em órgão isolado Primeiro diagnóstico em órgão que não é o pulmão. - Meningites - Tuberculose renal - Doença de Addison - Osteomielite e doença de Pott (deformidades nas vértebras) - Salpingite (tubas uterinas) - Epidídimo - Tuberculose cutânea (escrófula): ocorre a contaminação de linfonodos superficiais. Manuel Bandeira Reparo - aula do dia 15.09.2022 O reparo começa ainda na fase ativa da inflamação e termina depois que o agente lesivo foi dominado, quando os tecidos tentam recuperar sua integridade. Se dá por 2 processos; às vezes ocorrem ao mesmo tempo, com um predominando ou não (conforme a capacidade 37 regenerativa da célula e a intensidade da lesão): regeneração e reparo. A regeneração é a reconstituição dos tecidos, enquanto o reparo, apesar de poder restaurar algumas estruturas originais, causa um desarranjo estrutural caracterizado pela combinação entre regeneração e formação de cicatriz. Embora o reparo seja um processo de cura, ele próprio pode causar disfunção tecidual, como, por exemplo, no desenvolvimento da aterosclerose. Regeneração As células do nosso corpo podem ser divididas de acordo com a capacidade de regeneração em lábeis, estáveis e permanentes. O primeiro grupo diz respeito àquelas que se multiplicam durante toda a vida, como as do tecido epitelial. Na maioria desses tecidos, as células teciduais maduras são derivadas de células-tronco adultas, as quais possuem uma enorme capacidade de proliferação e cuja progênie pode diferenciar-se em vários tipos celulares. As estáveis normalmente não se dividem, mas têm essa capacidade e o fazem de acordo com certos estímulos. Já as permanentes são aquelas que perderam totalmente a capacidade de se proliferar, como as do SNC. Embora as células musculares adultas não se dividam, o músculo esquelético possui capacidade regenerativa a partir da diferenciação de células-satélite aderidas às bainhas endomisiais. O músculo cardíaco tem capacidade regenerativa muito limitada (se alguma), e uma grande lesão ao músculo cardíaco, como a que ocorre no infarto miocárdico,
Compartilhar