Buscar

Textos estudos infantis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEXTOS 
PIMENTEL, Figueiredo. Conto s da 
Carochinha. Rio de Janeiro: Livraria 
Quaresma Editora, 1956. 
CONTOS DA CAROCHINHA 
LIVRO PARA CRIANÇAS 
Escolhida coleção de sessenta e um contos 
populares, morais e proveitosos, de vários 
países, traduzidos e recolhidos diretamente 
da tradição oral 
POR 
FIGUEIREDO PIMENTEL 
DEDICATÓRIA 
A Maria Sant’Ana 
Dedico-te este livro, que fiz pensando em ti e 
para ti. 
Pediste-me que escrevesse algumas novelas 
pequenas para leres à noite, antes de conciliares o 
sono. 
Dei-te contos de autores de nomeada. Não te 
agradaram. 
Por isso escrevi-o, na esperança de conseguir o 
fim que desejo. São histórias para crianças, mas 
todas têm um fundo moral, muito proveitoso, 
ensinando que a única felicidade está na Virtude, e 
que a alegria só vem de uma vida honesta e serena. 
Aprende de cor estas historietas. E mais tarde, 
conta-as na tua voz harmoniosa, num estilo teu, com 
imagens tuas, a teus filhos, no berço, à hora d o sono, 
ou nos serões do lar, durante as longas noites de frio 
e chuva. 
Não lhes contes, a eles, a minha história – que 
é a história triste dos Desgraçados. Cria-os no Bem, 
cria-os na Virtude, incutindo-lhes o amor de Deus e 
o amor do próximo. 
Ensina-os a rezar por todos aqueles que sofrem, 
por todos aqueles que padecem. 
E lembra-te que a vida de família é a única 
feliz, que o lar é o único mundo onde se vive bem, 
onde a Mulher, boa, santa, pura, carinhosa, impera 
como rainha. 
ALBERTO. 
PREFÁCIO 
Toda a gente conhece os “Contos da 
Carochinha”. São essas histórias que todos 
nós ouvimos em pequenos, e que sabem as 
crianças todas de todos os países. […] 
Não se achavam, porém, devidamente 
colecionados em volume para uso das 
crianças. As obras, nesse gênero, que havia 
em português, ou eram mal escritas, e até 
imorais, ou destinavam-se ao estudo da 
nossa nacionalidade. 
O sr. Figueiredo Pimentel, reunindo-os, 
prestou relevante serviço à juventude. Lendo 
alguns deles em francês, espanhol, italiano, 
a l emão e ing lês, co lhendo out ros 
diretamente da tradição oral, contou-os a seu 
modo, em linguagem fácil, estilo correntio 
sem termos bombásticos e rebuscados, 
como convém para o fim a que a obra é 
destinada. 
Fez assim um “excelente trabalho de 
grande utilidade para as escolas, porque, ao 
mesmo tempo em que deleita as crianças, 
interessando-as com a narração de contos 
morais muito bem traçados, lhes desperta os 
sentimentos do Bem, da Religião e da 
Caridade, principais elementos da educação 
da infância”, como escreveu o Diário de 
Notícias, desta Capital. […] 
PIMENTEL, Figueiredo. Contos da Carochinha. Rio de 
Janeiro: Livraria Quaresma Editora, 1956. 
A FORMIGUINHA 
Uma formiguinha, tendo acordado muito 
cedo, escuro ainda, para trabalhar na 
armazenagem de suas provisões de inverno, saiu 
de casa. Nevava. Mas havia chegado à rua, uma 
pequenina gota de neve, caída naquele instante, 
enregelou-se, prendendo-lhe os pezinhos. 
A formiguinha pôs-se a chorar, vendo-se 
presa, julgando que ia morrer, até que, ao meio-
dia, o sol, fundindo a neve, consegui livrar-se. 
Então a formiguinha dirigiu-se à neve e 
disse-lhe: 
- Neve! Como és tão forte que os meus 
pezinhos prendes?! 
A neve respondeu: 
 1
- Mais forte é o sol, que me derrete. 
A formiguinha dirigiu-se ao sol: 
- Sol! Tu és tão forte, que derretes a neve, a 
neve que meus pezinhos prende?! 
O sol respondeu: 
- Mais forte é a parede que me tapa! 
A formiguinha dirigiu-se à parede: 
- Parede! Tu és tão forte, que tapas o sol, o 
sol que derrete a neve, a neve que os meus 
pezinhos prende?! 
A parede respondeu: 
- mais forte é o rato que me rói! 
A formiguinha dirigiu-se ao rato: 
- Rato! Tu és tão forte, que róis a parede, a 
parede que tapa o sol, o sol que derrete a neve, a 
neve que os meus pezinhos prende?! 
O rato respondeu: 
- mais forte é o gato que me come! 
A formiguinha dirigiu-se ao gato: 
- Gato! Tu és tão forte, que comes o rato, o 
rato que rói a parede, a parede que tapa o sol, o 
sol que derrete a neve, a neve que os meus 
pezinhos prende?! 
O gato respondeu: 
- Mais forte é o cão que me morde! 
A formiguinha dirigiu-se ao cão: 
- Cão! Tu és tão forte, que mordes o gato, o 
gato que come o rato, o rato que rói a parede, a 
parede que tapa o sol, o sol que derrete a neve, a 
neve que os meus pezinhos prende?! 
O cão respondeu: 
- Mais forte é o homem que me bate! 
A formiguinha dirigiu-se ao homem: 
- Homem! Tu és tão forte, que bates no cão, 
o cão que morde o gato, o gato que come o rato, 
o rato que rói a parede, a parede que tapa o sol, 
o sol que derrete a neve, a neve que os meus 
pezinhos prende?! 
O homem respondeu: 
- Mais forte é a morte que me mata! 
A formiguinha dirigiu-se À morte: 
- Morte! Tu és tão forte, que matas o 
homem, o homem que bate no cão, o cão que 
morde o gato, o gato que come o rato, o rato 
que rói a parede, a parede que tapa o sol, o sol 
que derrete a neve, a neve que os meus pezinhos 
prende?! 
A morte respondeu: 
- Sou tão forte, que mato reis, fidalgos, ricos 
e pobres, escravos e senhores, homens e 
mulheres, nivelando tudo e fazendo todos iguais! 
Sou tão forte que te mato!... 
E matou a formiguinha... 
PIMENTEL, Figueiredo. Contos da Carochinha. 
Rio de Janeiro: Livraria Quaresma Editora, 1956, 
p. 350-2. 
 2
BILAC, Olavo. Poesias Infantis. RJ: Francisco 
Alves. 1929. [1904] 
Ao Leitor 
Quando a casa Alves & Cª me incumbiu 
de preparar este livro para uso das aulas de 
instrução primária, não deixei de pensar, com 
receios, nas dificuldades grandes do trabalho. 
Era preciso fazer qualquer coisa simples, 
acessível à inteligência das crianças; e quem vive 
e escrever, vencendo dificuldades de forma, fica 
viciado pelo hábito de fazer estilo. Como perder 
o escritor a feição que já adquiriu, e as suas 
complicadas construções de frase, e o seu 
arsenal de vocábulos peregrinos, para se colocar 
ao alcance da inteligência infantil? 
Outro perigo: a possibilidade de cair no 
extremo oposto – fazendo um livro ingênuo 
demais, ou, o que seria pior, um livro, como 
tantos há por aí, falso, cheio de histórias 
maravilhosas e tolas que desenvolvem a 
credulidade das crianças, fazendo-as ter medo de 
coisas que não existem. Era preciso achar 
assuntos simples, humanos, naturais, que, 
fugindo da banalidade, não fossem também 
fatigar o cérebro do pequenino leitor, exigindo 
dele uma reflexão demorada e profunda. 
Mas a dificuldade maior era realmente a 
da forma. Em certos livros de leitura que todos 
conhecemos, os autores, querendo evitar o 
apuro do estilo, fazem períodos sem sintaxe e 
versos sem metrificação. uma poesia infantil 
conheço eu, longa, que não tem um só verso 
certo! Não é irrisório que, querendo educar o 
ouvido da criança, e dar-lhe o amor da harmonia 
e da cadência, se lhe dêem justamente versos 
errados, que apenas são versos por que rimam, e 
rimam quase sempre erradamente? 
Não sei se consegui vencer todas essas 
dificuldades. O livro aqui está. É um livro em 
que não há animais que falam, nem fadas que 
protegem ou perseguem crianças, nem as 
feiticeiras que entram pelos buracos das 
fechaduras; há aqui descrições da natureza, cenas 
de família, hinos ao trabalho, à fé, ao dever; 
alusões ligeiras à história da pátria, pequenos 
contos em que a bondade é louvada e premiada. 
Quanto ao estilo do livro, que os 
competentes o julguem. Fiz o possível para não 
escrever de maneira que parecesse fútil demais 
aos artistas e complicada demais ás crianças. 
Se a tentativa falhar, restar-me-há o 
consolo de ter feito um esforço digno. Quis dar 
à literatura escolar do Brasil um livro que lhe 
faltava. 
O.B. 
 A Pátria 
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! 
Criança! não verás nenhum país como este! 
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! 
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, 
É um seio de mãe a transbordar carinhos. 
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos 
ninhos, 
Que se balançam no ar, entre os ramosinquietos! 
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! 
Vê que grande extensão de matas, onde impera 
Fecunda e luminosa, a eterna primavera! 
Boa terra! jamais negou a quem trabalha 
O pão que mata a fome, o teto que agasalha... 
Quem com seu suor a fecunda e umedece, 
vê pago o sue esforço, e é feliz, e enriquece! 
Criança! não verás país nenhum como este: 
Imita na grandeza a terra em que nasceste! 
Ave Maria 
Meu filho! termina o dia... 
A primeira estrela brilha... 
Procura a tua cartilha, 
E reza a Ave Maria! 
O gado volta aos currais... 
O sino canta na igreja... 
Pede a Deus que te proteja 
E que dê vida a teus pais! 
Ave Maria!... Ajoelhado, 
Pede a Deus que, generoso, 
Te faça justo e bondoso, 
Filho bom, e homem honrado; 
Que teus pais conserve aqui 
Para que possas, um dia, 
Pagar-lhes em alegria 
O que sofreram por ti. 
Reza, e procura o teu leito, 
Para adormecer contente; 
Dormirás tranqüilamente, 
Se disseres satisfeito: 
“Hoje, pratiquei o bem: 
Não tive um dia vazio, 
Trabalhei, não fui vadio, 
E não fiz mal a ninguém.” 
O Leão e o Camundongo 
 3
(fábula de Esopo) 
Um camundongo humilde e pobre 
Foi um dia cair nas garras de um leão. 
E esse animal possante e nobre 
Não o matou por compaixão. 
Ora, tempos depois, passeando descuidoso, 
Numa armadilha o leão caiu: 
Urrou de raiva e dor, estorceu-se furioso... 
Com todo o seu vigor as cordas não partiu. 
Então, o mesmo fraco e pequenino rato 
Chegou: viu a aflição do robusto animal, 
E, não querendo ser ingrato, 
Tanto as cordas roeu, que as partiu afinal... 
Vede bem: um favor, feito aos que estão 
sofrendo, 
Pode sempre trazer em paga outro favor. 
E o mais forte de nós, do orgulho esquecendo, 
Deve os fracos tratar com caridade e amor. 
 4
A FORMIGA E A NEVE 
Uma vez uma formiga, que andava pelos 
campos, ficou com as perninhas presas na neve. 
- Oh neve valente que meus pés prende! 
Exclamou a formiga, e a neve respondeu: 
- Sou valente, mas o sol me derrete. 
A formiga voltou-se para o sol: 
- Oh, sol valente que derrete a neve que meus 
pés prende! E o sol respondeu: 
- Sou valente, mas a nuvem me esconde. 
A formiga voltou-se para a nuvem: 
- Oh nuvem valente que esconde o sol que 
derrete a neve que meus pés prende! E a nuvem 
respondeu: 
- Sou valente, mas o vento me desmancha. 
A formiga voltou-se para o vento: 
- Oh vento valente que desmancha a nuvem que 
esconde o sol que derrete a neve que meus pés 
prende! E o vento respondeu: 
- Sou valente, mas a parede me pára. 
A formiga voltou-se para a parede: 
- Oh parede valente que pára o vento que 
desmancha a nuvem que esconde o sol que derrete a 
neve que meus pés prende! E a parede respondeu: 
- Sou valente, mas o rato me fura. 
A formiga voltou-se para o rato: 
- Oh rato valente que fura a parede que pára o 
vento que desmancha a nuvem que esconde o sol que 
derrete a neve que meus pés prende! E o rato 
respondeu: 
- Sou valente, mas o gato me come. 
A formiga voltou-se para o gato: 
- Oh gato valente que come o rato que fura a 
parede que pára o vento que desmancha a nuvem que 
esconde o sol que derrete a neve que meus pés 
prende! E o gato respondeu: 
- Sou valente, mas o cachorro me pega. 
A formiga voltou-se para o cachorro: 
- Oh cachorro valente que pega o gato que come 
o rato que fura a parede que pára o vento que 
desmancha a nuvem que esconde o sol que derrete a 
neve que meus pés prende! E o cachorro respondeu: 
- Sou valente, mas a onça me devora. 
A formiga voltou-se para a onça: 
- Oh onça valente que devora o cachorro que 
pega o gato que come o rato que fura a parede que 
pára o vento que desmancha a nuvem que esconde o 
sol que derrete a neve que meus pés prende! E a onça 
respondeu: 
- Sou valente, mas o homem me caça. 
A formiga voltou-se para o homem: 
- Oh homem valente que caça a onça que devora 
o cachorro que pega o gato que come o rato que fura 
a parede que pára o vento que desmancha a nuvem 
que esconde o sol que derrete a neve que meus pés 
prende! E o homem respondeu: 
- Sou valente, mas Deus pode comigo. 
A formiga voltou-se para Deus: 
- Oh Deus valente que pode com o homem que 
caça a onça que devora o cachorro que pega o gato 
que come o rato que fura a parede que pára o vento 
que desmancha a nuvem que esconde o sol que 
derrete a neve que meus pés prende! 
Deus respondeu: 
- Formiguinha, acaba com essa história e vai 
furtar. 
É por isso que a formiga vive sempre na maior 
atividade, furtando, furtando. 
- Ora, até que enfim ouvi uma história que 
merece grau dez! gritou Emília. Está muito bem 
arranjada, e sem rei dentro, nem príncipes, nem olho 
furado, nem burro bravo. Ótima! Meus parabéns a tia 
Nastácia. 
- Também, gostei bastante, disse Narizinho. Só 
que não concordo com o fim. A formiga não furta. 
As coisas que há no mundo são tão dela como nossas 
e de todos os outros animais. Por que considerar 
gatuninha a formiga? 
Dona Benta explicou: 
- A gente vê aí o dedo das contadeiras de 
histórias. São em geral donas de casa, ou amas, ou 
cozinheiras, criaturas para as quais as formigas não 
passam dumas gatuninhas, porque vivem invadindo 
os etageres e guarda-comidas no mundo. Se fosse 
escrita por um filósofo, a história não teria esse fim, 
porque os filósofos nem sabem que há guarda-
comidas no mundo. Só enxergam o céu, as estrelas, as 
leis naturais, etc. Mas as tias Nastácias sabem muito 
bem das formiguinhas que furtam açúcar. 
- E é mesmo, sinhá, confirmou a preta. Outro 
dia, esqueci de tampar a terrina de doce de laranja, e 
quando foi de manhã estava pretinha de formigas. As 
bobas se deixam grudar na calda e morrem afogadas. 
Bem feito! Quem manda serem gatuninhas? 
- Então você também é gatuna, disse Emília, 
porque furta as laranjas da laranjeira para fazer doce. 
- Mas a laranjeira é da gente, Emília, é da casa – é 
ali de dona Benta. Quem tira o que é seu não furta. 
- E onde está a escritura da Natureza que deu a 
laranjeira à dona Benta? Gritou Emília pregando um 
soco na mesa. 
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. São 
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1945, p. 96-8. 
 5

Outros materiais