Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
390 ciÊncias da natureZa e suas tecnologias Biologia III Anual – Volume 1 Leitura Complementar III PROJETO GENOMA HUMANO (PGH) Iniciado em 1990, o Projeto Genoma Humano procura descobrir a posição de cada gene no cromossomo (mapeamento) e estabelecer a sequência de bases de cada gene (sequenciamento). Em abril de 2003 foi estabelecida a sequência de bases de 99,99% dos cerca de 3,3 bilhões de pares de nucleotídeos que compõem os genes humanos (escrita com letras do tamanho desta página, a sequência de bases do genoma humana ocuparia mais de 1500 volumes iguais a este livro). Calcula-se que haja entre 300 mil genes que codifi cam proteínas, mas há entre os genes dos eucariontes grandes sequências de nucleotídeos repetidos e trechos formados por sequências de bases que não codifi cam proteínas. Alguns desses trechos são formados por genes controladores da expressão dos outros genes. Além disso, o RNA-m sintetizado pelo DNA pode ser “cortado” e “recombinado”, formando novas moléculas, o que faz com que um gene possa produzir mais de uma proteína. O genoma de outros organismos, como ratos, bactérias e plantas, também vem sendo sequenciado. Esses estudos nos permitem compreender não apenas a fi siologia desses organismos, mas também a nossa, visto que compartilhamos muitos de nossos genes com outros organismos. Vejamos algumas aplicações do Projeto Genoma Humano: • Permitir a identifi cação dos genes que causam ou que contribuem para doenças genéticas ou para o câncer, aumentando a capacidade de diagnosticar doenças na fase iniciar por meio de testes genéticos e probabilidade de cura. Cerca de cinquenta alterações em genes que provocam câncer já são conhecidas; • Ajudar no aconselhamento genético, que analisa as chances de um casal transmitir doenças hereditárias para o fi lho. Dessa forma, é possível, depois dos exames pré-natais, avaliar as doenças que poderão ser transmitidas aos fi lhos e as formas de evitá-las ou tratá-las desde cedo; • Descobrir mais sobre o funcionamento do gene, e até a forma como ele controla ou infl uencia diversas características. Desse modo, podemos compreender melhor as causas do envelhecimento, da obesidade e de muitas doenças; • Ajudar a descobrir a sequência de aminoácidos de várias proteínas, o que permitiria entender melhor sua função e criar novos medicamentos. É o estudo do proteoma; • Criar drogas específi cas para cada tipo de doença e de indivíduo, aumentando sua efi cácia e reduzindo os efeitos colaterais; • Analisar o grau de parentesco evolutivo entre as espécies (metade do genoma do ser humano é igual ao da mosca- das-frutas) e entre grupos de populações, criando árvores genealógicas, compreendendo melhor a evolução dos grupos” e das espécies. O exame de ancestralidade genômica é capaz de revelar as origens de uma pessoa; • Facilitar o desenvolvimento de plantas e animais transgênicos. O grande desafio da chamada “era genômica” é a determinação da coleção de proteínas expressas pelo genoma, em momentos específi cos, na célula. O estudo do proteoma, como é chamado, se põe como uma continuação do Projeto Genoma. Após a determinação da sequência de bases nitrogenadas pelo Projeto Genoma, o projeto do proteoma se dedicará a determinar qual coleção de genes estará sendo expressa em resposta às variáveis ambientais e metabólicas. LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje. v. 3. ed. 12. São Paulo: Ática, 2009. p. 146. Leitura Complementar IV PROJETO PROTEOMA HUMANO Proteoma é um termo relativamente novo, que signifi ca o conjunto de proteínas expressas por um genoma. O genoma de um organismo, como o de um ser humano, é praticamente constante e independe de qual das diferentes células (excetuando-se óvulos e espermatozoides) está sendo analisada ou de variações no meio ambiente. Por outro lado, o proteoma de um neurônio é bastante diferente do proteoma de um linfócito de um mesmo indivíduo, já que as diferenças morfológicas e funcionais entre as duas células são refl exo do conjunto de proteínas que cada uma produz. O mesmo tipo de célula pode apresentar diferentes proteomas em resposta a estímulos externos, como a ação de drogas, poluição ou mesmo stress nervoso. Para se conhecer o proteoma de uma célula, é preciso determinar a sequência de aminoácidos e a estrutura tridimensional de cada molécula de proteína. O processo é semelhante ao processo sequenciamento de genes: no genoma, os cientistas identifi cam a ordem das bases nitrogenadas A, C, G e T no DNA; no proteoma, estuda-se a combinação dos 20 tipos de aminoácidos, que podem assumir centenas de milhares de combinações. A partir das sequências de DNA dos genes, pode-se deduzir a sequência de aminoácidos das proteínas por eles codifi cadas. Essa informação é de grande importância, já que a sequência de aminoácidos de uma proteína (ou estrutura primária) é a característica primordial que defi ne sua forma e função. Por outro lado, o sequenciamento de genes revela muito pouco sobre como as proteínas de um organismo operam individualmente ou em conjunto para exercer suas funções. Além disso, sabe-se que, após serem sintetizadas, as proteínas podem sofrer modifi cações, como glicosilações (adições de açúcares), forforilações (adição de fosfatos) e outras transformações. Tais informações não podem ser retiradas exclusivamente da sequência de genes. O proteoma é, portanto, o resultado da expressão de um conjunto de genes e das modifi cações que ocorrem após a tradução das proteínas, em resposta a condições ambientais defi nidas. O genoma humano servirá de “trampolim” para acelerar as pesquisas do proteoma, que ainda estão em estágio inicial. LOPES, Sônia. Bio 3. São Paulo: Saraiva, 2006. Página 189. Leitura Complementar V CRISPR-Cas9 Na década de 1980, foi identifi cada no genoma da bactéria Escherichia coli uma região com um padrão incomum, na qual uma sequência altamente variável era intercalada por uma sequência repetida sem função conhecida. Em 2005, foi postulado que as sequências variáveis eram de origem extracromossomal, atuando como uma memória imunológica contra fagos e plasmídeos, dando início ao então desconhecido sistema Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats (CRISPR) e Cas (Associated Proteins), que fulgura desde 2012 como uma das principais ferramentas biotecnológicas de edição genômica.(24) Oriundo do sistema imune-adaptativo de procariontes, este mecanismo reconhece o material genético invasor, cliva-o em pequenos fragmentos e o integra ao seu próprio DNA. Em uma segunda infecção pelo mesmo agente, ocorrem: transcrição de locus CRISPR, processamento do RNA (crRNAS), que formam complexos com as proteínas Cas, e estes reconhecem os ácidos nucleicos estranhos e fi nalmente o destroem.(24) 391 ciÊncias da natureZa e suas tecnologiasBiologia III Anual – Volume 1 Com base neste mecanismo natural, foi desenvolvida a técnica CRISPR, que viabiliza a edição de sequências de DNA alvo- específi ca do genoma de qualquer organismo pela ação exclusiva de somente 3 moléculas: a nuclease (Cas9), responsável pela clivagem do DNA dupla fi ta; um RNA guia, que guia o complexo até o alvo; e o DNA alvo, conforme mostra a fi gura 2.(25,26) Cas9 DNA genômico RNA-guia DNA doador Reparo DNA-alvo Terapia gênica Genoma alvo de edição Células Camundongo Fonte: Modifi cado de Vieira GV, Cecílio NT, Arruda LM, Sales KU. Visão geral do mecanismo básico de ação. In: Pereira TC, organizador. Introdução à técnica de CRISPR. Ribeirão Preto: Cubo; 2016. Cap. 2 p. 54.(27) Figura 2. Sistema CRISPR Cas-9. A técnica envolve basicamente três moléculas: uma nuclease (geralmente a Cas-9 tipo selvagem de Streptococcus pyogenes), um RNA guia (conhecido como single guide RNA) e o alvo (frequentemente o DNA). Devido à sua simplicidade e à sua precisão quando comparada a outras técnicas (Zinc-Finger Nucleases, TALENs e Gene Targeting), o sistema CRISPR surge como uma versátil ferramentaque promove a edição gênica por meio do nocauteamento (gene knockout – KO), da integração de sequências exógenas (knock-in), da substituição alélica, dentre outros.(27,28) O RNA guia se hibridiza com o DNA alvo. A Cas-9 reconhece este complexo e deve mediar a clivagem da dupla fi ta do DNA e reparação na presença de um DNA doador (homólogo). O resultado deste processo é a integração de uma sequência exógena no genoma (knock-in) ou substituição alélica. O rápido avanço desta nova tecnologia permitiu a realização de ensaios translacionais em células somáticas humanas, utilizando a edição gênica por CRISPR. As primeiras aplicações com foco terapêutico já despontam descrevendo, inclusive, etapas de otimização dos sistemas de entrega e especifi cidade para a segurança e efetividade do sistema.(28,29) Pesquisadores da Universidade de Califórnia e Utah recentemente obtiveram sucesso na correção da mutação do gene da hemoglobina, que origina a anemia falciforme. Células CD34+ de pacientes portadores de anemia falciforme foram isoladas, editadas por CRISPR-Cas9 e, após 16 semanas, os resultados demonstraram redução dos níveis de expressão do gene mutado e um aumento da expressão gênica do tipo selvagem.(29) A tecnologia em referência está sendo empregada majoritariamente em patologias genéticas monogênicas que, apesar de serem raras, podem atingir cerca de 10 mil doenças descritas.(4) Testes clínicos de fase 1 são previstos para 2017, assim como o surgimento de empresas voltadas para o uso clínico deste sistema. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 45082017000300369&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Leitura Complementar VI DOPING GENÉTICO De acordo com a defi nição de 2004 da World Anti-Doping Agency (WADA), doping genético é o uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação da expressão gênica, que tenham a capacidade de aumentar o desempenho esportivo. Ainda que esteja sendo desenvolvida com o propósito de tratar doenças graves, a terapia gênica, assim como diversas outras intervenções terapêuticas, tem grande potencial de abuso entre atletas saudáveis que queiram melhorar o desempenho. A história tem mostrado que atletas são capazes de ignorar diversos riscos na busca de ultrapassar seus limites competitivos. A exemplo de fármacos de efeitos colaterais desconhecidos, é muito provável que atletas se submetam à terapia gênica para fi ns de ganho no desempenho competitivo, mesmo sabendo que existem riscos conhecidos e que também existem riscos que ainda são desconhecidos. Considerando que a terapia gênica está apenas em estágio inicial de desenvolvimento e que, teoricamente, os atletas ainda não fazem uso desse tipo de estratégia ergogênica, pode-se apenas comentar sobre os genes que são candidatos importantes ao uso indevido no meio esportivo. São eles: eritropoetina, bloqueadores da miostatina (folistatina e outros), vascular endothelial growth factor (VEFG), insulin-like growth factor (IGF-1), growth hormone (GH), leptina, endorfi nas e encefalinas, e peroxissome proliferator actived receptor delta (PPARd). Eritropoetina A eritropoetina é uma proteína produzida nos rins cujo principal efeito é o estímulo da hematopoese. Logo, uma cópia adicional do gene que codifi ca a eritropoetina resulta no aumento da produção de hemácias, de modo que a capacidade de transporte de O 2 para os tecidos é aumentada. Esse tipo de doping seria, portanto, especialmente ergogênico para atletas de endurance. Pesquisas com ratos e macacos conseguiram com sucesso transferir uma cópia adicional do gene da eritropoetina, sugerindo que esse tipo de doping já seja factível. Entretanto, é muito provável que a super-expressão de eritropoetina tenha efeitos prejudiciais importantes em pessoas saudáveis, haja vista que foi observada uma elevação muito acentuada do hematócrito de macacos (de 40% a aproximadamente 80%). Isso obviamente pode representar um risco sério de comprometimento da função cardiovascular, incluindo difi culdade de manutenção do débito cardíaco e da perfusão tecidual, devido ao substancial aumento da viscosidade sanguínea. Além disso, foi relatada anemia grave em alguns animais por causa de uma resposta autoimune à transferência do gene extra. Esses relatos levantam sérias dúvidas quanto à real possibilidade de uso da transferência do gene da eritropoetina em atletas. Bloqueadores da miostatina A miostatina é uma proteína expressa na musculatura esquelética, tanto no período embrionário quanto na idade adulta. Sua ação consiste em regular a proliferação dos mioblastos durante o período embrionário e a síntese proteica na musculatura esquelética durante e após o período embrionário. Em algumas raças de bois observa-se crescimento incomum da musculatura de alguns animais (fenômeno conhecido por double muscling). Há poucos anos foi verifi cado que esses animais apresentavam mutações no gene da miostatina, de modo que se formava uma proteína não funcional, o que demonstrou que a miostatina inibia o crescimento 392 ciÊncias da natureZa e suas tecnologias Biologia III Anual – Volume 1 da musculatura esquelética. Recentemente foi descrito o caso de uma criança que apresentava fenótipo semelhante ao double muscling. Foi observado que essa criança também tinha deleções no gene da miostatina. Lee e McPherron, utilizando modelos de ratos transgênicos, concluíram que a super-expressão de bloqueadores da miostatina, tais como folistatina, leva ao mesmo fenótipo de double muscling. A miostatina inibe tanto a hiperplasia quanto a hipertrofi a muscular, sendo que o ganho de massa muscular decorrente do bloqueio da miostatina se dá principalmente pelo aumento no número de fi bras musculares. Em vista disso, acredita-se que o bloqueio da sinalização da miostatina seja um dos candidatos de maior potencial de abuso no esporte, já que o ganho de massa muscular pode ser decisivo em diversas modalidades esportivas. Contudo, a utilização de bloqueadores da miostatina como recurso ergogênico talvez ainda esteja um pouco distante, já que os estudos com bloqueio da miostatina envolveram animais transgênicos, ou seja, que não produziam a proteína desde o início do desenvolvimento. Não se sabe, portanto, quais são exatamente os efeitos quando o bloqueio ocorre apenas na idade adulta, período em que não se observa aumento no número de fi bras musculares. Outra questão importante diz respeito à possibilidade de expressão dos genes inibidores da miostatina em outros tecidos musculares, como os lisos e o cardíaco. Apesar desse risco não ser muito alto, uma vez que os animais do estudo de Lee e McPherron expressaram os transgenes apenas na musculatura esquelética, não se pode descartar essa hipótese, considerando que não há dados na literatura sobre transferência vetorial desses genes e que envolvam seres humanos. RISCOS ASSOCIADOS AO DOPING GENÉTICO Para avaliar os riscos envolvidos com o doping genético, é preciso primeiramente conhecer os riscos da terapia gênica. Sabe-se que uma das principais preocupações da terapia gênica é a utilização de vírus como vetor. Apesar dos rigorosos controles em todas as etapas de preparação dos vírus geneticamente modifi cados, existe o risco do vírus provocar respostas infl amatórias importantes no paciente, embora esse seja um dos assuntos sobre os quais mais se tem buscado soluções. A chance do gene ser introduzido erroneamente em células germinativas, apesar de muito baixa, deve também ser considerada como um risco inerente ao procedimento. Outro problema relacionado ao vetor viral é a capacidade de mutação e replicação que ele poderia ter, especialmente se houver falhas em sua preparação, o que pode ser comum em laboratórios “clandestinos” que se disponham a realizar doping genético. Além disso, há também os riscos não relacionados ao vetor, mas aos efeitos do gene inserido, como o aumento da viscosidade sanguíneapela super-expressão de eritropoetina, ou o aumento da chance de ocorrer neoplasias pela super-expressão de fatores de crescimento. A falta de controle sobre a expressão do gene inserido pode, de forma semelhante, representar um risco da terapia. Os riscos específi cos de cada gene são menos previsíveis do que os riscos gerais inerentes à técnica de transferência genética, especialmente se considerarmos que os testes clínicos serão realizados na maioria das vezes em pessoas doentes com defi ciência no gene testado. Logo, não seria possível saber antecipadamente como pessoas saudáveis, como é o caso dos atletas, responderiam ao mesmo tratamento. Apesar disso, o número relatado de problemas decorrentes da terapia gênica é bastante reduzido, e até o momento tudo indica que, se os procedimentos estiverem todos de acordo com os critérios de segurança, a possibilidade de ocorrerem problemas é baixa, indicando que a terapia gênica se tem mostrado relativamente segura. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1517-86922007000500013>. Exercícios de Fixação 01. (Fuvest) Uma conquista recente no campo da biotecnologia é o uso de bactérias para a produção de proteína animal de interesse comercial. Por exemplo, hoje já estão sendo comercializadas insulina e somatotrofi na (ou somatropina) humanas produzidas por bactérias. A) Em que locais do corpo humano são produzidas essas proteínas e qual é a principal função de cada uma delas no organismo? B) Explique sucintamente o processo por meio do qual se modificam bactérias para que elas passem a produzir proteínas humanas. 02. (Unicamp) Existem mecanismos que normalmente impedem a troca de genes entre espécies distintas. Nos últimos anos, porém, as fronteiras entre as espécies vêm sendo rompidas com a criação de organismos transgênicos. A introdução de soja e de outras plantas transgênicas tem gerado muita polêmica, pois, apesar de seus inúmeros benefícios, não há ainda como avaliar os riscos que os organismos transgênicos apresentam. A) Cite dois mecanismos que impedem a troca de genes entre espécies distintas. B) Defi na um organismo transgênico. C) Indique um benefício decorrente da utilização de organismos transgênicos e um possível risco para o ambiente ou para a saúde humana. 03. (Fuvest/2017) A produção de insulina humana para o tratamento do diabetes pode ser feita, inserindo-se, em bactérias, a sequência de nucleotídeos correspondente à cadeia polipeptídica desse hormônio. A) Por que é possível sintetizar uma proteína humana, a partir de sequência de nucleotídeos específi ca humana, utilizando a maquinaria da bactéria? B) Para a produção de insulina, a sequência de nucleotídeos inserida na bactéria pode ser idêntica à do gene humano, contendo íntrons e éxons? Justifi que sua resposta. 04. (Enem-PPL/2017) Um geneticista observou que determinada plantação era sensível a um tipo de praga que atacava as fl ores da lavoura. Ao mesmo tempo, ele percebeu que uma erva daninha que crescia associada às plantas não era destruída. A partir de técnicas de manipulação genética, em laboratório, o gene da resistência à praga foi inserido nas plantas cultivadas, resolvendo o problema. Do ponto de vista da biotecnologia, como essa planta resultante da intervenção é classifi cada? A) Clone. B) Híbrida. C) Mutante. D) Dominante. E) Transgênica. 05. (Unifesp/2017) O Sistema CRISPR-Cas9 foi desenvolvido em laboratório e é constituído de um RNA-guia (CRISPR) associado a uma enzima de restrição (Cas9). O RNA-guia é uma sequência curta de RNA sintético complementar à sequência de um determinado trecho de DNA. Quando introduzido em células vivas, o CRISPR-Cas9 detecta a sequência de DNA complementar e a enzima corta o DNA em um ponto específi co. Em seguida, o sistema de reparo do DNA é ativado, unindo novamente os segmentos que foram separados. Nesse processo, podem ocorrer alterações na sequência original, causando a inativação de um gene. Sistemas semelhantes ao CRISPR-Cas9 são encontrados naturalmente em bactérias e ativados quando estas são infectadas por vírus. 393 ciÊncias da natureZa e suas tecnologiasBiologia III Anual – Volume 1 DNA Cas9 RNA-guia corte sistema de reparo do DNA alteração de sequência Disponível em: <http://www.aati-us.com>. Adaptado. A) Cite uma vantagem que sistemas semelhantes ao CRISPR-Cas9 conferem a bactérias atacadas por um vírus cujo material genético seja o DNA. Supondo que no DNA viral exista a sequência de bases nitrogenadas CCCTATAGGG, qual será a sequência de bases no RNA-guia associado à Cas9 bacteriana? B) Por que a alteração na sequência de DNA provocada pelo CRISPR-Cas9 pode inativar um gene? 06. (Enem-PPL/2017) O resultado de um teste de DNA para identifi car o fi lho de um casal, entre cinco jovens, está representado na imagem a seguir. As barras escuras correspondem aos genes compartilhados. Mãe Pai I II III IV V Qual dos jovens é fi lho do casal? A) I B) II C) III D) IV E) V 07. (Unicamp/2016) Aedes aegypti modifi cados (transgênicos) têm sido utilizados no combate à dengue. Esses mosquitos produzem uma proteína que mata seus descendentes ainda na fase de larva. Mosquitos machos modifi cados são soltos na natureza para procriar com fêmeas nativas, mas os fi lhotes resultantes desse cruzamento não sobrevivem. É possível monitorar a presença de ovos resultantes do cruzamento de machos modifi cados com fêmeas nativas a partir da luz fl uorescente emitida pelos ovos. A) Descreva o princípio da técnica utilizada para produzir os mosquitos modifi cados. B) Por que os ovos resultantes do cruzamento dos machos modifi cados com fêmeas nativas emitem luz fl uorescente? O que é preciso fazer com os ovos para saber se eles emitem luz fl uorescente? 08. (Enem-PPL/2016) Após a germinação, normalmente, os tomates produzem uma proteína que os faz amolecer depois de colhidos. Os cientistas introduziram, em um tomateiro, um gene antissentido (imagem espelho do gene natural) àquele que codifi ca a enzima “amolecedora”. O novo gene antissentido bloqueou a síntese da proteína “amolecedora”. SIZER, F.; WHITNEY, E. Nutrição: conceitos e controvérsias. Barueri: 2002 (adaptado). Um benefício ao se obter o tomate transgênico foi o fato de o processo biotecnológico ter A) aumentado a coleção de proteínas que o protegem do apodrecimento, pela produção da proteína antissentido. B) diminuído a necessidade do controle das pragas, pela maior resistência conferida pela nova proteína. C) facilitado a germinação das sementes, pela falta da proteína que o leva a amolecer. D) substituído a proteína amolecedora por uma invertida, que endurece o tomate. E) prolongado o tempo de vida do tomate, pela falta da proteína que o amolece. 09. (Enem PPL 2016) Para verifi car a efi cácia do teste de DNA na determinação de paternidade, cinco voluntários, dentre eles o pai biológico de um garoto, cederam amostras biológicas para a realização desse teste. A fi gura mostra o resultado obtido após a identifi cação dos fragmentos de DNA de cada um deles. Garoto Mãe 1º 2º 3º 4º 5º OLIVEIRA, F. B.; SILVEIRA, R. M. V. O teste de DNA na sala de aula: é possível ensinar biologia a partir de temas atuais. Revista Genética na Escola, abr. 2010. Após a análise das bandas de DNA, pode-se concluir que o pai biológico do garoto é o A) 1º voluntário. B) 2º voluntário. C) 3º voluntário. D) 4º voluntário. E) 5º voluntário. 394 ciÊncias da natureZa e suas tecnologias Biologia III Anual – Volume 1 10. (Unifesp/2016) As fi guras representam os resultados de dois exames de DNA em que as amostras de DNA dos envolvidos são fragmentadas com enzimas específi cas e submetidas à eletroforese, gerando um padrão de faixas ou “bandas”. A situação 1 refere-se a um caso de investigação de paternidade: o suposto pai deseja saber se a criança é, de fato, seu fi lho biológico. A situação 2 refere-se a uma investigaçãocriminal: na cena do crime foram encontradas manchas de sangue e o delegado precisa saber se o sangue é da vítima, de um indivíduo apontado como suspeito de ser o criminoso ou de uma terceira pessoa não identifi cada até o momento. Situação 1 Criança mãe Suposto pai Situação 2 amostra de sangue recolhida no local vítima suspeito A partir da análise dos resultados, responda: A) A criança é fi lho biológico do suposto pai? Justifi que sua resposta. B) A amostra de sangue recolhida no local do crime é da vítima, do suspeito ou de uma terceira pessoa não identifi cada? Justifi que sua resposta. Exercícios Propostos 01. (Enem/2015) A palavra “biotecnologia” surgiu no século XX, quando o cientista Herbert Boyer introduziu a informação responsável pela fabricação da insulina humana em uma bactéria para que ela passasse a produzir a substância. Disponível em: <www.brasil.gov.br>. Acesso em 28 jul. 2012 (adaptado). As bactérias modifi cadas por Herbert Boyer passaram a produzir insulina humana porque receberam A) a sequência de DNA codifi cante de insulina humana. B) a proteína sintetizada por células humanas. C) um RNA recombinante de insulina humana. D) o RNA mensageiro de insulina humana. E) um cromossomo da espécie humana. 02. (Fuvest/2017) A produção de insulina humana para o tratamento do diabetes pode ser feita inserindo-se em bactérias a sequência de nucleotídeos correspondente à cadeia polipeptídica desse hormônio. A) Por que é possível sintetizar uma proteína humana, a partir de sequência de nucleotídeos específi ca humana, utilizando a maquinaria da bactéria? B) Para a produção de insulina, a sequência de nucleotídeos inserida na bactéria pode ser idêntica à do gene humano, contendo íntrons e éxons? Justifi que sua resposta. 03. (Enem/2014) Em um laboratório de genética experimental, observou-se que determinada bactéria continha um gene que conferia resistência a pragas específi cas de plantas. Em vista disso, os pesquisadores procederam de acordo com a fi gura. 1 - Bactéria 2 - Isolamento do DNA bacteriano 3 - Clonagem do DNA 4 - Extração do gene de interesse 5 - Fabricação do gene 6 - Inserção do gene nas células do tecido da planta7 - Planta Do ponto de vista biotecnológico, como a planta representada na fi gura é classifi cada? A) Clone. B) Híbrida. C) Mutante. D) Adaptada. E) Transgênica. 04. (Enem/2013) Para a identificação de um rapaz vítima de acidente, fragmentos de tecidos foram retirados e submetidos à extração de DNA nuclear, para comparação com o DNA disponível dos possíveis familiares (pai, avô materno, avó materna, fi lho e fi lha). Como o teste com o DNA nuclear não foi conclusivo, os peritos optaram por usar também DNA mitocondrial, para dirimir dúvidas. Para identifi car o corpo, os peritos devem verifi car se há homologia entre o DNA mitocondrial do rapaz e o DNA mitocondrial do(a) A) pai. B) fi lho. C) fi lha. D) avó materna. E) avô materno. 05. (Enem/2013) A estratégia de obtenção de plantas transgênicas pela inserção de transgenes em cloroplastos, em substituição à metodologia clássica de inserção do transgene no núcleo da célula hospedeira, resultou no aumento quantitat ivo da produção de proteínas recombinantes com diversas finalidades biotecnológicas. O mesmo tipo de estratégia poderia ser utilizada para produzir proteínas recombinantes em células de organismos eucarióticos não fotossintetizantes, como as leveduras, que são usadas para produção comercial de várias proteínas recombinantes e que podem ser cultivadas em grandes fermentadores. A) Lisossomo. B) Mitocôndria. C) Peroxissomo. D) Complexo golgiense. E) Retículo endoplasmático. 395 ciÊncias da natureZa e suas tecnologiasBiologia III Anual – Volume 1 06. (Fuvest-SP) Uma maneira de se obter um clone de ovelha é transferir o núcleo de uma célula somática de uma ovelha adulta A para um óvulo de uma outra ovelha B, do qual foi previamente eliminado o núcleo. O embrião resultante é implantado no útero de uma terceira ovelha C, onde origina um novo indivíduo. Acerca do material genético desse novo indivíduo, pode-se afi rmar que: A) o DNA nuclear e o mitocondrial são iguais aos da ovelha A. B) o DNA nuclear e o mitocondrial são iguais aos da ovelha B. C) o DNA nuclear e o mitocondrial são iguais aos da ovelha C. D) o DNA nuclear é igual ao da ovelha A, mas o DNA mitocondrial é igual ao da ovelha B. E) o DNA nuclear é igual ao da ovelha A, mas o DNA mitocondrial é igual ao da ovelha C. 07. (Enem-PPL/2013) A transferência de genes que poderiam melhorar o desempenho esportivo de atletas saudáveis foi denominada doping genético. Uma vez inserido no genoma do atleta, o gene se expressaria gerando um produto endógeno capaz de melhorar o desempenho atlético. ARTOLI, G. G.; HIRATA, R. D. C.; LANCHA JR., A. H. Revista Brasileira de Medicina Esportiva, v. 13, n. 5, 2007 (adaptado). Um risco associado ao uso dessa biotecnologia é o(a) A) obtenção de baixo condicionamento físico. B) estímulo ao uso de anabolizantes pelos atletas. C) falta de controle sobre a expressão fenotípica do atleta. D) aparecimento de lesões decorrentes da prática esportiva habitual. E) limitação das adaptações fisiológicas decorrentes do treinamento físico. 08. (Enem/2013) Cinco casais alegavam ser os pais de um bebê. A confi rmação da paternidade foi obtida pelo exame de DNA. O resultado do teste está esquematizado na fi gura, em que cada casal apresenta um padrão com duas bandas de DNA (faixas, uma para cada suposto pai e outra para a suposta mãe), comparadas à do bebê. Bebê 1 Pai Mãe Pai 2 Mãe 3 Pai Mãe 4 Pai Mãe 5 Pai Mãe Que casal pode ser considerado como pais biológicos do bebê? A) 1 B) 2 C) 3 D) 4 E) 5 09. (Enem-PPL/2012) Um estudo modificou geneticamente a Escherichia coli, visando permitir que essa bactéria seja capaz de produzir etanol pela metabolização do alginato, açúcar presente em grande quantidade nas algas marrons. A experiência mostrou que a bactéria transgênica tem capacidade de obter um rendimento elevado na produção de etanol, o que pode ser aplicado em escala industrial. “Combustível de algas”. Revista Pesquisa Fapesp, ed. 12, fev. 2012. Adaptado. O benefício dessa nova tecnologia, em comparação às fontes atuais de produção de etanol, baseia-se no fato de que esse modelo experimental A) aumentará a extensão de área continental cultivada. B) aumentará a captação de CO 2 atmosférico. C) facilitará o transporte do etanol no fi nal da etapa produtiva. D) reduzirá o consumo de água doce durante a produção de matéria-prima. E) reduzirá a contaminação dos mares por metais pesados. 10. (Enem-PPL/2012) Pela manipulação genética, machos do Aedes aegypti, mosquito vetor da dengue, criados em laboratório, receberam um gene modifi cado que produz uma proteína que mata a prole de seu cruzamento. SILVEIRA, E. Disponível em: <www.pesquisafapesp.com.br>. Acesso em: 14 jun. 2011 (adaptado) Com o emprego dessa técnica, o número de casos de dengue na população humana deverá diminuir, pois A) os machos modifi cados não conseguirão fecundar as fêmeas. B) os machos modifi cados não obterão sucesso reprodutivo. C) os machos modifi cados possuem genes que impedem a infecção dos mosquitos. D) a inserção de novos mosquitos aumentará a quantidade de mosquitos imunes ao vírus. E) o número de machos modifi cados crescerá com as gerações. 11. (Unesp/2012) Considere o cartum. Re pr od uç ão /U ne sp 2 01 2
Compartilhar