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1 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Maria Eduarda Amâncio Zamboni FICHAMENTO SOBRE LIVRO “DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS” DE J. J. ROUSSEAU §1º DIFUSÃO INTRODUTÓRIA O livro do filosofo iluminista que viveu no século XIX, Jean-Jacques Rousseau Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens possui uma repartição de três partes: Dedicatória, Prefácio e por fim o Discurso (que também é dividido em duas partes) sobre as quais desenvolverei ao decorrer desde fichamento. §2º DEDICATÓRIA A obra em questão, divulgada oficialmente em 1755, teve a sua publicação em uma temporada onde o autor ainda apresentava grande apreciação da sociedade em geral, e foi a partir da disseminação de sua mais nova teoria a cerca das origens e fundamentos da desigualdade entre os homens que tal apreciação diminui drasticamente, com a formação do “grande complô” como diz Rousseau. Nesta parte de seu livro, o filósofo procura deixar claro que os principais pontos estão em torno da exaltação do papel das mulheres dentro da sociedade, do louvor a seu pai e de sua real dedicatória aos cidadãos de Genebra e aos representantes do Estado, onde ele expõe que sua pátria era “...a imagem mais aproximada do que pode ser um Estado virtuoso e feliz, democrático e solidamente estabelecido...”. §3º PREFÁCIO No presente tópico, Rousseau realiza a demonstração do preceito que usará para articular seu pensamento a respeito da pergunta feita pela Academia: "Como conhecer, pois, a origem da desigualdade entre os homens, a não ser começando por conhecer o próprio homem?”. Para tal missão, é imprescindível a chegada ao que o filósofo chama de “homem natural”, mas quando isso acontece, surge uma incongruência: para que seja possível o acesso 2 ao homem natural, precisamos deixar todo repertório do homem civilizado, ou homem social que é como ele chamará nas próximas partes, ou seja, ao passo que chegamos mais próximos de entender o homem natural, cada vez mais estamos nos distanciando dele, pois não nos despimos de nosso repertório. Então, ponto fim à essa incongruência, Rousseau faz uma reflexão sobre o que ele chama de “as mais simples realizações da alma humana”, e chega ao desfecho de que, são dois princípios básicos que coordenam a alma humana: o sentido de autopreservação, e o sentido de comiseração ou clemência. §4º DISCURSO – PARTE 1 Começando a primeira parte desse item, o autor fala sobre dois tipos de desigualdades, a física (idade, gênero, altura, massa corporal etc.), que a princípio não será o instrumento de estudo do filósofo, e a política, na qual ele se aprofundará. No ínterim dessa primeira etapa do Discurso, Rousseau rebate as teses de Hobbes e de outros filósofos que diziam que o homem natural se igualava ao homem social, e uma de suas refutações, ele se baseava na ideia de que homem natural seria um ser desacompanhado, que tem em si um sentido de autopreservação, que seria um ser com a capacidade de compaixão por aqueles que são próximos dele e que goza limitadamente de um potencial da razão. Tal capacidade de compaixão pode ser diminuída ao mecanismo de autopreservação dos iguais (seres da mesma espécie). Além de reconhecer o homem natural como um ser que andava só e que tinha esse senso de autopreservação de indivíduos da mesma espécie, Rousseau não vislumbra uma razão única e exclusiva que teria um potencial para conduzir o homem natural à vida em um coletivo, uma vez que ele seria um sujeito que vive o tempo atual, que possui um bom sistema de organização tanto mental quanto físico, passível de conhecimento complexo, como pesca, caça, agricultura etc., um ser inocente e que não retém discernimento sobre o bem e o mal, mas que detém duas características que o diferencia das outras espécies animais: liberdade e a perfectibilidade, um neologismo criado por Rousseau que tem como base a capacidade que o homem porta de estar em constante aperfeiçoamento. Rousseau também se empenha em manifestar a lacuna de convergência entre o homem natural e o homem social através da análise dos primórdios da linguagem, e finaliza sustentando que a transição do homem natural para o homem social é a aurora das desigualdades e que ela não poderia ser fruto do próprio indivíduo por se tratar de um agente extrínseco. 3 §5º DISCURSO – PARTE 2 A partir da segunda cisão do Discurso, Rousseau expõe a maneira em que se deu o desenvolvimento do homem natural para o social por meio de uma exegese que deixa à mostra como aconteceu o surgimento das desigualdades morais/políticas entre os homens. Nessa exegese, ele aponta que a perfectibilidade seria o potencial fundamento para toda transformação, e também ressalta que a preocupação do homem natural era estritamente sua subsistência e que, para que ela fosse possível, ele teria que atravessar diversas dificuldades, onde alcançaria novos tipos de sapiência, como por exemplo a reunião com outros homens, que em um primeiro momento, eram sempre aleatórias e que Rousseau intitula de “primeira revolução”, pois foi nesse tempo que foram construídos os primeiros recantos. Tal revolução permitiu o fim do nomadismo e que o ser humano natural pudesse ter um tempo mais extenso com seus parceiros, o que futuramente denominamos de famílias e com elas o encabeçamento do amor matrimonial e o amor pátrio. Ao passar mais tempo junto com seus companheiros, novos meios de linguagem emergem, e as famílias começam a construir suas moradias cada vez mais próximas uma das outras, desencadeando as atuais comunidades. Rousseau enfatiza que o homem careceria ter parado neste momento, onde o convívio em corpo social com poucas urgências era possível para a quantidade de recursos que se tinha disponível, entretanto o que dificulta a permanência neste corpo social é a perfectibilidade, que acabou por produzir uma comparação entre os homens que, por sua vez gerou uma situação de conflito simultaneamente com o desponte da agricultura e o surgimento da metalurgia. A partir disso, surge uma separação do ofício e uma ideia de propriedade e então passam a surgir indivíduos ricos e pobres (ambos dependem uns dos outros). Em meio a tamanha anomia social, são assertadas as leis que terão como principal propósito a proteção, tanto de suas posses quanto do autoritarismo dos mais influentes. Logo após o estabelecimento das normas, ocorre a eclosão de governantes que o filosofo trata de três diferentes formas: a eletiva, onde um só indivíduo é considerado merecedor e suficiente de liderança, e a partir disso dá-se a aurora da monarquia; a aristocrata, em que mais de uma pessoa é merecedora e suficiente de liderança; e a democracia, que acontece caso hajam seres com atributos análogos; todavia, Rousseau pontua que, caso aconteça a alteração de qualquer um destes modelos de governo, estabelecem-se os Estados autoritários ou despóticos. §5º CONCLUSÃO 4 Consumando, Rousseau empenha-se em realizar uma investigação cientifica da sociedade e utiliza do “estado de natureza” como analogia, para que seja possível a compreensão de sua teoria a cerca da origem e dos fundamentos das desigualdades entre os homens. Além disso, a utilização do “estado de natureza” como analogia, permite que haja o entendimento de que cada vez mais o corpo social se encontra distante do estado natural. O autor também destaca uma inquietação lateral enlaçada à sua fé, e explica que o homem natural não passa de uma criação dele para que fosse viável a compreensão de sua investigação, portanto ela jamais contrariaria os escritos sagrados. BIBLIOGRAFIA: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens Editora Universidade de Brasília – Brasília/DF; Editora Ática – São Paulo/SP – 1989.