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295 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 1. RADIOATIVIDADE: FENÔMENO NUCLEAR 1.1. Como a radioatividade foi descoberta No ano de 1896, o francês Henri Becquerel constatou que um compos- to de urânio — sulfato de potássio e uranilo, K2UO2(SO4)2 — apresentava a interessante característica de causar uma mancha numa chapa foto- gráfica mesmo no escuro e embrulhada em papel negro. A interpretação de Becquerel era de que o composto emitia algum tipo de raio capaz de atravessar o papel e atuar sobre a chapa. Essa pro- priedade era semelhante à dos raios X descobertos um ano antes por Wilhelm Conrad Röntgen. Ainda no mesmo ano, Becquerel percebeu que os raios do urânio ioni- zavam gases, isto é, provocavam neles o aparecimento de íons, tornan- do-os condutores de corrente elétrica. Anos mais tarde, o alemão Hans Geiger utilizaria essa propriedade para criar o famoso contador Geiger. No final de 1897, a polonesa Marie Sklodowska Curie passou a se inte- ressar pelo fenômeno descoberto por Becquerel. Em abril de 1898, ela já havia percebido que, além do urânio, outro elemento conhecido, o tório, também emitia os misteriosos raios. Começou, então, a suspeitar da exis- tência de elementos radioativos desconhecidos. Em julho do mesmo ano, com a ajuda do marido, físico francês de renome chamado Pierre Curie, descobriu um novo elemento que chamou de polônio. Alguns meses depois, ambos descobriram um elemento ainda mais radioativo ao qual deram o nome de rádio. Ainda no ano de 1898, Ernest Rutherford utilizou uma tela fluorescen- te para detectar as radiações provenientes de um material radioativo. Com auxílio de placas metálicas eletricamente carregadas descobriu que havia dois tipos de radiação, que chamou de alfa (α) e beta (β). A radia- ção α, segundo ele, deveria ser formada por partículas de carga positiva, uma vez que seu feixe é atraído pela placa negativa (veja o esquema ao lado). Já a radiação β deveria ser formada por partículas negativas, pois seu feixe é atraído pela placa positiva. Além disso, como as partículas α sofrem um desvio menor, isso significa que elas devem possuir massa maior do que as partículas β, pois, quanto maior for a massa de uma partícula, maior será a sua inércia e, portanto, mais difícil será alterar sua trajetória. Foram condenados a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), o Institu- to de Previdência dos Servidores do Estado de Goiás (lpasgo), o médico Amaurillo Monteiro de Oliveira e o físico hospitalar Flamarion Barbosa Goulart. Nas 46 pá- ginas da sentença, o juiz federal substituto Juliano Taveira Bernardes, da 8a Vara da Justiça Federal de Goiás, condena a Cnen a pagar R$ 1 milhão para o fundo. A Cnen também foi condenada a garantir atendimento médico, odontológico, hospitalar, psicológico e técnico-científico às vítimas diretas e indiretas do aci- dente reconhecidamente atingidas, até a terceira geração. O órgão foi obrigado ainda a manter e organizar o transporte das vítimas mais graves para a realização de exames, além de ficar responsável pelo acompa- nhamento médico da população de Abadia de Goiás, município onde foi construído, em 1991, o depósito definitivo para os rejeitos do césio 137. [...] Fonte do texto: João Unes. O Estado de S. Paulo, 29 mar. 2000. p. A-12. Amostra radioativa α γ β Tela fluorescente onde aparecem manchas luminosas Bloco de chumbo (isolante da radiação) Placas eletricamente carregadas O tamanduá e a vegetação ao seu redor são radioativos. Todo ser vivo emite pe- quena quantidade de radioatividade gra- ças à presença, em seus organismos, de átomos radioativos como, por exemplo, o carbono-14. C ID Desenvolvendoo tema Capitulo_11 6/22/05, 8:43295 296 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . Em 1900, Paul Villard, na França, descobriu uma outra forma de radio- atividade que não apresenta carga elétrica, chamada de radiação gama (γ). Nesse mesmo ano, Becquerel descobriu que as partículas β são, na verdade, elétrons com alta velocidade. Em 1909, Rutherford mostrou que as partículas α são íons de hélio bipositivos. 1.2. Radioatividade e estrutura atômica Número atômico (Z) é um número que indica quantos prótons há no nú- cleo de um átomo e número de massa (A) corresponde à soma dos números de prótons e nêutrons. Átomos que possuem mesmo número atômico per- tencem ao mesmo elemento químico. Radioatividade é um fenômeno nuclear. As reações nucleares são processos em que o núcleo de um átomo sofre alteração. Nuclídeo é o nome dado a um núcleo caracterizado por um número atômico (Z) e um número de massa (A). Radionuclídeo ou radioisótopo é um nuclídeo emissor de radiação. Perceba a diferença entre uma reação química e uma reação nuclear. As reações químicas estão relacionadas à eletrosfera. Antes e depois delas, os átomos estão unidos de maneira diferente, e essa união envolve os elétrons. Já uma reação nuclear provoca alterações no núcleo do átomo, como veremos neste capítulo. Isótopos são átomos com um mesmo número atômico e diferentes nú- meros de massa. A palavra isótopo, além desse significado, pode também ser usada como sinônimo da palavra nuclídeo. 2. ESTUDO DAS EMISSÕES ALFA, BETA E GAMA 2.1. As radiações α e β Atualmente sabe-se que há núcleos instáveis. A emissão de partículas α ou β é o modo encontrado pelo núcleo para aliviar essa instabilidade. As partículas alfa são constituídas por 2 prótons e 2 nêutrons, isto é, o núcleo de um átomo de hélio (42He). São simbolizadas por 4 2α. Quando um núcleo as emite, perde 2 prótons e 2 nêutrons. Sobre as emissões α, foi enunciada por Soddy, em 1911, a chamada Primeira Lei da Radioatividade: “Quando um radionuclídeo emite uma partícula α, seu número de massa diminui 4 unidades e seu número atô- mico diminui 2 unidades.” A figura &, ao lado, ajuda a entender por que a emissão alfa provoca essas variações no núcleo. As partículas β são elétrons emitidos pelo núcleo de um átomo instá- vel, sendo representadas por #1 0β. Você deve estar se perguntando: Como pode o núcleo de um átomo emitir um elétron? A resposta reside no fato de que, em núcleos instáveis beta-emissores, um nêutron pode se de- compor em um próton, um elétron e um antineutrino. O próton permane- ce no núcleo, o elétron (partícula β) e o antineutrino são emitidos. O antineutrino é uma partícula com número de massa zero e carga nula. Não vamos nos preocupar com o antineutrino, pois, assim como ele, atual- mente se conhecem muitas outras partículas subatômicas além dos prótons, nêutrons e elétrons, e o estudo dessas outras partículas é com- plexo e está além dos objetivos deste livro. Assim, ao emitir uma partícula β, o núcleo tem a diminuição de um nêutron e o aumento de um próton, como aparece esquematizado na figura '. Desse modo, o número de massa permanece constante. A Segunda Lei da Radioatividade, enunciada por Soddy, Fajjans e Russel, em 1913, diz: “Quando um radionuclídeo emite uma partícula β, seu número de massa permanece constante e seu número atômico au- menta de 1 unidade”. Esquema genérico de uma emissão beta. (Cores e formas fantasiosas.) Exemplos podem ser assim equacionados: 214 83Bi $ #1 0β " 21484Po 210 81Tl $ #1 0β " 21082Pb Esquema genérico de uma emissão alfa. (Cores e formas fantasiosas.) Exemplos podem ser assim equacionados: 238 92U $ 4 2α " 23490Th 226 88Ra $ 4 2α " 22286Rn Nuclídeo inicial (representação esquemática) Nuclídeo final Partícula alfa (2 prótons e 2 nêutrons) Nuclídeo inicial (representação esquemática) Nuclídeo final Partícula beta (elétron) Diminuição de 1 nêutron Aumento de 1 próton Anti- neutrino & ' Capitulo_11 6/22/05, 8:43296
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