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02 Contrarrazões de Rex (04 05 2021)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
Agravo de instrumento nº 2252438-87.2020.8.26.0000
FELIPE DOBRE SCALSO, neste agravo de instrumento interposto por MÁRIO CÉSAR SCALSO, apresenta contrarrazões ao recurso extraordinário de fls. 81-87, nos seguintes termos:
I. EXPOSIÇÃO DA CONTROVÉRSIA
A. Resumo da demanda
1. O recorrente ajuizou uma demanda de oferta de alimentos que foi distribuída sob nº 0122109-97.2006.8.26.0004. Em audiência realizada em 20/03/2007, foi homologado um acordo pelo qual o recorrente se obrigou a pagar uma pensão alimentícia, todo o dia 15, a começar em 15/04/2007, nos seguintes termos:
(a) Valor base dos alimentos: meio salário-mínimo.
(b) Valor variável complementar dos alimentos:
i. 15/08/2007 a 15/07/2008: um terço de salário-mínimo.
ii. 15/08/2008 até o ingresso do recorrido no ensino fundamental: dois terços de salário-mínimo.
iii. Ingresso do recorrido no ensino fundamental em diante: um salário-mínimo
2. Atualmente, o recorrente tem o dever de pagar 1,5 salário-mínimo por mês ao recorrido. Todavia, como o recorrente jamais honrou integralmente com sua obrigação, o recorrido, em 15/04/2018, deu início a dois cumprimentos de sentença de verba alimentar.
3. O cumprimento de sentença pelo rito especial, distribuído sob o nº 1004478-61.2019.8.26.0004, foi extinto após a celebração de um acordo. Já o cumprimento de sentença pelo rito ordinário, autuado sob o nº 1004479-46.2019.8.26.0004, continua em curso.
B. Desenvolvimento processual
4. O juízo de primeiro grau, no cumprimento de sentença pelo rito ordinário, deferiu a penhora de 50% do imóvel matriculado sob o nº 155.657 (“Imóvel”) que é titularizado pelo recorrente e determinou a intimação da esposa do recorrente que detém os outros 50% do Imóvel (fls. 286-297 e 302 do incidente). Após a apresentação de impugnação pelo recorrente, o juízo de primeiro grau manteve a penhora (fls. 325 do incidente).
5. O recorrente agravou da decisão e o Ministério Público opinou pelo não provimento do recurso (fls. 62-65). Na sequência, o Tribunal de Justiça de São Paulo desproveu o agravo de instrumento (“Acórdão Atacado”). É contra esta decisão que se insurge o recorrente.
C. Resumo do recurso extraordinário
6. De acordo com o recorrente, o Acórdão Atacado violou os artigos 1º, inciso III, 5º, caput e incisos XXII, XXIII, XXXVI e 6º da Constituição Federal. Com base nesta narrativa, o recorrente apresentou um recurso extraordinário fundamentado no artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal.
II. DIREITO
A. Razões para não conhecimento do recurso
(i) Falta de repercussão geral
7. O conhecimento de um recurso extraordinário pressupõe a comprovação de repercussão geral nos termos do artigo 1.035, §1º, do Código de Processo Civil. O recorrente deveria ter demonstrado, de forma clara, a existência de “questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.”
8. Todavia, o recorrente se limitou a dizer que “a matéria trazida ao conhecimento da Corte no recurso se enquadra na repercussão geral”. Com base nesta frase vazia e desconexa, tentou atender, sem sucesso, ao comando legal:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PRELIMINAR DE REPERCUSSÃO GERAL. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.
Nos termos da orientação firmada nesta Corte, cabe à parte recorrente demonstrar fundamentadamente a existência de repercussão geral da matéria constitucional em debate no recurso extraordinário, mediante o desenvolvimento de argumentação que, de maneira explícita e clara, revele o ponto em que a matéria veiculada no recurso transcende os limites subjetivos do caso concreto do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico.
Revela-se deficiente a fundamentação da existência de repercussão geral de recurso extraordinário que se restringe à alegação genérica de que a questão em debate é dotada de repercussão sob os pontos de vista econômico, social, político e jurídico e em virtude do potencial efeito multiplicador da controvérsia.
Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no art. 1.021, §4º, CPC. Verba honorária majorada em ¼, nos termos do art. 85, §§ 2º, 3º e 11, CPC.
(STF, ARE 996893 AgR, Rel. Edson Fachin, Segunda Turma, j. 24/03/2017) 
9. O fato é que a demanda tem nítido caráter interpessoal. A discussão se limita à responsabilidade do recorrente pelos prejuízos causado ao recorrido em razão do não pagamento de alimentos por muitos anos. Não há transcendência subjetiva deste processo.
(ii) Ausência de pré-questionamento
10. O recurso extraordinário somente autoriza a análise de tema que tenha sido debatido nas instâncias ordinárias. Ocorre que o recorrente não fez uma única menção em seu agravo de instrumento ao artigo 5º, inciso XXXVI, e 6º, da Constituição Federal, e não manejou embargos de declaração para atender a este requisito nos termos do artigo 1.025 do Código de Processo Civil.
B. Razões para não provimento do recurso
11. O recorrente alega que o artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal, foi violado. Entretanto, essa alegação é desarrazoada porque, como indicado no Acórdão Atacado, os direitos do cônjuge do recorrente sobre o Imóvel foram preservados e a constrição foi determinada com base em uma exceção prevista em lei reconhecidamente constitucional.
12. Também afirma o recorrente que houve afronta aos artigos 5º, incisos XXII, XXIII, XXXVI, e 6º, da Constituição Federal, que tratam do direito à propriedade, da função social da propriedade, do ato jurídico perfeito e de direitos sociais. Não existe nenhuma relação deste litígio com estes dispositivos constitucionais. 
13. Esta demanda, na verdade, é uma mera tentativa do recorrente em protelar o pagamento dos alimentos ao recorrido. O Acordão Atacado é uma decisão que respeita integralmente a Constituição Federal.
III. PEDIDO
14. Pelo exposto, requer o recorrido:
(a) o não conhecimento do recurso ou, de forma subsidiária, o desprovimento do recurso pela ausência de violação à Constituição Federal; e
(b) a condenação do recorrente ao pagamento de honorários sucumbenciais.
Termos em que
pede deferimento.
São Paulo, SP, 05 de maio de 2021.
Victor Lopes
OAB/SP nº 274.412
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