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ENERGIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO MECANISMO DE 
DESENVOLVIMENTO LIMPO 
 
 
Luiz Claudio Ribeiro Galvão 
Marco Antonio Saidel 
Fernado Selles Ribeiro 
Miguel Edgar Morales Udaeta1 
GEPEA – USP 
Grupo de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da 
Universidade de São Paulo 
CEP: 05508-900 São Paulo – SP; tel: (11) 3091-5279 fax: (11) 3032-3595 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 Este trabalho tem como meta o estudo e a 
aplicabilidade do aproveitamento energético dos 
resíduos sólidos urbanos –RSU– para geração e 
conservação de energia. Para consistência da 
abordagem utilizada, aplica-se à região do Médio 
Paranapanema –MPP– focado nos objetivos do 
Planejamento Integrado de Recursos energéticos – 
PIR. Assim, resultam diversas maneiras de se tratar 
os RSU visando seu aproveitamento, por exemplo, a 
compostagem de material orgânico, a incineração de 
lixo, a produção de biogás e a conservação de 
energia com a reciclagem. E da análise destas 
alternativas buscando quantificar o potencial 
energético (e custos envolvidos), resulta que dito 
potencial, para um horizonte de dez anos (no caso do 
MPP), está dado através de: 47 GWh/ano em 
Conservação e Reciclagem; 5 GWh/ano em 
Compostagem e Biogás; 15 Gwh/ano em 
Incineração; 56 GWh/ano em Reciclagem e 
Incineração; 52 GWh/ano em Biogás e Reciclagem. 
Da análise dos resultados, conclui-se que é alta a 
possibilidade de soluções para o desenvolvimento de 
recursos energéticos de RSU na região, demostrou-
se a possibilidade de uma visão abrangente dos 
recursos e das técnicas para utilização destes, e que 
tudo isso deve necessariamente contar com a 
participação de interessados e envolvidos. 
 
ABSTRACT 
 
 This work approaches the energy use of 
urban solid residues –USR for generation and 
conservation of electrical energy applied in the 
region of Medio Paranapanema –MPP focused with 
the objective of the Integrated Resources Planning –
IRP. 
 IRP consists of selecting electrical energy 
offered expansion through process that evaluate and 
entire group of alternatives that include the increase 
of installed capacity, conservation and energy 
efficiency, self production and sources renewed, in 
way to guarantee that the system users receive 
continuous energy of good quality at the smallest 
possible cost. 
 MPP is located in the State of São Paulo, 
Brazil, and it presents limited development, due 
partly, to the lack of electrical energy. 
 MPP is an area with repressed demand, and 
the supply of energy is essential for maintaining 
sustainability. Thus, alternative investments in the 
demand sections are considered very important for 
the future of this. 
 We have several ways of taking advantage 
of urban solid residues. We can mention, for 
example, the composting of organic material, 
garbage incineration, biogas production and the 
energy conservation with recycling. In this work, 
each one of this alternatives is analyzed trying to 
quantify energy potential, as well as the involved 
costs. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Este trabalho aborda o aproveitamento 
energético dos resíduos sólidos urbanos –RSU, no 
contexto amplo da geração, eficiência e conservação 
de energia (elétrica em primeira instância) aplicado 
na região do Médio Paranapanema –MPP. Tendo 
como metodologia o PIR e os objetivos do 
planejamento energético em geral. 
 O PIR (Planejamento Integrado de Recursos 
Energéticos) consiste na seleção de recursos 
energéticos do lado da oferta e do lado da demanda 
para a expansão da oferta de energia elétrica. Isso, 
resumidamente, através de processos que avaliem 
todo um conjunto de alternativas que incluem o 
aumento da capacidade instalada, a conservação e a 
eficiência energética, auto produção e fontes 
renováveis dentre outros, de modo a garantir (com a 
participação dos envolvidos) que os usuários do 
sistema recebam uma energia contínua e de boa 
qualidade ao menor custo possível (considerando as 
dimensões econômica, ambiental, social e política) 
(UDAETA, 1997). 
 A região do MPP está localizada no Estado 
de São Paulo, Brasil, e apresenta um 
desenvolvimento limitado, devido, em parte, à falta 
de energia elétrica. O MPP é uma região com a 
demanda reprimida, sendo que o fornecimento de 
energia é essencial na direção da sustentabilidade. 
Assim, investimentos alternativos nos setores de 
demanda são considerados muito importantes para o 
futuro da região (GALVÃO et al, 1996). 
 Existem diversas maneiras de se tratar o 
RSU visando seu aproveitamento. Podem-se citar, 
por exemplo, a compostagem de material orgânico, a 
incineração de lixo, a produção de biogás e a 
conservação de energia com a reciclagem. Neste 
trabalho cada uma destas alternativas são analisadas 
buscando quantificar o potencial energético, bem 
como os custos envolvidos. 
 Na procura de novas fontes alternativas de 
geração de energia elétrica, o aproveitamento de 
resíduos sólidos urbanos é de grande valia, visto 
que, além do seu potencial energético é uma solução 
para o destino do lixo. O alto custo financeiro e 
ecológico do gerenciamento desse lixo tem levado à 
busca de soluções para otimizar o custo da produção 
de energia a partir do lixo. 
 Este estudo, por isso, procura estabelecer as 
abordagens energéticas para os resíduos, 
inicialmente com um estudo de tratamento e 
posterior adequação ao contexto da região do MPP, 
juntamente com definição das tecnologias de 
produção de energia a partir do tratamento desses 
resíduos. O planejamento de recursos e demandas de 
energia desta região, ficaria então, enquadrado no 
contexto da como linha de pesquisa e 
desenvolvimento do conceito de PIR. 
 Nesse sentido, basicamente, uma análise da 
produção de energia elétrica com utilização dos 
resíduos foi realizada, de modo a especificar as 
possíveis alternativas orientado aos tipos de resíduos 
estudados, bem como a especificação de seus 
potenciais. Basicamente a idéia, na introduçao da 
filosofia do PIR neste trabalho, implica na formação 
de uma dada carteira, a da energia dos resíduos 
(CERVEIRA e CLIMERU, 2000). 
 
O MÉDIO PARANAPANEMA 
 A região do MPP está localizada no Estado 
de São Paulo, Brasil. Embora o Estado de São Paulo 
seja o mais desenvolvido da União, apresenta o 
mesmo problema de má distribuição de renda e de 
desenvolvimento que o Brasil. O MPP é a 3ª região 
menos desenvolvida do Estado e apresenta um 
desenvolvimento limitado (relativo), devido, em 
parte, à falta de energia elétrica. Nessa região, a 
população rural é expressiva e a agricultura é a base 
da atividade econômica. Investimentos alternativos 
nos setores de demanda são considerados muito 
importantes para o futuro da região. 
 Os rios Paranapanema, do Peixe e outros 
menores são as fontes de energia elétrica mais 
importantes da região. A rede elétrica se estende no 
MPP cobrindo a superfície basicamente em 88 KV. 
 Uma parte do projeto criado para 
estabelecer uma infra-estrutura energética e valorizar 
a EE (energia elétrica) é o PIR, com o intuito de 
utilizar a energia e o seu aproveitamento em grande, 
pequena e muito mais em micro escala, e levando 
em conta suas características heterogêneas 
(energéticas, econômicas, ambientais e sócio-
políticas, inclusive culturais) como instrumento para 
a sustentabilidade (UDAETA, 1997; GALVÃO et 
al, 1996; SQUAIELLA e HAGE, 1999; CHIAN e 
CARVALHO, 1997). 
 
RESÍDUOS E OPÇÕES ENERGÉTICAS 
 
 O lixo é um indicador curioso de 
desenvolvimento de uma nação. Quanto mais 
pujante for a economia, mais sujeira o Brasil irá 
produzir. É sinal de que o país está crescendo, de 
que as pessoas estão consumindo mais. A questão é 
que as grandes cidades brasileiras não têm estrutura 
para encarar esse crescimento e se encontram perto 
de um limite. As prefeituras estão sem dinheiro para 
a coleta e já não há mais lugar onde jogar lixo. 
 O lixo urbano recebe a denominação de 
RSU quando é de responsabilidade da prefeitura e é 
subdividido em lixo domiciliar, comercial e público.Existem diversos tipos de RSU, onde cada tipo de 
lixo exige determinada forma de tratamento, 
seguindo uma metodologia denominada de 
Gerenciamento Integrado de Resíduos (CHIAN e 
CARVALHO, 1997), que visa tratar da forma mais 
adequada esta questão. 
 Uma característica importante que nem 
sempre é executada na prática é a priorização de 
ações, muitas vezes conhecida como política dos 3 
R’s , de “Reduzir”, “Reutilizar” e “Reciclar” , antes 
da disposição final. Segundo esta política , cada “R” 
obedece a uma hierarquia. A reutilização não deve 
ser considerada até que as possibilidades de redução 
na fonte tenham se esgotado. A reciclagem não deve 
ser levada em conta até que as possibilidades de 
utilização tenham se esgotado, e assim por diante , 
até se chegar a disposição final (KANAYAMA, 
1999). 
 Neste contexto, tem-se alem da reciclagem, 
outras formas de se solucionar o problema do lixo 
visando seu aproveitamento energético: 
• Implantação de usinas de incineração para 
geração de energia elétrica a partir do calor 
gerado pela combustão do lixo; 
• A compostagem dos resíduos orgânicos 
trazendo não só uma contribuição significativa 
de esgotamento de aterros sanitários, mas 
também na produção de energia com a geração 
de metano. 
• Redução na geração de lixo já que menos lixo 
produzido significa menor utilização de recursos 
naturais e energia para sua produção, bem como 
menor quantidade de lixo destinado aos aterros 
(que também representa conservação de 
energia). 
 
COMPOSTAGEM DO RSU 
 A compostagem dos resíduos pode ser 
encarada, na realidade, como a reciclagem de 
materiais orgânicos. Ela consiste da transformação 
de materiais orgânicos, como restos de alimentos, 
papéis, folhas, vegetais, madeiras, etc, em adubo 
orgânico. Atualmente ela é praticada de duas formas 
principais: 
• Pontualmente, quando cada consumidor faz a 
compostagem de seus próprios resíduos gerados, 
comercializando-o ou utilizando-o em suas 
próprias atividades. 
• Descentralizadamente, quando a compostagem é 
feita em centros de triagem de lixo, onde sua 
parcela orgânica recebe um tratamento 
adequado de cura para se transformar em adubo. 
 Na compostagem, durante o processo 
orgânico é liberado o biogás, que pode ser coletado e 
utilizado como fonte energética. 
 
CÉLULAS DE LIXO 
 Um inovador meio de recuperar energia a 
partir da fração orgânica do lixo orgânica poderá 
aumentar a competitividade do biogás na geração de 
eletricidade. 
 A idéia central é melhorar as condições de 
desenvolvimento biológico nos aterros de lixo, de 
maneira a acelerar a produção de metano de três a 
dez vezes em relação aos índices alcançados em 
aterros convencionais. O processo de decomposição 
acelerada reduz o volume do aterro cria novas 
possibilidades para o gerenciamento do lixo urbano 
e permite a geração de energia a um custo de 3,5 
centavos de dólar por kWh, o que é considerado 
excelente para este tipo de planta. 
 Esse processo permite a recuperação de 
95% do potencial de biogás em dez anos. A 
recuperação desse gás , utilizando-se técnicas 
convencionais , geralmente ocorre num período de 
20 a 50 anos. Antecipá-la para um período menor 
aumenta substancialmente a lucratividade anual da 
geração e , ao mesmo tempo, reduz o período de 
amortização do capital investido nos equipamentos 
(CERVEIRA e CLIMERU, 2000). 
 
INCINERAÇÃO DOS RESÍDUOS 
 Uma maneira tradicional de recuperação 
direta de energia a partir do lixo é através da 
incineração. 
 É possível obter energia a partir de resíduos 
através da incineração, desde que esses sejam 
combustíveis e não excessivamente úmidos. O calor 
assim gerado pode ser utilizado para aquecimento 
direto, em processo de vaporização ou para gerar 
eletricidade. Alguns resíduos líquidos podem até ser 
utilizados como complementos a combustíveis 
convencionais. 
 As usinas de incineração utilizam fornalhas 
para queima de resíduos e vaporização da água para 
ser aproveitado em outros processos. Existem usinas 
que operam em larga escala, queimando 500 a 1000 
toneladas por dia, e usinas de menor escala que 
operam de 50 a 100 toneladas por dia. As usinas de 
grande escala apresentam vantagem da economia de 
escala na utilização dos resíduos e também na 
geração de energia, à medida que as turbinas a vapor 
utilizadas podem ser maiores e com isso, de maior 
eficiência. As usinas de escala reduzida são úteis em 
comunidades com população em torno de 30 a 200 
mil habitantes, produzindo entre 50 e 200 t/dia de 
RSU[10]. 
 Na análise econômico-financeira desse tipo 
de projeto, as receitas são oriundas: 
 Da prestação de serviço de tratamento do 
lixo às municipalidades que o coletam e entregam na 
UTEL para a respectiva incineração; 
 Do suprimento de energia elétrica ao 
sistema interligado a ser remunerado pela 
concessionária local. 
 Resumidamente pode-se dizer que os 
benefícios de uma usina de incineração são: 
 Esterilização dos resíduos; 
 Diminuição do volume dos resíduos a ser 
aterrado e ampliação da vida útil existente; 
 Economia de combustível com transporte a 
aterros distantes; 
 Reaproveitamento energético dos resíduos e 
aumento da confiabilidade do fornecimento elétrico 
da região. 
 
RECICLAGEM 
 A relação entre conservação de energia e o 
tratamento dos RSU pode ser ilustrada inicialmente 
através da referência a trabalhos voltados a enfocar 
os benefícios da reciclagem de lixo para solução dos 
problemas acima citados, mostrando como os setores 
de energia e de saneamento poderiam se relacionar, 
atuando de acordo com princípios de 
desenvolvimento sustentável. Existem materiais com 
altos potenciais de conservação de energia associada 
a sua reciclagem, como por exemplo, o plástico e o 
alumínio (CALDERONI, 1996; NEDER, 1995). 
 A verificação do fato da reciclagem de 
materiais propiciar tanto benefícios, trouxe a tona a 
questão original de determinar qual seria a 
contribuição para o setor energético, em termos de 
conservação de energia, se os índices de reciclagem 
no Brasil, que hoje é inferior a 1% , fossem maiores. 
 A produção de 1 tonelada de alumínio a 
partir da bauxita consome cerca de 16 MWh de 
energia, enquanto que, se for produzido a partir de 
alumínio reciclado, seriam necessários apenas 0,8 
MWh de energia. Na produção de uma tonelada de 
barras de aço, a utilização de sucata, consome cerca 
de 1,8 MWh de energia, enquanto que a produção a 
partir de minério de ferro, consome cerca de 6,8 
MWh. Para o papel, a economia de energia é 714% 
e, no caso do vidro, a economia é de 13%[7]. 
 A economia de energia resultante da 
reciclagem de lixo para o Brasil poderia ser cerca de 
37 TWh anualmente, cerca de 14% do consumo de 
energia elétrica no Brasil em 1995, cerca de 270 
TWh. 
 Considerando-se que o potencial hidráulico 
inventariado firme no Brasil, segundo Balanço 
Energético Nacional de 1996, é de 92,9 GWh ano, 
para produção de 37 TWh, uma usina de 
aproximadamente 12 GW, equivalente a uma Itaípu, 
é necessária. Estes dados dão uma dimensão 
estimada da potencialidade de economia de energia. 
Há que ressaltar, no entanto, que a obtenção dessa 
economia não é trivial. 
 
PRODUÇÃO DE ENERGIA NO MPP 
 Após o estudo da caracterização e 
tratamento dos resíduos sólidos do MPP, pode-se 
aplicar à região, a manipulação adequada do lixo 
visando a prática da reciclagem e consequentemente 
a conservação de energia, aproveitamento energético 
dos resíduos urbanos coletados através de 
incineração do lixo na sua forma bruta ou após 
separação de materiais reaproveitáveis para 
reciclagem e adequação dos aterros existentes para 
implementação da compostagem dos materiais 
orgânicos voltada a produção de biogás. 
 
A CARTEIRA DE RECURSOS 
ENERGÉTICOS DE RESÍDUOS 
 
 A intenção deste trabalho, neste estagio 
prévio mais teórico do que prático, é a de apresentar 
possíveis soluções para o desenvolvimento de 
recursos energéticos na região do MPP. Isso é, 
opçoes energéticas dentro dos RSU visando umacontribuição para um estudo mais amplo 
desenvolvido no PIRMPP[2, 3, 4, 5 e 6]. Este 
aproveitamento do conteúdo energético do RSU, no 
caso particular deste estudo, é conseqüência da 
conservação de energia, da implementação da 
reciclagem, do aproveitamento de materiais 
orgânicos contidos no lixo urbano para coleta de 
biogás além da recuperação energética em usinas 
termelétricas movidas a vapor gerado com o calor 
fornecido pela incineração dos resíduos. 
 
3.1 Conservação de Energia e Reciclagem 
 
Com o valor total de lixo urbano no MPP de 28963 
toneladas, acumulado em 1 ano, e separando os 
resíduos nos materiais viáveis para reciclagem, de 
acordo com a tabela 1, que mostra as percentagens 
dos materiais que compõe o lixo, a tabela 2 mostra a 
economia que pode ser alcançada com a reciclagem 
de alguns destes materiais. Nesta análise, o custo do 
kWh foi considerado como sendo R$75,00. 
 Além da economia de energia gerada pela 
reciclagem destes materiais, pode-se também 
considerar a possibilidade de sua revenda para sua 
reutilização. Abaixo, apresenta-se como exemplo os 
faturamentos que podem ser alcançados com a 
revenda de alumínio, plástico e papel: 
• Alumínio: R$70 mil reais por ano. 
• Plástico: R$ 145 mil por ano. 
• Papel: R$ 435 mil por ano. 
 Considerando-se apenas estas três 
alternativas , pode-se faturar anualmente o total de 
R$ 650 mil com a revenda destes materiais. 
 
 
Tabela 1 Componentes do lixo. 
Total de lixo urbano produzido por Ano no 
MPP: 28.963 toneladas 
 Matéria Orgânica Papel Plástico Alumínio Vidro Rejeito
Fração 58% 15% 5% 4% 3% 15% 
Massa 
em t/ano 16.800 4.350 11.60 11.60 870 4.345 
 
 
Tabela 2 Economia com a reciclagem 
Matéria-
prima Sucata 
Taxa de 
redução EconomiaMaterial
GWh R$ mil GWh 
R$ 
mil % GWh
R$ 
mil 
Vidro 4,2 313 3,7 274 13 0,5 39 
Papel 21,8 1.630 6,5 490 70 15,3 1.140
Alumínio 18,6 1.390 0,93 70 95 17,7 1.320
 
 
 Tem-se, portanto, uma economia total, 
considerando-se as economias geradas pela 
reciclagem, de R$ 2,5 milhões por ano, e pela 
revenda, valendo R$ 650 mil, de R$ 3,15 milhões 
por ano (CERVEIRA e CLIMERU, 2000). 
 
COMPOSTAGEM E BIOGÁS 
 Com o aproveitamento do gás gerado com a 
decomposição dos resíduos orgânicos em aterros 
adequados, pode-se gerar com 1 tonelada deste 
material o equivalente a 192 KWh por ano. 
 Assim, o potencial da região do MPP pode 
ser calculado, e dado que a produção anual de lixo é 
de 28963 toneladas e o percentual de lixo orgânico 
vale 58% tem-se, então, 16800 toneladas de resíduos 
orgânicos anualmente. Segue abaixo os cálculos que 
indicam o potencial energético deste aproveitamento 
e uma análise econômica desta alternativa para o 
MPP: 
 Total de resíduos orgânicos de 16800 t/ano: 
 192 KWh/t de resíduos orgânicos por ano 
 Total de 3226 MWh gerado por ano 
 Custo de geração de 0,067 R$/kWh 
 Custo total de geração 216 mil R$ por ano 
 Faturamento bruto com a venda da energia 
de R$ 242 mil por ano* 
 Faturamento líquido para esta alternativa de 
R$ 26 mil por ano 
 * Valor para a venda de 75 R$/MWh. 
 Vale ressaltar que estes valores utilizados 
no cálculo consideram o processo de produção de 
biogás de maneira acelerada. 
 Com esta alternativa, pode-se gerar 
anualmente o total de 3,3 GWh. 
 
INCINERAÇÃO DOS RESÍDUOS 
 Nesta alternativa que utiliza a queima dos 
resíduos para geração de energia, tem-se que com 1 
tonelada de lixo consegue-se gerar 381 KWh por 
ano. 
 Focado na região do MPP, pode-se gerar até 
11 GWh por ano com este aproveitamento. Segue 
abaixo uma análise detalhada: 
 Total de resíduos gerados, 28963 t/ano 
 381 KWh / t de resíduos por ano 
 Total de 11000 MWh gerado por ano 
 0,09 R$/kWh, o custo de geração 
 Custo total de geração por ano, R$ 990 mil 
 Faturamento bruto com a venda da energia 
por ano* de R$ 825 mil 
 Faturamento líquido para esta alternativa 
por ano de R$ 165 mil 
 * Valor para a venda, 75 R$/MWh 
 A análise econômico-financeira mostrada 
acima não considera fatores que podem gerar renda, 
como por exemplo, a prestação de serviço de 
tratamento do lixo às municipalidades vizinhas. 
 
RECICLAGEM E INCINERAÇÃO DE 
MATERIAL ORGÂNICO 
 Será considerado neste item o 
aproveitamento energético da incineração de 
materiais orgânicos e a reciclagem de componentes 
inorgânicos do lixo, como vidro e alumínio, 
incluindo na reciclagem o papel. 
 Os valores que compõe os cálculos desta 
análise estão detalhados nos itens anteriores. Segue 
abaixo a tabela 3 que descreve o aproveitamento 
energético e faturamento para esta alternativa. 
 
 
Tabela 3. Economia da reciclagem e incineração 
Alternativas Incineração Reciclagem 
Resíduo aproveitado 
energeticamente (ton por ano) 16.800 6.400
MWh gerado e/ou 
economizado (por ano) 6.380 33.500
Faturamento líquido anual 
(R$ mil por ano) 252 2500
Total gerado/economizado com as 
duas alternativas (MWh por ano) 39.880 
Faturamento total com as duas 
alternativas (R$ mil por ano) 2.752 
 
 
 Aqui não se considerou outras possíveis 
maneiras de obtenção de renda como foi descrito nos 
itens anteriores. 
 Fica claro, portanto, a enorme economia de 
energia alcançada quando se integra-se estas duas 
alternativas de aproveitamento energético dos 
resíduos, chegando a 39,9 GWh anualmente. 
 
RECICLAGEM E PRODUÇÃO DE 
BIOGÁS 
 Seguindo o raciocínio do item anterior, 
aqui será apresentado o aproveitamento energético 
da união da geração de biogás com materiais 
orgânicos e a reciclagem de componentes 
inorgânicos do lixo, vidro e alumínio, tanto como o 
papel,. 
 Os valores que compõe os cálculos desta 
análise estão detalhados nos itens anteriores. Na 
tabela 4, descreve-se o aproveitamento energético e 
faturamento para esta alternativa. 
 
 
Tabela 4. Economia da reciclagem e biogás 
Alternativas Biogás Reciclagem 
Resíduo aproveitado 
energéticamente (tonelada por ano) 16.800 6.400
MWh gerado/economizado por ano 3.226 33.500
Faturamento líquido anual (R$ mil 
por ano) 26 2.500
Total gerado/economizado com as duas 
alternativas (MWh por ano) 36.726 
Faturamento total com as duas 
alternativas (R$ mil por ano) 2.526 
 
 
 Aqui não se considerou outras possíveis 
maneiras de obtenção de renda como foi descrito nos 
itens anteriores. Da mesma forma, a economia de 
energia chega a aproximadamente 37 GWh por ano. 
 
POTENCIAL ENERGÉTICO DOS RSU 
 
 Procura-se neste item, fazer uma análise do 
potencial energético dos resíduos da região do MPP, 
bem como a viabilidade de sua utilização, aplicados 
a um horizonte de 10 anos (CERVEIRA e 
CLIMERU, 2000). 
 Este estudo torna-se extremamente delicado, 
visto que depende de algumas variáveis incertas tais 
como, desenvolvimento econômico do pais, crises 
externas, investimentos no setor energético, papel 
sócio-econômico da região, bem como seu 
desenvolvimento e participação perante outras 
regiões do país. Faz-se necessária uma análise 
quantitativa do potencial energético dos resíduos da 
região do MPP. Nessa análise adota-se o PIB como 
um indicativo da produção de lixo urbano, seguindo 
portando uma análise baseada em seu valor. Como a 
expectativa de crescimento do PIB brasileiro é de 
3% a 4% ao ano, e considerando-se num cenário 
normal, que o crescimento da geração de resíduos 
urbanos cresça proporcionalmente, tem-se que em 
10 anos este crescimento será da ordem de 40%. 
 Assim, pode-se prever o potencial 
energético teórico, a partir do já calculado 
anteriormente, para um horizonte de dez anos, como 
seguem os valores abaixo: 
• Conservação e Reciclagem: 47 GWh / ano 
• Compostagem e Biogás: 5 GWh / ano 
• Incineração: 15 Gwh / ano 
• Reciclagem e Incineração: 56 GWh / ano 
• Biogás e Reciclagem: 52 GWh / ano 
 
CONCLUSÃO 
 
 Este trabalho elabora uma análise do 
aproveitamento energético dos resíduos da região do 
Médio Paranapanema -MPP, com a finalidade de 
geração de energia elétrica dentro do contexto do 
Planejamento Integrado de Recursos -PIR. 
 Para tal, foi necessária a realização de um 
estudoque permitisse uma avaliação que levasse em 
conta aspectos ambientais, sócio-culturais e 
econômicos, atentando-se para o Desenvolvimento 
Sustentável. 
 A região do MPP possui uma demanda 
reprimida de energia elétrica, o que afeta 
consideravelmente o nível de desenvolvimento 
sócio-econômico da região. Dentro deste contexto, 
este estudo torna-se de grande valia e objetivou a 
apresentação de possíveis soluções para o 
desenvolvimento de recursos energéticos na região, 
de onde pretendeu-se possibilitar uma visão 
abrangente dos recursos e das técnicas para 
utilização destes, direcionado a um horizonte de 
tempo de dez anos. 
 Este aproveitamento é conseqüência da 
conservação de energia, da implementação da 
reciclagem, do aproveitamento de materiais 
orgânicos contidos no lixo urbano para coleta de 
biogás além da recuperação energética em usinas 
termelétricas movidas a vapor, gerado com o calor 
fornecido pela incineração dos resíduos. 
 Além das possibilidades de conservação e 
geração de energia elétrica utilizando-se dos 
resíduos, vale ressaltar a participação desta 
alternativa energética como solução aos problemas 
do lixo urbano, trazendo benefícios ambientais 
como, diminuição da poluição e uma solução para a 
falta de espaço para deposição do lixo nos grandes 
centros urbanos. 
 Finalmente, indicar que se trata de um 
estudo preliminar a respeito do tema, cuja 
abrangência e factibilidade dependem, além do 
aprofundamento deste estudo, da 
participação/envolvimento de diversas partes: 
comunidade regional, Universidade (pesquisa), setor 
público (governo e usuários) e setor privado 
(produtor e consumidor). Com a sinergia das 
diversas partes envolvidas, este estudo será útil para 
perspectivas de geração de energia utilizando-se 
fontes alternativas, colaborando para o 
desenvolvimento sustentável da região do Médio 
Paranapanema. 
 
PALAVRAS CHAVE 
 
 Resíduos Sólidos Urbanos, Energia do Lixo, 
Reciclagem, Reuso, Planejamento Integrado de 
Recursos, Recursos Energéticos, Planejamento 
Energético, Desenvolvimento Sustentável. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Aos Engenheiros Daniel Cerveira e Mauro 
Climeru, pelo trabalho base realizado (CERVEIRA e 
CLIMERU, 2000), que deu sustento ao presente 
manuscrito. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
[1] CERVEIRA, D.R.P.; CLIMERU, M.F. Energia 
dos Resíduos da Região do Médio 
Paranapanema, Relatório Final do Projeto de 
Formatura. PEA – EPUSP, Sao Paulo 2000. 
[2] AMARO, R.C.; SILVA, R.C. Estudo em 
Precificação e Tarifação Como Recurso 
Energético Para as Regiões com Características 
Similares ao Médio Paranapanema, Relatório 
Final do Projeto de Formatura. PEA – EPUSP, Sao 
Paulo 1998. 
[3] UDAETA, M.E.M Planejamento Integrado 
de Recursos Energéticos -PIR- para o setor 
elétrico (pensando o desenvolvimento 
sustentável). São Paulo, 1997. Tese (Doutorado). 
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 
[4] GALVÃO, L.C.R.; REIS, L.B.; UDAETA, 
M.E.M. Fundamentos para o planejamento 
Integrado de recursos numa Região de Governo 
do Estado de São Paulo apontando a Energia 
Elétrica. In : VII Congresso Brasileiro de Energia, 
1996, Rio de Janeiro. 
[5] SQUAIELLA, D.; HAGE, S.F. Energia Solar 
no MPP, Relatório Final do Projeto de Formatura. 
PEA – EPUSP, Sao Paulo1999. 
[6] CHIAN, C.C.T:; CARVALHO, C.E. Avaliação 
dos Custos Completos dos Recursos Energéticos 
na Produção Integrada de Termofosfatos no 
MPP. Relatório Final do Projeto de Formatura. PEA 
– EPUSP, São Paulo 1997. 
[7] KANAYAMA, P.H. Minimização de 
Resíduos Sólidos Urbanos e Conservação de 
Energia. São Paulo, 1999. Dissertação de 
Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de 
São Paulo. 
[8] CALDERONI, S. Perspectivas econômicas da 
reciclagem do lixo no município de São Paulo. 
Tese de doutoramento, FFLCH-USP, Depto. 
Geografia. São Paulo, 1996. 
[9] NEDER, L.T.C. Reciclagem de Resíduos 
Sólidos de Origem Domiciliar. Análise da 
Implantação e da Evolução de Programas 
Institucionais de Coleta Seletiva em Alguns 
Municípios Brasileiros. Dissertação de Mestrado. 
USP – Programa de Pós-Graduação em Ciência 
Ambiental. São Paulo, 1995. 
[10] TCHOBANOGLOUS, G.; THEISEN, H.; 
VIGIL S.A. Gestión Integral de Residuos Sólidos, 
Volume I e II, McGraw-Hill, 1994. 
 
 
 
1 Autor Responsável: Miguel Edgar Morales Udaeta 
GEPEA – USP 
Avenida Prof. Luciano Gualberto, trv3, 158 
CEP: 05508-900 
São Paulo - SP - Brasil 
eMail: udaeta@pea.usp.br 
 
	Marco Antonio Saidel
	Fernado Selles Ribeiro
	RESUMO
	ABSTRACT
	INTRODUÇÃO
	O MÉDIO PARANAPANEMA
	RESÍDUOS E OPÇÕES ENERGÉTICAS
	COMPOSTAGEM DO RSU
	CÉLULAS DE LIXO 
	INCINERAÇÃO DOS RESÍDUOS
	RECICLAGEM
	PRODUÇÃO DE ENERGIA NO MPP
	A CARTEIRA DE RECURSOS ENERGÉTICOS DE RESÍDUOS
	Economia
	COMPOSTAGEM E BIOGÁS
	INCINERAÇÃO DOS RESÍDUOS 
	RECICLAGEM E INCINERAÇÃO DE MATERIAL ORGÂNICO
	RECICLAGEM E PRODUÇÃO DE BIOGÁS
	POTENCIAL ENERGÉTICO DOS RSU
	CONCLUSÃO
	PALAVRAS CHAVE
	AGRADECIMENTOS

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