Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução à Avaliação de Impactos Ambientais - Histórico Apresentação A espécie humana tem uma alta capacidade de promover alterações ambientais. A promoção de impactos ambientais compreende um processo histórico inerente à evolução (ou involução) humana. Portanto, foi necessário promover, ao longo dos últimos anos, a criação de processos capazes de identificar e de avaliar a sua magnitude. Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados os impactos ambientais, com o objetivo de se conhecer os principais eventos históricos que conduziram a avaliação de impactos ao seu status atual. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais elementos históricos relacionados à Avaliação de Impactos Ambientais. • Reconhecer a importância da avaliação de impactos ambientais para a promoção da sustentabilidade. • Correlacionar a influência dos grandes desastres ambientais com a evolução das metodologias adotadas em processos de Avaliação de Impactos Ambientais. • Desafio Imagine que atualmente você ocupa o cargo de gestor ambiental de uma grande empresa, a qual atua no ramo de produção e transporte de derivados de petróleo. Essa empresa tem planos de ampliar a capacidade produtiva ao longo dos próximos dois anos. Para isso, será necessário ampliar uma planta industrial localizada no município fictício de Verdenópolis. Devido ao seu perfil proativo, você inicia um levantamento de acidentes ambientais mundiais que ocorreram nos últimos anos, a fim de se familiarizar com o tema e de compreender os impactos gerados por estes eventos. A partir desse levantamento, você consegue gerar um banco de dados relacionado aos acidentes ambientais e aos seus respectivos impactos. Elabore uma planilha que apresente acidentes ambientais (no mínimo cinco), o país de ocorrência, o ano e seus respectivos impactos ambientais (no mínimo três impactos para cada acidente). Infográfico O infográfico a seguir apresenta-se como um mapa conceitual, demonstrando os principais pontos relacionados ao histórico da Avaliação de Impactos Ambientais. Conteúdo do livro O item "Preocupações com as questões ambientais" do livro Ambiente: tecnologias permite uma interessante contextualização dos eventos históricos que promoveram o amadurecimento e a institucionalização da Avaliação de Impactos Ambientais. Boa leitura! CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK AM BIE NTE CIB ELE SC HWA NKETEC NO LOG IAS ORG ANI ZAD ORA AM BIENTE TECN O LO G IAS CIBELE SCHW AMBIENTE TECNOLOGIAS Idealizado com o intuito de oferecer os subsídios necessários para uma formação qualificada na área ambiental, Ambiente: tecnologias aborda temáticas fundamentais para a prática profissional, considerando as técnicas de análise e monitoramento ambiental, os principais aspectos dos processos produtivos e a evolução das tecnologias sustentáveis. Ambiente: tecnologias possui projeto gráfico dinâmico e inovador, contribuindo para o desenvolvimento do aluno de forma eficaz por meio de recursos que proporcionam o aprofundamento intelectual. Isso ocorre com o auxílio de exercícios práticos, leituras sugeridas e vídeos disponíveis em um exclusivo ambiente virtual de aprendizagem. Respaldado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), este lançamento da série Tekne é um instrumento pedagógico indispensável para alunos e professores dos cursos do eixo Ambiente e Saúde, previstos pelo Ministério da Educação. Conheça também AMBIENTE www.bookman.com.br/tekne CIBELE SCHWANKE ORGANIZADORA Estudante: Visite o ambiente virtual de aprendizagem Tekne em www.bookman.com. br/tekne para ter acesso a atividades interativas, vídeos e artigos. CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK AM BIENTE CIBELE SCHW ANKE CO N H ECIM EN TO S E PRÁTICAS AMBIENTE AMBIENTE www.bookman.com.br/tekne Idealizado com o intuito de oferecer os subsídios necessários para uma formação qualificada na área ambiental, Ambiente: conhecimentos e práticas aborda temáticas fundamentais para o desenvolvimento profissional, especialmente no que diz respeito à capacidade de identificar, analisar e propor medidas de gestão que propiciem a utilização de recursos naturais com o compromisso ético de garantir a conservação e o desenvolvimento socioambiental. Ambiente: conhecimentos e práticas possui projeto gráfico dinâmico e inovador, contribuindo para o desenvolvimento do aluno de forma eficaz por meio de recursos que proporcionam o aprofundamento intelectual. Isso ocorre com o auxílio de exercícios práticos, leituras sugeridas e vídeos disponíveis em um exclusivo ambiente virtual de aprendizagem. Respaldado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), este lançamento da série Tekne é um instrumento pedagógico indispensável para alunos e professores dos cursos do eixo Ambiente e Saúde, previstos pelo Ministério da Educação. CIBELE SCHWANKE CONHECIMENTOS E PRÁTICAS ORGANIZADORA AM BIE NTE CIB ELE S CHW ANK ETEC NO LOG IAS ORG ANI ZAD ORA Conheça também Estudante: Visite o ambiente virtual de aprendizagem Tekne em www.bookman.com. br/tekne para ter acesso a atividades interativas, vídeos e artigos. AM BIE NTE CIB ELE SCH WAN KECON HEC IME NTO S E PR ÁTI CAS ORG ANI ZAD ORA 45690 Ambientes - Conhecimentos e Praticas.indd 1 20/03/13 09:36 47270 Ambiente Tecnologias.indd 1 17/05/13 10:19 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB10/2052 A492 Ambiente [recurso eletrônico] : tecnologias / Organizadora, Cibele Schwanke. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8260-012-2 1. Meio ambiente. 2. Conservação e proteção. I. Schwanke, Cibele. CDU 502.1 OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de: Explicar como foi instituída a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Identificar as etapas do processo da AIA. Destacar as características do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental. Relacionar as atividades que precisam apresentar o EIA/RIMA para a solicitação do licenciamento. Caracterizar os métodos utilizados para avaliar os impactos ambientais. Utilizar indicadores para o diagnóstico e/ou monitoramento. Avaliação de impacto ambiental capítulo 8 Simone Caterina Kapusta Nelson Augusto Flores Machado Maria Teresa Raya-Rodriguez As questões ambientais são uma constante em nosso dia a dia. Episódios de secas e enchentes relacionados a eventos climáticos extremos, bem como suas implicações no ambiente e na população, são noticiados com frequência pelos meios de comunicação. Da mesma forma, assuntos relativos à qualidade da água, destinação de resíduos, minimização de impactos também são abordados cada vez mais pela sociedade e seus atores sociais. Mas afinal, qual a definição de impacto ambiental? Qual a relação entre as atividades antrópicas e os impactos ambientais? Qual o papel da sociedade nesse processo de avaliação ambiental? Este capítulo aborda os principais conceitos associados à avaliação ambiental, aos seus métodos e exigências legais, relacionando-os com a futura prática do profissional em meio ambiente. Schwanke2_175x250.indb 145Schwanke2_175x250.indb 145 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 146 A m b ie n te : te c n o lo g ia s Preocupações com as questões ambientais Você ficaria surpreso se soubesse que as primeiras leis relacionadas à poluição do ar datam do século XIII? De uma maneira geral, ao longo dos anos, as discussões e, principalmente, as decisões em relação aos problemas ambientais ocorriam quando estes eram sentidos pela população, quer dizer, o problema gerava uma resposta dos governantes, sendo os impactos de abrangência local e relacionados com as atividadesdesenvolvidas em uma determinada área. Foi a partir da Revolução Industrial que os problemas ambientais começaram a adquirir maior proporção, visto que as atividades industriais começaram a gerar produtos em quantidade e com características diferentes das encontradas no meio ambiente. Estabelecido o processo da industrialização, no século XIX, a sociedade, em especial o mundo capitalista, passou a explorar cada vez mais os recursos naturais existentes, produzindo os mais variados bens de consumo. Esses recursos naturais, insumos, eram considerados inesgotáveis e a capacidade do meio de absorver os resíduos, gerados por essa produção, não era foco de atenção. Os empreendedores se preocu- pavam predominantemente com a viabilidade técnica e econômica de suas ideias. A implementação de grandes projetos, principalmente a partir da década de 1960, bem como a repercussão ambiental negativa decorrente de suas atividades, tais como derrames de petróleo, modificações da paisagem, entre outros, motivaram a criação de movimentos ambientalistas (TOMMASI, 1994). A publicação do livro Prima- vera silenciosa, de Carson (1962), também alertou a sociedade sobre as consequências das ações humanas sobre a natureza, considerando a biomagnificação do DDT. A pressão dos grupos ambientalistas e a crescente conscientização social de que a viabilidade técnica e econômica dos projetos não deveriam ser os únicos critérios a serem considerados para as tomadas de decisões, levou à criação, nos EUA, da lei da política nacional do meio ambiente, a National Environmental Policy Act (NEPA) apro- vada em 1969 e que entrou em vigor em 01 de janeiro de 1970 (TOMMASI, 1994). Com essa legislação, os aspectos sociais, culturais e ambientais também deveriam ser considerados para a tomada de certas decisões do governo federal em relação a projetos que pudessem acarretar modificações ambientais significativas, tornan- do obrigatória a realização da avaliação de impacto ambiental. De acordo com Absy (1995), diferentemente dos países desenvolvidos, que im- plantaram a AIA em resposta às pressões sociais e ao avanço da consciência am- bientalista, no Brasil ela foi adotada, principalmente, por exigência dos organis- Schwanke2_175x250.indb 146Schwanke2_175x250.indb 146 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 147 mos multilaterais de financiamento, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). PENSAMENTO CRÍTICO Leia o livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson (1962), e reflita sobre as ações do homem sobre a na- tureza, considerando a demanda por produtos e serviços. Política Nacional do Meio Ambiente A política nacional do meio ambiente, estabelecida no Brasil pela Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), e regulamentada pelo Decreto nº 99.274/1990 (BRASIL, 1990c), é de suma importância, pois tem o objetivo de pre- servar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, visando a as- segurar, no país, condições para o desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana. Como princípios da política, pode-se destacar a racionalização do uso dos com- partimentos ambientais, o planejamento e a fiscalização do uso dos recursos am- bientais, a proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas, o controle e o zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente poluidoras, entre outros (artigo 2º da Lei nº 6.938/1981). Com o intuito de atender seus objetivos, o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais (AIA) e o licenciamento ambiental são alguns dos instrumen- tos previstos pela Política. A Lei nº 6.938/1981 (BRASIL, 1981) destaca, em seu artigo 10, que a construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades utili- zadoras de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. O licenciamento ambiental, previsto pelo Decreto nº 99.274/1990 (BRASIL, 1990c) e regulamentado pela Resolução CONAMA nº 237/1997 (BRASIL, 1997), é um proce- dimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a locali- zação, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utiliza- doras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, consi- derando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (artigo 1º da Resolução). Os empreendimentos e as atividades sujeitas ao licen- ciamento ambiental encontram-se relacionados no Anexo 1 da referida Resolução. NO SITE Acesse o ambiente virtual de aprendizagem: www. bookman.com.br/tekne, e leia na íntegra a Lei n o 6.938/1981. Schwanke2_175x250.indb 147Schwanke2_175x250.indb 147 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 148 A m b ie n te : te c n o lo g ia s PARA SABER MAIS Verifique as atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, consultando o Anexo 1 da Resolução CONA- MA no 237/1997. PPARA SAB O licenciamento ambiental é composto principalmente por três licenças: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO), sendo suas ca- racterísticas apresentadas no Quadro 8.1. Quadro 8.1 Características das licenças ambientais Licença Prévia (LP) Solicitada na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental. Necessária para a implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas fases de instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. É indispensável para solicitar financiamentos e incentivos fiscais. Aprova a viabilidade ambiental do empreendimento, mas não autoriza o início das obras. Tem prazo de validade não superior a cinco anos. Estabelece as condições para o empreendedor prosseguir com a elaboração do projeto. Licença Instalação (LI) Autoriza a instalação do empreendimento ou da atividade de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. Autoriza o início da obra/empreendimento. É concedida após a análise e a aprovação do projeto executivo e outras condições da LP. Tem prazo de validade de até seis anos. Licença Operação (LO) Autoriza a operação da atividade ou do empreendimento, após verificação do efetivo cumprimento do que consta nas licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. É concedida após vistoria e confirmação do funcionamento dos sistemas de controle ambiental, especificados nas fases anteriores do licenciamento (LP e LI). Autoriza o início do funcionamento do empreendimento. Tem prazo de validade de no mínimo 4 a no máximo 10 anos, devendo levar em consideração os planos de controle ambiental. Deve ser renovada. Fonte: Kapusta e Raya-Rodriguez (2009). Schwanke2_175x250.indb 148Schwanke2_175x250.indb 148 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 149 Os empreendimentos e as atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio, quando da solicitação da licença prévia, deverão apresentar o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto sobre o meio ambiente (RIMA). Processo de avaliação de impacto ambiental Como visto anteriormente, a avaliação de impacto ambiental (AIA) é um dos ins- trumentos da política nacional do meio ambiente, sendo de significativa impor- tância para a gestão institucional de planos, programas e projetos em nível fede- ral, estadual e municipal (ABSY, 1995). Como instrumentos legais para a implementação da AIA, pode-se citar o estudo de impacto ambiental (EIA),o relatório de impacto ambiental (RIMA), bem como outros documentos técnicos, sejam eles o plano de controle ambiental (PCA), o re- latório de controle ambiental (RCA) e o plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD), necessários ao licenciamento ambiental (ABSY, 1995). Definição de impacto ambiental De uma maneira geral, as definições de impacto ambiental relacionam a altera- ção do meio ambiente decorrente de uma atividade ou ação antropogênica, como pode ser verifcado em Lima (2003), Santos (2007) e Sánchez (2008). De acordo com a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), impacto ambiental é qual- quer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades hu- manas que afetam direta e indiretamente a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais. De acordo com a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), em seu artigo 6º, os estudos de impacto ambiental devem efetuar a avaliação dos impactos am- bientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, dis- criminando os impactos: • positivos e negativos (benéficos e adversos); • diretos e indiretos; • imediatos, em médio e longo prazo; • temporários e permanentes; • grau de reversibilidade. NO SITE Leia o artigo de Rocha, Canto e Pereira (2005) sobre a avaliação de impacto ambiental no Mercosul, disponível no ambiente virtual de aprendizagem. NO SITE NO SITE Leia na íntegra a Resolução CONAMA nº 1/1986, disponível no ambiente virtual de aprendizagem. Schwanke2_175x250.indb 149Schwanke2_175x250.indb 149 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 150 A m b ie n te : te c n o lo g ia s Devem ser consideradas ainda, as propriedades cumulativas e sinérgicas dos im- pactos; a distribuição dos ônus e benefícios sociais, bem como apresentadas as medidas mitigadoras dos impactos negativos. Esse levantamento dos impactos é necessário e importante para avaliar a viabili- dade ambiental do projeto, bem como medidas a serem implementadas de ma- neira a causar o menor impacto adverso possível. Análise de impacto ambiental O processo de análise de impacto ambiental (AIA) pode ser dividido em três eta- pas, cada qual com diferentes atividades. São elas: etapa inicial, análise detalhada e etapa pós-aprovação, caso a tomada de decisão seja favorável (SÁNCHEZ, 2008). De acordo com o autor, na etapa inicial verifica-se a necessidade ou não de uma avaliação detalhada dos impactos ambientais de uma futura ação e, em caso posi- tivo, deve-se definir o alcance e a profundidade dos estudos necessários. A análise detalhada é aplicada somente nos casos de atividades que tenham o po- tencial de causar impactos significativos, neste caso, deve-se efetuar o estudo de impacto ambiental da atividade, com o respectivo relatório de impacto ambiental. Caso o empreendimento seja implantado, ocorre o monitoramento dos impactos causados pela atividade, bem como a aplicação das medidas de gestão ambiental. Estudo de impacto ambiental (EIA) e o Relatório de impacto ambiental (RIMA) A elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto am- biental (RIMA) são exigências para o licenciamento de diversas atividades conside- radas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio (Resolução CONAMA nº 1/1986). Sua obrigatoriedade foi fixada pela Constituição Federal de 1988, artigo 225, inciso IV (BRASIL, 1988). Conforme consta nas Resoluções CONAMA nº 1/1986 e nº 11/1986 (BRASIL, 1986a, 1986b), nº 6/1987 (BRASIL, 1987), nº 9/1990 e nº 10/1990 (BRASIL, 1990a, 1990b), as atividades que devem apresentar o EIA/RIMA, quando na solicitação da licença prévia, são: 1. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento. 2. Ferrovias. 3. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos. 4. Aeroportos. 5. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgo- tos sanitários. 6. Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV. Schwanke2_175x250.indb 150Schwanke2_175x250.indb 150 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 151 c a p ít u lo 8 A va li a ç ã o d e i m p a c to a m b ie n ta l 7. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação, aber- tura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques. 8. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão). 9. Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração. 10. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos. 11. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia pri- mária, acima de 10 MW. 12. Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos). 13. Distritos industriais e zonas estritamente industriais (ZEI). 14. Exploração econômica de madeira ou lenha em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental. 15. Projetos urbanísticos em áreas acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos estaduais ou municipais. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou pro- dutos similares, em quantidade superior a 10 toneladas por dia. 16. Projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de impor- tância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. 17. Empreendimento potencialmente lesivo ao patrimônio espeleológico nacional. O órgão ambiental pode solicitar o EIA/RIMA de outros ramos, quando julgar ne- cessário. O EIA/RIMA é baseado no termo de referência e deve ser realizado por profissio- nais legalmente habilitados, a custa do empreendedor. O empreendedor e os pro- fissionais que subscrevem os estudos serão responsáveis pelas informações apre- sentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais, conforme artigo 11 da Resolução CONAMA nº 237/1997 (BRASIL, 1997). De acordo com Absy (1995), o termo de referência estabelece as diretrizes orien- tadoras, o conteúdo e a abrangência do estudo exigido do empreendedor, sendo elaborado pelo órgão de meio ambiente a partir das informações prestadas pelo empreendedor na fase de pedido de licenciamento ambiental. Em alguns casos, o órgão de meio ambiente solicita que o empreendedor elabore o termo de referên- cia, reservando-se apenas o papel de julgá-lo e aprová-lo. Schwanke2_175x250.indb 151Schwanke2_175x250.indb 151 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 152 Os custos e as despesas referentes ao EIA/RIMA, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, es- tudos técnicos e científicos, bem como acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos cinco cópias, corre- rão por conta do proponente do projeto (Resolução CONAMA nº 1/1986, artigo 8º). Os conteúdos mínimos que devem ser apresentados no estudo de impacto am- biental, conforme a Resolução CONAMA nº 1/1986 (BRASIL, 1986a), podem ser observados no Quadro 8.2. Conforme consta na Resolução, o relatório de impacto ambiental (RIMA) deve re- fletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, devendo ser elaborado em linguagem acessível, ilustrado e de fácil compreensão para que a sociedade en- tendavantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação. O RIMA deverá conter, no mínimo: os objetivos e justificativas do projeto; a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais; a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade; a caracterização da qualidade ambiental fu- tura da área de influência; a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos; o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). O EIA e o RIMA devem ser submetidos à análise técnica pelo órgão competente municipal, estadual ou federal (BRASIL, 1986a), conforme verificado no processo de avaliação ambiental. Sempre que julgar necessário, o órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência pública ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos (BRASIL, 1987). O objetivo da audiência pública é o de apresentar o projeto proposto e os impac- tos ambientais associados, discutir e dirimir dúvidas em relação ao RIMA, bem como fornecer subsídios para a análise e o parecer final do órgão licenciador sobre o empreendimento proposto. Após esse procedimento, o empreendimento pode ou não ser aprovado pelo órgão ambiental. Utilização dos métodos de avaliação ambiental Como visto anteriormente, a avaliação dos impactos ambientais decorrentes do projeto e de suas alternativas é uma exigência legal. Para auxiliar nessa avaliação, existem diversos métodos para comparar, organizar e analisar informações sobre impactos ambientais de uma proposta, incluindo os meios de apresentação escri- ta e visual dessas informações (BASTOS; ALMEIDA, 2007). DICA Acesse o site do IBAMA, selecione um EIA/RIMA para consulta e verifique o conteúdo do documento e os tópicos estudados. NO SITE Acesse o ambiente virtual de aprendizagem e leia a Resolução CONAMA nº 9/1987, que regula a audiência pública. DICA Acompanhe no site do órgão ambiental do seu estado, as datas das audiências públicas e participe! Schwanke2_175x250.indb 152Schwanke2_175x250.indb 152 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 153 c a p ít u lo 8 A va li a ç ã o d e i m p a c to a m b ie n ta l Quadro 8.2 Conteúdo mínimo a ser apresentado no estudo de impacto ambiental Informações gerais do empreendedor: identificação, localização, entre outros. Caracterização do empreendimento: objetivos, porte, etapas de implantação, entre outros. Área de influência do empreendimento: • área de impacto direto; • área de influência direta; • área de influência indireta; Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto Completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) Meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas. b) Meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente. c) Meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas: Por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: • os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos); • diretos e indiretos; • imediatos e a médio e longo prazo; • temporários e permanentes; • seu grau de reversibilidade; • suas propriedades cumulativas e sinérgicas; • a distribuição dos ônus e benefícios sociais. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos: entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. Fonte: Brasil (1986a). Schwanke2_175x250.indb 153Schwanke2_175x250.indb 153 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 154 A m b ie n te : te c n o lo g ia s De acordo com os autores, ainda não existe uma metodologia completa e ideal que atenda a todos os diferentes EIAs e suas respectivas fases. Além de atender aos requi- sitos e às normas legais, a seleção da metodologia dependerá de diversos fatores, tais como o tempo para o desenvolvimento do estudo, dos recursos financeiros disponí- veis, da existência de informações ou dados existentes, da adaptação/adequação do método às condições específicas de cada atividade e área de estudo analisada. Como principais métodos de avaliação de impacto ambiental, pode-se citar o ad hoc (grupo multidisciplinar); listagens (check list); matrizes de interação (matriz de Leopold); redes de interação (networks); superposição de cartas (overlays); modelos de simulação; projeção de cenários; análise custo-benefício; análise multiobjetivo. PARA SABER MAIS Leia o artigo Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no Ceará, de Oliveira e Moura (2009), disponível no ambiente virtual de aprendizagem. PPARA SAB Algumas das características dos métodos podem ser observadas no Quadro 8.3. Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas características Método Características Método ad hoc (grupo multidisciplinar) 1) Reúne uma equipe multidisciplinar de especialistas no assunto e/ou na área em questão, que desenvolve a avaliação de forma simples, objetiva e dissertativa. 2) É utilizado em casos com escassez de dados, fornecendo orientação para outras avaliações. Método das listagens (check list) 1) Trata-se de um dos métodos mais utilizados em AIA, na etapa inicial. 2) É adequado somente para avaliações preliminares. 3) Identifica e enumera os impactos, a partir do diagnóstico ambiental feito por especialistas dos meios físico, biótico e socioeconômico. 4) Relaciona-se os impactos decorrentes das fases de implantação e operação do empreendimento, categorizando-os em positivos ou negativos, conforme o tipo da modificação antrópica a ser introduzida no sistema analisado. 5) Existem diversas listas padronizadas por tipo de projetos (projetos hídricos, autoestradas, etc.), além de listas computadorizadas. Mais conhecida é a de Battelle Columbus. (continua) Schwanke2_175x250.indb 154Schwanke2_175x250.indb 154 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 155 c a p ít u lo 8 A va li a ç ã o d e i m p a c to a m b ie n ta l Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas características (Continuação) Método Características Método das matrizes de interação (matriz de Leopold) 1) Consiste em uma análise bidimensional, organizada em um quadro onde são listados horizontal e verticalmente os fatores ambientais e as ações de projeto. Métodos basicamente de identificação. 2) Tem maior destaque a matriz de Leopold (1971), que completa considera 100 ações que podem causar impactos e 88 características e condições ambientais. Método das redes de interação (networks) 1) Procura estabelecer a sequência de impactos ambientais a partir de uma determinada intervenção, utilizando método gráfico. 2) Utiliza diagramas,gráficos ou fluxogramas, mostrando a cadeia de modificações que ocorrem, ou seja, os impactos diretos e indiretos que podem resultar de um empreendimento. Abrange efeitos secundários e terciários. 3) Tem maior destaque Sorensen (1974). Método da superposição de cartas (overlays) 1) Confecciona cartas temáticas relativas aos fatores ambientais potencialmente afetados, tais como: embasamento geológico, tipo de solo, declividades. 2) Faz a superposição das imagens segundo conceito de fragilidade (cartas de restrição) e potencial de uso (cartas de aptidão). 3) É bastante utilizado na escolha de traçado de projetos lineares: rodovias, dutos, linhas de transmissão e em diagnósticos ambientais. Método dos modelos de simulação 1) Trabalha com modelos matemáticos. 2) É estruturado com base na definição dos objetivos, escolha de variáveis e estabelecimento de suas inter-relações, discussão e interpretação dos resultados. 3) Simula várias alternativas do projeto. 4) Pode ser necessário utilizar alguns dos modelos de ponderação já apresentados para a comparação e a ordenação das alternativas. Método de projeção de cenários 1) Proporciona uma análise de situações ambientais prováveis em termos de evolução de um ambiente (cada situação corresponde a um cenário) e/ ou de situações hipotéticas, referentes a situações diferenciadas geradas por proposição de alternativas de projetos e programas. Método da análise benefício-custo 1) Computa custos e benefícios de um projeto ou de suas alternativas, visando compará-los e ordená-los por meio da relação custo-benefício ou do benefício líquido. (continua) Schwanke2_175x250.indb 155Schwanke2_175x250.indb 155 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 156 A m b ie n te : te c n o lo g ia s Utilização de indicadores para o diagnóstico e/ou monitoramento O diagnóstico e o monitoramento ambiental são de fundamental importância no processo de avaliação ambiental, tanto para verificar a adesão às normas regula- doras como para apoiar o sistema de gestão. A utilização de indicadores assegu- ra que um processo de avaliação aborde as principais variáveis associadas com a degradação ou com os impactos ambientais significativos. Também melhora a comunicação entre os atores envolvidos. Quadro 8.3 Principais métodos de avaliação de impacto ambiental e suas características (Continuação) Método Características Método da análise multiobjetivo 1) É estruturado, em geral, na forma de uma hierarquia: • Meta: intenção ou objetivo muito genérico e que pode ser atendido por objetivos mais específicos que são quantificados por atributos. • Objetivos: refletem as aspirações do decisor em relação ao atendimento de uma determinada meta. Pode ser alcançado pela sua maximização ou minimização. • Atributos: permitem avaliar como um determinado objetivo está sendo alcançado. Aspecto mensurável (reais, metros ou ordinal – alto, médio, baixo). Fonte: Braga et al. (2005), Oliveira e Moura (2009), Sánchez (2008), Santos (2007) e Tommasi (1994). Agora é a sua vez! Considerando o EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, verifique o método utilizado para a avaliação do impacto, utilizado pela equipe técnica responsável pelo estudo. Schwanke2_175x250.indb 156Schwanke2_175x250.indb 156 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 157 c a p ít u lo 8 A va li a ç ã o d e i m p a c to a m b ie n ta l Indicadores são bits de informação que resumem as características de um sistema, ou o que está acontecendo no mesmo, simplificando fenômenos complexos. É importante destacar que os indicadores, se bem selecionados, indicam diversas tendências, porém não revelam toda a verdade. Um indicador é, portanto, rara- mente “perfeito” no sentido de revelar todas as informações necessárias para as decisões a serem tomadas. Em vez disso, fornece sinais para futuras investigações. No contexto de um projeto, os indicadores ambientais são usados como uma fer- ramenta de gestão para prever alterações ambientais, mitigar ou promover as al- terações, bem como acompanhar o desenvolvimento, a fim de gerir o projeto de maneira ideal frente à perspectiva ambiental. O “método” para identificar e desenvolver indicadores é, portanto, o mais impor- tante no contexto. Nesse estudo não foram incluídos exemplos de indicadores, no entanto, serão fornecidas algumas ideias sobre os indicadores relevantes. Os indicadores selecionados devem ser de fácil compreensão e utilização por todas as partes envolvidas. Para essa seleção é importante a consulta aos atores locais, o que também representa uma oportunidade para levantamento de estu- dos já existentes relacionados com outros projetos ou atividades, e para discutir a divisão de responsabilidades. Ainda, os atores locais devem ser continuamente informados e envolvidos nesse processo. Por exemplo, a avaliação do estado ambiental de uma determinada bacia hidro- gráfica envolve os diferentes usos e não somente a atividade que está requerendo o licenciamento. No mercado de trabalho, essa avaliação deveria ser de responsa- bilidade de instituições oficiais e não de um determinado empreendimento. Contudo, na prática, o que acontece é que uma empresa, que apresenta um EIA/ RIMA, muitas vezes precisa avaliar a bacia de uma maneira sistêmica, pois ciclos, processos, serviços ambientais estão interligados. Quando a atividade está em funcionamento por vários anos, com passivo ambiental associado, deve-se ana- lisar os diversos usos da bacia, sob pena do estado do ambiente encontrado, ser creditado nas responsabilidades exclusivamente daquela atividade, uma vez que as demais não foram estudadas. Uma avaliação completa dos links causais, isto é, a identificação das relações de causa e efeito das atividades, na área de influência do estudo, é um importante passo na identificação de indicadores. Na análise das relações de causa e efeito, um aspecto ambiental pode ser dividido em cinco elementos diferentes (Figura 8.1): Schwanke2_175x250.indb 157Schwanke2_175x250.indb 157 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 158 A m b ie n te : te c n o lo g ia s FORÇA MOTRIZ Tendências ambiental- mente relacionadas, por exemplo, pressão populacional A sociedade estabelece a proteção de áreas consideradas importantes a processos ecológicos para solucionar o problema. Mudanças observáveis no ambiente, por exemplo, ameaça ou extinção de uma parte do total de espécies. Efeitos de uma mudança no ambiente, por exemplo, aumento da ameaça ou extinção de espécies Atividades antropogênicas afetando diretamente o meio, por exemplo, a alteração de habitat. RESPOSTA ESTADO IMPACTO PRESSÃO Figura 8.1 Modelo Força Motriz-Pressão- Estado-Impacto-Resposta. Fonte: Organisation for Economic Co-operation and Deve- lopment (1999). 1. Tendência subjacente, que está dirigindo o problema ambiental (força motriz). 2. Tendência subjacente que provoca uma mudança de comportamento, o que coloca uma pressão sobre o ambiente (pressão). 3. Pressão da mudança comportamental que resulta em um estado de ambiente transformado (estado). 4. Mudanças no estado do ambiente que resultam em impactos e degradação sobre o meio ambiente e pessoas (impacto). 5. A parte final do aspecto ambiental de uma avaliação, é a resposta das pes- soas, da sociedade. Essa resposta pode atingir qualquer uma das partes cita- das, mas é, preferencialmente com vista para a tendência subjacente, ou pelo menos as pressões que essas tendências causam (a resposta). Essas respostas surgem por meio de leis, programas, políticas privadas ou públicas ou até mesmo por meio do princípio da precaução. É importante lembrar, no entanto, que muitas ligações causais já foram estabe- lecidas por meio de pesquisa e experiências anteriores (p. ex., a ligação entre agricultura intensiva e o potencial de erosão do solo que tem sido observado em numerosas ocasiões). Schwanke2_175x250.indb 158Schwanke2_175x250.indb 158 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 159Escolha dos indicadores Deve-se estabelecer um conjunto limitado de indicadores, visando a facilitar a in- terpretação dos resultados. Deve-se levar em consideração que muitos indicado- res estão correlacionados, portanto, a escolha de bons indicadores é mais eficaz do que um grande número de indicadores. O principal objetivo dos indicadores ambientais selecionados é permitir o acom- panhamento dos impactos ambientais diretos e indiretos. É importante lembrar que esses impactos podem ser tanto negativos como positivos. No entanto, a identificação e/ou o monitoramento (e controle) dos impactos ambientais adver- sos é de extrema relevância, pois estes podem afetar negativamente o bem-estar das pessoas e os meios de subsistência e, no pior dos casos, há o risco de esses impactos se tornarem irreversíveis. Nesse sentido, as relações de causa e efeito, são, portanto, instrumentos vitais para definir os impactos e assim orientar e subsidiar a seleção dos indicadores. Enquanto as relações de causa e efeito são estabelecidas, é possível selecionar indicadores de pressão para monitorar a causa do impacto, ou da degradação, ou um indicador de impacto para monitorar o efeito real. Um exemplo disso é o indicador “mudança de uso da terra”, que é um indicador de uma pressão sobre o sistema natural. Essa pressão pode resultar em vários impactos diferentes, tais como erosão do solo, perda da biodiversidade, migração, entre outros. Ao observarem-se alterações no uso do solo, pode-se, portanto, obter um primeiro sinal (ou indicação) de uma mudança que deve ser monitorada e mitigada. Os indicadores devem ser relevantes ao longo de todo o ciclo de vida da atividade estudada, isto é, busca-se a rastreabilidade, permitindo, dessa forma, o acompa- nhamento, em qualquer tempo, das degradações e dos impactos projetados. O monitoramento é, portanto, intimamente ligado aos elementos da atividade e de seu desenvolvimento. Esses elementos e as medidas de monitoração associa- das são ilustrados na Figura 8.2. PARA SABER MAIS Para aprofundar seu conhecimento, recomenda-se a leitura dos livros Avaliação de impacto ambiental, de Sánchez (2008) e Planejamento ambiental: teoria e prática, de Santos (2007). Schwanke2_175x250.indb 159Schwanke2_175x250.indb 159 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 160 A m b ie n te : te c n o lo g ia s Atividade finalizada Estudos de pré-viabilidade Estabelecer valores de referência a serem usados: • na área ambiental de influências; • para comparações com atividades futuras. Monitorar Estado do Meio durante a implementação • Efeitos adversos mitigados. • Se os impactos positivos são menores do que o previsto, imple- mentar ações. Monitorar Estado do Meio durante a implementação • Efeitos adversos mitigados. • Se os impactos positivos são menores do que o previsto, imple- mentar ações. Estudos de viabilidade Ideias Trazendo de volta conhecimentos e experiência Avaliação da atividade e operação Implementação de atividade ou atividade já implementada com passivo ambiental Problemas: necessidade de avaliar Figura 8.2 Monitoramento dos impactos ou degradação ambientais de um projeto ou de uma atividade, visando a avaliação ambiental. Fonte: Organisation for Economic Co-opera- tion and Development (1999). Os indicadores não precisam ser necessariamente quantitativos, sendo que os qualitativos também podem ser selecionados para acompanhamento e facilidade de comunicação aos atores. A seleção de indicadores também deve considerar o custo da amostragem. Se dois indicadores apontam a mesma coisa, é muito natural que o menos caro deva ser escolhido. No entanto, é importante considerar não só os custos de um indicador, mas também o benefício de ter a informação fornecida pelo mesmo. Pode-se recorrer a listas existentes de indicadores e utilizá-las como se fossem lis- tas de compras, selecionando aqueles indicadores na lista que são mais apropria- dos para a avaliação. Aspectos como credibilidade, custo e eficácia dos indicadores determinam não só a qualidade do sistema de monitoramento, estado do ambiente, como também a sua sustentabilidade e as possibilidades de integrá-lo em relevantes processos de tomada de decisão. É de extrema relevância que os resultados do monitoramento sejam confiáveis e que a equipe responsável pelo estudo tenha a capacidade adequada para desen- volver e analisar os indicadores, para que não ocorram distorções ou interpreta- ções errôneas das informações. Schwanke2_175x250.indb 160Schwanke2_175x250.indb 160 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 161 c a p ít u lo 8 A va li a ç ã o d e i m p a c to a m b ie n ta l Após os indicadores terem sido desenvolvidos e os dados coletados, ainda é neces- sário interpretar os resultados. O estabelecimento prévio de um valor de referência é essencial para a comparação dos resultados. Sem esse valor não é possível interpretar se os resultados indicam uma melhora ou uma deterioração da qualidade ambiental. Para simplificar e minimizar o risco de erros na interpretação dos indicadores, deve-se considerar que: • O plano de atividades para o projeto ou as atividades deve ser claramente de- finido. Quanto mais específica a atividade, mais fácil a detecção do impacto ou a degradação com esta, bem como a sua mitigação. • A proposta do projeto deve, na medida do possível, identificar claramente os im- pactos ambientais do projeto. Descrições vagas ou demasiado amplas, tais como “prejuízo na biodiversidade” são de pouca utilidade na seleção de indicadores. • A alternativa zero, que é o cenário no qual se deve considerar o meio sem as ativi- dades projetadas ou já em andamento, deve ser pensada e desenvolvida com mui- to cuidado. Sem uma alternativa zero, a interpretação dos indicadores fica muito difícil, devido à falta de um importante componente de comparação. JUNTANDO TUDO! 1) Efetue uma análise crítica do EIA/RIMA consultado no site do IBAMA, destacando no documento os conceitos abordados ao longo do capítulo. 2) Pesquise, conceitue e diferencie a avaliação de impacto ambiental e a avaliação ambiental estratégica. REFERÊNCIAS ABSY, M. L. (Coord.). Avaliação de impacto ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: Insti- tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1995. Disponível em: �http://www.hidro. ufcg.edu.br/twiki/pub/Disciplinas/SistemasAmb/AIA.pdf�. Acesso em: 07 nov. 2012. BASTOS, A. C. S.; ALMEIDA, J. R. Licenciamento ambiental brasileiro no contexto da avaliação de impactos am- bientais. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. Avaliação e perícia ambiental. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União, 17 fev. 1986a. Seção 1, n. 31, p. 2.548. Schwanke2_175x250.indb 161Schwanke2_175x250.indb 161 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 162 A m b ie n te : te c n o lo g ia s BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 11, de 18 de março de 1986. Diário Oficial da União, 2 maio 1986b. Seção 1, p. 6346. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 6, de 16 de setembro de 1987. Diário Oficial da União, 22 out. 1987. Seção 1, p. 17500. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 9, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, 28 dez. 1990a. Seção 1, p. 25539. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, 28 dez. 1990b. Seção 1, p. 25540. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Diário Oficial da União, 22 dez. 1997. Seção 1, n. 247, p. 30841. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Diário Oficial da União, 5 out. 1988. Seção 1, n. 191-A, p. 1. BRASIL. Decreton° 99.274, de 6 de junho de 1990. Diário Oficial da União, 7 jun. 1990c. Seção 1, n. 109, p. 10887. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, 2 set. 1981. Seção 1, p. 16509. CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1962. KAPUSTA, S. C.; RAYA-RODRIGUES, M. T. M. Análise de impacto ambiental. Porto Alegre: Instituto Federal de Educa- ção, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, 2009. v. 1. LIMA, A. L. Impactos ambientais associados à usina hidrelétrica de Três Irmãos: o fenômeno de ação e reação. 2003. 115 f. Dissertação (Mestrado Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. OLIVEIRA, F. C.; MOURA, H. J. T. Uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos realizados no Ceará. PRETEXTO, v. 10, n. 4, p. 79-98. 2009. Disponível em: �http://www.fumec.br/revistas/index.php/pretex- to/article/view/498/493�. Acesso em: 21 mar. 2013. ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT. Indicators for the integration of environ- mental concerns into transport policies. Paris: OECD, 1999. ROCHA, E. C.; CANTO, J. L.; PEREIRA, P. C. Avaliação de impactos ambientais nos países do Mercosul. Ambienbien- te & Sociedade, v. 8, n. 2, p. 147-160, 2005. Disponível em: �http://www.scielo.br/pdf/asoc/v8n2/28609.pdf�. Acesso em: 05 mar. 2012. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2008. SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. TOMMASI, L. R. Estudo de impacto ambiental. São Paulo: CETESB; Terragraph Artes e Informática, 1994. Schwanke2_175x250.indb 162Schwanke2_175x250.indb 162 10/05/13 13:0510/05/13 13:05 Dica do professor O vídeo a seguir apresenta uma breve apresentação desta unidade de aprendizagem, assim como uma contextualização relacionada aos impactos ambientais. Em um segundo momento, apresentam-se alguns marcos históricos relacionados à Análise de Impactos Ambientais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/54c5a346c93928da26adf12a5a670577 Exercícios 1) Em que década as avaliações de impactos ambientais ganharam caráter legal nos Estados Unidos? A) 1950 B) 1960 C) 1970 D) 1980 E) 1990 2) A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) promoveu a construção de inúmeros documentos de referência, os quais promoveram a difusão do processo de Avaliação de Impacto Ambiental. Em um desses documentos, pode- se encontrar a seguinte orientação: "Certificar-se que as decisões relevantes sejam precedidas por avaliações de impacto ambiental e que, além disso elas levem em conta os custos das eventuais consequências ecológicas". Qual documento elaborado durante a conferência apresenta esta orientação? A) Agenda 21 B) Carta da Terra C) Declaração do Rio sobre ambiente e desenvolvimento D) Convenção sobre Diversidade Biológica E) Convenção de Mudanças Climáticas 3) Qual das opções a seguir não compreende um agente promotor da institucionalização da Avaliação de Impactos Ambientais? A) Criação de legislação específica B) Exigência de organismos multilaterais de financiamento C) Exigência da população devido à preocupação com a crescente ocorrência de acidentes ambientais D) Crescimento da conscientização ambiental E) Agilidade em processos de licenciamento ambiental 4) Não há uma única metodologia adotada para a execução de uma Avaliação de Impactos Ambientais. Esta constatação deve-se a qual das seguintes características? A) Muitas das ações impactantes ocorrem em razão de projetos que são propostos para ambientes diferentes, gerando uma relação única de causa e efeito. B) Formação diversificada de profissionais capazes de realizar uma avaliação de impactos ambientais. C) Utilização de dados primários e secundários. D) Avaliação de impactos realizada durante as etapas de planejamento, implantação, operação e desativação de um empreendimento. E) Avaliação de impactos deve abranger diferentes ambientes, ultrapassando a divisão política de municípios, estados ou países. 5) Qual das seguintes opções NÃO compreende uma característica relacionada à Avaliação de Impactos Ambientais? A) A avaliação de impactos deve abranger as etapas de planejamento, implantação, operação e desativação de um empreendimento. B) A avaliação de impactos deve ser realizada por equipe interdisciplinar. C) A avaliação de impactos deve abranger os meios físico, biótico e socioeconômico. D) A metodologia adotada na avaliação de impactos deve ser adequada ao processo, ao produto ou à instalação que será implantada. E) A avaliação de impactos deve ser realizada apenas com base em dados secundários (baseados em bibliografia). Na prática O resgate histórico possibilita o entendimento de que a Avaliação de Impactos Ambientais evoluiu ao longo do tempo de maneira a contemplar a própria evolução dos impactos, os quais se tornaram mais complexos desde a década de 70. Na prática, o resgate histórico da avaliação dos impactos ambientais possibilita o entendimento e o acompanhamento da sua evolução , e é possível notar ver que os impactos se tornaram mais complexos a partir da Revolução Industrial. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Meio Ambiente e Sustentabilidade Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! RESOLUÇÃO CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.ima.al.gov.br/wizard/docs/RESOLU%C3%87%C3%83O%20CONAMA%20N%C2%BA001.1986.pdf
Compartilhar