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1
PORTUGUÊS 
INSTRUMENTAL 
JOZELMA DE OLIVEIRA RAMOS 
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIA
FACULDADE ÚNICA
1
PORTUGUÊS
 INSTRUMENTAL 
JOZELMA DE OLIVEIRA RAMOS
1
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
 Diretor Geral:Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo:William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Fabiana Miraz de Freitas Grecco
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza
 Guilherme Prado 
 
 Design: Aline De Paiva Alves
 Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Taisser Gustavo Soares Duarte
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
2
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL 
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
3
Jozelma de Oliveira Ramos
Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2019). Mestre em 
Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010). Graduada em Letras 
coA autora é licenciada em Letras-português (2010) e em Letras Português-Francês (2016) 
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Possui Mestrado em Estudos Literários 
(2013) pela (UFMG) e concluiu o doutorado em Letras (2019) pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Atualmente, está em estágio pós-doutoral no Progra-
ma de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários (Poslit – UFMG).
4
LEGENDA DE
Ícones
São os conceitos, definições ou afirmações importantes 
aos quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
1.1 Linguagem e diversidade .......................................................................................................................................................8
1.2 Linguagem como ‘‘ experiência humana” ................................................................................................................9
1.3 Liguagem e poder .....................................................................................................................................................................11
1.4 Linguagem e argumentação ...........................................................................................................................................12
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................14
2.1 Introdução ......................................................................................................................................................................................19
2.2 Coerência textual .....................................................................................................................................................................20 
2.3 Coesão textual ...........................................................................................................................................................................22
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................25
3.1 Concordância nominal ........................................................................................................................................................30
3.2 Regras básicas da concordância nominal ..............................................................................................................31
3.3 Concordância verbal ..............................................................................................................................................................33
3.4 Regras básicas da concordância verbal ...................................................................................................................34
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................36
LINGUAGEM E DIVERSIDADE 
TEXTO E COMUNICAÇÃO 
UNIDADE 4
4.1 Regência verbal .........................................................................................................................................................................40
4.2 Regras básicas da regência .............................................................................................................................................40
4.3 Verbos transitivos diretos ..................................................................................................................................................40
4.4 Verbos transitivos indiretos ...............................................................................................................................................41
4.5 Verbos que podem ser transitivos diretos e indiretos ...................................................................................42
 4.5.1 Verbos transitivos diretos e indiretos ...............................................................................................................................42
 4.5.2 Mudança de transitividade: modificaçção do sentido do verbo ..........................................................................43
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................45
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL 
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL 
UNIDADE 5
5.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................49
5.2 Colocação pronominal: os casos de próclise, mesóclise e ênclise .........................................................49
5.3 Pontuação e acentuação .....................................................................................................................................................51
 5.3 Pontuação .....................................................................................................................................................................................51
5.4 Acentuação ..................................................................................................................................................................................53
5.5 Palavras oxítonas,paroxítonas e proparoxítonas ................................................................................................53
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................55
OUTROS ASPECTOS GRAMATICAIS 
UNIDADE 6
6.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................58
6.2 Descrição ............................................................................................................................ ..........................................................58
6.3 Narração .........................................................................................................................................................................................59
6.4 Dissertação .............................................................................................. ...................................................................................63
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................66
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .....................................................................................................................71
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................................72
GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS 
6
UNIDADE 1
Nesta unidade estudaremos o caráter plural da língua portuguesa e discutiremos o 
papel da linguagem nos processos de formação do sujeito, bem como seu lugar na 
sociedade.
UNIDADE 2
Na unidade II veremos como se dá o processo de coerência e coesão textual, os quais 
são indispensáveis nas atividades comunicativas em língua portuguesa, quer sejam 
escritas ou orais.
UNIDADE 3
Existem regras gramaticais que são importantes e devem ser sempre revisadas e 
consultadas, por isso, na Unidade III, estudaremos as principais regras de concordância 
nominal e verbal.
UNIDADE 4
Nos mesmos moldes da unidade anterior, discutiremos as regras fundamentais de 
regência verbal e nominal.
UNIDADE 5
Na unidade V, abordaremos outros aspectos gramaticais importantes que são 
relevantes para o aprendizado instrumental da língua portuguesa, tais como: 
colocação pronominal, pontuação e acentuação.
UNIDADE 6
Na última unidade, estudaremos os conceitos de gênero e tipo textual. Além disso, 
analisaremos alguns tipos de textos acadêmicos relevantes, assim como o texto 
literário.
C
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
IV
R
O
7
LINGUAGEM E DIVERSIDADE UNIDADE
01
8
1.1 LINGUAGEM E DIVERSIDADE
 Ao lermos a charge abaixo, podemos pensar que a personagem entrevistada, não 
obstante aos seus conhecimentos em vários idiomas estrangeiros, “não sabe português”. 
No entanto, podemos afirmar que sim, ela “sabe português”, mas não domina todas as 
variantes linguísticas necessárias para se adequar a determinadas situações comunicati-
vas, tais como uma entrevista de emprego. Assim, no caso abaixo descrito, a personagem 
utiliza uma variante informal numa circunstância que exige formalidade, o que não é “in-
correto” do ponto de vista linguístico, mas é extremamente inadequado.
Figura 1: Ausência de domínio da língua portuguesa
Fonte: Amaral (2018, online). Acesso em: 04 fev. 2021.
 O fato é que a língua portuguesa, como sabemos, possui muitas variantes. Entre elas, 
podemos citar aquelas que ocorrem entre as diferentes faixas etárias e nos mais diversos 
grupos socioeconomicamente distintos. Tais discrepâncias provocam, muitas vezes, situa-
ções reveladoras de inadequação e de preconceito linguístico, entre os falantes de língua 
portuguesa, como exemplificado aqui por meio da charge acima. Com isso, estes sujeitos 
podem se sentir, muitas vezes, inaptos a interagir na sua própria língua. Para Bagno (2007, 
p. 08-09):
O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à 
confusão que foi criada, no curso da história, entre língua 
e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é des-
fazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o 
molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi 
não é o mundo...Também a gramática não é a língua. 
A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tem-
po, e a gramática normativa é a tentativa de descrever 
apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma 
culta.
 Como se vê, conforme Bagno (2007), existe uma diferença entre conhecer a gramá-
tica normativa e dominar a língua portuguesa. Na verdade, existem variantes linguísticas 
consideradas de mais prestígio social e que são mais condizentes, como já foi dito aqui, 
com determinados contextos sociais mais formais, como, por exemplo, uma apresentação 
de trabalho da faculdade, a escrita de um e-mail para um coordenador de curso, a elabora-
ção de uma tese acadêmica etc. Por isso, existe uma necessidade de adequação linguística 
por parte do falante às diferentes interações sociais, as quais podem variar desde um sim-
9
ples bilhete para os pais até a escrita de uma dissertação.
 Por essa razão, propõe-se, nesta unidade, uma discussão sobre o que é linguagem e 
suas implicações sociais, bem como a necessidade de conhecer e dominar as mais diver-
sas variantes linguísticas para se adaptar a contextos sociais específicos, de acordo com as 
necessidades de interação dos sujeitos e em situações reais de comunicação.
Recomendamos a leitura do livro “Preconceito Linguístico o que é, como se faz” de 
Bagno (2007). Veja também o livro “Introdução à Sociolinguística: o tratamento 
da variação” organizado por Molica e Braga (2010) para compreender melhor a 
nossa diversidade linguística. Livro disponível através do link: https://bit.ly/2VVjZ-
GZ. Acesso em: 04 fev. 2021.
BUSQUE POR MAIS
“[...] a linguagem não tem apenas a função de informar - de transmitir de forma neutra men-
sagens de um emissor a um receptor, até porque o processo não pode ser compreendido 
somente por esse viés; ela comunica também a posição que o falante ocupa, e, portanto, se 
constitui em uma arena de jogos onde se travam disputas ideológicas, onde se exercem for-
mas de poder. Por isso, precisamos nos adequar a cada contexto comunicativo” (GIORDANI, 
2014, p. 02).
FIQUE ATENTO
O que significa “dominar a língua portuguesa” segundo os estudos linguísticos? Por que é im-
portante nos adequarmos linguisticamente a cada situação comunicativa?
VAMOS PENSAR?
1.2 LINGUAGEM COMO “EXPERIÊNCIA HUMANA”
AGITA
[...] eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou
[...]
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
É, mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio
O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Fonte: Paulo Coelho Souza e Raul Santos Seixas, 1974.
 https://bit.ly/2VVjZGZ
 https://bit.ly/2VVjZGZ
10
A discussão proposta neste subtítulo está baseada na introdução da tese de dou-
torado de Ramos (2019), intitulada: “Os processos enunciativos e as relações in-
terpessoais de (des)colonização simbólica em A árvore das Palavras e L’élégance 
du hérisson”, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e disponível em: 
https://bit.ly/3iklaXH. Acesso em: 04 fev. 2021
FIQUE ATENTO
 Como mostra a letra da música “Gita”, do cantor Raul Seixas, reproduzida acima, so-
mos atravessados por muitas experiências e discursos, os quais nos sobrevêm por meios 
das mais diversas linguagens. Assim, é indiscutível que a linguagem é a “mola-mestra” 
que condiciona toda e qualquer experiência humana de interação. Para Benveniste(2005) 
a linguagem está na natureza do homem e, portanto, o constitui e fundamenta a sua rea-
lidade, por meio da sua relação com o outro. Assim, é em oposição a este “outro” (eu X tu) 
que o sujeito adquire a consciência de si mesmo:
[...] em toda língua e a todo momento, aquele que fala se 
apropria desse eu, este eu que [...] posto em ação no dis-
curso, aí introduz a presença da pessoa sem a qual ne-
nhuma linguagem é possível. Desde que o pronome eu 
aparece num enunciado, evocando – explicitamente ou 
não – o pronome tu para se opor conjuntamente a ele, 
uma experiência humana se instaura de novo e revela o 
instrumento linguístico que a funda. [...] o pronome eu [...] 
produz, a cada vez, uma nova pessoa (BENVENISTE, 2005, 
p. 68-69).
 Dentro dessa perspectiva da interação humana para a constituição do sujeito, sabe-
-se que os processos enunciativos – construídos por meio dos nossos discursos – determi-
nam social e ideologicamente (BAKHTIN, 1981) a relação entre os falantes de uma língua. 
Isso porque cada sujeito irá fazer uso da palavra em situações linguísticas concretas, fun-
damentadas no aqui e agora, constitutivas, por sua vez, do discurso que se estabelece em 
uma dada situação real. 
 Assim, pode-se dizer que é por meio da linguagem que os sujeitos constituem a si 
mesmos e o mundo que os cerca. Indubitavelmente, somos produto dos discursos que nos 
atravessaram durante toda a nossa existência por meio da interação com o outro. 
 Segundo a autora Nancy Huston, em seu livro “L’espèce Fabulatrice” (2008), traduzi-
do para o português como “A espécie Fabuladora”, nós somos efetivamente constituídos 
por narrativas. Sendo assim, a nossa identidade é uma construção discursiva, o que impli-
ca, por exemplo, todas as informações que foram recebidas e processadas ao longo da vida, 
como o local de nascimento, as escolhas políticas, a religião etc.
 Por tudo isso, pode-se concluir que a linguagem já faz parte das nossas vidas desde 
o nascimento. É a partir dessa capacidade linguística que pertence, segundo Benveniste, 
à nossa experiência enquanto humanos, é que iremos partir para a (re)descoberta desse 
saber implícito, em suas muitas possibilidades.
https://bit.ly/3iklaXH
11
1.3 LINGUAGEM E PODER
 O ano de 2020 ficou marcado por muitos acontecimentos históricos importantes, en-
tre eles, o movimento contra o racismo nos Estados Unidos, o qual ficou conhecido como 
“Black lives matter”. Tal movimento, como sabemos, reverberou por todo o mundo e, no 
Brasil, passou a se chamar “vidas negras importam”. 
Figura 2: Movimento contra o racismo nos Estados Unidos (Black Lives Matter)
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3zhZPoV Acesso em: 04 fev. 2021.
 Como se vê, guardadas as devidas diferenças entre a questão do racismo nos mais 
diversos países e no Brasil, a frase “vidas negras importam” trouxe a população preta e 
marginalizada para uma posição de protagonismo. Assim, por meio da linguagem, aque-
les que estão à margem puderam exprimir o seu posicionamento social e sua indignação 
diante da questão do racismo.
 Por isso, de acordo com o domínio que possuímos das variantes linguísticas, deter-
minados lugares sociais serão também colocados diante de nós como lugar de perten-
cimento. Por conseguinte, como falantes da língua portuguesa, precisamos conhecer e 
utilizar com maestria as mais diversas modalidades linguísticas propostas pelo dinamismo 
de nossa língua, para se apropriar delas de acordo com a situação de interação social que 
nos será apresentada. Segundo Giordani (2014, p. 02): 
[...] a linguagem não tem apenas a função de informar - 
de transmitir de forma neutra mensagens de um emissor 
a um receptor, até porque o processo não pode ser com-
preendido somente por esse viés; ela comunica também 
a posição que o falante ocupa, e, portanto, se constitui em 
uma arena de jogos onde se travam disputas ideológicas, 
onde se exercem formas de poder. Por isso, precisamos 
nos adequar a cada contexto comunicativo.
 Essa adequação “a cada contexto comunicativo” de que fala Giordani (2014), já está 
prevista também nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais apontam para a 
necessidade de que professores e alunos sejam atores nesse processo de aprendizagem 
linguístico-discursivo, para que ambos possam construir um saber dialógico que irá pro-
porcionar a esses sujeitos um lugar social de fala, de acordo com o contexto comunicativo 
ao qual serão expostos. Segundo os PCNs (1998):
https://bit.ly/3zhZPoV
12
O domínio da linguagem, como atividade discursiva e 
cognitiva, e o domínio da língua, como sistema simbólico 
utilizado por uma comunidade linguística, são condições 
de possibilidade de plena participação social. Pela lingua-
gem os homens e as mulheres se comunicam, têm aces-
so à informação, expressam e defendem pontos de vista, 
partilham ou constroem visões de mundo, produzem cul-
tura (BRASIL, 1998).
 Portanto, o saber linguístico proporciona aos falantes, mais do que um conhecimen-
to gramatical “engessado”, mas a possibilidade de se colocar no mundo enquanto cida-
dãos em busca de um lugar social de fala para uma visão crítica de si mesmo, do outro e 
do mundo que os cerca. 
1.4 LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO
 Discutimos até aqui sobre a complexidade das variantes linguísticas da língua por-
tuguesa, bem como a respeito da linguagem como inerente à nossa experiência humana 
e, por fim, sobre o “poder” que o domínio das mais diversas variantes linguísticas pode nos 
proporcionar em situações comunicativas reais. Por essa razão, podemos, nesse momento, 
nos aprofundar mais um pouco sobre o viés argumentativo da linguagem. 
 A argumentação pressupõe o domínio não somente gramatical de uma língua, mas 
dos conhecimentos de mundo de seus falantes, dentro do contexto sociopolítico e cultural 
no qual estão inseridos. Entretanto, para a construção do seu discurso, o sujeito terá de 
lançar mão, além de sua experiência e de seu olhar sobre o mundo, dos chamados “ele-
mentos articulatórios do texto”, os quais estudaremos na próxima unidade desse material. 
Tais elementos são essenciais na construção de um texto (falado ou escrito) para estruturar 
a mensagem que desejamos comunicar ao interlocutor.
 Vejamos, por hora, a fala, descrita abaixo, do ministro da economia Paulo Guedes: 
“[...] havia empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada”. Ao ouvirmos 
ou lermos essa fala do discurso do ministro – o qual discorria sobre o que proporcionou a 
baixa do dólar para a classe das empregadas domésticas – percebemos o tom de distancia-
mento entre “ser empregada doméstica” e “viajar para a Disneylândia” ou “ser pertencente 
à uma classe social desprivilegiada” e “fazer viagens internacionais”. 
Em discurso, Paulo Guedes pede desculpas às empregadas domésticas
No dia 13 de fevereiro, ministro disse que, na época do dólar mais baixo, ‘havia empregada 
doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada’.
Fonte: Mazui (2020, online).
 Assim, por trás da construção discursiva de Guedes, outras questões sociais podem 
ser levantadas, para serem vistas e/ou ouvidas pelo leitor/ouvinte/falante de língua portu-
guesa que conhece, evidentemente, o contexto socioeconômico, tanto das classes social-
mente privilegiadas quanto daquelas que estão à margem da sociedade brasileira. 
 Para Fiorin (2014, p. 06) “os argumentos são os raciocínios que se destinam a persu-
adir, isto é, a convencer ou a comover, ambos meios igualmente válidos de levar a aceitar 
uma determinada tese”. A “tese”, por sua vez, pode ser definida como “uma proposição 
13
que se apresenta para ser demonstrada ou defendida com argumentos” (ACADEMIA BRA-
SILEIRA DE LETRAS, 2008). Ora, na fala acima, podemos considerar que a provável “tese” 
defendida implicitamente pelo ministro é a de que “empregadas domésticas não podem 
viajar para a Disneylândia”, ou ainda a de que “apenas uma situação econômica incomum, 
como a baixa do dólar, poderia proporcionar, em caráter de exceção, viagens internacio-nais a pessoas de classes sociais menos favorecidas”. Como se vê, fica aqui, bem demarca-
do nesse discurso, entre outras coisas, a complexa estratificação social no Brasil.
 Por essas e outras razões, precisamos entender a importância de conhecermos não 
somente as mais diversas variantes linguísticas do português brasileiro, mas também todo 
o instrumental para a construção de discursos coerentes em situações comunicativas con-
cretas. Tendo em vista que a linguagem em uso, com todo o seu dinamismo, pode deixar 
implícita muitas ambiguidades, as quais favorecem ou não o processo de construção argu-
mentativa dos seus interlocutores, no sentido de reverberar desde preconceitos socias até 
o pensamento crítico mais apurado.
14
1. (Prefeitura de Belo Horizonte - 2015) Leia o texto abaixo e escolha a alternativa correta: 
“Parece haver cada vez mais, nos dias de hoje, uma forte tendência a lutar contra as mais 
variadas formas de preconceito, a mostrar que eles não têm nenhum fundamento racional, 
nenhuma justificativa, e que são apenas o resultado da ignorância, da intolerância ou da 
manipulação ideológica. Infelizmente, porém, essa tendência não tem atingido um tipo de 
preconceito muito comum na sociedade brasileira: o preconceito linguístico. Muito pelo 
contrário, o que vemos é esse preconceito ser alimentado diariamente em programas de 
televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem 
ensinar o que é “certo” e o que é “errado”, sem falar, é claro, nos instrumentos tradicionais de 
ensino da língua: a gramática normativa e os livros didáticos” (BAGNO, 2007, p. 13).
 Considerando o pensamento de Marcos Bagno explicitado no texto acima e tendo 
conhecimento das atribuições de um oficial de justiça, chegamos à conclusão de que, nessa 
atividade, a língua escrita, o nível, o uso ou o registro do idioma deve ser predominantemente:
a) Formal, de acordo com os princípios da gramática normativa;
b) Informal, em busca de mais ampla compreensão da mensagem;
c) Regional, adequando-o ao local onde ocorre a comunicação;
d) Popular, tendo em vista que as mensagens são lidas por todos;
e) Ultra formal, selecionando vocabulário erudito e construções elaboradas.
2. (FAUEL - 2016 - adaptada) Leia o texto e responda as questões abaixo:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados 
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições 
equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”.
O trecho acima foi extraído da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A respeito da 
linguagem empregada nesse texto, é correto afirmar que se trata:
a) De linguagem informal e escrita, como uma fala entre pessoas com bastante familiaridade.
b) De linguagem formal e falada, inacessível à compreensão dos cidadãos.
c) De linguagem formal e escrita, respeitando a norma padrão da língua portuguesa.
d) De linguagem informal e oral, acessível à compreensão de qualquer cidadão.
e) Da linguagem formal, informal e oral acessível à compreensão de todos.
3. (FGV - 2017 - adaptada) Em São Paulo se diz “bexigas”, enquanto no Rio de Janeiro se diz 
“balões”. Essa diferença é um exemplo de:
a) Linguagem coloquial.
FIXANDO O CONTEÚDO
15
b) Gíria.
c) Regionalismo.
d) Linguagem erudita.
e) Arcaísmo.
4. (NUCEPE - 2019 adaptado) Leia o texto para responder à questão.
Para dizerem milho, dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Oswald de Andrade. Poesias reunidas. In.: Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 47.
O poema de Oswald de Andrade, ao ilustrar a maneira como determinadas palavras são 
pronunciadas,
a) Revela total preconceito linguístico do autor, por ironizar os vícios típicos da linguagem 
matuta.
b) Chama-nos a atenção para as diferenças no uso da língua, por apresentar termos que 
fogem à gramática normativa.
c) Critica o modo de falar dos brasileiros, sobretudo das pessoas incultas, que não conhecem 
as formalidades da língua. Apresenta a norma culta como superior ao coloquialismo 
presente na fala das pessoas menos esclarecidas.
d) Satiriza os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, por estarem infringindo 
regras da norma culta.
e) Apresenta a norma culta como superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas 
menos esclarecidas.
5. (UFMT – 2019 adaptado) Quanto ao uso dos registros da linguagem, analise as assertivas.
I. WhatsApp de adolescente a um amigo: Oi, cara. Vamos no cinema no domingo? Me 
responde logo. → Linguagem coloquial adequada.
II. E-mail de aluna do ensino médio a uma de suas professoras: Envio-lhe este e-mail para 
justificar minha falta ontem, que era dia de prova. Infelizmente, amanheci muito mal, 
com dores pelo corpo. Amanhã levarei atestado médico. Atenciosamente; → Linguagem 
culta adequada.
III. Ligação telefônica de estudante universitário à secretaria de seu curso: Aí, cara, tô 
ligando pra saber se amanhã vai ter aula, se vão abrir o portão. → Linguagem coloquial 
adequada.
Está correto o que se afirma em:
a) III, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, II e III.
16
d) II e III, apenas.
e) II apenas.
6. Observe o diálogo:
“Mamãe, vou me preparar para ir à escola”
“O sol está muito forte, meu filho!”
Em uma situação comunicativa concreta, quando uma mãe diz ao filho que se prepara 
para ir à escola a seguinte frase: “o sol está muito forte”, está implícito nesse argumento 
que:
a) O filho não dever ir à escola.
b) O filho deve priorizar dias menos quentes para ir à escola.
c) O filho não deve se proteger contra o sol.
d) O filho não está habituado a se expor ao sol.
e) O filho deve levar uma sombrinha ou um guarda-sol.
7. (FADESP - adaptada) Conforme estudamos, como falantes da língua portuguesa, 
precisamos conhecer e utilizar com maestria as mais diversas modalidades linguísticas 
propostas pelo dinamismo de nossa língua, para se apropriar delas de acordo com a 
situação de interação social que nos será apresentada.
No caso da linguagem coloquial, podemos dizer que ela apresenta
a) Maior dependência contextual.
b) Sintaxe mais complexa.
c) Traços de homogeneidade.
d) Maior grau de planejamento.
e) Menos argumentatividade.
8. (UESPI - 2014 adaptada) Leia, a seguir, trechos de uma entrevista concedida pelo 
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco 
Aurélio Mello, à Revista Veja, para responder à questão proposta. 
Veja: Nos últimos meses, houve uma série de manifestações no Brasil. Agora, há rolezinhos 
em shopping centers. A sociedade e as autoridades estão sabendo lidar com essas situações?
Ministro: Aquela crença de que o brasileiro é pacífico é falsa. O brasileiro protesta, sim. 
A situação chegou a um limite extremo, os serviços prestados são tão ruins que há um 
inconformismo generalizado. Mas a sociedade não é vítima quando a situação política 
chega a esse ponto, ela é culpada. Reclama do governo e se esquece de que quem colocou 
os políticos lá foi ela própria. A manifestação é uma maneira legítima de mostrar sua 
insatisfação com a vida nacional. Razões para protestar não faltam. Ainda mais com a carga 
tributária que temos, que mais parece um confisco. Mas todos precisam perceber que são 
culpados pela situação [...]
17
Veja: A situação das prisões brasileiras é medieval. A falta de ação dos governos para 
melhorá-las contribui para o aumento da criminalidade?
Ministro: Exatamente. A população carcerária provisória chegou ao mesmo número da 
população definitiva, quando se prega na Constituição que só se pode prender depois 
de assentada a culpa. Mas, no afã de dar uma satisfação vã à sociedade, transformou-se a 
regra - o cidadão responder ao processo em liberdade - em exceção. Com isso,o Estado não 
respeita a integridade do preso. As condições são desumanas e não há ressocialização dos 
presos. Por isso os índices de reincidência são altíssimos. O preso não sai reeducado para a 
vida em sociedade. Ele sai embrutecido.
Revista VEJA. Editora ABRIL. Edição 2360 - ano 47 - nº 7 - 12 de fevereiro de 2014 - p. 16. 
Por Otávio Cabral.
A entrevista é um evento comunicativo que se realiza sob condições contextuais específicas. 
A entrevista, acima, desenvolve-se a partir de uma linguagem com características de norma
a) Culta, na modalidade oral.
b) Coloquial, na modalidade escrita.
c) Culta, na modalidade escrita.
d) Popular, na modalidade escrita
e) Informal, na modalidade oral.
18
TEXTO E COMUNICAÇÃO UNIDADE
02
19
2.1 INTRODUÇÃO
 Na charge abaixo, observamos que a frase escrita no quadro – “O eleitor confia na 
honestidade dos políticos” – é interpretada pelo aluno/leitor, a partir da pergunta feita pela 
professora – “Quem é o sujeito da oração?” – de forma a identificar este “quem” como uma 
pessoa que merece críticas por ainda acreditar na inteireza moral dos políticos brasileiros. 
Figura 3: Crítica à política do Brasil
Fonte: Disponível em https://bit.ly/2Up2AG5. Acesso em: 04 fev. 2021.
 Tal resposta inusitada do aluno, contraria a intenção da professora, a qual desejava 
demonstrar, simplesmente, os termos gramaticais da referida oração. Isso porque o estu-
dante se coloca, implicitamente, como um sujeito pertencente ao contexto sociopolítico 
brasileiro, marcado, indiscutivelmente, por diversos casos de corrupção.
 Pode-se dizer, portanto, que o exemplo acima expõe o complexo processo de co-
municação por meio do texto. Ora, como sabemos, uma construção textual, por menor 
que seja, não é um emaranhado de elementos soltos e desconexos. Com efeito, quer seja 
na fala ou na escrita, é preciso que tais elementos estejam bem articulados, para que haja 
uma comunicação inteligível entre os sujeitos.
 Daí a importância de se conhecer os mecanismos responsáveis tanto pela coesão 
quanto pela coerência textuais, embora esta última se dê, efetivamente, no momento da 
interação entre leitor/ouvinte e texto, como podemos inferir pelo exemplo da charge aci-
ma. Vejamos, agora, com mais detalhes, os conceitos de coerência e coesão textual.
Recomendamos a leitura dos livros “A coesão textual” de Koch (2010) 
e “A coerência textual” dos autores Koch e Travaglia (2010). Ambos 
disponíveis na Biblioteca Virtual Pearson. Tais obras o ajudarão a 
compreender melhor os mecanismos linguísticos de coesão e coe-
rência textual na língua portuguesa. Ambos estão disponíveis, res-
pectivamente, nos links: https://bit.ly/3ioq1Y0 e https://bit.ly/3hL1wVU. 
Acesso em: 05 fev. 2021. 
BUSQUE POR MAIS
 https://bit.ly/2Up2AG5
https://bit.ly/3ioq1Y0
https://bit.ly/3hL1wVU. 
20
“O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social; 
é por meio dela que o homem se comunica, expressa seu pensamento através de palavras, 
frases, orações, períodos, textos. Assim, ele constrói conceitos de mundo, adquire e produz 
conhecimento e se constitui como sujeito” (SILVA; FAVERO, 2020, p. 03).
FIQUE ATENTO
Qual é a importância de construirmos um texto (falado ou escrito) de forma coerente e coesa? 
Quais os tipos de equívocos que podemos provocar ao nos comunicarmos de forma inadequa-
da tanto na fala quanto na escrita?
VAMOS PENSAR?
2.2 COERÊNCIA TEXTUAL
 Ao lermos o título da reportagem abaixo, retirada do jornal carioca “Hora de notícias” 
e publicada no site Uol em 2011, percebemos que a ambiguidade provocada pela palavra 
“programa” conduz o leitor para os efeitos de humor presentes no referido título. 
“Fátima abandona Bonner e vai fazer programa”, brinca jornal carioca
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ivSZp8. Acesso em: 05 fev. 2021.
Exemplo citado, mas não totalmente desenvolvido por Lopes (2014) no verbete “Coerência 
textual” do Glossário CEALE da Universidade Federal de Minas Gerais. A referida autora ape-
nas afirma que: “[...] o título de matéria jornalística ‘Fátima abandona Bonner e vai fazer 
programa’, veiculado em um jornal carioca, em dezembro de 2011, [...] exigirá do leitor a capa-
cidade de ativar conhecimentos de várias ordens – não somente linguísticos, mas semântico-
-sintáticos, pragmáticos, contextuais, socioculturais.”
FIQUE ATENTO
 Entretanto, para que tal interpretação seja possível, é preciso que o leitor também 
estabeleça a relação entre a conotação pejorativa da expressão “fazer programa” e do sig-
nificado denotativo implícito no título: “fazer programa (de televisão)”. 
 Além disso, para tal processo comunicativo, outros fatores são igualmente impor-
tantes, como o público-alvo do jornal de viés popular “Hora de notícias”, bem como os pre-
conceitos sociais que giram em torno da figura do feminino, para a qual é direcionada a 
expressão ambígua citada no título. Ademais, deve-se considerar também os sujeitos que 
são alvos da reportagem, quais sejam, os jornalistas de renome Willian Bonner e Fátima 
Bernardes, os quais passaram por um processo de divórcio. Assim, esses e outros elemen-
tos, tornam o título da reportagem coerente para o seu público leitor.
 Desse modo, ainda que não estejamos de acordo com o tipo de ironia proposto pelo 
21
jornal citado acima, percebemos que a proposta de leitura/interpretação ali construída de-
pende de “[...] uma ação altamente colaborativa do público-alvo, no sentido de mobilizar 
inferências que serão testadas na busca pela atribuição de coerência [...]” (LOPES, 2014, 
online) 
 Dentro dessa perspectiva da colaboração do interlocutor para o estabelecimento da 
coerência textual, vejamos, agora, exemplos de “incoerência”, de acordo com Koch e Trava-
glia (2010, p. 09):
[...] (1) Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas 
ainda estava lavando a roupa.
(2) João não foi à aula, entretanto estava doente.
(3) A galinha estava grávida. 
 Conforme Koch e Travaglia (2010), os exemplos acima apresentam os seguintes pro-
blemas de incoerência textual: em (1) a ação de “lavar roupa” apresenta-se, ao mesmo tem-
po, acabada e inacabada; em (2) o uso incorreto do “entretanto” compromete a relação de 
causa entre a ausência de João à aula e o fato dele estar doente. Já em (3), para os referi-
dos autores, a incoerência só poderia ser considerada se o texto estivesse representando o 
mundo real e não uma fábula, por exemplo.
 Ainda segundo os mesmos autores, vejamos mais um exemplo, retirado de Marcus-
chi (1983) apud Koch e Travaglia (2010, p. 15), sobre problemas relativos à falta de coerência 
textual:
João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são 
caríssimos. Também os mísseis são caríssimos. Os mísseis 
são lançados no espaço. Segundo a teoria da Relativida-
de o espaço é curvo. A geometria rimaniana também dá 
conta desse fenômeno.
 Neste excerto, é possível perceber que há elementos que apontam para uma certa 
coesão, como a retomada, por exemplo, das palavras “tijolos” e “mísseis”. No entanto, não é 
possível estabelecer nessa sequência o que os referidos autores denominam de “continui-
dade/unidade de sentido”, denotando, assim, a incoerência do texto acima citado.
 Entretanto, há textos que mesmo na total ausência de elementos coesivos – os quais 
veremos mais adiante nessa unidade – são efetivamente coerentes, como é o caso do se-
guinte trecho do conto “Circuito Fechado” de Ricardo Ramos: 
“Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, 
creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água 
quente, toalha. Creme para cabelo, pente” (RAMOS, 1994, p. 01).
 Para concluir, podemos afirmar, a partir de todos os exemplos acima citados, que a 
coerência textual não se dá, exatamente, pela presença e/ou ausência de elementos coe-
sivos, mas sim, pela ação sociointeracional dos seus interlocutores (autor/leitor; falante/ou-
vinte). Portanto, “o texto será incoerente se seu produtor nãosouber adequá-lo à situação, 
levando em conta destinatários; regras socioculturais, uso dos recursos linguísticos, etc.” 
(KOCH; TRAVAGLIA, 2010, p. 61).
22
2.3 COESÃO TEXTUAL
ITAPARICA
Dona de uma luminosidade fantástica em seus 240 quilômetros quadrados, a ilha de Ita-
parica elegeu a liberdade como padrão e fez da aventura uma experiência que não tem 
hora para começar. Ali tudo flui espontaneamente, desde que o sol nasce, anunciando 
mais um dia, até a noite chegar, com o luar refletindo no mar e as luzes de Salvador como 
pano de fundo. De resto, a ilha funciona como um quebra-mar que protege todo o interior 
da Baía de Todos os Santos. É a maior de todas as 54 da região – a ilha-mãe, para melhor 
definir a geografia local [...]
Fonte: Extraído de Koch (2010, p. 29)
 De acordo com o exemplo dado acima, todos os elementos em destaque: “Dona de 
uma luminosidade fantástica”, “Ali”, “a ilha” e “de todas as 54”, retomam “a ilha de Itapa-
rica”. Tal encadeamento proporciona a construção de sentido do texto, de modo a evitar 
também repetições desnecessárias e outros problemas de textualidade, pois “é por meio 
de mecanismos como estes que se vai tecendo o “tecido” (tessitura do texto). A este fenô-
meno é que se denomina coesão textual (KOCH, 2010).
 Entretanto, quando tais mecanismos não são bem empregados, perde-se a coesão 
do texto, o que prejudica o processo comunicativo e os efeitos de sentido que se deseja 
construir por meio de um texto falado ou escrito. Veja-se, por exemplo, o seguinte texto, 
extraído do trabalho acadêmico de Sias (2014, p. 28, grifo nosso):
[...] minha gestora que ao se dedicar demais ao trabalho, 
não conseguiu superar os problemas do dia à dia e ad-
quiriu a doença Síndrome do Pânico, pois ela atendia vá-
rias pessoas com vários problemas e reclamações que à 
estressava demais e como ela não podia expressa tudo 
aquilo que ela sentia, chegou um dia [em] que ela não 
podia ver ninguém subindo as escadas que ela Já acha-
va que era cliente e se desesperava à chorar, precisaram 
transferir(sic) ela para outra sala para que ela não visse 
mais ninguém. 
[...]
Sugestão de reescrita – [...] minha gestora, que ao se dedi-
car demais ao trabalho não conseguiu superar os proble-
mas do dia a dia e adquiriu a doença Síndrome do Pâni-
co, pois ela atendia várias pessoas com vários problemas 
e reclamações que a estressavam demais, e como não 
podia expressar tudo aquilo que sentia, chegou um dia 
[em] que não podia ver ninguém subindo as escadas que 
já achava que era cliente e se desesperava a chorar; pre-
cisaram transferi-la para outra sala para que não visse 
mais ninguém.
23
 Como se vê, o texto apresentado e corrigido por Sias (2014) apresenta vários pro-
blemas para retomar o referente “minha gestora”, os quais foram resolvidos por meio da 
retirada das várias repetições do pronome “ela”, e pela utilização do pronome oblíquo “la”. 
Assim, tanto no primeiro texto intitulado “Itaparica”, quanto nesses últimos de Sias (2014), 
ocorre aquilo que Koch (2010, p. 30) caracteriza como “coesão referencial”, na qual “certos 
elementos linguísticos do texto fazem, de alguma forma, remissão a um determinado ele-
mento anterior”. No primeiro caso, por exemplo, vimos as várias referências à ilha de Itapa-
rica. Já no segundo, a tentativa de fazer a referenciação textual é prejudicada, como vimos, 
pelo excesso de repetição do pronome “ela”.
 Entretanto, há também outras formas de se estabelecer essas conexões coesivas, 
como, por exemplo, 
[...] a) pelos recursos da reiteração (repetições, paráfrases, 
retomadas pronominais, retomadas por palavras sinô-
nimas ou por hiperônimos); b) pela associação de senti-
do entre as palavras do texto (palavras semanticamente 
afins); c) pelo uso dos diferentes tipos de conectores (pre-
posições, conjunções, advérbios e respectivas locuções) 
(ANTUNES, 2021, online).
 Para exemplificar o que diz o excerto acima, a respeito dos conectores, vejamos um 
trecho de “O Cortiço 81-100” de Aluízio Azevedo:
[...] um mundo habitado por seres superiores; um paraíso de gozos excelentes e delicados, 
que os seus grosseiros sentidos repeliam; um conjunto harmonioso e discreto de sons e 
cores mal definidas e vaporosas; um quadro de manchas pálidas, sussurrantes, sem fir-
mezas de tintas, nem contornos, em que se não determinava o que era pétala de rosa ou 
asa de borboleta, murmúrio de brisa ou ciciar de beijos.
Não obstante, ao lado dele a crioula roncava, de papo para o ar, gorda, estrompada de 
serviço, tresandando a uma mistura de suor com cebola crua e gordura podre. Mas João 
Romão nem dava por ela; só o que ele via e sentia era todo aquele voluptuoso mundo 
inacessível vir descendo para a terra, chegando-se para o seu alcance, lentamente, acen-
tuando-se.”
[...]
“Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia arrancar de dentro uma frase que, no 
entanto, era a única ideia que o levava a dirigir-se à mulher. Afinal, depois de coçar mais 
vivamente a cabeça, gaguejou com a voz estrangulada de soluços” 
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Ática. 1981.
 Como se vê, no trecho do texto literário acima, ocorre o que Koch (2010, p. 60) deno-
mina de “coesão sequencial”, na qual “[...] a progressão se faz por meio de sucessivos enca-
deamentos, assinalados por uma série de marcas linguísticas através das quais se estabe-
lecem relações entre os enunciados”. Tais “marcas linguísticas” de que fala Koch (2010), são 
demonstradas no referido trecho de “O Cortiço” por meio das conjunções, respectivamen-
te, aditivas (e), adversativas (não obstante, mas, no entanto) e conclusivas (afinal). 
 Assim, no caso do uso da conjunção “não obstante”, por exemplo, observa-se que 
24
há um nítido contraste entre a cena anterior a esse conectivo e a que vem após ele. Na 
primeira, descreve-se “um mundo habitado por seres superiores”, “um paraíso de gozos”, 
no entanto, após o uso do conectivo em questão, a cena passa a se opor totalmente a esse 
“mundo perfeito”, tornando-se grotesca, com a descrição pejorativa da personagem Berto-
leza, como “a crioula que roncava de papo para o ar”. Vejamos alguns exemplos de conec-
tores no quadro abaixo:
Outros conectores
Aditivas: ligam dois termos ou duas orações
Exemplo: “Pulei do banco e gritei de alegria”. 
e, nem [= e não]
Adversativas: ligam duas orações com ideias 
opostas
Exemplo: “Seu quarto é pobre, mas nada lhe 
falta”. 
mas, porém, todavia, contudo, no entan-
to, entretanto, não obstante.
Alternativas: ligam dois termos ou duas ora-
ções de sentido distinto
Exemplo: “Ou eu me retiro ou tu te afastas”
ou...ou; ora...ora; quer...quer...seja...seja...; 
nem...nem, já....já.
Conclusivas: servem para ligar à anterior uma 
oração que exprime conclusão, consequência.
Exemplo: “Julia não se preparou para o vestibu-
lar, portanto, não obteve bons resultados”. 
logo, pois, portanto, por conseguinte, por 
isso, assim, então.
Explicativas: ligam duas orações, a segunda 
das quais justifica a ideia contida na primeira.
Exemplo: “Vamos comer, Açucena, que estou 
morrendo de fome”.
que, porque, pois, porquanto.
Concessivas: indica um fato contrário à ação 
principal, mas não é capaz de impedi-lo ou mo-
dificá-lo, indicando uma “contraste”, uma opo-
sição.
Exemplo: “Flora prefere permanecer no Brasil, 
ainda que o país esteja em crise”.
embora, conquanto, ainda que, mesmo 
que, posto que, bem que, se bem que, 
apesar de que, nem que, não obstante 
etc.
Causais: indicam uma justificativa ou explica-
ção para a oração anterior.
Exemplo: Dona Luísa fora para lá porque estava 
só. 
porque, pois, porquanto, como [= por-
que], pois que, por isso que, já que, uma 
vez que, visto como, que etc.
Consecutivas: indicam a consequência do que 
foi declarado na oração anterior.
Exemplo: Soube que tivera uma emoção tão 
grande que Deus quase a levou.
que, de forma que, de maneira que, de 
modo que, de sorte que etc.
Quadro 1: Exemplo de outros conectores
Fonte: Adaptado de Cunha (2012, p. 335-338).
 Portanto, éjustamente este “jogo” dos conectores que vai estabelecer a coesão tex-
tual e que também vai conferir sentido ao texto, estabelecendo, assim, um processo comu-
nicativo eficiente e claro, daí a importância da utilização destas marcas linguísticas. 
25
1. Enem 2011) Leia o texto abaixo:
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de 
infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter 
uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as 
chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da 
pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir 
o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de 
infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente 
recomendável.
ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção 
do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
a) A expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.
b) O conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c) O termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
d) O termo “Também” exprime uma justificativa.
e) O termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.
2. (UFPR 2010) Entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa 
dos homens em fazer teste de DNA. Assinale a alternativa cujo texto pode ser concluído 
coerentemente com essa afirmação.
a) Sara Mendes deu início a um processo na justiça, para que Tiago Costa assuma a 
paternidade de seu filho Cássio. Tiago não fez o exame de DNA, mas assume como muito 
provável ser ele o pai do menino. Cássio alega que o exame não é conclusivo, pois entrou 
em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer 
teste de DNA.
b) Adriano é um rapaz muito presunçoso e não admite que lhe cobrem nada. A namorada 
lhe pediu um exame de DNA, para esclarecer a paternidade de Amanda, sua filha. Adriano 
disse que não faria o exame. A namorada disse que toda essa presunção serviria para o juiz 
atestar a paternidade, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade 
a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
c) Carlos de Almeida responde processo na justiça por não querer reconhecer como seu o 
filho de Diana Santos, sua ex-namorada. Carlos se recusou a fazer o exame de DNA, o que 
permite ao juiz lavrar a sentença que o indica como pai da criança, porque entrou em vigor 
a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de 
DNA.
d) Alessandro presume que Caio seja seu filho. Sugeriu a Telma um exame de DNA. 
Telma disse não ser necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de 
paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
e) Mário e Felipe são primos. Mário é extremamente vaidoso, pretensioso. Felipe é um rapaz 
FIXANDO O CONTEÚDO
26
calmo e muito simples. Os dois namoraram Teresa na mesma época. Teresa teve uma filha 
e entrou na justiça para exigir dos dois primos um exame de DNA. O juiz disse que não era 
necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa 
dos homens em fazer teste de DNA.
3. (ENEM 2010) Leia o texto abaixo:
O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer 
uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, 
isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time 
dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do 
bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita 
de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson 
apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim 
apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima 
da linha: Flamengo 1 a 0. 
O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado 
em 2009, contém vários conectivos, sendo que:
a) Após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a 
bola de cabeça.
b) Enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para 
serem aplicadas no jogo.
c) No entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em 
ordem cronológica de ocorrência.
d) Mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é 
algo naturalmente esperado.
e) Por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do flamengo 
motivaram o botafogo a fazer um bloqueio.
4. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo.
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não 
fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes 
também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o 
escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo 
para reclamar: moderna demais, antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem 
passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente 
o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para 
meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses 
tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, 
nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo 
ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados 
por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa 
27
é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha 
verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.
Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. 
Quanto à construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.
5. (ENEM 2010) Leia o texto abaixo.
Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam 
banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim 
espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam 
aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-
lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um 
lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando 
aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o 
texto, o conectivo mas:
a) Expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.
b) Quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.
c) Ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.
d) Contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.
e) Assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.
6. (UFPR 2010) Leia o trecho abaixo.
Os economistas são entendidos em mercado financeiro.
Os economistasdescreveram os efeitos dos juros.
Os juros são altos.
Todos os efeitos são arrasadores.
Assinale a alternativa em que as informações acima foram reunidas adequadamente e 
sem ambiguidade.
a Os economistas que são entendidos em mercado financeiro descreveram os efeitos dos 
juros altos, que são arrasadores.
b) Os economistas entendidos em mercado financeiro descreveram os efeitos que são 
28
arrasadores dos altos juros.
c) Entendidos em mercado financeiro, os economistas descreveram os efeitos dos altos 
juros que são arrasadores.
d) Em relação aos juros altos, os economistas, entendidos em mercado financeiros, 
descreveram os efeitos que são arrasadores.
e) Os economistas, que são entendidos em mercado financeiro, descreveram os efeitos, 
arrasadores, dos juros, que são altos.
7. (UDESC 2008) Identifique a ordem em que os períodos devem aparecer, para que 
constituam um texto coeso e coerente.
 
I. Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há cuidado 
com a higiene.
II. As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor 
qualidade e ferramentas como o laser tornaram bem mais simples apagar uma 
tatuagem que já não se quer mais. III. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito 
de tatuagem se resumia à velha âncora de marinheiro.
III. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha âncora 
de marinheiro.
IV. Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia 
de um estilo de vida marginal.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, em que os períodos devem aparecer.
a) II, I, III, IV
b) IV, II, III, I
c) IV, I, II, III
d) III, I, IV, II
e) I, III, II, IV
8. (FCC 2007) O emprego do elemento sublinhado compromete a coerência da frase:
a) Cada época tem os adolescentes que merece, pois estes são influenciados pelos valores 
socialmente dominantes.
b) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conseguinte alguns ainda resistem 
ao pragmatismo moderno.
c) Nos tempos modernos, sonhar faz muita falta ao adolescente, bem como alimentar a 
confiança em sua própria capacidade criativa.
d) A menos que se mudem alguns paradigmas culturais, as gerações seguintes serão tão 
conformistas quanto a atual.
e) Há quem fique desanimado com os jovens de hoje, porquanto parece faltar-lhes a 
capacidade de sonhar mais alto.
29
CONCORDÂNCIA NOMINAL 
E VERBAL 
UNIDADE
03
30
3.1 CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância Nominal
Na regra geral o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem.
Bela paisagem / Belas paisagens
Amigo sincero / Amigos sinceros
Oh. oh. oh..
Adjetivo antes de dois ou mais substantivos,
concorda com o substantivo mais próximo.
Paula usava estrondoso chapéu e camisa.
Paula usava estrondosa camisa e chapéu.
Adjetivo depois de dois ou mais substantivos, temos duas opções:
ou concorda com o mais próximo ou concorda com os dois.
Adjetivo antes de dois ou mais substantivos,
Paula usava chapéu e camisa estrondosa.
Paula usava chapéu e camisa estrondosos.
Mas tome cuidado com os substantivos personativos:
Paula visitou os queridos tio e sobrinha.
Oh. oh. oh..
Mais de um adjetivo modificando um único substantivo, temos duas opções:
o substantivo pode ir para o plural ou para o singular.
Substantivo no plural e sem artigo antes dos adjetivos.
Apreciava as obras inglesa, espanhola e japonesa.
Substantivo no singular com os artigos antes dos adjetivos.
Apreciava a obra inglesa, a espanhola e a japonesa.
Substantivo no singular sem os artigos antes dos adjetivos.
Apreciava a obra inglesa, espanhola e japonesa.
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3eyekNq. Acesso em: 06 fev. 2021. 
 Conforme a letra da música “Concordância Nominal” citada acima, esta regra gra-
matical ocorre nas relações entre adjetivos, pronomes, numerais e artigos com o substan-
tivo. Sendo assim, todas as referidas categorias gramaticais sofrerão uma flexão em gênero 
e número para se ajustarem ao substantivo ao qual se referem (CUNHA, 2012).
 Para conhecermos tais regras, é preciso, sem sombra de dúvida, recorrermos à gra-
mática, pois esse conhecimento será consolidado pela compreensão dos modelos já es-
tabelecidos dentro da língua portuguesa, bem como pela prática em textos (escritos ou 
orais) e em exercícios de fixação. 
 Estudaremos, pois, no próximo item, as referidas regras de concordância nominal 
segundo a gramática da língua portuguesa.
31
Recomendamos a consulta do livro “Manual compacto de redação e interpre-
tação de texto – ensino fundamental”, disponível na Biblioteca Virtual Pearson. 
Disponível em: 06 fev. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3ezy2Iy. Acesso em: 06 fev. 
2021. 
BUSQUE POR MAIS
Ouça também a música “Concordância Nominal” da banda “Sujeito simples”, 
disponível em: https://bit.ly/3zbnXJI. Acesso em: 06 fev. 2021. 
Ambas as referências acima o ajudarão a compreender melhor as regras para 
uma boa escrita em língua portuguesa.
A expressão “em anexo” é invariável!
Exemplo 1: Em anexo segue a procuração.
FIQUE ATENTO
A “concordância nominal” ocorre, conforme a gramática da língua portuguesa, nas relações 
entre adjetivos, pronomes, numerais e artigos com o substantivo.
VAMOS PENSAR?
3.2 REGRAS BÁSICAS DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
 Recorremos à gramática é a forma mais simples e eficiente de rememorarmos ou 
aprendermos certas regras que nos ajudam a aperfeiçoar a escrita e a fala, no que concer-
ne à norma culta padrão da língua portuguesa. Pois, como vimos na Unidade I deste livro, 
todas as variantes da nossa língua são úteis em situações reais de interação. Esta é a razão 
pela qual não podemos negligenciar tal aprendizado. Por tudo isso, adaptamos abaixo, se-
gundo Cunha (2012), algumas regras da concordância nominal.
ADJETIVO REFERIDO A UM 
SUBSTANTIVO
O adjetivo, quando se refere a um único substantivo, 
com ele concorda em gênero (masculino ou feminino) 
e número.
Exemplo: “Os outros anjinhos olhavam espantados”
ADJETIVO REFERIDO A MAIS 
DE UM SUBSTANTIVO
Quando o adjetivo vem antes dos substantivos, ele con-
corda em gênero e número com o substantivo mais pró-
ximo, ou seja, com o primeiro deles
Exemplo 1: “Vivia em tranquilos bosques e montanhas” 
ou “Vivia em tranquilas montanhas e bosque”
Exemplo 2: “Tinha por ele alto respeito e admiração” ou 
“Tinha por ele alta admiração e respeito”
 https://bit.ly/3ezy2Iy
https://bit.ly/3zbnXJI
32
Quadro 2: Regras de concordância nominal
Fonte: Adaptado de Cunha (2012, p. 157-160).
 Vejamos, agora, outras regras básicas de concordância nominal retiradas, com algu-
mas adaptações, do livro organizado pela autora Muniz (2011).
Em execeção à regra, quando os substantivos são nomes próprios ou nomes de parentes-
co, o adjetivo vai sempre para o plural.
Exemplo: “Maria passeava com as formosas prima, irmã e tia.”
QUANDO O ADJETIVO VEM 
DEPOIS DOS SUBSTANTIVOS
Se os substantivos são de mesmo gênero e do singular, 
o adjetivo conserva o gênero dos substantivos e vai para 
o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
Exemplo 1: “Estudo a língua e a literatura portuguesas” 
ou Estudo a língua e a literatura portuguesa”.
Se os substantivos são de gêneros diferentes e do sin-
gular, o adjetivo vai para o masculino plural ou concorda 
com o substantivo mais próximo.
Exemplo 2: “A professora estava com uma saia e um cha-
péu escuros” ou “A professora estava com uma saia e um 
chapéu escuro”.
Se os substantivos são de gêneros e números diferentes, 
o adjetivo pode ir para o masculino plural (concordância 
mais comum) ou para o gênero e o número dos substan-
tivos mais próximos.
Exemplo 3: “Tinha irmão e irmãs dedicados” ou “Tinha 
irmão e irmãs dedicadas”.
UM E OUTRO
(NUM E NOUTRO)
O substantivo fica no singular e o adjetivo vai para o plural.
Exemplo: “Numa e noutra questão complicadas ela se confundia”
ANEXO, INCLUSO, 
PRÓPRIO, 
OBRIGADO
Por serem adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem.Exemplo 1: “Seguem anexos os relatórios”
Exemplo 2: “Os documentos estão inclusos no processo”
Exemplo 3: “Obrigado, disse o rapaz”
Exemplo 4: “Obrigada, disse a moça”
Exemplo 5: “Elas próprias resolveram os exercícios”
A expressão “em anexo” é invariável.
Exemplo 6: “Em anexo segue a procuração” ou “Em anexo seguem o 
despacho”
MESMO, 
BASTANTE
Tanto podem ser advérbios como pronomes. Quando forem advérbios 
(acompanhando verbos, adjetivos e outros advérbios), permanecem 
invariáveis.
Exemplo 1: “Os alunos resolveram mesmo o problema”
Exemplo 2: “Eles chegaram bastante cedo no aeroporto”
Quando são pronomes, concordam com a palavra a que se referem.
Exemplo 4: “Os alunos mesmos resolveram o problema”
Exemplo 5: “Havia bastantes razões para ela reclamar”
33
MENOS, ALERTA
São palavras invariáveis.
Exemplo 1: “O Amazonas é o Estado menos populoso do Brasil”
Exemplo 2: “Havia menos alunos na sala hoje”
Exemplo 3: “Os soldados estavam alerta”
Quando for numeral (= metade), será variável e concorda com a pala-
vra que se refere.
Exemplo 4: “Tomou meia garrafa de champanhe”
Exemplo 5: “Isso pesa meio quilo”
Se for advérbio (= mais ou menos) é invariável.
Exemplo 6: “A porta estava meio aberta”
Exemplo 7: “Ela anda meio cabisbaixa”
MUITO, POUCO
Essas palavras funcionam como pronome indefinido ou como advér-
bio. Se forem pronome, variam de acordo com a palavra a que se re-
ferem.
Exemplo 1: “Muitos alunos compareceram à formatura”
Exemplo 2: “Os perfumes eram poucos”
Se forem advérbio são invariáveis:
Exemplo 3: “As mensalidades escolares aumentam muito”
Exemplo 4: “Os meninos comeram muito ontem”
LONGE, CARO
Podem ser adjetivos ou advérbios
Se adjetivos, concordam com o substantivo.
Exemplo 1: “Longes tempos aqueles...”
Exemplo 2: “Os livros estão muito caros”
Se advérbios, são invariáveis:
Exemplo 3: “Vocês moram longe”
Exemplo 4: “Os livros custam caro”
SÓ, SÓS
Quando têm significado de sozinho ou sozinha, são adjetivos e podem 
ir para o plural.
Exemplo 1: “Joana ficou só em casa” (sozinha)
Exemplo 2: “Lúcia e Lívia ficaram sós.” (sozinhas)
Observe que “só” é invariável quando é advérbio e significa “apenas” 
ou “somente”.
Exemplo 3: “Depois da guerra, só restaram cinzas” (apenas)
Exemplo 4: “Eles queriam ficar só na sala” (apenas)
Atente-se: A locução adverbial “a sós” é invariável.
POSSÍVEL
Fica invariável nas expressões “o mais possível” e o “menos possível”, 
porque são locuções adverbiais.
Exemplo 1: “Quero um vestido o mais bonito possível”
Exemplo 2: “Vou comprar blusas o menos discretas possível”
Alguns autores admitem flexão para essa palavra, de acordo com a 
flexão do artigo usado na expressão: 
Exemplo 4: “As previsões eram as piores possíveis” 
Exemplo 5: “Recebemos a melhor notícia possível”
Quadro 3: Regras básicas de concordância nominal
Fonte: Adaptado de Muniz (2011)
 Como se vê, de acordo com Cunha (2012) e Muniz (2011), são muitas as regras grama-
ticais que regem a concordância nominal. Resta-nos, pois, praticar tais regras no uso da 
língua escrita e/ou falada, bem como nas práticas dos exercícios de fixação ao final desta 
unidade.
3.3 CONCORDÂNCIA VERBAL
34
 A charge abaixo ilustra a ausência de concordância verbal entre “a gente” e “temos”. 
Para a norma culta padrão da língua portuguesa, o verbo deve ser flexionado conforme o 
sujeito ao qual ele se associa. 
Figura 4: Ausência de flexão do verbo
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3kvG8FW. Acesso em: 06 fev. 2021.
 Entretanto, é sempre bom lembrar que tal regra é útil para situações formais de in-
teração social, nas quais esta norma de prestígio é exigida do falante. Passemos, pois, para 
as regras de concordância verbal estabelecidas pela gramática da língua portuguesa e, 
como no item anterior, no qual tratamos da concordância nominal, todo o conteúdo apre-
sentado nesta seção foi retirado, com pequenas adaptações, da “Gramática do português 
contemporâneo (2012)” do autor Celso Cunha.
3.4 REGRAS BÁSICAS DA CONCORDÂNCIA VERBAL
 Os tipos de sujeito, segundo Cunha (2012), existem, entre os tipos de sujeito, o sim-
ples e o composto. No caso do simples, Cunha afirma que (2012, p. 85-86) “aquele que se 
refere a um substantivo, um numeral, uma só palavra substantivada, etc.”, ou seja, possui 
apenas um núcleo. Já o sujeito composto, segundo o mesmo autor, é aquele que possui 
“mais de um núcleo”.
O SUJEITO 
SIMPLES
O verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito, venha ele 
claro ou subtendido:
Exemplo 1: “Eu faço versos como quem morre” 
Exemplo 2: “Fiz tantos versos a Teresinha...”
Quando o sujeito é indicador de quantidade aproximada e é forma-
do de um número plural precedido das expressões cerca de, mais 
de, menos de, perto de e sinônimos, o verbo vai normalmente para 
o plural:
Exemplo: “Cerca de quinhentas pessoas visitaram o maestro na casa 
do Engenho Velho”
O verbo que tem como sujeito o pronome relativo “que” concorda 
em número e pessoa com o antecedente deste pronome:
Exemplo: “Fui eu que te vesti do meu sudário...”
Quando o relativo que vem antecedido das expressões um dos, uma 
das (+substantivo), o verbo de que ele é sujeito vai para a 3ª pessoa 
do plural ou, mais raramente, para a 3ª pessoa do singular:
Exemplo: “A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam 
de nós”
Quando o sujeito é o pronome relativo “quem” o verbo, geralmente, 
vai para a 3ª pessoa do singular:
Exemplo: “Mas não sou eu quem está em jogo”
https://bit.ly/3kvG8FW
35
O SUJEITO 
COMPOSTO
O verbo com sujeito composto vai para a 1ª pessoa do plural (nós), se 
entre os núcleos do sujeito houver um da 1ª pessoa:
Exemplo: “O velho e eu vivíamos no plano do absoluto”
O verbo vai para a 3ª pessoa do plural, se os núcleos do sujeito forem 
da 3ª pessoa.
Exemplo: “Gemiam o vento e o mar” 
O verbo concorda com o núcleo do sujeito mais próximo quando o 
sujeito vem depois dele: 
Exemplo: “Em tudo reina a desolação, a pobreza extrema, o abando-
no”
O verbo também fica no singular quando os sujeitos são quase si-
nônimos:
Exemplo: “A música e a sonoridade da sua arte sempre nos diz algu-
ma coisa daquele mistério”
Quando os sujeitos são resumidos por um pronome indefinido 
(como tudo, nada, ninguém), o verbo fica no singular, em concor-
dância com esse pronome.
Exemplo 1: “O pasto, as várzeas, a caatinga, o marmeleiral esqueléti-
co, era tudo de um cinzento de borralho”
Exemplo 2: “Tudo o fazia lembrar-se dela”
SINTAXE DO 
VERBO “HAVER”
Quando este verbo possui o sentido de “existir”, “ocorrer”, “acon-
tecer”, “realizar’, ou quando indica tempo decorrido, em qualquer 
tempo verbal, conjuga-se na 3ª pessoa do singular.
Exemplo 1: “Havia sempre uns que gritavam”
Exemplo 2: “Há muitos anos não chovia assim”
Quadro 4: Tipos de sujeito
Fonte: Adaptado de Cunha (2012, p. 288-298).
 Como se vê, estas são algumas das regras básicas de concordância verbal, segundo 
CUNHA (2012). Resta-nos, agora, dedicarmo-nos à prática de tais conhecimentos em textos 
escritos e/ou orais, além de buscar termos, como profissionais de Letras, uma gramática 
sempre à disposição para consulta.
36
1. (IBMEC 2020) Assinale a alternativa que preenche de forma adequada e correta as lacunas 
nas frases abaixo, respectivamente.
I. Seguem _____ às cartas minhas poesias para você.
II. Polvo e lula _____ serão servidos no jantar.
III. Para a matrícula, é _____ a documentação pedida.
a) Anexa - frescos – necessária.
b) Anexas - fresca – necessária.
c) Anexos - frescos – necessários.
d) Anexas - frescas – necessária.
e) Anexas - fresco – necessária.
2. (ITA 1997) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do texto a seguir:
“Todas as amigas estavam _____ ansiosas _____ ler os jornais, pois foram informadas de que 
as críticas foram _____ indulgentes _____ rapaz, que, embora tivesse mais aptidão _____ 
ciências exatas, demonstrava uma certa propensão _____ arte.”
a) Meio - para - bastante - para com o - para - para a.
b) Muito - em - bastante - com o - nas – em.
c) Bastante - por - meias - ao - a – à.
d) Meias- para - muito - pelo - em – por.
e) Bem - por - meio - para o - pelas – na.
3. (Uneb adaptado) Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as palavras 
destacadas permanecem invariáveis:
a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema: estude só.
b) Meia palavra, meio tom – índice de sua sensatez.
c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia promessa.
d) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo.
e) Passei muito inverno só.
4. (PUC-Campinas 2020 - adaptado) “Não foi ________ a pesada suspensão que lhe deram, 
porque você foi o que ________ falhas apresentou; podiam ter pensado em outras penalidades 
mais ________.” 
A alternativa correta é:
a) Justo; menos e cabível.
b) Justa; menos e cabível.
c) Justa; menos e cabíveis.
d) Justo; menos e cabível.
e) Justo; menos e cabíveis.
FIXANDO O CONTEÚDO
37
5. (Fatec adaptado) Assinale a alternativa que completa corretamente as frases.
___ , entre analistas políticos, que, se o governo ___ essa política salarial e se o empresariado 
não ___ as perdas salariais ___ sérios problemas estruturais a serem resolvidos, e, quando os 
sindicatos ___ , estará instalado o caos total.
a) Comentam-se; manter; repor; haverão; intervierem.
b) Comenta-se; mantiver; repuser; haverão; intervirem.
c) Comenta-se; mantesse; repuser; haverão; intervierem.
d) Comenta-se; mantiver; repuser; haverá; intervierem.
e) Comentam-se; manter; repor; haverá; intervirem.
6. (IFSP adaptado) Conversar pressupõe um diálogo produtivo entre as pessoas. Significa 
dizer que conversar é um processo cooperativo entre interlocutores.
Leia o texto abaixo, que representa uma conversa.
 
No trecho “a gente pode ter conversas literárias”, substituindo-se o sujeito por outro de 
primeira pessoa do plural, no tempo pretérito perfeito, o resultado é o seguinte:
a) Podemos ter conversas literárias.
b) Podíamos ter conversas literárias.
c) Poderíamos ter conversas literárias.
d) Pudemos ter conversas literárias.
e) Pudéssemos ter conversas literárias. 
7. (PM-PI - 2018) Indique a alternativa que preenche adequadamente as lacunas da frase:
“___ anos que o homem se pergunta: se não ___ medos, como ___ esperanças?”
a) Faz, houvesse, existiriam.
b) Fazem, houvesse, existiriam.
c) Faz, houvesse, existiria.
d) Fazem, houvessem, existiriam
e) Faz, houvessem, existiria.
8. (UFRGS adaptado) Leia o texto abaixo: 
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“[Eu] Disse que competência não era uma coisa tão relativa assim, que seriam as mesmas, 
para ele e para mim, as expectativas sobre a competência que deveria trazer consigo o 
cirurgião cardiovascular que...”
Se substituíssemos “expectativas” por “expectativa”, quantas outras palavras precisariam 
obrigatoriamente de ajuste para fins de concordância?
a) Uma.
b) Duas
c) Três.
d) Quatro
e) Cinco.
39
REGÊNCIA VERBAL E
 NOMINAL 
UNIDADE
04
40
4.1 REGÊNCIA VERBAL
 Na tirinha abaixo, observa-se um equívoco em relação à regência verbal, pois o per-
sonagem utiliza “do que” em lugar da preposição “a” como pede a regência do verbo “pre-
ferir”. 
Figura 5 : Aplicação da regência verbal
Fonte: Disponível em https://bit.ly/2UkdPzK. Acesso em: 07 fev. 2021.
 Dentro desta perspectiva, veremos nesta unidade algumas regras principais concer-
nentes à regência verbal para aprimoramos, principalmente, a expressão escrita em língua 
portuguesa, evitando, assim, equívocos e ambiguidades.
4.2 REGRAS BÁSICAS DA REGÊNCIA VERBAL
 A transitividade é fator preponderante no que diz respeito às regras de regência ver-
bal. Sendo assim, há os chamados “verbos transitivos diretos”, ou seja, os quais não exigem 
preposição para serem complementados, os “transitivos indiretos” que pedem o uso da 
preposição e, por fim, aqueles que podem se encontrar em ambas as referidas classifica-
ções gramaticais.
Chamam-se preposições as palavras invariáveis que relacionam dois termos de uma oração, 
de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente ou termo regente) é explicado ou com-
pletado pelo segundo (consequente ou termo regido). Assim, conforme Cunha (2012, p. 321):
FIQUE ATENTO
ANTECEDENTE PREPOSIÇÃO CONSEQUENTE
Vou a São Paulo
Todos saíram de casa
Concordo com você
4.3 VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS
 Os verbos transitivos diretos são aqueles que não necessitam de preposição antes do 
seu complemento. Segundo Pasquale e Ulisses (2010, p. 509): “Os verbos transitivos diretos 
são complementados por objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para 
o estabelecimento da relação de regência”. O objeto direto, por sua vez, pode ser definido, 
conforme Cunha (2012), como sendo “o complemento de um verbo transitivo direto [...] que 
 https://bit.ly/2UkdPzK
41
vem ligado ao verbo sem preposição. Exemplo: Passageiros e motoristas atiraram moedas” 
(CUNHA, 2012, p. 95). Assim, pode-se fazer a seguinte pergunta ao sujeito da frase: Passa-
geiros e motoristas atiraram o que? Resposta: “moedas”. Portanto, o verbo “atirar” é transi-
tivo direto e o objeto direto é, neste caso, “moedas”. Exemplos de verbos transitivos diretos 
de Pasquale e Ulisses (2010):
Abandonar; adorar; condenar; humilhar; socorrer; abençoar; alegrar; conhecer; namorar; su-
portar; aborrecer; ameaçar; conservar; ouvir; ver; abraçar; amolar; convidar; prejudicar; visi-
tar; acompanhar; amparar; defender; prezar; acusar; auxiliar; eleger; proteger; admirar; cas-
tigar; estimar e respeitar.
 Segundo Pasquale e Ulisses (2010), todos os verbos acima citados “funcionam exata-
mente como o verbo amar”. 
Amo aquele rapaz Amo-o
Amo aquela moça Amo-a
Amam aquele rapaz Amam-no
Ele deve amar aquela mulher. Ele deve amá-la.
Quadro 5: Regência do verbo ‘amar’
Fonte: Adaptado de Pasquale e Ulisses (2010, p. 510)
 No quadro acima é possível ver como se dá a regência do verbo “amar” para os auto-
res.
4.4 VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS
 Os verbos transitivos indiretos, ao contrário dos diretos, necessitam de preposição 
para complementar o seu sentido. Segundo Pasquale & Ulisses 2008: “Os verbos transitivos 
indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de regência” (PASQUALE; ULIS-
SES, 2010, p. 510).
 Para definir o objeto indireto, podemos dizer com Cunha (2012) que “o objeto indireto 
é o complemento de um verbo transitivo indireto, isto é, se liga ao verbo por meio de uma 
preposição. Exemplo: Esquecia-se de que não havia piano na casa” (CUNHA, 2012, p. 97).
Desse modo, pode-se fazer a seguinte pergunta: “Esquecia-se de que?” Resposta: “de que 
não havia piano na casa”. Portanto, o verbo esquecer, nesta frase, é transitivo indireto, pois 
necessita da preposição “de”.
 Alguns exemplos de verbos transitivos indiretos:
a) Antipatizar e simpatizar, os quais devem ser introduzidos pela preposição com.
Exemplo 1: “Antipatizo com aquela vendedora”.
Exemplo 2: “Simpatizo com os que reprovam os influenciadores digitais que divulgam 
uma falsa perfeição na internet”.
b) Consistir, o qual deverá ser introduzido pela preposição em:
Exemplo 3: “A política verdadeira consiste em garantir direitos iguais aos cidadãos”.
c) Obedecer e desobedecer, os quais têm como complemento a preposição a.
Exemplo 4: “Obedeço aos preceitos dos meus pais”.
Exemplo 5: “Os jovens desobedecem aos seus pais”.
Atenção: Caso o complemento do verbo não seja uma pessoa, só é possível usar a ele 
42
ou a ela.
Exemplo 6: “Obedeço ao código e/ou Obedeço a ele”.
d) Dignar-se, como se vê é um verbo pronominal, o qual, segundo a norma culta pa-
drão da língua portuguesa, rege a preposição de.
Exemplo 7: “O meu ex-esposo não se dignou de olhar-me nos olhos quando nos encon-
tramos”.
Exemplo 8: “O vendedor mal-educado ao menos se dignou de responder-me o valor da 
mercadoria”.
e) Responder, o qual terá a preposição a para introduzir o seu complemento.
Exemplo 9: “O advogado respondeu a todos as partes interessadas no processo”.
Exemplo 10: “O réu responderá a inquérito judicial”.
4.5 VERBOS QUE PODEM SER TRANSITIVOS

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