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DIVINÓPOLIS 2023 ELDER ASSUNÇÃO DA SILVA UMA ANÁLISE DA IN(APLICABILIDADE) À LUZ DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. ELDER ASSUNÇÃO DA SILVA POSSIBILIDADE DE RESERVA: NÃO (APLICABILIDADE) EM TERMOS DE ANÁLISE DA DIGNIDADE HUMANA. Projeto apresentado ao Curso de Direito da Instituição Faculdade Pitágoras Orientador: Ana Melati Divinópolis 2023 ELDER ASSUNÇÃO DA SILVA POSSIBILIDADE DE RESERVA: NÃO (APLICABILIDADE) EM TERMOS DE ANÁLISE DA DIGNIDADE HUMANA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. BANCA EXAMINADORA Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Divinópolis, dia de mês de 2023 SILVA, Elder Assunção da. UMA ANÁLISE DA IN(APLICABILIDADE) À LUZ DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 45 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Direito) – Faculdade Pitágoras, Divinópolis, 2023. RESUMO Acerca de uma formação jurídica, não há consenso sobre o conceito específico de direitos, de modo que os direitos fundamentais se tornam uma opção necessária. Em última instância, os direitos fundamentais se relacionam com os direitos humanos, relação oportuna, mas é preciso distinguir os dois. Os direitos fundamentais estão relacionados com os direitos humanos porque os direitos fundamentais são direitos que se aplicam aos homens. Os direitos humanos são analisados no plano internacional. Na Constituição Federal de 1988, a dignidade da pessoa humana está consagrada nos artigos referentes aos direitos fundamentais. Todos devem levar uma vida digna, ser respeitados e exercer plenamente sua cidadania. O princípio da dignidade humana deve prevalecer em todas as áreas do direito. A lei brasileira não tem ascendência de outro país. A introdução de conceitos de outro ordenamento jurídico é admissível, mas tal introdução deve ser feita com cautela, levando em conta as realidades sociais do país originário do regime introdutório. O objetivo deste trabalho é lançar luz sobre uma instituição que foi entremeada ao nosso ordenamento jurídico, a Reserva do Possível. Apresenta sua origem, a forma como foi introduzido como argumento de defesa e analisa sua inaplicabilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Palavras-chave: Ponderação de valor. Reserva do Possível. Dignidade da Pessoa Humana. Inaplicabilidade. Mínimo Existencial. SILVA, Elder Assunção da. UMA ANÁLISE DA IN(APLICABILIDADE) À LUZ DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 45 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Direito) – Faculdade Pitágoras, Divinópolis, 2023. ABSTRACT About legal training, there is no consensus on the specific concept of rights, so fundamental rights become a necessary option. Ultimately, fundamental rights are related to human rights, a timely relationship, but it is necessary to distinguish between the two. Fundamental rights are related to human rights because fundamental rights are rights that apply to men. Human rights are analyzed at the international level. In the Federal Constitution of 1988, the dignity of the human person is enshrined in articles referring to fundamental rights. Everyone must lead a dignified life, be respected and fully exercise their citizenship. The principle of human dignity must prevail in all areas of law. Brazilian law has no ancestry from another country. The introduction of concepts from another legal order is admissible, but such introduction must be made with caution, taking into account the social realities of the country originating from the introductory regime. The objective of this work is to shed light on an institution that was intertwined with our legal system, the Reserva do Possível. It presents its origin, the way it was introduced as a defense argument and analyzes its inapplicability in the Brazilian legal system. Keywords: Value weighting. Reservation of the Possible. Dignity of human person. Inapplicability. Existential Minimum. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1. CONTEXTO HISTÓRICO ACERCA DA RESERVA DO POSSÍVEL ................ 5 1.1 Direitos Fundamentais e Reserva do Possível ................................................. 5 1.2 Aspectos Gerais da Positivação......................................................................... 7 1.3 Aspectos Específicos da Positivação em Forma de Princípio ............................ 9 2. DIGNIDADE DA PESSOA .................................................................................. 12 2.1 Ponderação de Valores .................................................................................... 14 3. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O TEMA . 16 3.2 Princípio Do Mínimo Existencial ....................................................................... 18 3.3 Aplicação Do Princípio Da Proporcionalidade .................................................. 19 3.4 Princípio Da Reserva Do Possível ................................................................... 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 28 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29 1 INTRODUÇÃO A dignidade da pessoa humana é o fundamento da República Federativa do Brasil e constitui a base de todo o arcabouço jurídico. Ao mesmo tempo, parece ser o ponto de partida para a garantia dos direitos fundamentais consagrados no texto constitucional. Por outro lado, temos possíveis teorias de reserva destinadas a lidar com os aspectos hereditários e econômicos das entidades estatais. A teoria acima visa definir as necessidades de algumas pessoas a fim de reservar um orçamento. A dignidade humana é incontornável (extra princípio) e, em última instância, os Estados reivindicam aspectos econômicos quando se deparam com a obrigação de observar os direitos fundamentais. Diante do exposto, delineiam-se os seguintes temas: Possibilidade de reserva: Não (aplicabilidade) em termos de análise da dignidade humana. O texto sugere que a tensão entre a efetivação concreta dos direitos humanos em escala internacional e os chamados obstáculos à soberania estatal decorre de tentativas de explicar os novos sistemas jurídicos em termos de princípios tradicionais que, se tivessem valor na época, poderiam deixarão de receber mais complexidades, respostas às necessidades das relações sociais contemporâneas. Desde a sua criação, o desenvolvimento da investigação foi pautado pelo entendimento a priori de que a soberania, baseada no princípio da igualdade soberana de todos os membros, continua sendo reconhecida como o poder supremo que qualifica determinado Estado perante os demais. No entanto, com o estabelecimento do direito internacional dos direitos humanos, o homem adquiriu a condição de sujeito de direitos não apenas dentro de seu próprio território, mas também perante toda a comunidade internacional, e desta forma, o Estado não pode mais justificar a violação de direitos humanos em seu espaço interno sob o argumento do exercício da soberania. Como sujeitos de direitos no âmbito da ordem jurídica internacional, os indivíduos são garantidos pela proteção do direito internacional público independentemente dos limites geográficos. Nesse tipo de pensamento, não se trata da limitação do poder soberano do Estado, mas a proteção dos direitos humanos está inserida no conceito de soberania. A descoberta desse tema levou à constataçãode que os conceitos de soberania e direitos humanos não são antagônicos, mas princípios fundamentais necessariamente interligados. 2 Ao enfatizar que o Estado é soberano, sem reconhecer a perda da soberania sem perder sua identidade, ou seja, a destruição do próprio ente estatal, espera-se inferir que a proteção da dignidade humana é uma função. Os interesses dos Estados soberanos traduzem-se no bem-estar dos cidadãos. Portanto, a violação dos direitos humanos pelo Estado significa uma afronta ao poder soberano, que não está acima da lei. Este é o direito internacional dos direitos humanos que assegura essas garantias fundamentais dos indivíduos. Em face do que foi aludido no tema, surge a seguinte questão: de que forma poderá ser aplicada a reserva do possível sem que seja causada ofensa a dignidade da pessoa humana? O mínimo de subsistência refere-se à base da vida humana e é um direito fundamental e fundamental consagrado na Constituição Federal. Portanto, sua obtenção nada tem a ver com a existência de lei, pois é considerada inerente ao ser humano. É impossível ao indivíduo levar uma vida digna sem um mínimo de existência, pois o princípio visa garantir as condições mínimas para isso. Portanto, entende-se que é responsabilidade do Estado garantir a efetiva implementação dos direitos fundamentais. A pertinência deste tema é articular a economia como a gestão escassa de recursos financeiros, enfatizando quais políticas públicas são alocadas. Pois, um estado não pode assumir responsabilidade pela qual não pode cumprir, mesmo que justifique o fracasso em cumprir uma responsabilidade irracional de proteger. A Constituição Federal de 1988 estipula que o Estado não pode deixar de garantir um mínimo de existência, porém, nem sempre pode cumprir suas funções, aumentando assim as demandas sobre o Judiciário, que deverá ser obrigado a fornecer poderes públicos além da lei orçamentária. Aspectos Sócio jurídicos Importante porque trata do princípio fundamental da cidadania (dignidade humana) e da reserva de possibilidade, que é utilizado de forma inadequada pelos entes estatais, privando muito a sociedade humana de direitos importantes como os direitos. Neste ínterim, o tema é importante porque traz discussões para o âmbito jurídico, e tem sido palco de debate na doutrina e tribunais superiores. Para responder as questões de problematização propôs-se como objetivo geral: Demonstrar a possibilidade de aplicação da reserva do possível sem que tal fato cause ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana. Quanto aos objetivos específicos ou secundários tangeu: conceituar a reserva do possível divergindo-a do mínimo existencial; analisar a dignidade da pessoa humana enquanto princípio/norma 3 e suas facetas jurídicas; demonstrar a distinção entre normas e princípios por meio de hermenêutica constitucional. A metodologia utilizada tem por finalidade apresentar detalhadamente os procedimentos realizados para atingir o objetivo do trabalho. A pesquisa é avançada quando se tem o interesse de apurar determinado assunto, com fim de se obter respostas para as indagações propostas, quando não se dispõe de informações necessárias para responder ao problema, faz-se necessário a utilização de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos (GIL, 2007). Conforme preconiza Gil (2007), o tipo de pesquisa deve ser classificado em seus procedimentos metodológicos com base nos objetivos, bem como nos procedimentos técnicos utilizados de coleta e análise de dados, e que dentro de cada uma dessas tipologias existem diversas subdivisões, originando vários tipos de pesquisa, cada qual com suas características e peculiaridades próprias. Desta forma, a presente pesquisa a ser realizada será classificada como descritiva, bibliográfica e qualitativa. Em relação aos objetivos, a pesquisa será descritiva, uma vez que cuida dos elementos para o acontecimento do fato, utilizando métodos como padrões textuais, opiniões, atitudes e crenças de uma população ou segmento dela. Desse modo, (GIL, 2007, p. 28) afirma que: (as pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis). Quanto ao procedimento, primeiramente esta pesquisa será efetivada por meio da pesquisa bibliográfica em livros, artigos, sites de internet, jornais, revistas, livros, teses, material cartográfico, rádio, filmes, entre outros. Nesse sentido, (a pesquisa bibliográfica é aquela realizada a partir de registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos). (SEVERINO, 2007, p. 122). No que tange à abordagem do problema, a análise será qualitativa, que de acordo com Lakatos e Marconi (2001) é vista como o meio de raciocínio a ser seguido, mencionando a complexidade de certa problemática, analisando a complementação de determinadas variáveis, com exame mais detalhado no tocante aos fenômenos em estudo. Neste estudo a finalidade é apresentar a revisão da bibliografia relacionada a Possibilidade da Reserva: Análise Da In (Aplicabilidade) à Luz da Dignidade da 4 Pessoa Humana envolvidos ordenamento jurídico brasileiro, bem como expor os conceitos teóricos necessários para a compreensão dos direitos humanos. A estrutura do trabalhado está organizada por capítulos, além das referências: Capítulo I – Contexto Histórico Acerca Da Reserva Do Possível: O Princípio da Reserva do Possível ou Princípio da Reserva de Consistência é uma construção jurídica germânica originária de uma ação judicial que objetivava permitir a determinados estudantes cursar o ensino superior público embasada na garantia da livre escolha do trabalho, ofício ou profissão. Capítulo II – Dignidade da Pessoa: Interpretar o princípio da dignidade humana como redutível às ideias de igualdade de consideração e de respeito à autonomia pessoal, permitindo que ele desempenhasse seu papel e evitando diversos dos abusos e imprecisões a que tem estado sujeito. Capítulo III – Jurisprudência Do Supremo Tribunal Federal Sobre O Tema: Daniel Wang, após analisar a jurisprudência do STF em torno da reserva do possível, constata que nos casos em que o pedido se refere a vagas em creches “não há debate mais detido a respeito dos custos dos direitos, da reserva do possível e da escassez de recursos, sendo que em todos os casos obrigou-se o Estado a concretizar o direito pedido”. Capítulo IV – Análise dos resultados obtidos: Este capítulo apresenta os resultados obtidos consequentes da análise, originando informações necessárias para a conclusão deste estudo. 5 1. CONTEXTO HISTÓRICO ACERCA DA RESERVA DO POSSÍVEL Como apontam Schwabe e Martins (2005), a reserva do possível “Vorbehalt dês Möglichen” surgiu na Alemanha para dirimir a restrição do número de vagas “numerus- clausus” em algumas universidades. Caso o qual analisou o art. 12, § 1º da Lei Fundamental, de acordo com a Lei Fundamental alemã (2007), proferindo que: Alle Deutschen haben das Recht, Beruf, Arbeitsplatz und Ausbildungsstätte frei zu wählen “todos os alemães têm o direito de eleger livremente a sua profissão, o lugar de trabalho e o lugar de formação”. Nessa decisão, esses direitos violavam os princípios da igualdade e do estado de bem-estar. Discute a riqueza dos critérios de aprovação para o ensino superior, bem como os candidatos que se candidatam a várias universidades. Para acomodar determinadas decisões do Tribunal Constitucional alemão, Olsen (2008) conclui que os interesses das reivindicações estatais são considerados em termos de racionalidade e proporcionalidade, dada a necessidade de fazer valer as reivindicações de direitos. No Brasil, como aponta Sarlet (2001), Sempre que possível, procura validar o estado económico dasnações, as limitações dos recursos disponíveis face às necessidades muitas vezes imensuráveis que proporcionam. A primazia da economia sobre o direito se explica em termos de um sistema em que o sistema não é comunicável. Sarlet (2001) declara que, existem diferentes expressões para declarar sistemas econômicos, políticos e jurídicos. Assim, nesse halo, as reservas podem se tornar uma desculpa comum em processos judiciais envolvendo pessoas físicas que pleiteiam benefícios previstos na Constituição Federal sem execução. Então, as reservas possíveis precisam ser casadas com as reservas orçamentárias, princípio que tem dupla natureza, defensiva e temporária. 1.1 Direitos Fundamentais e Reserva do Possível Assim como apontam Stephen Holmes e Cass Sunstein (2011), realizar e proteger os direitos consagrados na Constituição acarretará um ônus econômico. A reserva de possibilidade é fornecida por duas coisas, uma de fato e outra de direito. 6 Segundo Daniel Sarmento (2011), quanto ao conteúdo factual, deve ser melhorado (para testar a racionalidade da generalização dos serviços requeridos, tendo em conta os recursos existentes), ou seja, não se pode afirmar que o Estado fornece algo aos seus cidadãos, porque o mesmo não será capaz de dizer a todas as pessoas ao mesmo tempo. Os indivíduos fazem a mesma atribuição. Ainda de acordo com os estudiosos supracitados, analisando possíveis reservas do ponto de vista legal, observando que há uma polarização entre o orçamento em relação ao princípio da legitimidade das despesas e a possibilidade de o judiciário tomar decisões para designar despesas executivas para a realização dos direitos sociais. Diante destes apontamentos, Daniel Sarmento (2011) toma um partido um interveniente que entenda que os Estados destinados à legitimidade democrática são responsáveis pela escolha de suas eleições primárias. Mas, ao mesmo tempo, também discorda de vincular direitos sociais a orçamentos arrogantes, de modo que, qualquer que seja a discricionariedade dada aos legisladores e administradores públicos, não há como concordar com a discricionariedade absoluta na vontade da própria Constituição e de suas diretrizes máximas. Assim, no entendimento de Daniel Sarmento (2011), o epílogo é a especial possibilidade do judiciário fazer valer os direitos sociais consagrados na constituição, nos moldes e nos preceitos, ora expostos.) Na erudição do jurista de Kiel, Robert Alexy (1993) mantém o reconhecimento de que os legisladores democráticos são livres para decidir onde os recursos públicos serão aplicados, mas deve-se notar que os legisladores devem aderir consistentemente a isso. Dessa forma, para Alexy (1993, p. 90-91), A polêmica sobre este tipo de direitos baseia-se nas concepções de caráter e atribuições do Estado, da lei e da Constituição, inclusive os direitos fundamentais, bem como na avaliação da situação atual da sociedade. Os direitos fundamentais são posições tão importantes que sua concessão ou não concessão não pode ser deixada nas mãos de uma simples maioria parlamentar. (Alexy 1993, p. 90-91) Ressalta-se a compreensão levada a cabo hodiernamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao julgamento da ADPF nº 45, na decisão o Min. Celso de Mello, dispôs o seguinte, 7 ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA "RESERVA DO POSSÍVEL". NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMO EXISTENCIAL". VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO). (STF – ADPF 45 DF, Relator: Ministro Celso de Mello, Julgado em 29/03/2014). (BRASIL, 2014). Entretanto, diante do conhecimento de Ronald Dworkin (2005), percebe-se claramente, a discussão completa das reservas mínimas possíveis ou existentes pretende obscurecer a questão da escolha política em relação à alocação de recursos orçamentários realizada pelo Executivo e pelo Legislativo. Oculta a falta de planejamento político de curto, médio ou longo prazo para a ação social. Para Álvaro Ricardo de Souza Cruz (2011), O obstáculo por trás do discurso do minimalismo existencial é que sua assimilação no Brasil se baseia em uma lógica trazida pela consideração de princípios. À luz do que foi dito acima sobre a reserva de possibilidades, vale notar que utilizá-la como argumento de racionalidade econômica afasta e obscurece o argumento jurídico, pois o conceito de livre utilização dos recursos financeiros públicos pelos administradores públicos continua sendo o norteador. 1.2 Aspectos Gerais da Positivação Segundo Kappler e Konrad (2016) “A partir da ampla conceituação do princípio da dignidade e de sua unidade consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, percebe-se que os tratados de tolerância foram moldados desde sua proclamação em 1948”. E, graças à rebeldia do tratado e à posterior ativação do conceito de dignidade da pessoa humana nas constituições dos estados, criou-se pela democracia, único sistema político capaz de promover a vigência desses direitos (Silva), um sistema emancipatório e estado de busca de direitos 8 Por conseguinte, Silva (1998) Tratando da narrativa em torno da positivação de conceitos no ordenamento jurídico brasileiro, se ela é fundamental, é porque constitui o valor supremo, o valor fundamental da república, da federação, do estado, da democracia e do direito. um valor supremo, que atraiu outros direitos fundamentais para protegê-lo. Até aqui, compreendemos melhor o papel dos princípios no direito contemporâneo. A partir daí, podemos indagar sobre a sua perpetuação de direitos e qual o procedimento correto para a sua positivação. De acordo com Kappler e Konrad (2016): “a dignidade da pessoa humana está presente e tem grande importância teórica; entretanto, resta analisar o quanto essa teoria se transpõe para uma realidade específica, ao ordenamento jurídico, e como a jurisprudência é justificada com base no princípio. O traçado de sua delimitação essencial para que ele seja erguido como argumento confiável na base das decisões judiciais.” (Kappler e Konrad, 2016, pag. 356) A dignidade humana e seus vieses morais inerentes permitem que os direitos evoluam, então a positividade está sempre em pauta, como explicam Garcia et al. (2017), "As três primeiras gerações/dimensões são baseadas no lema francês da Revolução, ou seja, Liberdade, igualdade, fraternidade. Os direitos e necessidades dos homens mudaram e evoluíram ao longo dos anos, e outras gerações/dimensões podem surgir. outra classe de direitos. Haro (2006) enobrece a discussão com a seguinte afirmação: “Todas as hipóteses de conceituação de princípios acolhidas na doutrina e na jurisprudência por Guastini indicam seu caráter de normatividade, ou seja, demonstram que os “princípios” fazem parte do “mundo do dever-ser” e são espécie de norma jurídica, seja porque são vetores de aplicação de outras espécies de normas (regras), seja porque exercem influência sobre a interpretação de outros princípios de caráter inferior.” (Haro (2006) Nesse sentido, explicou que, por mais gerais que pareçam, o grau de normatividade contido nos princípios tem maior valor para julgar controvérsias ou fazer leis. Essa ordem superior de certos princípios (comoa dignidade humana) impõe um certo viés finalista e teleológico a outros princípios e normas. O respeito ao preencher uma lacuna legislativa ou ao se aplicar um princípio subsidiário ao invés de outro em determinado caso, deve sempre ser visto com a devida amplitude ética em que a dignidade da pessoa humana está inserida. 9 1.3 Aspectos Específicos da Positivação em Forma de Princípio Neste tópico, são discutidos aspectos relacionados à ativação e uso da dignidade da pessoa humana como princípio constitucional. Kant criou sua relação com a sociedade a partir do conceito de dignidade, da máxima e assegura que: “A natureza humana é uma dignidade em si mesma, pois o homem não pode ser utilizado meramente como um meio por ninguém (seja pelos outros, seja mesmo por ele mesmo), mas deve sempre ser utilizado com o final". (KANT, 2003, p. 306). Aqui, ela é construída a partir da interpretação do pensamento kantiano e da positivação do conceito originário de dignidade humana nas constituições dos países modernos, da renúncia jurídica aos princípios máximos impostos pela constituição, inserindo novas ferramentas de verificação jurídica na contemporaneidade. sociedade. As leis, portanto, não existem apenas por meio de coerção e comando do estado, mas são apoiadas por uma constituição que é aplicada vigilantemente por um conjunto de princípios, dos quais, possuem em sua idealização o respeito ao princípio máximo constitucional, a dignidade da pessoa humana. Ao considerar essa suposição principiológica de respaldo constitucional, deve-se notar que, como observado nas democracias, a deferência ao processo legislativo é evidente e, portanto, a aplicação legal é devida; nesse sentido, tenta entender as democracias O status quo, não importa o quanto as democracias tentam se livrar de comparações com estados totalitários, permanece um estado subjacente de desrespeito aos direitos humanos, flertando com a possibilidade de criar um estado que legalmente viola direitos. Esta questão decorre da legitimidade conferida pela Constituição ao processo legislativo. Para exemplificar essa exigência legal, mergulhamos na história dos Estados- nação e na proteção da situação atual; assim, o que significa para um país localizado no norte da Europa ter direitos fundamentais com base no princípio generalista, o princípio fundamental direitos introduzidos pela legislação brasileira em, possuem certa dificuldade de aplicação, em decorrência de aspectos sociais históricos. Da análise incorre-se a outro conceito Kantiano, a moral histórica, mas que será exposto 10 posteriormente; o que se pretende expor, advém do respeito à Constituição Federal no sentido mais amplo. Além da constitucionalidade de uma decisão judicial contra ou a favor de um fim determinado com base no respeito à ordem jurídica material e aos princípios constitucionais, a negação ou desrespeito ao conceito original pode ser inferida do processo legal geral e da burocracia para a constituição, incluindo a dignidade humana. Conforme citado por Garcia et al (2017) “(...) em 1689, surgiu o Bill of Rigths novamente na Inglaterra. Este diploma afirmava que o parlamento era o único órgão autorizado a sancionar leis e declarou como fundamentais o direito de liberdade de palavra, de imprensa e de reunião, o direito de não ser privado da vida, liberdade ou bens sem processo legal.” (Garcia et al 2017, pag. 248) Garcia explica ainda que: “Assim, os direitos fundamentais são aqueles reconhecidos e garantidos pela Constituição de um determinado Estado, ou seja, eles somente existem por força do texto constitucional e também possuem a dignidade da pessoa humana como centro e fundamento básico.” (Garcia et al 2017, pag. 248) Esta narrativa traduz-se na força e expressão dos princípios que os parlamentos de um determinado país trazem para o quotidiano dos seus pares; no entanto, se não existe uma ordem para o fazer, ou como alguns países observaram, a vontade de poder é direcionada para a sociedade Ativação do bem-estar e dos direitos fundamentais, o objetivo final não será mais alcançado e a legislação não será traduzida em um endereço constitucional. A convergência política na busca pelo poder social e na busca pelo capital político, como se vê no Brasil, acaba por demonstrar o que está sendo exposto. Pois, afinal, a criação legislativa obedece em muito os interesses daqueles que compõem a Política. Para deixar mais clara as indagações, busca-se Canotilho apud Garcia et al (2017), para quem: A função de direitos de defesa dos cidadãos sob uma dupla perspectiva: 1) constituem, num plano jurídico-objetivo, normas de competência negativa para os poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica individual; 2) implicam, num plano jurídico subjetivo, o poder de exercer positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir 11 omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa). (Garcia et al 2017, pag. 248) A ênfase recai sobre o primeiro ponto citado por Cannotillo, afirmando que os meios de vedar a intervenção do poder público devem estender a objetividade jurídica às normas de capacidade positiva, onde os procedimentos relativos à criação e aplicação de normas devem respeitar diretrizes específicas de princípios constitucionais. Vincular narrativas à dignidade humana, Piovesan apud Garcia et al (2017) diz: O valor da dignidade da pessoa humana, impõe-se como núcleo básico e informador de todo e qualquer ordenamento jurídico, como critério e parâmetro de valoração a orientar a interpretação e compreensão de qualquer sistema normativo, mormente o sistema constitucional interno de cada país. (Garcia et al 2017, pag. 248) Consequentemente, tem sido sugerido que serve como um padrão para identificar os princípios constitucionais, estabelecendo diretrizes e procedimentos e fornecendo alguns meios para atingir o objetivo maior de perpetuar os princípios constitucionais nas leis sob a Constituição. "A dignidade deve ser descrita com a maior neutralidade política possível, cujos elementos podem ser compartilhados por liberais, conservadores ou socialistas", e que se aproxima da ideia de John Rawls em O Direito dos Povos (2004, p. 173), este que afirma a imprescindibilidade do afastamento de doutrinas totalitárias, que se esgotam em si mesmas. 12 2. DIGNIDADE DA PESSOA O princípio da dignidade da pessoa humana encontra previsão no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, sendo o mesmo alçado a fundamento da República Federativa do Brasil. Para Sarlet (2001), na dimensão defensiva, a dignidade limita as ações do poder público. Portanto, a dignidade é um direito que pertence a todas as pessoas e às vezes é inalienável. Por outro lado, a partir de uma dimensão temporária, a dignidade impõe medidas positivas ao ente estatal para garantir sua preservação, bem como as condições necessárias para sua efetivação. De acordo com Sarlet (2001), nas situações em que a dignidade não poderá sobressair de forma fixa, além disso, tem-se observado que essa articulação dessa natureza não contraria a diversidade de valores e pluralismo expressos nas sociedades democráticas atuais, como estamos em o processo de evolução contínua. Na contemporaneidade, a dignidade é vista como um serviço inerente ao ser humano torna-se um atributo inevitável e inalienável, conferindo ao indivíduo um direito inalienável. Quanto aos insultos à dignidade, é necessária uma alta densidade jurídica de pesquisa, dado o potencial de conclusões inconsistentes ou mesmo conflitantes na validade subjacente desse princípio. Para Barroso (2003, p. 36), a dignidade da pessoa humana, Ainda vive, no Brasile no mundo, um momento de elaboração doutrinária e de busca de maior densidade jurídica. Procura-se estabelecer os contornos de uma objetividade possível, que permita ao princípio transitar de sua dimensão ética e abstrata para as motivações racionais e fundamentadas das decisões judiciais. Barroso (2003, p. 36) Diante do que foi mencionado, Sarlet (2001) afirma que a dignidade de todos os seres humanos não deve ser violada ou prejudicada, independentemente dos fatos daqueles que cometem atos imundos. Bonavides (1994) ressalta que, de acordo com as crenças constitucionais contemporâneas, entende-se que a dignidade é garantida quando assegurado o mínimo de existência individual, não se permitindo que o indivíduo seja violado em qualquer grau ou obsoleto em seu valor pelo Estado, pelo indivíduo ou pela instituição. 13 Nesse conceito, a dignidade humana é o fundamento originário dos direitos fundamentais. De acordo com Barroso (2011), O mínimo de existência pode ser conceituado como (conjunto de condições materiais básicas e fundamentais cuja existência é um pré-requisito para a dignidade de qualquer pessoa. Se alguém vive abaixo desse nível, os mandamentos constitucionais são desrespeitados). A alegação da sociedade de que é completamente incapaz de relacionar o tema de forma conjunta resultou no bloqueio dos direitos humanos e fundamentais, dificultando sua efetividade. Edilson Farias (1996), ressalta o princípio da dignidade da pessoa humana, diante de todos os seus volumes avaliados, exerce também como (interpretação de todo o conteúdo das normas de ordem constitucional). Face a todas as normas jurídicas, este princípio está mais ou menos enraizado, mas diz respeito a dois conjuntos de direitos, nomeadamente os direitos fundamentais e os direitos humanos. Para José Afonso da silva (1990), O termo direito fundamental não é consistente na doutrina, e para se ter uma argumentação para a mesma categoria desses direitos, outros termos são aplicados, a saber "direitos individuais", "direitos humanos", "liberdades fundamentais" e "direitos naturais". Na constituição federal de 1988 vemos essa diversidade terminológica nos artigos 4º ii, 5º §1°, 5º lxxi, 5º xli, art. 17, e art. 60, §4º iv. Para Scarlet (2001), as elocuções Direitos fundamentais e direitos humanos não devem ser usadas como sinônimos, pois é necessário separá-los. A expressão dos direitos fundamentais deve ser limitada aos direitos do indivíduo e afirmada dentro dos limites da própria constituição de um determinado país como direitos humanos devem ser usados em todos O status legal de reconhecimento, independentemente de como seu status está associado a qualquer ordem constitucional, tem validade universal para todos os povos e épocas. Edilson Farias (1996) compartilha do mesmo sentido, os direitos fundamentais estabelecem a positivação dos direitos humanos na constituição de um determinado país, fazendo com que reivindicações políticas sejam traduzidas em normas jurídicas. Para Scarlet (2001), como todos sabemos, o rol de direitos humanos é muito mais amplo do que os direitos fundamentais, embora alguns direitos fundamentais consagrados na constituição não tenham relação correspondente nos textos 14 internacionais. A relevância dessa distinção é inquestionável diante da ótica da validade dos direitos, pois a agregação explícita dos direitos humanos na constituição confere-lhes o contexto de maior validade. Por outro lado, dada a teoria da reserva da possibilidade, carecemos de mecanismos estatais para a aplicação universal dos direitos. Leal e Alves (2016) apreenderam que a teoria da reserva de possibilidade ganhou espaço no controle jurisdicional, principalmente em face dos direitos fundamentais, embora no Brasil tenha sido conceituada como caráter de reserva orçamentária, ao se deparar com um direito fundamental baseado pelo mínimo existencial, o estado recorre para a precisão de incorporá-lo na reserva orçamentária. Na implementação judicial dos princípios da dignidade humana, Alexy (1993) afirma que há uma necessidade considerável de concordar que os princípios explícitos ou implícitos também estabelecem normas jurídicas. Uma vez que princípios e regras estabelecem diferentes categorias de normas jurídicas, mesmo que difiram em caráter. Para Konrad Hesse (1991), uma constituição deve restaurar sua normatividade por meio do trabalho de interpretação, sem ignorar fatos concretos da vida, a fim de fazer cumprir seus princípios com prudência. O princípio da dignidade da pessoa humana não é, assim, apenas uma obrigação não cumprida, e Canotilho (1999) afirma ser de suma importância a sua concretização judicial, face ao constante trabalho de aplicação que visa maximizar a eficácia deste princípio. 2.1 Ponderação de Valores De acordo com Alexy (2008, p. 90-91), a assimetria entre regras e princípios estaria no plano da estrutura da norma, retratando que: Princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas. (Alexy, 2008, pg. 90-91) 15 Quanto as regras, para Alexy (2008), (Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível. Isso significa que a distinção entre regras e princípios é uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau). Todavia, Günther (1993), retrata que essa convicção falha, descreve o fracasso dessa crença parece sugerir que ambas as abordagens normativas passarão por um processo diferente de aplicação discursiva, pois as regras se aplicarão de forma inequívoca a todas as situações em que forem modificadas de acordo com sua hipótese de ocorrência, enquanto os princípios passarão por um processo argumentativo, reconhecendo que as razões baseadas em casos. Alexy (2008), declara que, declara que alguns princípios podem ser implementados em graus variados, e algumas regras precisam ser implementadas diretamente, pois indica a situação específica sob a qual ocorrem suposições. para o equilíbrio, um dos princípios A delimitação será superior até certo ponto, quanto mais proeminente for a importância relativa do princípio da contradição. Segundo Alexy (2008), a lei de colisão é fruto da necessidade de estabelecer relações de precedência guiadas que são consideradas decisões determinísticas que, quando verificadas as condições a serem utilizadas, permitirão ao intérprete ser preciso na aplicação ponderada do princípio da contradição. Ao constatar que a dinâmica ponderada visa estabelecer preferências condicionais, que atribuirão maior peso ao princípio do caso, e ao aceitar que a ponderação é aplicada onde são aplicados critérios factuais, avaliativos e normativos, Alexy (2008), expressa uma única a criação padrão do tempo não será absoluta, democraticamente controlável, e também ignorará a irreprodutibilidade dos contextos existentes. 16 3. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O TEMA O Supremo Tribunal Federal vem enfrentando alegações estaduais de que determinados benefícios não podem ser concedidos dadas as restrições criadas por uma possível reserva. Em geral, os tribunais têm se distanciado desse argumento, o que não prova que o Estado tenha descumprido suas obrigações no campo dos direitos sociais, especialmente quando os direitos reivindicados fazem parte da existência de um mínimo. Essa posição pode ser conferida no trecho a seguir da Portaria nº 45 do Ministro Celso de Mello, que previa a criação de vagas em creches e pré-escolaspara atendimento de crianças. (Jurisprudência do STF, p. 364. In SARLET) “(...)A CONTROVÉRSIA PERTINENTE À “RESERVA DO POSSÍVEL” E A INTANGIBILIDADE DO MÍNIMO EXISTENCIAL: A QUESTÃO DAS “ESCOLHAS TRÁGICAS”. ". - A destinação de recursos públicos é sempre muito escassa, gerando conflitos, seja com a implementação de políticas públicas consagradas no texto da Constituição, seja com a implementação de direitos sociais garantidos pela Constituição da República, levando ao antagonismo ambiental pela escolha de determinados valores O ônus imposto ao Estado para superá-los, em detrimento de outros valores igualmente relevantes, obriga os poderes públicos a uma verdadeira "escolha trágica" diante desse dilema causado pela insuficiente disponibilidade fiscal e orçamentária, por decisão governamental, tem como parâmetro a dignidade da pessoa humana, tendo em conta a existência de um mínimo de intangibilidade, para que as normas programáticas constantes da Lei Fundamental sejam verdadeiramente válidas por si.- A cláusula da reserva do possível - que não pode ser invocada, pelo Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria Constituição - encontra insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana.” (Jurisprudência do STF, p. 364. In SARLET) Para o STF, a retenção de conteúdo eventual aparece como questão de "disponibilidade financeira e orçamentária insuficiente" e não pode ser invocada "na própria Constituição" "para fins de fraudar, frustrar e inviabilizar a execução de política pública ". ém disso, na visão do STF, a reserva de possibilidade não pode servir de argumento para o não exercício de um direito que constitua um mínimo de subsistência. No entanto, ao julgar pedidos de intervenção federal, em casos envolvendo alegações de que poderia ser justificada a provisão para o não pagamento de adiantamentos, o STF considerou esse argumento procedente (Jurisprudência, pp. 364-368) porque, por exemplo, um ver Pedido de Intervenção IF n° 470/SP (IF 470/SP. INTERVENÇÃO FEDERAL.). 17 Nessa ação, alguns votos ministeriais mencionaram esse argumento, aceitando-o (Jurisprudência, p. 364-367). O relator, ministro Gilmar Mendes, referiu- se explicitamente às "reservas financeiramente possíveis" e concluiu que a intervenção federal era inadequada. Vale ressaltar, portanto, que o STF aceita a possibilidade de invocar as reservas possíveis, vinculando esse termo à disponibilidade financeira. Da mesma forma, em decisão que reconheceu a repercussão geral no recurso especial, o STF referiu-se a “eventualmente provisões de reservas financeiras (RE 580252 RG/MS)”. No presente caso, a possibilidade foi preservada tendo em vista o pedido de indenização por danos morais causados pela superlotação do presídio. Na decisão da ADPF n° 45 (Celso de Mello - ADPF 45 MC/DF - 2004), o STF considerou a possível retenção embora tenha julgado improcedente o pedido de perda do bem. Neste caso, porém, o Ministro Celso de Mello, relator, também se pronunciou sobre a necessidade de fundamentação da pretensão e os recursos para satisfazê- la: “(...)Assim, verifica-se que os constrangimentos impostos pela cláusula " “reserva do possível" ao processo de concretização dos direitos de segunda geração - cuja concretização é sempre onerosa - traduzem-se num binómio, na medida em que, por um lado, (1) o indivíduo / Justificativa das reivindicações sociais, por outro lado, (2) Se o Estado tem capacidade financeira para efetivar os benefícios positivos dele reclamados. Escusado será dizer que, dada a responsabilidade dos governos pela efetiva implementação dos direitos econômicos, sociais e culturais, os elementos constitutivos do binômio acima (razoabilidade das reivindicações + disponibilidade fiscal do Estado) devem ser alocados de forma positiva no caso de acumulação, devido à ausência de qualquer um desses elementos, a probabilidade de o Estado realmente realizar esses direitos seria deturpada. " (Celso de Mello, ADPF 45 MC/DF – 2004). Nesta decisão, o STF trata da fundamentação da pretensão formulada, no sentido aqui defendido. Em julgamentos posteriores, no entanto, a Corte apenas examinou a Reserva de Possibilidade em termos de disponibilidade financeira, e a doutrina tende a sustentá-la. 3.1 Reserva Do Possível Como Aquilo Que O Indivíduo Pode Requerer De Modo Razoável Da Sociedade 18 Embora haja amplo espaço para discussão sobre se existem recursos estatais suficientes para fazer valer os direitos fundamentais (HOLMES, Stephen; SUNSTEIN, Cass. The Cost of Rights—Why Liberty Depends on Taxes. New York: Norton, 1999, p. 48), especialmente direitos sociais (Cidadania Social na Constituição de 1988, p. 65), especialmente em tempos de crise financeira (J. Isensee, Apud TORRES, Ricardo Lobo, p. 105.2010), defende-se aqui, a possibilidade de A reserva deve incluir, em sua formulação original, verificação do que os indivíduos podem razoavelmente exigir do Estado e da sociedade. Assim, em nome das possíveis reservas, haverá mais do que apenas debates envolvendo os últimos constrangimentos financeiros do estado. A possível cláusula salvadora elaborada pelo Tribunal Constitucional Federal alemão é mais ampla e não diz respeito apenas aos aspectos financeiros das reclamações contra o Estado. A lição é a mesma para Ingo Sarlet, que afirma que “entendido de forma ampla, não inclui apenas a falta de recursos materiais, mas estritamente falando, os recursos materiais são indispensáveis para a realização dos aspectos positivos da existência de recursos em dinheiro. (Ingo Sarlet, p. 29, 2010)”. Assim sendo, a reserva do possível não compreende tão-somente a existência de destinação orçamentária e de recursos em caixa. A mera disponibilidade econômica não conduz necessariamente ao provimento dos benefícios esperados, deve-se examinar a razoabilidade da pretensão. ((Ingo Sarlet, p. 29, 2010). 3.2 Princípio Do Mínimo Existencial O princípio do mínimo de subsistência está associado à pobreza absoluta, que é entendida como tendo de ser tratada pelo Estado, por oposição à pobreza relativa, que depende do estado da economia do país. O mínimo que existe não tem expressão constitucional própria e deve ser buscado em princípios como a ideia de liberdade, princípios de igualdade, devido processo legal, livre iniciativa, direitos humanos, imunidades e privilégios dos cidadãos. Requer conteúdo específico e pode abranger qualquer direito, como o direito à saúde e à alimentação, considerado essencial e inalienável em suas dimensões. (PORTELLA, 2007, p. 46) 19 Ricardo Lobo Torres disse que o mínimo que existe é “o direito a uma condição mínima de dignidade que não pode ser objeto de intervenção do Estado e que ainda exige um interesse positivo do Estado para a existência humana”. (TORRES, 2005. v. III, p. 375) Portanto, o mínimo de subsistência é o mínimo de que todos precisam para sobreviver e deve ser garantido pelo Estado por meio da previdência estatal positiva. Por sua vez, o Estado obtém por meio da tributação os recursos necessários para garantir o mínimo de sobrevivência. Sem um mínimo de subsistência, não se pode falar em liberdade social e/ou igualdade social, pois a dignidade humana é a base e o ponto de partida para a concretização de qualquer direito fundamental. Nessa ponderação de valores, o princípio da proporcionalidade deve ser invocado para manter o equilíbrio entre as reservas possíveis e o mínimo de existência, evitando assim o retrocesso das conquistas sociais. Por fim, a fiel concretização dos direitos previdenciários depende ainda de padrões uniformes de atuação dos poderes estatais,para que a inércia do poder público e a adoção de medidas parciais não acabem por produzir o bem-estar universal. (ALMEIDA JÚNIOR, 2007 v. 12, n. 1522) Maria de Fatima Ribeiro assegura que os direitos sociais requerem um mínimo de materialização em sua realização. Isso significa que as reservas sobre a possibilidade não podem ser usadas para justificar qualquer realização. (RIBEIRO, 2011, v. 14, n. 93) Os direitos mínimos garantidos pela constituição e as políticas públicas necessárias para implementá-los requerem recursos para serem implementados. Cabe ao Estado rever e aplicar adequadamente esses recursos arrecadados para atender às necessidades coletivas. Deve ser assegurado um mínimo de sobrevivência a cada cidadão, não a cada cidadão individualmente, mas como objeto de políticas públicas claramente definidas e compatíveis com o conceito de Estado Democrático de Direito. 3.3 Aplicação Do Princípio Da Proporcionalidade A aplicação do princípio da proporcionalidade aos direitos fundamentais é necessária para limitar o alcance desses direitos. 20 Canotilho, citado por Maria Filchtiner Figueiredo, ensina que os conflitos entre os princípios de ensino são resolvidos com base em um critério de preponderância, peso ou valor, de acordo com o que se chama de "acordo real" que, dessa forma, constitui os princípios de interpretação constitucional. (CANOTILHO, 2007. p.120) O escopo principal do princípio da proporcionalidade é impor "a coordenação e combinação de bens jurídicos" em conflito, de forma a evitar o sacrifício (total) de um em relação aos outros.” (CANOTILHO, 2007. p.120) Nesse sentido, pode-se dizer que a proporcionalidade é o critério para avaliar a eficácia das limitações aos direitos fundamentais. João Agnaldo Donizeti Gandini, Samantha Ferreira Barione e Souza, Evangelista de André, citando Marga Inge Barth Tessler, ensinam que: [...] A proporcionalidade, vista a partir do padrão da estrita necessidade, também conhecido como princípio da proibição do excesso, pode evitar possíveis abusos com base no direito à saúde. Por exemplo, se um determinado tratamento médico pode ser realizado a um custo menor no Brasil, a decisão de levá-lo para o exterior violaria o princípio da proporcionalidade e, portanto, representaria um ônus maior para o poder público. Também não é razoável garantir o tratamento de pacientes estressados por um determinado período de tempo às custas do estado em um determinado ‘SPA’ em Gramado ou Campos de Jordão[...]. (GANDINI, 2014, v. 14, n. 1, p. 241-264) Nesse sentido, pode-se dizer que a proporcionalidade é o critério para avaliar a eficácia das limitações aos direitos fundamentais. Outro exemplo relacionado à necessidade de adequação à proporcionalidade é a proibição do “consumo de bebidas alcoólicas nos carnavais com o objetivo de diminuir os casos de transmissão do HIV, uma vez que não há relação causal entre o álcool e a transmissão do HIV”. HIV, ou seja, suficiência insuficiente entre o meio empregado (proibir a venda de bebidas alcoólicas) e o fim pretendido (reduzir a propagação do HIV). (GANDINI, 2014, v. 14, n. 1, p. 241-264) Também seria claramente inadequada “uma decisão judicial que obrigasse o Poder Público a fornecer um medicamento ineficaz a um paciente ou determinasse que o SUS arcasse com uma cirurgia imprópria ao tratamento de uma dada doença. A medida deve ser adequada e pertinente a atingir os fins almejados”. (GANDINI, 2014, v. 14, n. 1, p. 241-264) 21 A proporcionalidade, portanto, diz respeito aos interesses comuns e ao bom senso nas relações humanas e nas relações entre Estado e seus particulares, em busca de soluções justas, adequadas e proporcionais entre si. 3.4 Princípio Da Reserva Do Possível Os serviços de saúde de qualidade e eficazes prestados pelos países são muitas vezes marcados por dificuldades econômicas, ou seja, a situação financeira e orçamentária das instituições públicas esgota os recursos destinados à saúde pública. Mesmo assim, no entanto, eles são forçados a pagar por medicamentos e/ou cuidados médicos além de suas possibilidades. Pode-se dizer que “a reserva de possibilidade em relação às possibilidades fiscais do Estado confirma a disponibilidade de recursos materiais para cumprir qualquer condenação do poder público na prestação de assistência farmacêutica”. (GANDINI, 2014, v. 14, n. 1, p. 241-264) A ideia central de tal princípio é a destinação de todo possível satisfazer as necessidades básicas dos indivíduos direitos até que sejam esgotados, porém, para não colocar em risco o orçamento público. Portanto, não é que o Estado negue direitos, ou negue os direitos de seus cidadãos, mas restringe direitos que ele não pode realizar. Segundo Aaron Hillel Swartz, "a questão da escassez se coloca de forma peculiar em termos de acesso à saúde. Há quem considere desagradável, até mesmo imoral, qualquer referência ao custo quando a saúde e a vida estão em jogo. Mas o aumento dos custos do tratamento torna essa posição insustentável." (SWARTZ, 2001, p. 136) O Estado, como principal parceiro na concretização dos direitos e segurança do povo, muitas vezes enfrenta défices orçamentais e não consegue efetivamente concretizar os direitos básicos dos cidadãos; a saúde do particular se depara com a “saúde” abalada, também, do Estado. Entretanto, não se pode esquecer que o direito à saúde é um direito fundamental, protegido pela Constituição, e que a "saúde" financeira do Estado não deve ser confundida com a "saúde" financeira do indivíduo, portanto, o direito à saúde deve ser consideravelmente respeitado, buscando sua melhor realização e otimização por país. No entanto, deve-se manter o equilíbrio na utilização da 22 validade e aplicação de um direito fundamental, utilizar o princípio da proporcionalidade na prestação de um direito fundamental em relação a outro direito fundamental, de modo a evitar considerar apenas um deles como mais absoluto e infinitamente diferente, e estes Deve haver harmonia entre os direitos. Canotilho revela que "os direitos sociais da 'reserva do tesouro nacional' equivalem, na prática, a nenhuma força vinculante legal", e entende que "os direitos sociais básicos contidos nas normas constitucionais têm força normativa constitucional vinculante". Afirma ainda que "as normas que garantem direitos sociais devem servir de argumento para o controle judicial quando estiver em jogo a constitucionalidade de medidas legais ou regulamentares limitantes desses direitos", acrescentando que "a tarefa constitucional do Estado é realizar O foco deve traduzir em emitir medidas concretas e firmes, ao invés de compromissos vagos e abstratos." (CANOTILHO, 2001, p. 481-482). Ingo Wolfgang Sarlet afirma que: Sendo os problemas colocados pelo “custo dos direitos” por sua vez indissociáveis das chamadas “reservas possíveis”, a cada vez mais aguda crise de validade vivida pelos direitos fundamentais em vários aspectos está diretamente relacionada com os direitos maiores ou menor carência de recursos disponíveis para atender às necessidades da política social. De fato, quanto mais limitada a disponibilidade de recursos, mais responsável é a consideração de sua alocação, levando diretamente à necessidade de buscar mecanismos aprimorados para a gestão democrática dos orçamentos públicos. SARLET, 2007, p. 355). [...] de salientar aqui que os princípios da ética e da eficiência que norteiam a atuação global da administração pública têm papel de destaque nessa discussão, em especial a efetividade dos direitos sociais na gestão de recursos escassos e na otimização de recursos [...] também consta em Entre as obrigações de todas as instituições estatais e agentes políticos está a tarefa de maximizar o uso dos recursos e minimizar o impacto das reservas possíveis [...] Portanto, levar a sério as "reservaspossíveis" também significa, especialmente considerando 5º, § 1º, da CF, o ônus da efetiva comprovação da indisponibilidade total ou parcial do recurso cabe ao poder público o ônus da comprovação efetiva da indisponibilidade total ou parcial de recursos e do não desperdício dos recursos existentes [...] (SARLET, 2007, p. 355). No entanto, os Estados Membros (responsáveis pela alocação de medicamentos específicos) não têm cumprido a Emenda Constitucional nº 29/2000, que prevê a alocação de recursos mínimos no orçamento para o setor saúde. (TAVARES, 2008. p. 143-154). 23 Nesses casos, o poder judiciário obriga o Estado a prestar esse serviço como garantia do cumprimento legal das normas fundamentais do direito à saúde. No entanto, o poder judiciário exerce sua função constitucional de julgar as políticas públicas como meio de efetivar progressivamente os direitos fundamentais à prestação e de garantia da dignidade humana, buscando alcançar o bem da vida àqueles que a ele recorrerem e não como prestação punitiva ao Estado. Ingo Sarlet citado por Zenaida Tatiana Monteiro Andrade, sobre o assunto, diz que que: [...] a possibilidade do titular desse direito (em princípio qualquer pessoa), com base nas normas constitucionais que lhe asseguram esse direito, exigir do Poder Público [sic] (e eventualmente de um particular) algum prestação material, tal como um tratamento médico determinado, um exame laboratorial, uma internação hospitalar, uma cirurgia, fornecimento de medicamentos, enfim, qualquer serviço ou benefício ligado à saúde [...] o direito à saúde [...] é também (e acima de tudo) um direito a prestações, ao qual igualmente deverá ser outorgada a máxima eficácia e efetividade. [...] Permanece, todavia, a indagação se o Poder Judiciário está autorizado a atender essas demandas e conceder aos particulares, via ação judicial, o direito à saúde como prestação positiva do Estado, compelindo o Estado ao fornecimento de medicamentos, leitos hospitalares, enfim toda e qualquer prestação na área da saúde. Na medida em que o poder público não tem logrado atender (e aqui não se está adentrando o mérito das razões invocadas) o compromisso básico com o direito à saúde, contata-se a existência de inúmeras ações judiciais tramitando nos Foros e Tribunais brasileiros [...] (ANDRADE, 2011 v. 14, n. 86). Assim, diante da insuficiência dos recursos financeiros do Estado, surgiu o princípio do mínimo de subsistência, e filósofos e juristas defenderam o argumento de que o Estado deve garantir um "mínimo de subsistência", ou seja, não se ferem os direitos básicos do povo. Além disso, não se esqueça da aplicação do binómio necessidades/capacidades, não só para os fornecedores, mas também para aqueles que se comprometem a satisfazer determinadas necessidades. Régis Oliveira afirmou que, quanto ao papel do judiciário na liberação de recursos financeiros para benefício individual ou coletivo, devem ser considerados os seguintes fatores: [...] descabe ao Judiciário, decisão de tal quilate. No entanto, se o fizer, determinando, por exemplo, a construção de moradias, creches, etc., e transitada em julgado a decisão, coisa não cabe ao Prefeito que cumprir a ordem. Para tanto, deverá incluir, no orçamento do próximo exercício, a previsão financeira. Esclarecerá à autoridade judicial a impossibilidade de cumprimento imediato da decisão com trânsito em julgado, diante da falta de 24 previsão orçamentária, e obrigar-se-á a incluir na futura lei orçamentária recursos para o cumprimento da decisão. (OLIVEIRA, 2008, p. 56). Além disso, de acordo com o princípio da dignidade humana, todo ser humano tem direito a um mínimo de subsistência, o que significa o direito de poder satisfazer as necessidades básicas, incluindo as necessidades de saúde. (KRAMER, 2014, v. 14, n. 1, p. 241-264). este ápice, ainda deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade para buscar a solução mais justa e equitativa em cada caso específico. Ressalte-se que o fornecimento de medicamentos com base em decisões judiciais comprometeria a distribuição gratuita e regular de medicamentos, pois o governo precisaria realocar recursos significativos para atender casos pontuais. Neste ponto, pode-se facilmente verificar que existe tanto uma enorme controvérsia entre o princípio do minimalismo e o princípio da reserva possível, quanto uma feroz batalha pela teoria da reserva possível, principalmente sobre a feroz batalha contra os fatos. Direitos fundamentais, neste caso o direito à saúde, e mais um direito que não se enquadra como fundamental, nomeadamente a situação económica e financeira do estado. Apenas exemplar, dado o grande número de decisões jurisprudenciais sobre a obrigação do Estado de fornecer medicamentos e tratamentos adequados por parte do Estado em cumprimento aos direitos fundamentais, trazem-se as seguintes decisões: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA - MEDICAMENTO - FORNECIMENTO GRATUITO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO A AMPARAR A PRETENSÃO AUTORAL. IMPETRANTE. PORTADORA DE MOLÉSTIA GRAVE. DESPROVIDA DE RECURSOS FINANCEIROS. DEVER DO ESTADO. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À VIDA E À SAÚDE - SEGURANÇA CONCEDIDA. PREJUDICIALIDADE DO AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO UNÂNIME. (BRASIL, Tribunal de Justiça de Pernambuco) E ainda no mesmo sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL PRESUMIDA. SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE LOCAL. PODER JUDICIÁRIO. DETERMINAÇÃO DE ADOÇÃO DE MEDIDAS PARA A MELHORIA DO SISTEMA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DA RESERVA DO POSSÍVEL. VIOLAÇÃO. 25 INOCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A repercussão geral é presumida quando o recurso versar questão cuja repercussão já houver sido reconhecida pelo Tribunal, ou quando impugnar decisão contrária a súmula ou a jurisprudência dominante desta Corte (artigo 323, § 1º, do RISTF). 2. A controvérsia objeto destes autos-possibilidade, ou não, de o Poder Judiciário determinar ao Poder Executivo a adoção de providências administrativas visando a melhoria da qualidade, da prestação do serviço de saúde por hospital da rede pública - foi submetida à apreciação do Pleno do Supremo Tribunal Federal na SL 47-AgR, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 30.4.10. 3. Naquele julgamento, esta Corte, ponderando os princípios do “mínimo existencial” e da “reserva do possível”, decidiu que, em se tratando de direito à saúde, a intervenção judicial é possível em hipóteses como a dos autos, nas quais o Poder Judiciário não está inovando na ordem jurídica, mas apenas determinando que o Poder Executivo cumpra políticas públicas previamente estabelecidas. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (BRASIL. Tribunal de Justiça do Amapá), Um fato interessante que precisa ser levantado é sobre o financiamento estatal de medicamentos e/ou assistência médica de alto custo porque, por exemplo, se um determinado tratamento ou medicamento para uma determinada doença já é fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se o Valor for menor do que o que os indivíduos esperam, e não há razão para obrigar o estado a pagar mais para obter o mesmo resultado. No entanto, de acordo com o artigo 196 da Constituição Federal, "Saúde é direito de todo indivíduo e dever do Estado, por meio de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário aos cuidados de saúde ações e serviços, proteção e restauração”. (BRASIL. Constituição (1988), op. cit., 2013). Assim, na nessa mesma linha, o artigo 198 da Carta Magna mostra que a assistência deve ser integral; portanto, na aplicação das normas constitucionais à mobilidade e aos serviços públicos de saúde, a negação de medicamentos gratuitos a pacientesgravemente enfermos e que não possuem condições financeiras para pagar os medicamentos necessários ao seu tratamento é um problema descartado, será punido pelo revés da sociedade. Portanto, mesmo que o Estado forneça medicamentos medicamente similares, é obrigado a fornecer o medicamento aos cidadãos, e fornecê-lo na forma a que se destina; somente se o Estado documentar que fornece "outros medicamentos" com a mesma eficácia e finalidade. 26 Ressalte-se, ainda, que havendo mais de um medicamento para determinado tipo de patologia, o dever do Estado é fornecer o medicamento mais eficaz, independente de disponibilidade ou preço, tudo como forma de cumprir seu dever constitucional de implementar seu direito à saúde adotando as melhores e necessárias medidas. Dessa forma, não há entraves e impedimentos na medida em que o Estado utilize o princípio da possibilidade reservada em sua defesa, porém, sua aplicabilidade e eficácia não se confundem com tentativas de evitar ou justificar a indisponibilidade orçamentária e, portanto, falta pública de aplicação adequada de políticas, pois não são exercidos direitos de serviço público sério que garantam e respeitem integralmente os direitos fundamentais consagrados na Constituição, o que, por sua vez, obriga o Estado a garantir e garantir esses direitos de forma plena e ampla, adequando-os ao mandato constitucional protetora constitucionalmente implantada. Mesmo porque o direito à saúde pública nas esferas federal, estadual e municipal representa uma prerrogativa legal inacessível garantida a todos os cidadãos como um bem jurídico constitucionalmente protegido que deve ser plenamente administrado pelo poder público de forma responsável e idônea e coberto de forma que garante aos cidadãos acesso digno, universal e igualitário a ela, além de qualificar como direito fundamental à vida. Pedro Lenza diz neste sentido: [...] Poder Público [sic], qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano de organização federativa brasileira não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão em grave comportamento inconstitucional. A interpretação da norma programática não pode transformá-la em promessa constitucional inconsequente. O caráter programático da regra inscrita no artigo 196 da Carta Política – que tem por destinatário todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro – não pode converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei fundamental do Estado. (LENZA, 2011, p. 21) (grifo do autor) Assim, o “reconhecimento judicial da validade jurídica do esquema de distribuição gratuita de drogas" baseia-se, portanto, no cumprimento efetivo das normas constitutivas da lei. 27 Nesse sentido, não há dúvida de que são extensas as responsabilidades e o devido desempenho de todos os entes públicos da Federação que buscam observar as normas fundamentais da dignidade da pessoa humana e do direito fundamental à vida. 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS A atribuição de direitos fundamentais nas partes iniciais da Carta Magna revela sua importância. Os direitos fundamentais não podem ser discutidos sem invocar o princípio da dignidade humana. A dignidade da pessoa humana é a principal questão em um país democrático de direito, pois os cidadãos da sociedade precisam de dignidade pessoal, portanto uma vida digna não é apenas sobrevivência, mas também viver e exercer seus papéis como cidadãos. A Teoria da Reserva de Possibilidades está relacionada aos direitos fundamentais e, portanto, à dignidade humana. A reserva de possibilidades está relacionada a questões orçamentárias do Estado, teoria importada da Alemanha e que deve ser utilizada com cautela. Vale, portanto, observar que a reserva de possibilidade não se aplica em face dos direitos fundamentais. Porque, as instituições que impedem a realização dos direitos fundamentais e da dignidade humana não podem ser priorizadas porque são meios para que todo cidadão tenha uma vida digna. A reserva do possível veio de um país com cultura e realidade diferente da atual situação do nosso país. Diante dos fatos acima, as questões orçamentárias não necessariamente afetam a provisão de direitos, mas no Brasil essa teoria está sendo utilizada como justificativa para o Estado promover o princípio da dignidade da pessoa humana. O Brasil é um país ainda em desenvolvimento que arrecada alto valor monetário de seus cidadãos por meio de impostos todos os anos. Diante disso, não deve ser acolhida a alegação do Estado de que educação, saúde e vida dignam não podem ser proporcionadas por falta de orçamento. Às vezes, ao levantar ressalvas sobre a possibilidade, o Estado se esquiva de cumprir suas funções, deixando os cidadãos na violação de seus direitos fundamentais. Ao final concluiu-se que o principal problema não é a escassez de recursos financeiros, mas sim a falta de gestão governamental, sendo que os recursos arrecadados dos cidadãos devem ser alocados da melhor forma para serem devolvidos e investidos na sociedade. A prioridade do Estado deve está diretamente ligada aos direitos fundamentais e à dignidade da pessoa humana. 29 REFERÊNCIAS ADPF 45/DF, Rel. Min. Celso de Mello, informativo n° 345, 2004. ALEXY, R. Sistema jurídico, principios jurídicos y razón práctica. Tradução Manuel Atienza. 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