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Economia Teoria da Produção e dos Custos e o Estudo das Estruturas de Mercado Desenvolvimento do material William Rangel 1ª Edição Copyright © 2022, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Teoria da Produção e dos Custos e o Estudo das Estruturas de Mercado Para início de conversa... ................................................................................ 3 Objetivos ......................................................................................................... 3 1. Conceitos ......................................................................................................... 4 2. Classificação dos Custos ............................................................................ 5 3. Custos no Curto Prazo e no Longo Prazo ............................................. 6 4. Estruturas de Mercado de Bens e Serviços e de Fatores de Produção .................................................................................... 7 Referências ......................................................................................................... 14 Para início de conversa... Neste capítulo conheceremos mais sobre como a empresa organiza e controla os seus custos de produção e de que forma ela se comporta no mercado em função do grau de concorrência existente. Você acha que uma empresa, sozinha, tem o poder de decidir que preço vai cobrar por seus produtos? Como esses preços são definidos? De que maneira os custos influenciam na definição de preços e como esses preços, por sua vez, influenciam na competitividade da empresa? Além disso, vamos conhecer a teoria dos custos, a forma como a empresa os administra e o equilíbrio das estruturas de mercados quanto à concorrência entre as empresas. Objetivos ▪ Conhecer a teoria da produção; ▪ Reconhecer o conceito e a classificação dos tipos de custos da produção sob a ótica econômica, tanto para o curto quanto para o longo prazo; ▪ Caracterizar o ambiente concorrencial e as diferentes formas de composição dos mercados; ▪ Identificar as estruturas de mercado com as informações pertinentes à caracterização dos setores econômicos. Economia 3 1. Conceitos A produção de bens e serviços pelas empresas implica em custos de produção, que, no estudo econômico, são analisados na chamada teoria da firma. Esse estudo abrange a relação tecnológica entre a quantidade física de produtos e os fatores de produção, bem como a relação da quantidade física de produtos com os preços dos fatores de produção. A teoria dos custos de produção envolve, portanto, a maximização da eficiência na combinação dos fatores de produção, tendo em vista os preços dos insumos. É importante que você tenha em mente que, quando falamos em custo, não estamos nos referindo somente aos valores gastos na produção de bens ou serviços, pois devem ser considerados, também, os custos de manutenção da estrutura da empresa. Além dessa diferenciação entre os custos ligados ao processo produtivo e os custos de manutenção, existem despesas que são consideradas custos sob a ótica da Economia, e todos esses custos são determinantes para as decisões de produção e determinação de preços. O Teorema de Heckscher-Ohlin (dois economistas suecos, vencedores do prêmio Nobel de Economia) diz, em resumo, que é a abundância (ou a escassez) de fatores de produção que determinam os custos, que, por sua vez, determinam os preços, que finalmente vão refletir o grau de competitividade de uma empresa. A otimização dos custos por parte da empresa, além de ser de fundamental importância para a formação dos seus preços, garante mais competitividade, além de proporcionar propensão à maximização do lucro, menor dependência financeira e maiores possibilidades de expansão e investimento em novos produtos. Já vimos que o objetivo de uma empresa é maximizar a função lucro, enquanto que o objetivo do consumidor é maximizar a função utilidade dos bens e serviços que adquire no mercado. Todo o montante de dinheiro arrecadado por uma empresa com a venda de seus produtos e serviços é chamado de Receita Total (RT). Entende-se por custo a soma de todos os valores agregados aos bens ou serviços produzidos por uma empresa. Assim, o montante que a empresa paga pelos insumos (matéria-prima, salários, aluguéis, máquinas, juros sobre empréstimos etc.) é chamado de Custo Total (CT). O lucro da empresa é dado pela diferença entre a Receita Total e o Custo Total: LUCRO = RT - CT Economia 4 2. Classificação dos Custos Vejamos, agora, alguns tipos de classificação de custos empresariais e sua forma de apropriação contábil. Apropriação: É o ato de atribuir, alocar e contabilizar valores ao resultado de um período de apuração. Em uma empresa, os custos são apropriados contabilmente, e essas contas são agrupadas em centros de custos para fins de controle e apuração de resultados, que indicam o peso desses custos na composição do custo final de cada produto. Lembre-se que isso ajuda a definir o preço de venda dos produtos e, assim, você deve estar atento à vinculação desses custos aos níveis de produção. Podemos ter dois tipos de custo: Vejamos as definições: CV – Custos Variáveis, ou custos diretos: Podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados porque há uma medida objetiva de seu consumo. Eles dependem das quantidades de bens produzidos. Assim, quanto mais produtos forem fabricados, mais a empresa gasta com a aquisição desses insumos. Como exemplo, considere os custos com a aquisição de matéria- prima, o pagamento da mão de obra direta, a compra de material de embalagem e acondicionamento, e até energia elétrica utilizada na fábrica. CF – Custos Fixos, ou custos indiretos: Não possuem relação direta com a quantidade de produtos fabricados e não há como medi-los de forma objetiva. A apropriação desses custos aos diferentes produtos fabricados depende de estimativas ou rateios. Pense na depreciação contábil dos ativos, no aluguel da fábrica, nos gastos com vigilância, manutenção e limpeza ou a energia elétrica que não pode ser associada diretamente à produção. Note que, nesse caso, a empresa incorre mensalmente nesses custos, esteja ela produzindo ou não. Se você consegue identificar corretamente um custo e definir se ele é fixo ou variável, fica fácil apurar o custo total de produção. Este consiste na soma das despesas fixas e variáveis de uma empresa, destinadas a uma combinação eficiente do uso dos fatores de produção, que origina uma determinada quantidade do produto. Então, o custo total é igual à soma dos custos fixos totais com os custos variáveis totais: CT = CF + CV Economia 5 3. Custos no Curto Prazo e no Longo Prazo Para muitas empresas, essa divisão dos custos entre custos fixos e variáveis só faz sentido se o horizonte de tempo for considerado. Imagine uma montadora de automóveis: trata-se de um empreendimento de grande porte, com muitas atividades robotizadas, de alta complexidade. Se houver a possibilidade ou a necessidade de aumento significativo no número de veículos produzidos no prazo de apenas alguns meses para atender a um choque de demanda (expansão), por exemplo, o máximo que a empresa poderá fazer será ajustar a quantidade de trabalhadores para usar nas instalações que já estão disponíveis. Ela estará alterando o fator de produção trabalho, mas o de produção capital (instalações, máquinas, equipamentos) não será alterado no curto prazo. Em resumo: no curto prazo, o fator de produção capital é um custo fixo, e o fator de produção trabalho é um custo variável. E o custo total será a soma dos dois: CT= CF + CV. Entretanto, há outras medidas de custos no curto prazo que podem ser apuradas para cada unidade produzida. Se você usar a expressão CT = CF + CV, e dividir cada um dosmembros pela quantidade total produzida (q), obterá três informações importantes: Custo Médio (CMe): representa o custo total unitário, ou seja, o custo total atribuído a cada unidade produzida. É dado pela divisão entre o custo total (CT) e a quantidade total produzida (q): Custo Fixo Médio (CFMe): Representa o custo fixo atribuído a cada unidade produzida. É dado pela divisão entre o custo fixo total (CFT) e a quantidade total produzida (q): Custo Variável Médio (CVMe): Representa o custo variável atribuído a cada unidade produzida. É dado pela divisão entre custo variável total (CVt) e quantidade total produzida (q): Custo Marginal (CMg): Muitas vezes, o empresário se pergunta se vale a pena aumentar a produção em uma unidade ou comprar mais Economia 6 um caminhão ou, ainda, transportar mais um passageiro, bem como acolher mais um aluno na escola, contratar mais um funcionário etc. Ele precisará saber como isso vai afetar o custo total da empresa caso decida aumentar a produção em uma unidade. A isto, damos o nome de custo marginal. Ele é dado pela variação do custo total (de quanto aumentou o custo total) dividida pela variação da quantidade produzida (q), e indica o custo de se acrescentar uma unidade a mais à produção: Agora, pense no longo prazo: a montadora não poderá dar respostas rápidas ao mercado no curto prazo, em virtude da limitação do fator de produção capital. Mas, no longo prazo, ela poderá construir outra fábrica ou ampliar as instalações existentes. Então, basta montar um projeto de investimento e avaliar a viabilidade das alternativas, considerando-se os riscos e os retornos projetados para o capital a ser investido. Esses são os combustíveis para a tomada de decisão e, dependendo da escolha, ao fim de alguns poucos anos, essa montadora estará com a sua capacidade de produção ampliada. Por essa razão, em economia, dizemos que em longo prazo todos os fatores de produção são variáveis. Em outras palavras, em longo prazo, o empresário tem flexibilidade para ajustar os fatores de produção às novas demandas. Além disso, ele poderá contratar muitos outros trabalhadores, investir na ampliação das instalações e adequá-las às necessidades de suprimento de matéria-prima ou estabelecer um novo patamar para a tecnologia e a inovação dos produtos ofertados. ▪ Trabalhadores - Fator trabalho ▪ Instalações - Fator capital ▪ Matéria-prima - Fator terra ▪ Tecnologia e a inovação dos produtos ofertados - Fator tecnologia 4. Estruturas de Mercado de Bens e Serviços e de Fatores de Produção Até aqui, você entendeu a forma como as empresas administram e controlam os seus custos, seja no curto, seja no longo prazo. A gestão desses custos é importante porque influenciará na determinação dos preços, e eles vão ter impacto direto no grau de competitividade da empresa. Logo, precisamos ver como a empresa tende a se comportar à medida que olha para os seus competidores e define a forma ética e sustentável para enfrentá-los. O mercado é dividido em diferentes segmentos, em que podemos encontrar diferentes quantidades de empresas e maneiras distintas de elas agirem no mercado, dependendo da forma como elas influem ou são Economia 7 influenciadas no ambiente concorrencial. O nível de concorrência entre as empresas está diretamente relacionado ao tipo de estrutura de mercado em que elas estão inseridas, à política de formação de preços existente e, ainda, ao grau de dependência e ação dos consumidores. Quando você observa esse ambiente concorrencial, encontra características básicas, intrínsecas de cada estrutura e, então, será possível identificar qual é a estrutura de mercado em que estão inseridas as empresas, como elas se comportam e como se relacionam com os consumidores. Assim, chamamos de estruturas de mercado às diferentes maneiras como as empresas de um mesmo setor ou segmento se organizam para disputar a atenção e a preferência dos consumidores. Em um dado segmento, pode haver uma única empresa atuando, poucas ou várias concorrendo entre si. Com base nessas características, podemos dividir as estruturas de mercado em duas grandes categorias: ▪ As estruturas de mercado de bens e serviços – são a concorrência perfeita, o monopólio, o oligopólio e a concorrência monopolística. ▪ As estruturas de mercado dos fatores de produção (capital, terra, recursos humanos, recursos naturais e tecnologia) – são a concorrência perfeita, o oligopsônio e o monopsônio. Você já percebeu que a estrutura de mercado da indústria automobilística, por exemplo, é diferente da estrutura de mercado da indústria de biscoitos, que, por sua vez, é diferente da estrutura do mercado de telefonia, porque esses diversos mercados possuem diferentes características. Existem três características básicas e fundamentais nas estruturas de mercado que são utilizadas para identificá-las e classificá-las. São elas: ▪ Número de empresas participantes no mercado: É preciso observar se são muitas ou poucas em comparação ao número de consumidores do setor. ▪ Tipo de produto: Se os produtos são homogêneos (aqueles que são perfeitos substitutos entre si) ou não, se eles são iguais, diferentes, ou se há política de diferenciação dos produtos. ▪ Existência de barreiras: Se existem barreiras à entrada de novas empresas no setor, como controle de matérias-primas, concessões, necessidade de investimento inicial elevado, ou restrições governamentais etc. Estruturas de mercado de bens e serviços Vejamos as diferentes estruturas de mercado e as implicações para as empresas e para os consumidores. Concorrência pura ou perfeita: Nesse tipo de segmento, existe um número muito grande de vendedores. Nenhum deles, sozinho, interfere na quantidade ofertada no mercado nem no preço. Diz-se que é um mercado “atomizado” por ser composto por muitas empresas. Quanto às características analisadas, na concorrência perfeita, observa-se que: Economia 8 1. O produto é homogêneo (são perfeitos substitutos entre si, e os consumidores são indiferentes quanto à firma da qual eles irão adquirir o produto); 2. É grande o número de empresas no setor; 3. Não existem barreiras à entrada de novas empresas. Além disso, na concorrência perfeita, o mercado é transparente, ou seja, todos os concorrentes conhecem seus custos, preços e até lucros. Entretanto, cabe registrar que não existe um exemplo real perfeito de mercado tipicamente de concorrência perfeita. Os exemplos mais próximos são o mercado de produtos hortifrutigranjeiros e as feiras, que reúnem características muito semelhantes às inerentes ao mercado de concorrência perfeita. Monopólio: No mercado monopolista, existe apenas um único vendedor dominando a oferta e atendendo a todos os consumidores. Logo, não existe concorrência entre empresas nem produto substituto. Então, na estrutura monopolista: ▪ Há apenas uma empresa; ▪ O produto é único e não há substitutos próximos; ▪ Existe várias barreiras à entrada de novas empresas, como o elevado capital necessário à implantação de empresas em alguns setores, a inviabilidade de se ter mais de uma empresa no mesmo setor (pelos rendimentos decrescentes) e o monopólio da matéria-prima. Existem condições que garantem o poder de monopólio para uma empresa ou que impedem a entrada de novas empresas no setor. Veja esses exemplos: ▪ Existência de monopólio puro ou natural: Ocorre quando a instalação de uma empresa precisa ser feita em grandes plantas industriais. Nesses casos, os preços cobrados são relativamente baixos, e a entrada de outra concorrente inviabilizaria o ganho das duas, como na distribuição de energia elétrica. ▪ Necessidade de elevado volume de capital: Uma empresa que deseja entrar em um mercado pode necessitar de muito capital e alta capacitação tecnológica. Pode-se citar a mineração e a siderurgia, no início dessas atividades no Brasil, ou os mercados de gases industriais e medicinais, dominados por poucas empresas,que são verdadeiros gigantes transnacionais. ▪ Necessidade de registro de patentes: Imagine uma empresa sendo a única que detém a tecnologia ou o processo produtivo, e também o registro das patentes, a exemplo de alguns medicamentos: somente ela pode produzir ou autorizar outras empresas a fazê-lo, mediante o pagamento de royalties. Economia 9 ▪ Propriedade de matérias-primas: Ocorre quando a empresa é a única que pode explorar determinada matéria-prima utilizada na produção de algum bem. Quase que a totalidade das minas do gás Hélio, um gás raro e em processo de esgotamento de reservas, pertence a uma única empresa americana. ▪ Monopólios estatais: Ocorre com as empresas públicas que são as únicas a atuarem em determinado segmento. Como exemplo, citamos o monopólio sobre a extração e a produção de petróleo, que foi monopólio da Petrobras até 1995. Oligopólio: Muitos dos produtos e serviços que você usa diariamente são fornecidos por segmentos econômicos altamente oligopolizados: companhias aéreas, serviços de telefonia, TVs a cabo, gases industriais e medicinais, redes de supermercados, automóveis, dentre outros. O oligopólio é caracterizado por um pequeno número de empresas que dominam o mercado e os meios de produção. Também pode se apresentar em segmentos que possuem várias empresas, porém, com poucas dominando o mercado, ou seja: há um alto grau de concentração do mercado nas mãos de poucas empresas. No oligopólio: ▪ Existem, geralmente, poucas empresas. Quando há muitas, apenas algumas dominam o mercado; ▪ Os produtos podem ser homogêneos (são perfeitos substitutos entre si, e os consumidores são indiferentes quanto à firma da qual eles irão adquirir o produto) ou diferenciados (cada produtor procura diferenciar o seu produto, a fim de torná-lo único); ▪ Existem barreiras à entrada de novas empresas. Diferenciação de produtos: Caracteriza a maioria dos mercados existentes. Se você pensar nos perfumes, aparelhos de TV, restaurantes ou cremes dentais, por exemplo, vai perceber que não existem produtos homogêneos. A diferenciação é buscada por meio da composição química, dos acessórios tecnológicos, dos serviços ou especialidades. Essas características são exaustivamente trabalhadas pelo marketing e pela propaganda para criar em sua mente a ideia de diferenciação, de exclusividade. No oligopólio, as quantidades ofertadas e os preços são fortemente influenciados pelas empresas que dividem o mercado ou que lideram o mercado. Como são poucas, exercem certo poder sobre os consumidores, que são apenas tomadores de preço e não conseguem influenciar essa variável. Economia 10 Quando várias empresas participam de um setor oligopolizado, existe, geralmente, uma empresa líder, que fixa o preço, e as demais são empresas satélites, que seguem as regras ditadas pelas líderes. Ainda existe, no oligopólio, a tentação à formação de acordos informais (e ilegais) entre as empresas, que derivam para o cartel. O cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um segmento que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem ou estabelecem uma manipulação sobre as cotas de produção, visando pressionar o mercado por aumentos de preço. Cartel: Cabe registrar que, no Brasil, a formação de cartel é um crime contra a ordem econômica, previsto no Artigo 4º da Lei nº 8.137 de 27/12/1990. Concorrência monopolística: Pense na enorme disponibilidade de marcas de shampoo, de biscoitos, de produtos de limpeza que você tem ao seu dispor.. . Isso deve te levar a pensar que a concorrência monopolística é bastante semelhante à concorrência perfeita, porém, nesse tipo de estrutura, as inúmeras empresas que compõem um setor monopolístico tentam adquirir certo poder concorrencial pela diferenciação de produto (embalagens, características físicas, serviços etc.). Elas vendem produtos similares, diferenciados em pequenos detalhes e, por isso, esses bens não são idênticos. Essa diferenciação, às vezes, proporciona um pequeno poder de monopólio para a empresa, mesmo o mercado sendo competitivo. São características da concorrência monopolística: ▪ Grande número de empresas; ▪ Os produtos são diferenciados (cada produtor busca diferenciar o seu produto, a fim de torná-lo único); ▪ Não há barreiras à entrada de novas empresas; ▪ Outro exemplo típico está na indústria de sabão em pó: muitos fabricantes tentam diferenciar seus produtos, investindo em embalagens atraentes e formulações que prometem mais do que limpeza das roupas. O Quadro 1 resume as quatro principais estruturas de mercado e indica as principais características de cada estrutura: Economia 11 Estrutura de Mercado Número de Empresas Diferenciação do Produto Condição p/ Entrada e Saída Influência sobre o Preço Exemplos Concorrência Perfeita Muitas Produto homogêneo Fácil Nenhuma (são tomadoras de preço) Produtos agrícolas Monopólio Uma Produto único, sem substituto próximo Difícil Forte Mineração e a siderurgia (no início dessas atividades no Brasil), mercados de gases industriais e medicinais e monopólio sobre a extração e a produção de petróleo que foi monopólio da Petrobras até 1995, segundo especificidades desta estrutura de mercado. Concorrência Monopolística Muitas Produto diferenciado Fácil Leve Comércio varejista, restaurantes Oligopólio Poucas Homogêneo ou diferenciado Difícil Considerável Homogêneo: alumínio. Diferenciado: automóveis Quadro 1: Principais estruturas de mercado. Estruturas de mercado de fatores de produção Já vimos que os fatores de produção são o capital, a terra, os recursos naturais, os recursos humanos e a tecnologia. O mercado de fatores de produção apresenta estruturas que são opostas ao mercado de bens e serviços. Quando você pensa em monopólio, imagina um setor com uma única empresa ou vendedor para vários compradores. Se for oligopólio, você logo associa que há poucas empresas para muitos compradores. Já no mercado de fatores de produção, pensa-se no número de compradores que existe para os vendedores que estão operando no mercado. Temos três possibilidades: Mercado de fatores de produção ▪ Monopsônio: É uma estrutura na qual há somente um comprador para muitos vendedores de serviços e de insumos. Pode-se pensar no exemplo de uma empresa montadora de carros que se instala em uma pequena cidade de um país periférico. Por ser a única grande empresa, ela se torna a demandante exclusiva da mão de obra da região ou das autopeças produzidas por empresas que ali se instalarem. ▪ Oligopsônio: É um mercado no qual há poucos compradores dominando um segmento que possui muitos vendedores. Existem exemplos no setor de laticínios, no de autopeças e na indústria do fumo, em que se encontram muitos vendedores (como os inúmeros produtores de leite) e poucos compradores (poucos laticínios existentes). ▪ Concorrência perfeita no mercado de fatores: Trata-se de um mercado em que existe uma oferta abundante de um fator de produção, tornando o preço desse fator constante. Como o número de fornecedores é grande, não existe a possibilidade de eles conseguirem melhores preços por seus serviços. Um exemplo pode ser a oferta de mão de obra não qualificada: há um número enorme Economia 12 de pessoas não qualificadas ou com baixa qualificação que se oferecem ao mercado de trabalho. Finalizando este capítulo, vejamos o caso do chamado monopólio bilateral. Ele ocorre sempre que há um único ofertante monopolista e um único demandante monopsonista que adquire os bens produzidos pela ofertante monopolista. Essa estrutura se manifesta em atividades que demandam trabalho especializado e exclusivo ou cooperação mútua e, nesse caso, os preços de mercado serão formados apenas pelos dois agentes. Veja estes dois exemplos: ▪ Um fabricante de peças especiais ou de software bélico, que oferta a um único comprador, uma empresa do setor aeroespacial,como a americana NASA; ▪ Um fabricante de lã de aço, dessas que você usa para lavar louças, desenvolve, com uma siderúrgica, um processo fabril exclusivo para produzir o aço com uma liga especial, adequada aos fins a que a lã de aço se destina. Esse fabricante e a siderúrgica provavelmente terão um relacionamento comercial duradouro e cativo, como monopólio bilateral muito bem caracterizado. Neste capítulo, estudamos os custos de produção e identificamos a importância deles para a competitividade empresarial. Viu que, em economia, os custos podem ser fixos ou variáveis, a depender da sua vinculação ao volume de unidades produzidas. Para muitas empresas, o horizonte de tempo tem conotação especial e, por isso, se faz necessário identificar e classificar os custos como de curto ou de longo prazo. No primeiro, a empresa incorre em custos fixos e variáveis, mas, no segundo, só existem custos variáveis. Tal como no fluxo circular da renda, a estrutura dos mercados competitivos se divide em mercado de bens e serviços (concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística) e em mercado de fatores de produção (concorrência perfeita, monopsônio e oligopsônio). Ao encontro de um monopolista com um monopsonista, se dá o nome de monopólio bilateral. Economia 13 Referências MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2005. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. de (org.). Manual de economia. Equipe de professores da USP. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ROSSETI, J. P. Introdução à economia. 20 ed. São Paulo: Atlas, 2010. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Economia: micro e macro. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2009. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2008. Economia 14 Teoria da Produção e dos Custos e o Estudo das Estruturas de Mercado Para início de conversa... Objetivos 1. Conceitos 2. Classificação dos Custos 3. Custos no Curto Prazo e no Longo Prazo 4. Estruturas de Mercado de Bens e Serviços e de Fatores de Produção Referências
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