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RODRIGUES, Rute Extinção das Ordens Religiosas

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UNIVERSIDADE DE LISBOA 
FACULDADE DE LETRAS 
 
 
 
 
ENTRE A SALVAGUARDA E A DESTRUIÇÃO: A EXTINÇÃO DAS ORDENS 
RELIGIOSAS EM PORTUGAL E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O 
PATRIMÓNIO ARTÍSTICO DOS CONVENTOS (1834-1868) 
 
 
 
Rute Andreia Massano Rodrigues 
 
 
 
 
Orientadora: Professora Doutora Clara Maria Martins de Moura Soares 
 
 
 
 
 
Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor no ramo de História, 
na especialidade de Arte, Património e Restauro 
 
 
 
 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DE LISBOA 
FACULDADE DE LETRAS 
 
ENTRE A SALVAGUARDA E A DESTRUIÇÃO: A EXTINÇÃO DAS ORDENS 
RELIGIOSAS EM PORTUGAL E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O 
PATRIMÓNIO ARTÍSTICO DOS CONVENTOS (1834-1868) 
 
Rute Andreia Massano Rodrigues 
Orientadora: Professora Doutora Clara Maria Martins de Moura Soares 
 
Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor no ramo de História, na 
especialidade de Arte, Património e Restauro 
Júri: 
Presidente: Doutor António de Ascenção Pires Ventura, Professor Catedrático e Director 
da Área de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 
Vogais: 
− Doutora Lúcia Maria Cardoso Rosas, Professora Catedrática da Faculdade de 
Letras da Universidade do Porto; 
− Doutor Paulo Alexandre Rodrigues Simões Rodrigues, Professor Auxiliar da 
Escola Ciências Sociais da Universidade de Évora; 
− Doutor Vítor Manuel Guimarães Serrão, Professor Catedrático da Faculdade de 
Letras da Universidade de Lisboa; 
− Doutor Sérgio Carneiro de Campos Matos, Professor Associado com Agregação 
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; 
− Doutora Maria João Quintas Lopes Baptista Neto, Professora Associada com 
Agregação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; 
− Doutor Fernando Jorge Artur Grilo, Professor Auxiliar da Faculdade de Letras da 
Universidade de Lisboa; 
− Doutora Clara Maria Martins de Moura Soares, Professora Auxiliar da Faculdade 
de Letras da Universidade de Lisboa, orientadora. 
 
2017 
 
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Agradecimentos 
 
 No final desta jornada torna-se imprescindível agradecer a todos aqueles que, de alguma 
forma, a tornaram possível e menos árdua. 
 Uma palavra de especial agradecimento à minha orientadora, Professora Doutora Clara 
Moura Soares, não apenas pela confiança depositada, mas também pela ajuda, pela troca 
de conhecimentos e pelas suas palavras de encorajamento. 
 O meu muito obrigada à Professora Doutora Maria João Neto, minha orientadora de 
Mestrado, a quem também devo o incentivo para a concretização de mais esta etapa do 
meu percurso académico. 
 Agradeço, igualmente, a todos os outros docentes do Artis que me acompanharam desde 
a licenciatura, em especial ao Professor Doutor Vítor Serrão. 
 O meu muito obrigada a todos aqueles que nos diversos arquivos e bibliotecas apoiaram 
e facilitaram o meu trabalho. Não mencionando nomes (para evitar esquecimentos e 
injustiças), o meu especial agradecimento, pela simpatia e paciência demonstrada aos 
funcionários da Biblioteca Nacional, da Torre do Tombo, do Patriarcado de Lisboa, da 
Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa e do Arquivo Histórico da Economia 
(antigo AHMOTC). 
 Aos colegas e amigos mais próximos, em especial à Maria do Carmo, pela amizade, 
auxílio e companhia nas muitas horas partilhadas nos arquivos onde ambas 
investigávamos para as nossas teses. 
 Aos meus pais, pela dedicação, paciência e fé que depositam em mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Aos meus pais e 
aos meus avós 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Resumo 
 
 A extinção das Ordens Religiosas, em 1834, no contexto das políticas liberais, levou os 
conventos a conhecerem um processo de “desmantelamento” que conduziu à 
descontextualização e perda de muitas obras de arte. 
 Porém, medidas em prol da salvaguarda do património, protagonizadas por D. Pedro IV (1798-
1834), por D. Maria II (1819-1853) e também pelos seus sucessores, D. Pedro V e D. Luís, 
assentes na criação de uma estrutura organizada para o efeito, revelar-se-iam fundamentais na 
protecção de diverso património histórico-artístico e na consequente criação dos primeiros 
museus públicos de arte portugueses. Diversas medidas legislativas, a maioria inspirada no 
modelo francês, adequar-se-iam à realidade nacional, deparando-se, no entanto, com 
dificuldades de implementação advindas da volatilidade política que caracterizaria, 
particularmente, as décadas de 30 e 40 de oitocentos, até à denominada Regeneração. 
 A Biblioteca Pública, o Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos e as Academias de 
Ciências e de Belas-Artes, sobretudo a de Lisboa, terão desempenhado um decisivo papel na 
salvaguarda e gestão de um vasto conjunto de obras de arte oriundas de conventos extintos, 
particularmente pinturas, que importa estudar, avaliando-se a importância atribuída ao 
património artístico móvel, numa altura em que alguns, de forma enérgica, defendiam a 
supremacia do património arquitectónico. 
 Para além de pinturas, as antigas casas religiosas – muitas das quais reutilizadas ou vendidas – 
possuíam um conjunto muito diverso de património artístico e religioso que teve os mais 
diversos destinos, numa conjuntura, tantas vezes, política, social e financeiramente adversa. 
 O gosto, as condições políticas, financeiras e logísticas, ditariam, inevitavelmente, as escolhas, 
o “viver” ou o “morrer” de muitas obras de arte. 
 
Palavras-chave: 
Extinção das Ordens Religiosas; Património Artístico; Conservação; Restauro; D. Pedro IV; D. 
Maria II 
 
 
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Abstract 
 The extinction of the Religious Orders in 1834, in the context of liberal policies, took the 
convents to know a process of "dismantling" that led to the decontextualisation and loss of 
many works of art. 
 However, measures in favour of the safeguarding of heritage, taken by D. Pedro IV (1798-
1834), by D. Maria II (1819-1853) and also by her sucessors, D. Pedro V and D. Luís, based on 
the creation of an organized structure for this purpose, would prove to be fundamental to the 
protection of diverse historical and artistic heritage and the consequent creation of the first 
public portuguese museums of art. Several legislative measures, most of them inspired by the 
french model, would be adjusted to the national reality, facing however, implementation 
difficulties, arising from political volatility that would characterized, particularly, the 1830s and 
1840s decades, until the so-called Regeneration. 
 The Public Library, the Deposit of Libraries of Extinct Convents and the Academies of 
Sciences and Fine Arts, especially Lisbon, have played a decisive role in safeguarding and 
management of a wide range of works of art from extinct convents, particularly paintings, 
important to be studied, evaluating the importance assigned to the movable artistic heritage, 
when some people defended, vigorously, the supremacy of the architectural heritage. 
 In addition to paintings, the ancient religious houses − many of them were reused or sold − had 
a very diverse set of artistic and religious heritage that had the most different destinations, in a 
conjuncture, so often, politically, socially and financially adverse. 
 The taste, and the political, financial and logistical conditions would determine, inevitably, the 
choices, the “survival” or the “death” of many works of art. 
 
Keywords: 
Extinction of the Religious Orders; Artistic Heritage; Conservation; Restoration; D. Pedro IV; 
D. Maria II 
 
 
 
 
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Abreviaturas 
 
ANTT = Arquivo Nacional da Torre do Tombo 
ADE = Arquivo Distrital de Évora 
ADP = Arquivo Distrital do Porto 
AH = Arquivo Histórico 
AHM = Arquivo Histórico Militar 
AHE (AITC) = Arquivo Histórico da Economia, Acervo Infraestruturas, Transportes e 
Comunicações. 
AHPL = Arquivo Histórico do Patriarcado de Lisboa 
AMB = Arquivo do Mosteiro da Batalha 
ANBA = Academia Nacional de Belas-Artes 
BACL = Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa 
BA = Biblioteca da Ajuda 
BN = Biblioteca Nacional 
BNP = Biblioteca Nacional de Portugal 
BP = Biblioteca Pública 
BPE = Biblioteca Pública de Évora 
c. = cerca 
CR = Casa Real 
CCR = Cartório da Casa Real 
CADLEC = Comissão Administrativa do Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos 
cap. = capilha 
Cod. = códice 
col. = coleção 
coord. = coordenação; coordenador 
cx. = caixa 
dir. = direção; diretor 
DLEC = Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos 
DOC. (doc.) = documento 
ed. = edição; editor 
fl., fls. = fólio, fólios 
id. = idem 
14 
 
ibid. = ibidem 
IGESPAR = Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico 
IOP = Intendência das Obras Públicas 
ISBA = Inspecção Superior das Bibliotecas e Arquivos 
LIV. (liv.) = livro 
MF = Ministério das Finanças 
MNEJ = Ministério dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça 
MNE = Ministério dos Negócios Estrangeiros 
MR = Ministério do Reino 
Nº (n.º) = número 
OP = Obras Públicas 
op. cit. = obra citada 
org. = organização; organizador 
p., pp. = página, páginas 
pref. = prefácio 
publ. = publicado por; publicação de 
Rep. = Repartição 
Res. = reservados 
RGM = Registo Geral de Mercês 
s.d. = sem data 
s.l. = sem lugar 
s.n. = sem nome 
s.p. = sem página 
sep. = separata 
SIPA = Sistema de Informação para o Património Arquitectónico 
ss. = seguintes 
vs. = verso 
vol., vols. = volume, volumes 
t., ts. = tomo, tomos 
15 
 
Índice 
 
Agradecimentos .......................................................................................................................... 5 
Resumo/Palavras-chave .............................................................................................................. 9 
Abstract/ Keywords .................................................................................................................. 11 
Abreviaturas.............................................................................................................................. 13 
 
Introdução ................................................................................................................................. 25 
 
I – A Extinção das Ordens Religiosas: dinâmicas do fenómeno no contexto europeu .... 39 
1. Uma Europa em mudança. A extinção das ordens religiosas na Europa – consequências 
no património artístico .................................................................................................. 41 
2. Portugal na implementação dos ideais liberais .............................................................. 59 
2.1. O Vintismo e a “primeira” extinção liberal. ........................................................... 62 
 2.2. Intelectuais e exilados: influência nas novas políticas patrimoniais ...................... 80 
 
II – D. Pedro e o seu tempo – “Encontros culturais” .......................................................... 85 
1. A educação de D. Pedro – contributos para uma “consciência patrimonial e artística”. 87 
- A educação 
- Artes e talentos 
1.1. “Cidadão do mundo”: as influências familiares e relações com as cortes da Europa 
 ........................................................................................................................................ 95 
2. A acção cultural do 1º Imperador do Brasil (1822-1831)............................................... 96 
3. Novos tempos – o regresso de D. Pedro (1831-1834) ................................................... 98 
 3.1. O período açoriano: primeiras medidas nos conventos (1832) ........................... 103 
 3.2. Porto: entre a guerra e a cultura ........................................................................... 108 
16 
 
 3.2.1. O abandono dos conventos na Invicta e a constituição da Comissão da Reforma 
Geral Eclesiástica ....................................................................................................... 109 
 - A Comissão da Reforma Geral Eclesiástica 
 3.2.2. D. Pedro e a criação do Museu Portuense. João Baptista Ribeiro e as pioneiras 
medidas museológicas ............................................................................................... 117 
 - João Baptista Ribeiro. Um pintor ao serviço de um ideal. 
 3.2.2.1. As circunstâncias e as primeiras diligências: a obra Exposição Historica da 
Creação do Museo Portuense. Cumplicidades entre artista e monarca .................... 120 
 3.2.2.2. A recolha das pinturas e a instalação do museu ............................................ 126 
 - O sentido de missão 
 3.2.2.3 O espólio do Museu. A importância das Belas-Artes ..................................... 138 
 3.3. Medidas do Regente entre o cerco do Porto e o decreto de extinção das ordens 
religiosas. Portugal nas vésperas da grande mudança ............................................... 143 
 3.3.1. Uma Galeria de Pinturas em Lisboa? ............................................................... 152 
 3.4. O decreto de 30 de Maio de 1834 : consequências imediatas no património ...... 153 
 3.5. A importância da instrução .................................................................................. 166 
 - A instrução, sinónimo de civilização 
 3.6. Acção prática na defesa dos monumentos – Santa Maria de Belém e a Pena ..... 172 
 
III – Tempos de mudança: os reinados de D. Maria II e dos seus sucessores ................. 181 
1. Entre a continuidade e o desenvolvimento de novas políticas patrimoniais ................ 183 
 1.1. A “concretização” do Museu Portuense .............................................................. 187 
 - Um “Depósito” privilegiado 
2. A preocupação com as “preciosidades” dos conventos femininos .............................. 204 
3. As Academias – o seu papel no conhecimento, defesa e divulgação do património ... 217 
 3.1. Academia das Ciências de Lisboa. A Comissão criada em 1836 e os seus pareceres. 
O Depósito do Beato António ..................................................................................... 218 
17 
 
 3.1.1. Depósito com aspiração a museu. Preocupações “estéticas” ............................ 225 
 3.1.2. A acção da Comissão da Academia das Ciências de 1836 ................................ 228 
 3.2. As Academias de Belas-Artes de Lisboa e Porto ................................................. 251 
 
IV – O Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos e outros depósitos .................... 263 
1. O grande depósito de S. Francisco da Cidade: origens e funcionamento..................... 265 
 1.1. O Doutor António Nunes de Carvalho: tempos de construção ........................... 271 
 - Contingências: mão-de-obra, verbas e outras limitações 
 - Biblioteca vs DLEC 
 - Alargamento de acção do DLEC. Antigos e novos desafios 
 1.2. Novos tempos: a Comissão Administrativa do Depósito das Livrarias dos 
Extintos Conventos (CADLEC). Interacções com a Academia de Belas-Artes de 
Lisboa ......................................................................................................................... 313 
 1.2.1. Os retratos dos Varões Ilustres .........................................................................334 
 1.2.2. Novas recolhas, distribuição de pinturas e maior interacção com a Academia de 
Belas-Artes. O papel determinante do “amador das Artes”, o cónego Vilela da Silva.
 .................................................................................................................................... 342 
 1.3. Os depósitos satélite do DLEC .......................................................................... 351 
 1.4. As bibliotecas públicas, gabinetes de antiguidades e raridades e gabinetes de 
pinturas. Uma solução lógica de depósito, instrução e promoção das belas-artes ..... 357 
 1.4.1. Continuação dos trabalhos da CADLEC ........................................................ 365 
 1.5. Évora e as consequências do “vandalismo nunense”. “Trânsitos” .................... 376 
 1.6. Coimbra – Um caso especial ............................................................................. 384 
 1.7. A integração do DLEC na Biblioteca Nacional (1841). A gestão do acervo 
pictórico pelas sucessivas direcções: de Balsemão a Mendes Leal .......................... 389 
 1.8. O Patriarcado e as pinturas provenientes do Depósito das Livrarias ................ 401 
 1.9. As Estampas ....................................................................................................... 403 
18 
 
 1.10. Esculturas no DLEC .......................................................................................... 405 
 - Algumas referências a esculturas entradas no DLEC 
 1.10.1. Duas estátuas de Profetas do Convento de Cristo de Tomar ........................ 411 
 1.11. Outros objectos: sacrários, maquinetas, globos, etc. ....................................... 414 
 2. Outros patrimónios, outros depósitos ........................................................................ 419 
 2.1. Os “grandes objectos”. Relógios, órgãos, sinos. A “decência”. .......................... 419 
 2.2. Alfaias, paramentos e objectos preciosos ........................................................... 422 
 - Vendas e ilegalidades 
 - Os primeiros sinais de exaustão e os objectos preciosos 
 - A supressão das capelas e a nacionalização dos seus bens 
 - O clima de insegurança e a super exaustão dos depósitos 
 - Os depósitos vazios 
 - Os casos particulares de Belém e Mafra 
 2.2.1. As preciosidades de Alcobaça .......................................................................... 456 
 2.2.2. Alfaias litúrgicas depositadas na Repartição das Obras Públicas..................... 458 
 2.3. A talha ................................................................................................................. 460 
 2.4. Os azulejos .......................................................................................................... 464 
 2.5. O Depósito de trastes dos Barbadinhos Franceses. Contacto pontual com o DLEC. 
Trânsitos. .................................................................................................................... 466 
 2.6. Esculturas e peças de cantaria provenientes dos antigos conventos – O Depósito 
das Obras Públicas (os Arsenais) e a Academia de Belas-Artes de Lisboa ................ 469 
 3. A circulação das obras de arte conventuais: impacte social ....................................... 480 
 3.1. O caso de Torres Vedras ……………………………………………………….486 
 
 V – Políticas de conservação e restauro das pinturas conventuais (1834-1868) ............ 495 
19 
 
1. Condições de conservação nos conventos e no Depósito das Livrarias dos Extintos 
Conventos . ................................................................................................................... 498 
 1.1. Danos e descaminhos prévios ............................................................................... 500 
 1.2. Preocupações de segurança e conservação ........................................................... 502 
 1.3. Recolha e encaminhamento para o Depósito ........................................................ 516 
 1.4. No Convento de S. Francisco da Cidade: condições e diligências ....................... 527 
 - A acção de José Feliciano de Castilho (1843-1847) 
 - As décadas de 50 e 60 em S. Francisco da Cidade. Atitudes e confluências. 
 1.5. Descaminhos no DLEC ........................................................................................ 551 
2. Pinturas no Porto: cuidados e problemas semelhantes aos de Lisboa ......................... 561 
3. As iniciativas de restauro : critérios de intervenção ................................................... 566 
3.1. No Depósito das Livrarias/ Biblioteca Nacional e nas Academias de Belas Artes 
 ...................................................................................................................................... 572 
3.1.1. André Monteiro da Cruz e outros restauradores ............................................... 573 
3.1.2. O restauro e os “restauradores de quadros” depois do nascimento das Academias 
 ...................................................................................................................................... 577 
3.1.3. As pinturas de Tomar. Trânsitos e atitudes de restauro ..................................... 607 
4. Os vitrais do Mosteiro da Batalha: singularidades de actuação perante um género 
pictórico raro em Portugal ........................................................................................... 623 
- Os vitrais da Batalha 
- As primeiras intervenções pós-extinção das ordens religiosas nos vitrais do Mosteiro. 
As instruções de Luís Mouzinho de Albuquerque 
- O Conde Raczynski e os vitrais da Batalha – preocupações de conservação, sugestões 
e respostas nacionais 
- Na senda do projecto de Mouzinho de Albuquerque para os vitrais 
 
VI– Património artístico e casas conventuais: Destinos e Reutilizações ......................... 649 
1. Os principais destinos dos quadros do DLEC ............................................................. 651 
20 
 
 1.1. Do Regular para o Secular ................................................................................... 653 
 1.2. Conventos masculinos – DLEC – conventos femininos: circulações ................ 667 
 1.3. De Portugal para as Dioceses Africanas ............................................................. 669 
 1.4. Os principais benificiários civis .......................................................................... 670 
2. A Galeria e o Museu como espaços de salvaguarda – da veneração à instrução. A 
Galeria Nacional de Pintura ......................................................................................... 676 
3. O interesse britânico pela museologia nacional .......................................................... 691 
4. O Mercado de arte ....................................................................................................... 694 
4.1. Leilões .................................................................................................................. 706 
4.1.1. Biblioteca Nacional de Lisboa .......................................................................... 707 
4.1.2. Academia de Belas-Artes de Lisboa ................................................................. 711 
4.1.3. Academia das Ciências de Lisboa ..................................................................... 715 
5. Políticas de reutilização ...............................................................................................720 
 5.1. Os intelectuais em defesa do património nacional ............................................ 726 
 5.2. Reutilizações vs defesa do património ............................................................... 735 
 5.3. Santa Maria de Belém: breves apontamentos acerca de uma reutilização ........ 743 
 5.4. Transferências de património: os casos do Convento de São Domingos e do 
Convento da Graça, em Évora. ................................................................................... 747 
 5.5. Breve alusão à realidade dos cenóbios femininos .............................................. 754 
Considerações finais ............................................................................................................... 757 
Fontes e Bibliografia .............................................................................................................. 769 
 
 
21 
 
Índice das Figuras 
 
Fig.1. Constantino de Fontes; S. M. El Rei D. João VI de Portugal, e toda a Família Real, 
embarcando para o Brazil, no cáes de Belem, em 27 de Novembro de 1807; c. 1807-1837, 
gravura, 11,5x16,4 cm. BNP: E.3550.P ................................................................................... 61 
Fig.2. João de Mesquita e António José Quinto; D. João VI, Rey de Portugal, Brazil e 
Algarves; 1817, gravura, 17x26,7 cm. BNP: E-1534-V .......................................................... 66 
Fig.3. Francisco António da Silva Oeirense e Domingos José da Silva; Joze da Silva Carvalho; 
1822, gravura, 31x21,6 cm. BNP: E-871-A ............................................................................ 73 
Fig.4. Raffaele Fidanza; S. M. Fidelissima D. Miguel I; c. 1830; gravura, 20,6x16,2cm. BNP: 
E. 1426 V. ................................................................................................................................ 81 
Fig.5. Domingos Schiopetta e Gregório Francisco de Queirós; D. Pedro IV, Rey de Portugal e 
dos Algarves; 1826, gravura, 32,8x26,6 cm. BNP: E. 60 V. .................................................... 87 
Fig.6. João Baptista Ribeiro; João Baptista Ribeiro: Mestre de Desenho e Pintura …. 
Litografado por ele mesmo; 1833, gravura, 20,5x22 cm. BNP: E. 327 V. ........................... 118 
Fig.7. Folha de rosto da obra de João Baptista Ribeiro, Exposição Historica de creação do 
Museo Portuense, publicada em 1836. ................................................................................. 121 
Fig.8. Dias da Costa Lith.; Vista da Serra do Pilar; gravura in Elogio histórico do senhor rei 
D. Pedro IV recitado na Academia Real das Sciências de Lisboa em sessão ordinária de 13 de 
Julho de 1836 e acompanhado de notas e peças justificativas. Lisboa, Typ. da Academia, 1867. 
BNP: H.G. 2493 A. ................................................................................................................. 123 
Fig.9. João Baptista Ribeiro; D. Pedro, Duque de Bragança; 1833, gravura, 33x29,2 cm. BNP: 
E. 141. A. ................................................................................................................................ 125 
Fig.10. R.J. e Osterwald, o velho; Dona Maria II, Reine de Portugal; c. 1826, gravura, 13x12,5 
cm, BNP: E. 78 P. ................................................................................................................... 166 
Fig.11. Mosteiro de Belem; gravura publicada em O Panorama, 5 de Março de 1842, 2ª série, 
Vol. I, p.73 ............................................................................................................................. 173 
22 
 
Fig.12. Convento da Pena em Cintra, gravura publicada em O Panorama, 13 de Janeiro de 
1838. ....................................................................................................................................... 176 
Fig.13. Maurício Sendim; D. Maria II; 1836, gravura, 43x35cm. BNP: E. 229 A. .............. 183 
Fig.14. Maurício Sendim; D. Maria II, Rainha de Portugal; gravura 45,8x37 cm, 1835 BNP: 
E. 187 A. ................................................................................................................................ 185 
Fig.15. F.A. Serrano; L. da S. Mousinho de Albuquerque; gravura, 1866 17,7x16cm. BNP: E. 
2049 V. ................................................................................................................................... 218 
Fig.16. Manuel da Silva Passos; Archivo Pittoresco Vol.7, Nº37, 1864, p.289 .................. 256 
Fig.17. Autor desconhecido.; António Ribeiro dos Santos; c. 1790; óleo sobre tela, 70,5x55 
cm. BNP: Inv. 10931. ............................................................................................................. 265 
Fig.18. Autor desconhecido.; Vasco Pinto de Sousa Coutinho (4º Visconde de Balsemão); 
c.1860; óleo sobre tela, 82x61cm. BNP: Inv. 14439. ............................................................. 268 
Fig.19. Autor desconhecido; O Doutor Antonio Nunes de Carvalho da Cidade de Vizeu; 
c.1830-1850; gravura, 15x14,7. BNP: E. 1659 P. .................................................................. 272 
Fig.20. Assinatura de Nunes de Carvalho. BNP: Cod.6963 .................................................. 274 
Fig.21. N. Sª de Monte Olivete. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 
Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 .................................................................... 290 
Fig.22. S. Pedro de Alcantara. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 
Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 .................................................................... 291 
Fig.23. Igreja de Santo António dos Capuchos. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa 
em 1833, Lisboa, Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 ........................................ 292 
Fig.24. Comissão nomeada em 11 de Fevereiro de 1835, destinada a proceder à escolha e 
classificação de pinturas com vista à fundação de um Museu Nacional ............................... 306 
Fig.25. Autor desconhecido; D. Afonso Henriques; séc.XVII (?); óleo s/tela, 202x109,5cm. 
BNP: Inv.10932 ...................................................................................................................... 335 
Fig.26. Joaquim José Rasquinho; D. Francisco Gomes de Avelar, Bispo do Algarve; 1816; 
óleo s/tela, 100x77cm. BNP: Inv.10933. ................................................................................ 338 
Fig.27. Folha de rosto dos Estudos Biographicos… BNP: H.G. 7875 A. ........................... 341 
23 
 
Fig.28. Vítor Manuel da Câmara; José Feliciano de Castilho; 1983, óleo sobre tela, 81x60cm. 
BNP: Inv.14825. ..................................................................................................................... 392 
Fig.29. Autor desconhecido; Padre Rafael Bluteau; c.1752-1780; óleo s/tela, 96x74cm. BNP: 
Inv.10945. ............................................................................................................................... 400 
Fig.30. S. Vicente de Fora. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 
Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 .................................................................... 407 
Fig.31. Nogueira da Silva & Alberto; Osculatório ou porta-paz que se guarda na casa da 
Moeda, 1864, gravura in Archivo Pittoresco.., Nº13, p.97. ................................................... 445 
Fig.32. S. João Nepomuceno. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 
Oficinas Gráficas da Biblioteca, 1927 ................................................................................... 454 
Fig.33. Autor desconhecido; Frei Gaspar da Encarnação; séc. XVIII; óleo s/tela, 
1,94x1,30cm. BNP: Inv.22979 ...............................................................................................492 
Fig.34. Torres Vedras – Convento da Graça. Universo Ilustrado, 1880, col. gravuras "Tempos 
Idos". ...................................................................................................................................... 493 
Fig.35. Vista da Ribeira antes do Terramoto de 1755. Desenho à pena com aguada, de J. Na. 
dos Reis Zuzarte, vendo-se claramente a igreja dos Mártires, a igreja de S. Francisco e o edifício 
conventual (O –igreja dos Mártires; N –Igreja de S. Francisco; P –Convento de S. Francisco) 
(Museu da Cidade, Lisboa), in CALADO, 2000 .................................................................... 499 
Fig.36. William H. Burnett; The Convent of The Penha Longa; c.1834; gravura, 20,3x28,7cm. 
BNP: E.961 V. ........................................................................................................................ 519 
Fig.37. S. Francisco da Cidade. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 
Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 .................................................................... 527 
Fig.38. Folha de rosto do Tomo I do Relatório àcerca da Bibliotheca Nacional de Lisboa, e 
mais estabelecimentos anexos…, publicado em 1844. BNP: B.A.D. 542 P. ........................ 535 
Fig.39. Gregório Maria Rato; André Monteiro da Cruz; óleo s/tela, ANBA (pub. Ernesto 
Soares, Dicionário de Iconografia Portuguesa…1954). ....................................................... 574 
Fig.40. Conde de Mello; gravura, Lith. Maurin, 13,3x13cm BNP. E.1997 V. ...................... 588 
Fig.41. Carlos António Leoni; Frei Miguel Contreiras; 1766; óleo s/tela, 171x108,5cm. BNP: 
Inv.10937 ................................................................................................................................ 595 
24 
 
Fig.42. Autor desconhecido; P. Filippe Neri; P.e Theodosio de Andrade; Ir. Manoel dos 
Santos; s.d. (séc. XVIII); óleo s/tela, 28x38cm. BNP: Inv. 14478; Inv. 14480; Inv.14484. 596 
Fig.43. L. Maurin Lith; Conde de Thomar; 1848; gravura, 13,8x11,1cm. BNP: E. 2059 V. 609 
Fig.44. Ressurreição de Lázaro; Entrada de Cristo em Jerusalém; Cristo e o Centurião; 
Ressurreição. Imagens pub. em Pintura da Charola de Tomar, (REDOL, coord.), IPCR, 2004.
 ................................................................................................................................................ 610 
Fig.45. Tríptico da Paixão, Batalha. Foto Alexandre Rodrigues. ........................................ 638 
Fig.46. Autor desconhecido; Frei Manuel do Cenáculo; c.1770-77; óleo s/tela, 95,5x74,5cm; 
BNP: Inv.10936. ..................................................................................................................... 679 
Fig.47. Anúncio publicado no Diario de Lisboa de 19 de Fevereiro de 1864. ...................... 709 
Fig.48. C. Legrand; O Conselheiro João Baptista d’Almeida Garrett; 1844; gravura, 
19,3x17,8cm. BNP: E.343 P ................................................................................................... 727 
Fig.49. Ignaz Fertig; A. Herculano; 1855?; gravura, 16,4x13,5cm. BNP: E.235 P. ............ 731 
Fig.50. Augustin François Lemetre e Moret; Antonio Feliciano de Castilho; c.1855; gravura, 
25x16cm. BNP. E.4569 P. ..................................................................................................... 733 
Fig.51. Autor desconhecido; Jose da Silva Mendes Leal; 1888; gravura, madeira, 13x9cm. 
BNP E. 4708 P. ....................................................................................................................... 734 
Fig.52. S. Domingos de Lisboa. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 
Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 .................................................................... 736 
Fig.53. S. Apolonia. Desenho, in Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, Oficinas 
Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927. ................................................................................ 754 
25 
 
Introdução 
Apresentação do tema 
 A implementação do Liberalismo em Portugal foi lenta e muito complexa, marcada na primeira 
metade de Oitocentos, por convulsões sociais e formas de guerra civil, a que só depois se 
seguiria um período de estabilização do regime monárquico constitucional, com um sistema 
político rotativo, essencialmente bipartidário1. Esse “clima de transformação” imbuído dos 
ideais liberais, a que as necessidades económicas e financeiras não eram alheias, produziu 
efeitos directos no património histórico e artístico nacional. 
 A análise daquela que terá sido a política de salvaguarda do património artístico dos conventos 
durante esse período conturbado, implica uma compreensão profunda de um tempo repleto de 
transformações políticas, económicas, sociais e culturais, com características muito particulares 
e que conheceram especial desenvolvimento nas primeiras décadas do séc. XIX. Um tempo 
“controverso”, protagonizado por alguns que, pelos seus papéis na sociedade de então, de uma 
forma mais ou menos directa, o influenciaram decisivamente; um contexto de guerra, em que, 
ao contrário do que habitualmente se pensa, existiu mais do que apenas destruição. 
 Os conceitos de património e salvaguarda, revestidos de um sentimento de protecção daquilo 
que era então valorizado, ligado aos tempos e figuras áureas nacionais e que era considerado 
representativo da nação, ganharam um novo protagonismo. Com definições e atitudes que não 
deixam de apresentar semelhanças com a actualidade, importava proteger mas também utilizar 
e/ou promover um conjunto diversificado de obras de arte (e figuras com elas relacionadas) que 
ía para além do edificado. De acordo com as concepções e limitações da época – 
inevitavelmente constrangedoras para a maioria das acções tomadas – procurou-se estabelecer 
meios, criar organismos, que visassem defender um quase infindável património conventual, 
onde repousava uma parte bastante significativa do passado histórico e artístico nacional. Uma 
memória colectiva que se procurava cultivar, através daquilo que se podem designar de 
“políticas de memória”. Esta postura, em que se vislumbra uma efectiva consciência 
patrimonial, encontrar-se-ia reflectida nas medidas tomadas e na legislação produzida. 
 Depois de uma primeira experiência durante o Vintismo, em 1834, com a extinção das Ordens 
Religiosas, os conventos conheceram aquele que foi um verdadeiro processo de 
“desmantelamento” que se arrastou, em alguns casos, até às primeiras décadas do século XX, 
 
1 FERREIRA, António Matos, “Liberalismo” in Dicionário de História Religiosa de Portugal, P-V, Centro de 
História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, Círculo de Leitores, 2000-2001, p.428. 
26 
 
implicando a adaptação a sucessivas, e até divergentes, políticas de salvaguarda. As medidas 
protagonizadas por D. Pedro IV (1798-1834), enquanto regente, e pelos diversos governos sob 
os reinados de D. Maria II (1819-1853) e seus sucessores, D. Pedro V e D. Luís, revelar-se-iam 
fundamentais, não evitando, contudo, que parte dos recheios conventuais acabassem dispersos 
e, em algumas situações, mesmo destruídos. 
 No espaço de tempo que medeia entre a extinção das Ordens Religiosas e a criação da 
Academia de Belas Artes de Lisboa, ou seja, no curto e pouco estudado período entre 1834 e 
1836, a Biblioteca Pública e, particularmente, o Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos 
(DLEC), terão desempenhado um decisivo papel na salvaguarda e gestão de um vasto conjunto 
de obras de arte, principalmente pinturas, oriundas de conventos extintos. Estas primeiras 
medidas, a que se juntaram outras, mostraram-se cruciais, visto que, constituíram uma base para 
acções posteriores, onde as Academias de Belas Artes e a Academiadas Ciências (através das 
suas acções e dos seus membros) também desempenhariam um papel importante. 
 De facto, de um modo geral, as acções então desenvolvidas adaptaram-se ao tempo, às suas 
particularidades; simultaneamente acabaram, elas mesmas, por serem resultado do próprio 
tempo, consequências inevitáveis de toda uma conjuntura pouco favorável sob os mais diversos 
aspectos – faltava estabilidade política, dinheiro, conhecimento, e até vias de comunicação que 
facilitassem as políticas que se procuravam implementar. O complexo e burocrático aparelho 
do Estado, assente sobre instáveis bases decorrentes do ainda sobressaltado período que se 
vivia, dificultava sobremaneira o desenvolvimento de uma política contínua de defesa do 
património. A par com a legislação produzida (e como seu fruto), sucessivas comissões, 
relacionadas com os organismos criados (DLEC, Academias), constituídas para os mais 
diversos fins, acabaram por deter em si um poderoso papel – o da escolha, o da decisão. 
 As intenções, na sua maioria positivas, tinham dificuldade de concretização e mostravam-se 
insuficientes mas, de facto, acabariam por ser bastante relevantes, tendo em consideração o 
tempo e os meios, abrindo caminho para a concretização de certas políticas nos futuros 
governos. 
 
 Qual o real papel de D. Pedro IV, e dos políticos que o rodearam, na salvaguarda do 
património? Que politicas patrimoniais foram desenvolvidas não só no reinado de D. Maria II, 
mas também nos dos seus filhos e sucessores, D. Pedro V e D. Luís? Que políticas foram 
implementadas? Que influências externas existiram? Que modelos internacionais terão servido 
de exemplo? Que destino teve o património artístico dos conventos? Qual o papel do Depósito 
27 
 
das Livrarias dos extintos Conventos e da Biblioteca Pública? Que outras estruturas existiram 
destinadas à gestão dos bens conventuais? Qual o papel das Academias (Belas-Artes e 
Ciências)? Que políticas de restauro vigoravam? Como eram praticadas e por quem? Que casas 
conventuais e que património artístico são mais representativos dos processos de salvaguarda 
implementados? Qual o impacto das reutilizações/refuncionalizações? Qual o contributo da 
extinção das ordens religiosas para o mercado de arte então em franco desenvolvimento? 
 Estas são algumas questões relevantes que pretendemos ver respondidas, objectivos que 
permitirão entender, conjunturalmente, o fenómeno da extinção das Ordens religiosas, e suas 
consequências para o património artístico, contribuindo, particularmente, para a compreensão 
do funcionamento global da estrutura de salvaguarda existente no período pré e pós extinção. 
Tal permitirá analisar o fenómeno de redistribuição de pinturas e outras peças pelas paróquias 
e sua integração em edifícios públicos e colecções museológicas, podendo contribuir para o 
esclarecimento do percurso de muitas das peças que hoje se encontram dispersas pelo país. 
 Entre os objectivos estabelecidos, decisivo para a investigação, foi a exploração do acervo 
documental do Arquivo Histórico da Biblioteca Nacional de Portugal complementado, por 
outros arquivos, nomeadamente, por fundos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo; na 
consulta destes e de outros arquivos, foi revelada uma documentação rica, dispersa e vasta, 
alguma inédita, e que terá permitido obter novas informações, complementar outras e contribuir 
para uma nova abordagem de assuntos parcial ou diferentemente referenciados por outros 
autores. 
 Procurando produzir um estudo inovador que dê resposta às perguntas que permanecem 
pendentes, pretende-se olhar objectivamente para as políticas implementadas, tendo em 
consideração o tempo, as mentalidades e as condições existentes, não ficando presos a 
pressupostos que, invariavelmente se fixam na quase inexistência de uma política de 
salvaguarda do património artístico durante o período em causa, condicionados a formas pré-
concebidas de rotular políticas e atitudes de salvaguarda. 
 Conhecer a totalidade da legislação, entender o funcionamento dos organismos implantados 
(quem, quando, onde, como), perceber a sua acção, conhecer quem foram os intervenientes em 
todo o processo, são aspectos fundamentais para compreender a importância das acções de 
salvaguarda que então se desenrolaram. 
 Perceber que tipo de sensibilidade existia a nível dos organismos, que tipo de acção prática foi 
desenvolvida, particularmente relacionada com as condições de conservação das obras e com 
os restauros, ajudará a entender quais os processos utilizados, e a amplitude que eles tiveram. 
28 
 
Para isso, como já foi referido, será importante conhecer também as pessoas que deles fizeram 
parte activa e que de alguma forma influenciaram decisivamente todo o processo. 
Conhecer D. Pedro IV e D. Maria II, (não centrando todas as questões em D. Fernando II, como 
se tem feito, atribuindo-lhe todos, ou quase todos, os méritos no que concerne a ensino artístico 
e políticas patrimoniais desde que chegou a Portugal, em 1836) percebendo que tipo de 
educação lhes foi ministrada, que influências tiveram, que contactos tiveram com o estrangeiro, 
podem ajudar a perceber opções, escolhas que fizeram para o seu reino, a nível do património. 
 Saber quem foi André Monteiro da Cruz, restaurador de pinturas de Grão-Vasco, homem com 
um papel muito activo em várias comissões, torna-se essencial. As referências a este pintor de 
“paisagens e produtos naturais” são escassas, no entanto, terá desempenhado um papel 
importante e bastante activo, com influência directa na preservação do património. Outros 
nomes, como António Nunes de Carvalho, primeiro director do Depósito de S. Francisco ou 
Mendes Leal Júnior (que se tornaria deputado, director da BN, escritor) que, com apenas 18 
anos foi incumbido, entre outros, do processo de inventário e recolha de conventos, são apenas 
algumas das muitas personalidades, que pela sua intervenção mais ou menos directa, 
influenciariam decisivamente este período. 
 O que aconteceu aos conventos e ao seu património encontra-se então, de uma maneira geral, 
por explorar. Sabe-se, em alguns casos, em que se transformaram e onde actualmente se 
encontra esta ou aquela peça que lhes pertencia; desconhece-se, no entanto, a real dimensão da 
sua “perda” e como esta ocorreu. Desconhece-se, igualmente, qual o “sistema operativo” que 
presidiu à salvaguarda do seu património e o seu real grau de eficácia. Trataram-se, quase 
sempre, de processos complexos, dependentes de sensibilidades e vontade de terceiros, muitas 
vezes pessoas impreparadas que, por todo o país, tinham a incumbência de tomar conta do 
património existente. 
 
 Devido à complexidade do tema, ao seu arrastamento no tempo, aos processos de recolha e 
redistribuição, adoptámos como referência o ano de 1834, os anos precedentes (particularmente 
a partir da 2ª década de oitocentos) e, sobretudo, as três décadas seguintes, até à abertura ao 
público da Galeria Nacional de Pintura, em 1868, não deixando no entanto, sempre que tal se 
justifique, de fazer, pontualmente, referências a períodos posteriores. O limite foi estabelecido 
tendo em consideração a concretização daquele grande projecto museológico – desenvolvido, 
maioritariamente, com base nos espólios conventuais, já durante o reinado de D. Luís, e que 
marca o início de uma nova realidade – ao qual se dedicou, Hugo Xavier na sua tese de 
29 
 
Doutoramento intitulada O Marquês de Sousa Holstein e a formação da Galeria Nacional de 
Pintura da Academia de Belas Artes de Lisboa (2014)2. 
 Para a compreensão global do fenómeno de extinção das ordens religiosas, fazem-se breves 
alusões às desamortizações dos conventos femininos, que tendo ocorrido, largamente, fora do 
nosso período de estudo, não deixaram de se iniciar nele. 
 A tese que apresentamos, cuja investigação foi iniciada no âmbito do Projecto Eneias – A 
colecção de pinturada Biblioteca Nacional de Portugal: do resgate do património artístico 
conventual na implementação do Liberalismo ao estudo integrado de conservação e divulgação 
(PTDC/HIS-HEC/113226/2009)3 – do qual fomos bolseiros de investigação durante 18 meses 
( 1 de Junho de 2011 a 30 de Novembro de 2012), tenciona rever, desta forma, o processo então 
levado a cabo, debruçando-se sobre aspectos menos valorizados, ou até agora vistos sob uma 
perspectiva individual, o que os torna incapazes de traduzir aquelas que foram as reais políticas 
então implementadas. Tentando trazer novas luzes sobre a temática, surpreendentemente, até 
agora sem um estudo de fundo que englobe as mais variadas vertentes que lhe estão inerentes, 
procura-se realizar um estudo global capaz de lançar as bases necessárias não só para a 
compreensão profunda do tema, mas também para a realização de outros estudos relacionados 
com o património conventual. 
 
Estado da Arte 
 Apesar das repercussões que teve na História da Arte, a questão da salvaguarda do património 
artístico dos conventos no contexto da extinção das ordens religiosas, não tem sido globalmente 
estudada; a conjuntura e orgânica que presidiram às acções realizadas e suas consequências 
continuam, maioritariamente, por esclarecer. Quem? e Como? Perguntas básicas que aguardam 
respostas fundamentadas que permitam entender como o processo de salvaguarda foi gerido. 
 
2 XAVIER, Hugo André de Almeida Vale Pereira, O Marquês de Sousa Holstein e a formação da Galeria 
Nacional de Pintura da Academia de Belas Artes de Lisboa, Tese de Doutoramento em História da Arte, 
Especialidade em Museologia e Património Artístico, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade 
Nova de Lisboa, 2014. 
3 Artis - Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Projecto Eneias 
(http://www.artis.letras.ulisboa.pt/proj_n,7,89,566,detalhe,arquivo.aspx, consultado em 22-06-2016). 
http://www.artis.letras.ulisboa.pt/proj_n,7,89,566,detalhe,arquivo.aspx
30 
 
 Ainda no século XIX, com o processo de extinção em curso, estudiosos como Miguel de Sotto-
Mayor4, a par com os escritores que caracterizaram a época5, reviam de uma forma ainda 
próxima e subjectiva as consequências deste, no património artístico nacional. 
 No século XX, os autores preocuparam-se com os aspectos políticos, sociais e económicos, 
dando pouca relevância ao sucedido com o património, nomeadamente o artístico, e medidas 
implementadas em prol da sua defesa, sentindo-se, ainda hoje, a falta de um estudo global e 
articulado; nas suas abordagens prevaleceu a ideia da inexistência de uma efectiva política 
patrimonial, premissa que necessita ser desmontada e esclarecida. Com a Academia de Belas 
Artes de Lisboa, quase sempre posta em destaque, os estudos desenvolveram-se, 
maioritariamente, à sua volta e, sobretudo, a partir da data da sua criação, 1836 – disso são 
exemplos, com quase meio século de distância, as obras de Varela Aldemira6 (1937) ou de 
Russel Cortez7 (1984), assim como outras mais recentes, como a de Maria Helena Lisboa8 
(2007) – por vezes, ignorando ou secundarizando aspectos tão ou mais relevantes que a referida 
instituição. 
 Não podendo deixar de referir os contributos de Veríssimo Serrão9 ou José-Augusto França10 
para a questão mais global do património artístico, ou estudos mais específicos11 como os de 
Martins da Silva12 – destacando a dispersão do património artístico dos conventos e 
 
4 SOTTO-MAYOR, D. Miguel, História da Extingção das Ordens Religiosas em Portugal, Typographia Lusitana, 
Braga, 1889. Antes de Sotto-Mayor, ainda em 1882, Monsenhor Elviro dos Santos, em “As Artes Portuguesas no 
século XIX ou breves considerações sobre o seu estado causas e remedios do mesmo” (Braga, Typographia 
Lusitana, 1882), debruça-se sobre as consequências da extinção das Ordens Religiosas no património dos 
conventos. 
5 Almeida Garrett, Alexandre Herculano, António e José Feliciano de Castilho e, mais para o final do conturbado 
século, Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, relatando e traduzindo sentimentos imbuídos de 
um “romantismo patrimonial”, não deixando de transparecer diferentes ideologias. 
6 ALDEMIRA, Luís Varela, Um ano trágico: Lisboa em 1836: A propósito do centenário da Academia de Belas 
Artes. Impressões. Comentários. Documentos, Lisboa, La Bécarre, 1937. 
7 CORTEZ, Fernando Russel, A Academia Real de Belas-Artes e a protecção do património artístico, seu resultado 
na criação de museus portugueses, Separata Rev. Belas-Artes 4-6, Lisboa, 1984, pp.79-95. 
8 LISBOA, Maria Helena, As Academias e Escolas de Belas Artes e o Ensino Artístico (1836-1910), Lisboa, 
Edições Colibri. IHA/ Estudos de Arte Contemporânea Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade 
Nova de Lisboa, 2007. 
9 SERRÃO, Joaquim Veríssimo, História de Portugal, Vol.VIII, s.l., Editorial Verbo, 1986. 
10 FRANÇA, José-Augusto, O Romantismo em Portugal: estudo de factos socioculturais, Lisboa, Livros 
Horizonte, 1983 e idem, A Arte em Portugal no Século XIX, Vol. I, 3ª Edição, Lisboa, Bertrand Editora, 1990. 
11 Apesar de apenas fazer uma referência pontual ao património artístico, não podemos deixar de mencionar o 
artigo de Luís da Espinha Silveira, “A venda dos bens nacionais (1834-43): uma primeira abordagem”, in Análise 
Social, Vol. XVI (61-62) (1980-1º-2º), pp.87-110. 
12 SILVA, António Martins da, “A Desamortização”, in História de Portugal, MATTOSO, José (dir.), 5º vol., 
Lisboa, Círculo de Leitores, 1993; idem, A extinção das Ordens Religiosas. A dispersão do património artístico e 
o destino dos colégios universitários de Coimbra., Separata das Actas do Colóquio A Universidade e a Arte 1290-
1990, Universidade de Coimbra, IHA, FL, 1993; “Extinção das Ordens Religiosas”, in AZEVEDO, Carlos 
Moreira, dir. JORGE, Ana Maria, Coord., Dicionário de História Religiosa de Portugal, Centro de História 
Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, Círculo de Leitores, 2000-2001, vol.2, p.233. 
31 
 
preocupando-se, de forma sistemática, em analisar e dividir as diversas categorias de bens – 
outros autores existiram, como Jasmins Pereira13, que optaram por não a considerar. 
 Apesar de, nas últimas décadas, ter-se passado a olhar mais atentamente para as questões 
patrimoniais, com o tema a ganhar maior visibilidade, várias monografias têm surgido acerca 
de conventos e do seu património sem que, no entanto, sejam estudados profundamente os 
acontecimentos de 1834. Disso são exemplo estudos essencialmente locais, como os mais 
antigos, de Túlio Espanca14, ou os mais recentes, de Artur Goulart15 e Nuno Grancho16 que, 
contribuindo decisivamente para o conhecimento do sucedido com os conventos de Évora e 
Elvas e seus espólios, são essencialmente monográficos. 
 Sem esquecer autores, como Maria João Neto17, Clara Moura Soares18, Lúcia Rosas19, Paulo 
Simões Rodrigues20, ou Maria Helena Maia21, que apesar de se focarem, sobretudo no 
 
13 PEREIRA, Fernando Jasmins, Destruição dos patrimónios eclesiais. O caso das ordens religiosas., Separata do 
Dicionário de História da Igreja em Portugal, vol. II, Lisboa, 1983. 
14 ESPANCA, Túlio, As antigas colecções de pintura da livraria de frei Manuel do Cenáculo”, in A Cidade de 
Évora, 6.º, 1948.; idem, “As antigas Colecções de Pintura da Livraria de D. Frei Manuel do Cenáculo e dos Extintos 
Conventos de Évora”, in Cadernos de História e Arte Eborense, VII, Évora, Edições Nazareth, 1949.; idem, “Breve 
notícia relativa ao demolido Convento de São Domingos”, in A Cidade de Évora, 35-36 (Jan-Dez 1954) pp.152-
159; idem, Cadernos de história e arte eborense, Évora, Nazareth, 1944.; idem,, “Notícias Históricas do Mosteiro 
de São Domingos”, in A Cidade de Évora,48-50 (Jan-Dez 1965-1967), pp.103-208. 
15 BORGES, Artur Goulart de Melo, “Dispersão do Património Artístico Conventual Eborense”, in Eborensia, 
Ano XVII (2004) nº33, pp.133-144. 
16 GRANCHO, Nuno, “O Convento de Nossa Senhora dos Remédios, da Ordem de S. Paulo, em Elvas: diálogos 
fragmentados”, in Elvas Caia: Revista Internacional de Cultura e Ciência, nº7, 2009, Edições Colibri/Câmara 
Municipal de Elvas, pp. 61-86; idem, “A prata elvense nas contribuições de 1807-1808 e 1834” in Revista de Artes 
Decorativas, 5 (2011), 107-132; GRANCHO, Nuno Alexandre Cruz Santos Grancho, A extinção dos conventos 
na antiga diocese elvense: o exemplo histórico-artístico de S. Domingos de Elvas, Tese de Mestrado em Arte, 
Património e Restauro, 2010, http://hdl.handle.net/10451/4577; GRANCHO, Nuno Cruz, “O antigo Paço 
Episcopal de Elvas: As Artes Decorativas e o seu percurso”, in ARTisON, nº1 (2015), pp.142-160 
http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao/article/view/21 (consultados pela última vez em 15-08-2016). 
17 NETO, Maria João Baptista, “A propósito da descoberta dos Painéis de São Vicente de Fóra. Contributo para o 
estudo e salvaguarda da pintura góthica em Portugal”, in ARTIS, Revista do IHA FLUL, Nº2, 2003; idem, 
Memória, Propaganda e Poder – O Restauro dos Monumentos Nacionais (1929-1960), 1ª edição, Porto, FAUP, 
2001. 
18 SOARES, Clara Moura, As intervenções oitocentistas do Mosteiro de Santa Maria de Belém: o sítio, a história 
e a prática arquitectónica, Tese de Doutoramento em História da Arte, Instituto de História da Arte, Faculdade de 
Letras da Universidade de Lisboa, 2005 
19 ROSAS, Lúcia Maria Cardoso, Monumentos pátrios: a arquitectura religiosa medieval – património e restauro 
(1835-1928), 2 vols., texto policopiado, Tese de doutoramento em História da Arte, Faculdade de Letras da 
Universidade do Porto, 1995. 
20 RODRIGUES, Paulo Simões, Da História da Conservação e do Restauro: Das Origens ao Portugal 
Oitocentista, in 40 anos do Instituto José de Figueiredo, Ed. R. F. da Silva, A. Pais, Instituto Português da 
Conservação e Restauro, Lisboa, 2007; idem, “O Paradigma da Reconstituição – a prática do restauro no séc.XIX”, 
in Revista Memória em Rede, Pelotas, v.2, n.3, Ago.-Nov.2010, www.ufpel.edu.br/ich/memoriaemrede 
(consultado em 24-06-2016); idem, Património, identidade e história: o valor e o significado dos Monumentos 
Nacionais no Portugal de oitocentos, Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea (séculos 
XVIII-XX), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Policopiado, Lisboa, 
1998. 
21 MAIA, Maria Helena, Património e restauro em Portugal (1825-1880), IHA – Estudos de Arte Contemporânea, 
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Colecção Teses, Edições 
Colibri, 2007. 
http://hdl.handle.net/10451/4577
http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao/article/view/21
http://www.ufpel.edu.br/ich/memoriaemrede
32 
 
património arquitectónico, não deixam de se debruçar (mais ou menos directamente) sobre 
algumas das temáticas que nos propomos abordar, foi Paulo Barata que com Os Livros e o 
Liberalismo, da livraria conventual à biblioteca pública22, de uma forma indirecta, deu um 
grande contributo levantando o véu sobre o importante e complexo Depósito das Livrarias dos 
Extintos Conventos (DLEC). 
 Predominantemente ligados à museologia, a tese de Maria Emília Ferreira23 e, mais recentes, 
os estudos de Alberto Seabra24 e de Maria Isabel Roque25, são exemplos de novas abordagens, 
sobre o processo de extinção e salvaguarda. Fazendo alusões a políticas implementadas, 
problemáticas relacionadas com o arrolamento de bens, o DLEC, as Academias, entre outras, 
têm, fundamentalmente, como objectivo compreender o seu impacto e relação com a instituição 
Museu. 
 De certa forma, na mesma linha, se encontra a já mencionada tese de Hugo Xavier26, onde faz 
referência aos antecedentes e formação da Galeria, abordando a questão dos acervos 
conventuais com o objectivo de contextualizar o nascimento daquela instituição. 
Sob outra perspectiva, encontra-se o artigo de Alice Nogueira Alves27, “Inventariar para 
Salvar…” no qual se estabelece relação com o modelo de salvaguarda francês e se destacam as 
preocupações com os monumentos em 1836. Os estudos que esta autora desenvolve acerca do 
restauro de pintura na Academia de Belas-Artes de Lisboa dão a conhecer alguns dos principais 
 
22 BARATA, Paulo J. S., Os Livros e o Liberalismo. Da livraria conventual à biblioteca pública, uma alteração 
de paradigma, BN, Lisboa, 2003. Destacamos igualmente os artigos “As bibliotecas no liberalismo: definição de 
uma política cultural de regime” in Análise Social, vol. XL (174) (2005), pp. 37-63 
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218708931C8fGE6bl6Aw81OU1.pdf e “As livrarias dos mosteiros e 
conventos femininos portugueses após a sua extinção: uma aproximação a uma história por fazer”, in Lusitania 
Sacra. 24 (Julho-Dezembro 2011) 125-152, 
http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/7996/1/LS_024_PJSBarata.pdf (consultados pela última vez em 25-
07-2016). 
23 FERREIRA, Maria Emília de Oliveira, História dos Museus Públicos de Arte no Portugal de Oitocentos: 1833-
1834, Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 
Universidade Nova de Lisboa, 2001. 
24 SEABRA, José Alberto, «A recolta devia fazer-se estugadamente e por completo» Patrimónios em trânsito: 
extinguir conventos e criar museus. in Portugal 1910-2010, Património, Identidade e Memória, Lisboa, 
IGESPAR, 2010. 
25 ROQUE, Maria Isabel, “Museologia oitocentista do Património Religioso em Portugal”, in Idearte- Revista de 
Teorias e Ciências da Arte, vol.6, Novembro 2010 e (idem) O Sagrado no Museu. Musealização de objectos do 
culto católico em contexto português, Lisboa, Universidade Católica, 2011. 
26 XAVIER, Hugo André de Almeida Vale Pereira, O Marquês de Sousa Holstein e a formação da Galeria 
Nacional de Pintura da Academia de Belas Artes de Lisboa, Tese de Doutoramento em História da Arte, 
Especialidade em Museologia e Património Artístico, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade 
Nova de Lisboa, 2014. 
27 ALVES, Alice Nogueira, “Inventariar para Salvar Mousinho de Albuquerque e a Comissão incumbida de 
examinar os Edifícios dos Conventos Suprimidos (1836)”, in ARTIS, Revista do Instituto de História da Arte da 
Faculdade de Letras de Lisboa, nº6 (2007), pp.249-267. 
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218708931C8fGE6bl6Aw81OU1.pdf
http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/7996/1/LS_024_PJSBarata.pdf
33 
 
intervenientes em acções desenvolvidas em quadros provenientes do Depósito das Livrarias dos 
Extintos Conventos28. 
 No caso da tese intitulada Conceitos e atitudes de intervenção arquitectónica em Portugal 
(1755-1834), da autoria de Madalena Costa Lima29, esta, como o título indica, centra-se no 
tempo que precede à extinção das ordens religiosas em 1834 e, essencialmente, no património 
arquitectónico, pouco aludindo ao património móvel. Contribui, no entanto, para uma maior 
compreensão do Vintismo e de organismos como a Junta do Exame do Estado Actual e 
Melhoramento Temporal das Ordens Regulares, essenciais para a compreensão das conjunturas 
pós-1834. 
 Direcionados exclusivamente para a talha, acabando, muitas vezes inevitavelmente, por 
abordar os efeitos da extinção sobre este género artístico, estão vários estudos realizados por 
Sílvia Ferreira, como “A Extinção das Ordens Religiosas em 1834 e o seu Impacte na Obra de 
Talha de Lisboa”30 ou “A Retabulística Barroca de Lisboa entre o Liberalismo e a Actualidade. 
Mecanismos de alienação e de conservação de um património. O papel do Museu Nacional de 
Arte Antiga”31. 
 Os estudos de Clara Moura Soares e nossos “A salvaguarda do património histórico-artísticona regência de D. Pedro IV: a consciência patrimonial no contexto das guerras liberais”,32 "A 
criação de um Museu Nacional de Belas-Artes no convento de São Francisco. Um desígnio de 
D. Pedro IV/1834"33, ou "A cultura artística dos Imperadores do Brasil: contextos para a 
 
28 idem, “O Restauro de Pintura na Academia de Belas-Artes de Lisboa – A contribuição de António Manuel da 
Fonseca”, in Arte teoria., Lisboa, 2000-. - Nº 16-17 (2013/14), p. 97-105. http://hdl.handle.net/10451/18358 
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/18358/2/ULFBA_ArteTeoria_16-17_AliceAlves.pdf. (consultado pela 
última vez em 22-04-2016). 
29 LIMA, Maria Madalena Gonçalves da Costa, Conceitos e atitudes de intervenção arquitectónica em Portugal 
(1755-1834), Tese de doutoramento em História, Especialidade em Arte, Património e Restauro, Faculdade de 
Letras, Universidade de Lisboa, 2013. 
30 FERREIRA, Sílvia, “A Extinção das Ordens Religiosas em 1834 e o seu Impacte na Obra de Talha de Lisboa” 
in Actas do Colóquio Lisboa e as Ordens Religiosas, Lisboa, 2010, pp.73-88. 
31 FERREIRA, Sílvia M. C. N. A. S. 2016. “A Retabulística Barroca de Lisboa entre o Liberalismo e a Actualidade. 
Mecanismos de alienação e de conservação de um património. O papel do Museu Nacional de Arte Antiga” in O 
Retábulo no Espaço Ibero-americano. Forma, Função e Iconografia, GLÓRIA, Ana Celeste (Coord.), ed. Instituto 
de História de Arte da FCSH/Universidade NOVA de Lisboa, Vol. 2, Lisboa, Instituto de História de Arte da 
FCSH/Universidade NOVA de Lisboa, pp. 247 – 261, disponível em http://hdl.handle.net/10362/16423. 
(consultado pela última vez em 26-06-2016). 
32 SOARES, Clara Moura, RODRIGUES, Rute Massano, “A salvaguarda do património histórico-artístico na 
regência de D. Pedro IV: a consciência patrimonial no contexto das guerras liberais”, in RODRIGUES, José 
Delgado, PEREIRA, Sílvia Pereira, (ed.), Actas do simpósio Património em construção, Contextos para a sua 
preservação, Lisboa, LNEC, 25 e 26 de Novembro de 2011, pp.351-358. 
33 SOARES, Clara Moura; RODRIGUES, Rute Massano, "A criação de um Museu Nacional de Belas-Artes no 
convento de São Francisco. Um desígnio de D. Pedro IV/1834", in ARTIS, Revista de História da Arte e Ciências 
do Património, 1 (2013), pp. 170-171. 
http://hdl.handle.net/10451/18358
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/18358/2/ULFBA_ArteTeoria_16-17_AliceAlves.pdf
http://hdl.handle.net/10362/16423
34 
 
valorização, salvaguarda e difusão do património português"34 trazem novas perspectivas ao 
estudo do tempo, acções e seus intervenientes, evidenciando o papel de D. Pedro e do DLEC. 
 No mesmo caminho estão os estudos que Clara Moura Soares, tem vindo a publicar nos últimos 
anos, nomeadamente, “A extinção das ordens Religiosas em Portugal na implantação do 
Liberalismo: efeitos sobre o património artístico dos conventos”35, no qual alude ao processo 
desamortizador e origens dos museus de arte em Portugal. O mesmo sucede, paralelamente, 
com “D. Pedro I, do Brasil, IV de Portugal – o “gosto do bello” e o incremento das Belas-Artes: 
traços de um perfil quase desconhecido do Rei-soldado”36 – em que a autora se foca na cultura 
artística e na consciência patrimonial de D. Pedro – e com “Na origem da Galeria Nacional de 
Pintura da Academia de Belas-Artes de Lisboa: 540 quadros seleccionados do Depósito das 
Livrarias dos Extintos Conventos”37. 
 Também de Clara Moura Soares e nossos, dando maior ênfase à conservação e restauro do 
património, mas no mesmo contexto, estão os artigos "O acervo de pintura da Biblioteca 
Nacional: problemas com a sua conservação no convento de São Francisco da Cidade (1834-
1969)"38, "O restauro das pinturas conventuais à guarda da Biblioteca Nacional (1835-1913): 
Contributos para a história da conservação e restauro"39, assim como os desenvolvidos 
conjuntamente com António João Cruz e Carla Rêgo: "Historical and material approach to the 
paintings at the Portugal National Library: contributions to the history of conservation and 
 
34 Idem, "A cultura artística dos Imperadores do Brasil: contextos para a valorização, salvaguarda e difusão do 
património português" in Actas do III Colóquio de Estudos sobre a Arte Brasileira do século XIX. Intercâmbios 
entre Brasil e Portugal, Rio de Janeiro, 2012, pp. 105-121 (Oitocentos - Tomo III : Intercâmbios culturais entre 
Brasil e Portugal. 2ª. Edição / Arthur Valle, Camila Dazzi, Isabel Portella (organizadores). Rio de Janeiro: 
CEFET/RJ, 2014, disponível em 
http://www.dezenovevinte.net/800/tomo3/index_arquivos/Oitocentos%20Tomo%203%20-%2008.pdf. 
(consultado pela última vez em 15-05-2016). 
35 SOARES, Clara Moura, “A extinção das ordens Religiosas em Portugal na implantação do Liberalismo: efeitos 
sobre o património artístico dos conventos”, in RODRIGUES, José Delgado (ed.), De Vilollet-le-Duc à Carta de 
Veneza Teoria e prática do restauro no espaço ibero-americano, Livro de Atas. Lisboa, LNEC, 2014, pp.9-15. 
36 Idem, “D. Pedro I, do Brasil, IV de Portugal – o “gosto do bello” e o incremento das Belas-Artes: traços de um 
perfil quase desconhecido do Rei-soldado”, in NETO, Maria João, MALTA, Marize (eds.) Coleções de Arte em 
Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX: Perfis e Trânsitos, Casal de Cambra, Caleidoscópio, 2014, pp.381-398. 
37 SOARES, Clara Moura, “Na origem da Galeria Nacional de Pintura da Academia de Belas-Artes de Lisboa: 540 
quadros seleccionados do Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos”, in ARTIS, Revista de História da Arte 
e Ciências do Património, nº2 (2014), pp.200-201. 
38 RODRIGUES, Rute Massano, SOARES, Clara Moura, "O acervo de pintura da Biblioteca Nacional: problemas 
com a sua conservação no convento de São Francisco da Cidade (1834-1969)", Cadernos de História da Arte, 2 
(2014), pp. 132-154, disponível em http://cad.letras.ulisboa.pt/index.php/Cadharte/article/view/68.(consultado 
pela última vez em 30-05-2016). 
39 SOARES, Clara Moura, RODRIGUES, Rute Massano, "O restauro das pinturas conventuais à guarda da 
Biblioteca Nacional (1835-1913): Contributos para a história da conservação e restauro" in ARTisON Nº3 (edição 
especial no âmbito do Colóquio O Património Artístico das Ordens Religiosas: entre o Liberalismo e a atualidade 
BNP, Lisboa 20 e 21 de Fevereiro de 2014) (2016), pp.224-235, disponível em 
http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao/article/view/78/71. 
http://www.dezenovevinte.net/800/tomo3/index_arquivos/Oitocentos%20Tomo%203%20-%2008.pdf
http://cad.letras.ulisboa.pt/index.php/Cadharte/article/view/68.(consultado
http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao/article/view/78/71
35 
 
restoration of easel painting in the 19th century"40 e "Conservação e destruição de pinturas dos 
conventos extintos em Portugal durante o século XIX"41; e com Maria João Neto: “"A 
constituição dos primeiros museus de arte em Portugal, no século XIX, e a consciência dos 
princípios de Conservação Preventiva"42. 
 Alguns destes estudos foram desenvolvidos no âmbito do referido Projecto Eneias, o qual 
contribuiu ainda para a temática, nomeadamente, através da organização do Colóquio “O 
Património Artístico das Ordens Religiosas: entre o Liberalismo e a atualidade”43, e da 
exposição “Resgatar a memória: a Biblioteca Nacional na gestão e salvaguarda do património 
artístico dos conventos”44. 
 Não podemos ainda deixar de mencionar o projecto da FCT, sob coordenação de Raquel 
Henriques da Silva, “Da Cidade Sacra à Cidade Laica. A extinção das Ordens Religiosas e as 
dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do Século XIX”45, da responsabilidade do 
Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade 
Nova de Lisboa que, focando-se, essencialmente, no impacto da extinção das ordens religiosas 
no desenvolvimento, funções e imagem da nova cidade liberal,dando relevância aos edifícios 
conventuais lisboetas, contribuiu, também ele, para o entendimento global (embora dedicado 
sobretudo ao património arquitectónico, suas utilizações e transformações) das consequências 
do decreto de maio de 1834. Para além de vários estudos46, trouxe o tema da extinção dos 
 
40 SOARES, C.M.; RODRIGUES, R.M.; CRUZ, A.J., RÊGO, C.. 2012. "Historical and material approach to the 
paintings at the Portugal National Library: contributions to the history of conservation and restoration of easel 
painting in the 19th century", (Progress in Cultural Heritage Preservation 4th International Conference, EuroMed 
2012, Limassol, Cyprus International), Journal of Heritage in the Digital Era, 1, pp. 283-288. 
41SOARES, Clara M., RODRIGUES, Rute M., CRUZ, António J.,REGO Carla, "Conservação e destruição de 
pinturas dos conventos extintos em Portugal durante o século XIX", in ECR- estudos de conservação e restauro, 
4 (2012), pp. 231-248, disponível em http://artes.ucp.pt/citar/ecr/ecr_04/ecr_04.pdf (consultado pela última vez 
em 30-05-2016). 
42 SOARES, Clara Moura, NETO, Maria João, RODRIGUES, Rute Massano. 2015. "A constituição dos primeiros 
museus de arte em Portugal, no século XIX, e a consciência dos princípios de Conservação Preventiva", in Actas 
das IX Jornadas de Arte e Ciência UCP/ V Jornadas da ARP. "A prática da conservação preventiva. Homenagem 
a Luís Elias Casanovas" (29/30 Novembro 2013), Porto, 2015, pp. 299-315, disponível em 
http://artes.ucp.pt/citar/pt/node/1326 (consultado pela última vez em 30-05-2016). 
43 O Colóquio decorreu na Biblioteca Nacional de Portugal, dias 20 e 21 de Fevereiro de 2014, 
http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=896%3A (consultado em 22-06-
2016). ARTisON Nº3 (edição especial http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao/issue/view/8). 
44 20 de Fevereiro a 30 de Maio de 2014 Galeria Piso 1 
http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=901:exposicao-resgatar-a-memoria-
a-biblioteca-nacional-na-gestao-e-salvaguarda-do-patrimonio-artistico-dos-conventos-20-fev-17-
abr&Itemid=927&lang=pt (consultado em 22-06-2016). 
45 https://institutodehistoriadaarte.wordpress.com/research/fctfunded/cidadesacra/ (consultado em 4-06-2016). 
46 http://lxconventos.cm-lisboa.pt/estudos-de-caso/ (consultado em 4-06-2016). 
http://artes.ucp.pt/citar/ecr/ecr_04/ecr_04.pdf
http://artes.ucp.pt/citar/pt/node/1326
http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=896%3A
http://artison.letras.ulisboa.pt/index.php/ao/issue/view/8
http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=901:exposicao-resgatar-a-memoria-a-biblioteca-nacional-na-gestao-e-salvaguarda-do-patrimonio-artistico-dos-conventos-20-fev-17-abr&Itemid=927&lang=pt
http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=901:exposicao-resgatar-a-memoria-a-biblioteca-nacional-na-gestao-e-salvaguarda-do-patrimonio-artistico-dos-conventos-20-fev-17-abr&Itemid=927&lang=pt
http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=901:exposicao-resgatar-a-memoria-a-biblioteca-nacional-na-gestao-e-salvaguarda-do-patrimonio-artistico-dos-conventos-20-fev-17-abr&Itemid=927&lang=pt
https://institutodehistoriadaarte.wordpress.com/research/fctfunded/cidadesacra/
http://lxconventos.cm-lisboa.pt/estudos-de-caso/
36 
 
conventos ao debate através, nomeadamente, do Colóquio Internacional “Da cidade sacra à 
cidade laica. Dinâmicas urbanas e novas memórias47 e do Colóquio Conventos de Lisboa48. 
 Em síntese, podemos concluir que, de uma maneira geral, com excepção dos últimos anos, os 
estudos se têm focado, essencialmente, sobre aspectos gerais ou têm um carácter monográfico, 
não estudando o fenómeno da extinção das ordens religiosas e da salvaguarda do património 
artístico, globalmente, à escala nacional. 
 
Critérios metodológicos 
 Como referido anteriormente, a nossa investigação centrou-se nas décadas imediatamente 
anteriores e posteriores a 1834: da segunda década de oitocentos até 1868 (ano de abertura ao 
público da Galeria Nacional de Pintura). Contudo, sempre que necessário, aludiremos (com 
necessária investigação) a épocas mais tardias. Estamos conscientes que o processo de extinção 
se prolongou, em alguns casos, até aos primeiros anos do século XX, no entanto, aquilo que 
nos interessa particularmente, é compreender a “revolução” operada em 1834, seus 
antecedentes e suas consequências mais imediatas. 
 Com um tema que se revelou demasiadamente vasto, algumas opções e critérios tiveram, deste 
modo, que ser tomados, que permitissem a sua delimitação. É de salientar que a pesquisa 
documental indicou, por si só, caminhos. Apesar de tratarmos e termos interesse pela totalidade 
do património artístico, é um facto que, é a Pintura a merecer especial atenção, uma vez que, 
pela sua relação com o Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos e pelo especial cuidado 
de que foi alvo, acabou por ser a mais representativa dos processos implementados. 
 A fim de alcançarmos uma adequada e global compreensão do tema, optámos por estruturar a 
tese em seis capítulos (subdivididos em pontos) que se articulassem entre si e permitissem dar 
a conhecer as múltiplas vertentes que constituíram o processo de salvaguarda do património 
artístico durante o período em causa: 
• Capítulo I: A extinção das Ordens Religiosas: dinâmicas do fenómeno no contexto 
europeu 
• Capítulo II: D. Pedro e o seu tempo – “Encontros culturais” 
• Capítulo III: Tempos de mudança: os reinados de D. Maria II e dos seus sucessores 
• Capítulo IV: O Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos e outros depósitos 
• Capítulo V: Políticas de conservação e restauro das pinturas conventuais (1834-1868) 
 
47 https://lxconventos.wordpress.com/ (consultado em 4-06-2016). 
48 https://institutodehistoriadaarte.wordpress.com/2014/10/09/coloquio-conventos-de-lisboa-20-e-21-de-outubro/ 
https://lxconventos.wordpress.com/
https://institutodehistoriadaarte.wordpress.com/2014/10/09/coloquio-conventos-de-lisboa-20-e-21-de-outubro/
37 
 
• Capítulo VI: Património artístico e casas conventuais: Destinos e Reutilizações 
 Ainda no que se refere aos critérios metodológicos empregados no tratamento desta matéria, 
cabe-nos destacar o papel determinante da pesquisa documental, uma vez, que é na 
documentação que, necessariamente, se baseia a maioria da nossa investigação. Tendo como 
alvo os mais diversos arquivos, como sejam, o Arquivo Histórico da Biblioteca 
Nacional/Reservados, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a Biblioteca da Academia das 
Ciências, o Arquivo Histórico da Economia (Acervo Infraestruturas, Transportes e 
Comunicações), entre outros, procurámos ao longo da investigação, reunir o maior número 
possível de documentos relacionados com o tema, tendo sempre em consideração as limitações 
que nos foram impostas por tão vasta tarefa. 
 No caso do Arquivo Histórico da Biblioteca Nacional, por conter, por inerência, a grande base 
de documentos ligados ao Depósito de Livrarias dos Extintos Conventos e Biblioteca Pública, 
a sua importância foi vital, pelo conjunto de informações que disponibiliza, relacionadas com 
as suas estruturas, organização e personalidades. Apesar de nos anos de 1938 e 1939, terem 
sido publicados nos Boletins da Academia Nacional de Belas-Artes49 uma série de documentos 
“relativos à recolha e distribuição dos quadros e livros após a extinção dos conventos”, 
recolhidos e transcritos pelo Dr. Arnaldo Faria de Ataíde e Melo, Bibliotecário da Biblioteca 
Nacional, e classificados e ordenados pelo então director do Museu das Janelas Verdes, Dr. 
João Couto, ainda existem documentos deste arquivo que não foram publicados. Em virtude da 
sua importância optámos por, com algumas excepções, durante o processo de

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