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AULA 1 - O que é Filosofia FONTE: ARANHA, M. L. A. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3ª. Edição. São Paulo: Moderna, 2003. Etimologia - origem da palavra: Philia = amizade Sophia= sabedoria, conhecimento. “Nós, [homem comum] que vivemos aqui, somos os bichinhos microscópicos que vivem na base dos pêlos do coelho. Mas os filósofos tentam subir da base para a ponta dos finos pêlos, a fim de poder olhar bem dentro dos olhos do grande mágico.” O que você compreendeu sobre a diferença entre o “homem comum” e o filósofo? No livro O Mundo de Sofia, Jostein Gaarder expõe uma situação figurativa para explicar o que é ser filósofo e o que o diferencia do “homem comum”. Para tanto, ele nos traz o exemplo de um mágico que retira de sua cartola um coelho que simboliza o mundo. Nos pêlos desse coelho existem “bichinhos microscópicos”, alguns residem na base dos pêlos, são os homens comuns, ou seja, pessoas que estão acostumadas com o mundo em que vivem, estão na escuridão da base dos pêlos, não se perguntam sobre o mundo e estão acomodadas no conforto da pelagem do coelho, aceitando, assim, as coisas como são. Elas não se questionam, portanto, por que as coisas não são diferentes do que se apresentam a elas, tendo como verdades, principalmente, o que vêem e o que ouvem. O filósofo, por sua vez, sobe da base para as pontas dos pêlos do coelho em busca da iluminação do conhecimento que lhe permite questionar o mundo em que vive, ou seja, a filosofia existe para fazer questionamento que os “homens comuns” não fazem. Perguntas do “Homem comum” Perguntas do Filósofo Que horas são? O que é o tempo? Ele está sonhando. O que é sonho? Maria ficou maluca. O que é a loucura? Onde há fumaça, há fogo. O que é causa? O que é efeito? As flores são bonitas. O que é o belo? Você é um mentiroso! O que é a verdade? O que é o erro? Fazer perguntas como as citadas acima diz respeito à atitude da filosofia. Com estas perguntas ela quer investigar conceitos, abordando-os de forma crítica e reflexiva. OBSERVAÇÃO: fazer perguntas filosóficas NÃO é função exclusiva de quem tem graduação em filosofia, qualquer pessoa pode filosofar, porém, nem tudo é filosofia. Um dos passos para nos tornarmos filósofos é começar ver o mundo de outra forma, ou seja, não apenas fazer afirmações, mas ir além, fazendo destas afirmações verdadeiros questionamentos filosóficos. Muitos filósofos definiram o que é filosofia. Vejamos alguns: “A verdadeira filosofia é reaprender a ver omundo”. Merleau - Ponty. “A filosofia é uma batalha contra o enfeitiçamento de nossa inteligência por meio da linguagem” Ludwig Wittgenstein. “Não devemos fingir fazer filosofia, e sim realmente faze-la; pois precisamos não da aparência de saúde, mas de saúde verdadeira”. Epicuro. “Não se aprende filosofia, mas a filosofar” Kant. “A tarefa da filosofia é entender o que é, pois o que é é a razão”. Hegel. “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; mas o que importa é transformá-lo”. Karl Marx. Os primeiros filósofos gregos não concordaram em ser chamados sábios, por terem consciência do muito que ignoravam. Preferiram ser conhecidos como amigos da sabedoria, ou seja — filósofos. - Aristóteles (384-322 a.C.), repetindo ensinamento platônico, dizia que a Filosofia começou com a perplexidade, ou melhor, com a atitude de assombro do homem perante a natureza, em um crescendo de dúvidas, a começar pelas dificuldades mais aparentes. O QUE NÃO É FILOSOFIA? A) Filosofia X Mito. Para explicar a diferença entre filosofia e mito é preciso ter clareza do que seja o mito. Mito é uma narrativa fantástica sobre a origem de alguma coisa, ele é ausente de ciência, ou seja, um mito não depende de comprovações de hipóteses, mas depende da confiança entre quem conta-o e quem o ouve. O mito é, portanto, incontestável e inquestionável. B) Filosofia X Religião. As religiões, assim como o mito, tentem responder por que o Universo e as coisas presentes nele existem. Porém, diferente dos mitos que são transmitidos levando em conta apenas à confiança existente na relação narrador-ouvinte, a religião utiliza a institucionalização do sentimento do sagrado, o que implica em rotinas e dogmas, comemorados em rituais, visando rememorar e fixar o acontecimento mítico primordial. Em se tratando da filosofia, podemos dizer que ela diverge da religião quanto ao caminho para se chegar à verdade. Enquanto a filosofia utiliza-se da razão, do pensamento lógico (veremos o que é isto mais adiante) para chegar à verdade, a religião acredita chegar a ela pelas escrituras e pela revelação baseada na fé. A religião trata de muitas questões que a filosofia também se debruça, mas a primeira atribui mais valor à fé do que à aplicação das faculdades da razão aceita pela filosofia. C) Filosofia X Ciência. Enquanto a ciência explica as coisas através dos cinco sentidos, começando pela observação dos fatos e perpassando por outras fases no intuito de confirmar ou refutar hipóteses, a filosofia vai além das indagações científicas. Ela ultrapassa o ponto em que a ciência poderia nos fornecer respostas. Assim, por exemplo, enquanto a pergunta “por que as coisas existem?” é explicada pelos cientistas através do Big Bang, a filosofia, neste caso, poderia se perguntar “por que há alguma coisa e não nada?”, e a esta pergunta a ciência não teria resposta. A Filosofia visa contribuir com a formação holística do estudante de Direito; busca oferecer um instrumental capaz de viabilizar uma melhor compreensão do universo jurídico e objetiva, enfim, instigar o estudante a pensar o Direito para além dos limites da ciência jurídica e do Direito Positivo. O que esta figura nos mostra? O que querem que vejamos O que devemos aprender a ver Para Marilena Chauí, a utilidade da filosofia assim se conceitua: “Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão à ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências, e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes”. (Convite à filosofia, Ática: 1999, p. 18).